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Disciplina: Relações Humanas Profa: Maria Luisa Carvalho FEEDBACK 1- Definição Fritzen (1981) define feedback como “... uma informação verbal ou não- verbal, dirigida a outra pessoa ou grupo, tornado-o ciente como sua conduta nos está afetando”(p.53). Robbins (1999) apresenta-no como “o grau em que o indivíduo obtém informação direta e clara sobre a eficácia de seu desempenho na execução das atividades de trabalho exigidas pelo cargo”(p.325). A primeira definição enfoca mais a questão do impacto das ações do indivíduo sobre as relações interpessoais enquanto a segunda destaca o impacto das ações sobre o desempenho profissional. Moscovici congrega essas duas definições ao conceituar feedback como um processo de comunicação que favorece a mudança de comportamento a medida que indica ao outro como seu comportamento afeta os demais, ao mesmo tempo o auxilia a melhorar o desempenho e alcançar seus objetivos. Desta forma, o conceito do feedback é fundamental para as organizações, uma vez que a interdependência entre seus membros, torna necessário que esses tenham constantemente informações sobre o impacto de suas ações sobre o relacionamento interpessoal e metas organizacionais. O feedback atua como um processo de ajuda a uma pessoa ou grupo no sentido de reforçar comportamentos adequados e apontar possibilidades/necessidades de mudança. Porém, para que cumpra esses objetivos o feedback não deve ser feito de forma aleatória. Um feedback eficaz envolve alguns critérios, que serão descrito a seguir. 2- Como oferecer um feedback eficiente O feedback deve ser mais descritivo do que avaliativo. Dessa forma reduz-se a reação defensiva. Exemplos: Ao invés de dizer: “Seu desempenho está péssimo” diga “Tenho observado que você não tem atingido as metas de produtividade”. Deve ser específico e não geral. Exemplos: Ao invés de dizer “Você está sempre chegando atrasado” diga “Semana passada, você chegou atrasado Terça, Quinta e Sexta feira Tomar em consideração as necessidades tanto daquele que recebe como daquele que oferece. O feedback é destrutivo quando atende somente as necessidades daquele que oferece, ou seja, quando o objetivo é somente descarregar um descontentamento ou demonstrar poder sobre o outro. Deve ser dirigido a um comportamento que pode ser modificado, caso contrário será fonte de frustração. De nada adiantará você dizer a uma gerente: “Sua equipe não te respeita porque você é a única mulher do grupo”. Ela nada poderá fazer a respeito, o que pode gerar frustração. È diferente um feedback como “O fato de você ser a única mulher do grupo e a primeira a assumir essa posição de chefia, gerou certa desconfiança e distância do grupo. Você tem mantido uma postura distante, só falando de trabalho e exigindo resultados, o que afastou mais ainda o grupo de você. Procure conhecer melhor sua equipe e mostrar que você está ali para colaborar com eles”. É melhor quando solicitado e não quando imposto. É bem mais fácil quando a pessoa, de forma sincera, solicita o feedback. Mas como veremos abaixo, essa postura não é muito comum. É preciso ser oferecido em momento oportuno. O ideal é que seja oferecido no momento em que o comportamento em questão foi apresentado. Porém, em outros casos, é melhor esperar, principalmente se as emoções estão exaltadas. Fazer um lugar reservado, com tempo. Deve ser esclarecido: verificar se a pessoa o compreendeu e se o aceita. Aqui é preciso estar atento, pois pode-se aparentemente concordar, a fim de não se criar atrito ou até mesmo “para se livrar da situação”, mas não há empenho em melhorar. 3- Por que é difícil receber feedback? - dificuldade de aceitar nossas limitações. - temor de não sermos aceitos. - receio de ter nossa imagem abalada. - falta de confiança nos demais. 4- Por que é difícil dar feedback? - Utilizamos o feedback como forma de descarregar nossas emoções. - Receio das reações do demais. - No caso das chefias, é comum não realizar um acompanhamento da equipe, tendo dificuldade em ter informações para oferecer feedback. A profissional formação nem sempre contribui para desenvolver essa habilidade. Alguns consideram que o feedback positivo (elogio) é prejudicial, pois “estraga”, acomoda o liderado. Outros ainda, tem receio de oferecer feedback negativo (não dispõe de informações, teme as reações emocionais, sente-se constragido, não sabe como auxiliar o liderado). 5- Superando as dificuldades - Criar uma relação de confiança. - Reconhecer que o feedback é um processo de mão dupla. - Aprendendo a receber e dar feedback sem reações emocionais. 6- Habilidades de comunicação a serem desenvolvidas - Paráfase: consiste em dizer com sua próprias palavras, o que o outro disse. Equivale a escuta reflexiva. È uma forma de se garantir que se compreendeu o que o outro disse. Requer escuta e empatia. Exemplo: Augusto: - Eu não agüento mais trabalhar com Joana. Ela nunca faz nada certo e eu tenho que fazer o trabalho dobrado. Carla: - O desempenho de Joana tem te afetado e você está se sentindo sobrecarregado e aborrecido. Você considera que ela percebe isso? - Descrição do comportamento: conforme já apontado, o feedback deve ser descritivo e não avaliativo. Consiste em descrever o comportamento e não expressar julgamento e intenções - Verificação da percepção: expressar qual sua percepção sobre o que o outro está sentindo. Aqui entra a importância de observar as reações não verbais. Exemplo: Você parece desapontado com a não indicação de seu nome para o cargo. É correta minha percepção? - Descrição de sentimentos: possibilitar a expressão de sentimentos. 7- O feedback nas organizações - A qualquer momento poderemos oferecer feedback àqueles com os quais trabalhamos. Porém, ele pode ocorrer em situações especiais como reuniões de equipes, avaliação de desempenho, seleção de pessoal, demissão. Avaliação de desempenho Muitos gerentes consideram extremamente desagradável a atividade de fornecer um feedback de desempenho aos empregados. Robbins (1999) aponta três principais razões para essa relutância em fornecer feedback sobre o desempenho: - os gerentes costumam ficar pouco a vontade discutindo ineficiências de desempenho diretamente com os subordinados. Temem criar inimizades e constrangimentos, - muitos empregados tendem a ficar na defensiva, acusando pessoas e a falta de condições de trabalho como fontes de sua ineficiência. - Os empregados costumas supervalorizar seu desempenho, não percebendo como suficientemente boas as avaliações feitas pela chefia. Pode-se dizer ainda, que alguns chefes, geralmente os de estilo mais autoritário, julgam que feedbacks positivos, como elogios, “estragam” os empregados, fazendo com que eles se acomodem. A solução para esses problemas consiste em treinar os gerentes para que conduzam sessões de feedback construtivas, ou seja, que façam com que o empregado perceba a avaliação como justa, o gerente sincero e o clima como construtivo, gerando uma maior motivação para mudanças necessárias e constância em comportamentos adequados. No caso do desempenho, o feedback é mais eficaz quando é auto-gerado, ou seja, a medida que o indivíduo executa seu trabalho ele mesmo verifica se o resultado enquadra-se nos padrões definidos de qualidade e produtividade. Por exemplo, um trabalhador de uma fábrica de produtos eletrônicos que monta um rádio e então o testa para determinar se está funcionando adequadamente. Demissão No momento de se comunicar a demissão, deve-se apresentar as razões que levaram a chefia aquela decisão. No caso do motivo ser o desempenho ou comportamento do trabalhador, deve-se lembrar que eledever ter tido a oportunidade de receber o feedback anteriormente e de melhor seu desempenho/comportamento. Ou seja, a chefia não deve se omitir e apenas no momento da demissão comunicar seu descontentamento com seu liderado. Lembra-se, entretanto, que o feedback no momento da demissão, deve ser breve, uma vez que a dimensão emocional está abalada e, provavelmente, apenas depois a pessoa demitida conseguirá assimilar a situação. Quando a chefia, de uma forma honesta, forneceu feedbacks anteriores e deu oportunidades da pessoa modificar seu comportamento, fica menos penoso ter que comunicar o motivação da demissão, uma vez que o trabalhador já está ciente. Seleção Dar retorno aos candidatos que participaram da seleção, principalmente aos que foram eliminados, também é uma responsabilidade de quem fez o processo. Muitos candidatos costumam se queixar de não receberem um feedback a respeito do processo seletivo do qual participaram, ficando angustiados e passando a fantasiar os motivos de sua desclassificação. Para minimizar o quadro de insegurança das pessoas que se submetem à seleção, deve-se oferecer um breve retorno sobre os dados que foram analisados, ressaltando os aspectos positivos e pedindo que os profissionais desenvolvam os pontos considerados deficientes. Assim, em primeiro lugar, o candidato deve ao menos ser comunicado se foi aprovado ou não. Depois, conforme indicado nos critérios para um feedback eficaz, se o mesmo solicitar um feedback mais específico, o selecionador pode apresentar os aspectos que prejudicaram o candidato e que necessitam ser superados. Conforme apontado, o feedback está presente no dia-a-dia das empresas. Porém, muitas vezes é realizado de forma inadequada. Faz-se necessário, portanto, treinar as chefias, principalmente, para que utilizem o feedback como um instrumento útil para a mudança de comportamento. Bibliografia FRITZEN, Silvino J. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. 2o v. Petrópolis: Vozes, 1981. ROBBINS, Stephen. Comportamento Organizacional. 8a ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
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