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29 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde Unidade II 3 LOTE DE COMPRA E REABASTECIMENTO Na maioria das organizações, os materiais são obtidos de fornecedores externos e a tomada de decisão de compra pode ser feita de forma contínua ou em uma única vez. O tempo de obtenção deste material, período que vai da emissão do pedido até o momento do recebimento dos materiais, pode ser constante ou ter uma pequena variação. Muitas vezes esta variação pode ser regular ou aleatória. A tomada de decisão de compra leva em consideração o custo por se estocar grande quantidade ou por estocar pouca quantidade de materiais. Devemos atentar para duas perguntas importantes: • Qual a frequência e quando devemos solicitar o material? • Qual a quantidade (quantas) deve ser solicitada em cada pedido? Para entender melhor o conceito de lote de compra e reabastecimento, precisamos conhecer alguns conceitos. 3.1 Tempo de reposição ou reabastecimento Para determinarmos este tempo de reposição, é necessário sabermos o prazo necessário para que o estoque precise ser reposto, até o prazo de entrega do material, estando à disposição do almoxarifado para uso. Podemos separar este prazo em três momentos: • Prazo de emissão do pedido – em que identificamos o tempo necessário para perceber a necessidade do material até o pedido chegar ao fornecedor. • Prazo de elaboração do pedido – que vai do período de recebimento do pedido pelo fornecedor ao prazo dele fabricar, separar, faturar e deixar em condições de ser entregue. • Prazo de entrega ou transporte – período que o fornecedor leva para despachar o pedido e entregar em nosso almoxarifado. 30 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II Podemos então representar o tempo de reposição de materiais conforme o gráfico a seguir. mê s 1 mê s 2 mê s 3 mê s 4 mê s 5 mê s 6 mê s 7 mê s 8 mê s 9 mê s 1 0 0 20 40 60 80 100 120 Movimentação Estoque mínimo Utilização do estoque mínimo 1 – Emissão do pedido 2 – Elaboração do pedido 3 – Entrega PP – Ponto de pedido TR – Tempo de reposição PP TR 1 2 3 Figura 15 – Representação gráfica do tempo de reposição de um material Neste gráfico podemos notar o ponto de pedido (PP), que nos indica quando devemos iniciar o processo de compra. Quando este marco em quantidades for atingido deve‑se emitir novo pedido de compra para suprir as necessidades de material na organização. Para calcularmos o ponto de pedido, precisamos calcular primeiro o estoque disponível. Estoque disponível = Estoque físico + Fornecimento em atraso + Fornecimentos em aberto dentro do prazo. Alguns autores como Dias (2009) chamam o estoque disponível de estoque virtual. Então temos: Estoque virtual = Estoque físico + Saldo de fornecimento 31 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde Figura 16 – Estoque físico O estoque deve ser reposto quando o estoque virtual estiver abaixo ou igual a uma determinada quantidade. Podemos chamar esse momento de ponto de ressuprimento ou ponto de pedido. Podemos então calcular o ponto de pedido através da seguinte fórmula: PP = (C x TR) + Em Onde: PP = Ponto de pedido C = Consumo médio mensal TR = Tempo de reposição Em = Estoque mínimo 32 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II Exemplo de aplicação Uma clínica odontológica utiliza 50 embalagens de cimento endodôntico por mês. Seu tempo de reposição é de um mês e meio, ou seja, 45 dias. Qual o ponto de pedido deste material, sendo que a clínica tem como estoque mínimo deste cimento, um mês de consumo? Temos: PP = (C x TR) + Em PP = (50 x 1,5) + 50 PP = 125 unidades Quando o estoque virtual atingir 125 unidades a clínica deve emitir pedido de compra para que em 45 dias chegue à clínica a quantidade comprada, quando atingir o estoque mínimo. Observação Sempre que for calcular o ponto de pedido, tenha o cuidado de trabalhar com o mesmo fator de tempo. Se calcular em meses, use sempre meses, se calcular em dias, use sempre dias, se calcular em semanas, use sempre semanas, ou seus cálculos sairão distorcidos. 3.2 Lote de compra Para estudarmos o lote de compra ideal para uma organização, é necessário conhecermos alguns conceitos antes. 3.2.1 Consumo médio mensal Média móvel É a média aritmética das quantidades utilizadas mensalmente de um determinado material. Para cálculo mais preciso, é aconselhável que se utilize no mínimo seis meses de consumo. O consumo médio pode ser obtido através da fórmula: CM = C1 + C2 + C3 + C4 + C5 + C6 + Cn n 33 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde Onde: CM = Consumo médio do período C = Consumos mensais N = Número de meses do período O cálculo do consumo médio mensal é um valor aproximado de consumo. Parte‑se da suposição de que não houve grandes variações de consumo no período. Exemplo de aplicação Um laboratório de análises clínicas utiliza o material seringa descartável de 60 ml, conforme quadro de consumo a seguir nos últimos seis meses: Tabela 1 Mês Consumo (unidades) Janeiro 1.100 Fevereiro 1.800 Março 3.400 Abril 2.100 Maio 2.700 Junho 2.000 Com base nas informações apresentadas de consumo dos últimos seis meses, calcule o consumo médio mensal do período. Resolução: CM = C1 + C2 + C3 + C4 + C5 + C6 6 CM =1.100 + 1.800 + 3.400 + 2.100 + 2.700 + 2.000 6 CM = 2.183 O consumo médio de seringas descartáveis de 60 ml no laboratório de análises clínicas, no período de seis meses, é de 2.183 unidades. 34 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II Média móvel ponderada Este método é uma variação do método de média móvel apresentado anteriormente. Neste método são estabelecidos pesos maiores para compras realizadas mais recentes, então a previsão de consumo será calculada através da fórmula: CM = (C1x P1) +(C2 x P2) + (C3 x P3) + (C4 x P4) + (C5 x P5) + (Cn x Pn) Onde: CM = Consumo médio ponderado C1 = Consumo 1, e assim por diante. P1 = Peso do consumo 1, e assim por diante. A determinação dos pesos tem que ser de tal ordem que o total seja sempre 100%. Vamos analisar um exemplo para consolidar nossa aprendizagem. Exemplo de aplicação Uma farmácia calcula o consumo para determinados itens do estoque por meio do método de média móvel ponderada. Os últimos consumos registrados e seus respectivos pesos estão apresentados na tabela a seguir: Tabela 2 Período Consumo (unidades) Peso em % Janeiro 72 5 Fevereiro 84 10 Março 97 20 Abril 128 30 Maio 146 35 Calcule qual será a estimativa de consumo para o mês de junho utilizando‑se do método da média móvel ponderada. Resolução: CM = (C1x P1) + (C2 x P2) + (C3 x P3) + (C4 x P4) + (C5 x P5) 35 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde Temos: CM = (72x 0,05) +(84 x 0,1) + (97 x 0,2) + (128 x 0,3) + (146 x 0,35) CM = 120,90 Significa que pelo método de média móvel ponderada, o consumo estimado para este item, para o mês de junho, é de120,90 ou 121 unidades. 3.2.2 Estoque médio Estoque médio é o nível médio de estoque em determinado período, em que foram realizadas entradas e saídas de determinado material. A fórmula do estoque médio é representada pela seguinte expressão: EM = Emn + Q 2 Onde: EM = Estoque médio Emn = Estoque mínimo Q = Quantidade que será comprada para consumo Lembrete Não confundam estoque médio = EM com estoque mínimo = Emn. Estoque médio é o nível médio de estoque de um período e estoque mínimo é o estoque de segurança que aprendemos no item anterior. No gráfico a seguir podemos observar a representação do estoque médio de um material. 36 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II tempo 0 2 4 6 8 10 12 Consumo Estoque médio ou Q/2 Figura 17 – Representação gráfica do consumo médio e estoque médio 3.2.3 Intervalo de ressuprimento Intervalo de ressuprimento é o intervalo de tempo entre dois ressuprimentos. É o período entre a emissão de pedido de um material e o seu próximo pedido. O gráfico a seguir representa o intervalo de ressuprimento de um material. 1 2 1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 tempo 0 20 40 60 80 100 120 Movimentação Estoque mínimo IR – Intervalo de ressuprimento PP PP IR Figura 18 – Representação do intervalo de ressuprimento de um material 3.2.4 Estoque máximo Estoque máximo é a quantidade máxima permitida para o estoque de determinado material. Em condições normais de consumo, o estoque de um material irá variar entre o estoque mínimo e o estoque máximo do material. A fórmula para se calcular o estoque máximo é: Emx = Emn + Lote de compra 37 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde Onde: Emx = Estoque máximo Emn = Estoque mínimo Lote de compra = Quantidade de compra Exemplo de aplicação Uma farmácia para um remédio antigripal determinou que o estoque mínimo deste item é de 300 unidades e calculou que seu lote de compra é de 800 unidades. Calcule o estoque máximo para este antigripal. Emx = Emn + Lote de compra Calculando: Emx = 300 + 800 Emx = 1.100 O antigripal na farmácia tem um estoque máximo de 1.100 unidades. Lembrete O estoque máximo dos produtos de uma organização, além de ser calculado com base na fórmula especificada anteriormente, deve também levar em consideração a capacidade total de armazenagem do armazém ou depósitos da organização. 3.2.5 Quantidade a ser comprada A quantidade a ser solicitada para reposição do estoque quando o nível de reposição for atingido pode ser calculada através da seguinte fórmula: QC = Emx ‑ EV 38 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II Onde: QC = Quantidade a comprar Emx = Estoque máximo EV = Estoque virtual Exemplo de aplicação Em uma indústria farmacêutica para embalagem de um xarope antigripal, há um estoque máximo de 1.200 unidade e o seu estoque virtual é de 350 unidades. Calcule qual a quantidade a ser comprada no próximo lote. Resolução: QC = Emx ‑ EV QC = 1200 – 350 QC = 850 A quantidade de compra da embalagem para o antigripal é de 850 unidades. O cálculo utilizando esta fórmula nem sempre é o mais adequado às organizações, pois se fosse uma primeira aquisição, devemos levar em consideração a estimativa de consumo do usuário do material. Devemos atentar para o saldo virtual, que inclui pedidos já colocados e não entregues, ou seja, está a caminho de nosso almoxarifado. Se o saldo do estoque for igual ao nível de reposição, devemos utilizar a seguinte fórmula: QC = NR + (IC x CM) – EV Onde: QC = Quantidade a comprar NR = Nível de reposição ou ressuprimento IC = Intervalo de cobertura 39 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde CM = Consumo médio EV = Estoque virtual Se o saldo em estoque for inferior ao nível de reposição, utiliza‑se a mesma fórmula, acrescendo (somando) a quantidade que foi ultrapassada do nível de ressuprimento. 3.2.6 Lote econômico de compra O lote econômico é uma forma de se calcular a quantidade a ser comprada com o mínimo de custo de reposição. Nesta quantidade, os custos de compra e de manutenção são os menores possíveis. A fórmula para se calcular o lote econômico de compra é: LEC = 2 x CA x CC CPA x PU Onde: LEC = Lote econômico de compra CA = Consumo anual em quantidades CC = Custo unitário do pedido de compra CPA = Custo do material armazenado PU = Preço unitário do material O custo de armazenagem será objeto de nossos estudos no item a seguir. Desta forma, vamos representar um exemplo com dados hipotéticos para melhor entendimento do cálculo do lote econômico de compra. Veja a representação gráfica do lote econômico de compra no gráfico a seguir. 40 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Cu st o Quantidade LEC Q Custo total Custo de armazenagem Custo do pedido Figura 19 – Lote econômico de compra A seguir, vamos fazer um caso prático de cálculo do lote econômico de compra. Exemplo de aplicação Em uma farmácia de um hospital há o controle do material cateter para diálise de ponta simétrica. Segundo o levantamento do responsável pela farmácia, este material possui os seguintes dados para o ano: Consumo anual = 12.000 unidades Custo unitário para o pedido de compra = R$ 260,00 Custo do armazenamento = R$ 0,50 Preço unitário do material = R$ 50,00 Com base nestas informações, calcule o lote econômico de compra deste material. Resolução: LEC = 2 x CA x CC CPA x PU 41 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde LEC= 2 x 12000 x 260 0,50 x 50 LEC = 499,60 O lote econômico de compra deste material para o hospital é de 499,60 ou 500 unidades. Veja no quadro a seguir a comprovação deste cálculo. Tabela 3 – Demonstração de valores ideias do LEC para o exemplo Quantidade de compra 100 300 499,6 700 900 Número de pedidos anuais 120,00 40,00 24,02 17,14 13,33 Estoque médio em R$ 2.500,00 7.500,00 12.490,00 17.500,00 22.500,00 Custo de manter o estoque em R$ 1.250,00 3.750,00 6.245,00 8.750,00 11.250,00 Custo do pedido em R$ 31.200,00 10.400,00 6.245,00 4.457,14 3.466,67 Custo total do pedido em R$ 32.450,00 14.150,00 12.490,00 13.207,14 14.716,67 Legenda: Quantidade de compra Numero de pedidos anuais = Consumo anual/quantidade de compra Estoque médio em R$ = (Quantidade pedida/2) x Preço unitário do material Custo de manter o estoque em R$ = Custo do material armazenado x Estoque médio. Custo total do pedido em R$ = Custo de posse + Custo do pedido. Note que para o LEC que calculamos de 499,6 unidades, o custo total do pedido em reais é o menor, sendo de R$ 12.490,00, e que qualquer outra quantidade de compra tem um custo total maior. O que significa que devemos emitir 24 pedidos de 499,60 ou 500 unidades para termos uma maior economia em compras deste determinado produto. Saiba mais O Livro de Ronald H. Ballou, Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Logística Empresarial, em sua mais recente edição, a quinta, apresenta com detalhes as especificaçõesde planejamento, processamento e sistemas de informações sobre compras e suprimentos de materiais. É uma fonte complementar para aprofundar seus estudos nos temas propostos nesta unidade. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed. São Paulo: Bookman, 2006. 42 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II Observação Os ensaios realizados neste material são muito úteis em se tratando da gestão de recursos materiais, mas é necessário ressaltar que estes cálculos foram realizados sempre em situações normais de consumo, não levando em consideração tendências, exceções de consumo e falhas de previsão. Desta forma, é essencial que o gestor observe estes fatores, principalmente para materiais críticos. Devemos utilizar as ferramentas apresentadas, mas sempre atentando para estas outras variáveis. 4 CUSTO DE ARMAZENAGEM Os custos envolvidos no armazenamento de estoques são dos mais variados. Podemos relacionar alguns mais frequentes, como: • Salários. • Seguros. • Aluguel. • Equipamentos. • Juros. • Depreciação. • Obsolescência. • Conservação e manutenção. • Deterioração. Luz, água etc. Existem duas variáveis que influenciam estes custos. A quantidade em estoque e o tempo de permanência no estoque. Quanto maior o volume de estoque, mais pessoas para cuidar, mais equipamentos a serem utilizados e, em consequência disso, maior será o custo. Quanto mais estoques, maior a possibilidade de perdas e de produtos obsoletos. 43 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde Podemos separar os custos envolvidos em custos fixos e custos variáveis. Os custos fixos são aqueles que, independentemente da quantidade em estoque, são incorridos. Por exemplo: salários e encargos, aluguel do espaço do estoque. Os custos variáveis são aqueles que aumentam conforme o aumento do volume de estoque, e diminuem também com a diminuição do estoque, por exemplo: água e energia elétrica, materiais auxiliares. Normalmente, como a empresa necessita de estoques para sua atividade, alguns autores nominaram o custo de estoque de custo de carregamento, como Martins (2012). O custo de carregamento nada mais é do que o custo de armazenagem somado ao custo do capital investido nos estoques, pois se o dinheiro não estivesse investido nos estoques, poderia estar rendendo à companhia um determinado valor de juros. Então temos: Custo de carregamento = Custo de armazenagem + Custo de capital Ou Cc = Ca +Cp Onde: Cc = Custo de carregamento Ca = Custo de armazenagem Cp = Custo de capital O custo de capital normalmente é o custo do capital investido nos estoques. Ele pode ser obtido através da fórmula: Cp = i x P Onde: Cp = Custo do capital i = Taxa de juros praticados no período em questão. P = Preço unitário do item em análise. 44 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II Exemplo de aplicação Um item de uma indústria farmacêutica tem um custo de armazenamento anual de R$ 0,70 por unidade e preço de compra unitário de R$ 5,00. Considerando uma taxa de juros anual de 12%, calcule o custo de carregamento do estoque desse item da indústria farmacêutica. Resolução: Cc = Ca + Cp ou Cc = Ca + (i x P) Temos: Cc = 0,70 + (0,12 x 5) Cc = 0,42 O resultado é que para este item da indústria farmacêutica, nós temos R$ 0,42 de custo por unidade ao ano. Segundo Martins (2012), os custos de manter estoque podem ser classificados em três categorias: • Custos diretamente proporcionais. • Custos inversamente proporcionais. • Custos fixos. O custo total de estoque é obtido através da soma destas três categorias. Alguns exemplos de custos diretamente proporcionais apresentados por Martins (2012) são: • Custo de estocagem: custo relativo aos espaços envolvidos na estocagem dos itens, sua estrutura física, prateleiras etc. • Taxa e seguros: taxas de locação do espaço e seguro do material alocado no armazém. • Perdas: o acondicionamento inadequado dos materiais e a falta de experiência dos funcionários envolvidos podem gerar perdas dos produtos no armazém. 45 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde • Obsolescência: a obsolescência é um fator preocupante, principalmente na área da saúde, onde o prazo de validade dos materiais muitas vezes é muito curto. Os custos inversamente proporcionais apresentados por Martins (2012) basicamente estão relacionados com a economia no departamento de compras, pois com a compra de maior quantidade, o custo de emissão de pedidos diminui, pois iremos acionar menos o departamento de compras. Os custos fixos indicados por Martins já foram comentados neste item. A grande dificuldade de realizar os cálculos de custos de estoques está na correta avaliação destes vários fatores de custos, pois existem custos que são incorridos e precisam ser rateados por diversos departamentos, uma vez que os itens são utilizados por mais de um departamento. Um sistema adequado de custeio pode eliminar esta deficiência, indicando com maior precisão os custos envolvidos na armazenagem. Saiba mais Para aprofundar os estudos sobre lotes de compras e armazenagem, leia o artigo de Aylton Paulus Júnior, “Gerenciamento de Recursos Materiais em Unidades de Saúde”, publicado na Revista Espaço para a Saúde. Nesse artigo são apresentados conceitos básicos sobre a administração de materiais, compras, compras públicas, armazenagem e aspectos relacionados à atividade de recursos materiais. PAULUS, A. J. Gerenciamento de recursos materiais em Unidades de Saúde. Revista Espaço para a Saúde. Londrina, v. 7, n. 1, dez. 2005, p. 30‑45. Resumo A quantidade a ser comprada, o prazo de reposição de estoque e o lote econômico de compra são ferramentas fundamentais para a eficiência e eficácia na gestão dos estoques. A boa gestão dos estoques minimiza a utilização de outros recursos da organização, como o recurso financeiro, possibilitando à organização direcionar melhor os outros recursos existentes a fim de se atingirem os objetivos propostos pela organização. 46 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II Exercícios Questão 1. A Cia. Goiás Velho S.A., fabricante de conectores especiais para a área hospitalar, recebeu uma encomenda de 1.200 conjuntos extensão‑tomada, cuja árvore de estrutura é a seguinte: Conjunto extensão‑tomada Tomada (1) Extensão (1) Tampas (2) Fio 2 x 16AWG (20) Fio 2 x 16 AWG (3) Núcleo (1) Pino (1) Base (3) Solda (10) Figura 20 Os números entre parênteses referem‑se às quantidades utilizadas na produção de cada conjunto. A Goiás Velho possui em estoque: extensão‑tomada = 200; tomada = 100; extensão = 500; fio = 2.000. A nova política de estoques da empresa é a de não manter saldos em estoque, quer em conjuntos, quer em componentes. A partir das informações apresentadas, pode‑se concluir que a quantidade do componente fio (especificação 2 x 16 AWG) que precisa ser adquirido para atender a encomenda de 1.200 conjuntos extensão‑tomada (utilizando todo o estoque existente) é: A) 25.600. B) 21.000. C) 12.700. D) 11.000. E) 10.700. Alternativa correta: E. Análise das alternativas. Justificativa geral: o quadro a seguir, resume todas as informações da questão, tanto no que diz respeito à arvorede estrutura quanto à encomenda em pauta e aos estoques. Note que vários campos não estão preenchidos, pois não fazem parte do escopo da questão. 47 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde Tabela 4 – Resumo de todas as informações da questão Componente Quantidade necessária por unidade de produto Unidade de medida Quantidade a ser produzida ou comprada Quantidade em estoque Necessidades líquidas Obs. Conjunto extensão‑tomada 1 Un. 1.200 200 1.000 1 Tomada 1 Un. 1.000 100 900 2 Tampas 2 Un. Núcleo 1 Un. Fio 2 x 16 AWG 3 Metros 2.700 2.000 700 3 Base 3 Un. Solda 10 Un. Extensão 1 Un. 1.000 500 500 4 Fio 2 x 16 AWG 20 Metros 10.000 10.000 5 Pino 1 Un. Para a montagem do quadro foram feitos os cálculos a seguir, indicados na coluna “Obs.”: 1) A quantidade encomendada foi de 1.200 conjuntos extensão‑tomada. Como existem 200 unidades em estoque e deseja‑se consumir o estoque, só será necessária a produção de 1.000 unidades. 2) Para produzir 1.000 unidades do conjunto extensão‑tomada, são necessárias 1.000 tomadas; como existem 100 dessas tomadas em estoque, essa produção deverá ser restrita a 900 unidades. 3) Cada tomada necessita de 3 metros de fio 2 x 16 AWG. Portanto, para 900 tomadas, serão necessários 2.700 metros; como o estoque desse componente é de 2.000 metros, só será necessária a aquisição de 700 metros. 4) Em raciocínio idêntico ao feito para as tomadas, serão necessárias 1.000 extensões; como existem 500 em estoque, a necessidade líquida desse componente será de 500 unidades. 5) Para produzir 500 unidades de extensões, são necessários 500 x 20 = 10.000 metros de fio 2 x 16 AWG. Como o estoque remanescente de fio foi usado na produção das tomadas, será necessária a aquisição de 10.000 metros de fio. 6) A partir desse raciocínio, há necessidade de 700 metros de fio para as tomadas e 10.000 metros de fios para as extensões; logo, a necessidade total será de 10.500 metros. A) Alternativa incorreta. Justificativa: para que essa alternativa fosse correta, o raciocínio teria que ser o seguinte: serão produzidos 1.200 conjuntos e cada conjunto precisa de 23 metros de fio. Serão necessários 27.600 metros, mas, como há 2.000 em estoque, basta adquirir 25.600 metros. A opção é falsa, visto que os estoques de conjuntos montados e de subconjuntos parcialmente montados são desprezados. 48 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Unidade II B) Alternativa incorreta. Justificativa: para que essa alternativa fosse correta, o raciocínio teria que ser o seguinte: serão necessários 1.200 conjuntos. Como existem 200 deles no estoque, basta produzir 1.000 unidades. Cada unidade precisa de 23 metros de fio; logo, serão necessários 23.000 metros. Como se tem 2.000 em estoque, basta adquirir 21.000 metros. A opção é falsa, visto que os estoques dos subconjuntos parcialmente montados são desprezados. C) Alternativa incorreta. Justificativa: essa alternativa corresponderia à resposta correta, exceto pelo esquecimento em relação ao desconto de 2.000 metros de fio em estoque. D) Alternativa incorreta. Justificativa: esse é um número aleatório. E) Alternativa correta. Justificativa: essa é a resposta correta, conforme calculado anteriormente. Questão 2. Leia o texto a seguir: O setup é uma atividade de preparação da máquina antes de se iniciar a produção de um produto. Inclui‑se, nesse tempo, o que se chama usualmente de try‑out, que é o tempo necessário para produção das primeiras peças, para se verificar se o equipamento pode ser liberado para a produção (MARTINS; LAUGENI, 2005). Considerando esse contexto, avalie as seguintes asserções: I – O tempo de setup ocorre tanto em atividades acíclicas quanto cíclicas dentro do processo de produção. PORQUE II – Quanto menor o tempo de preparação da máquina, menor poderá ser o tamanho do lote produzido, aumentando, assim, a eficiência. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: A) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa da I. B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. 49 Re vi sã o: M ar ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 4/ 20 15 Gestão da Cadeia de suprimentos na Área de saúde C) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. D) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. E) As asserções I e II são proposições falsas. Resolução desta questão na plataforma.
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