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PPenal Edital Sistematizado

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Edital Sistematizado - Caderno de Processo Penal.
Dia 01
Assuntos: 
Noções introdutórias 
Teoria do processo;
Princípios constitucionais do processo penal, 
Sistemas processuais. 
Princípios processuais penais no pacto de são José da Costa Rica. 
Norma de direito processual penal no tempo e no espaço. 
Interpretação e integração da lei processual penal. 
Detalhadamente: 
Atenção para lide processual penal, Pacto de San José (direito ao silêncio, bem como audiência de custódia). 

Princípio inquisitivo X acusatório (reformas processuais que tornaram o processo mais acusatório). Saber distinguir é importante e saber o que isso reflete em nosso Código. Essa é uma questão recorrente em segunda fase. 

Princípios - todos, especialmente verdade real, livre convencimento motivado, juiz natural, promotor natural, identidade física. Atenção para a criação de varas especializadas por resoluções dos tribunais. Redobre a atenção quando se tratar de um princípio relacionado à atuação do órgão jurisdicional. 

Aplicação da lei processual no tempo (aplicação imediata e lei mista). Extinção do protesto por novo júri. 

Princípios específicos de interpretação do processo penal (destaque para o in dubio pro reo). 

Territorialidade da lei processual penal. 

Dia 02
Assuntos: 
Investigação e atos prévios a queixa/denúncia 
Princípios e questões relativas aos inquéritos policiais e investigações criminais. 
Hipóteses e requisitos para arquivamento de inquéritos e investigações criminais. 
Conflito de atribuições entre membros de ministério público. Declínio de atribuição. 
Detalhadamente:
Inquérito Policial - tudo (desde a forma de instauração, diligências, arquivamento, prazo). Arquivamento indireto X implícito. Coisa julgada e inquérito policial. Sistemática do art. 28 no âmbito do MPF.
Distinção entre Inquérito Policial e Termo Circunstanciado.
Provas colhidas no inquérito policial e seu valor probatório. Provas antecipadas, cautelares e não repetíveis. Condenação com base em elementos colhidos no Inquérito Policial.
Investigação pelo Ministério Publico e regulamento do tema pelo CNMP.
Procedimento de Investigação Criminal, vulgo PIC. Decisão do STF sobre o tema.
Conflito de atribuições - atenção redobrada aqui (tema relacionado ao arquivamento).
Lembrar do prazo diferenciado do inquérito na Justiça Federal, e atenção para os poderes da autoridade policial e ao sigilo do IP (em relação ao advogado,
especialmente).
Capacidade postulatória do delegado de polícia em certos casos.
Atribuições da Polícia Federal na CF e na legislação ordinária. Saber quando a Polícia Federal pode investigar crimes estadual.
Identificação criminal- leiam a lei, e saibam bem a identificação por material genético (novidade).


 
Dia 03
Assuntos: 
Teoria da ação penal

Princípios da ação penal.
Ação penal: espécies. 
Denúncia, queixa. 
Condições da ação e pressupostos processuais. 
Detalhadamente:
Ação penal - tudo é importante, já que é o início da persecução, sendo a denúncia um dos atos mais importantes do processo penal. 

Atenção para todas as espécies de ação penal e formas de perda do direito de punir (perempção, decadência, renúncia). Princípios da ação penal (a transação penal é exceção ao princípio da obrigatoriedade e a suspensão condicional é exceção ao princípio da indisponibilidade). Divisibilidade X indivisibilidade. 

Saibam o funcionamento da ação penal subsidiária. 

Denúncia geral X genérica em crimes societários. Denúncia geral. Requisitos da denúncia. Posição do STJ.
Possibilidade de emendatio libeli pelo juiz ao receber a denúncia. 

Dia 04 - COMPETÊNCIA
Jurisdição 
Competência. 
Competência da justiça federal. 
Competência da justiça militar e da justiça eleitoral em matéria penal. 
Detalhadamente: 
Jurisdição e competência - tudo, especialmente jurisprudência (o que é competência federal e estadual). 

Competência Federal - dominar, inclusive o incidente de deslocamento de competência.
Foros previstos exclusivamente na constituição estadual X CPP. 

Foro de prefeitos (cai muito). 

Leitura do CPP é muito importante, além, é claro de decorar o art. 109 da CF. 

Conflito de competência, especialmente na transferência de presos. 

OBS. As aulas do Renato Brasileiro são excelentes nesse tema.
OBS. Diria que esse tema é prioridade devido a sua forte incidência. 
Dia 05 – Processos Incidentes
Questões e processos incidentes
Medidas assecuratórias
Ação civil ex delito e reparação do dano. 
Questões prejudiciais. 
Exceções. Conflitos. Incompatibilidades e impedimentos no processo penal.
Incidentes de falsidade e de insanidade mental. 
Medidas assecuratórias ou acautelatórias do CPP e de leis especiais. 
Restituição de coisas apreendidas e perdimento de bens. 
Detalhadamente: 
Questões e Processos Incidentes - muita lei seca é suficiente. Saber quando o juiz criminal deve aguardar o deslinde da controvérsia na esfera cível. 

Medidas acautelatórias - tema muito cobrado em prova, especialmente o sequestro, e hoje a possibilidade de alienação antecipada de bens. 

Ação civil ex delito e quantum mínimo. Comunicação entre instâncias. Requisitos para o juiz fixar o quantum mínimo (necessidade de debate, de requerimento, e o dano moral?). Atenção mesmo para a comunicação entre instâncias, pois o tema é reiteradamente cobrado. 

Dia 06 e 07 – TEORIA DA PRISÃO E DAS MEDIDAS CAUTELARES SUBSTITUTIVAS
Prisões. Espécies, requisitos e cabimento. 
Medidas cautelares e liberdade provisória no CPP e em leis especiais. 
Detalhadamente: 
Prisão era o tema que eu sempre estudava antes de prova. Tem que dominar, especialmente o flagrante, a preventiva e a temporária. Atenção para o fim das prisões administrativas, e das prisões automáticas. 

Atenção, ainda, para as medidas cautelares diversas da prisão. 

Entendimentos jurisprudenciais são muito importantes, bem como a leitura do 
CPP. 

Liberdade provisória - saber quando é vedada, e sua relação com os crimes 
hediondos. 

Atenção para as posturas do juiz diante da comunicação de uma prisão em 
flagrante, da necessidade de decretação de uma preventiva (analisar os fundamentos dessas prisões). Não descuide da prisão temporária (peculiaridades). 

Prisão domiciliar 

Dia 06 e 07 – TEORIA DA PRISÃO E DAS MEDIDAS CAUTELARES SUBSTITUTIVAS
Prisões. Espécies, requisitos e cabimento. 
Medidas cautelares e liberdade provisória no CPP e em leis especiais. 
Detalhadamente: 
Prisão era o tema que eu sempre estudava antes de prova. Tem que dominar, especialmente o flagrante, a preventiva e a temporária. Atenção para o fim das prisões administrativas, e das prisões automáticas. 

Atenção, ainda, para as medidas cautelares diversas da prisão. 

Entendimentos jurisprudenciais são muito importantes, bem como a leitura do 
CPP. 

Liberdade provisória - saber quando é vedada, e sua relação com os crimes 
hediondos. 

Atenção para as posturas do juiz diante da comunicação de uma prisão em 
flagrante, da necessidade de decretação de uma preventiva (analisar os fundamentos dessas prisões). Não descuide da prisão temporária (peculiaridades). 

Prisão domiciliar 

TEORIA GERAL DO PROCESSO PENAL
JUS PUNIENDI
DIREITO DE PUNIR – JUS PUNIENDI
Com a finalidade de tutelar bens e interesses relevantes para a sociedade, o Estado edita um conjunto de normas estabelecendo determinados fatos puníveis, bem como as respectivas sanções jurídicas. 
Ao definir, por meio das leis, os fatos que configuram infrações penais e cominar as sanções correspondentes, o Estado cria o direito penal objetivo, que corresponde ao conjunto de normas jurídicas que são estabelecidas visando impedir a prática de ilícitos penais. Tais normas constituem uma exteriorização da vontade do Estado. Um determinado comportamento humano somente é lícito se estiver autorizado ou não estiver proibido pelas normas jurídicas. 
A possibilidadede se exercer um determinado comportamento autorizado denomina-se direito subjetivo, consistindo na faculdade ou poder que se concede ao sujeito para a satisfação de seus interesses, tutelados por uma norma de direito objetivo. 
Quando alguém se afasta do imperativo da lei, violando a norma objetiva, ou seja, praticando a conduta típica, se submete à coação do Estado. 
O detentor do direito de punir (jus puniendi) é o Estado, e tal direito constitui manifestação de sua soberania. 
Quando ocorre uma infração penal, surge o “jus puniendi”, ou seja, o direito de punir exercido pelo Estado. O jus puniendi pode ser definido como direito que tem o Estado de aplicar a pena cominada no preceito secundário da norma penal incriminadora, contra quem praticou a ação ou omissão descrita no preceito primário, causando um dano ou lesão jurídica. Pode ser chamado também de Direito poder-dever de punir do Estado, já que não é só uma faculdade que o Estado tem de punir, mas também uma obrigação.
Ao praticar um fato descrito na lei penal objetiva, o jus puniendi estatal, que se encontrava em abstrato, torna-se concreto e o Estado passa a ter o dever de impor ao autor da conduta proibida a sanção correspondente, conforme previsto em lei. 
A punição do autor da conduta representa a justa reação do Estado, em nome da defesa da ordem e da boa convivência entre os cidadãos. 
Como os interesses tutelados pelas normas penais são de natureza pública, a atuação do Estado constitui uma obrigação, por meio da qual realiza um dos fins essenciais de sua própria existência, qual seja, a manutenção da ordem jurídica. 
Portanto, o Estado não só tem o direito de punir, mas, sobretudo, o dever de punir. 
Porém, o direito de punir não é arbitrário, sendo delimitado pelo princípio da reserva legal, cuja previsão tem assento constitucional, no artigo 5o, inciso XXXIX, da Magna Carta: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. 
Ressalte-se, ademais, que o jus puniendi, ou poder de punir, somente pode ser realizado através do processo penal. 
Exceção ao jus puniendi estatal é o jus puniendi tribal.
DO JUS PUNIENDI TRIBAL:
Artigo 57 - ESTATUTO DO ÍNDIO
“Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.”
O direito de punir tribal, ensejador da quebra do monopólio do Jus Puniendi Estatal.
O direito de punir por parte dos grupos tribais, temos que a lei respeita a diferença de crença, de pensamentos, de cultura, pois que completamente diferentes do que observamos em nossa sociedade capitalista. Os indígenas mais remotos, sem acesso ao homem branco, ao mundo capitalista, não podem ser tratados da mesma forma que o criminoso que atua em São Paulo ou em Belo Horizonte, sendo que este é um ser preparado para a legislação específica atual, qual seja o Código Penal de 1940 com sua parte geral de 1984 e demais alterações.
Portanto, resta claro que o Estatuto do Índio, lei 6001/73, prevê aos índios a possibilidade de os mesmos, valendo-se de suas próprias leis internas, de seus costumes e cultura, aplicarem de per si a sua própria norma, e, o ponto principal, sem a ingerência Estatal, sem o controle do Estado-juiz.
Cabe também destacar a forma de investigação tribal, que, como a punição, também fica a livre arbítrio das próprias comunidades tribais, não havendo que se falar em outra forma de investigação, nem policial, nem pelo Ministério Público, nem por meio de Comissão parlamentar de Inquérito nem qualquer outra prevista em lei ou doutrinariamente reconhecida. Cada tribo possui a sua forma de apurar a ocorrência de um fato contrário à norma prevista dentro da tribo, não cabendo abordar a forma de investigação, até mesmo pelo desconhecimento de causa. Portanto, não temos que falar em ingerência de Polícia Judiciária, seja ela a Civil Estadual ou Civil Federal, pois que a tribo elege a forma que melhor convier.
INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL
Conceito
Conjunto de atos cronologicamente concatenados, submetido a princípios e regras destinadas a compor lides de caráter penal. Sua finalidade é, assim, a aplicação do direito penal objetivo. (MIRABETE) 
Finalidade
O processo penal tem por fim:
A adequada solução da lide, através da acusação, da defesa, da produção de provas e do julgamento;
A pacificação social;
A aplicação do direito penal e a consequente pena.
A garantia de meios de defesa ao réu.
Atualmente, propugna-se por um modelo de justiça garantista ou garantismo penal (FERRAJOLI). 
O garantismo penal consiste na tutela dos direitos fundamentais e está sustentado por cinco princípios básicos: 
1º Jurisdicionalidade (nulla poena, nulla culpa sine iudicio); 
2º Inderrogabilidade do juízo; 
3º Separação das atividades de julgar e acusar (nullum iudicium sine accusatione): Esse princípio também deve ser aplicado na fase pré-processual, abandonando o superado modelo de juiz de instrução; 
4º Presunção de inocência. 
5º Contradição - Nulla probatio sine defensione.
OS DEZ AXIOMAS DA TEORIA GARANTISTA DE FERRAJOLI:
Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime)
Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei)
Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade)
Nulla necessitas sine injuria (Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico)
Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem ação)
Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa)
Nulla culpa sine judicio (Não há culpa sem processo)
Nulla judicium sine accustone (Não há processo sem acusação)
Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova)
Nulla probatio sine defensione (Rogério Greco (Direito Penal, p. 10 – 2012).
A importância dada ao PROCESSO, pelo garantismo, é enorme. Tanto é verdade, que dos dez axiomas, 06 (seis) deles dizem nitidamente respeito ao processo penal.
Exemplos da influência do garantismo penal do direito brasileiro:
Revogação das prisões cautelares por pronúncia e por sentença penal condenatória recorrível;
As alterações na natureza jurídica do interrogatório.
	Finalidade do Processo Penal
	Procedimento
	Propiciar a adequada solução jurisdicional do conflito de interesse entre o Estado-Administração e o infrator. (pacificação social)
	Consiste em uma sequência ordenada de atos interdependentes, direcionados à preparação de um provimento final; é a sequência de atos procedimentais até a sentença.
	Relação jurídica processual
	Relação jurídica
	É formada entre os sujeitos do processo (juiz e partes), pela qual estes titularizam inúmeras posições jurídicas: direitos, obrigações, faculdades, ônus e sujeições processuais
	É aquela que se estabelece entre os sujeitos do processo (Estado-Juiz - Titular da Ação Penal) - Infrator): Aqui se aplicam os chamados princípios constitucionais do processo
Natureza jurídica do processo penal
O tema é complexo e envolve o estudo de várias teorias que se foram sucedendo na tentativa de dar uma explicação a fenomenologia processual. Sendo três as principais teorias: 
Processo como relação jurídica (Bülow); 
Processo como situação jurídica (Goldschmidt) e 
Processo como procedimento em contraditório (Fazzalari).”
Processo como relação jurídica (Bülow)
Para Bülow o processo é concebido como uma relação jurídica de direito público, autônoma e independente da relação jurídica de direito material. O réu passa a ser visto como um sujeito de direitos e deveres processuais. É uma relação jurídica triangular, como explica WACH (seguindo a BÜLOW), e dada sua natureza complexa se estabelece entre as partes e entre as partes e o juiz, dando origem a uma reciprocidade de direitos e obrigações. 
O acusado é parte integrante do processo, em igualdade de armas com a acusação (seja ela estatal ou não), e, como tal, possuidor de um conjunto de direitos subjetivos dotados de eficácia em relação ao juiz e à acusação.(Visão estática do processo ao dizer que o acusado é possuidor de direitos subjetivos plenamente eficazes, essa visão é contrariada pela teoria do processo como situação jurídica, pois nesta os direitos subjetivos são convertidos no processo em meras expectativas, Visão dinâmica do processo).
 E, ainda, ressalta a existência de “pressupostos processuais”, que podem ser de existência ou de validade, que seriam pressupostos para seu nascimento ou desenvolvimento válido.
Primordial é destacar que, em seus estudos, Bülow diferenciou processo e procedimento: o primeiro é instrumento da jurisdição, a relação que acontece entre as partes e o juiz, enquanto que procedimento é a forma com que o processo se exterioriza, como o processo se torna efetivo.
Processo como Situação Jurídica (James Goldschmidt)
Não admitia que o processo fosse uma relação jurídica, porque não concebia a existência de relação (nexo) entre as partes e o juiz e nem entre as próprias partes. Não admite tal relação entre os sujeitos (juiz, autor, réu) porque para ele o juiz atua por dever funcional, de caráter administrativo, e as partes simplesmente estão sujeitas à autoridade do órgão jurisdicional
A Teoria do Processo como Situação Jurídica evidenciou as falhas da construção de BÜLOW, mas, principalmente, formulou a melhor teoria para explicar e justificar a complexa fenomenologia do processo que passa a ser visto como um conjunto de situações processuais pelas quais as partes atravessam, caminham, em direção a uma sentença definitiva favorável. 
Nega ele a existência de direitos e obrigações processuais e considera que os pressupostos processuais de BÜLOW são, na verdade, pressupostos de uma sentença de fundo.
Demonstra o erro da visão estática de Bülow ao evidenciar que o processo é dinâmico e pautado pelo risco e a incerteza. O processo é uma complexa situação jurídica, no qual a sucessão de atos vai gerando chances, que bem aproveitadas permitem que a parte se libere das cargas (por exemplo, probatórias) e caminhe em direção a uma sentença favorável (expectativas). O não aproveitamento de uma chance e a não liberação de uma carga, gera uma situação processual desvantajosa, conduzindo a uma perspectiva de sentença desfavorável.
Às partes não incumbem obrigações, mas cargas processuais, sendo que, no processo penal, não existe distribuição de cargas probatórias, na medida em que toda a carga de provar o alegado está nas mãos do acusador. Destaca-se no pensamento do autor as noções de dinâmica, movimento e fluidez do processo, bem como o abandono da equivocada e sedutora ideia de segurança jurídica que brota da teoria de Bülow.
Carga é um conceito vinculado à noção de unilateralidade, logo, não passível de distribuição, mas sim de atribuição. A defesa assume riscos pela perda de uma chance probatória. Assim, quando facultado ao réu fazer prova de determinado fato por ele alegado e não há o aproveitamento dessa chance, assume a defesa o risco inerente à perda de uma chance, logo, assunção do risco de uma sentença desfavorável. Exemplo típico é o exercício do direito de silêncio, calcado no nemo tenetur se detegere. Não gera um prejuízo processual, pois não existe uma carga. Contudo, potencializa o risco de uma sentença condenatória. Isso é inegável.
O importante para Goldschimidt são as situações jurídicas regradas por normas, que manterá as partes e o juiz no processo. As normas possuem dupla natureza, sendo assim, “representam imperativos (jurídicos) dirigidos aos particulares e são medidas (regras) para o julgamento do juiz, ou seja, critérios de acordo com os quais o juiz julga a conduta dos particulares.
Além de negar uma relação jurídica entre os sujeitos principais do processo, outro ponto destacável da teoria de Goldschimidt, refere-se aos direitos subjetivos que são convertidos no processo em meras expectativas. Vejamos:
Aquilo que, numa visão estática, era um direito subjetivo, agora se degrada de meras possibilidades (de praticar atos para que o direito seja reconhecido), expectativas (de obter esse reconhecimento), perspectivas (de uma sentença desfavorável), e ônus (encargo de praticar certos atos, cedendo a imperativos ou impulsos do próprio interesse, para evitar a sentença desfavorável).
Vê-se que para o teórico o processo no seu estado dinâmico constitui uma situação jurídica que para as partes os direitos tornaram-se expectativas, possibilidades, perspectivas, encargos (ônus) ou até mesmo dispensa do mesmo.
Processo como Procedimento em Contraditório (Elio Fazzalari).
O processo, um dos elementos em questão, não pode ser definido: pela mera sequência, direção ou finalidade dos atos praticados pelas partes ou pelo juiz, mas pela presença do atendimento do direito ao contraditório entre as partes, em simétrica paridade. 
Portanto, o processo não pode ser compreendido se não houver o contraditório, que só ocorre quando as partes em litígio possuem simétrica paridade, ou seja, mesmo espaço-temporal no processo.
SISTEMAS PROCESSUAIS
Há muita discussão acerca da classificação do sistema processual penal brasileiro. Alguns autores afirmam que, após a promulgação da Constituição de 1988, o processo penal no Brasil se enquadra como acusatório, ou seja, as funções acusatórias e julgadoras não se concentrariam no mesmo órgão.
Entretanto, alguns doutrinadores ousam discordar de tal posicionamento, apontando que em razão da atual legislação infraconstitucional brasileira o sistema processual penal não poderia ser classificado como acusatório puro, mas sim inquisitivo garantista.
Assim, para que haja um sistema, é imperiosa a existência de uma idéia fundante e de um conjunto de normas que decorre dessa premissa. Basta, portanto, identificar o princípio unificador de cada sistema processual penal para saber de qual sistema estar-se-á tratando. Todo sistema é, portanto, regido por um único princípio unificador (ideia fundante) e, daí decorre as demais normas que devem ser interpretadas sob essa ótica. Pois bem.
São três os sistemas processuais penais existentes no ordenamento jurídico: 
Sistema inquisitório ou inquisidor; 
Sistema acusatório; 
Sistema misto, reformado, napoleônico ou acusatório formal.
SISTEMA INQUISITÓRIO
A origem da nomenclatura do sistema inquisitivo vem da inquisição (Santa Inquisição – Tribunal Eclesiástico), que possuía como finalidade a investigação e punição dos hereges, pelos membros do clero.
No sistema inquisitivo é o juiz quem detém a reunião das funções de acusar, julgar e defender o investigado – que se restringe à mero objeto do processo. A ideia fundante deste sistema é: o julgador é o gestor das provas, i.e., o juiz é quem produz e conduz as provas.
Características:
Reunião das funções: o juiz julga, acusa e defende; 
Juiz é o gestor das provas (subjetivismo);
Provas são tarifadas/valoradas
Não existem partes 
O réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos; 
O processo é sigiloso, isto é, é praticado longe “aos olhos do povo”; 
Inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.; 
A confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas); e 
Existência de presunção de culpa. O réu é culpado até que se prove o contrário.
O juiz, gestor da prova, busca a prova para confirmar o que pensa (subjetivismo) sobre o fato (ideia pré-concebida), onde as provas colhidas são utilizadas apenas para comprovar seu pensamento. Ele irá fabricar as provas para que confirme sua convicção sobre o crime e o réu. Para tanto, utiliza-se principalmente da confissão do réu, obtida mediante tortura ou outro meio cruel, para obter as respostas que lhe convir. Em outras palavras, o julgador – representante de Deus na Terra – produz provas para confirmar o fato, utilizando-se de todos os meios – lícitos ou não (máxima de Maquiavel) – para obter a condenação do objeto da relação processual.
Em um breve parêntese, pode-se notar que a delação premiada surge nestaépoca da inquisição, diante da confissão dos fiéis perante a autoridade eclesiástica (padre, bispo, etc.). Deste modo, o clero detinha poder sobre a comunidade, sabendo tudo que se passava no local, diante das confissões e delações dos fiéis.
Também, é neste período que as provas são tarifadas/valoradas. O testemunho de um clero ou nobre possuíam valores muito maiores, por exemplo, ao de uma mulher. A confissão é absoluta e irretratável (daí a expressão rainha das provas).
A crítica feita a este sistema processual, difundida por Juan Montero Aroca, é de que há contradição terminológica entre sistema processual inquisitivo e processo, alegando que processo pressupõe a aplicação das garantias processuais. Tal crítica é rebatida diante do conceito de processo, que se restringe ao instrumento para concretização do direito material.
SISTEMA ACUSATÓRIO
Diversamente do sistema inquisitório, sua antítese é o sistema processual acusatório, que possui como princípio unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa/instituição diversa do julgador. Há, pois, nítida separação entre as funções de acusar, julgar e defender, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Destarte, o juiz é imparcial e somente julga, não produz provas e nem defende o réu.
Os prováveis precursores desse sistema processual são: 
Magna Carta; 
Petition of Rights; 
Bill of Rights; 
Secularização; 
Iluminismo.
Características: 
As partes são as gestoras das provas; 
Há separação das funções de acusar, julgar e defender; 
O processo é público, salvo exceções determinadas por lei; 
O réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação; 
Consequentemente, ao acusado é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, e demais princípios limitadores do poder punitivo; 
Presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu); 
As provas não são taxativas e não possuem valores preestabelecidos.
	Características
	Sistema inquisitório
	Sistema acusatório
	Princípio unificador
	O juiz é o gestor das provas.
	As partes é que são gestoras das provas.
	Funções acusar, defender e julgar
	Reunidas nas mãos do juiz.
	Separadas.
	Atos do processo
	Sigilosos.
	A regra é a publicidade dos atos do processo, salvo exceções legais.
	Réu
	Objeto da investigação.
	Sujeito de direitos.
	Garantias
	Não há contraditório, ampla defesa ou devido processo legal.
	Todas as garantias constitucionais inerentes ao julgamento.
	Provas
	Taxativas, onde a confissão é a rainha das provas.
	Livre convencimento do juiz e devidamente motivadas.
	Presunção
	De culpabilidade, podendo utilizar-se de torturas e meios cruéis para obter a confissão.
	De não culpabilidade ou de inocência.
	Julgador
	É parcial.
	É imparcial, equidistantes das partes.
Ainda, com relação às provas, no sistema acusatório puro, não é possível a realização/determinação de provas pelo juiz, de ofício, sob pena de fazer às vezes das partes (neste sentido, Luiz Flávio Gomes, Mirabete, Tourinho Filho, Scarance, etc.), embora haja entendimento diverso (Paulo Rangel, Norberto Avena etc.). 
A corrente contrária fundamenta-se no princípio da verdade real, no entanto, esse princípio, como parte do sistema acusatório, e diante de sua interpretação teleológica e sistemática, não permite – por si só – que o juiz produza provas ou recorra de ofício, v.g., sem determinação pelas partes (p. ex Lei de Falências, Lei de Economia Popular, Lei do Crime Organizado, Lei de Interceptação Telefônica, demais dispositivos do CPP).
Contudo, em um sistema acusatório não puro (ou aparência acusatória), como adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro, é possível a realização de provas – ex officio – pelo julgador. Todavia, nosso Código de Processo Penal (e não o processo penal que não está adstrito ao CPP) ainda resguarda resquícios de um sistema processual penal misto, conforme veremos a seguir.
SISTEMA MISTO
Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. Tem origem no Código Napoleônico (1808).
Fase inquisitória: 
A primeira fase é a da investigação preliminar. 
Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é presidido pelo juiz, colhendo provas, indícios e demais informações para que possa, posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. 
Obedece às características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas.
Fase acusatória:
A segunda fase é a judicial, ou processual propriamente dita. 
Existe a figura do acusador (MP, particular), diverso do julgador (somente o juiz). 
Trata-se de uma falsa segunda fase, posto que, embora haja as demais características de um sistema acusatório, o princípio unificador (ideia fundante) ainda reside no juiz como gestor da prova.
Há uma corrente doutrinária que diz que o sistema processual brasileiro é misto (Tornaghi, Mougenot), aduzindo sua dupla fase: 
Fase investigatória, de características inquisitórias, visto que é pré-processual;
Fase judicial, com características acusatórias, iniciada após o recebimento da denúncia ou queixa. 
A crítica a esta corrente cinge-se ao caráter administrativo (extraprocessual) da investigação preliminar (inquérito policial, p. ex.).
Assim, o sistema misto, conhecido por muitos como sistemas francês, propôs uma solução intermediária entre os sistemas inquisitivo e acusatório, por meio da união da eficiência inquisitória na investigação dos delitos e o tipo processual acusatório, sendo o mais adequado na defesa dos direitos humanos. Esse modelo tem como característica primária a existência de duas fases: primeiramente a inquisitória, em que vigora as práticas admissíveis no modelo inquisitivo, respeitando a dignidade da pessoa investigada – tais como procedimento sigiloso, escrito, sem contraditório e a ampla defesa. Na segunda etapa de processo propriamente dito, predominam todas as regras do modelo acusatório as quais se destacam a clara separação das funções de acusar, julgar e defender, as garantias da ampla defesa o contraditório, etc.
	Sistema acusatório - inquisitório e Misto
	Características
	Sistema inquisitório
	Sistema acusatório
	Sistema misto
	Origens
	Roma - Idades média
	Após a revolução francesa
	França - Napoleão
	Princípio unificador
	O juiz é o gestor das provas.
	As partes é que são gestoras das provas.
	O juiz é o gestor das provas.
	Funções acusar, defender e julgar
	Reunidas nas mãos do juiz.
	Separadas.
	Separadas.
	Atos do processo
	Sigilosos.
	A regra é a publicidade dos atos do processo, salvo exceções legais.
	Instrução judicial inquisitiva (sigilosa) e relação processual contraditória
	Réu
	Objeto da investigação.
	Sujeito de direitos.
	Sujeito de direitos.
	Garantias
	Não há contraditório, ampla defesa ou devido processo legal.
	Todas as garantias constitucionais inerentes ao julgamento.
	Fase inquisitiva (ausência) Fase processual (presença)
	Produção das provas
	Juiz com ampla liberdade, substituindo as partes na sua função probatória
	ônus da acusação, defesa deve provar exculpantes e justificantes
	ônus da acusação, defesa deve provar exculpantes e justificantes
	Valoração as provas
	Taxativas, onde a confissão é a rainha das provas.
	Livre convencimento do juiz e devidamente motivadas.
	Livre convencimento do juiz e devidamente motivadas.
	Contraditório
	Não há ampla defesa. Prevalece o interesse da acusação
	Presença de ampla defesa, manifesta-se após a acusação
	Presença de ampla defesa, manifesta-se após a acusação
	Presunção
	De culpabilidade, podendo utilizar-se de torturas e meios cruéis para obter a confissão.
	De não culpabilidade ou de inocência.
	De não culpabilidade ou de inocência. (relativa)
	Julgador
	É parcial.
	É imparcial, equidistantes das partes.
	É parcial na primeira fase e imparcial na segunda fase.
	Prisão
	A regra é a prisão
	A regra é a liberdade
	A regra éa liberdade
Sistema adotado no Brasil
Prevalece na doutrina que é o sistema ACUSATORIO. Baseiam-se exclusivamente nos princípios constitucionais vigentes (contraditório, separação entre acusação e órgão julgador, publicidade, ampla defesa, presunção de inocência etc.).
Fases da persecução penal:
Inquérito policial (fase procedimental): inquisitiva
Ação penal (fase processual): Acusatória
Entretanto, parcela da doutrina, contudo, entende que teríamos um sistema misto, como o Professor Guilherme de Souza Nucci, juiz de direito em São Paulo, ao afirmar que:
O sistema adotado no Brasil, embora não oficialmente, é o misto. Registremos desde logo que há dois enfoques: o constitucional e o processual. 
Enfoque constitucional: Acusatório
Enfoque processual: Misto
Em outras palavras, se fôssemos seguir exclusivamente o disposto na Constituição Federal poderíamos até dizer que nosso sistema é acusatório (no texto constitucional encontramos os princípios que regem o sistema acusatório). Ocorre que nosso processo penal (procedimentos, recursos, provas, etc.) é regido por Código Específico, que data de 1941, elaborado em nítida ótica inquisitiva (encontramos no CPP muitos princípios regentes do sistema inquisitivo, como veremos a seguir).
Nucci diz: Logo, não há como negar que o encontro dos dois lados da moeda (Constituição e CPP) resultou no hibridismo que temos hoje. Sem dúvida que se trata de um sistema complicado, pois é resultado de um Código de forte alma inquisitiva, iluminado por uma Constituição imantada pelos princípios democráticos do sistema acusatório. Por tal razão, seria fugir à realidade pretender aplicar somente a Constituição à prática forense. Juízes, promotores, delegados e advogados militam contando com um Código de Processo Penal, que estabelece as regras de funcionamento do sistema e não pode ser ignorado como se inexistisse. Essa junção do ideal (CF) com o real (CPP) evidencia o sistema misto.
Os defensores deste último entendimento dizem que, embora nossa Constituição Federal indique implicitamente que adotamos o sistema acusatório, nosso CPP é de 1941, carregando resquícios inquisitoriais daquela época (governo ditatorial de Getúlio Vargas). 
Veja que nossa CF estabelece:
O contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5º, LV); 
A ação penal pública é promovida, privativamente, pelo Ministério Público (art. 129, I), embora se assegure ao ofendido o direito à ação privada subsidiária (art. 5º LIX); 
A autoridade julgadora é a autoridade competente – juiz constitucional ou juiz natural (art. 5º, LIII, 92 a 126); 
Há publicidade dos atos processuais, podendo a lei restringi-la apenas quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (art. 5º, LX).
Considerando que nosso sistema é acusatório, o que fazer, então, com as regras ditas inquisitoriais previstas em nosso CPP?
Das duas uma: ou se consideram todas não recepcionadas, ou inconstitucionais conforme o momento de vigência; ou promove-se a filtragem necessária com os direitos e garantias fundamentais estabelecidos em nossa CF, realizando interpretação conforme. Esta última posição parece ser a melhor escolha.
Produção antecipada de provas pelo juiz – Art. 156, I do CP
Na abordagem do inciso I, do referido artigo (faculta ao juiz a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida antes mesmo de iniciada a ação penal) parcela da doutrina entende que tal dispositivo seria INCONSTITUCIONAL, por violar o sistema acusatório. A solução dada é promover a interpretação conforme da permissão dada pelo art. 156, inciso I, CPP, para hipóteses restritas nas quais já se detectasse: 
Pressupostos para produção antecipada de provas pelo juiz:
Uma investigação já em curso; 
Um expediente ou procedimento já em análise, como, v.g., um pedido de interceptação telefônica, ou uma busca e apreensão (ou seja, o juiz apenas aproveitaria o “gancho” para melhorar a apuração do que já foi pedido); 
Periculum in mora; 
Fumus boni iuris; 
Excepcionalidade da atuação de oficio nestes casos. 
Se não forem observados estes requisitos, a prova deve ser considerada ilícita e desentranhada dos autos. Parte diversa da doutrina, contudo, não promove restrições a tal dispositivo, afirmando que sua aplicação se fundamenta na busca da verdade real e que, havendo o contraditório diferido, não haveria problema na atuação oficiosa de provas urgentes. 
Produção de provas pelo juiz no curso da instrução processual – Art. 156, II do CP
Quanto à abordagem do inciso II, (produção de provas no curso da instrução processual) majoritariamente, NÃO se aponta inconstitucionalidade, na medida em que é um poder-dever do juiz dirimir dúvidas e, para tanto, ordenar diligências, com relação a ponto relevante que tenha sido levantado pelas partes. Ou seja, a partir de provas já produzidas, o juiz se estiver em dúvida sobre seu conteúdo e extensão pode e deve buscar entendê-las, realizando diligências para tanto (não há dúvidas de que em crimes de organização criminosa, crimes econômicos, esta atuação do juiz é deveras necessária, necessitando de auxílio de conhecimentos técnicos e teóricos de outras ciências).
O art. 5º, I, do CPP (iniciativa do inquérito policial), é consentâneo com o sistema acusatório?
Há doutrina que afirma negativamente, já que o juiz não poderia deflagrar de ofício um procedimento investigativo, requisitando que a autoridade assim o fizesse. Entretanto, nos tribunais pátrios, inclusive o STF e no STJ, ao que tudo indica isto não predomina, uma vez que em procedimentos investigativos relacionados a indiciados com prerrogativa de foro, aqueles tribunais superiores vêm destacando que o magistrado que preside as investigações atua tão somente como um administrador, um coordenador da montagem do acervo probatório. Analogicamente, segundo Norberto Avena (páginas 16 e 17, Processo Penal Esquematizado), extrai-se que o STF e o STJ aceitam a validade da regra de atuação oficiosa do juiz a respeito da requisição de abertura de IP. O autor também expõe no sentido da constitucionalidade do artigo referido. 
Competência. Parlamentar. Senador. Inquérito Policial. Imputação de crime por indiciado. Intimação para comparecer como testemunha. Convocação com caráter de ato de investigação. Inquérito já remetido a juízo. Competência do STF. Compete ao Supremo Tribunal Federal supervisionar inquérito policial em que Senador tenha sido intimado para esclarecer imputação de crime que lhe fez indiciado.” (Rcl 2349/TO, rel. Min. Carlos Velloso, rel. p/Acórdão Min. Cezar Peluso, julg. 10.03.2004, DJ 05.08.2005, p. 007, Ement. Vol. 2199-01 p. 0074)
Investigação criminal no STF: O STF entende caber‑lhe autorizar o próprio início da investigação, o qual deve ser requerido pelo Procurador‑Geral da República. Portanto, se o PGR entender existir necessidade de coletar provas para decidir quanto à acusação, deve requerer ao STF instauração de inquérito, a qual será determinada ao Departamento de Polícia Federal. O PGR também pode realizar diretamente investigação criminal, mediante procedimento investigatório criminal.
O art. 28, do CPP é compatível com a ordem vigente?
Pedido de arquivamento do IP feito pelo MP, possibilidade do remeter o IP para o PGR. Parcela da doutrina afirma que não, uma vez que o juiz estaria assumindo o papel de acusador ao não aceitar o arquivamento do IP e, desta forma, insistir na persecução criminal. Além disso, assevera-se que a titularidade da ação penal é exclusiva do MP, de modo que o juízo não pode imiscuir-se nesta área. Nada obstante, ao que se pode perceber, a jurisprudência nacional vem mantendo a validade e aplicabilidade da norma, inclusive adotando-a analogicamente em outros institutos (vide Sumula 696 do STF: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral,aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”).
A ATIVIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO E O SISTEMA ACUSATÓRIO
A definição do Ministério Público encontra-se na Constituição Federal, no art. 127, que diz: 
"O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis."
Deste modo, o Ministério Público foi criado para contribuir com a celeridade na solução dos conflitos sociais, bem como para resguardar os interesses da sociedade.
Para proteger o Ministério Público e assegurar a liberdade da instituição no exercício de suas funções, a Lei Magna previu princípios e garantias institucionais que foram arrolados nos parágrafos do art. 127. Para os fins propostos neste estudo, são suficientes as análises do princípio institucional da independência funcional e da garantia institucional da autonomia funcional.
O princípio institucional da independência funcional é assim explicado por Lenza:
Independência funcional: trata-se de autonomia de convicção, na medida em que os membros do ministério público não se submetem a qualquer poder hierárquico no exercício de seu mister, podendo agir no processo da maneira que melhor entenderem. A hierarquia existente se restringe às questões de caráter administrativo, materializada pelo chefe da instituição, mas nunca, como dito, de caráter funcional. Tanto é que o art. 85, II, da CF/88, considera crime de responsabilidade qualquer ato do Presidente da República que atentar contra o livre exercício do Ministério Público.
De acordo com a lição de Lenza, o membro do Ministério Público, no desempenho de suas várias funções, sendo uma delas atuar no processo, goza de liberdade para a tomada das decisões, não havendo subordinação a qualquer outro agente público, ainda que seja o "chefe" da instituição que somente é assim considerado do ponto de vista administrativo.
Mais adiante, ao tratar da autonomia funcional, prossegue Lenza:
Autonomia funcional, inerente à instituição como um todo e abrangendo todos os órgãos do Ministério Público, está prevista no art. 127, § 2º da CF/88, no sentido de que, ao cumprir os seus deveres institucionais, o membro do Ministério Público não se submeterá a nenhum outro "poder" (legislativo, executivo, judiciário), órgão, autoridade pública etc. Deve observar apenas a Constituição, as leis e a sua própria consciência.
A esfera de atuação do Ministério Público, em especial na defesa de direitos e interesses transindividuais, encontra-se tão ampliada que Lenza chega a tratá-lo como um quarto poder, ao afirmar que "o membro do Ministério Público não se submeterá a nenhum outro poder".
Na lista de funções institucionais do Ministério Público presente no art. 129 da Constituição Federal estão:
Titularidade e monopólio para promover a ação penal pública, na forma da lei, com a única exceção prevista no art. 5º, LIX, que admite a ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal (sem, contudo, retirar a titularidade da ação penal do ministério público);
Zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da união e dos estados, nos casos previstos nesta constituição;
Defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
Expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
Promoção privativa da ação penal pública que consta de seu inciso primeiro. Sendo assim, o princípio institucional da independência funcional juntamente com a garantia institucional da autonomia funcional deve também ser observados no processo penal. Mais uma vez, a Constituição demonstra consagrar o sistema acusatório, ao prever garantias e princípios que visam a assegurar a liberdade e independência do órgão acusador.
PRINCÍPIOS E GARANTIAS DO MINISTÉRIO PUBLICO
Principio do Promotor Natural
A CF assegura que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente, ou seja, pelo promotor da área.
Ex.: Não pode na falta do Promotor Penal, substituí-lo o Promotor Civil.
Princípios Institucionais do MP - (art. 127, §1, CF/88)
Unidade: É a visão de um só chefe, como instituição única, com função meramente funcional.
Indivisibilidade: É a possibilidade de um membro do Ministério Publico, substitua outro, dentro da mesma função.
Independência Funcional: É a autonomia de convicção que os membros do MP não se submetem a qualquer poder hierárquico, podendo agir no processo da maneira que melhor entenderem.
Garantias Institucionais do MP- (art. 127, CF/88)
Autonomia Funcional- (art. 127, §2, CF/88). Inerente a Instituição, ao cumprir os seus deveres institucionais, o membro do MP não se submeterá a nenhum outro “poder” (Legislativo, Executivo, Judiciário), órgão, autoridade publica, etc.
Autonomia Administrativa- 
(art. 127, §2, CF/88). Consiste na capacidade de direção de si próprio, autogestão, auto-administração, um governo de si, com criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares.
Autonomia Financeira- (art. 127, §3, CF/88). Pode elaborar seu orçamento dentro dos limites estabelecidos na Lei, podendo, autonomamente, administrar os recursos que lhe forem destinados.
Garantias dos membros do MP- (art. 128, §5, CF/88)
Vitaliciedade (art. 128, §5, I-a). É o período probatório, adquirido em 2 anos de efetivo exercício do cargo, mediante aprovação em concurso de provas e títulos.
Inamovibilidade (art. 128, §5, I-b). Um membro do MP não poderá ser transferido sem a sua autorização ou solicitação. Excepcionalmente por motivo de interesse publico, mediante decisão o órgão competente do MP (Conselho Superior do MP) e vota da maioria absoluta de seus membros.
Irredutibilidade de Subsídios (art. 128, §5, I-c). O subsidio dos membros do MP não poderá ser reduzido, sendo assegurada a irredutibilidade nominal, não se assegurando a corrosão inflacionaria.
Impedimentos (vedações) imputados aos membros do MP- (art. 128, §5, II, CF/88)
Receber a qualquer titulo e sob pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
Exercer a advocacia (com exceção dos membros MP da União);
Participar de sociedade comercial;
Exercer qualquer outra função pública, salvo a do magistério;
Exercer atividade político-partidária.
Conselho Nacional do MP – (art. 130-A, CF/88)
O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução.
Composição: 
1 Membro nato
14 membros nomeados
Procurador geral da republica; (presidência) – Membro nato.
4 membros do MP da união;
3 membros do MP dos Estados;
2 juízes, indicado pelo STF;
1 juiz, indicado pelo STJ;
2 advogados, indicados pelo CFOAB;
2 pessoas de conhecimento jurídico e indenidade moral, indicados pela Câmara e pelo Senado.
LIDE PENAL 
A lide e seus elementos na concepção de Carnelutti 
Para Carnelutti, lide é “um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida”. Dessa conceituaçãose abstrai dois elementos: o “interesse” e a “pretensão”. Carnelutti explica tais significados :
Interesse é a posição favorável para a satisfação de uma necessidade assumida por uma das partes.
Pretensão é a exigência de uma parte de subordinação de um interesse alheio a um interesse próprio.
Pelo que se percebe, toda pretensão é dotada de interesse, mas o inverso não ocorre. 
Lide e jurisdição
Na verdade, a lide não é característica da jurisdição. Se assim fosse, seria muito difícil explicar a jurisdição constitucional (controle abstrato de constitucionalidade das leis), as ações preventivas, as ações constitutivas necessárias e a jurisdição voluntária, em que não existe lide. 
No convívio social, é comum que os interesses de um indivíduo se contraponham aos interesses de outro, acarretando o surgimento de um conflito de interesses, ou, simplesmente, lide. No campo penal, com a prática de uma conduta prevista em lei como ilícito penal, surge um conflito de interesses entre o direito subjetivo do Estado, visando a punição do infrator (jus puniendi) e o direito de liberdade do autor da conduta (jus libertatis). Surge, assim, a pretensão punitiva que é a exigência de subordinação do interesse do autor do ilícito penal ao interesse do Estado.

O Estado não pode impor de plano, o seu interesse repressivo. A oposição do titular do direito de liberdade à pretensão punitiva do Estado faz surgir a lide penal, que somente pode ser solucionada pela jurisdição. 
Forma de composição da lide - o processo penal 
O conflito de interesses, resultante da oposição do titular do jus libertatis a pretensão punitiva estatal (jus puniendi), não pode ser solucionado pela autodefesa, que pressupõe o emprego de força e, portanto, a negação do direito, com o predomínio do mais forte sobre o mais fraco. 
Modernamente, o Estado soluciona os conflitos de interesses, especialmente no campo penal, através de sua função jurisdicional, por meio do processo penal. 
Ressalte-se que a Constituição Federal estabeleceu a necessidade da atuação de um órgão jurisdicional, prevendo os princípios do devido processo legal e do juiz natural. 
O princípio do devido processo legal, previsto no artigo 5o, inciso LIV, da Constituição Federal, dispõe que: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Assim, somente por meio de um processo, no qual sejam observadas as prescrições legais, é que se torna possível a imposição de sanção ao infrator. 
Por seu turno, o princípio do juiz natural, consagrado no artigo 5o, LIII, da Constituição Federal, afirma que: “ninguém será processado, nem sentenciado senão pela autoridade competente”. 
Em síntese: a lei penal não pode ser aplicada senão por meio das formas processuais previstas na lei, ou seja, pela via do direito processual penal, de sorte que ninguém pode ser punido senão por um órgão jurisdicional estabelecido legalmente. 
O processo penal pode ser definido como sendo o conjunto de atos cronologicamente concatenados, regido por princípios, e destinado a compor as lides de caráter penal. Sua finalidade é, assim, a aplicação do direito penal objetivo. 
Segundo os ensinamentos de José Frederico Marques, direito processual penal é “o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares”. 
Com a finalidade reprimir a prática de ilícitos penais, a lei previu a existência de três órgãos públicos distintos, cada qual com uma finalidade específica: a Polícia Judiciária, o Ministério Público e os juízes ou Tribunais penais. 
A Polícia Judiciária tem por função precípua a repressão das práticas delitivas, investigando a sua ocorrência e autoria. Tal atribuição é importante porque, normalmente, para que a ação penal seja proposta, são necessárias atividades investigatórias, que consistem em atos administrativos praticados pela Polícia Judiciária, no bojo do inquérito policial. 
O Ministério Público, por outro lado, representa o Estado-Administração na função de exigir a imposição da sanção ao infrator. O Ministério Público é o titular da ação penal pública, sendo que, a partir de sua iniciativa, torna-se possível a responsabilização do criminoso. 
Aos juízes e Tribunais, representantes do Estado-Jurisdição, cabem as funções de julgar, afirmando se o réu é inocente ou culpado, e, neste último caso, impondo a sanção correspondente.
A questão da lide no processo penal
A prática de determinado delito faz surgir para o Estado o direito de punir o criminoso, porém, contraposto a ele, existe o direito de liberdade do indivíduo. Em consideração a essa prerrogativa fundamental do ser humano, o Direito Penal é de coação indireta, qual seja, para que o Estado aplique a pena cominada no preceito secundário da norma incriminadora penal, é necessário que um órgão imparcial (o Judiciário) descubra a verdade dos fatos por meio da consideração dos argumentos da acusação e da defesa.
A doutrina majoritária – Existência de Lide no processo penal.
A doutrina tradicional diz que da prática de um delito nasce o litígio entre o direito de punir do Estado e o direito de liberdade do acusado. Esse litígio, transposto para o processo penal, se transforma em lide, que consiste em um conflito de interesses entre a acusação e a defesa: uma parte requer a punição, a outra resiste a essa pretensão. A maioria da doutrina nacional está filiada a esse entendimento, originado em Carnelutti: Julio Fabbrini Mirabete, Fernando Capez, Hélio Tornaghi, Frederico Marques, Fernando da Costa Tourinho Filho etc.
O renomado professor Mirabete, assim se posiciona:
No campo penal, opondo-se o titular do direito de liberdade a pretensão punitiva, e não podendo o Estado impor, de plano, o seu interesse repressivo, surge a lide penal. Mesmo que o autor da conduta punível não queira resistir à pretensão do Estado, deve fazê-lo, pois o Estado também tutela o jus libertatis do imputado autor do crime... a pretensão punitiva somente pode ser exercida tendo como instrumento o direito de ação (jus persecutionis).
Na esfera penal, em havendo exigência de subordinação do interesse do autor da infração penal ao interesse do Estado, nasce a pretensão punitiva. Seguindo o raciocínio, em havendo oposição de uma parte à pretensão da outra fica caracterizada a lide.
Será através do direito de ação que o Estado acabará por exercitar, seja o jus puniendi ou o jus libertatis. Assim, com o surgimento da pretensão punitiva surge a lide penal.
Existência de Lide acidental no processo penal.
Porém, parte respeitável da doutrina propugna a tese que a lide é categoria acidental do processo (penal ou civil), isto é, nem sempre haverá lide, sendo que essencial ao processo é a pretensão, que, no entender do mesmo Carnelutti é "a exigência de subordinação do interesse alheio [do acusado] ao próprio [do Estado]". A pretensão punitiva se consubstancia na denúncia e na queixa, em que a acusação solicita ao juiz a condenação do réu.
De acordo com Afrânio Silva Jardim, "Não é incomum haver consenso entre as partes e o processo ser necessário por imposição da própria lei... O desejo do réu de submeter-se à pena é irrelevante [para efeito de se dispensar o processo]... Não se pode negar que o processo é uma das formas mais comuns de composição do conflito de interesses. Entretanto, urge admitir que a lide não lhe é essencial, podendo o processo ser concebido sem uma efetiva oposição do réu à pretensão do autor. "
Vários exemplos podem ser trazidos: quando citado, o réu tem a possibilidade de simplesmente confessar a autoria do fato criminoso e manifestar a intenção de se submeter à pena; não há lide na execução, mas apenas sujeição do condenado; também não há lide na revisão criminal, na reabilitação e em alguns casos de habeas corpus em que este é ajuizado pelo próprio Ministério Público.
Assim, a despeito de, na imensa maioria das vezes, a lide efetivamenteocorrer no processo penal, excepcionalmente isso pode não acontecer, sendo apenas a pretensão categoria essencial ao processo.
Inexistência de Lide no processo penal
Há, por fim, uma terceira posição sobre o assunto que assevera a inexistência de lide no processo penal, mesmo que acidentalmente. De acordo com essa parte da doutrina, o objetivo do processo penal é diverso do civil, pois, enquanto neste, procura-se, via de regra, solucionar um conflito de interesses (v.g., entre duas pessoas que disputam a posse de um mesmo bem), naquele, o objetivo é descobrir a verdade dos fatos, isto é, saber o que realmente aconteceu, se o acusado de fato cometeu o crime de que é imputado para assim, absolvê-lo ou condená-lo.
Nesse sentido, não há conflito de interesses, pois o direito de punir do Estado só aparece, de fato, na sentença condenatória irrecorrível, em que o sujeito passa de réu a culpado. Além disso, em termos constitucionais, não pode haver direito de punir contra o réu, pois a seu favor existe a presunção de inocência (CF, art. 5°, LVII) e é no mínimo ilógico pensar-se em um direito de punir alguém que é presumido inocente.
O Ministério Público, ao denunciar, não estaria entrando em conflito com o direito de liberdade do réu? Não, porque não se pode falar de interesse do MP, como órgão estatal, em condenar o réu. Aliás, interesse significa "sentimento que nos leva a procurar aquilo que é necessário, útil ou agradável". E o que é necessário e útil para o MP? Condenar o acusado? Novamente não, pois sua função não é meramente acusar, mas principalmente proteger a ordem jurídica e os direitos individuais indisponíveis (CF, art. 127, caput) o que significa, ao fim do processo, a absolvição dos inocentes e a condenação dos culpados. Tanto é assim que o MP é chamado de parte imparcial podendo, durante o processo, propugnar pela inocência do réu, e mesmo, recorrer a seu favor, em caso de sentença condenatória.
Lide na ação penal privada
Ressalte-se que alguns autores consideram que a lide pode existir no processo penal, quando a ação penal é privada, pois aí se poderia dizer que há um efetivo conflito de interesses entre as partes: a acusação, nessa hipótese, não tem, ao menos diretamente, o objetivo de defender a ordem jurídica. A finalidade é, via de regra, sobrepor seu interesse ao do réu, principalmente se considerarmos que a sentença penal é título executivo para efeitos civis.
O Superior Tribunal de Justiça tem julgado nesse sentido (Resp 13.375/RJ):
"RESP - recurso - assistente de acusação - o processo penal e complexo de relações jurídicas que tem por objeto a aplicação da lei penal. Não ha partes, pedido ou lide, nos termos empregados no processo civil. Juridicamente, acusação e defesa conjugam esforços, decorrência do contraditório e defesa ampla, para esclarecimento da verdade real. Ninguém pode ser condenado sem o devido processo legal. o assistente também e interessado na averiguação da verdade substancial. o interesse não se restringe a aquisição de titulo executório para reparação de perdas e danos. O direito de recorrer, não o fazendo o ministério publico, se da quando a sentença absolveu o réu, ou postulado aumento da pena. A hipótese não se confunde com a justiça privada. a vitima, como o réu, tem direito a decisão justa. a pena, por seu turno, e a medida jurídica do dano social decorrente do crime."
Portanto, no processo penal, acusação e defesa conjugam esforços para a descoberta da verdade: é uma relação dialética, em que há tese e antítese convertidas pelo juiz em uma síntese: a sentença. Por isso, comungamos da opinião de Jacinto N. Miranda Coutinho de "que é inaceitável no processo penal a lide para referir o conteúdo do processo penal, que deve ser apresentado pela expressão caso penal".
A lide na visão constitucional e garantista do processo:
Diante da nova visão constitucional e garantista do processo, fica muito evidente que, independente da natureza dos interesses, é necessária a instauração da relação processual, o exercício da ampla defesa e, assim, fica evidente que, mesmo no processo penal, a lide se mostra presente. 
Diante da consagração da dignidade humana mostra-se necessário um novo entendimento acerca dos conceitos de lide, processo e ação visando coibir o forte poder estatal intervencionista.
As regras de cunho garantista buscam o acautelamento dos direitos individuais e, no caso do processo penal, que na verdade hoje seria um direito constitucional processual penal ante a influência das normas constitucionais, acabaram por agasalhar a ideia de que, independente da posição do cidadão frente à pretensão punitiva do Estado, imperioso se faz a formação da relação processual restando comprovada a existência da lide.
A solução da lide restará observada através de uma sucessão de atos onde cada uma das partes, obrigatoriamente, por força de mandamento constitucional, terá oportunizado a garantia de demonstrar a prevalência de seu interesse sobre o do outro, ou seja, a acusação no relativo à obtenção da pretensão punitiva e, a defesa, no relativo à perpetuação da liberdade do acusado.
Assim, em havendo uma infração penal, o Estado, titular da pretensão punitiva, por meio do MP deverá buscar junto ao Judiciário a realização de sua pretensão. 
O Juiz, através da observância dos princípios constitucionais que acolhem a questão, ouve as partes, colhe as partes e, ao final, entrega prestação jurisdicional, seja através do reconhecimento da aplicação da pena ou, em linha contrária, seja através do afastamento da culpabilidade do acusado. Isso é o processo. 
Se o processo, seja ele civil ou penal, visa à composição de um litígio, podemos afirmar que eles não apresentam características estruturais diferenciadas; em ambos os processos a atuação do Judiciário, a princípio se mostra obrigatória e, em ambos, a intervenção do Poder Jurisdicional está condicionada ao exercício do direito de ação.
Assim, entendemos pela corrente que não vê distinção entre o conceito de ação no processo penal e o conceito de ação no processo civil e que, indiscutivelmente entende pela presença de lide. 
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Fonte é o local de onde provém o direito, o local de onde ele emana. 
Segundo a doutrina, as fontes podem ser de duas espécies: 
Fontes de produção (ou materiais) e 
Fontes formais. 
Fontes de produção ou materiais.
São aquelas que constituem ou criam o direito. Encontram-se previstas na Constituição Federal. 
De acordo com o artigo 22, inciso I, da Magna Carta: “Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeroportuário, espacial e do trabalho”. 
Assim, tratando-se de norma de direito processual penal, cabe unicamente à União a sua elaboração, competência privativa, dada a natureza publicista desse ramo do direito. Todavia, conforme preconiza o artigo 22, parágrafo único, da Constituição Federal, lei complementar pode autorizar os Estados-membros a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas no referido artigo, inclusive sobre direito processual penal. 
Por outro lado, o artigo 24, incisos X e XI, e artigo 98, I, ambos da Constituição Federal, estabelecem a competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre a criação, funcionamento e processo dos juizados especiais. 
Também o artigo 24, I e §§ 1º e 2º, da Constituição Federal, prevê a competência concorrente para legislar sobre direito penitenciário. 
Ainda, no art. 24, IV, da Constituição Federal, foi estabelecida a competência concorrente dos Estados-membros e da união, de acordo com as respectivas Constituições Estaduais, para legislar sobre organização judiciária, bem como sobre custas dos serviços forenses, cabendo a União apenas a competência para elaboração de normas gerais. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. 
	Matéria
	Competência
	Processo Penal
	Privativa daUnião
	Juizado Especial
	Concorrente da União, dos Estados e do DF
	Penitenciário
	Concorrente da União, dos Estados e do DF
	Custas de serviços forenses
	Concorrente da União, dos Estados e do DF
CF/88 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Fontes formais. 
Constituem o modo de expressão do direito, subdividindo-se em: 
Fonte primária (imediata ou direta) e 
Fontes secundárias (mediatas ou indiretas). 
A fonte primária:
É lei. É por meio da lei que o Estado impõe a sua vontade.
As fontes secundárias, por sua vez, são o costume, os princípios gerais do direito e a analogia. Ressalte-se que o artigo 4o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro estabeleceu que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”. 
Fontes Secundárias:
Costume: é a regra de conduta praticada de modo geral, constante e uniforme por uma determinada sociedade, com a consciência de sua obrigatoriedade. Embora não mencionado no artigo 3º do Código de Processo Penal, que admite a aplicação da analogia e dos princípios gerais do direito, o costume é referido no citado artigo 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, como uma das formas integradoras do direito, em caso de lacuna de lei. Assim, desde que não contrarie os fins do processo, nem prejudique os sujeitos do processo, o costume pode ser aplicado no direito processual penal como fonte do direito. É o que se denomina “praxe forense”. 
Princípios gerais do direito: são premissas éticas extraídas da legislação e do ordenamento jurídico em geral. Podem suprir lacunas e omissões da lei, adaptados às circunstâncias do caso concreto. O artigo 3º do Código de Processo Penal considerou os princípios gerais do direito como fonte suplementar do direito processual penal. 
Analogia: é forma de auto-integração da lei. Havendo lacuna involuntária aplica-se ao fato não regulado expressamente um dispositivo que disciplina hipótese semelhante. Consiste, portanto, na extensão de uma norma jurídica de um caso previsto a outro que não tem previsão legal, com fundamento na semelhança entre os dois. É necessário, entretanto, que haja real semelhança entre o caso previsto e o não previsto, além de igualdade de valor jurídico e igualdade de razão entre ambos (ubi eadem ratio, ubi idem ius). 
	FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
	MATERIAL
	Fonte produtora
	União
	FORMAL PRIMÁRIA
	Imediata ou direta
	Lei
	FORMAL SECUNDÁRIA
	Mediata ou indireta
	Costumes, Princípios gerais de direito e Analogia
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL
Interpretação
A aplicação da lei processual penal segue as mesmas regras de hermenêutica que disciplinam a interpretação das leis em geral.
O que se procura com a interpretação é o conteúdo da lei, é a inteligência e a vontade da lei, não a intenção do legislador. Este é pessoa imaginária, cuja vontade dificilmente se chega a saber que coisa é, até porque o legislador é na maioria dos casos, órgão coletivo, em que cada componente, como pessoa física, tem vontade própria e possivelmente diversa dos demais.
O processo penal em seu art 3º prevê:
Art. 3o - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
Admite-se interpretação extensiva
Uma determinada regra tem seu campo de incidência ampliado resultando que a norma tem um conteúdo mais amplo do que resultaria da simples aplicação de seu texto.
Emprego da analogia (integração)
É meio de integrar a norma, estendendo sua aplicação para casos não previstos pelo legislador.
Por exemplo “Será admitido gravação magnética ou técnica similar”. Essa expressão possibilita ao interpretador utilizar a analogia para elencar outros meios de gravação.
As normas processuais penais somente toleram interpretação extensiva e analogia quando não restringem direitos do acusado.
Entendemos que, nas questões eminentemente de direito, em que não há qualquer controvérsia fática, não havendo dúvida a ser eliminada pela atividade probatória mesmo assim deve prevalecer a decisão mais favorável ao acusado. Badaró .
Espécies
Quanto ao sujeito que elabora
Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. Pode ser:
Contextual: feita pelo próprio texto interpretado;
Posterior: feita após a entrada em vigor da lei.
Doutrinária ou científica: feita pelos estudiosos e doutores do Direito.
Observação: as exposições de motivos constituem forma de interpretação doutrinária, uma vez que não são leis.
Judicial: feita pelos órgãos jurisdicionais.
Quanto aos meios empregados
Gramatical, literal ou sintática: leva-se em conta o sentido literal das palavras.
Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seusfins e à sua posição dentro do ordenamento jurídico.
Quanto ao resultado
Declarativa: há perfeita correspondência entre a palavra da lei e sua vontade.
Restritiva: a interpretação vai restringir o seu significado, pois a lei disse mais do que queria. 
Extensiva: a interpretação vai ampliar o seu significado, pois a lei disse menos do que queria.
Interpretação da Norma Processual Penal
A lei processual admite interpretação extensiva, pois não contém dispositivo versando sobre direito de punir. Exceções: tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade pessoal (prisão em flagrante, por exemplo), o texto deverá ser rigorosamente interpretado. O mesmo quando se tratar de regras de natureza mista.
Formas de Procedimento Interpretativo
Equidade: correspondência ética e jurídica da circunscrição – norma ao caso concreto;
Doutrina: estudos, investigações e reflexões teóricas dos cultores do direito;
Jurisprudência: repetição constante de decisões no mesmo sentido em casos semelhantes 
INTEGRAÇÃO DA LEI PROCESSUAL:
Prevista na LICC e no CPC, referindo-se à ANALOGIA, EQUIDADE, PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO. Utilizada quando não há lei específica para o caso concreto.
A integração é o trabalho do aplicador da lei, para suprir as lacunas que a lei processual possa apresentar, mediante utilização dos princípios gerais do direito, e como decorrência do poder dever da jurisdição. Ressalta-se que  no Brasil o juiz não pode se abster de julgar um caso pela obscuridade da lei, devendo o magistrado recorrer a analogia (quando permitido, o que não é o caso da jurisdição penal), jurisprudência, doutrinas, costumes e a equidade. 
ANALOGIA
Consiste em aplicar a uma hipótese não regulada por lei disposição relativa a um caso semelhante.
Fundamento: Ubi eadem ratio, ibi eadem jus (onde há a mesma razão, aplica-se o mesmo Direito).
Natureza Jurídica: Forma de auto-integração da lei, ou seja, forma de supressão de lacunas.
Distinção
Analogia: inexiste norma reguladora para o caso concreto, devendo ser aplicada norma que trata de hipótese semelhante.
Interpretação extensiva: existe norma reguladora do caso concreto, mas esta não menciona expressamente sua eficácia.
Interpretação analógica: a norma, após uma enumeração casuística, traz uma formulação genérica. A norma regula o caso de modo expresso, embora genericamente (exemplo: artigo 121, § 2.º, inciso IIIe IV do Código Penal).
Observação: não confundir interpretação analógica com aplicação analógica. Aquela é forma de interpretação e esta forma de auto-integração. 
Espécies de AnalogiaIn bonam partem: em benefício do agente.
In malam partem: em prejuízo do agente.
Obs.: A lei processual penal admite a analogia “in bonam partem” como regra, e só admite a analogia “in malam partem” quando não haja lesão a conteúdos materiais (contraditório, ampla defesa, liberdade). 
LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO 
Prevê o artigo 2º do Código de Processo Penal que a lei processual penal deve ser aplicada desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Trata-se do princípio da aplicação imediata ou princípio tempus regit actum, que determina a aplicação da lei processual que está vigente ao tempo em que o ato processual deve ser praticado. 
Desta forma, quando a lei processual penal entra em vigor deve ser aplicada a todos os processos que estejam em curso, devendo regular a prática dos atos processuais a partir de então, seja ou não mais prejudicial ao acusado.
Ademais, o artigo 2º do Código de Processo Penal ressalva que os atos praticados sob a égide da lei anterior permanecem válidos. CPP - Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
Por outro lado, nos termos do artigo 1º do Código de Processo Penal, a lei processual penal deve ser aplicada em todo o território nacional, salvo eventuais exceções decorrentes de tratados, convenções ou regras de direito internacional. 
Portanto, como regra, devem ser aplicadas as normas constantes do Código de Processo Penal a todos os processos que tramitam no território brasileiro, ressalvados os casos previstos no referido artigo 1º. 
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:
I - Os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - Os processos da competência do tribunal especial 
V - Os processos por crimes de imprensa.  
LEI PROCESSUAL NO TEMPO
Direito Intertemporal
	Penal
	Processo Penal
	Princípio da irretroatividade da lei mais gravosa ou da ultratividade da lei mais benéfica
Se for mais benéfica, será́ aplicada às infrações cometidas antes de sua vigência. Se for maléfica, não retroagirá.
Se a sentença condenatória já́ tiver transitado em julgado, caberá́ ao juízo de execuções a aplicação da lei nova mais benigna. 
	Princípio da aplicação imediata:
A lei processual penal tem aplicação imediata, pouco importa se gravosa ou não à situação do réu. Os atos anteriores continuam válidos e, com o advento da nova lei, os atos futuros serão realizados pautados pelos seus ditames. 
Art. 2º: a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
A Lei 12.234/10 entrou em vigor em 06/05/10 e promoveu as seguintes mudanças: 
Art. 109, VI, CP: antes da Lei, quando o crime tinha pena máxima inferior a 1 ano, a prescrição se dava em 2 anos. Agora é em 3 ANOS, ou seja, pior para o acusado.
Art. 110, §1o, CP: Acabou com a prescrição retroativa entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da peça acusatória.
Como as mudanças são gravosas para o réu, não devem retroagir (princípio da irretroatividade da lei mais gravosa). 
Com a alteração do art. 117 do LEP pela Lei 12.433/11, EM HAVENDO FALTA GRAVE, O JUIZ PODERÁ REVOGAR ATÉ 1/3 DO TEMPO REMIDO. Antes da Lei, a antiga redação dizia que a perda era de todo o tempo remido, referendada pela SV 9. Essa mudança foi benéfica, ou seja, retroage (princípio da ultratividade da lei mais benéfica). 
A doutrina moderna costuma fazer uma subdivisão: 
	NORMA GENUINAMENTE PROCESSUAL
	NORMA PROCESSUAL MATERIAL OU HÍBRIDA
	Cuida de procedimentos, atos processuais, técnicas do processo etc. Por se tratar de norma processual, aplica-se o princípio da APLICAÇÃO IMEDIATA (tempus regit actum).
	COMO TAMBÉM REGULA ASPECTOS PENAIS, APLICA-SE O PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI MAIS GRAVOSA OU DA ULTRATIVIDADE DA LEI MAIS BENÉFICA.
Normas processuais materiais são aquelas que estabelecem condições de procedibilidade, meios de prova, liberdade condicional, espécies de prisão cautelar e de liberdade provisória, enfim, todas as normas processuais que repercutem no DIREITO DE LIBERDADE DO AGENTE. Corrente para a Defensoria. 
Normas processuais materiais são aquelas que dispõem sobre o conteúdo da pretensão punitiva, tais como aquelas relativas ao direito de queixa, representação, prescrição, decadência, perdão e perempção. São NORMAS LIGADAS À EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. Corrente majoritária. 
1º exemplo: o art. 90 da Lei 9.099/95 diz que as disposições da lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já́ estiver iniciada. A Lei dos Juizados trata de procedimentos (matéria genuinamente processual – aplicação imediata) e de institutos despenalizadores (normas processuais materiais benéficas – ultratividade da lei mais benéfica). Por isso, retroage para beneficiar o acusado. 
2º exemplo: a Lei 9.271/96 deu nova redação ao caput do art. 366 do CPP. A novidade foi a suspensão do processo e da prescrição se o acusado citado por edital, não comparecer nem constituir advogado. Antes da Lei, era decretada a revelia, prosseguindo-se o feito com a nomeação de dativo. Como a lei prevê a suspensão da prescrição (aspecto material), prevaleceu o entendimento de que, POR SER MAIS GRAVOSA A SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO, NÃO PODERIA RETROAGIR. 
3º exemplo: a Lei 11.689/08 extinguiu o protesto por novo júri. Era um recurso cabível quando alguém era condenado a uma pena igual ou superior a 20 anos por um único delito. O que acontecia: no caso de homicídio qualificado, dava-se a pena de 19 anos justamente para impossibilitar o protesto por novo júri. No caso Dorothy Stang, houve a absolvição do mandante do assassinato no segundo julgamento, o que despertou revolta. Se um homicídio qualificado foi cometido em 05/06/08 (tinha direito ao protesto), o julgamento foi em 15/02/12 (protesto extinto) e o acusado foi condenado à pena de 23 anos, ele tem direito ao protesto? 
2 correntes: 
O art. 4o da Lei 11.689/08 é exemplo de norma processual material, porquanto repercute no direito de liberdade do agente. Logo, se o crime foi praticado até o dia 08/08/08, o cidadão terá́ direito ao protesto, ainda que seu julgamento ocorra após a extinção do protestoposição de LFG, boa para DPU! 
A Lei que se aplica ao recurso não é aquela em vigor à época do crime, nem tampouco a vigente quando da interposição do recurso, mas sim a lei em vigor no momento em que a decisão recorrível foi publicada, pois é nesse momento que se adquire o direito às regras recursais então vigentes. (posição do STF)
Posição do STF (info. 732): AS PESSOAS CONDENADAS PELO TRIBUNAL DO JÚRI APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA LEI 11.689/2008 NÃO TÊM DIREITO AO RECURSO “PROTESTO POR NOVO JÚRI”, AINDA QUE O CRIME TENHA SIDO COMETIDO ANTES DA REFERIDA LEI REVOGADORA. A norma é processual. A lei que deve ser aplicada é aquela vigente quando surge para a parte o direito subjetivo ao recurso, ou seja, a partir da publicação da decisão a ser impugnada.
NORMA PROCESSUAL HETEROTÓPICA Não obstante prevista em diploma processual penal, possui conteúdo material (deve retroagir para beneficiar o acusado). Ex.: normas relacionadas ao direito ao silencio (cunho material). 
Posição minoritária (Paulo Queiroz e Antônio Vieira): a irretroatividade da lei penal mais gravosa também deve ser aplicada à norma processual, de sorte a potencializar as garantias inerentes ao imputado. Essa posição coloca as duas normas (penal e processual) no mesmo patamar. O dogma da aplicação imediata da lei processual estaria ultrapassado, de forma que a norma processual mais gravosa só́ seria aplicada

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