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Unidade de Educação a Distância GESTÃO DE PROJETOS Autor: Aécio Antônio de Oliveira BELO HORIZONTE / 2013 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 2 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA REITOR JOÃO PAULO BARROS BELDI VICE-REITORA JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO COORDENAÇÃO GERAL SINARA BADARÓ LEROY DESIGNER INSTRUCIONAL JUCÉLIA SOARES COELHO EQUIPE DE WEB DESIGNER FILIPE AFONSO CALICCHIO SOUZA LUCIANA REGINA VIEIRA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZÓLIO RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVÁSIO AUXILIAR PEDAGÓGICO FABÍOLA MARIA FERREIRA MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA REVISORA DE TEXTO MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO SECRETARIA LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES MONITORIA ELZA MARIA GOMES AUXILIAR ADMINISTRATIVO MARIANA TAVARES DIAS RIOGA THAYMON VASCONCELOS SOARES AUXILIAR DE TUTORIA FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS MIRIÃ NERES PEREIRA VANESSA OLIVEIRA BARBOSA Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 3 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Legenda Nosso Tema Síntese Referências Bibliográficas Saiba mais Reflexão Material complementar Atividade Dica Importante Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 4 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton SUMÁRIO Unidade 1: Introdução ao Gerenciamento de Projetos ............................................... 8 Unidade 2: Documentos Importantes – Declaração do Escopo ............................... 30 Unidade 3: Planejamento do tempo – cronograma .................................................. 45 Unidade 4: Planejamento dos custos - estudo de viabilidade do projeto e análise dos riscos .................................................................................................................. 60 Unidade 5: Planejamento das comunicações e Recursos Humanos do projeto ...... 78 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 5 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Nosso Tema As últimas duas décadas do século XX revelaram períodos de sucessões e mudanças, com grandes transformações na economia, nas estratificações sociais, na geopolítica, transportes e, principalmente na área de tecnologia. O efeito globalização dissolveu fronteiras e, ao mesmo tempo, promoveu uma competitividade mais agressiva. O macro e micro ambientes, ou seja, tudo aquilo que se move em nosso entorno, contraiu-se e passou a afetar de diferentes maneiras cada indivíduo, organização, nação ou mesmo um conjunto de povos de diferentes países. Assim, foi o fim do acomodado e rotineiro ciclo de vida das organizações, sejam essas públicas ou privadas. Muitas delas sucumbiram surpreendidas pelas rápidas mudanças e transformações da virada do milênio. Sobreviveram empresas que se adaptaram mais rapidamente às mudanças, muitas vezes radicais e necessárias. (VALERIANO, 2005). As mudanças, que, muitas vezes, são intencionais, e, por sua vez, devem ser proporcionadas de forma planejada e organizada, precisam ser promovidas por projetos, bem como pela gestão de projetos, como veremos a seguir. A palavra “projeto” aparece sempre em campos diferentes com expressões múltiplas e bem características de nossa época, uma vez que, quando pensamos em fazer algo que nos remete a um pensamento voltado para um resultado único, as expressões automaticamente se ampliam para um projeto de vida, um projeto de pesquisa, um projeto social, um projeto institucional, dentre muitos outros. Mas você já parou para pensar no significado da palavra projeto? Desse modo, vamos tratar de um tema aparentemente simples, embora, complexo em sua essência devido à ciência da administração que trata do planejamento, da execução e do controle para uma eficiente gestão de projetos. Cada vez mais o projeto tem se tornado um instrumento vital para a saúde organizacional, administrativa e financeira das empresas, considerando que o vínculo entre projeto e organização representava apenas um relacionamento remoto. Atualmente, são extremamente fortes, ou seja, sua relação é muito mais abrangente e seu gerenciamento passou a ser fator determinante, devido aos altos custos envolvidos, aos prazos estipulados entre clientes e fornecedores, à qualidade exigida e ao relacionamento com a organização e com o ambiente. Neste contexto atual, as organizações, sejam de natureza pública, privada ou não governamental, executam basicamente dois tipos de atividades: projeto e operação corrente. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 6 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton O projeto é um esforço temporário para criar um produto, serviço ou resultado único. Em sua maioria, destinado a dar origem a algo singular, isto é, diferente de qualquer organismo institucional, seja quanto às funções, empregos e finalidades, seja quanto a meios ou formas de obtenção, como um novo modelo de automóvel ou um novo curso de especialização, por exemplo. O produto do projeto pode ser multiplicado, dando origem à produção por novas plataformas, incrementos e extensão de linhas de produto. Essa produção repetitiva de um bem ou serviço é conhecida por operação corrente. Em um mercado com centenas de ofertas de produtos, é o “cliente”, seja ele final ou intermediário, que dita o sucesso das empresas. Isso tem levado as organizações a viverem em permanente estado de mudança, seja lançando um novo produto ou melhorando o atual, seja efetuando uma ampliação ou modificação na linha de produção, seja, ainda, realizando mudanças administrativas e organizacionais. (XAVIER, 2009). Cada uma dessas ações é um empreendimento ou um projeto, ou seja, um esforço temporário que tem por finalidade produzir um produto ou serviço com características que o diferenciam de outros que, eventualmente, já tenham sido produzidos. Assim sendo, navegar na arena de negócios exige, atualmente, o domínio das mais modernas práticas de gerenciamento de projetos. As épocas mudam e tanto indivíduos como grupos sociais passam por evoluções e mudanças, sempre imersos e orientados por um conjunto de condições materiais, culturais, psicológicas e morais que se encontram em constante modificação. Logo, é importante a compreensão do relacionamento entre o projeto e a organização, complementada pela constante leitura do ambiente de negócios. Veja, a seguir, a finalidade de nossa disciplina Gestão de Projetos: Esta disciplina tem como objetivo estudar a gestão de projetos, bem como aprofundar nos conhecimentos e práticas empregadas no planejamento e gerenciamento de projetos no mercadoatual. Tem como finalidade desenvolver a capacidade empreendedora dos alunos, estimulando e proporcionando meios, àqueles cuja vocação e/ou vontade profissional estiver direcionada à criação de novos produtos ou serviços. O programa da disciplina encontra-se dividido em cinco unidades de trabalho e serão discutidas e trabalhadas na ordem a seguir: 1. Introdução ao gerenciamento de projetos 2. Documentos importantes: Declaração do escopo 3. Planejamento do tempo: Cronograma 4. Planejamento dos custos: estudo de viabilidade do projeto e análise dos riscos 5. Planejamento das comunicações e Recursos Humanos do projeto Agora que já possui uma visão mais ampla do que iremos estudar, convido você a refletir, na próxima seção, sobre a importância da Gestão de Projetos para as organizações. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 7 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Reflexão Você perceberá ao longo dos estudos que o conteúdo desta apostila é bastante prático, relevante e atual. Os conceitos empregados e discutidos são relativamente simples e intuitivos, além de influentes no contexto organizacional. Na medida em que formos discutindo cada unidade e seus respectivos tópicos, a terminologia da gestão de projetos será adquirida de forma gradual e você poderá aprender não apenas como as coisas funcionam no gerenciamento de projetos, mas por que elas funcionam assim. O gerenciamento de projetos é orientado por pessoas e precisa ser feito de forma técnica, pois envolve a compreensão das causas e efeitos das relações e interações entre as dimensões socioeconômicas, políticas e tecnológicas dos projetos. Aprimorar habilidades nessas dimensões melhorará a sua vantagem competitiva como gerente de projetos, bem como seu poder de penetração junto às empresas e/ou entidades envolvidas. Desse modo, este é um bom momento para estudar esta disciplina, uma vez que líderes e especialistas empresariais têm proclamado que o gerenciamento de projetos é uma imposição estratégica, pois fornece um poderoso conjunto de ferramentas para que os profissionais possam aprimorar suas habilidades em planejar, implementar e administrar atividades para atingir objetivos organizacionais específicos. É quase impossível abrir um jornal ou periódico empresarial e não encontrar algo sobre projetos, o que não é nenhuma surpresa, pois aproximadamente 2,5 trilhões de dólares (algo como 25% do PIB norte-americano) são gastos em projetos, a cada ano, somente nos Estados Unidos. O Project Management Institute - PMI estima um investimento em todo o mundo de aproximadamente 10 trilhões de dólares em projetos a cada ano, com potencial para 17 milhões de gerentes de projetos em todo o mundo. (GRAY; LARSON, 2009) A área de gerenciamento de projetos tem crescido rapidamente em importância, considerando que já se torna infactível imaginar qualquer carreira de gerente no futuro, mesmo em outros setores, que não inclua o gerenciamento de projetos. Portanto, corroboram Gray e Larson (2009) ao sobrepor que todas as grandes conquistas da humanidade, desde a construção das grandes pirâmides à cura da Fonte: Disponível em: http://4.bp.blogspot.com Acesso em: 20/08/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 8 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton poliomielite, bem como a visita do homem à lua, começaram com um projeto, e é neste campo da gestão que iremos nos aprofundar a partir de agora. Unidade 1: Introdução ao Gerenciamento de Projetos 1. Conteúdo Didático Antes de discorrer sobre este tema é importante lembrar que não estamos falando de nada novo, uma vez que o gerenciamento de projetos vem atravessando séculos e perpetuando consideráveis mudanças. É tentador pensar no gerenciamento de projetos como uma disciplina moderna, mas seus conceitos principais têm raízes no século XIX, bem como levantamentos históricos milenares, como iremos ver nesta primeira unidade da disciplina. O gerenciamento de projetos, em sua forma moderna, começou a se estabelecer somente há algumas décadas. No início dos anos 60, as empresas e outras organizações começaram a perceber o benefício de organizar o trabalho como projetos. Essa visão centralizada no projeto da organização evoluiu, ainda mais, à medida que as organizações começaram a entender a necessidade crítica de seus funcionários se comunicarem e colaborarem, ao mesmo tempo em que integram seu trabalho em vários departamentos e profissões e, em alguns casos, setores inteiros. Porém, por traz de um projeto e seu planejamento, existem princípios de gerenciamento ainda ignorados, o que faz como que nossa visão permita enxergar somente o propósito inicial e não o todo. Assim, a figura do Iceberg aparece de forma representativa para demonstrar a dimensão das atividades e esforços que se escondem por trás da palavra projeto, uma vez que são muitos elementos centrados e conduzidos de forma integrada, como o tempo, custo e o escopo. Hoje, uma empresa para sobreviver e prosperar deve trabalhar todas as suas partes funcionais em conjunto na busca de metas ou projetos específicos. Embora, vários modelos comerciais tenham evoluído durante esse período de rápidas mudanças, todos compartilham uma estrutura funcional básica comum, e a diferença para promover essas empresas em um ambiente de muita competitividade, pode acontecer através de uma eficiente gestão de projetos. Fonte: Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-M8G- cZs71t8/TdWmREJziDI/AAAAAAAAAD w/9YN-UD6mU1E/s1600/iceberg.jpg Acesso em 24/07/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 9 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Fonte: Disponível em: http://lessons-from-history.com/ Acesso em: 30/07/2011 1.1 Históricos da Gerência de Projetos Se percebido atentamente, o gerenciamento de projetos, subliminarmente, tem existido, de alguma forma, há milhares de anos. Todo ato de planejar a construção, o desenvolvimento e mesmo a obtenção de um produto final único, com prazo definido, pelo menos em parte, pode ser identificado como um projeto. De outra forma, os seres humanos jamais teriam conseguido um resultado plausível na tentativa de construir maravilhas como: a Muralha da China (221AC), a Pirâmide de Gizé (2580AC) ou o Coliseu Romano (80AC). 1 Logo, a questão é: você já se perguntou como os egípcios conseguiram construir as pirâmides por volta de quatro a cinco mil anos antes? Percebem que não estamos falando em épocas com emprego de tecnologia, instrumentos eletrônicos de cálculos, programas utilizados hoje em dia na construção civil, mas, sim, do emprego de mão de obra humana para mover blocos de pedras enormes, justapostas uma em cima da outra de forma calculada e gerenciada. A figura acima mostra a técnica usada pelos trabalhadores naquela época para conduzir os blocos. Podemos viajar ainda mais, agora para um período mais recente, a última metade do século XIX, quando o mundo comercial estava aparecendo e se tornando cada vez mais complexo, para assim, sabermos como o gerenciamento de projeto evoluiu a partir dos princípios básicos de gerenciamento. Nesta época, projetos governamentais delarga escala foram o ímpeto para a tomada de decisões importantes que se tornaram a base para a metodologia do gerenciamento de projeto. Nos Estados Unidos, por exemplo, o primeiro projeto governamental verdadeiramente grande foi à ferrovia transcontinental, que aparece na figura e começou a ser construída na década de 1860. Repentinamente, os líderes empresariais se viram diante da tarefa assustadora de organizar o 1 Fonte: Disponível em: http://lessons-from-history.com/node/44. Acesso em 30/07/2011 Acesso em: 30/07/2011 Fonte: Disponível em: http://lessons-from- history.com Acesso em 30/07/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 10 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton trabalho manual de milhares de trabalhadores e o processamento e a montagem de quantidades sem precedentes de matéria-prima. (SISK, 1998). Já próximo da virada do século, Frederick Taylor (1856 –1915) iniciou seus estudos detalhados do trabalho. Ele aplicou raciocínio científico ao trabalho mostrando que a mão de obra pode ser analisada e aperfeiçoada com a ênfase em seus elementos fundamentais. Ele aplicou seu raciocínio às tarefas encontradas nas usinas, como coleta de areia e levantamento e mudança de peças. Antes disso, a única maneira de melhorar a produtividade era exigir trabalho mais árduo e mais horas dos trabalhadores. Taylor introduziu o conceito de trabalhar com mais eficiência, em vez de trabalhar mais arduamente e mais horas. (SISK, 1998). Durante a segunda Guerra Mundial, projetos militares e governamentais complexos, além de uma mão de obra reduzida pela guerra exigiram novas estruturas organizacionais. Diagramas de rede complexos, denominados: Program Evaluation and Review Technique - PERT e o Critical Path Method – CPM, foram introduzidos e aplicados como técnicas para planejar e visualizar a coordenação das atividades do projeto, proporcionando aos gerentes mais controle sobre projetos com muita engenharia e complexidade, como sistemas de armas militares com sua grande variedade de tarefas e numerosas interações em muitos pontos do tempo. (SISK, 1998). Na unidade três, vamos falar das ferramentas para planejamento e coordenação de atividades no cronograma em que são empregadas as técnicas PERT e CPM. Logo, essas técnicas se espalharam por todos os tipos de indústrias, à medida que os líderes empresariais buscaram novas estratégias de gerenciamento e novas ferramentas para lidar com o crescimento em um mundo de rápida evolução e altamente competitivo. Portanto, percebe-se que no início dos anos 1960 as empresas começaram a aplicar teorias de sistema gerais às interações comerciais, uma vez que tanto as empresas quanto os setores do governo de diversos países passaram a utilizar metodologias de gerenciamento de projetos. Toda essa exigência e rigor em organização e planejamento de projetos acabaram por demandar o surgimento de empresas e instituições especializadas em gerenciamento de projetos, como o Project Management Institute – PMI, fundado por Jim Snyder 2 . Em 1969, no auge dos projetos espaciais da NASA, o gerenciamento de projetos foi formalizado como ciência. Por conseguinte, um grupo de cinco profissionais de gestão de projetos, da Philadelphia, Pensilvânia - EUA se reuniu para discutir as melhores práticas, daí o surgimento do 2 Fonte: Disponível em: http://www.pmi.org/en/About-Us/Leaders-Founders.aspx Acesso em: 30/07/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 11 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton PMI. Atualmente, o PMI é a maior instituição internacional dedicada à disseminação do conhecimento e ao aprimoramento das atividades de gestão profissional de projetos. (PMI, 2011). Torna-se importante desde já, você visitar o site do PMI usando o endereço eletrônico www.pmi.org, para assim, navegar e ter acesso a conteúdos sobre a gestão de projetos. Com a presença de instituições como o PMI, e o International Project Management Association – IPMA, dentre outras, os projetos foram evoluindo na linha do tempo. De acordo com Kozak (2005), as fases evolutivas do gerenciamento de projetos aparecem divididas em três grandes momentos, a saber: Fonte: Kozak (2005), adaptada pelo autor. Esses momentos, que demonstram fases evolutivas, marcam o surgimento de instituições voltadas para projetos e a adoção das metodologias de gerenciamento de projetos pelas organizações. Tanto a concretização, profissionalização e evolução do gerenciamento no período atual, promoveram o incremento de certificações e o número de afiliados junto ao PMI. Não obstante, nos últimos dez anos, o gerenciamento de projeto continuou evoluindo. Duas tendências significativas estão surgindo: Planejamento ascendente e Planejamento/revisão hierárquica. O primeiro aparece como tendência e enfatiza designs menos arrojados, com ciclos de vida mais curtos, classificando projetos como ágeis. Já o segundo modelo é caracterizado pela tomada de decisão empresarial sobre o portfólio de projetos que uma empresa deve ter, bem como pela habilitação das tecnologias de mineração de dados para tornar as informações no portfólio mais transparentes. Estas tendências serão discutidas e ampliadas no decorrer de nossos estudos nos tópicos seguintes. Para aprofundar no tema, veremos, no tópico a seguir, como a gerência de projetos se conecta ao ambiente de negócios das organizações em um cenário mundial e com rápidas mudanças. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 12 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 13 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 1.2 Ambientes e Gerência de Projetos no mundo O avanço da profissionalização da área de Gerenciamento de Projetos no país caminha a passos largos e é irreversível, ou seja, em decorrência da busca pela excelência em atendimento e a alta competitividade, o investimento em especializações e a busca por certificações tornaram-se ingredientes essenciais para o crescimento da gestão de projetos em pelo menos em três dimensões: Organizações, Profissionais, Institutos associados à capacitação de profissionais. Desse modo, de acordo com Terribili Filho (2011), as organizações privadas, públicas e do terceiro setor buscam, cada vez mais, atuar na modalidade de projetos, não só pela cientificidade encontrada nas metodologias, técnicas e ferramentas atuais, mas, sobretudo pelas vantagens inerentes dessa abordagem, pois os projetos têm objetivos claros, são finitos em termos de prazo e têm orçamentos predefinidos. Além das organizações e dos profissionais, os institutos especializados na área de Gerenciamento de Projetos (no Brasil, particularmente o PMI) e as instituições de ensino superior do país compõem a terceira dimensão neste ambiente de ampla fertilidade. Percebe-se um ganho acentuado de capilaridade 3 para os cursos de especialização e MBA´s em Gestão de Projetos, bem como um crescimento dos cursos preparatórios para obtençãoda certificação em Gerenciamento Profissional de Projetos – Project Management Professional – PMP. E é grande a probabilidade de que, em curto prazo, surjam cursos de graduação específicos para a área de projetos. O cenário econômico atual é positivo, no entanto, os problemas existem no desenvolvimento de projetos, uma vez que estes estão presentes nos diversos ambientes (econômico, social, internacional, cultural e político), bem como em muitos segmentos, como: Tecnologia da Informação; Computação/Software e Processamento de Dados; Serviços Financeiros; Serviços de Gerenciamento de Negócios; Telecomunicações; Governo. 3 A capilaridade no mundo financeiro significa você aparecer, sua empresa estar presente, e ampliando os negócios com rapidez. Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br. Acesso em 24/08/11 Fonte: Disponível em: http://www.tpro.es/pt/solu%2526ccedil%3 B%2526otilde%3Bes.htm Acesso em: 20/08/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 14 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Segundo Terribili Filho (2011), os maiores problemas do Gerenciamento de Projetos nas organizações, em especial no país, envolvem a gestão do tempo (prazos) e o gerenciamento dos custos. As causas mais prováveis e variadas vão desde o gerenciamento do escopo passando por problemas de comunicação, a falta de recursos humanos e problemas com fornecedores, chegando a uma ausência de avaliação de riscos e estimativas melhores dimensionadas para recursos e datas presentes no ambiente de projetos. Uma pergunta para reflexão: estes problemas, que permeiam os projetos nas organizações em todo o mundo, e principalmente no Brasil, têm sua causa- raiz no planejamento de um projeto ou em sua execução? A resposta é simples se pensarmos que podem ocorrer tanto no planejamento, quanto durante a execução, embora, o primeiro seja indiscutivelmente fundamental. O Gerenciamento de Projetos visa realizar as entregas planejadas em um projeto com a qualidade esperada, respeitando os prazos previstos e dentro do orçamento aprovado pelo patrocinador/investidor do projeto. Para vencer esse conjunto de desafios e fazer com que o projeto traga os resultados/benefícios propostos, o gerente de projeto relaciona-se com o patrocinador, usuários finais e fornecedores, liderando a equipe de trabalho composta por especialistas e generalistas, utilizando-se para isso de suas habilidades, competências, conhecimentos, ferramentas, técnicas, métodos e padrões empregados no ambiente de negócios e pela organização executora. Em todo o mundo, dentro das áreas de especialização, grande parte do conhecimento do ambiente e da gerência de projetos envolve o emprego de ferramentas e técnicas exclusivas do Gerenciamento de Projetos. De acordo com o Guia PMBOK (2004) 4 , um gerenciamento de projetos eficaz exige que a equipe entenda e use o conhecimento e as habilidades de pelo menos cinco áreas de especialização, a saber: Conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos; Habilidades interpessoais; Conhecimento e habilidades de gerenciamento geral; Entendimento do ambiente do projeto; Conhecimento, normas e regulamentos da área de aplicação. A figura, a seguir, apresenta as áreas de especialização de forma integrada, considerando o conhecimento da equipe de gerenciamento em todas as esferas. 4 Guia PMBOK – Project Management Body Of Knowledge: é o guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos publicado pelo Project Management Institute – PMI nos EUA. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 15 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Fonte: Guia PMBOK, 3ª edição, 2004, p. 13. Embora algumas áreas possam parecer distintas, em geral, elas se sobrepõem, pois nenhuma delas pode existir sozinha. Equipes de projeto eficazes as integram em todos os aspectos de seu projeto respeitando sempre o ambiente de negócios. Não é necessário que todos os membros da equipe do projeto sejam especialistas em todas as cinco áreas. Na verdade, é improvável que qualquer pessoa tenha todo o conhecimento e as habilidades necessárias para o projeto, que em sua maioria, se dá dentro de um contexto, o qual iremos conhecer a seguir. 1.3 Contextos da Gerência de Projetos O gerenciamento de projetos existe em um contexto mais amplo que inclui o gerenciamento de programas, o gerenciamento de portfólios e o escritório de projetos. Frequentemente, existe uma hierarquia de plano estratégico, portfólio, programa, projeto e subprojeto em que um programa constituído de diversos projetos associados contribuirá para o sucesso de um plano estratégico. 1.3.1 Gerenciamento de Programas De acordo com o Guia PMBOK (2004), um programa é um grupo de projetos relacionados e gerenciados de forma coordenada, com vistas à obtenção de benefícios e controle para o projeto que se encontra em um programa com vários projetos. Vale ressaltar que, projetos gerenciados individualmente podem encontrar dificuldades de acesso à informação sobre outros projetos relacionados ao programa. 2 3 4 1 5 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 16 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Programas podem, ainda, incluir elementos de trabalho relacionados fora do escopo dos projetos distintos no programa, em outras palavras, derivativos do projeto atual. Por exemplo: O programa de um novo modelo de carro pode ser subdividido em projetos para o design e as atualizações de cada componente principal (por exemplo, transmissão, motor, interior, exterior) enquanto a fabricação continua na linha de montagem. Os programas também envolvem uma série de empreendimentos repetitivos ou cíclicos. Por exemplo: Muitas organizações sem fins lucrativos possuem um “programa de arrecadação de fundos” para obter apoio financeiro envolvendo uma série de projetos distintos, como uma campanha para atrair novos sócios ou um leilão. Ao contrário do gerenciamento de projetos, o gerenciamento de programas é o gerenciamento centralizado e coordenado de um grupo de projetos para atingir os objetivos e benefícios estratégicos do programa. (PMBOK, 2004, P. 16). 1.3.2 Gerenciamento de portfólios Segundo o PMBOK (2004), o portfólio é um conjunto de projetos ou programas, bem como outros trabalhos agrupados para facilitar o gerenciamento eficaz dos mesmos a fim de atender aos objetivos de negócios estratégicos. É importante destacar que, os projetos ou programas no portfólio podem não ser necessariamente, interdependentes, pois as organizações gerenciam seus portfólios com base em metas específicas. Assim, gerenciar o portfólio significa assegurar que a coleção de projetos escolhidos e completos esteja alinhada com os objetivos e metas da organização. Um gerente de estoque de mercadorias procura maneiras de melhorar o retorno de um investimento, assim como um gerente de portfólio de projetos. Porém, um gerente de estoque de mercadorias iria se sentir envergonhadose não conseguisse responder simples perguntas como: Qual o valor do meu estoque? Como o valor do estoque mudou desde os últimos dados coletados? Embora alguns projetos visem solucionar problemas pontuais nas organizações, cada vez mais os projetos deixam de ser “ilhas”, fazendo parte da estratégia, pois os objetivos organizacionais são decompostos em projetos com vistas a facilitar o entendimento, a busca por resultados, a distribuição Fonte: Disponível em: http://www.companyweb.com.br/treinam ento/governanca/gestao-de-portfolio- de-projetos/ Acesso em: 20/08/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 17 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton de responsabilidade e, sobretudo, a gestão. (TERRIBILI FILHO, 2011). Logo, uma eficiente maneira para controlar e ampliar a leitura do portfólio é promover o gerenciamento por subprojetos. 1.3.2.1 Subprojetos Os projetos são frequentemente divididos em componentes mais facilmente gerenciáveis ou subprojetos, embora os subprojetos individuais possam ser chamados de projetos e gerenciados como tal. Os subprojetos são normalmente contratados de uma empresa externa ou de outra unidade funcional da organização executora. Para mencionar exemplos simples, vamos demonstrar esses desdobramentos através de um simples modelo, citando dois projetos distintos: Fonte: Terribili Filho, 2011, p. 42, adaptado pelo autor. Esses projetos podem ser considerados como um programa que envolve um grupo de projetos gerenciados de maneira coordenada de forma a obter os benefícios e controles que não seriam possíveis se os mesmos fossem gerenciados isoladamente. Por conseguinte, com o objetivo de ter uma estrutura específica e centralizada para a área de gerenciamento de projetos, surgiu nas organizações um órgão, ou entidade organizacional, atribuído de várias responsabilidades relacionadas ao gerenciamento, conhecido como Project Management Officer – PMO. Portanto, toda organização focada na Gestão de Projetos deve investir em um PMO, e, mesmo que não tenha um escritório, deve haver alguém responsável pelo gerenciamento de portfólio de projetos. A sua importância é primordial, como vamos ver a seguir. 1.3.3 Escritório de Projetos – Project Management Officer A implantação da gestão de projetos passa pela necessidade de haver um reconhecimento institucional do uso das práticas de gerenciamento de projetos. Esse reconhecimento remete à criação de estruturas internas (escritórios ou departamentos) que orientam os gerentes de projeto no desenvolvimento de suas atividades. Em muitas organizações, esses projetos são de fato agrupados, ou estão relacionados de alguma maneira, com base no modo com que serão coordenados e gerenciados pelo PMO. O PMO se Projeto 1: Modernização Pedagógica Subprojeto 1: Criação de cursos a distância Subprojeto 2: Estímulo à Inciação Científica Subprojeto 3: Padronização de Materiais Projeto 2: Divulgação da empresa Subprojeto 1: Recriação do website Subprojeto 2: Novas mídias Subprojeto 3: Campanhas ambientais Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 18 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton concentra no planejamento, na priorização e na execução coordenada de projetos e subprojetos vinculados aos objetivos gerais de negócios da organização ou do cliente. Ainda de acordo com o PMBOK (2004), um escritório de projetos (PMO) é uma unidade organizacional que centraliza e coordena o gerenciamento de projetos sob seu domínio. Um PMO também pode ser chamado de “escritório de gerenciamento de programas”, “escritório de gerenciamento de projetos” ou “escritório de programas”. Ele supervisiona o gerenciamento de projetos, programas ou uma combinação dos dois. Os PMO´s podem operar de modo contínuo, desde o fornecimento de funções de apoio ao gerenciamento de projetos na forma de treinamento, software, políticas padronizadas e procedimentos, até o gerenciamento direto real e a responsabilidade pela realização dos objetivos do projeto. Mais do que orientar, também podem ser centros formadores de competência em gerência de projetos, fornecendo suporte administrativo, consultoria, gerenciando recursos, desenvolvendo métodos e padrões de gerenciamento de projetos. A atual popularidade do PMO está associada ao fato de as organizações adotarem, de forma crescente as técnicas de gerenciamento de projetos e, ao mesmo tempo, necessitarem de um sistema formal para garantir a nova forma de condução desses projetos na organização. Consequentemente, as responsabilidades de um PMO variam de organização para organização, pois, em algumas, ele funciona exclusivamente como uma área de suporte ao gerenciamento de projetos, em outras atua como órgão de execução de projetos. Algumas funções podem se destacar para um PMO, a saber: Metodologia, ferramentas e padrões: o emprego de métodos e modelos de referência em gerenciamento de projetos utilizados pelas organizações; Indicadores e target: o uso de indicadores de desempenho para alinhamento estratégico e obtenção de resultados quantitativos; Suporte e acompanhamento: assessoria gerencial e consultoria em várias áreas de conhecimento; Auditoria e Assistência: disponibilidade de profissionais, externos à organização e com neutralidade ao projeto, para analisar e validar o andamento dos processos; Recursos Humanos: profissionais com expertise e atuação em projetos anteriores; Fonte: Disponível em: http://www.simpleprojectz.com/2008/0 5/pmo-almighty/ Acesso em: 22/08/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 19 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Best Practices: modelos de referência em projetos anteriores, modelos de gestão aplicados com sucesso. Contudo, propor um modelo de implantação de gestão por projetos é uma maneira de difundir e facilitar o acesso ao conhecimento desta disciplina que, apesar de não muito nova, requer uma abordagem sistemática sobre estruturas organizacionais de projetos para alcançar o sucesso na sua utilização. 1.4 Estruturas Organizacionais de Projetos Os projetos, normalmente, fazem parte de uma organização que é maior que o projeto. Em outras palavras, o projeto nasce de uma necessidade organizacional, ou uma demanda de mercado, um requisito legal e necessidades sociais. Exemplos de organizações incluem empresas, agências governamentais, instituições de saúde, organismos internacionais, associações profissionais, dentre outros. Mesmo quando o projeto é externo (Joint venture), ele ainda será influenciado pela organização ou organizações que o iniciaram. A maturidade da organização em relação ao seu sistema de gerenciamento de projetos, sua cultura, seu estilo, sua estrutura organizacional e seu escritório de projetos, também pode influenciar o projeto. O fator cultural de uma empresa pode ser tanto uma alavanca quanto um empecilho para o projeto, e cabe ao gerente de projetos a responsabilidade de lidar com este possível problema. Conforme o Guia PMBOK (2004), a maior parte das organizações desenvolveu culturas exclusivas e descritíveis. Essas culturas se refletem em diversos fatores, que incluem, mas não se limitam a: Normas, crenças, expectativase valores compartilhados; Políticas e procedimentos; Visão das relações de autoridade; Ética do trabalho e horas de trabalho. Considerando esses fatores, uma estrutura organizacional geralmente se limita à disponibilidade de recursos dentro de um espectro que vai de uma estrutura funcional até uma estrutura por projetos, considerando diversas estruturas matriciais intermediárias. (PMBOK, 2004). O quadro a seguir mostra algumas das principais características relacionadas a projetos dos principais tipos de estruturas organizacionais e apresenta neste exemplo uma estrutura matricial baseada em três situações (fraca; balanceada e forte). Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 20 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Estrutura da organização Características do projeto Funcional Matricial Por projeto Fraca Balanceada Forte Autoridade do gerente de projetos Pouca ou nenhuma Limitada Baixa a moderada Moderada a alta Alta a quase total Disponibilidade de recursos Pouca ou nenhuma Limitada Baixa a moderada Moderada a alta Alta a quase total Quem controla o orçamento do projeto Gerente funcional Gerente funcional Misto Gerente de projetos Gerente de projetos Função do gerente de projetos Tempo parcial Tempo parcial Tempo integral Tempo integral Tempo integral Equipe administrativa do gerenciamento de projetos Tempo parcial Tempo parcial Tempo parcial Tempo integral Tempo integral Fonte: Guia PMBOK 3ª ed, 2004, p. 28. Dentre as estruturas, uma das mais comuns é a organização funcional clássica, que é uma hierarquia em que cada funcionário possui um superior bem definido. Os funcionários são agrupados por especialidade, como produção, marketing, engenharia e contabilidade, no nível superior. A engenharia pode ser também subdividida em organizações funcionais que dão suporte aos negócios da organização mais ampla, como mecânica e elétrica. As organizações funcionais ainda possuem projetos, mas o escopo do projeto, geralmente, é restrito aos limites da função. O departamento de engenharia, em uma organização funcional, fará o seu trabalho do projeto de modo independente dos departamentos de produção ou de marketing. Quando é realizado o desenvolvimento de um novo produto em uma organização puramente funcional, a fase de projeto, geralmente chamada de projeto de design, inclui somente pessoal do departamento de engenharia. Em seguida, quando surgirem questões sobre produção, elas serão passadas para o chefe de departamento no nível hierárquico superior da organização, que irá consultar o chefe do departamento de produção. O chefe do departamento de engenharia, então, passará a resposta de volta para o gerente funcional de engenharia, no nível hierárquico inferior. A figura, a seguir, mostra os níveis hierárquicos e seus desdobramentos. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 21 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Fonte: Guia PMBOK 3ª ed, 2004, p. 29. Embora, esta estrutura funcional clássica apresente este desenho de rápida leitura e fácil classificação de papéis, em sua maioria, as organizações trabalham as estruturas organizacionais por projeto, considerando o desenho matricial em que as características de cada projeto devem ser amparadas por uma estrutura fraca, balanceada, forte ou composta. A maioria das organizações modernas envolve todas essas estruturas em vários níveis, conforme mostrado na figura a seguir (organização composta). Fonte: Guia PMBOK 3ª ed, 2004, p. 31 Por exemplo, até mesmo uma organização fundamentalmente funcional pode criar uma equipe de projeto especial para cuidar de um projeto crítico. A criticidade, ou seja, a gravidade de um projeto com um gargalo no tempo ou nos custos pode precisar de uma atenção especial em que as equipes precisam atuar de forma integradora. Essa equipe integradora pode ter muitas das características de uma equipe de projeto em uma organização gerenciada por projeto. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 22 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Para ampliar seus conhecimentos em gerenciamento de projetos, bem como visualizar melhor as características, vantagens e desvantagens das estruturas organizacionais, sugiro a leitura do Guia PMBOK, capítulo dois. No entanto, para completar esta unidade de estudos, torna-se fundamental discutirmos sobre a importância dos trabalhos orientados por processos de gerenciamento de projetos. É o que veremos no tópico a seguir. 1.5 Os Processos da Gerência de Projetos Antes de iniciarmos este último tópico desta unidade, é imperativo considerar que a maturidade em gerenciamento de projetos de uma organização é proporcional à sua habilidade em realizar os processos necessários à condução de seus projetos, sendo fundamental a existência de padrões, métricas e controles, assim como o aperfeiçoamento contínuo desses processos. (XAVIER, 2009). Além do mais, para facilitar a leitura e entendimento, primeiramente é importante descrever o que é um processo. Segundo Xavier (2009, p.28) “processo é uma sequência repetitiva de operações, com o objetivo de produzir resultados padronizados”. De acordo com o PMBOK (2004), um processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas realizadas para obter um conjunto pré-especificado de produtos, resultados ou serviços. Agora que você já sabe o que é um processo e, em especial, que, no gerenciamento de projetos pode-se dizer que o trabalho por processos é essencial para a mecânica de gestão, vamos descrever como os processos são realizados. Conforme Xavier (2009) e PMBOK (2004), os processos de um projeto são realizados por pessoas e, geralmente, se enquadram em duas categorias: processos de gerenciamento de projetos e processos orientados ao produto. 1. Processos de gerenciamento de projetos: descrevem e organizam o trabalho do projeto, como o processo de elaborar o cronograma de um projeto. Fonte: Disponível em: http://7downbr.weebly.com/ Acesso em 15/08/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 23 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 2. Processos orientados por produto: especificam e criam o produto, são tipicamente definidos pelo ciclo de vida do produto e variam de acordo com a área de aplicação. Exemplo: processo de elaboração de uma planta de uma casa a ser construída. O gerenciamento de projetos é um empreendimento integrador. Esta integração exige que cada processo do projeto e do produto sejam adequadamente associados e conectados a outros processos para facilitar a sua coordenação. Essas interações entre processos muitas vezes exigem que se façam compensações entre requisitos e objetivos do projeto. Desse modo, os pacotes de trabalho que incluem atividades e tarefas são processados seguindo três orientações básicas. Valeriano (2005)sobrepõe estas orientações ao dizer que cada processo possui os elementos apropriados, que são agrupados em três componentes a saber: Fonte: Valeriano (2005) adaptado pelo autor. Para cada componente são relacionados elementos variados. Alguns podem ter dados e informações existentes na organização, já outros são fornecidos ao projeto por diversas fontes, como clientes, fornecedores, entidades, órgãos reguladores, dentre outros. Já vimos que o projeto tem inicio, meio e fim predeterminados e passa por evoluções, cumprindo o que se costuma chamar de “ciclo de vida do projeto” que iremos discutir ao longo das unidades de estudo. Entretanto, para acompanhar este ciclo de evolução devemos gerenciar todas as atividades de forma integrada e dividida por processos. Esses processos são agregados em cinco grupos, definidos como os grupos de processos de gerenciamento de projetos: Grupo de processos de iniciação: Processos de autorização para que se dê início a um projeto ou a uma de suas fases. Grupo de processos de planejamento: Processos de criação e manutenção do plano do projeto, selecionando o melhor caminho para que sejam alcançados os objetivos propostos. São os insumos fornecidos aos processos: materiais, informações, etc. ENTRADAS Meios e ferramentas, trabalhos, técnicas e habilidades que agem sobre as entradas. RECURSOS São os resultados ou produtos do processo. SAÍDAS Fonte: Disponível em: http://7downbr.weebly.com Acesso em 15/08/11 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 24 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Grupo de processos de execução: Processos de coordenação de recursos físicos (pessoas, materiais e equipamentos) executando o que foi planejado de forma a atender às especificações do projeto. Grupo de processos de monitoramento e controle: Processos que buscam garantir que os objetivos serão atendidos. Realizam o acompanhamento e a medição regular do progresso, visando à identificação de desvios do plano e implementando ações corretivas, quando necessárias. Grupo de processos de encerramento: Processos de formalização do fim do projeto ou de uma fase, comunicação de tais eventos às partes interessadas, arquivamentos e aceitação final da fase ou do projeto. No PMBOK, estão descritos 42 (quarenta e dois) processos que estão distribuídos nestes cinco grupos apresentados. É oportuno destacar que iniciação, planejamento, execução, monitoramento e encerramento não ocorrem de forma contínua e modular, mas de forma concorrente, uma vez que apresentam níveis de atividade dos processos durante o ciclo de vida de um projeto. A figura abaixo mostra a evolução do nível de interação entre os processos, bem como as alterações ao longo desse ciclo de vida. Fonte: Disponível em: http://wpm.wikidot.com/conceito:interacoes-entre-processos Acesso em 16/08/11 Não obstante, para o gerenciamento de um projeto, com a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às suas atividades, considerando o procedimento de integração e com vistas a atender ao propósito para o qual o projeto foi autorizado, o PMBOK propõe uma abordagem em nove áreas do conhecimento em que são trabalhados os quarenta e dois processos. As áreas são: Gerenciamento de Integração Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 25 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Gerenciamento do Escopo Gerenciamento do Tempo Gerenciamento dos Custos Gerenciamento da Qualidade Gerenciamento dos Recursos Humanos Gerenciamento da Comunicação Gerenciamento dos Riscos Gerenciamento das Aquisições O quadro, a seguir, apresenta essas áreas do conhecimento bem como a quantidade de processos por grupo/área. Você poderá observar que, no processo de iniciação, têm-se dois processos, no planejamento, aparecem vinte processos; na execução, trabalham-se oito e no monitoramento/controle, têm-se dez processos. Para concluir, na fase de encerramento são trabalhados dois processos, totalizando assim, os quarenta de dois. Quadro: Grupos de processos x área do conhecimento GRUPOS DE PROCESSOS Área do conhecimento Iniciação Planejamento Execução Monitoramento Controle Encerramento Total Gerenciamento de Integração 1 1 1 2 1 6 Gerenciamento do Escopo 3 2 5 Gerenciamento do Tempo 5 1 6 Gerenciamento dos Custos 2 1 3 Gerenciamento da Qualidade 1 1 1 3 Gerenciamento do R. Humano 1 3 4 Gerenciamento da Comunicação 1 1 2 1 5 Gerenciamento dos Riscos 5 1 6 Gerenciamento das Aquisições 1 1 1 1 4 Total dos processos 2 20 8 10 2 42 Fonte: Terribili, 2011, p. 54 Para finalizar esta unidade, cabe acrescentar que, para cada processo, o PMBOK mostra uma lista com as possíveis entradas, os recursos (ferramentas/técnicas) e as saídas. Muitas vezes, a saída de um dado processo se torna entrada em outro(s) processo(s). Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 26 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Como material complementar, sugiro a leitura do capitulo dois do livro: Gerenciamento de Projetos do autor Carlos Magno Xavier, edição 2009, editora Saraiva, para assim, você visualizar, de forma integrada, as áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos e seus respectivos processos. Na unidade seguinte, vamos falar de documentos importantes e essenciais para o gerenciamento do projeto, como o termo de abertura do projeto e as declarações de escopo do projeto e produto. Mas, antes, visite as seções Teoria na Prática e Síntese. Aguardo você lá. Fonte: Disponível em: http://www.livrariacultura.com.br Acesso em 17/08/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 27 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 28 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 2. Teoria na Prática O gerenciamento de projetos está inserido em um ambiente de negócios que envolve várias áreas do conhecimento, em que a estrutura “escopo” deve contemplar seu desenvolvimento por processos. No caso da Platypus, os envolvidos em um determinado projeto passam, primeiramente, por um processo de integração, movido pela gestão de recursos humanos, com foco na avaliação de comportamento das pessoas ligadas ao projeto. Veja, no case, como as pessoas e os processos precisam se manter em sintonia para aguçar a criatividade e ampliar o portifólio de ideias. Projeto Platypus – Case Mattel (contexto, estrutura e processos) A Mattel é a maior fabricante de brinquedos no mundo com linhas de produtos que incluem as bonecas Barbie, os brinquedos da Fisher-Price e Hot Wheels. A Mattel falhou quando perdeu a onda do aumento de demanda de bonecas no final de 1990. Jurando nunca mais deixar isto acontecer, a Mattel reorganizou seus processos de desenvolvimentode produtos ao instituir o projeto Platypus. O projeto Platypus é formado por pessoas originárias de diversas áreas funcionais que deixam seus trabalhos regulares por três meses e se mudam para a sede da Mattel, em um local separado onde podem trabalhar oferecendo idéias para novos produtos. Os membros da equipe do projeto Platypus algumas vezes passam dias derrubando ovos de uma escada de quatro metros ou atirando animais de pelúcia uns nos outros. Tudo isso faz parte das atividades de formação de equipe projetadas para conseguir que as pessoas pensem de forma diferente e apresentam idéias criativas para novos brinquedos. Segundo Ivy Ross, comandante da divisão de projeto de bonecas da Mattel, exercícios como os de desenvolver um método para evitar que um ovo quebre ao cair de uma altura de quatro metros ou atirar bichinhos de pelúcia em um colega da equipe para afastar as inibições, são formas de fazer as pessoas pensarem de maneira diferente da habitual e descobrirem as tendências do consumidor e as mudanças do mercado. A força do projeto Platypus encontra-se na habilidade de seus membros de desenvolver as idéias criativas dos outros. Uma regra-chave do grupo é de que a idéia não pertence a ninguém. Tudo pertence ao grupo, o que ajuda a eliminar a competitividade interna. Segundo Ross, agora, a empresa quer que todos colaborem no projeto e no processo de desenvolvimento com um sentimento de propriedade e realização compartilhada. Os participantes do projeto trabalham em um enorme espaço sem paredes ou divisórias. As mesas possuem rodinhas para encorajar o compartilhamento e a colaboração de forma espontânea. Desse modo, o primeiro esforço do Projeto Platypus é um brinquedo chamado Ello, uma mistura de conjunto de construção e kit de atividade. Os conjuntos Ello consistem em peças interconectadas que permitem que as crianças explorem sua imaginação para construir qualquer coisa, desde uma bijuteria até prédios. As equipes do Projeto Platypus continuam a trabalhar para desenvolver duas ou três idéias de produto por ano. Fonte: Gray, Clifford F. Gerenciamento de Projetos: o processo gerencial, 2009, p. 359. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 29 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 3. Síntese Ao longo desta unidade, foram abordados alguns registros históricos acerca da evolução do gerenciamento de projetos no mundo. Neste contexto, a palavra “projeto” foi comparada inicialmente com a figura de um Iceberg para representar os processos que aparecem de forma integrada no plano de desenvolvimento do projeto e que, em sua maioria, demandam uma série de esforços em várias áreas do conhecimento. Nesta linha do tempo, o surgimento e o crescimento do Instituto de Gerenciamento de Projetos – PMI aparece de forma abrangente e multiplicadora para a Gestão de projetos no mundo. Não obstante, as três fases evolutivas de destaque que vão desde o gerenciamento tradicional de projetos, passando pela fase de renascimento até a profissionalização foram de suma importância para fortalecer as tendências de planejamento ascendente e hierárquico. A leitura do ambiente de negócios, bem como alguns dos mais importantes segmentos representados, também mostrados para validar a necessidade constante de uma monitoração ambiental deve considerar as rápidas mudanças, em especial, as de natureza social, cultural, política, econômica e tecnológica. Na contextualização do gerenciamento, foram abordadas as questões que envolvem o gerenciamento de programas, bem como a importância do gerenciamento de portfólios na fase de profissionalização em projetos. Foram exemplificados alguns desdobramentos por meio de subprojetos e sua importância para a gestão de controle e monitoramento. Ainda, nesta seção, também foi discutida a necessidade dos escritórios de projetos e sua relevância para as organizações que estão inseridas neste contexto. Logo, foi descrita a importância de uma estrutura organizacional em projetos, uma vez que esta estrutura aparece em formatos diferentes e precisa ser trabalhada com vistas a atender os objetivos do projeto. Foram mostradas algumas das principais características relacionadas a projetos dos principais tipos de estruturas organizacionais. Para encerrar essa primeira unidade, o último tópico de discussão foi acerca dos processos e suas constitutivas, uma vez que processos são gerenciados pelo projeto e orientados pelo produto/serviço, considerando sempre os inputs, as técnicas empregadas e os outputs do processo durante o ciclo de vida do projeto. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 30 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Unidade 2: Documentos Importantes – Declaração do Escopo 1. Conteúdo Didático Nesta unidade de estudo, vamos apresentar e discutir acerca dos documentos considerados imprescindíveis para o desenvolvimento do escopo do produto e do projeto, bem como fazer uma descrição dos principais conceitos que versam sobre o tema. Entretanto, para um melhor entendimento sobre a necessidade de desenvolver uma declaração de escopo, recomendo, ainda, ampliar nossos estudos falando a respeito da importância do termo de abertura do projeto, para então, na sequência, prosseguirmos nesta exposição conhecendo estas etapas estruturais de construção do escopo, bem como sua estrutura de decomposição de trabalho. A elaboração de um escopo detalhado, claro e conciso é fundamental para garantir a satisfação do cliente e a eficácia do trabalho realizado, considerando evitar, ainda, que o projeto se desvie do seu curso. O escopo deve definir os objetivos a serem alcançados. Um grande desafio é identificar exatamente o que deve ser feito. Um escopo bem definido e bem controlado aumenta significativamente as chances de sucesso nos projetos. Segundo Ricardo Vargas (2009), o escopo é o “foco” do projeto, especifica seu produto principal e respectivos elementos subsidiários, ou seja, as entregas ao longo do projeto. Assim, pode ser descrito como a soma dos produtos e serviços a serem fornecidos. Muito bem! Agora que você já identificou o que vamos estudar nesta unidade, vamos começar este primeiro tópico abordando alguns conceitos sobre o desenvolvimento do escopo de um projeto. 1.1 Conceitos principais para desenvolvimento do escopo Dentre as áreas de conhecimento do Guia PMBOK, uma das mais importantes para a determinação do sucesso de um projeto é o gerenciamento do escopo. Avançar o projeto sem uma boa definição e um bom controle do escopo é um passo na direção do fracasso. Mas, qual é o significado de escopo? A palavra escopo é de origem grega e significa inicialmente olhar, mirar, observar, intencionar (MINI AURÉLIO, 2000, p. 282) e, no âmbito de projetos, podemos afirmar que escopo significa objetivo, embora, a palavra seja tratada como estrutura do projeto. Assim, podemos afirmar que escopo se refere ao campo de operação em que são alcançados um ou mais objetivos. Fonte: Disponível em: http://quantic.eng.br/gerencia.htm Acesso em: 29/08/2011 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 31 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Segundo Terribili Filho (2011, p. 63), “escopo é aquilo que o projeto tem como proposta de entrega, com base no trabalho a serdesenvolvido e requisito previamente definidos”. A definição do escopo, independente da natureza do projeto, é um dos pontos mais importantes na sua fase inicial. É por meio do escopo que todos os envolvidos têm o retrato das atividades que serão desenvolvidas para alcançar um determinado objetivo. O escopo define as atividades que são necessárias e quando elas devem acontecer ao longo do projeto, de forma que a integração das atividades propicie atingir um objetivo em um determinado período de tempo. Contudo, o primeiro documento, e um dos mais importantes para formalizar a abertura de um projeto, em que se reconhece a autoridade do gerente, autorizando o início das atividades na organização, é o Termo de Abertura do Projeto – TAP, também expressado com a terminologia: Project Charter. 1.1.1 Termo de Abertura do Projeto - TAP Pois bem, vamos começar fazendo um exercício de reflexão. Considerando que você tenha acabado de receber uma herança de R$ 1.000.000,00, o que você faria com esse dinheiro? Com certeza muitos projetos começam a passar pela sua cabeça, como comprar um novo imóvel, por exemplo, ou montar aquele sonhado negócio, até mesmo construir uma casa de campo, ou, quem sabe, até realizar aquela tão esperada viagem. Desse modo, como selecionar entre tantos possíveis projetos? Como definir o que exatamente esperar de cada um dos projetos em que se decida investir? Para ajudar a responder a essas perguntas, as empresas, normalmente, precisam tomar decisões e em sua maioria, decisões rápidas. Assim, diferentemente do exercício acima, as empresas não recebem heranças, mas têm orçamentos nos quais necessitam enquadrar os investimentos em projetos ou, algumas vezes, precisam obter financiamentos para viabilizá-los. Portanto, para selecionar projetos, as organizações empregam procedimentos para promover a seleção de projetos, e cada organização tem os seus modelos. Vejamos, a seguir, alguns procedimentos, adotados por uma organização, por exemplo, que devem constar do documento de abertura do projeto, o Project Charter. Para iniciar, a organização faz um estudo preliminar do projeto, ou seja, uma contextualização do cenário em que o projeto será inserido. Logo, é preciso definir o problema, as justificativas, as necessidades de negócio, a solução proposta, as unidades e setores envolvidos, os interessados Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 32 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton diretos e indiretos no projeto, os fatores críticos de sucesso, uma lista de riscos envolvidos, determinados condicionantes, ou seja, um pacote de premissas, restrições e limitações, bem como resultados esperados, prazos e custos estimados, e, por último, os objetivos estratégicos do projeto. De posse dessas informações, um comitê avalia o projeto, indica se ele é viável ou não, e designa um gerente para coordená-lo, constituindo (favor verificar se o conteúdo está correto. um contrato, terminologicamente chamado de Project Charter. Segundo Kerzner (2001), o conceito original de Project Charter era somente documentar a autoridade e a responsabilidade do gerente de projeto. Esse conceito evoluiu e o Project Charter transformou-se, em algumas organizações, em um documento interno em que a empresa reconhece e comunica o escopo aprovado do projeto aos gerentes funcionais, ou de linha, e seu pessoal envolvido. Desse modo, conforme o PMBOK (2004), o processo de desenvolver o Termo de Abertura do Projeto é o responsável por autorizar, ou não, um projeto. Também é parte desse processo a autorização para o prosseguimento de uma nova fase do projeto, por exemplo, a constituição do documento denominado escopo do produto, como veremos a seguir. 1.2 Declaração de escopo do produto Conforme Xavier (2009), para definirmos o que exatamente esperar de um projeto, em que a empresa decidiu investir, é necessário conhecer o produto que ele entregará no final. O termo “produto” é aqui empregado de forma genérica, representando o conjunto de produtos e serviços que serão entregues pelo projeto. A primeira atividade de planejamento a ser executada pelo gerente de projeto será estudar e detalhar as definições básicas do produto, definidas preliminarmente no Project Charter. O resultado final será um documento composto por uma lista que sintetiza as características e funções do produto ou serviço. (AMARAL, et. al., 2006). A ideia implícita no modelo é a de trabalhar sistematicamente, entendendo, primeiro, qual o produto que se espera criar com o projeto, antes de investir tempo no “como” fazer, isto é, na definição das estratégias para o desenvolvimento do projeto, assunto que deverá ser tratado no tópico seguinte. Em projetos de desenvolvimento de produtos, devemos tomar bastante cuidado para não confundir o escopo do produto com o escopo do projeto, pois são documentos diferentes. Todo o projeto é algo que possui começo, meio e fim bem definidos. No entanto, na maioria dos casos, o escopo do produto é inserido no escopo do projeto, como uma das atividades de desenvolvimento do escopo, uma vez que devem ser integráveis e interdependentes. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 33 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Para uma definição mais prática e formal sobre a diferença entre o escopo do produto e o escopo do projeto, podemos descrever da seguinte forma: Fonte: Amaral et. al., 2006, p. 159, adaptado pelo autor. Um bom exemplo para ilustrar o escopo do produto é a composição das especificações de um computador, em que o usuário escolhe e decide por determinado modelo, considerando o conjunto de funcionalidades e especificidades do aparelho, o desempenho do processador, os recursos de interatividade e o sistema operacional. O mesmo acontece em um automóvel pelos seus atributos e benefícios, bem como na escolha por eletro-domésticos, dentre uma gama de produtos e serviços ofertados no mercado. O procedimento para construir o escopo do produto é simples, pois o primeiro passo é uma reunião entre o gerente de projeto e os especialistas em diversas áreas, que auxiliarão na complementação e validação das características e funcionalidades do produto. O gerente de projeto terá como base as informações provenientes do portfólio e do Project Charter, e poderá utilizar como referência escopos de produtos similares. Segundo Amaral et. al. (2006), no caso de um projeto de produto físico, torna-se interessante definir metas que o produto deverá atender quando pronto. Embora o escopo do produto seja fundamental para caracterizar um projeto, ele não informa como o resultado será obtido, isto é, as atividades responsáveis, os recursos e aquisições, os prazos, os custos e os riscos envolvidos, dentre muitas outras informações que fazem parte do escopo do projeto e que são desenvolvidas no referido documento, como vamos ver a partir de agora, no tópico que trata da declaração do escopo do projeto. Escopo do Projeto: define o conjunto de trabalhos que serão executados para construir e entregar o produto ou produtos do projeto. Escopo do Produto: é composto pela especificação que descreve o conjunto de funcionalidades e o desempenho desejado para o produto. Fonte: Disponível em: http://www.wikinoticia.com/images2//g izmologia.hipertextual.netdnacdn.com /files/2011/05/Dell-XPS. Acessoem 21/08/11 Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 34 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 1.3 Declaração do escopo do projeto Uma vez entendido qual é o produto, ou produtos do projeto, será preciso definir as características que delimitam o conteúdo do trabalho. São os processos, os elementos e as etapas que descrevem “como” o produto será obtido, incluindo as premissas assumidas e as pessoas envolvidas, entre muitas outras coisas. Este documento é a base para todo o planejamento do projeto, tendo como entrada principal o escopo do produto, e como documento de saída a “declaração do escopo do projeto”. A declaração do escopo do projeto descreve, em detalhes, as entregas do projeto e o trabalho necessário para criar essas entregas. Ela também fornece um entendimento comum do escopo do projeto a todas as partes interessadas e apresenta os principais objetivos. Segundo Amaral et. al., (2006), para a construção da definição do escopo do projeto são utilizadas informações do escopo e da descrição do produto, e uma definição inicial de restrições e premissas que o projeto precisa respeitar. Essas informações provêm, basicamente, do escopo do produto, além da proposta do produto (Project Charter), produzida na fase anterior. Assim, como o escopo do produto, essas características precisam ser descritas de forma clara e sem ambiguidades, preferencialmente com metas quantitativas. Para realização da definição dos procedimentos a serem empregados e, consequentemente, o planejamento do escopo, devem ser considerados alguns elementos de relação como outras atividades para o incremento das informações de entrada, como: Definir o escopo do produto; Adaptar ao modelo de referência, ou seja, outros projetos do portfólio; Preparar a declaração do escopo. Ainda de acordo com Amaral et. al. (2006), entre as definições do escopo, é fundamental a acepção do processo de gestão do escopo, ou seja, as atividades que garantam um controle de todas as alterações realizadas nesse documento. O controle das mudanças do escopo deve estar integrado aos demais controles do planejamento do projeto, a serem descritos nas próximas unidades, tais como prazos, custos e qualidade, também conhecidos pelo emprego da terminologia tríplice restrição, dado que, a modificação de uma dessas variáveis afetará as demais, bem como os objetivos do projeto. É mandatório destacar que o grau e o nível de detalhe com que uma declaração do escopo do projeto define o trabalho que será realizado ou excluído, podem determinar a eficácia com que a equipe de Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 35 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton gerenciamento de projetos poderá controlar o escopo global do projeto. O gerenciamento do escopo do projeto, por sua vez, pode determinar a eficácia com que a equipe de gerenciamento poderá planejar, gerenciar e controlar a execução do projeto. A declaração detalhada do escopo do projeto inclui, diretamente ou referenciando outros documentos, uma lista de atividades representada pelo conjunto de itens que podem fazer parte da descrição do escopo, a saber: Quadro: Checklist do Escopo Escopo do Projeto Título do projeto Inclui o nome do projeto e seu código de identificação, que facilita a comunicação. Contexto Informações acerca do ambiente de negócios do projeto e como surgiu a ideia. Justificativa Apresenta os requisitos do negócio que o projeto deverá atender. Objetivos Serve para visualizar o que se deseja conseguir com o projeto. Partes envolvidas Interessados, lista de envolvidos diretos e indiretos no projeto. Equipe responsável/organização Definição dos times e especialistas responsáveis pela condução do projeto. Produto(s) do projeto/metas Descreve o resultado final do produto do projeto na visão do cliente. Deliverables Subprodutos ou produtos intermediários. Descreve os resultados intermediários durante o ciclo de vida do projeto. Referências Lista de referências de material complementar utilizado. Premissas, limitações e restrições. Definição das verdades a serem adotadas para a realização do projeto. São as afirmações que deverão ser assumidas durante o planejamento e a execução. Estratégias Definição das estratégias genéricas para a realização do projeto, quando for o caso. Metodologia Descreve os métodos e padrões de processos de desenvolvimento que serão adotados como referência. Prazos máximos a serem atingidos Definição dos prazos para entrega dos principais produtos e subprodutos (deliverables). Custo e preço/meta Valores meta para custos do projeto que deverão ser respeitados. Plano de gerenciamento do escopo Definição de como o projeto será controlado e de como as mudanças serão solicitadas, avaliadas e implementadas, incluindo quem será o responsável. Fonte: Amaral et. al., 2006, p. 162 adaptado pelo autor. O acompanhamento e o monitoramento do escopo são os procedimentos mais importantes no gerenciamento de projetos. Esse procedimento descreve a natureza dos processos de gerenciamento de projetos em termos da integração entre os processos, das interações dentro deles e dos objetivos a que atendem. Desse modo, vamos, a partir de agora, conhecer um pouco mais sobre o gerenciamento do escopo e seu ciclo de monitoração. Disciplina: Gestão de Projetos Autor: Aécio Antônio de Oliveira 36 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 1.3.1 Processos de Gerenciamento do Escopo Segundo o PMBOK (2004), os processos de gerenciamento de projetos são apresentados como elementos distintos, com interfaces bem definidas. No entanto, na prática, eles se sobrepõem e interagem. Os profissionais mais experientes de gerenciamento de projetos reconhecem que existe mais de uma maneira de gerenciar um projeto. As especificações de um projeto são definidas como objetivos que precisam ser realizados com base na complexidade, no risco, no tamanho, no prazo, na experiência da equipe do projeto, no acesso aos recursos, na quantidade de informações históricas, na maturidade da organização em gerenciamento de projetos e no setor e na área de aplicação. Os grupos de processos necessários e seus processos constituintes são orientações para a aplicação do conhecimento e das habilidades de gerenciamento adequadas durante o projeto. Além disso, a aplicação dos processos de gerenciamento de projetos a um projeto é interativa e muitos processos são repetidos e revisados durante o ciclo de vida do projeto. O gerente de projetos e a sua equipe são responsáveis pela determinação de quais processos devem ser executados e em quais grupos de processos se inserem, como serão realizados e por quem, além do grau de rigor que será aplicado a sua execução para alcançar o objetivo desejado. Uma das ferramentas empregadas e mais usadas na gestão de projetos para acompanhar e monitorar os processos é o ciclo PDCA, também conhecido pelo ciclo de Shewhart. O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, introduzido no Japão após a guerra, foi idealizado por Shewhart, na década de 20, e divulgado por Deming, em 1950, quem efetivamente o aplicou. O ciclo de Deming tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão,
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