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Trabalho Concurso Material dos Crimes

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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por escopo o desenvolvimento do tema relacionado ao concurso de crimes.
Em lato sensu, pode-se definir o concurso de crimes como a ocorrência de dois ou mais delitos, por meio da prática de uma ou mais ações.
O Código Penal trata do concurso de crimes, fazendo previsão das seguintes modalidades: concurso material de crimes, concurso formal de crimes e crime continuado, encontrados respectivamente nos artigos 69, 70 e 71.
Importante ressaltar que, também existe a possibilidade de um determinado crime ser cometido por mais de uma pessoa. Nesta situação, visualiza-se não um concurso de crimes, mas sim, um concurso de pessoas, onde duas ou mais pessoas participaram, contribuíram para a ocorrência de um crime. Portanto, o critério a ser observado diz respeito à quantidade de entes envolvidos e não apenas à quantidade de delitos cometidos.
Como pode ser claramente observado, não é de todo modo impossível, que também possa acontecer de uma pluralidade de pessoas, unidas pelo mesmo propósito, possuindo cada uma, desígnios autônomos, pratiquem juntas, inúmeras infrações, colaborando assim, para que ocorra um concurso de pessoas paralelamente a um concurso de crimes. Ressalta-se, que se trata de institutos distintos, mas que podem em situações eventuais virem a coexistir. 
Importante notificar que, existem dois institutos que podem causar certa confusão e serem automaticamente relacionados ao concurso de crimes. São eles: o crime permanente e o crime habitual. No entanto, trata-se de institutos distintos, que não devem ser confundidos com o trabalho em questão. 
O crime permanente é aquele que tem a sua ação prolongada no tempo. Pode-se citar como exemplo, o crime de sequestro, ainda que este dure 1 (um) ano, é apenas um crime, e não vários. 
O mesmo acontece com o crime habitual, pois quanto a este, se exige reiteração, que configurará o bloco de um único crime. Tem-se como exemplo, o exercício ilegal da medicina. O agente pode exercer essa atividade ilegalmente por 2 (dois) anos ou mais, e ainda assim, a situação estará relacionada a um crime singular, único, e não são a inúmeros crimes.
Realizadas as análises introdutórias, a partir do próximo tópico, o foco central do trabalho será especificamente, o concurso material de crimes, no qual serão apresentados conceitos, peculiaridades do instituto.
2 CONCURSO MATERIAL DE CRIMES
2.1 Conceito
O concurso material de crimes também é conhecido por concurso real de crimes. Trata-se de um fenômeno que ocorre quando uma pessoa pratica uma pluralidade de crimes. Sobre o concurso material de crimes, assim dispõe o Código Penal em seu artigo 69:
Art. 69 – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro àquela.
Cumpre-nos dissecar um pouco a respeito do conceito de ação. Os defensores da teoria causalista, por adotarem um conceito naturalista de ação, a consideram como sendo, “a conduta humana voluntária que produz uma modificação no mundo exterior.”
O autor Rogério Greco continua citando Welzel e sua teoria finalista, que considera a ação, como “o exercício de uma atividade final.” Existindo ainda, a teoria social, que “[...] traduz o conceito de ação como sendo a conduta socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade humana.” (GRECO, 2012, p. 584).
Basicamente, pode-se considerar que a ação é composta por um ato ou vários deles, que acabam por culminar na conduta lesiva praticada pelo agente objetivando uma finalidade.
A partir da leitura do artigo 69, pode-se concluir que o concurso material de crimes possui como requisitos básicos:
- Pluralidade de condutas;
- Pluralidade de crimes (resultados).
A doutrina diverge quanto à necessidade de uma interação, ou seja, uma conexão entre as várias condutas praticadas e seus respectivos resultados. Majoritariamente, o entendimento é pela negativa, uma vez que existe aceitação no sentido de que, ainda que as infrações tenham sido cometidas em períodos distintos, tendo a investigação caráter autônomo, tendo o réu várias condenações em processos diferentes, como mencionado, aceita-se a caracterização do concurso material.
Dessa forma, a doutrina majoritária afasta a relação de contexto, conexão ou continência. Nesse sentido Flávio Augusto Monteiro de Barros (2009) explicita o seguinte: “[...] Caracteriza-se o concurso material ainda quando alguns dos delitos venham a ser cometidos e julgados depois de os restantes o terem sido, porque não há necessidade de conexão entre eles, podendo os diversos delitos ser objeto de processos diferentes.”	
	De acordo com a citação acima, comprova-se claramente que a grande maioria dos doutrinadores, adota o entendimento de que, o relevante é o número de crimes cometidos por determinado agente, não importando se estes são objeto de um mesmo processo.
Cumpre ressaltar que o concurso material, por si só, não gera reincidência. Por exemplo, um agente cometeu dois ou mais crimes que estão sendo julgados na mesma ação, quando sobrevier a sentença condenatória, o condenado não será reincidente, apesar de ter cometido vários crimes. Isso porque, a reincidência pressupõe um trânsito em julgado anterior. Se este condenado não tinha nenhuma sentença condenatória precedente, consequentemente, ele não será reincidente.
3 ESPÉCIES DE CONCURSO MATERIAL	
3.1 Concurso Material Homogêneo
	
É aquele que abriga crimes da mesma espécie. Por exemplo, um crime de furto em janeiro e um novo crime de furto em março. Nesse exemplo, não há dúvida de que se trata de um concurso material homogêneo.
FURTO + FURTO
↓
Artigo 155 CP
 No exemplo mencionado, não cabe a possibilidade de caracterização de um crime continuado. A jurisprudência já firmou entendimento nesse sentido, de que só é possível a caracterização de um crime continuado, quando entre a ocorrência de um e outro resultado não existe um lapso temporal maior do que 30 (trinta) dias.
	No exemplo citado, o lapso é de aproximadamente 2 (dois) meses, configurando assim, sem objetivações, o concurso material. 
3.2 Concurso Material Heterogêneo
	É aquele em que o sujeito pratica crimes de espécies distintas. Dessa definição surge um problema, uma vez que a lei não faz menção ao que venha a ser crimes de espécies distintas. Apenas os doutrinadores trabalham sobre essa questão. 
O entendimento da primeira corrente é no sentido de que são crimes da mesma espécie, aqueles previstos no mesmo tipo legal, ou seja, previstos no mesmo artigo, não importando se um delito é simples e o outro qualificado, ou se um é consumado e o outro simplesmente tentado. Por outro lado, a segunda corrente fixa entendimento de que, são crimes da mesma espécie, aqueles que ofendem o mesmo bem jurídico.
	Relevante ressaltar que a primeira corrente é a mais aceita. No entanto, divergências não deixam de surgir.
	O STF ao se manifestar no julgamento do HC 97057- RS, relatado pelo Ministro Gilmar Mendes, fixou entendimento de que os crimes de roubo e furto (embora protejam o mesmo bem jurídico: patrimônio), não são da mesma espécie.
HC 97057 / RS – RIO GRANDE DO SUL
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 03/08/2010 Órgão Julgador: Segunda Turma
Ementa
Habeas Corpus. 2. Continuidade delitiva dos crimes de roubo e furto. Impossibilidade. Espécies distintas. 3. Constrangimento ilegal não evidenciado. 4. Ordem denegada.
Não são raras as questões e controvérsias que surgem a respeito do que são crimes da mesma espécie. O próprio Superior Tribunal Federal, por vezes adota critério diverso daquele defendido pela corrente majoritária, ou seja, de que são crimes da mesma espécie, aqueles que fazem parte do mesmo tipo legal.
Tratandodo tema, Luís Flávio Gomes, em aula ministrada, afirma que o entendimento dos ministros do STF, em relação aos crimes de roubo e latrocínio, (apesar destes estarem expressos respectivamente no mesmo tipo legal, artigo 157, “caput” e artigo 157, parágrafo terceiro do Código Penal), é de que estes não são da mesma espécie.
Pela lógica e pela corrente majoritária, estes deveriam ser considerados da mesma espécie. No entanto, a Corte Superior segue outro critério, que não possui qualquer base legal, ficando simplesmente a cargo da subjetividade, mera escolha de cada um.
4 APLICAÇÃO DAS PENAS 
4.1 Pena – Definição
Pena, do latim poena, “em sentido amplo e geral, significa qualquer espécie de imposição, de castigo ou de aflição, a que se submete a pessoa por qualquer espécie de falta cometida” e “no sentido penal, é mais propriamente o castigo, em regra de natureza física, imposta ao criminoso ou contraventor.” (PLÁCIDO E SILVA, 1982:339)
A pena apresenta uma característica de caráter Retributivo, ou seja, visa retribuir ao agente o mal cometido por ele, através da conduta lesiva praticada. Simultaneamente, a pena também possui uma característica Preventiva, que pode ser assimilada em dois níveis, pois ao mesmo tempo, que previne que aquele mesmo agente, uma vez preso, volte a delinquir, também “ensina” as demais pessoas inseridas na sociedade, a não cometerem a mesma falta, prevenindo-as sobre o que acontecerá a elas, caso não observem as regras impostas.
4.2 Fixação das Penas no Concurso Material de Crimes
De acordo com o artigo 69 do Código Penal, no concurso material, caso haja aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, a de reclusão deverá ser executada primeiro.
Quanto às penas de reclusão e detenção, assim define o Código Penal em seu artigo 33:
Art. 33 – A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
A aplicação da pena no concurso material de crimes deve ser feita de maneira que, o juiz encontre, isoladamente, a pena aplicável a cada infração penal cometida. Em um segundo momento, o juiz deve somá-las, para que enfim, seja encontrada a pena final, que deverá ser aplicada ao condenado. Dessa maneira, constata-se que, a regra a ser adotada é a do Sistema Cumulativo.
Este critério da cumulatividade é importante, principalmente, no que diz respeito ao instituto da prescrição, uma vez que, de acordo com o artigo 119 do Código Penal, em se tratando de concurso de crimes, a prescrição, ou seja, a extinção da punibilidade incidirá sobre cada crime isoladamente.
No que tange as penas de multa, estas também serão somadas, é o que preceitua o artigo 72 do Código Penal:
Art. 72 – No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.
4.3 Limite das Penas
No que concerne ao limite das penas, importante lembrar o que reza o artigo 75 do Código Penal:
Art. 75 – O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.
Parágrafo primeiro: Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
Com a análise do artigo em questão, conclui-se que, independente do número de crimes cometidos pelo agente e da totalidade das penas aplicáveis a ele, estas não poderão exceder o limite máximo de trinta anos, ocorrendo assim, uma unificação das penas.
A doutrina faz distinção entre soma e unificação das penas. A primeira diz respeito ao simples cálculo matemático elaborado com o intuito de se chegar ao resultado final das penas a serem aplicadas ao condenado. A segunda é expressa no artigo 75, parágrafo primeiro, que apesar de também ser uma soma, tem a precípua finalidade de evitar que as penas cominadas excedam o limite de 30 (trinta) anos.
Ainda sobre o assunto, mesmo que inexista conexão entre as infrações penais, sendo elas assim, objeto de ações penais distintas, as disposições sobre soma ou unificação das penas serão aplicadas pelo juízo das execuções, conforme preceitua o artigo 66, inciso III, alínea a da Lei 7.210 (Lei de Execução Penal).
4.4 Concurso Material e Penas Restritivas de Direitos
De acordo com o artigo 69, parágrafo primeiro do Código Penal, a soma de pena privativa de liberdade com pena restritiva de direito, somente é possível, caso tenha sido concedida a suspensão condicional da pena privativa de liberdade. 
A suspensão condicional da pena privativa de liberdade (sursis) é medida descarcerizadora, que tem por finalidade, evitar que alguns condenados a penas de curta duração, sejam aprisionados e tenham seus direitos violados. Em geral, visa-se a preservação da dignidade da pessoa humana, sendo este, princípio basilar do ordenamento jurídico.
No parágrafo segundo, do artigo 69, a lei direciona no sentido de que, quando em um concurso material, forem aplicadas duas ou mais penas restritivas de direitos, estas serão cumpridas simultaneamente, se compatíveis entre si, ou sucessivamente, se incompatíveis.
5 CONCLUSÃO
Com o tema de trabalho proposto e a pesquisa realizada, constata-se que o concurso material de crimes é um instituto que gera a hipótese instintiva, intuitiva, residual. É residual porque só incidirá o concurso material, se não for o caso de concurso formal ou crime continuado. É intuitiva, pois, a ideia do concurso material é a de que, se um sujeito pratica vários crimes, deve responder com a soma das penas de cada crime, tratando-se assim, de uma concepção comum, vulgar.
Apesar da ocorrência da soma das penas calculadas isoladamente, não se deve desconsiderar o instituto da unificação, que tem o escopo de resguardar a determinação constitucional que proíbe as penas de caráter perpétuo, limitando-as há trinta anos no máximo.
O item 61 da Exposição de Motivos da nova parte geral do Código Penal esclarece que “as penas devem ser limitadas para alimentarem no condenado a esperança da liberdade e a aceitação da disciplina, pressupostos essenciais da eficácia do tratamento penal.”
O concurso material de crimes é um instituto de fácil apreensão, uma vez que não gera dúvidas quanto à sua ocorrência e à aplicação das penas, ou seja, havendo pluralidade de condutas e pluralidade de crimes, bastam caracterizados os requisitos para o concurso material. Quanto à fixação das penas, basta seguir o sistema da cumulatividade.
REFERÊNCIAS
SOUSA, Áurea Maria Ferraz de. Concurso de Crimes. Disponível em: <http://www.lfg.com.br>. Acesso em: 12 de set. de 2012.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 14. ed. Niterói/RJ: Impetus, 2012. P. 584.
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal - Parte Geral, v. 1, p. 439. 2009.

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