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Homicídio - Completo

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PENAL II – PARTE ESPECIAL 
 
VALDINEI CORDEIRO COIMBRA 
Advogado (OAB/DF) 
Mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada (Esp) 
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo ICAT/UNIDF 
Especialista em Gestão Policial Judiciária – APC/Fortium 
Coordenador do www.conteudojuridico.com.br 
Delegado de Polícia PCDF (aposentado) 
Ex-analista judiciário do TJDF 
Ex-agente de polícia civil do DF 
Ex-agente penitenciário do DF 
 Ex-policial militar do DF 
vcoimbr@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
CÓDIGO PENAL - TÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
 
O Código Criminal do Império (1831), assim como o Código 
Penal republicano (1890) inauguravam sua Parte Especial tipificando 
os crimes contra o Estado, demonstrando a preeminência do Estado 
sobre o ser humano. O homicídio no Código Criminal do Império era 
punido com pena de morte no seu grau máximo, galés perpétua e 
trabalhos forçados até 20 anos. Já no Código Penal republicano 
(1890), deixa de contemplar a pena de morte cominando pena de 12 
a 30 anos de prisão. 
Já o Código Penal de 1940, inaugura sua parte especial dando 
primazia à aos crimes contra a pessoa e a encerra com os crimes 
contra o Estado. Da mesma forma será o Novo Código Penal, se 
aprovado o PLS 236 que tramita no Congresso Nacional. 
No Título I que trata dos crimes contra a pessoa, estudaremos 
os seguintes delitos: Capítulo I – Dos crimes contra a vida ( Homicídio 
(doloso e culposo) (art. 121); Participação em suicídio (art. 122); 
Infanticídio (art. 123); Aborto (arts. 124 a 128); Capítulo II – Das 
lesões corporais; Capítulo III – Da periclitação da vida e da saúde; 
Capítulo IV – Da rixa; Capítulo V – Dos crimes contra a honra 
(Calúnia, difamação e injúria); Capítulo VI – Dos crimes contra a 
liberdade individual; Seção I – Dos crimes contra a liberdade pessoal; 
Seção II – Dos crimes contra a inviolabilidade do domicílio; Seção III 
– Dos crimes contra a inviolabilidade de correspondência; Seção IV 
– Dos crimes contra a inviolabilidade dos segredos. 
 
Capítulo I – Dos crimes contra a vida (Arts. 121 ao 128 do CP) 
 
• Homicídio (doloso e culposo) (art. 121) 
• Participação em suicídio (art. 122) 
• Infanticídio (art. 123) 
• Aborto (arts. 124 a 128) 
 
DO HOMICÍDIO 
 
1. HOMICÍDIO: Conceito. Objeto jurídico. Classificação. Elemento 
subjetivo. Sujeito ativo. Sujeito passivo. Espécies: simples, 
privilegiado, qualificado e culposo. Causas de aumento de pena. 
Perdão judicial. 
 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, 
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir 
a pena de um sexto a um terço. 
 Homicídio qualificado 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe; 
 II - por motivo fútil; 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime: 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino 
quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, 
de 2015) 
II - menosprezo ou discriminação à condição de 
mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 Homicídio culposo 
 § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 Aumento de pena 
 § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato 
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, 
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a 
pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra 
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de 
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio 
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
 § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação 
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela 
Lei nº 12.720, de 2012) 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a 
metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao 
parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 
(sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 
 Fundamento internacional de proteção à vida: a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos assinada em 
Paris aos 10 de dezembro de 1948: Art. III. Toda pessoa tem 
direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da 
Costa Rica) estabelece: Art. 4º. Direito à vida. 1.Toda pessoa 
tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser 
protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. 
Ninguém pode ser privado arbitrariamente. Convenção sobre 
os Direitos da Criança: Art. 6º, 1. Os Estados partes 
reconhecem que toda criança tem o direito inerente à vida. 
 Fundamento constitucional: A vida é direito fundamental 
consagrado no caput do art. 5º da Constituição Federal (Todos 
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, 
à segurança e à propriedade [...]), Trata-se de direito formal e 
materialmente constitucional, com caráter supraestatal. Não 
obstante, tem natureza relativa: pode sofrer limitações, desde 
que legítimas e sustentadas por interesses maiores do Estado. 
Nesse sentido, a admissão da pena de morte em tempo de 
guerra (CF, art. 5º, XLVII, a), a legítima defesa (CP, art. 25) e o 
aborto em determinadas situações legalmente previstas (CP, 
art. 128). 
 
HOMICÍDIO SIMPLES 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 O que é Homicídio: é a supressão da vida humana 
extrauterina praticada por outra pessoa. Se a vida humana for 
intrauterina estará caracterizado o delito de aborto. Se já 
iniciado o trabalho de parto, a morte do feto configura homicídio 
ou infanticídio (art. 123, CP). O homicídio pode ser: (a) simples(art. 121, caput); (b) privilegiado (§ 1º); (c) qualificado (§ 2º); (d) 
culposo simples (§ 3º) e culposo agravado ou circunstanciado 
(§ 4º, 1ª parte). O § 5º do art. 121 contém hipótese de perdão 
judicial (aplicável exclusivamente ao homicídio culposo, 
incluindo o homicídio culposo no trânsito, tipificado no art. 302 
da Lei n. 9.503/97 - CTB). 
 Homicídio simples: está tipificado no caput do art. 121 do CP. 
Não contém elementos normativos ou subjetivos. Não é 
hediondo, salvo se praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que executado só por um agente (Lei 
8.072/90). A Lei não define o que é homicídio simples, apenas 
define o homicídio qualificado e privilegiado. Neste sentido, se 
o crime não for privilegiado ou qualificado, será homicídio 
simples. 
 Objeto jurídico: A vida humana, direito fundamental 
assegurado pelo art. 5º, caput, da Constituição Federal. É 
irrelevante a viabilidade do ser nascente, bastando o 
nascimento com vida. 
 Objeto material: É o ser humano que suporta a conduta 
criminosa. 
 Núcleo do tipo: É o verbo matar. Trata-se de crime de forma 
livre. Pode ser praticado por ação ou por omissão, desde que 
presente o dever de agir (hipóteses previstas no art. 13, § 2º, 
do CP), de forma direta (meio de execução manuseado 
diretamente pelo agente) ou indireta (meio de execução 
manipulado indiretamente pelo homicida). Os meios de 
execução podem ser materiais (os que assolam a integridade 
física do ofendido) ou morais (a morte é produzida por um 
trauma psíquico na vítima como, por exemplo, a depressão que 
acarreta a morte em face do uso excessivo de medicamentos). 
O meio de execução pode caracterizar uma qualificadora, 
como se dá no emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum (CP, art. 121, § 2º, III). 
 Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum), admitindo-se 
a coautoria ou participação. 
 Autoria colateral e autoria incerta no homicídio: a autoria 
colateral é caracterizada quando duas ou mais pessoas 
querem matar a mesma vítima e realizam ato executório ao 
mesmo tempo (enquanto ela ainda está viva), sem que uma 
saiba da intenção da outra, sendo que o resultado morte 
decorre da ação de apenas uma delas. Se identificada qual das 
duas matou a vítima, esta responde por homicídio e a outra por 
tentativa de homicídio. Se não for possível identificar qual das 
duas pessoas matou a vítima, temos a autoria incerta, 
devendo ambas responderem por tentativa de homicídio, 
mesmo o crime se consumado. 
 Homicídio praticado por irmãos siameses (xifópagos): a lei 
penal é omissa. Neste caso deve prevalecer o direito do irmão 
inocente, pois a pena não pode passar da pessoa do 
delinquente. 
 Sujeito passivo: Qualquer pessoa, após o nascimento e desde 
que esteja viva. Se for homicídio doloso contra o Presidente da 
República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou 
o Presidente do Supremo Tribunal Federal, comete o crime do 
art. 29 da Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170/83). Se for 
homicídio, com intenção de destruir, no todo em parte, grupo 
nacional, étnico, racial ou religioso, temos o crime de crime de 
genocídio, previsto no art. 1º, da Lei n. 2.889/56. 
 Se a vítima já está morta quando da ação homicida: Crime 
impossível por absoluta impropriedade do objeto (art. 17, CP). 
 Elemento subjetivo: É o dolo (animus necandi ou animus 
occidendi), direto ou eventual. Admite-se a modalidade 
culposa. A embriaguez ao volante pode caracterizar dolo 
eventual ou culpa consciente, dependendo da análise do caso 
concreto. 
 Consumação: No momento da morte da vítima, que se verifica 
com a cessação da atividade encefálica – art. 3º, caput, da 
Lei 9.434/1997, que regula a retirada e transplante de tecidos, 
órgãos e partes do corpo humano, com fins terapêuticos e 
científicos. Trata-se de crime material, pois se consuma com 
a produção do resultado naturalístico. 
 Crime impossível por absoluta ineficácia do meio: não é 
punível a tentativa, quando o homicídio não se consuma por 
absoluta ineficácia do meio. Ex. tentar matar alguém com uma 
arma de brinquedo. (CP, Art. 17 - Não se pune a tentativa 
quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime). 
Se a eficácia for relativa, caberá a punição por tentativa. Ex.: 
munição velha1. 
                                                            
1  “Estando  o  revólver  empunhado  pelo  réu  desmuniciado,  com  todas  as  balas  já  deflagradas, 
absolutamente  ineficaz  o  seu  uso  para  a  prática  do  homicídio.  Tem‐se,  na  espécie,  pois,  verdadeira 
tentativa impossível” (TJSP — Rel. Camargo Sampaio — RT 514/336); “Configura crime impossível o uso 
de arma descarregada, ocorrendo tal fato como causa de impunibilidade, segundo o art. 17 do CP” (TJSC 
— Relª. Thereza Tang — ADV 7.342/760). 
 Prova da materialidade: A materialidade do homicídio é 
demonstrada pelo exame necroscópico, em que o médico 
legista atesta a ocorrência da morte e suas causas. A autópsia 
deve ser feita pelo menos seis horas após o óbito (art. 162 do 
CPP). Se não for possível o exame do corpo por ter ele 
desaparecido, a materialidade do homicídio pode ser 
demonstrada por prova testemunhal (art. 167 do CPP). 
 Tentativa: É possível. A tentativa branca ou incruenta é 
aquela em que a vítima não é atingida, enquanto a tentativa 
vermelha ou cruenta é aquela em que a vítima sofre 
ferimentos. 
 Desistência voluntária no homicídio: a desistência voluntária 
se mostra presente quando o agente dá início à execução, mas 
não consegue, de imediato, a morte da vítima, contudo, tendo 
ainda ao seu dispor formas de prosseguir no ataque e 
concretizar a morte, resolve, voluntariamente, não o fazer. O 
agente só responde pelos atos praticados e não tentativa de 
homicídio (art. 15 do CP). Se o disparo atingiu a vítima 
sobrevivente, o sujeito responderá por lesão leve ou grave, 
dependendo do que o disparo nela tenha causado, ou por crime 
de periclitação da vida (art. 132), caso o disparo não a tenha 
atingido2. 
 Arrependimento eficaz no homicídio: ocorre quando o 
agente realizou todos os atos executórios ao seu alcance para 
matar a vítima, porém, se arrepende e pratica novo ato para 
salvar a vida dela, só responde pelos atos já praticados (art. 15, 
CP.) 
Diferença entre a tentativa de homicídio e a lesão corporal 
seguida de morte: A diferença está no elemento subjetivo 
(dolo de matar ou dolo de lesionar). Na tentativa de homicídio 
o agente quer matar e não consegue, por circunstâncias 
alheias a sua vontade. Responde no Tribunal do Júri, com a 
pena do homicídio consumado reduzida e um terço a dois 
terços. Já na lesão seguida de morte ocorre exatamente o 
oposto, ou seja, o agente quer apenas lesionar, mas, 
culposamente, acaba provocando a morte (art. 129, § 3º, do 
CP). Neste caso teremos um crime preterdoloso (dolo+culpa). 
                                                            
2 “Mesmo que a intenção do acusado fosse de matar a vítima, não se configura a tentativa de homicídio 
se voluntariamente desiste da ação delituosa, após atingi‐la com dois disparos, abandonando o local com 
três balas intactas no tambor de seu revólver” (TJSP — Rel. Camargo Sampaio — RT 544/346). 
Responde perante o juiz singular, com a pena de reclusão, de 
quatro a doze anos. 
Progressão criminosa no homicídio: agente inicia uma 
agressão exclusivamente com intenção de lesionar a vítima, 
porém, durante a agressão, muda de ideia e resolve matá-la, 
responde pelo resultado mais grave, no caso o homicídio. 
 Ação Penal: Pública incondicionada, em todas as modalidades 
do delito. 
 Competência: É do Tribunal do Júri (CF, art. 5º, XXXVIII, d), 
exceto no tocante ao homicídio culposo, de competênciado 
juízo comum. Em regra, a competência é da Justiça Estadual, 
salvo se presente alguma circunstância capaz de provocar o 
deslocamento para a esfera federal (júri federal), como, por 
exemplo, o fato de o homicídio ter sido cometido a bordo de 
navio ou aeronave (art. 109, IX, da Constituição), ou contra 
servidor público federal em virtude de suas funções (art. 109, 
IV, da Magna Carta). Além disso, a competência é a do local 
da consumação do delito (regra), no entanto a jurisprudência 
tem admitido que quando a vítima é socorrida para outra cidade 
e lá vem a falecer, é possível fixar a competência do júri do 
local em que houve a ação criminosa, já que as testemunhas 
do crime estão no local onde a vítima foi alvejada. 
 Homicídio contra civil praticado por militar: o homicídio 
praticado por militar contra civil será da competência da Justiça 
Comum (Tribunal do Júri) (art. 9º, parágrafo único, do Código 
Penal Militar, Decreto-lei 1.001/1969, com a redação dada pela 
Lei 12.432/2011). O homicídio praticado por um militar contra 
outro é de competência da Justiça Militar. 
 Homicídio culposo e Lei 9.099/1995 – Juizados Especiais 
Criminais: Cabe suspensão condicional do processo 
unicamente no homicídio culposo, desde que presentes os 
demais requisitos exigidos pelo do art. 89 da Lei 9.099/1995. 
 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz 
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
 Homicídio privilegiado: Todas as figuras de privilégio são de 
caráter subjetivo, porque ligadas à motivação do agente 
(relevante valor social ou moral) ou à motivação somada à 
violenta emoção. Assim, nos termos do art. 30 do Código 
Penal, não se comunicam a coautores e partícipes do 
homicídio. 
 Direito subjetivo do réu se reconhecido pelo júri: apesar de 
o parágrafo trazer a expressão “pode”, trata-se de uma 
obrigatoriedade, para não ferir a soberania dos veredictos. O 
privilégio é votado pelos jurados (art. 483, inc. IV, CPP) e, se 
reconhecido o privilégio, a redução da pena é obrigatória, pois 
do contrário estaria sendo ferido o princípio da soberania dos 
veredictos. Trata-se, portanto, de um direito subjetivo do réu. 
Ao juiz presidente do Júri caberá apenas escolher o quantum 
entre um sexto e um terço. 
 Motivo de relevante valor moral (nobre): diz respeito a 
sentimentos do agente que demonstre que houve uma 
motivação ligada a uma compaixão ou algum outro sentimento 
nobre. É o caso da eutanásia. 
 Motivo de relevante valor social: diz respeito ao sentimento 
da coletividade. Exemplo: matar o traidor da Pátria. 
 Pai que mata o estuprador de sua filha: Alguns entendem 
que se trata de relevante valor moral, porque o motivo do pai é 
defender a honra da filha (sentimento individual relevante). 
Para outros, se trata de relevante valor social, porque sua 
intenção é eliminar um marginal, beneficiando a coletividade. 
Embora existam duas correntes quanto ao fundamento, é 
pacífico que se trata de caso de homicídio privilegiado. 
 Sob domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta 
provocação da vítima: Requisitos: a) Existência de uma 
injusta provocação (não é injusta agressão, senão seria 
legítima defesa). Exemplo: adultério, xingamento, traição, 
brincadeiras de mau gosto, riscar o carro do autor, jogar lixo ou 
pichar a casa do autor etc. . b) que, em razão da provocação, 
o agente fique tomado por uma emoção extremamente forte. 
Emoção é um estado súbito e passageiro de instabilidade 
psíquica. c) Reação imediata (logo em seguida...): não pode 
ficar evidenciada uma patente interrupção entre a provocação 
e a morte. Leva-se em conta o momento em que o sujeito ficou 
sabendo da provocação. 
 Privilégio versus atenuante (art. 65, III, “a”): No privilégio, a 
lei exige que o sujeito esteja sob o domínio de violenta 
emoção, enquanto na atenuante, basta que o sujeito esteja sob 
a influência da violenta emoção. O privilégio exige reação 
imediata, já a atenuante não. A aplicação da atenuante 
somente é possível se o júri não reconhecer o privilégio, para 
não ocorrer o bis in idem. 
 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou 
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do 
ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função 
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro 
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo 
feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, 
de 2015) 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
 Homicídio qualificado: presente qualquer uma das 
circunstâncias qualificadores do §2º, do art. 121, a pena a ser 
aplicada será de 12 a 20 anos de reclusão. O homicídio 
qualificado será sempre hediondo (Lei n. 8.072/90), ou seja, 
não comporta fiança, não cabe graça, indulto ou anistia e 
somente caberá progressão de regime com 2/5 da pena 
cumprida (se primário) ou 3/5 (se reincidente). A obtenção do 
livramento condicional só será admitida se cumpridos mais de 
2/3 da pena e se o agente não for reincidente específico. 
 Pluralidade de qualificadoras: O magistrado deve utilizar 
uma delas para qualificar o crime, e as demais como 
agravantes genéricas (art. 61, II, a, b, c e d, do CP), pois todas 
as qualificadoras do homicídio são previstas como agravantes 
no tocante aos delitos em geral. 
 Qualificadoras de caráter subjetivo e objetivo: o rol do §2º 
do art. 121 exibem circunstâncias qualificadores de natureza 
subjetivas (inc. I e II) e objetivas (inc. III, IV, V, VI e VII). 
 Homicídio qualificado mediante paga ou promessa de 
recompensa (inc. I): é conhecido como homicídio mercenário. 
A paga é prévia em relação ao homicídio, enquanto a promessa 
de recompensa é para entrega posterior. Em ambas as 
hipóteses deve se relacionar com prestação econômica 
(entrega de dinheiro, bens, perdão de dívida, promoção no 
emprego etc.). No caso da promessa de recompensa não se 
exige que o mandante tenha cumprido o pagamento. Classifica-
se como crime de concurso necessário, pressupõe o 
envolvimento mínimo de duas pessoas (mandante e executor). 
A punição de um independe da identificação e punição do 
outro, desde que exista prova da paga ou promessa de 
recompensa. Se o executor recebe o dinheiro adiantado e 
desaparece com os valores, sequer procurando a vítima para 
iniciar o crime de homicídio, temos a hipótese do art. 31 do CP3 
em que nenhum dos envolvidos será punido. Há divergência 
doutrinária e jurisprudencial quanto à comunicabilidade da 
qualificadora ao mandante. Para uns não se comunica, uma 
vez que o art. 30 do CP dispõe que as circunstâncias de caráter 
pessoal não se comunicam aos comparsas, salvo se 
elementares do crime, as qualificadoras não são elementares, 
são circunstâncias (Heleno Cláudio Fragoso,Fernando Capez, 
Flávio Monteiro de Barros e Rogério Greco). Já outros autores 
Júlio Fabbrini Mirabete, Damásio de Jesus e Euclides Custódio 
da Silveira, entende que no caso do homicídio mercenário, não 
há como deixar de reconhecer que o envolvimento do 
mandante no crime é requisito essencial para a sua existência 
(crime de concurso necessário), na condição de requisito 
                                                            
3 CP, Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em 
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
essencial, deve ser considerado como elementar (qualificadora 
sui generis). 
 Homicídio qualificado por motivo torpe (inc. I): a motivação 
vil, repugnante, imoral. Caracteriza torpeza: a) preconceito 
relacionado à raça, religião, etnia, cor, origem, homofobia, 
pobreza, etc.; b) canibalismo, vampirismo, morte da vítima em 
rituais macabros; c) a motivação econômica, salvo o homicídio 
mercenário, caracteriza torpeza (matar pela herança, seguro); 
d) Matar a vítima para assumir seu cargo político; e) matar 
esposa porque ela não quis fazer relação sexual; f) matar por 
prazer; g) morte de policiais para afastar ou dificultar as 
investigações; h) disputa de área de tráfico ou facção 
criminosa; Não caracteriza torpeza: a) Ciúmes: que é um 
sentimento normal nos seres humanos, dependendo do caso 
pode ser causa de privilegio; b) vingança, não será torpe se 
originou de uma causa anterior que não é considerada torpe, a 
exemplo do pai que mata o estuprador como vingança, no 
entanto se a vingança decorre de fatos anteriores de natureza 
torpe, será ela considerada torpe, como exemplo, o devedor 
que mata o credor por ter ele ingressado com ação judicial de 
cobrança. 
 Homicídio qualificado por motivo fútil (inc. II): é o motivo 
pequeno, insignificante, ou seja, deve ser reconhecido quando 
houver total falta de proporção entre o ato homicida e sua 
causa. É necessário que exista prova quanto ao motivo fútil. 
Crime sem motivo não caracteriza motivo fútil. Casos de 
reconhecimento de motivo fútil: a) pai que matou o filho porque 
este chorava, b) marido que matou a esposa em razão de ter 
feito um almoço muito simples em dia que iria receber amigos 
em casa; c) motorista que matou o fiscal de trânsito em razão 
da multa aplicada; d) patrão que matou o empregado por erro 
na prestação do serviço; e) homicídio contra dono de bar que 
se recusou a servir mais uma dose de bebida; f) homicídio por 
força de fatos jocosos relacionados ao time de futebol, etc. 
 Homicídio qualificado pelo emprego de veneno, fogo, 
explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, 
ou de que possa resultar perigo comum: a) emprego de 
veneno (venefício): Veneno é a substância química ou 
biológica (forma líquida, sólida ou gasosa) que, introduzida no 
organismo, pode causar a morte. Se a vítima sabe e consente 
na ingestão de veneno, não se aplica a qualificador. Exige 
prova pericial feita nas vísceras ou no sangue da vítima. Existe 
divergência doutrinária de se considerar veneno quando a 
substancia, apesar de não sê-la, possa levar a óbito uma 
pessoa por circunstância pessoal (glicose e vítima diabética). 
Nos casos em que há emprego de veneno, mas a vítima 
sobrevive, a punição por tentativa de homicídio pressupõe a 
demonstração de que o veneno utilizado poderia ter causado a 
morte caso não fosse ela rapidamente socorrida. Se ficar 
provado que a substância não poderia, nem mesmo em 
altíssimas doses, provocar a morte de um ser humano, trata-se 
de crime impossível por absoluta ineficácia do meio. b) 
emprego de fogo: é o resultado da combustão de produtos 
inflamáveis, da qual decorrem calor e luz. Trata-se, em geral, 
de meio cruel, mas se inúmeras pessoas forem expostas ao 
perigo de dano, o crime será qualificado pelo meio de que 
possa resultar perigo comum. Ex.: 1) assassinatos de 
mendigos que estão dormindo na rua e que são covardemente 
incendiados; 2) traficantes que queimam seus rivais vivos após 
colocá-los no meio de uma pilha de pneus; 3) fogo no barraco 
da vítima que morre por aspirar a fumaça proveniente da 
queima, ainda que o corpo da vítima não seja atingido 
diretamente pelas chamas. 4) se houver dano ao patrimônio 
alheio, fica o mesmo absorvido, em virtude da exclusão do art. 
163, parágrafo único, II do CP. c) emprego de explosivo: é o 
produto com capacidade de destruir objetos em geral, mediante 
detonação e estrondo. d) mediante asfixia: é a supressão da 
função respiratória, com origem mecânica ou tóxica. A asfixia 
mecânica pode ocorrer pelos seguintes meios: 1) 
estrangulamento; 2) esganadura; 3) sufocação; 4) 
enforcamento; 5) afogamento; 6) soterramento; e 7) 
imprensamento. A asfixia tóxica pode verificar-se pelas 
seguintes formas: 1) uso de gás asfixiante ou inalação; e 2) 
confinamento. A asfixia pode constituir meio cruel (ex.: 
afogamento) ou insidioso (ex.: uso de gás tóxico, inalado pela 
vítima sem notá-lo). e) Tortura: meio de execução é 
empregado de forma lenta, gradativa, até produzir o resultado 
morte após grave sofrimento: 1) prender a vítima e não lhe 
fornecer bebida ou comida para que morra de sede ou de fome; 
2) acorrentar a vítima ao ar livre para que tenha forte insolação; 
3) lentas sessões de mutilações ou de aplicações de ferro em 
brasa; 4) amarrar a vítima sobre um formigueiro de espécie 
agressiva; 5) crucificação; 6) empalhamento (inserção de uma 
estaca pelo ânus, vagina, ou umbigo até a morte do torturado). 
Não se confunde com o crime definido na Lei 9.455/1997, em 
que o sujeito tem o dolo de torturar a vítima, e da tortura resulta 
culposamente sua morte (crime preterdoloso). No homicídio 
qualificado pela tortura o dolo é de matar. f) meio cruel: o ato 
executório é breve, embora provoquem forte sofrimento físico 
na vítima: 1) o espancamento mediante socos e pontapés ou o 
pisoteamento; 2) golpes no corpo da vítima com martelo, barra 
de ferro, pedaço de pau etc.; 3) apedrejamento; 4) 
atropelamento intencional; 5) jogar a vítima do alto de um 
prédio ou precipício; 6) despejar grande quantidade de ácido 
sobre o corpo da vítima; 7) choque elétrico de alta voltagem; 8) 
amarrar a vítima em um carro ou cavalo e colocá-los em 
movimento, fazendo a vítima ser arrastada; 9) cortar os pulsos 
da vítima para que morra de hemorragia externa; 10) fazer a 
vítima cair da motocicleta; 11) obrigar a vítima a ingerir 
rapidamente grande quantidade de bebida alcoólica; 12) 
colocar a vítima em uma jaula com feras; 13) transmissão 
intencional de doença que provoca a morte com sofrimento. 
 Homicídio qualificado por traição, de emboscada, ou 
mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossível a defesa do ofendido (inc. IV): Homicídio 
qualificado pelo modo de execução. a) A traição pode ser física 
(exemplo: atirar pelas costas) ou moral (atrair a vítima para um 
precipício). Nessa qualificadora, o agente se vale da confiança 
que o ofendido nele previamente depositava para o fim de 
matá-lo em momento em que ele se encontrava desprevenido 
e sem vigilância. Não será aplicada se a vítima teve tempo para 
fugir. No ataque frontal e repentino, poderá ser caracterizada a 
surpresa (meio genérico que dificulta a defesa do ofendido). Na 
traição a relação de confiança preexiste ao crime e o sujeito 
dela se aproveita para executar o delito. Se o agente, para se 
aproximar da vítima, faz nascer esse vínculo de confiança, 
haverá dissimulação. O homicídio qualificado pela traição é 
conhecido como homicídio “proditorium”. b) Emboscada é a 
tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado local, a 
passagem da vítima, para matá-la quando ali passar. c) 
Dissimulação é a atuação disfarçada, hipócrita, que oculta a 
real intenção do agente – pode ser material(emprego de algum 
aparato, tal como uma farda policial) ou moral (demonstração 
de falsa amizade ou simpatia pela vítima). d) Outro recurso 
que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima é 
fórmula genérica indicativa de meio análogo à traição, à 
emboscada e à dissimulação, como a surpresa, estado de 
embriaguez da vítima, superioridade numérica de agentes etc. 
A surpresa é incompatível com o dolo eventual, pois o sujeito 
deve dirigir sua vontade em uma única direção: matar a vítima 
de modo imprevisível. Cumpre destacar que não ocorre 
surpresa se o crime foi precedido de desavença. A 
superioridade de armas, ou então o emprego de arma contra 
vítima desarmada, por si só, não qualifica o homicídio. Exige-
se também a surpresa no ataque. 
 Homicídio qualificado para assegurar a execução, a 
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime (inc. 
V): Qualificadora de natureza subjetiva, relacionada à 
motivação do agente. A doutrina convencionou chamá-la de 
conexão, em face da ligação entre dois ou mais crimes. Há 
duas espécies de conexão: teleológica (homicídio praticado 
para assegurar a execução de outro crime, ex.: matar o 
traficante que atua em determinado ponto para assumir o 
controle do local e ali vender droga; matar o marido para 
estuprar a esposa; matar o segurança para sequestrar seu 
patrão etc.) e conexão consequencial (homicídio cometido 
para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de 
outro crime). Na ocultação o agente pretende impedir que se 
descubra a prática de outro crime e na impunidade deseja 
evitar a punibilidade do crime anterior. O outro crime pode ter 
sido praticado por terceira pessoa. A vantagem é tudo o que se 
auferiu com o outro crime. Em todas as hipóteses é irrelevante 
o tempo decorrido entre o homicídio e o outro crime. A extinção 
da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a 
agravação da pena resultante da conexão (art. 108, 2.ª parte, 
do CP). 
 Premeditação: Não qualifica o homicídio. 
 Feminicídio – homicídio contra a mulher por razões da 
condição de sexo feminino (inc. VI): qualificadora incluída 
pela Lei nº 13.104, de 2015, estando relacionado com: a) 
violência doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminação 
à condição de mulher (§2º-A, art. 121). Além de o feminicídio 
ser crime de homicídio qualificado, a pena será aumentada de 
1/3 (um terço) até a metade, quando praticado a) durante a 
gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; b) contra 
pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) 
anos ou com deficiência; c) na presença de descendente ou de 
ascendente da vítima (§ 7o, incs. I, II, III, do art. 121). O 
feminicídio foi catalogado como crime hediondo na Lei n. 
8072/90. 
 Homicídio qualificado quando praticado contra autoridade 
ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou 
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro 
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição (inc. VII): qualificadora incluída pela Lei nº 13.142, 
de 2015, no nosso entender desnecessário, visto que nas 
hipóteses relacionadas, seria muito difícil não ocorrer uma das 
qualificadoras que já existiam no §2º do art. 121. Também foi 
catalogado como crime hediondo na Lei n. 8072/90. 
 O homicídio privilegiado-qualificado: Admite a 
compatibilidade entre o privilégio e as qualificadoras, desde 
que as qualificadoras sejam de natureza objetiva. Nestes casos 
não é considerado crime hediondo, em face da natureza 
subjetiva do privilégio. 
 
HOMICÍDIO CULPOSO 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as 
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em 
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 
1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 
14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada 
pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
PERDÃO JUDICIAL NO HOMICÍDIO CULPOSO 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar 
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o 
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
 
 Homicídio culposo: O sujeito realiza uma conduta voluntária, 
com violação do dever objetivo de cuidado a todos imposto, por 
imprudência, negligência ou imperícia, e assim produz um 
resultado naturalístico (morte) involuntário, não previsto nem 
querido, mas objetivamente previsível, que podia com a devida 
atenção ter evitado. A imprudência (culpa positiva) consiste na 
prática de um ato perigoso. Negligência (culpa negativa) é 
deixar de fazer aquilo que a cautela recomenda. A imperícia 
(culpa profissional) é a falta de aptidão para o exercício de arte, 
profissão ou ofício para a qual o agente, em que pese 
autorizado a exercê-la, não possui conhecimentos teóricos ou 
práticos para tanto. O homicídio culposo praticado na direção 
de veículo automotor é delito definido pelo art. 302 da Lei 
9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro (princípio da 
especialidade). O homicídio culposo não admite tentativa 
(culpa própria). Se for culpa imprópria4 cabe tentativa. 
 Causas de aumento de pena do homicídio culposo (art. 
121, § 4º, 1ª parte): a) Inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício: o agente é dotado das habilidades 
necessárias para o desempenho da atividade, mas por desídia 
não as observa. Incide somente para o profissional; b) Deixar 
de prestar imediato socorro à vítima: fundamenta-se na 
solidariedade humana. Relaciona-se unicamente às pessoas 
que por culpa contribuíram para a produção do resultado 
naturalístico, e não tenham prestado imediato socorro à vítima. 
Se o agente não agiu de forma culposa, mas deixou de prestar 
socorro, responde pelo crime de omissão de socorro com a 
pena majorada pela morte (CP, art. 135, parágrafo único, in 
fine). Não incide a causa de aumento na hipótese de morte 
instantânea incontestável, mas, restando dúvida, a 
solidariedade impõe a prestação de socorro, pois a majoração 
da pena se deve à moralidade da conduta do agente, e não ao 
resultado naturalístico. Não incide o aumento da pena quando 
o sujeito deixou de prestar socorro porque não tinha condições 
de fazê-lo, assim como no caso de socorro prestado por 
terceiros (o sujeito deixou de prestar socorro por haver pessoas 
mais capacitadas para tanto). Se o responsável pelo homicídio 
culposo prestar socorro à vítima, não será aplicada a atenuante 
genérica definida pelo art. 65, inciso III, b, do CP, pois se trata 
de dever do causador do delito. Nos crimes culposos praticados 
na direção de veículo automotor aplica-se a causa de aumento 
prevista no art. 302, parágrafo único, do CTB; c) não procurar 
diminuir as consequências do seu ato: desdobramento 
normal da causa de aumento de pena anterior; d) Fugir para 
evitar prisão em flagrante: objetiva aumentar a pena do 
                                                            
4 É aquela em que o agente, por erro, fantasia situação de fato, supondo estar acobertado por 
causa excludente da ilicitude (caso de descriminante putativa) e, em razão disso, provoca 
intencionalmente o resultado ilícito e evitável. Trata-se de ação dolosa, mas permite a punição 
como se fosse culposo por política criminal. A previsão legal está no artigo 20, 1º, segunda parte, 
do Código Penal: 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias,supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção 
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
criminoso que visa assegurar a impunidade do seu ato, 
dificultando a ação da justiça. Não se aplica o aumento quando 
o agente assim agiu diante de sérias ameaças de populares 
contra a sua vida ou integridade física. Essa causa de aumento 
reveste-se de frágil constitucionalidade, pois não se pode punir 
alguém pelo fato de deixar de apresentar-se à autoridade 
policial para ser presa. 
 Causas de aumento de pena no homicídio doloso (art. 121, 
§ 4º, 2ª parte). Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada 
de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor 
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. Incidem no 
homicídio doloso – simples, privilegiado ou qualificado –, 
consumado ou tentado. São circunstâncias legais especiais de 
natureza objetiva e de aplicação obrigatória. 
 Perdão judicial (art. 121, § 5º, do CP): Aplicável somente para 
o homicídio culposo. Há regra idêntica para a lesão corporal 
culposa (CP, art. 129, § 8º). Trata-se de causa de extinção da 
punibilidade (CP, art. 107, IX) aplicável nos casos em que o 
sujeito produz culposamente a morte de alguém, mas as 
consequências desse crime lhe são tão graves que a punição 
desponta como desnecessária. A gravidade e a extensão das 
consequências da infração devem ser analisadas na situação 
concreta, levando em conta as condições pessoais do agente 
e da vítima. Podem atingir o próprio autor da conduta culposa, 
seus familiares ou ainda pessoas que lhe são próximas e 
queridas. Será concedido na sentença (declaratória da 
extinção da punibilidade – Súmula 18 do STJ – não subsistem 
quaisquer efeitos condenatórios). Cuida-se de direito 
subjetivo do réu. Não precisa ser aceito para surtir efeitos (ato 
unilateral). Não existindo provas da autoria e/ou da 
materialidade do fato, o réu há de ser absolvido. 
 Causa de aumento de pena se o homicídio for praticado 
por milícia privada ou grupo de extermínio (art. 121, § 6º): 
Cuida-se de causa especial de aumento da pena em um terço, 
incidente na terceira e última fase da dosimetria da pena 
privativa de liberdade, aplicável exclusivamente ao homicídio 
doloso, simples ou qualificado. Embora não exista disposição 
expressa nesse sentido, é evidente que o homicídio cometido 
por milícia privada será classificado como crime hediondo. 
Milícia privada é o agrupamento armado e estruturado de civis 
– inclusive com a participação de militares fora das suas 
funções – com a pretensa finalidade de restaurar a segurança 
em locais controlados pela criminalidade, em face da 
inoperância e desídia do Poder Público, e como recompensa 
são remunerados por empresários e pelas pessoas em geral. 
A majoração da pena reclama seja o homicídio cometido pela 
milícia privada “sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança”. Grupo de extermínio é a associação de 
matadores, composta de particulares e muitas vezes também 
por policiais autointitulados de “justiceiros”, que buscam 
eliminar pessoas deliberadamente rotuladas como perigosas 
ou inconvenientes aos anseios da coletividade. Sua existência 
se deve à covardia e à omissão do Estado, bem como à 
simpatia e não raras vezes ao financiamento de particulares e 
de empresários, que contam com a ajuda destes 
exterminadores para enfrentar supostos ou verdadeiros 
marginais, sem a intervenção do Poder Público.

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