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interpretacao do hemograma

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1 
 
1 
 
 
 
Disciplina: Hematologia Clínica 
Profª. Larissa Almeida Brasil 
 
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL DO HEMOGRAMA 
 
INTRODUÇÃO 
 
O hemograma é o nome dado ao conjunto de avaliações das células do sangue que, reunido 
aos dados clínicos, permite conclusões diagnósticas e prognósticas de grande número de 
patologias. Entre todos os exames laboratoriais atualmente solicitados por médicos de todas 
as especialidades, o hemograma é o mais requerido. Por essa razão reveste-se de grande 
importância no conjunto de dados que devem ser considerados para o diagnóstico médico, 
não se admitindo erros ou conclusões duvidosas. 
 
ANÁLISES QUE COMPÕEM O HEMOGRAMA 
 
O hemograma é composto por três determinações básicas que incluem a avaliação dos: 
 Eritrócitos (ou série vermelha) 
Leucócitos (ou série branca) 
 Plaquetas (ou série plaquetária). 
ANÁLISES NÃO AUTOMATIZADAS (MANUAL) E AUTOMATIZADAS 
 
O hemograma pode ser realizado utilizando equipamentos não automatizados, erroneamente 
denominados “metodologia manual” e, também, por meio de equipamentos automatizados 
com ampla variação tecnológica eletrônica associada à informática. Várias publicações 
científicas comparando as metodologias não automatizadas e automatizadas demonstram que 
os resultados obtidos não apresentam diferenças estatisticamente significantes. Entretanto a 
tendência natural é a substituição gradual pelos equipamentos automatizados. 
A contagem manual mesmo que seja feita com bastante rigor técnico apresenta um 
coeficiente de variação maior que o método automatizado, por esse motivo a automação é 
preferível. 
 
Muitos laboratórios que realizam manualmente o hemograma cometem erros analíticos como 
não contar os eritrócitos e sim estimá-lo utilizando valores do hematócrito e hemoglobina. 
Assim sendo os índices hematimétricos (VCM e HCM) não serão confiáveis, pois sempre 
estarão dentro dos valores normais e as anemias sempre serão normocíticas e normocrômicas. 
Conclusão: laboratorialmente se perde o diagnóstico das anemias microcíticas e hipocrômicas 
e as macrocíticas, como por exemplo: anemias ferroprivas, talassemias, anemias 
megaloblásticas, dentre outras. Nestes casos a única opção passaria a ser a avaliação do 
2 
 
2 
 
esfregaço sanguíneo para melhorar a qualidade do hemograma, e nem sempre o profissional 
consegue fazer uma boa análise microscópica. 
 
AUTOMAÇÃO 
 
A análise automatizada tem facilitado o desempenho da rotina laboratorial, especialmente 
quando há mais de vinte hemogramas/dia. Os equipamentos disponíveis permitem análises de 
30 hemogramas/hora até 120 hemogramas/hora. Os aparelhos mais simples têm por base o 
princípio da impedância, ou seja, a formação de corrente elétrica entre dois eletrodos; quando 
uma célula atravessa a corrente elétrica é gerado um impulso elétrico que é quantificado, 
conforme o diâmetro que se dá especificamente para eritrócitos, leucócitos ou plaquetas. 
Os equipamentos automatizados avançados utilizam diferentes canais com impedâncias 
específicas, permitindo contagens de eritrócitos, leucócitos e plaquetas ao mesmo tempo. 
Além disso, podem ter agregados a essa função básica os seguintes recursos: citometria de 
fluxo, citoquímica e citologia diferencial com capacidade de distinguir células imaturas 
(reticulócitos e blastos). Atualmente não se admite a hematologia sem automação. 
 
De qualquer forma, a opção por um ou outro tipo de análise automatizada e não automatizada 
está relacionada ao número de exames de cada laboratório. A qualidade dos resultados 
depende da boa execução técnica, interpretação dos valores, manutenção dos equipamentos 
e constante padronização. 
 
RECEPÇÃO, COLETA E ENCAMINHAMENTO DA AMOSTRA DE SANGUE 
 
Para realizar com competência técnica o hemograma é preciso seguir uma linha de conduta 
devidamente padronizada que se inicia com a recepção do paciente. Essa fase inclui a própria 
receptividade, oferecendo ao cliente um ambiente adequado com tratamento profissional. A 
identificação do paciente deve conter os seguintes dados: nome completo, sexo, idade ou data 
de nascimento, endereço completo, telefone, nome do médico que solicitou o hemograma e o 
número do registro do paciente no seu laboratório. A coleta deve ser precedida por algumas 
observações do coletador: 
a) estado físico do paciente: normal, ofegante, febril, excitado, desidratado, etc.; 
b) perguntar se está usando medicamentos. 
As informações pertinentes devem ser anotadas no prontuário do paciente. 
 
1. Tipo de coleta 
A obtenção da amostra de sangue deve ser realizada com o paciente descansado, bem 
acomodado (deitado ou sentado). A punção pode ser realizada pelo sistema à vácuo ou com 
seringa e agulha. Os tubos para coleta à vácuo já vêm com anticoagulante, seu preenchimento 
correto com sangue até o limite de volume deve ser obedecido afim de respeitar a relação 
com o anticoagulante. Esse procedimento não é aconselhável para veias de difícil acesso, 
crianças, idosos e coleta arterial. Nas coletas com seringa e agulha, o sangue deve fluir para o 
interior da seringa lentamente, o turbilhonamento de sangue durante uma coleta vigorosa 
provoca alterações celulares. Lembrar de retirar a agulha (utilizar critérios de biossegurança) 
para fazer a distribuição da amostra nos respectivos tubos previamente preparados e 
identificados. 
 
 
3 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 Método: Vácuo 
 
 
Método: seringa e agulha 
2. Tipo de amostra: Sangue venoso colhido no antebraço (veias cefálica, mediana ou 
basílica) 
 
3. Garroteamento: não deve ultrapassar 1 minuto e logo após a entrada de sangue na 
seringa ou tubo deve ser liberado. O tempo prolongado do garrote ocasiona aumento 
do Ht e atividade fibrinolítica. 
4. Anticoagulante: Ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) que pode ser encontrado na 
forma de sal dissódico ou dipotássico (K2). Este último é preferível por ser mais solúvel 
no sangue e por causar menos alterações celulares. Optar pela forma líquida pois 
previne de maneira mais eficiente a formação de microcoágulos. Relação 
sangue/anticoagulante: 1,5±0,25 mg de EDTA por mL de sangue. 
 
 
4 
 
4 
 
5. Alterações celulares causadas pelo anticoagulante: 
 As amostras sanguíneas normais devem ser processadas em até 4 horas após a 
coleta e as anormais em até 1 hora. Na série vermelha a alteração inicial é a crenação 
e posteriormente a formação de esferócitos até hemólise. EDTA em excesso pode 
causar microcitose e diminuição do Ht e Hb. Na série branca: os granulócitos 
(neutrófilos, basófilos e eosinófilos) aumentam a lobulação nuclear e vacúolos podem 
ser vistos no citoplasma o mesmo acontece com os mononucleares (linfócitos e 
mocnócitos); EDTA em excesso pode diminuir a contagem global dos leucócitos; As 
plaquetas podem aumentar de tamanho e desintegrar-se. Todas as alterações citadas 
ocorrem mais rapidamente quando a amostra estiver em temperatura ambiente. 
6. Homogeneização: Há um intervalo de tempo entre a coleta e a realização do exame 
em que a amostra fica parada e ocorre a sedimentação dos eritrócitos. Para que a 
amostra possa ser quantificada adequadamente, ela deve ser homogeneizada antes do 
exame, em homogeneizadores hematológicos por 5 minutos. Amostras refrigeradas 
devem adquirir temperatura ambiente e serem homogeneizadas por 15 minutos. 
7. A análise do esfregaço 
A confecção do esfregaço requer paciência e prática. 
A gota de sangue é colocada em uma das extremidades da lâmina de vidro. A lâmina 
extensora é posicionada à frente da gota e recuada. A gota de sangue se distribui pela 
largura da lâmina de vidro. Com a extensora a 45° de inclinação em relação à lâmina, 
realiza-se um movimento rápido e contínuo para frente, distribuindo a gota de sanguepelo comprimento da lâmina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
5 
 
Algumas observações sobre esfregaço sanguíneo: 
1. O esfregaço ideal deve ser confeccionado sem anticoagulante no momento da coleta; 
2. Lâminas novas ou reaproveitadas devidamente limpas e desengorduradas, eliminar as 
lâminas riscadas; 
3. A extensora deve ter borda uniforme e sem rachaduras; 
4. A extensão ideal deve ter ¾ da lâmina; 
5. Influenciam na qualidade do esfregaço: o volume de sangue (gota que verte do bisel da 
agulha), a velocidade do movimento com a extensora, o ângulo entre a lâmina e a 
extensora e a suavidade do movimento. 
 
8. Esfregaço Sanguíneo 
O esfregaço sanguíneo bem feito é composto por três partes: 
 Espessa – Média – Fina 
 
 
 
 
 
 
A melhor análise se consegue na porção média do esfregaço, região em que os 
eritrócitos não estão sobrepostos e os leucócitos bem visíveis, enquanto que na 
porção fina os eritrócitos e leucócitos aparecem geralmente com deformações 
artefatuais. Ao percorrer o esfregaço é necessário obedecer a um padrão de 
deslizamento transversal e longitudinal, contemplando o corpo do esfregaço. 
9. Coloração 
A coloração é efetuada com corantes que tem em sua composição o azul de 
metileno, a eosina e o metanol. Há vários tipos de métodos: Leishman, Giemsa, May-
Grunwald, Wright, panótico, etc. Alguns desses métodos necessitam de tampão com 
pH 7.0 e de baixa molaridade (água tamponada). A coloração mais utilizada 
atualmente é o panótico pelo baixo custo e rapidez de procedimento. O panótico é 
constituído por: corante 1, corante 2 e corante 3, sendo respectivamente o metanol, a 
eosina(ácido) e o azul de metileno (básico). Finalidade: metanol - fixar o esfregaço; 
eosina – fazer a coloração citoplasmática e o azul de metileno – fazer a coloração das 
estruturas nucleares. Tratada pelos corantes, a célula evidencia estruturas acidófilas, 
basófilas ou neutrófilas, conforme a retenção do corante ácido, básico ou neutro. 
 
6 
 
6 
 
 FASE ANALÍTICA DO HEMOGRAMA 
1. A análise quantitativa da série vermelha é constituída por: 
A análise da série vermelha contempla: a quantificação de eritrócitos, hematócrito, 
dosagem de hemoglobina e índices hematimétricos (VCM, HCM, CHCM, RDW), bem 
como o exame qualitativo microscópico da morfologia eritrocitária. Esses dois 
conjuntos de análises fornecem subsídios para o diagnóstico das principais causas de 
anemias. 
 
1 – Contagem de eritrócitos (CE): milhões/mm3 
2 – Dosagem da hemoglobina (Hb): g/dL 
3 – Hematócrito (Ht): % 
4 – Volume Corpuscular Médio (VCM): fL 
5 – Hemoglobina Corpuscular Média 
(HCM): 
pg 
6 – Concentração da Hemoglobina 
Corpuscular Média (CHCM): 
g/dl ou % 
7 – RDW (variação do tamanho dos Er) % 
 
 
Cálculos dos Índices Hematimétricos 
 
VCM = Ht x 10 (fL - Fentolitros) 
 Er 
 
HCM = Hb x 10 (pg - Picogramas) 
 Er 
 
CHCM = Hb x 100 (g/dL ou %) 
 Ht 
 
* RDW = (%) índice fornecido por equipamentos automatizados 
 
2. Interpretação quantitativa e qualitativa do Eritrograma 
Contagem Global dos Eritrócitos: apresenta pouco significado clínico, pois não traz 
nenhuma informação sobre a patologia do paciente. Sua relevância maior é no cálculo e na 
interpretação dos índices hematimétricos. 
Dosagem da Hemoglobina: é o parâmetro laboratorial que permite saber se o paciente 
está anêmico ou não e informa a intensidade da anemia. 
Hematócrito: ou também chamado de volume globular (VG) também são informativos 
de anemia, auxilia na interpretação do tamanho dos eritrócitos. 
VCM: informa qual a média da população eritrocitária em volume celular, ou seja, 
tamanho médio dos eritrócitos. 
 VCM ↑ = Eritrócitos predominantemente macrocíticos = macrocitose 
 
 Índices 
 Hematimétricos 
7 
 
7 
 
 VCM ↓ = Eritrócitos predominantemente microcíticos = microcitose 
 VCM N = Eritrócitos normocíticos = normocitose 
Obs.: Os valores de VCM dentro dos limites de normalidade indicam uma população 
normocítica. Em casos de anemia interpretar cuidadosamente o RDW e avaliar presença ou 
ausência de população eritrocitária heterogênea. 
HCM: expresso em picogramas, indica a quantidade média de hemoglobina nos 
eritrócitos e é um índice de concentração de hemoglobina (hipocromia). Por ser um valor 
absoluto torna-se o marcador mais fiel de hipocromia eritrocitária. 
 HCM ↓ = Eritrócitos predominantemente hipocrômicos = hipocromia 
 HCM N = Eritrócitos normocrômicos. Obs.: Avaliar valor da Hemoglobina. 
 HCM ↑ = Não indica hipercromia. Termo utilizado em raras situações. Tomar 
cuidado com a interpretação nesse caso. 
CHCM: também é um índice de hipocromia, estimado em valor relativo. Apresenta 
baixa sensibilidade, pois somente há variação quando a anemia está em estágio mais 
avançado. Porém, quando sua concentração esta diminuída a hipocromia é tranquilamente 
visualizada na microscopia. 
 CHCM ↓ = Eritrócitos predominantemente hipocrômicos = hipocromia 
 CHCM N = Analisar conjuntamente os outros índices de hipocromia além da 
microscopia. Pode não significar normocromia. 
 CHCM↑ = Presença de eritrócitos hipercrômicos. Geralmente eritrócitos com 
defeito na formação da sua membrana. Ex: esferócitos e eliptócitos. Analisar conjuntamente 
os outros índices de hipocromia além da microscopia. 
RDW: recentemente com a automatização das avaliações das células do sangue, aliada 
a programas de informática, obtêm-se dados sobre diâmetro ou superfície celular, histograma 
e gráficos de distribuição de células. Especificamente para a série vermelha a automatização 
fornece o índice RDW que avalia a amplitude da superfície dos eritrócitos, ou seja, é o 
coeficiente de variação do tamanho dos eritrócitos. É a medida quantitativa de anisocitose. 
 RDW ↑ = População eritrocitária heterogênea, ou seja, com mais de um 
tamanho. Avaliar este índice sempre em conjunto com o VCM. 
 RDW N = População de tamanho homogêneo. 
 RDW ↓ = Sem significado clínico. Não existe. 
 
A dificuldade que se tem no laboratório é quantificar a macrocitose ou microcitose, a 
hipocromia e a anisocitose a partir da lâmina. Um modo de padronizar a quantificação dessas 
alterações é utilizando o valor das constantes corpusculares. 
 
2.1 Padronização referente ao tamanho dos eritrócitos 
 
 
VCM (Ref.: 80 a 96 fL) 
 75 a 80 fL Microcitose discreta 
65 a 75 fL Microcitose moderada 
Abaixo de 65 fL Microcitose acentuada 
 
VCM (Ref.: 80 a 96 fL) 
97 a 105 fL Macrocitose discreta 
105 a 115 fL Macrocitose moderada 
Acima de 115 fL Macrocitose acentuada 
8 
 
8 
 
 
RDW (Ref.: 11 a 15%) 
14,8 a 18% Anisocitose discreta 
18 a 25% Anisocitose moderada 
Acima de 25% Anisocitose acentuada 
 
2.2 Padronização referente a concentração de hemoglobina 
 
HEMOGLOBINA 
Até 10 g/dl Anemia discreta 
Entre 7 e 10 g/dl Anemia moderada 
Menor que 7 g/dl Anemia acentuada 
 
HCM (Ref.: 27 a 32 pg) 
22 a 26 pg Hipocromia discreta 
18 a 22 pg Hipocromia moderada 
Abaixo de 18 pg Hipocromia acentuada 
 
2.3 Padronização referente a Poiquilocitose (alterações de forma) e presença de 
inclusões eritrocitárias 
A avaliação qualitativa dos eritrócitos complementa o eritrograma e sua análise 
obedece a uma sequência analítica: tamanho, hemoglobinização, forma (poiquilocitose), e 
inclusões. A seguir a sinopse das principais, mas não todas, alterações morfológicas dos 
eritrócitos, relacionando-as com as principais causas de anemias ou outras patologias e 
situações fisiológicas. 
POIQUILOCITOSE (Alterações/ campo 100x) 
2 a 5 Alterações Poiquilocitose discreta 
6 a 15 Alterações Poiquilocitose moderada 
> 15 Alterações Poiquilocitose acentuada 
 
POIQUILOCITOSE (Alterações / campo 100x) 
2 a 5 estrut./campo (+) 
6 a 15 estrut./campo (++) 
> 15 estrut./campo (+++) 
 
 
 
 
9 
 
9 
 
 
CLASSIFICAÇÃO LABORATORIAL DAS ANEMIAS 
Define-se anemia = quando o eritrograma apresenta a concentração da dosagem de 
hemoglobina menor que o valor padrão para a idade e sexo. 
 Utilizando os valores obtidos no eritrograma é possível classificar laboratorialmente 
(ou morfologicamente) as anemias. 
 
 
 
 
 
Desse modo temos: 
Quando um paciente com anemia (Hb abaixo do valor padrão) apresenta: 
- VCM e HCM DIMINUÍDOS: denomina-se ANEMIA MICROCÍTICA E HIPOCRÔMICA 
- VCM e HCM NORMAIS (estiverem dentro dos valores da faixa de normalidade): denomina-se 
ANEMIA NORMOCÍTICA E NORMOCRÔMICA 
 - VCM ELEVADO (não há HCM elevado!): denomina-se ANEMIA MACROCÍTICA 
Para exemplificar essas três situações, consideremos os exemplos hipotéticos de 3 diferentes 
mulheres adultas, comparando seus resultados com os da tabela. 
 Caso 1 Caso 2 Caso 3 
Eritrócitos (x106) 3,8 3,3 2,8 
Hemoglobina (g/dL) 8,5 9,0 8,3 
Hematócrito (%) 27 30 28 
VCM (fL) 71 90 100 
HCM (pg) 22 27 29,6 
CHCM (%) 31 30 33,7 
RDW (%) 16 17 16 
 
 
 
ERITROGRAMA 
Anemias Microcíticas 
e Hipocrômicas 
Anemias 
Normocíticas e 
Normocrômicas 
 
Anemias 
Macrocíticas 
 
10 
 
10 
 
 
 
O caso 1 é típico de anemia microcítica (VCM diminuído) e hipocrômica (HCM diminuído); 
O caso 2 é característico de anemia normocítica (VCM normal) e normocrômica (HCM normal); 
O caso 3 é indicativo de anemia macrocítica (VCM aumentado). 
 
Se formos analisar a morfologia eritrocitária desses três casos é muito possível que no 
caso 1 sejam visualizados eritrócitos microcíticos e hipocrômicos; no caso 2 podem ser 
observados eritrócitos microcíticos, macrocíticos (que na média dos valores resultem em VCM 
normal) e anisocromia com eritrócitos normocrômicos e hipocrômicos (que na média dos 
valores resultem em HCM normal), no caso 3 a anemia é do tipo macrocítica e normocrômica 
com predomínio de macrócitos normocrômicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
11 
 
 
Disciplina: Hematologia Clínica 
Profª. Larissa Almeida Brasil 
 
PRODUÇÃO E MORFOLOGIA DOS ERITRÓCITOS 
 
ERITROPOIESE 
Nas pessoas adultas, os eritrócitos são normalmente formados na medula óssea. 
Esse processo, em situação patológica como nos casos de anemias hemolíticas crônicas, 
pode ocorrer no baço e em outros órgãos do sistema reticuloendotelial, por exemplo: o 
fígado. A eritropoiese depende da adequada obtenção de proteínas, carboidratos, 
gorduras, sais minerais e vitaminas. Os elementos mais importantes desses dois últimos 
grupos são ferro, ácido fólico e vitamina B12. A piridoxina e o ácido ascórbico também 
são considerados essenciais. A absorção de ferro é facilitada por ácido hipoclorídrico e 
ácido ascórbico, e depende de um componente protéico, a transferrina, para transportá-
lo à medula óssea e aos órgãos de estocagem, dos quais o fígado é o principal. A 
absorção da vitamina B12 requer um componente protéico, conhecido por fator 
intrínseco, que é uma substância existente no suco gástrico e secretado pelas células 
parietais da mucosa gástrica. 
Assim, a vitamina B12 e o ácido fólico dependem do funcionamento normal da 
mucosa gástrica para serem absorvidos. O ácido ascórbico participa da transformação 
do ácido fólico para sua forma ativa, o ácido folínico. Ferro, ácido fólico e vitamina B12 
são estocados no fígado para serem utilizados em situação de deficiência desses 
elementos. 
O processo fisiológico responsável pela manutenção do equilíbrio entre a 
produção e a destruição dos eritrócitos inclui um hormônio, a eritropoietina. 
FATORES MAIS IMPORTANTES NA ERITROPOIESE 
Eritropoietina 
A eritropoietina é um hormônio produzido quase que totalmente nos rins. 
Estruturalmente é uma glicoproteína formada por uma simples cadeia polipeptídica 
constituída por 165 aminoácidos, proporcionando um peso molecular de 30.000 daltons. 
A síntese da eritropoietina ocorre no gene EPO localizado no braço longo do 
cromossomo 7, nas células peritubulares intersticiais dos rins. O estímulo para que o 
gene EPO inicie a produção de eritropoietina está relacionado com a pressão do 
12 
 
12 
 
oxigênio renal (pO2 renal). Quando a pO2 renal diminui, por ex.: devido à anemia, o 
gene EPO é estimulado a sintetizar a eritropoietina. Por outro lado, quando a pO2 renal 
se normaliza, a síntese desse hormônio diminui aos níveis aceitáveis. 
A eritropoietina estimula concomitantemente as células tronco (Unidade 
Formadora de Blastos Eritróides, ou BFU-E, e Unidade Formadora de Colônias 
Eritróides, ou CFU-E) para aumentar o número de células precursoras eritróides 
(proeritroblastos, eritroblastos e reticulócitos), e eventualmente, o número de eritrócitos 
circulantes. 
O Ferro 
A maior parte do ferro plasmático destina-se à medula óssea, sendo que 80% do 
ferro liga-se ao heme e passa a fazer parte da hemoglobina como ferro funcional, e os 
20% ligado à transferrina é captado pelas células do sistema mononuclear fagocitário, 
principalmente do fígado e do baço, onde permanece como ferro de depósito sob a 
forma de ferritina e/ou hemossiderina. Mais detalhes ver cápitulo sobre Anemia por 
Deficiencia de Ferro. 
Vitamina B12 e Ácido fólico 
Duas vitaminas, o ácido fólico e a vitamina B12 são necessários para dar suporte 
ao processo de proliferação e maturação das células eritroblásticas. Ambas devem estar 
presentes em quantidades adequadas para as sínteses normais de metionina e 
timidalatos, elementos necessários para a replicação normal de DNA e da divisão 
seqüencial das células. Assim, as deficiências de folatos e vitamina B12 afetam 
profundamente o processo de maturação dos precursores eritrocitários. As células se 
tornam grandes, o núcleo, imaturo, a mitose é interrompida, e os eritroblastos 
ortocromáticos sofrem destruições precoces. A morte dessas células eritroblásticas 
durante o desenvolvimento é denominada por eritropoiese inefetiva. 
O ERITRÓCITO NORMAL 
O eritrócito é uma célula altamente especializada e sua principal função é o 
transporte de oxigênio dos pulmões aos tecidos e de dióxido de carbono no sentido 
inverso. Esta função é facilitada pela forma discóide e bicôncava do eritrócito, pelo fato 
de possuir ampla superfície para a troca de gás. O eritrócito tem um diâmetro médio de 
8 m, mas seu citoesqueleto e a estrutura da sua membrana é capaz de sofrer marcante 
deformação e passar através de capilares mais delgados. Essa deformidade somente é 
possível pelas interações entre proteínas que estão inseridas na dupla camada 
lipoprotéica da membrana eritrocitária e as proteínas que estão na região interna da 
membrana e em contato com o citoplasma. Defeitos nestas proteínas causam 
deformações na morfologia e funções dos eritrócitos, que são apresentadas 
resumidamente nesse material. 
13 
 
13 
 
O eritrócito maduro é desprovido de organelas e núcleo, e assim é incapaz de 
sintetizar proteínas, de realizar a fosforilação oxidativa e de obter energia pelo ciclo do 
ácido tricarboxílico. 
Aproximadamente 98% da proteína citoplasmática do eritrócito é composta por 
milhões de moléculas de hemoglobinas (Hb), que transportam o oxigênio. Cada 
molécula de hemoglobina é formada por duas globinas do tipo alfa – representadas por 
2, e duas globinas do tipo beta – representadaspor 2, 2, 2. São as globinas do tipo 
beta que diferenciam os três tipos de hemoglobinas humanas: Hb A (22), Hb A2 
(22) e Hb Fetal (22). Cada globina se liga a um grupo heme; portanto cada molécula 
de hemoglobina transporta quatro moléculas de oxigênio que se ligam aos quatro 
átomos de ferro (Fe
++
O2
--
). Os tipos de hemoglobinas variam conforme o processo 
evolutivo do indivíduo, conforme tabela abaixo. 
 
 
Tabela . Tipos de hemoglobinas em diferentes fases. 
Tipo de Hb Composição Concentração/Fase 
A 22 96-98% - adulta (*) 
A2 22 2-4% - adulta (*) 
Fetal 22 0-1% - adulta (*) 
90-100% - feto 
Gower-1 22 variável-embrião 
Gower-2 22 variável-embrião 
Portland 22 variável-embrião 
(*) fase que representa a hemoglobina definitiva (ou adulta) após o sexto mês de vida 
Durante aproximadamente 120 dias de vida celular, o eritrócito desempenha sua 
função de transportador de oxigênio, percorrendo cerca de 450 quilômetros nos vasos 
sangüíneos, e submetido a turbulências no coração e artérias e ao cisaliamento nos 
GRUPO HEME 
14 
 
14 
 
capilares. O envelhecimento dos eritrócitos é acompanhado pela perda de flexibilidade 
de sua membrana devido ao aumento do colesterol e da lipoperoxidação da dupla 
camada lipoprotéica. A desestruturação protéica da membrana provavelmente se 
constitui num "sinal" para que os macrófagos reconheçam os eritrócitos envelhecidos e 
promovam a fagocitose. 
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DOS ERITRÓCITOS 
1. Introdução 
As alterações morfológicas dos eritrócitos decorrem de três situações distintas: 
envelhecimento da célula, artefato técnico, patologias intra ou extra eritrocitárias. 
O envelhecimento dos eritrócitos está relacionado com suas atividades ao longo do 
seu período médio de vida (± 120 dias), onde os impactos físicos das células e os 
compostos químicos consumidos gradativamente durante o seu ciclo vital provocam 
deformações na sua estrutura e, conseqüentemente, alterações morfológicas. Assim, 
numa análise de sangue normal é possível observar a presença de eritrócitos 
discretamente alterados em seu contorno, ou em sua forma. Geralmente a presença 
dessas células envelhecidas não excede 4%. 
O artefato técnico se deve a vários fatores, com destaques para: qualidade do 
esfregaço, qualidade da coloração, e sangue estocado, principalmente. A qualidade do 
esfregaço inclui a sua espessura, a homogenização do sangue coletado com 
anticoagulante, o volume da gota de sangue extraído diretamente da seringa ou do tubo 
coletor. A qualidade da coloração se deve ao perfeito equilíbrio do uso dos corantes 
básico e ácido. Entretanto, há situações patológicas como são os casos do mieloma 
múltiplo onde há alta concentração de imunoglobulina que promove a captação do 
componente básico do corante, tornando o esfregaço com coloração azul-escura e a 
formação de "roleaux". 
Outra situação, também patológica, e que influi na qualidade do esfregaço se deve 
ao alto nível de crioglobulinas que causam aglutinações dos eritrócitos e do esfregaço, à 
temperatura ambiente. Nesses casos, o sangue deve ser aquecido a 37ºC para realizar 
não só o esfregaço como as outras avaliações: contagens de células, dosagem de 
hemoglobina e hematócrito. O sangue estocado produz artefatos caracterizados por 
crenações em toda a extensão do esfregaço, bem como eritrócitos picnóticos, ou seja, 
muito corados e pequenos. Outra causa de crenação dos eritrócitos se deve ao excesso 
de anticoagulante, notadamente quando se usa o EDTA. Entretanto, em sangue 
estocado, com a morte natural dos eritrócitos ao longo dos dias, o EDTA é o principal 
fator das alterações artefatuais dos eritrócitos. Os artefatos devem ser muito bem 
distinguidos das células normais, e para isto é fundamental a experiência do 
profissional. As causas das alterações morfológicas dos eritrócitos doentes se devem a: 
a. eritropoiese anormal: deficiências de ferro, vit. B12 e folatos, hemólises, aplasias; 
b. formação inadequada de hemoglobina: deficiência de ferro e talassemias; 
15 
 
15 
 
c. lesões dos eritrócitos ao deixarem a medula óssea: oxidações por deficiência de G-
6PD, drogas e metahemoglobinemias, esferocitoses, eliptocitoses, estomatocitoses, 
fragmentações, hemoglobinopatias (Hb S, Hb C, Hb instáveis); 
d. eritropoiese aumentada: anemias hemolíticas, hemorragias, etc. 
2. Alterações Patológicas dos Eritrócitos 
Os principais processos patológicos dos eritrócitos, quer sejam provenientes da sua 
estrutura (membrana, enzimas ou hemoglobina) ou adquiridas (malária, oxigenações, 
queimaduras) resultam em anormalidades do tamanho, forma, conteúdo de 
hemoglobina e inclusões 
2.1. Alterações do tamanho dos eritrócitos 
 Eritrócitos normocíticos - normocitose 
 Anisocitose 
 Eritrócitos microcíticos - microcitose 
 Eritrócitos macrocíticos - macrocitose 
2.1.1. Eritrócitos normocíticos – normocitose 
A normocitose é um termo que se usa quando o Valor Corpuscular Médio 
(VCM) se apresenta dentro dos padrões de normalidade. Portanto é de se esperar que a 
análise morfológica do esfregaço sangüíneo se apresente com eritrócitos com tamanhos 
normais entre 6,0 e 8,5 m. Entretanto, há casos em que os valores de VCM estão 
normais em pessoas com anemia normocítica, e nesses casos é comum encontrar 
eritrócitos com tamanhos diferentes um dos outros, caracterizando a anisocitose. 
 
2.1.2. Anisocitose (FIGURA 1) 
A palavra aniso é de origem grega e significa desigual. Assim, o uso do termo 
anisocitose se aplica quando na análise do esfregaço se observam eritrócitos com 
tamanhos diferentes. A anisocitose pode ser devido à presença de eritrócitos normais 
com microcíticos, de normais com macrocíticos, de microcíticos com macrocíticos, ou 
de normais, microcíticos e macrocíticos. Desta forma, a anisocitose expressa alterações 
que podem ser estimadas em: discreta, moderada ou acentuada. Se a variação é 
causada principalmente por micrócitos ou macrócitos, ou ambos, estes fatos devem ser 
relatados. Alguns contadores automáticos de células do sangue identificam a anisocitose 
através da avaliação computadorizada das superfícies dos eritrócitos contados. Essa 
avaliação é conhecida por RDW (red cell distribution width ou distribuição das 
superfícies dos eritrócitos). Os índices RDW e VCM atualmente são utilizados para a 
classificação das alterações do tamanho dos eritrócitos, conforme mostra a tabela 1. 
 
 
16 
 
16 
 
Tabela 1. Classificação dos eritrócitos por uso de RDW e VCM. 
 VCM Baixo VCM Normal VCM Alto 
RDW 
normal 
microcitose 
homogênea 
normocitose 
homogênea 
macrocitose 
homogênea 
RDW 
alto 
microcitose 
heterogênea 
normocitose 
heterogênea 
macrocitose 
heterogênea 
Apesar da facilidade da classificação dos eritrócitos fornecida por contadores de 
células avançados tecnologicamente, não há dúvida que a avaliação microscópica ainda 
é fundamental, mesmo contando com esses recursos. 
2.1.3. Eritrócitos microcíticos – microcitose (FIGURA 2) 
Os eritrócitos com diâmetro diminuído (< 6 m) são caracterizados como 
micrócitos. Quando o número de micrócitos é representativo no sangue periférico, 
ocorre a diminuição do VCM e conseqüentemente a microcitose. Os micrócitos 
geralmente têm reduzido conteúdo de hemoglobina (hipocromia), mas há casos de 
micrócitos normocrômicos. Os micrócitos podem ser discóides ou fragmentados. Em 
geral, na deficiência de ferro há alterações no processo de maturação da eritropoiese, e 
nesses casos os micrócitos geralmente são discóides. Nas talassemias alfa e beta, o 
desequilíbrio entre as sínteses de globinas produza precipitação da globina sintetizada 
(precipitam globinas beta na talassemia alfa, e globinas alfa na talassemia beta), e por 
essa razão há deformações nos eritrócitos que são parcialmente fagocitados por 
macrófagos do SRE, produzindo micrócitos fragmentados. Nas anemias hemolíticas, a 
microcitose resulta da presença de micro-esferócitos ou de fragmentações 
 
 
2.1.4. Eritrócitos macrocíticos – macrocitose (FIGURA 3) 
Os eritrócitos cujos diâmetros excedem 9,0 m são denominados por 
macrocíticos. Quando há muitos macrócitos no sangue capazes de elevar o valor de 
VCM acima de 100 fl, caracteriza-se a macrocitose. As causas mais comuns da 
macrocitose se devem aos níveis diminuídos de vitamina B12 e ácido fólico. Outras 
patologias como o alcoolismo, anemia hemolítica crônica com reticulocitose, mieloma, 
leucemia, carcinoma metastático, hipotiroidismo e doença hemolítica do recém-nascido 
também causam a macrocitose. Eritrócitos muito grandes podem ser visualizados 
ocasionalmente em doenças que atingem as células tronco: anemia aplástica, aplasia 
pura da série vermelha, mielofibrose e anemia sideroblástica. 
A presença de macrócitos ovais sugere defeito de maturação nuclear por 
deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, caracterizando a anemia megaloblástica. 
17 
 
17 
 
2.2. Alterações da forma dos eritrócitos 
1. Poiquilocitose 
2. Os esferócitos 
3. Os eliptócitos e ovalócitos 
4. Os estomatócitos 
5. Os equinócitos 
6. Os acantócitos 
7. Os codócitos ou células em alvo 
8. Os esquisócitos, células fragmentadas e queratócitos 
9. Os dacriócitos 
10. Microesferócitos e piropoiquilócitos 
11. Os leptócitos 
12. Os drepanócitos 
13. Outras alterações de forma dos eritrócitos 
14. Megalócitos e macro-ovalócitos 
15. Cristais de Hb CC e Hb SC 
16. Eritrócitos em "roleaux" e aglutinados 
2.2.1. Poiquilocitose 
O termo usado para variações nas formas dos eritrócitos é poiquilocitose. O 
reconhecimento de várias formas ou poiquilócitos no esfregaço é util na diferenciação 
das anemias. Os principais exemplos de poiquilócitos que caracterizam certas anemias 
são os seguintes: eliptócitos, falciforme, esquisócitos, esferócitos, dacriócitos e 
codócitos (hemácias em alvo). 
Os poiquilócitos podem originar por alterações bioquímicas nas membranas dos 
eritrócitos, alterações metabólicas das enzimas, anormalidades da molécula de 
hemoglobina, envelhecimento do eritrócito, anormalidades no micro-ambiente das 
células, etc. 
 
2.2.2. Os esferócitos (FIGURA 4) 
Os esferócitos são células redondas visíveis em microscopia eletrônica de 
varredura e quando observadas por microscopia óptica, apresentam-se circulares e 
intensamente coradas. O diâmetro do esferócito é de aproximadamente 6,2 a 7,0 m, e 
sua espessura varia entre 2,2 a 3,4 m. 
Os esferócitos podem ser causados por condições hereditárias ou adquiridas. 
Vários defeitos moleculares nas proteínas de membrana podem ser identificados na 
esferocitose hereditária. Os esferócitos não são facilmente deformáveis e perdem parte 
de constituintes da membrana por fragmentação durante suas passagens pela 
microcirculação no SRE, fato que abrevia seu ciclo de vida e causa hemólise. Essas 
células tornam-se densas e pequenas com aumento do conteúdo de hemoglobina, 
18 
 
18 
 
caracterizando a hipercromia e geralmente com elevação da concentração da 
hemoglobina corpuscular média (CHCM). 
Os esferócitos mostram aumento da fragilidade celular frente a soluções salina 
hipotônicas – teste da fragilidade (ou resistência) 
Uma das formas terapêuticas de diminuir a anemia hemolítica na esferocitose 
hereditária é a retirada do baço (esplenectomia); a hemólise diminui, mas os esferócitos 
persistem indicando que a anormalidade se deve mais ao defeito da membrana celular 
do que das lesões causadas pelos macrófagos do SRE do baço. 
As causas mais freqüentes de esferocitose adquirida se devem a anemia imuno-
hemolítica por anticorpos autoimune ou insoimune, por anemia hemolítica com corpos 
de Heinz, anemia hemolítica micro-angiopática e hemólise por diluição aquosa. 
Eritrócitos transfundidos também são freqüentemente esféricos (microesferócitos). 
2.2.3. Os eliptócitos e ovalócitos (FIGURA 5) 
Os eliptócitos são eritrócitos alongados e delgados, com concentração elevada de 
hemoglobina produzindo discreta hipercromia em várias células. Também são, 
denominados por ovalócitos quando o eixo longitudinal do eritrócito é menos delgado 
geralmente normocrômico podendo apresentar-se hipocrômico. Os eliptócitos podem ter 
origem hereditária ou adquirida. Por meio da microscopia eletrônica de varredura 
observa-se discreta concavidade no centro de algumas células eliptóides, fato que 
justifica por vezes a região central menos condensada de hemoglobina. 
Considera-se eliptocitose hereditária quando 25 a 90% dos eritrócitos são 
elípticos, e o principal defeito ocorre no citoesqueleto da célula, com diminuição do 
conteúdo da proteína banda 4.1. Nos casos de eliptocitose hereditária, os eritroblastos 
precursores dos eliptócitos geralmente têm a morfologia normal, excetuando alguns 
casos raros da doença. O período de vida média dos eliptócitos é diminuído, porém sua 
atividade funcional não é afetada. O teste de fragilidade osmótica é variável conforme o 
tipo de eliptócitos. A eliptocitose adquirida ocorre na deficiência de ferro, anemia 
megaloblástica, e na anemia mielotísica, onde menos de 10% das células são elípticas 
ou ovais, porém hipocrômicos (leptócitos). Também podem ser vistos nas talassemias e 
anemia falciforme. 
2.2.4. Os estomatócitos (FIGURA 6) 
Os estomatócitos se caracterizam no sangue periférico como células com áreas 
estreitas e alongadas na região central dos eritrócitos desprovidas de hemoooglobina. 
Em geral, em esfregaços de sangue normal é muito difícil a presença de 
estomatócitos, porém sua presença é comum no alcoolismo, cirrose, doença hepática 
obstrutiva e doença de Rh nulo. Em situações artefatuais, também pode ocorrer a 
presença de estomatócito. 
19 
 
19 
 
A estomatocitose hereditária se deve basicamente à hidratação aumentada com 
influxo de sódio para o interior da célula e à deficiência de acetiltransferase lecitina 
(ATLC). A estomatocitose é comum entre australianos de origem mediterrânea. O 
quadro clínico dos portadores da estomatocitose hereditária é heterogêneo, e se deve ao 
grau de anormalidade no transporte de sódio-potássio de célula. Devido ao grau de 
deformidade do estomatócito, admite-se que o mesmo seja retirado precocemente da 
circulação. 
2.2.5. Os equinócitos (FIGURA 7) 
Equinócito é um nome de origem grega referente ao ouriço do mar. Os 
eritrócitos com espículas uniformemente distribuídas têm esta denominação. Termos 
antigos como células crenadas ou células de Burr (Burr cells) não são mais utilizados, 
pois as células crenadas é uma situação quase sempre relacionada a artefatos técnicos, 
enquanto que as células de Burr apresentam espículas heterogêneas e são freqüentes em 
pacientes com uremia. A presença de equinócitos se deve também a situações 
artefatuais resultantes de mudanças do pH do corante, como em sangue estocado que 
promove a perda de ATP, bem como alterações bioquímicas do plasma. Três situações 
patológicas dos eritrócitos são responsáveis pela formação dos equinócitos: a 
deficiência da enzima eritrocitária piruvato-quinase, diminuição do potássio 
intramembrana e aumento da concentração de fosfatidil colina na membrana, todos bem 
demonstrados por microscopia eletrônica de varredura. Os equinócitos também estão 
presentes em pacientes com carcinoma de estômago e em hemorragias causadaspor 
úlceras peptídicas. 
2.2.6. Os acantócitos (FIGURA 8) 
Os acantócitos são eritrócitos com espículas desproporcionais e heterogêneas, 
facilmente identificáveis na rotina hematológica, e na microscopia eletrônica de 
varredura. As projeções ou espículas, ou crenações são irregulares no tamanho e no 
espaçamento. A acantocitose pode ser herdada ou adquirida, e as células acantocíticas 
geralmente são menores que os eritrócitos normais. A situação herdada mais comum da 
acantocitose decorre da alteração na composição da membrana motivada pela 
deficiência de colesterol entre a dupla camada lipoprotéica ou abeta lipo-proteinemia. 
Outras patologias que podem produzir acantocitose são alcoolismo crônico com 
comprometimento do fígado, na pós-esplenectomia e na síndromes de mal absorção. 
2.2.7. Os codócitos ou células em alvo (FIGURA 9) 
Codócitos ou células em alvo são eritrócitos com a área central corada 
intensamente pela condensação de hemoglobina, circundada por um anel claro e um 
anel periférico também corado, caracterizando a célula em alvo. Por microscopia 
eletrônica, o codócito, ou célula em alvo, tem a forma de um capuz, ou de um chapéu. 
Essa alteração na forma do eritrócito é sempre adquirida pelo aumento da superfície da 
membrana, resultante do acúmulo de colesterol e fosfolipídeos. O aumento da superfície 
da membrana torna-a mais resistente quando submetida ao teste de fragilidade (ou 
resistência osmótica). 
20 
 
20 
 
Os codócitos ou células em alvo são característicos nas talassemias, notadamente 
na beta menor, nas hemoglobinopatias SS, CC, DD, EE e na doença falciforme do 
genótipo S/tal. beta. Também podem ser observadas na anemia por deficiência de ferro, 
doenças obstrutivas do fígado e pós-esplenectomia. 
2.2.8. Os esquisócitos, células fragmentadas e queratócitos (FIGURAS 10 e 11) 
O surgimento de eritrócitos deformados e que adquirem morfologias fora dos 
padrões de classificação deve-se à tentativa dessas células em passar pelos filamentos de 
fibrina, vasos alterados, por impacto físico em próteses (válvulas cardíacas), ou pela 
retirada de "pedaços" dos eritrócitos pelos macrófagos do SRE. Assim, o termo 
esquisócito tem origem grega e que significa fragmento. As formas dos esquisócitos são 
muito variadas como, por exemplo, nas talassemias, ou de fragmentação ou pedaços de 
eritrócitos causados em conseqüência de diversas patologias: válvulas cardíacas 
artificiais, coagulação intravascular disseminada (C.I.V.D.) na púrpura 
trombocitopênica trombótica (P.T.T.), na anemia hemolítica urêmica, queimaduras 
graves e no câncer metastático que atinge a medula óssea, ou o queratócito, que tem a 
forma de capacete e ocorre principalmente em pacientes com anemia hemolítica 
microangiopática, e outras anemias hemolíticas adquiridas. 
A precipitação de globina alfa (na talassemia beta) ou de globina beta (na 
talassemia alfa) deforma o eritrócito, que ao passar pelo SRE sofre ação dos 
macrófagos. Os macrófagos retiram partes dos eritrócitos deformados pela precipitação 
da globina, descaracterizando a forma discóide, e produzindo células "mordidas" 
também denominadas queratócitos. 
2.2.9. Os dacriócitos (FIGURA 12) 
Os dacriócitos são células com forma de lágrima ou gôta, e o nome também tem 
origem grega (dacry significa lágrima). O tamanho dos dacriócitos é variável, e pode 
ser normocrômico ou hipocrômico. Os dacriócitos são observados na mielofibrose com 
metaplasia mielóide, devido à atividade fagocitária dos macrófagos do SRE do baço, 
que nesta doença apresenta-se aumentado. Em outras doenças, como são os casos de 
anemia mielotísica, anemia perniciosa, talassemia beta, em oxidações da hemoglobina 
com formação de corpos de Heinz e tumor metastático na medula óssea. 
2.2.10. Piropoiquilócitos (FIGURA 13) 
Os piropoiquilócitos são eritrócitos extremamente deformados que incluem num 
mesmo campo visual do microscópio óptico grande diversidade de células, a maioria 
microcítica, com destaque para microesferócitos, microeliptócitos, fragmentos de 
eritrócitos, dacriócitos, etc. Se deve a uma rara doença hemolítica hereditária, e a 
anormalidade se deve provavelmente à alteração da espectrina da membrana do 
eritrócito. A fragmentação dos eritrócitos nesta doença pode ser induzida "in vitro", 
incubando o sangue a 45
o
C por alguns minutos. 
2.2.11. Os leptócitos (FIGURA 14) 
21 
 
21 
 
Os leptócitos são células alongadas e delgadas que aparecem em deficiência 
grave de ferro e nas talassemias. Morfologicamente se parecem com os eliptócitos, 
porém se diferenciam desses devido à hipocromia associada. Tem-se relacionado à 
anormalidade morfológica do eritrócito leptócito devido ao excesso de colesterol na 
membrana da célula. Essas células também são comuns nas doenças crônicas do fígado. 
2.2.12. Os drepanócitos (FIGURA 15) 
Eritrócitos em forma de foice ou meia-lua, resultante de uma hemoglobina anormal 
sintetizada, a hemoglobina S que causa a doença falciforme. 
2.2.13. Outras alterações de forma de eritrócitos (FIGURAS 16, 17 e 18) 
Célula semilunar: também conhecida por célula em meia-lua ou célula 
crescente. São eritrócitos que possuem uma palidez rosada numa extremidade, e uma 
região circular vazia. As células semilunares ocorrem em situações patológicas 
adquiridas, principalmente nas pessoas com malária. 
Queratócito ou Célula mordida: ocorre nos eritrócitos que têm corpos de 
Heinz induzidos por oxidações medicamentosas (ex.: sulfas e derivados), oxidações por 
poluentes, Hb instáveis, metahemoglobinemias, anemia falciforme e na deficiência de 
G-6-PD. Os eritrócitos com corpos de Heinz, ao passarem pelo SRE, são "atacados" por 
macrófagos que retiram parte do eritrócito em que estavam os corpos de Heinz. Esses 
eritrócitos, ao voltarem para a circulação do sangue periférico, apresentam-se como se 
fossem "mordidos". 
Células em roseta: é uma situação muito rara, decorrente de anemia hemolítica 
adquirida em que os eritrócitos aderem a fagócitos, especialmente em neutrófilos. 
 
 
2.2.14. Megalócitos e macro-ovalócitos (FIGURA 19) 
Essas células são facilmente diferenciadas os eritrócitos macrocíticos pelas suas 
formas enormes e ovaladas, e geralmente com policromatofilia. A patologia mais 
comum que induz a presença de megalócitos ou de macro-ovalócitos é a anemia 
megaloblástica. Anemia megaloblástica é uma situação patológica provocada por 
deficiência de vitamina B12 ou folatos, fato que altera o processo de maturação dos 
eritroblastos. É comum, portanto, que na ocorrência dessas células, causada pela anemia 
megaloblástica, observar pontilhados basófilos, corpos de Howell-Jolly, eritroblastos, 
plaquetas grandes (macroplaquetas) e hipersegmentação dos neutrófilos. 
2.2.15. Cristais de Hb CC e Hb SC (FIGURA 20) 
22 
 
22 
 
As hemoglobinas S e C tendem a se cristalizarem devido às suas mutações 
ocorridas por substituições do mesmo aminoácido da globina beta, o ácido glutâmico 
(Glu) na posição nº 6 (Hb S: Glu  Valina e Hb C= Glu  Lisina). Os cristais da Hb 
CC se condensam numa determinada região do eritrócito, deixando o restante da célula 
totalmente desglobinizada. Entretanto, a forma mais comum de identificar a 
cristalização da Hb CC é por meio da análise do esfregaço onde a condensação da Hb C 
deforma o eritrócito e se concentra gradativamente numa parte da cédula. 
2.2.16. Eritrócitos em "roleaux" e aglutinados (FIGURA 21) 
Geralmente ocorrem dúvidas relacionadas à distinção entre eritrócitos em 
"roleaux" e aglutinados 
Para considerar ambos os casos, as anormalidades devem estar presentes em 
toda a extensão do esfregaço, pois se estiver em apenas uma parte dele é indicativode 
artefato técnico. 
Os eritrócitos em "roleaux", quando distribuídos uniformemente ao longo da 
lâmina indicam a presença de uma paraproteína com concentração elevada, como são 
freqüentes nos casos de mieloma múltiplo e macroglobulinemia. Denomina-se por 
paraproteínas uma proteína plasmática (beta ou gama globulina anormal) produzida por 
um clone neoplásico de células plasmáticas. 
Na aglutinação dos eritrócitos ocorre a agregação de grupos de células ao acaso, 
na presença de vários anticorpos eritrocitários. A auto-aglutinação ocorre quando os 
eritrócitos de uma pessoa aglutina na presença de seu próprio plasma ou soro que 
contém aglutininas específicas não conhecidas pelos receptores eritrocitários. Algumas 
vezes a auto-aglutinação é vista em sangue de pessoas aparentemente normais, porém 
sua presença é mais freqüente na vigência de certas anemias hemolíticas, pneumonias 
atípicas, infecções por estafilococos e tripanosomas. Outra situação que pode ocorrer a 
autoaglutinação é na presença de aglutininas estimuladas a frio (10 a 20
o
C), fato que 
induz a atividade dos anticorpos 
 
2.3. Alterações do Conteúdo da Hemoglobina (FIGURA 22) 
Eritrócitos com conteúdo normal de hemoglobina têm um centro claro que ocupa 
1/3 do diâmetro da célula. Essas células são denominadas por normocrômicas, 
observando que há discreta variação na intensidade no seu halo claro central, que 
variam entre as diferentes partes de um esfregaço. 
Quando há diminuição da concentração de hemoglobina, o halo claro central 
aumenta de intensidade e de tamanho, caracterizando a hipocromia. A hipocromia é 
causada por diminuição da síntese da hemoglobina devido a duas principais situações 
patológicas: deficiência de ferro grave, anemia sideroblástica e talassemias. A 
hipocromia freqüentemente está associada à microcitose, porém há casos em que está 
23 
 
23 
 
associada à normocitose como ocorrem na artrite reumatóide, infecções crônicas e 
processo inflamatório. 
A anisocromia é a designação que se dá para descrever a variação do conteúdo 
de hemoglobina quando eritrócitos normocrômicos e hipocrômicos estão presentes 
conjuntamente. Exemplo de anisocromia é a anemia sideroblástica, onde células 
hipocrômicas e normocrômicas são vistas, indicando que a medula óssea está 
produzindo duas populações de células. Outras situações em que ocorre a anisocromia 
são os casos em que pacientes com anemia hipocrômica recebem transfusões de 
eritrócitos normais. (FIGURA 23) 
A hipercromia ocorre quando a concentração da hemoglobina corpuscular 
médica (CHCM) está acima da normalidade. Assim, é possível visualizar os eritrócitos 
bem corados, sem o halo claro no centro da célula. A hipercromia está quase sempre 
relacionada à esferocitose, quer seja hereditária ou adquirida (anemias hemolíticas 
causadas por queimaduras graves. (FIGURA 24) 
A policromasia ocorre quando os eritrócitos são maiores e há excesso de 
coloração, com tendência à cor cinza-azulada (nos corantes de rotina hematológica). Se 
deve a remanescentes de material ribossômico devido à reticulocitose e atividade 
eritropoiética elevada. (FIGURA 25) 
2.4. Inclusões Eritrocitárias 
Normalmente os eritrócitos não contêm inclusões, entretanto muitas inclusões 
diferentes podem ser vistas em várias doenças hematológicas. Inclusões que se 
desenvolvem nos eritrócitos, devido a certos tipos de anemias, podem ser visíveis por 
corantes da rotina hematológica como são os casos de corpos de Howel-Jolly, anel de 
Cabot, pontilhado basófilo. Corpos de Pappenheimer, siderócitos, sideroblastos, 
inclusões de Hb H e corpos de Heinz são visualizados com corantes específicos. Por 
outro lado, há as inclusões adquiridas como o Plasmodium e Bartonella. 
1. Corpos de Howell-Jolly 
2. Anel de Cabot 
3. Pontilhados basófilos 
4. Corpos de Pappenheimer 
5. Siderócitos e sideroblastos 
6. Hemoglobina H (Hb H) 
7. Corpos de Heinz 
8. Inclusões de parasitas em eritrócito 
2.4.1. Corpos de Howell-Jolly (FIGURA 26) 
Os corpos de Howell-Jolly são fragmentos nucleares arredondados, de tamanho 
pequeno ou médio, com tamanho próximo de 1 m, resultantes da desintegração do 
núcleo dos eritroblastos ortocromáticos. Coram-se pelos corantes da rotina 
hematológica em cor púrpura-escura. Pelo fato de reagirem positivamente à reação de 
24 
 
24 
 
Feulgen (teste usado para DNA em cromatina nuclear), presume-se que os corpos de 
Howell-Jolly contenham DNA. 
A presença de corpos de Howell-Jolly é comum em pacientes esplenectomizados 
com anemia hemolítica, isto porque essas inclusões são retiradas dos eritrócitos ao 
passarem pelo SRE do baço. Na anemia falciforme, podem ser vistos após a ocorrência 
de fibrose esplênica. Outras anemias podem apresentar corpos de Howell-Jolly: anemias 
hemolíticas em geral, anemia megaloblástica, em numerosos casos de esteatorréia com 
atrofia esplênica. 
2.4.2. Anel de Cabot (FIGURA 27) 
O anel de Cabot aparece no eritrócito como estrutura anelada, ou dobrada em 
forma de oito. Sua origem se deve a material remanescente dos microtúbulos do 
citoplasma dos eritroblastos, especialmente de RNA ribossômico. Os anéis de Cabot 
podem aparecer em eritrócitos de pacientes com anemia megaloblástica, outras anemias 
graves (falciforme, talassemia maior), intoxicação por chumbo, e na diseritropoiese em 
que os eritrócitos são destruídos antes de serem liberados da medula óssea. Por vezes, 
um mesmo eritrócito com anel de Cabot pode incluir também pontilhados basófilos ou 
corpos de Howell-Jolly. 
2.4.3. Pontilhados basófilos (FIGURA 28) 
São grânulos pequenos e irregulares, ou esféricos, de cor azul, às vezes, muito 
escuros. Podem ser finos e amplamente distribuídos nos eritrócitos, ou grosseiros e em 
menor número próximo à membrana dos eritrócitos. 
A presença de pontilhados basófilos é indicativa de eritropoiese acentuada, sem tempo 
adequado para maturação dos eritrócitos. A ocorrência está associada notadamente às 
anemias causadas por defeitos na síntese de hemoglobina, talassemias, intoxicações por 
chumbo, alcoolismo e drogas citotóxicas. 
2.4.4. Corpos de Pappenheimer (FIGURA 29) 
São pequenos corpúsculos arredondados, compostos por grânulos sideróticos, 
irregulares e escuros, identificados por corantes da rotina hematológica. Com coloração 
específica de azul da Prússia, esses corpúsculos se coram positivamente, fato que indica 
presença de ferro. Normalmente o número de inclusões por eritrócitos não supera a três. 
O SRE do baço geralmente removem os corpos de Pappenheimer, por isso é mais fácil 
visualizá-los em pacientes esplectomizados, ou com baixa ação esplênica 
(hipoesplenismo). A ocorrência desses corpúsculos é freqüente na anemia 
sideroblástica, ocorre também na talassemia beta maior, anemias refratárias e nas 
anemias diseritropoiéticas. 
2.4.5. Siderócitos e sideroblastos (FIGURA 30) 
Siderócitos são eritrócitos contendo grânulos de ferro não-heme, formados por 
um complexo de ferro-férrico (Fe
+++
), lipídeos, proteínas e carboidratos, insolúvel em 
25 
 
25 
 
água. Em pessoas saudáveis é possível visualizar grânulos sideróticos em preparação 
com corantes azul da Prússia (corante de Perl) dentro de alguns poucos eritroblastos 
obtidos por punção medular, na proporção 1 ou 2 grânulos por célula. Entretanto, nas 
anemias sideroblásticas há muitos eritroblastos com vários grânulos caracterizando os 
sideroblastos . A presença de siderócitos nos eritrócitos de sangue periférico ocorre nos 
vários tipos de anemias sideroblásticas (hereditária e adquirida), porém nas análises de 
sangue medular a identificação dos sideroblastos e mais sensível.. 
Hemoglobina H– Hb H (FIGURA 31) 
A precipitação intra-eritrocitária de corpúsculos de Hb H se deve ao 
desequilíbrio da síntese de globinas alfa (que estão diminuídas) e de globinas beta (que 
estão normais). As globinas beta se tetramerizam em complexos de globina 4, 
formando moléculas instáveis de hemoglobinas conhecidas por Hb H. Assim, a 
presença de Hb H é indicativo de talassemia alfa. 
A forma de precipitação de Hb H se caracteriza por múltiplos corpúsculos 
homogeneamente distribuídos nos eritrócitos, mas que por microscopia eletrônica de 
varredura é possível avaliar a deformação do eritrócito com Hb H. 
A ocorrência de precipitados de Hb H está associada a talassemias alfa 
hereditária e adquirida. Na forma hereditária, há grande diversidade de alterações 
clínicas e hematológicas, pois está na dependência do número de genes alfa afetados no 
processo de síntese da globina alfa. Na forma adquirida, a presença de Hb H está 
relacionada às drogas quimioterápicas usada no tratamento de cânceres, linfomas e 
leucemias. A coloração específica para identificar a Hb H intra-eritrocitária é o azul de 
crezil brilhante a 1% . 
2.4.7. Corpos de Heinz (FIGURA 32) 
Os corpos de Heinz se caracterizam por precipitados de um ou mais corpúsculos 
esféricos e escuros, de tamanhos variados, geralmente agregados à membrana. Em 
pacientes esplenectomizados, os corpos de Heinz são grandes e visíveis. A identificação 
dos corpos de Heinz somente é possível com coloração supravital de azul de crezil 
brilhante a 1% e violeta de metil a 1% . 
A precipitação de corpos de Heinz é decorrente de processos oxidativos 
induzidos ou espontâneos que afetam a molécula de hemoglobina oxigenada (oxi-Hb). 
A oxidação da oxi-Hb transforma-a em metahemoglobina que se degrada em 
subcompostos – os hemicromos (sulfa-hemoglobina), culminando com a desagregação 
das globinas alfa e beta, que se precipitam e deformam o eritrócito. 
As principais formas da indução de corpos de Heinz se devem a: a) causas 
adquiridas por medicações oxidantes (ex.: sulfas, hidrazinas), ou por contaminação 
ambiental (poluentes oxidantes); b) causas hereditárias por Hb instáveis, 
metahemoglobinemias hereditárias, deficiências de enzimas (G6PD, SOD, catalase, 
GPx). 
26 
 
26 
 
2.4.8. Inclusões de parasitas em eritrócitos (FIGURAS 33 e 34) 
Três importantes inclusões de parasitas em eritrócitos são causas de anemias 
hemolíticas, tratam-se da malária, babesiose e bartolenose. 
Malária: é uma protozoose com ampla distribuição mundial, notadamente nas 
regiões tropicais e temperadas. A infecção é transmitida pelo mosquito que serve como 
vetor de quatro espécies do gênero Plasmodium: P. vivax, P. falciparum, P. malariae 
e P. ovale. As infecções devido ao P. falciparum e P. vivax são as mais comuns. O P. 
falciparum é o responsável pela maior parte dos indivíduos afetados por malária em 
todo o mundo, incluindo o Brasil. O P. vivax causa infecções capazes de causarem a 
morte do portador. 
Babesiose: doença transmitida por carrapatos e causada por parasitas do gênero 
Babesia. É comum em numerosas espécies animais, e ocasionalmente é transmitida ao 
homem. O diagnóstico laboratorial é feito no sangue periférico, da mesma forma como 
se procede na malária, pela presença de formas aneladas semelhantes a halteres nos 
eritrócitos. Esta infecção é freqüente no continente africano, e raríssima no Brasil. 
 
 
 
 
 
 FIGURA 1 
 
Anisocitose eritrocitária em sangue de paciente que 
tinha ferropenia, mas que há um mês estava sob 
tratamento. Observa-se eritrócitos microcíticos e 
hipocrômicos oriundos da fase anêmica, de 
eritrócitos normais devido ao tratamento, e de 
alguns macrócitos que provavelmente sejam 
reticulócitos lançados ao sangue periférico também 
devido ao tratamento 
27 
 
27 
 
 FIGURA 2 
 
 FIGURA 3 
 
 FIGURA 4 
Microcitose na talassemia beta menor. A foto 
mostra a presença predominante de micrócitos 
hipocrômicos, ao lado de poucos eritrócitos 
normais. Há também eritrócitos com formas 
alteradas: dacriócitos, esquisócitos e leptócitos. 
 
Macrocitose em sangue periférico de paciente com 
anemia megaloblástica. 
 
 
Esferocitose hereditária em aumento 1000x. Há 
anisocitose entre os esferócitos, onde os maiores 
(macro-esferócitos) são devido à presença de 
reticulócitos. Coloração de May-Grunwald-Giemsa 
(corante de rotina hematológica). 
 
 
28 
 
28 
 
 FIGURA 5 
 FIGURA 6 
 FIGURA 7 
 
Sangue periférico de portador da eliptocitose 
hereditária, em aumento 400x. Observar acentuada 
poiquilocitose (>70%) caracterizada pela presença 
predominante de eliptócitos. 
 
 
Sangue periférico de estomatocitose hereditária em 
aumento 1000x. Observa-se que quase todas as 
células são estomatócitos 
 
Equinócito de sangue de paciente com deficiência 
de piruvato-quinase 
29 
 
29 
 
 FIGURA 8 
 FIGURA 9 
 
 FIGURAS 10 e 11 
 
 
 
 
Acantócitos no sangue periférico de paciente com 
beta lipoproteinemia. 
 
Sangue periférico de paciente com Hb CC (doença 
da Hb C), com acentuada presença de células em 
alvo. 
 
Eritrócitos fragmentados em sangue de 
paciente com prótese cardíaca, e que 
desenvolveu anemia hemolítica. Observam-se 
vários eritrócitos fragmentados e também 
micro-esferócitos. 
 
 
Eritrócito em bolha, obtido de sangue de 
paciente com anemia hemolítica 
microangiopática gerando aspecto de 
queratócito. 
 
30 
 
30 
 
 FIGURA 12 
 FIGURA 13 
 FIGURA 14 
Dacriócitos em sangue periférico de 
paciente com mielofibrose 
(mielodisplasia). Mielodisplasia é o nome 
que se dá a um grupo de doenças que 
afeta a hematopoiese medular, ex.: 
doenças pós-leucêmicas, mielofibrose, 
aplasias de um tipo celular, etc. 
Sangue periférico de paciente com 
piropoiquilocitose hereditária. O destaque 
morfológico dos eritrócitos é suas múltiplas 
formas de deformações, com esquisócitos, 
micrócitos, leptócitos, células bizarras, etc. 
A hipercromia é comum entre os eritrócitos 
alterados. 
 
31 
 
31 
 
 FIGURA 15 
 
 
FIGURAS 16, 17 e 18 
 
 
 FIGURA 19 
 
Megalócitos e macro-ovalócitos e 
esfregaço de sangue periférico em 
paciente com anemia megaloblástica. 
 
Paciente com anemia falciforme 
homozigota. 
32 
 
32 
 
 FIGURA 20 
 
 FIGURA 21 
 
 FIGURA 22 
A cristalizações da Hb CC e da Hb SC não 
são observadas em todos os pacientes com 
esses genótipos, e em alguns após 
exaustiva pesquisa citológica. 
 
 
Sangue periférico de paciente com a 
doença mieloma múltiplo, destacando no 
centro da foto um plasmócito, e a 
disposição dos eritrócitos em "roleaux". 
 
 
Sangue periférico de paciente com anemia 
ferropriva grave (Hb: 5,8 g/dl). Nota-se 
aniso-poiquilocitose acentuadas, com 
micrócitos, dacriócitos e esquisócitos, 
associadas a intenso grau de hipocromia. 
 
33 
 
33 
 
 FIGURA 23 
 FIGURA 24 
FIGURA 25 
 
Sangue periférico de paciente com Hb 
C/associada a talassemia beta, após receber 
transfusão de eritrócitos. Presença de aniso-
poiquilocitose com eritrócitos normais, 
esquisócitos, codócitos e células mordidas, 
associadas à anisocromia. 
 
Sangue periférico de paciente com anemia 
esferocítica hereditária (esferocitose), com 
anisocitose pela presença de normocitose e 
micro-esferócitos, associada a hipercromia 
(CHCM: 36 g/dl). 
 
Sangue periférico de paciente com anemia 
hemolítica, com presença de policromasia 
(células lado esquerdo). Acontagem de 
reticulócitos na ocasião da análise era de 
17%. Presença de 1 eritroblasto 
ortocromático à direita 
 
 
34 
 
34 
 
FIGURA 26 
 
 FIGURA 27 
 
 FIGURA 28 
 
Sangue periférico de paciente com 
esteatorréia e atrofia do baço. 
 
 
Sangue de paciente com anemia 
megaloblástica tratada mostrando um 
eritrócito com anel de Cabot dobrado na 
forma de oito. 
 
 
Sangue periférico de portador de talassemia 
beta heterozigota, com dois eritrócitos com 
pontilhados basófilos grosseiros. 
 
 
35 
 
35 
 
 FIGURA 29 
 
 FIGURA 30 
 
 FIGURA 31 
 
Sangue periférico de paciente 
esplenectomizado, com deficiência de 
piruvato quinase. Há presença de corpos de 
Pappenheimer em todos os eritrócitos, com 
grande diversidade de formas de inclusões. 
 
 
Sangue periférico de paciente com anemia 
sideroblástica adquirida por alcoolismo. Há 
vários eritrócitos com siderócitos corados 
com azul de Prússia. É possível observar 
um macrócito típico de alcoolismo 
 
Sangue periférico de paciente com 
talassemia alfa (doença de Hb H, com três 
genes alfa afetados). Nesta patologia há 
profusão de eritrócitos com precipitados 
de Hb H, que se parecem com bolas de 
golfe. 
 
 
36 
 
36 
 
 FIGURA 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURAS 33 e 34 
 
 
 
 
 
Sangue periférico de paciente com Hb 
instável (Hb Koln), corado com azul de 
crezil brilhante a 1% por 40 minutos, a 
37
o
C. 
 
 
Sangue periférico de paciente com malária 
causada por P. falciparum. A foto mostra a 
forma anelada com duplo grânulo de 
cromatina. 
 
 
Sangue periférico de paciente com malária 
causada por P. vivax. Devido à anemia 
hemolítica grave, os reticulócitos estão em 
quantidade elevada no sangue periférico e 
são alvos preferenciais da parasitose. A 
figura mostra um grande eritrócito 
(reticulócito) com forma anelada, com 
grânulos de Schüffner 
37 
 
37 
 
 
Disciplina: Hematologia Clínica 
Profª. Larissa Almeida Brasil 
 
LEUCOGRAMA 
 
SÉRIE BRANCA 
 
Os glóbulos brancos formam o grupo mais heterogêneo entre os componentes do 
sangue, tanto do ponto de vista morfológico como fisiológico. Embora os leucócitos 
desempenhem papel de defesa do organismo, cada subtipo leucocitário detém funções 
bastante específicas e distintas entre si, que, em conjunto estruturam o sistema imunológico. 
Os valores normais do número de leucócitos e seus subtipos encontrados no sangue 
variam conforme a idade. É importante observar que, em recém-nascidos e crianças, existe um 
predomínio de linfócitos em relação aos granulócitos. Com o crescimento essa relação inverte-
se, e em adultos existe preponderância de polimorfonucleares, principalmente neutrófilos. 
 
MORFOLOGIA DAS CÉLULAS LEUCOCITÁRIAS NORMAIS ENCONTRADAS NA MEDULA 
ÓSSEA E NO SANGUE PERIFÉRICO 
 
Mieloblasto 
 
É uma célula típica da medula óssea e vista no sangue periférico somente em situações 
patológicas. Apresenta forma arredondada, tamanho médio, relação núcleo-citoplasma alta, 
citoplasma escasso e com basofilia variando de discreta a moderada e sem granulações, na 
maioria das vezes. Porém, quando as granulações citoplasmáticas surgem o mieloblasto é 
classificado em I, II e III. O núcleo é redondo ou ovalado, excêntrico ou central. A cromatina é 
fina e reticulada distribuída de forma homogênea dando um aspecto delicado ao núcleo. O 
número de nucléolos varia de zero a cinco, facilmente visualizados. 
 
 
 
Promielócito 
 
É uma célula típica da medula óssea e vista no sangue periférico somente em situações 
patológicas. Apresenta o mesmo padrão morfológico que o mieloblasto. As diferenças são: o 
38 
 
38 
 
promielócito é uma célula maior, apresenta granulações primária ou inespecíficas (azurófilas). 
Estas granulações surgem nesta fase com mais evidência, se formam no aparelho de Golgi e 
contêm substâncias antimicrobianas. 
 
 
Mielócito 
 
É uma célula típica da medula óssea. No mielócito, o padrão celular muda porque a 
cromatina adquire o aspecto de cromatina do neutrófilo, apresenta uma maior condensação e 
heterogeneidade. O núcleo é geralmente excêntrico, redondo ou ovalado e o nucléolo não é 
mais visível. O citoplasma pode apresentar granulações primárias ou secundárias. 
 
 
 
Metamielócito 
 
O metamielócito apresenta um núcleo excêntrico redondo ou ovalado com reentrância 
(chanfradura), citoplasma com granulações secundárias e cromatina condensada sem 
nucléolos visíveis. 
 
 
 
 
39 
 
39 
 
Neutrófilos (Segmentado ou Bastonete) 
 
Exercem função de quimiotaxia e fagocitose, e representam a primeira linha de defesa 
contra infecções bacterianas. Quando saem da medula óssea, os neutrófilos segmentados 
circulam na corrente sanguínea por volta de 6 a 12 horas e migram para os tecidos 
(diapedese). Nestes sobrevivem 2 a 4 dias antes de serem destruídos durante a ação de defesa 
ou em consequência do seu envelhecimento e apoptose. Existem dois tipos de neutrófilos: 
Segmentados e Bastonetes. 
 
Neutrófilo Segmentado 
 
Características: núcleo multilobulado (2 a 4 lóbulos) com constrições unidas por 
filamentos de cromatina, cromatina condensada, citoplasma abundante fracamente róseo, 
contendo fina granulação específica. 
 
 
 
Neutrófilo Bastonete 
 
É sem dúvida a célula que mais controvérsias causa na contagem diferencial. De uma 
forma geral o número aumentado de bastonetes no sangue periférico está relacionado com 
processos infecciosos bacterianos agudos. 
 
Características: núcleo alongado e curvo, citoplasma apresenta as mesmas 
características do neutrófilo segmentado. Se a constrição for de espessura superior a 30% da 
maior parte do núcleo considera-se bastonete, pois é possível ver cromatina. 
 
 
 
Principais causas de neutrofilia: infecções agudas, intoxicações (metabólicas, 
substâncias químicas e drogas), hemorragia aguda, hemólise aguda, corticosteróides, gravidez, 
etc. 
Principais causas de neutropenia: infecções (sepse, virais, malária), drogas 
(sulfonamidas, antibióticos, analgésicos), doenças hematológicas (leucemia, falência medular). 
 
 
 
40 
 
40 
 
Linfócitos 
 
Os linfócitos incluem três populações distintas: os linfócitos T, B e NK. Linfócitos T 
correspondem a 65 a 80% dos que circulam na corrente sanguínea e têm função especial nas 
respostas imunológicas mediadas por células. Os linfócitos B correspondem a 5 a 15% e são 
responsáveis pela resposta imunológica humoral. Por último, os linfócitos NK são a minoria e 
distinguem-se das demais por destruírem células alvo sem a participação da molécula do 
complexo de histocompatibilidade principal, agindo sobre células tumorais e células diversas 
infectadas por vírus. Em condições normais predominam os linfócitos típicos, porem em 
algumas situações linfócitos atípicos podem surgir no sangue periférico. 
 
Linfócitos Típicos 
 
Características: Linfócitos T, B e NK são indiferenciáveis à microscopia óptica comum. 
Possuem tamanho reduzido, são regulares e arredondados, citoplasma escasso, núcleo 
ocupando cerca de 90% da célula, sendo regular e esférico, de tonalidade azul-arroxeada e 
com cromatina sem nucléolo evidente. 
 
 
 
Linfócitos Atípicos 
 
Características: São linfócitos ativados desempenhando sua função imunológica. 
Possuem o dobro do tamanho dos linfócitos típicos, apresentam o núcleo com condensação 
variável da cromatina, nucléolos visíveis em alguns casos, citoplasma geralmente abundante, 
irregular e basofílico.41 
 
41 
 
Principais causas de linfocitose: infecções virais, tireotoxicose, leucemia linfóide, 
hipersensibilidade a drogas, etc. 
Principais causas de linfopenia: tratamento com quimioterapia e radioterapia, 
corticosteróides, etc. 
Atipia linfocitária: relevante quando seu valor relativo ultrapassa 5%. Ocorre na 
dengue, malária, leishmaniose, mononucleose infecciosa etc. 
 
Monócitos 
 
Compõem cerca de 8% dos leucócitos circulantes, tem meia vida de aproximadamente 
1 a 3 dias, a seguir migram para os tecidos onde se transformam em macrófagos. 
Participam da fagocitose de células mortas, senescentes, corpos estranhos, regulação 
da função de outras células, processamento e apresentação de antígenos, reações 
inflamatórias e destruição de microrganismos e células tumorais. 
Características: é a maior célula normal do sangue periférico. Apresentam forma 
variada, citoplasma abundante de coloração acinzentado ou azul claro, com fina granulação ou 
ausente, ocasionalmente pode apresentar vacúolos, núcleo grande, oval ou indentado, 
posicionado geralmente no centro da célula, a cromatina é delicada, predominantemente 
frouxa. 
Causas de monocitose: leucemia monocítica, linfomas, infecções (malária, calazar, 
tuberculose), endocardite, policitemia vera, etc. 
Monocitopenia não apresenta relevância clínica. 
 
 
 
Eosinófilos 
 
Têm função importante na mediação de processos inflamatórios associados à alergia, 
na defesa contra parasitas e em certos distúrbios cutâneos alérgicos e neoplásicos. 
Recentemente foi demonstrada a participação dos eosinófilos na remoção dos produtos de 
degradação da fibrina, na fase final do processo de hemostasia-coagulação-fibrinólise. 
Características: citoplasma abundante, rico em grânulos eosinofílicos e núcleo 
geralmente bilobulado, de cromatina densa. 
 
 
 
42 
 
42 
 
Causas de eosinofilia: doenças alérgicas, parasitárias, micoses, doenças infecciosas e 
reumatológicas, aspirina, LMC, etc. 
Ausência de eosinófilos em processos infecciosos agudos indica mau prognóstico. 
 
Basófilos 
 
Representam menos de 0,5% do número total de leucócitos circulantes na fase adulta. 
Produzem diversos mediadores inflamatórios, sendo um dos principais a histamina (potente 
vasodilatador), além de possuírem receptores IgE na membrana citoplasmática. 
Características: núcleo arredondado obscurecido por grânulos de coloração basofílicos. 
 
 
Principais causas de basofilia: LMC, Leucemia basofílica, policitemia, Linfoma, pós-
esplenectomia etc. Não existe o termo basopenia. 
 
 
TERMINOLOGIA DO LEUCOGRAMA 
 
Referência adulto: Neutrófilos Totais 
Valor Relativo 38 a 70 % 
Valor Absoluto 1.520 a 7.000 / mm³ 
NEUTROFILIA = é o aumento do numero relativo e/ou absoluto de neutrófilos no 
sangue, considerando os limites de referência. Ex.: Neutrófilos totais = 8.650/mm³ = 
Neutrofilia absoluta 
NEUTROPENIA = é a diminuição do numero relativo e/ou absoluto de neutrófilos no 
sangue, considerando os limites de referência. Ex.: Neutrófilos totais = 30% = Neutropenia 
relativa 
DESVIO À ESQUERDA = Quando o número de neutrófilo bastonete ou seus precursores 
for superior ao valor de referência relativo e/ou absoluto. 
 
 
Referência adulto: Linfócitos 
Valor Relativo 20 a 32 % 
Valor Absoluto 800 a 3.200 / mm³ 
LINFOCITOSE = é o aumento do numero relativo e/ou absoluto de linfócitos no sangue, 
considerando os limites de referência. Ex.: Linfócitos = 4.000/mm³ = Linfocitose absoluta 
LINFOPENIA = é a diminuição do numero relativo e/ou absoluto de linfócitos no 
sangue, considerando os limites de referência. Ex.: Linfócitos = 6% = linfopenia relativa 
ATIPIA LINFOCITÁRIA = Termo utilizado na observação do leucograma quando são 
visualizados mais de 5% de linfócitos atípicos. 
 
 
43 
 
43 
 
Referência adulto: Eosinófilos 
Valor Relativo 2 a 5 % 
Valor Absoluto 80 a 500 / mm³ 
EOSINOFILIA = é o aumento do numero relativo e/ou absoluto de eosinófilos no 
sangue, considerando os limites de referência. Ex.: Eosinófilos = 1.000/mm³ = eosinofilia 
absoluta 
EOSINOPENIA = é a diminuição do numero relativo e/ou absoluto de eosinófilos no 
sangue, considerando os limites de referência. Ex.: Eosinófilos = 1% = eosinopenia relativa 
 
Obs.: A ausência de eosinófilos tem uma grande relevância no laudo, pois indica mau 
prognóstico em processos infecciosos agudos. Deve ser procurado no esfregaço mesmo após o 
término da contagem de 100 células. 
 
 
Referência adulto: Monócitos 
Valor Relativo 2 a 10 % 
Valor Absoluto 80 a 1.000/ mm³ 
MONOCITOSE = é o aumento do numero relativo e/ou absoluto de monócitos no 
sangue, considerando os limites de referência. Ex.: Monócitos = 2.500/mm³ = monocitose 
absoluta 
MONOCITOPENIA = é a diminuição do numero relativo e/ou absoluto de monócitos no 
sangue, considerando os limites de referência. Ex.: Monócitos = 1% = monocitopenia relativa 
 
 
Referência adulto: Basófilos 
Valor Relativo 0 a 1 % 
Valor Absoluto 0 a 100/ mm³ 
BASOFILIA = é o aumento do numero relativo e/ou absoluto de basófilos no sangue, 
considerando os limites de referência. Ex.: Basófilos = 500/mm³ = basofilia absoluta ou 
Basófilos = 5% basofilia relativa 
 
Obs.: O termo BASOPENIA não é utilizado na hematologia, uma vez que, é normal não 
serem encontrados basófilos na contagem diferencial da maioria dos pacientes. 
 
ALTERAÇÕES REACIONAIS 
 
Granulações tóxicas 
 
Quando ocorre um aumento na granulocitopoese exigida pela extensão ou duração de 
um processo infeccioso/inflamatório, há encurtamento do estágio de maturação das células 
precursoras e os neutrófilos são lançados no sangue periférico com granulação primária no 
citoplasma, característica dos seus precursores mais jovens. 
 Além de significar um erro de mitose esses grânulos liberam um conteúdo que atua 
sobre a morte e digestão bacteriana. 
44 
 
44 
 
 
 
Vacuolização Citoplasmática 
 
Vacúolos no citoplasma dos neutrófilos ocorrem pela exocitose do material fagocitose, 
são frequêntes em infecções. Os neutrófilos vacuolizados podem apresentar degranulação e 
sinais de apoptose nuclear. Artefatualmente, essas alterações ocorrem quando não há 
conservação adequada da amostra com EDTA. 
 
 
Corpos de Döhle 
 
São áreas na periferia dos neutrófilos vistas como manchas roxas, nas quais houve 
liquefação do retículo endoplasmático. São difíceis de notar. Quando presentes sugerem 
estados infecciosos e inflamatórios, principalmente em pneumonias, erisipela e queimaduras. 
 
 
 
 
Hipersegmentação Nuclear 
 
No sangue normal predominam neutrófilos com 2 a 4 lóbulos nucleares. A presença de 
mais de 5% de neutrófilos com cinco ou mais lóbulos, ditos neutrófilos hipersegmentados, era 
denominado desvio à direita. Essa alteração pode ser notada em: IRC, anemia ferropriva, 
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neutrofilias de longa duração, hematopoese megaloblástica, síndromes mielodisplásicas e 
mieloproliferativas, tratamento com corticóides e hidroxiuréia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Disciplina: Hematologia Clínica 
Profª. Larissa Almeida Brasil 
 
SERIE PLAQUETÁRIA - PLAQUETOGRAMA 
 
A SÉRIE PLAQUETÁRIA 
 As plaquetas são analisadas quantitativamente (CP: 10³/mm³) e com uso de 
contadores automatizados é possível obter o índice PDW (%) que fornece o resultado da 
amplitude da superfície das plaquetas quantificadas, bem como o MPV (fL) que indica o volume 
médio plaquetário. 
ANÁLISE DAS PLAQUETAS 
 
 As plaquetas são também produzidas na medula óssea e derivam da fragmentação do 
citoplasma dos megacariócitos. Tem forma discóide, são anucleadas

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