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Extinção da punibilidade

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ 
 
 
1 
 
AULA XI 
DIREITO PENAL II 
TEMA: EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
PROFª: PAOLA JULIEN O. SANTOS 
 
1. Introdução 
Para se falar de extinção de punibilidade, é necessário ates limitar o 
objeto do que vai ser extinto. Isto porque a punibilidade pode ser 
vista além do sentido material penal, também no sentido formal (ex 
reparação de dano). Limitando nosso pequeno estudo a extinção da 
coerção materialmente penal. A extinção da punibilidade pode ter 
causa em atos ou fatos, ou circunstância do agente ou de terceiros, ou, 
ainda de natureza posterior ao crime. A possibilidade jurídica do 
Estado exercer o seu exclusivo jus puniendi (é dogmaticamente 
vedada a punição privada) em muitos casos está condicionado a 
"ações privadas" no sentido de dar início, ou de prosseguir como 
veremos no caso da decadência e da perempção. De todas as causas 
da extinção da punibilidade, a que mais nos deteremos é a prescrição, 
até porque ela está ligada diretamente à ação estatal. 
De grande relevância para o estudo do direito, este tema polêmico, 
por muitos estudiosos, não é aceito, está presente em nosso código e 
ao longo dos anos este "instituto" vem sofrendo modificações. 
2. Extinção da punibilidade art.107 à 120 
Art. 107 do CP - Punibilidade e sua extinção 
O Art. 107 enumera 12 causas de extinção da punibilidade: morte do 
agente, anistia, graça, indulto, abolitio criminis, prescrição, 
decadência, perempção, renúncia, perdão do ofendido, retratação, 
perdão judicial. Apesar da enumeração, não é taxativo, há várias 
causas de extinção espalhadas pelas leis e no próprio código. Citando 
alguns: ressarcimento do dano no peculato culposo (art.312 § 3); na 
lei 9099/95 os artigos 74 § único; 84 § único; a ausência de 
representação nos arts. 88 e 91; 89 § 5 dentre outros. A extinção antes 
de transitar em julgado tem efeitos absolutórios, assim mesmo o 
agente não sofrerá qualquer efeito da condenação. 
Causas de Extinção da Punibilidade, que podem ser: 
a) Gerais ou Comuns: a morte do agente; o indulto, a Graça, a Anistia 
(cabe a todos). 
b) Especiais ou Particulares: retratação do agente perante o ofendido. 
Temos ainda: 
Causas de extinção da punibilidade não previstas no Art. 
107 CP 
a) Crime de peculato - fraudou guias que não foram para os cofres 
públicos; desde que ressarcido o Estado, extingue a punibilidade; 
b) Sonegação de impostos - pagando o tributo desviado e a multa, 
extingue a punibilidade; 
 c) Não recolhimento do Imposto de Renda; 
d) Crime de Bigamia - se conseguiu anular o primeiro casamento, 
extingue a punibilidade e a bigamia. 
 I - MORTE DO AGENTE 
("mors ominia soluit" - tudo se acaba com a morte): o agente pode 
ser o indiciado (no inquérito policial), o acusado (existe a denuncia, a 
ação penal), o réu (definitivamente condenado); com a morte de 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ 
 
 
2 
 
qualquer uma dessas figuras, extingue-se a punibilidade de todos. 
II - ANISTIA, GRAÇA E INDULTO 
Anistia penal - Anistia (Constitucional) 
É igual à anistia fiscal (perdão). Ela pode ser Geral - por exemplo, 
quando a União foi competente para anistiar todos os crimes políticos 
no período de 1964. Pode ser Parcial (condicionada) - e a Anistia 
para todos aqueles que participam de determinado conflito, desde 
que cada um identifique as pessoas que morreram, podendo esta, 
optar pela Anistia ou não. Podendo Anistia ser aceita ou não, em caso 
de aceitação torna-se irrevogável; Art. 359 CP: (os efeitos da Anistia 
só recaem na parte criminal). 
a) Efeito da Anistia 
A anistia é uma das causas de extinção de punibilidade prevista no 
Art.107, II do Código Penal. Segundo Damásio de Jesus, "a anistia 
opera Ex. tunc , i.e., para o passado, apagando o crime, extinguindo a 
punibilidade e demais conseqüências de natureza penal". Então, caso 
o sujeito vier a praticar um novo crime, não será considerado 
reincidente. Ela "rescinde a condenação, ainda que transitada em 
julgado. A anistia "não abrange os efeitos civis". Caso os efeitos penais 
de sentença condenatória transitada em julgado, mas os efeitos civis 
não desaparecem. Portanto, a anistia tem a finalidade primordial de 
fazer-se olvidar o crime e extinguir a punibilidade, fazendo 
desaparecer suas conseqüências penais, como por exemplo, afastar a 
reincidência. De acordo com o Art. 96, parágrafo único, CP, extinta a 
punibilidade, pela anistia, por exemplo, não se impõe medida de 
segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. 
b) Formas de Anistia - A anistia possui a seguinte classificação 
quanto a sua forma: 
PRÓPRIA - Concedida antes da condenação, porque é constante com 
a sua finalidade de esquecer o delito cometido. 
IMPRÓPRIA - Concedida depois da condenação, pois recai sobre a 
pena. 
GERAL OU PLENA - Cita fatos e atinge todos os criminosos 
PARCIAL OU RESTRITA - Cita fatos, exigindo uma condição pessoal 
INCONDICIONADA - A lei não determina qualquer requisito para a 
sua concessão 
CONDICIONADA - A lei exige qualquer requisito para a sua 
concessão 
c) Aceitação da Anistia - A anistia não pode ser recusada, visto 
seu objetivo ser de interesse público. Todavia, se for condicionado, já 
o mesmo não acontece: submetida à clemência a uma condição, pode 
os destinatários recusá-la, negando-se a cumprir a exigência a que 
está subordinada".Sendo aceita, a anistia não pode ser revogada (Art. 
5º, XXXVI, DA CF) mesmo que o anistiado não cumpra as condições 
impostas, podendo responder, eventualmente, pelo ilícito previsto no 
Art. 359, CP. 
 GRAÇA E INDULTO 
A graça é espécie da indulgência principis de ordem individual, pois 
só alcança determinada pessoa. O indulto é medida de caráter 
coletivo, entretanto. A graça, forma de clemência soberana, destina-se 
a pessoa determinada e não a fato, sendo semelhante ao indulto 
individual. É tanto que a Lei de Execução Penal passou a tratá-la 
como indulto individual e regula a aplicação do indulto através do 
Art. 188 a 193. 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ 
 
 
3 
 
O indulto coletivo abrange sempre um grupo de sentenciados e 
normalmente inclui os beneficiários tendo em visto a duração das 
penas que lhe foram aplicadas, embora se exijam certos requisitos 
subjetivos (primariedade, etc.) e objetivos (cumprimento de parte da 
pena, exclusão dos autores da prática de algumas espécies de crimes, 
etc.). é concedido anualmente pelo presidente da Republica, por meio 
de decreto. Pelo fato de ser editado próximo de final de ano, acabou 
sendo chamado de indulto de natal. 
O Decreto-Presidencial n.º 7.046/09 trata do indulto de 2009, 
inovando com a admissão de indulto para os criems hediondos e 
equiparados após o cumprimento de 2/3 da pena de tais delitos, 
ferindo frontalmente a Constituição e de modo especial a Lei 
8.072/90. A proibição constitucional vem do art. 5º, XLIII, na 
seqüência, a lei de crimes hediondos em seu art. 2º. 
Geralmente a graça e o indulto só podem ser concedidos "após 
condenação transitada em julgado, mas, na prática, têm sido 
concedidos indultos, mesmo antes da condenação tornar-se 
irrecorrível. Como se vê, a graça e o indulto "apenas extinguem a 
punibilidade, persistindo os efeitos do crime, de modo que o 
condenado que o recebe não retoma à condição de primário". Há, 
porém, certa diferença técnica: a graça é em regra individual e 
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. 
Formas da Graça e do Indulto 
A graça e o indulto podem ser: 
I - PLENOS: Quando a punibilidade é extinta por completo. 
II - PARCIAIS: Quando é concedida a diminuição da pena ou sua 
comutação. 
A graça é total (ou pena), quando alcança todas as sanções impostas 
ao condenado e é parcial, quando ocorre a redução ou substituição da 
sanção, resultandona comutação. 
O indulto coletivo pode também ser total, quando extingue as penas, 
ou parcial, quando estas são diminuídas ou substituídas por outra de 
menor gravidade. 
Diferenças entre Anistia Graça e Indulto 
Damásio de Jesus deixa bem claro a diferença entre estes institutos 
como pode ser comprovado a seguir: 
I-A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue 
totalmente a punibilidade; a graça e o indulto apenas extingue a 
punibilidade, podendo ser parciais; 
II - A anistia, em regra, atinge crimes políticos; a graça e o indulto, 
crimes comuns; 
III - A anistia pode ser concedida pelo poder legislativo; a graça e o 
indulto são de competência exclusiva do Presidente da República; 
IV - A anistia pode ser concedida antes da sentença final ou depois da 
condenação irrecorrível; a graça e o indulto pressupõe o trânsito em 
julgado da sentença condenatória. 
III – RETROATIVIDADE DE LEI QUE NÃO MAIS 
CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO – ABOLITIO 
CRIMINIS. 
É quando o Estado, por razões de política criminal, não mais 
considera determinado fato como crime. Logo, o Estado entende que 
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4 
 
o bem protegido pela lei penal que já não goza mais da importância 
exigida pelo Direito Penal e, em razão disso, resolve afastar da 
incriminação todos aqueles que ainda se encontram cumprindo 
pena. Nenhum efeito penal permanecerá, tais como reincidência e 
maus antecedentes. Ex.: crime de sedução (art. 217 – Revogado pela 
lei 11.106/2005). 
IV – DECADÊNCIA 
A decadência é prevista na art. 107, IV como causa de extinção da 
punibilidade. Segundo E. Magalhães de Noronha, Decadência é a 
perda do direito de ação, por não havê-lo exercido o ofendido durante 
o prazo legal. É a perda do direito de ação penal privada ou de 
representação, pelo não exercício no prazo legal. A decadência pode 
atingir tanto o direito de oferecer queixa (na ação penal de iniciativa 
privada), como o de representar (na ação penal pública 
condicionada), ou ainda , o de suprir a omissão do Ministério Público 
(dando lugar à ação penal privada subsidiária). 
Existem duas formas de se dar a decadência: uma direta, se 
manifestando nos casos de ação privada, nos quais ocorre a 
decadência do direito de queixa; e outra indireta, nos casos de ação 
penal pública, nos quais o Promotor de Justiça não pode atuar e 
quando desaparecido o direito de delatar. 
A decadência extingue o direito do ofendido, pois este tem a 
faculdade de representar ou não contra seu ofensor (disponibilidade 
da ação penal); já o Ministério Público não tem essa disponibilidade, 
mas a obrigação (dever) de propor a ação penal quando encontrar os 
pressupostos necessários. 
Prazos de decadência do direito de queixa ou de 
representação 
É fatal e improrrogável o prazo de decadência, não estando sujeito a 
interrupções ou suspensões. A regra geral é a estabelecida pelo art. 
103, do Código Penal Brasileiro que diz: Salvo disposição expressa em 
contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação 
se não exercer dentro do prazo de seis meses, contados do dia em que 
veio, a saber, quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º, do artigo 
100 deste código, do dia em que se esgota o prazo do oferecimento da 
denúncia. Na hipótese de ação penal privada subsidiária (CP, art. 
100,§ 3º), o prazo de seis meses conta-se do dia em que se esgota o 
prazo para o Ministério Público oferecer denúncia (CPP, Arts. 38 e 
46). 
Há exceções ao prazo normal da decadência, como por exemplo, o 
crime de adultério, onde o prazo prescricional é de um mês, de acordo 
com a regra imposta pelo art. 240,§ 2º, do Código Penal Brasileiro. 
Nos crimes de imprensa, o prazo de decadência é de três meses, 
contados da data da publicação ou transmissão de acordo com a Lei 
nº 5.250/76, art. 41,§1º. De acordo com o art. 10 do Código penal 
conta-se o dia do início do prazo; regra também estabelecida para a 
contagem do prazo de decadência. O inquérito policial, a interpelação 
judicial e o pedido de explicações não interrompem nem suspendem o 
prazo de decadência. Estas regras se referem a titularidade do direito 
de queixa ou de representação e decadência,para a declaração da 
decadência é indispensável prova inequívoca no sentido de que o 
ofendido, apesar de ciente da autoria, não atuou no prazo legal. 
V – Perempção da Ação Penal 
A perempção é apresentada no art. 107, IV, 3ª figura, do CP, como 
causa extintiva da punibilidade, segundo Damásio de Jesus, 
"perempção deriva de perimir, que significa 'extinguir' ou "pôr termo" 
a alguma coisa. Perempção é a perda, causada pela inércia processual 
do querelado, do direito de continuar a movimentar a ação penal 
exclusivamente privada. A perempção, porém, não se aplica à ação 
penal privada subsidiária da pública. 
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Damásio de Jesus conceitua a perempção da seguinte forma: 
"Perempção é a perda do direito de demandar querelado pelo mesmo 
crime em fase, de inércia do querelante, diante do que o Estado perde 
o jus puniendi." (Jesus, p. 618).Só quando a ação é exclusivamente 
privada é que pode ocorrer a perempção. Se a queixa é subsidiária 
(Cód. Penal, art. 102, §3º), não existe perempção porque a inércia do 
queixoso fará com que o Ministério Público retome a ação, como 
parte principal (Cód. Processo Penal, art. 29). Com maior razão, não 
tem ela lugar na ação pública. 
Casos de Perempção de Ação Penal 
A perempção é regulada pelo art. 60 do Código de Processo Penal, 
que especifica os diversos casos de perempção em quatro incisos. 
Com isso, vejamos o que diz esse artigo: Art. 60- Nos casos em que 
somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a 
ação penal: 
I- quando, iniciada esta, o querelante deixa de promover o 
andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguintes; 
II- quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do 
prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber 
fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III- quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo 
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou 
deixou de formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV- quando sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir se 
deixar sucessor." 
Além das hipóteses, previstas no artigo 60 do CPP, entende-se ainda 
com caso de perempção a morte do querelante nos delitos que são 
objeto de ação privada personalíssima, como nos casos de 
induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236) e 
adultério (art. 240). 
VI– RENÚNCIA 
A renúncia a qual nos referimos é a renúncia do direito de queixa. A 
renúncia é qualificada como causa de extinção da punibilidade pelo 
disposto no Art. 107, inciso V, Primeira parte do Código Penal. E o ato 
unilateral, é a desistência, a dedicação do ofendido ou seu 
representante legal do direito de originar a ação penal privada. Por 
isso, "não cabe a renúncia quando se trata de ação pública 
condicionada a representação, já que se refere à lei apenas à ação 
privada. 
O direito de queixa só pode ser renunciado antes de proposta a ação 
penal. Isto é, iniciada a ação penal, já não haverá lugar para a 
renúncia, nos termos do Art. 103, CP, "salvo disposição expressa em 
contrario, o ofendido decai o direito de queixa ou de representação se 
não o exercer dentro do prazo de 6(seis) meses, contados do dia em 
que veio a saber quem é o autor do crime". Observado o disposto no 
Art. 29, do CPP, cabe a renúncia nos casos de ação penal privada 
subsidiaria da pública. Após a propositura da queixa, poderá ocorrer 
apenas a perempção e o perdão do ofendido. 
Formas de renúncia 
A renúncia pode ser expressaou tácita. A renúncia tácita é regulada 
pelo Art. 5º do CPP que diz: "A renúncia expressa constará de 
declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou 
procurador com poderes especiais". Já a renúncia tácita é regulada 
pelo Art. 104, parágrafo único, primeira parte, CP, nestes termos: 
"Imposta renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato 
incompatível com a vontade de exercê-lo". 
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VII – PERDÃO DO OFENDIDO 
O perdão do ofendido somente será concedido nas hipóteses onde se 
procede mediante queixa. 
Nos termos do art. 106 do Código penal, incisos I e II, temos que o 
perdão do ofendido deverá ser dirigido a todos aqueles que, em tese, 
praticaram a infração penal, não podendo o querelante, portanto, 
escolher contra quem deverá prosseguir a ação penal por ele 
intentada. Na segunda hipótese diz que se o perdão for concedido por 
um dos ofendidos isso não prejudica o direito dos outros. 
O perdão só pode ser concedido depois de iniciada a ação penal 
pública e, de acordo com Art. 106, II, 2º, CP, até o trânsito em julgado 
da sentença condenatória. "Portanto, mesmo na pendência de recurso 
extraordinário, ainda há ocasião para o perdão. Antes do inicio da 
ação penal não poderá existir perdão, mas renúncia (CP, Art. 104), 
pois o perdão só é cabível após a instauração da ação. 
Formas de Perdão 
De acordo com o Art. 106, caput e 1º, do CP, o perdão pode ser: 
a) PROCESSUAL - Ocorrendo dentro dos autos. 
b) EXPROCESSUAL - Ocorrendo fora dos autos 
c) EXPRESSO - Concedido através de declaração ou termo assinado 
pelo ofendido, seu representante legal ou procurador especialmente 
habilitado (CPP, Arts. 50 e 56). 
d) TÁCITO - Quando resulta da prática de ato incabível com a 
vontade de prosseguir na ação(CP, Art. 106, II, 1º) 
Aceitação do perdão 
Ao contrário da renúncia, o perdão é um ato bilateral, não produzindo 
efeito se o querelando não aceita (Art. 107, inciso V e 106, incisos III). 
A exigência da aceitação do perdão se justifica porque o perdão é 
bilateral e o querelado pode ter o interesse de provar a sua inocência. 
Então, o perdão não basta ser concedido: é mistério que seja aceito. O 
artigo 58, CPP, estabeleceu: "concedido o perdão, mediante 
declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, 
dentro de 3(três) dias, se o aceite, devendo, ao mesmo tempo, ser 
cientificado de que o seu silêncio importava aceitação". Esse 
dispositivo mostra que a aceitação pode ser expressa ou tácita. 
VIII – RETRATAÇÃO DO AGENTE 
É o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o denuncia 
à autoridade, retirando o que anteriormente havia dito. 
Pela retratação, o agente volta atrás naquilo que disse, fazendo com 
que a verdade dos fatos seja, efetivamente, trazida à luz. 
Em várias de suas passagens, a legislação penal permitiu ao autor do 
fato retratar-se, como ocorre nos crimes de calúnia e difamação e nos 
de falso testemunho e de falsa pericia. 
IX – PERDÃO JUDICIAL, NOS CASOS PREVISTOS EM LEI 
O perdão judicial não se dirige a toda e qualquer infração penal, mas, 
sim àquelas previamente determinadas pela lei. Assim, não cabe ao 
julgador aplicar o perdão judicial nas hipóteses em que bem entender, 
mas tão somente nos casos predeterminados pela lei penal. 
A título de exemplo temos o §5º do art. 121 do CP que diz: na hipótese 
de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
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conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão 
grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
Assim quando não houver previsão expressa em lei, estará 
impossibilitando o julgador de conceder o perdão judicial, sendo 
vedada, neste caso, a analogia in bonam partem. 
A controvérsia se dá com os delitos de trânsito previstos nos art. 302 
e 303 do CTB, que foram inseridos com o advento da lei 9.503/97 
deixando de ser aplicado aos crimes de trânsito, quando o motorista, 
na direção de veiculo, causavam mortes ou lesões culposas, 
respondiam pelas sanções previstas nos arts. 121, §3 e 129, §6 do 
código penal. Desta forma o CTB não trouxe a previsão do perdão 
judicial. 
A maioria dos doutrinadores, entre eles, Damásio de Jesus, Mauricio 
Ribeiro, Ariosvaldo de Campos e Sheial Selim se posicionam 
favoravelmente a aplicação do perdão judicial. Em sentido contrario, 
Rui Stoco, pois se corre o risco de abrir uma porta para outras 
infrações penais. 
PERDÃO JUDICIAL E A LEI Nº 9.807/99 (lei de proteção a 
vitimas e testemunhas). 
Cuida-se de nova possibilidade de concessão de perdão judicial em 
caso de concurso de pessoas. 
ART. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, 
conceder o perdão judicial e a conseqüente extinção da 
punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado 
efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo 
criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado: 
I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação 
criminosa; 
II - a localização da vítima com a sua integridade física 
preservada; 
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime. 
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta 
a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, 
gravidade e repercussão social do fato criminoso. 
Art. 108 do CP – Alcance das causas de extinção da 
punibilidade 
O dispositivo apresenta quatro regras: 
a) A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto de outro 
não se estende a este: A proposição trata dos crimes acessórios, que 
dependem de outros delitos. Ex. Furto e recepção (arts 155 e 180). A 
extinção da punibilidade em relação ao furto não se estende à 
receptação. 
b) A extinção da punibilidade de crime que é elemento de outro não 
se estende a este: a regra do crime complexo, no caso em que um 
delito funciona como elemento de outro. Ex. extorsão mediante 
seqüestro (CP, art.159), que tem como elementares o 
seqüestro(art.148) e a extorsão (art.158). A extinção da punibilidade 
em relação ao seqüestro não à extorsão mediante seqüestro. 
c)A extinção da punibilidade de crime que é circunstância 
qualificadora de outro não se estende a este: A proposição trata do 
crime complexo, na hipótese em que um crime funciona como 
circunstância legal especifica (qualificadora) de outro. Ex. furto 
qualificado pela destruição de obstáculo à subtração da coisa 
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8 
 
(art.155), em que dano (art.163) funciona como circunstancia 
qualificadora. A extinção da punibilidade em relação ao crime de 
dano não se estende ao furto qualificado. 
d)Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não 
impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da 
conexão. 
Não-extensão 
A extinção da punibilidade de crime é pressuposto, elemento 
constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a 
este. Exemplos: a extinção da punibilidade do crime contra o 
patrimônio não alcança a receptação que o tinha como pressuposto. 
No crime dano qualificado pela lesão corporal, a eventual prescrição 
desta não retira a qualificação do dano. 
Crimes Conexos 
A extinção da punibilidade de um crime não impede, quanto aos 
outros, a agravação resultante da conexão. Exemplos: no homicídio 
qualificado por ter sido cometido para ocultar outro crime, a 
prescrição deste não impede a qualificação daquele. A agravante do 
art.61, II, b, não deixa de ser aplicada, se há extinção da punibilidade 
do delito cuja impunibilidade ou vantagem era visada. 
Escusas Absolutórias 
Escusas absolutórias são causas, previstas na Parte Especial do CP, 
que fazem com que um fato típico e antijurídico, não obstante a 
culpabilidade do sujeito,não enseje aplicação da pena por motivos de 
política criminal. Distinguem-se das causas excludentes da 
antijuridicidade e da culpabilidade. As excludentes da ilicitude 
excluem o crime; as excludentes da culpabilidade excluem a 
censurabilidade da conduta do sujeito, isentando-o de pena. As 
escusas absolutórias, entretanto, deixam íntegros o crime e a 
culpabilidade. O fato permanece típico e antijurídico; o sujeito, 
culpável. Contudo, por razões de utilidade pública, fica isento de 
pena. 
Suponha-se que um sujeito pratique uma lesão corporal em legítima 
defesa. Não há crime: o fato é lícito diante da excludente de 
antijuridicidade. Num segundo caso, o sujeito pratica um crime sob 
coação moral irresistível. O fato é ilícito, há conduta, entretanto não é 
censurável em face da excludente da culpabilidade, ficando o agente 
isento de pena. Suponha-se, num terceiro exemplo, que o filho 
subtraia dinheiro do pai. Fica também isento de pena, incidindo uma 
escusa absolutória (CP, art. 181, II). Entretanto, o fato é ilícito e 
censurável a conduta do sujeito. Por motivo de política criminal, 
contudo, fica o sujeito isento de pena. 
X - PRESCRIÇÃO 
A prescrição é uma das situações em que o Estado, em decurso de 
certo espaço de tempo, perde seu direito de punir. 
ESPECIES DE PRESCRIÇÃO 
Art. 109 do CP – Prescrição da pretensão punitiva e seus 
prazos 
Ocorre quando o Estado perde o "jus puniendi" antes de transitar 
em julgado a sentença, em decorrência do decurso de tempo, entre a 
prática do crime e a prestação jurisdicional devida pelo poder 
Judiciário, pedida na acusação, para a respectiva sanção penal ao 
agente criminoso. Neste caso os prazos prescricionais expresso, são 
taxativos e obedecem a uma escala rígida, enunciada, sendo regulados 
pela quantidade máxima da pena em abstrato para cada crime, 
conforme a tabela extraída do art. 109: 
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9 
 
 
Se a pena cominada é: A prescrição ocorrerá em: 
Mais que 12 anos Em 20 anos 
Mais que 8 até 12 anos Em 16 anos 
Mais que 4 até 8 anos Em 12 anos 
Mais que 2 até 4 anos Em 8 anos 
De 1 até 2 anos Em 4 anos 
Menos de 1 ano Em 2 anos 
 
Aos crimes previstos na lei de contravenções penais como não dispões 
em contrário aplica-se a mesma regra. Nas penas restritivas de direito 
que virem a substituir a privativa de liberdade tem a mesma duração 
desta. Como só são conhecidas após a sentença, acaba valendo a regra 
do artigo 110 e seus §§.Verifica-se que quanto mais grave o crime 
maior será o prazo de prescrição da pretensão punitiva. 
 
a) Natureza da prescrição: existem três teorias, a) material, ou 
seja, penal; b) processual, ou seja, processual penal; c)mista. O 
posicionamento é de que trata de direito material. 
b) Prescrição: A prescrição é a perda do direito de punir do 
Estado pelo decurso do tempo. Justifica-se o instituto pelo 
desaparecimento do interesse estatal na repressão do crime, em 
razão do tempo decorrido, que leva ao esquecimento do delito e 
à superação do alarma social causado pela infração penal. 
Ocorrido o crime, nasce para o Estado à pretensão de punir o 
autor do fato criminoso. Essa pretensão deve, no entanto, ser 
exercida dentro de determinado lapso temporal que varia de 
acordo com o crime praticado e a pena a ele reservada. 
Transcorrido esse prazo, que é submetido a interrupções ou 
suspensões, ocorre a prescrição da pretensão punitiva. Nessa 
hipótese, que ocorre sempre antes de transitar em julgado a 
sentença condenatória, são totalmente apagados todos os seus 
efeitos, tal como se jamais tivesse sido praticado o crime ou 
tivesse existido sentença condenatória. 
Transitada em julgado a sentença condenatória para ambas as 
partes, surge o título penal a ser executado dentro de um certo 
lapso de tempo, variável de acordo com a pena concretamente 
aplicada. Tal título perde sua força executória se não for 
exercitado pelos órgãos estatais o direito dele decorrente, 
verificando-se então a prescrição da pretensão executória. 
Nessa hipótese extingue-se somente a pena, subsistindo os 
demais efeitos da condenação (pressuposto da reincidência, 
inscrição do nome do réu no rol dos culpados, pagamento de 
custas, efeitos da condenação etc.). 
Não se confunde a prescrição, em que o direito de punir, é 
diretamente atingido, com a decadência, em que é atingidos o 
direito de ação e, indiretamente, o direito de punir do Estado. A 
prescrição em matéria criminal é de ordem pública, devendo ser 
decretada de ofício ou a requerimento das partes, em qualquer 
fase do processo, nos termos do art. 61 do CPC. No Código 
penal, em decorrência da reforma penal, a prescrição da 
pretensão punitiva está prevista no art. 109 e no art. 110, 
parágrafos 1.º e 2.º (prescrição intercorrente e retroativa) e a 
prescrição da pretensão executória é objeto do art. 110 caput. 
Contrariando a regra, que prega a prescritibilidade em todos os 
ilícitos penais, a nova Constituição determina que são 
imprescritíveis a prática do racismo (art. 5.º, XLII) e a ação de 
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático. (art. 5.º, XLIV), 
prescrição extingue a punibilidade, baseando-se na fluência do 
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10 
 
tempo. Se a pena não é imposta ou executada dentro de 
determinado prazo, cessa o interesse da Lei pela punição, 
passando a prevalecer o interesse pelo esquecimento e pela 
pacificação social. A pena, quando por demais tardia, deixa de 
ser justa, perdendo no todo ou em parte o seu sentido. Trata-se 
de instituto de direito material, embora algumas de suas 
conseqüências influam sobre a ação penal e a condenação. De 
conseguinte, a contagem do prazo prescricional obedece à regra 
insculpida no artigo 10 do Código Penal, computando-se 
naquele o dia do começo. São duas as espécies de prescrição: a 
prescrição da pretensão punitiva e a prescrição da pretensão 
executória. A primeira verifica-se antes do trânsito em julgado 
da sentença penal condenatória; já a segunda ocorre após o 
trânsito em julgado da decisão. 
Art. 110 do CP- Prescrição depois de transitar em 
julgado sentença final condenatória (prescrição da 
pretensão executória). 
Se o Estado obteve a sentença condenatória surge agora o 
direito-dever de executar a sentença contra o condenado. 
Novamente o Estado está sujeito a prazos definidos em lei, para 
executar a sanção. Os prazos prescricionais são os mesmos da 
pretensão punitória, mas como já existe a sentença 
condenatória irrecorrível, eles se baseiam na pena em concreto, 
conforme determina expressamente o artigo 110 caput." A 
prescrição depois de transitar em julgado a sentença regula-se 
pela pena aplicada...) 
a) Aumento pela reincidência: as penas são aumentadas 
de um terço, quando se trata de condenado reincidente,o 
acréscimo se faz sobre o prazo prescricional e não sobre a pena. 
A reincidência que provoca o aumento é a anterior à 
condenação cujo prazo se questiona. Assim, se o agente sofre 
duas condenações, torna-se reincidente em razão da segunda, é 
o prazo prescricional desta (não da primeira) que sofrerá o 
aumento de um treco. Para que haja tal acréscimo, é necessário 
que a sentença tenha reconhecido a reincidência. Se a sentença 
condenatória reconheceu a primariedade do agente, este 
reconhecimento transitou em julgado; assim, não se poderá 
fazer indicar na contagem prescricional. 
b) Prescrição Superveniente á Sentença Condenatória 
ou Prescrição Intercorrente - 110 § 1 
A prescrição punitiva na modalidade superveniente é causa da 
extinção da punibilidade, que impede o conhecimento do 
mérito do recurso e torna insubsistente os efeitos da 
condenação. Ela ocorre entre a sentença recorrida e o 
julgamento do recurso, pois a sentença não chegaa transitar em 
julgado, antes de decorrer um novo prazo prescricional, cujo 
termo inicial é a própria decisão condenatória. A sentença só 
pode transitar em julgado para o condenado depois que este 
receber a intimação e tomado conhecimento pode exercer seu 
direito constitucional de recorrer à instância superior. Neste 
recurso pode ocorrer a prescrição superveniente, 
subseqüente ou intercorrente, (são sinônimas). A sanção 
não pode ser executada enquanto couber recurso e nesta fase o 
prazo é regulado pela pena aplicada, e não mais pela pena em 
abstrato. Se o tribunal demorar para julgar poderá ocorrer a 
prescrição superveniente. 
Damásio comenta que a razão reside em que ou porque 
somente o réu apelou ou não tendo apelado pode fazê-lo ou 
porque a decisão transitou em julgado para acusação, ou foi 
improvida sua apelação, a condenação, quanto à quantidade da 
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pena, não pode mais ser alterada em prejuízo da defesa. Diante 
disso, a partir da sentença condenatória não existe 
fundamentos para que a prescrição continue a ser fixada pelo 
máximo em abstrato. 
Os efeitos - É basicamente o mesmo da prescrição da 
pretensão punitiva: sem custas, sem rol, sem reincidência, mas 
pode ser usado como antecedentes nos elementos do artigo 59 
(apostila).Alguns julgados do STJ levam em conta a 
reincidência do agente para efeito de contagem do prazo por 
esta expresso no caput ( Damásio) muito embora a prescrição 
intercorrente ser de natureza "puniendi" e não "punitionis" . 
c) Prescrição Retroativa - art. 110, § 2º 
É uma segunda espécie de prescrição da pretensão punitiva e 
tem também o seu prazo regulado pela pena aplicada na decisão 
condenatória e não na pena em abstrato. Conta-se o prazo para 
o passado, da decisão de 1ª ou 2ª instância à data em que foi 
recebida a denúncia ou queixa ou desta aos fatos. A origem é a 
mesma da superveniente, já explicitada acima. 
Damásio ensina que "desde que transitada em julgado 
para a acusação ou improvido seu recurso verifica-se o 
quantum da pena imposta na sentença condenatória, a 
seguir adequar-se tal prazo num dos incisos do artigo 
109 do CP. Encontrando o respectivo período 
prescricional, procura-se encaixá-lo entre dois pólos: 
data do termo inicial de acordo com o art. 111 e a do 
recebimento da denúncia ou queixa, ou entre esta e a 
publicação da sentença condenatória." Assim, por 
exemplo, se o prazo prescricional couber, contando 
retroativamente, entre a data em que a sentença condenatória 
foi publicada e data em que houve o recebimento da denúncia, 
caberá a extinção da punibilidade nos termos do art. 110 § 2 do 
CP. Desde que transitada em julgado para a acusação, seja da 
sentença até a denúncia ou da denúncia até a data da 
consumação ou prática do último ato de execução no caso de 
tentativa, extingue-se a pretensão punitiva. 
Damásio enumera nove princípios da prescrição retroativa: 
1. A ausência de recurso do réu não impede a P.R. 
2. O prazo pode ser considerado entre a data do recebimento da 
denúncia e a publicação da sentença 
3. Pode ser considerada pena privativa de liberdade reduzida 
em 2ª instância. 
4. É aplicável aos casos de condenação impostos em 2ª 
instância. 
5. O recurso da acusação que visa agravação da pena impede a 
P.R. 
6. Julgado improcedente, o recurso da acusação não impede o 
princípio retroativo, podendo ser reconhecido no tribunal. 
7. A prescrição retroativa atinge a pretensão punitiva, 
rescindindo a sentença condenatória e seus efeitos principais e 
acessórios. 
8. Não pode ser reconhecida na própria sentença condenatória. 
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12 
 
9. É, portanto de competência superior, em apelação, revisão, 
habeas corpus. 
Art. 111 do CP – Termo inicial da prescrição antes de 
transitada em julgado. 
Este art.111 fixa os termos iniciais da prescrição da pretensão 
punitiva ("ação"), ou seja, o momento a partir do qual começa a 
correr a prescrição do CP, art.109. Note-se, porém, que essa 
prescrição ainda poderá estar sujeita a eventuais causas 
interruptivas item traz a regra em que o crime se consumou. A 
regra geral está prevista no art. 111, o termo inicial da prescrição 
punitiva é a data da produção do resultado. Não importa a data 
em que foi descoberta a sua existência, (exceção para o os 
crimes previstos no inciso IV), num homicídio qualificado que 
venha a ser descoberto 20 depois estará prescrito. Se alguém 
ferido de morte, vir a óbito 5 meses depois, será nesta data o 
início do prazo. No caso de crime permanente, como seqüestro, 
por exemplo, conta-se o prazo prescricional a partir do 
momento em que a vítima readquire a liberdade (Art. 111 III), 
pois a conduta contínua se prolonga no tempo. 
A prescrição do crime de bigamia começa a correr na data em 
que se tornou conhecido por autoridade pública. (geralmente 
será conhecido diante da queixa do cônjuge ofendida (o) ). No 
concurso de crimes, a regra é simples e não há controvérsia 
cada delito tem seu prazo prescricional. Há controvérsias 
quanto a formalidade do ato de conhecimento, alguns tribunais 
entendem que é suficiente o conhecimento presumido do fato 
por parte da autoridade pública, outros tribunais decidem pelo 
formalismo do conhecimento da autoridade pública. 
O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva é regido 
pelo disposto no artigo 111 do Código Penal. Desse modo, a 
prescrição punitiva começa a correr. 
a) do dia em que o crime se consumou; 
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade 
criminosa; 
c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a pertinência; 
d) nos crimes de bigamia (art. 235, CP) e falsificação ou 
alteração de assentamento do registro civil (art. 242, CP), da 
data em que o fato se tornou conhecido. 
O prazo prescricional é contado em dias – incluindo-se em seu 
cômputo o dies a quo (art.10, CP) – segundo o calendário 
comum. Assim, por exemplo, consumado o delito de 
charlatanismo (art.283, CP) no dia 20 de janeiro de 2004, o 
prazo prescricional da pretensão punitiva findará a meia-noite 
do dia 19 de janeiro de 2008. Resumindo, a prescrição da 
pretensão punitiva propriamente dita corre da consumação do 
crime até o recebimento da denúncia ou da queixa, ou a partir 
deste momento até a sentença. Ocorrendo a prescrição da 
pretensão punitiva propriamente dita, fica impedida a 
propositura da ação penal, bem como seu prosseguimento, se já 
proposta. 
Art. 112 do CP – Termo inicial da Prescrição Após a 
Sentença Condenatória Irrecorrível. 
a) Termos iniciais da prescrição da pretensão 
executória 
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13 
 
A prescrição da pretensão executória, só pode ser verificada 
após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória e em 
conformidade com o art. 112 do Código Penal, o qual estabelece 
as circunstâncias para seu reconhecimento: 
Do dia em que passa em julgado a sentença condenatória para 
a acusação, ou que a revoga a suspensão condicional da pena 
ou o livramento condicional 
Transitado em julgado a sentença condenatória, para o órgão da 
acusação, começa a correr a prescrição. No entanto, nessa 
hipótese ocorre o trânsito em julgado para ambas as partes 
(defesa e acusação), porém, o início do prazo é contado a partir 
do trânsito em julgado para a acusação. 
Com relação à revogação da suspensão condicional da pena ou 
do livramento condicional, uma vez ocorrido, o agente terá que 
cumprir a pena que antes estava suspensa ou o restante da pena 
do livramento condicional. Enquanto a pena não for executada, 
a prescrição está correndo, sendo a data da sentença 
revogatória o termo inicial do prazo prescricional. 
Do em dia que se interrompe a execução, salvoquando o 
tempo de interrupção deva computar-se na pena. 
Neste caso se o agente encontra-se executando a pena e vem a 
fugir do estabelecimento prisional, na data da sua fuga, inicia-se 
o prazo prescricional da pretensão executória (art. 112, II, 1ª 
parte). Neste caso o prazo será regulado pelo tempo restante da 
pena em que o agente deveria ficar submetido. Contudo, caso o 
tempo de interrupção deve ser computado na pena, como é o 
caso dos arts. 41 e 42 do Código Penal que trata da que trata da 
superveniência de doença mental e da detração, embora 
interrompida a efetiva execução da pena, não corre a prescrição 
(art. 112, II, 2ª parte). O art. 117 do CP estabelece as causas de 
interrupção da prescrição. 
b) São causas que interrompem a prescrição da 
pretensão executória: 
Pelo início ou continuação do cumprimento da pena 
Quando o agente no exemplo anterior acima citado foge do 
presídio e é posteriormente recapturado. Essa causa só 
interrompe a prescrição da pretensão executória, quando a 
sentença condenatória já transitou em julgado para as duas 
partes, ou seja, defesa e acusação. Caso ainda caiba recurso da 
defesa, não há interrupção. 
Pela reincidência 
Se o agente comete um novo crime no curso do lapso 
prescricional. Deve-se observar que a interrupção se dá com a 
prática de novo delito, não com a condenação pelo mesmo. 
Porém, se agente vier a ser absolvido, evidentemente não houve 
reincidência, portanto, não foi interrompido o prazo 
prescricional. A reincidência só interrompe o prazo 
prescricional da pretensão executória, sendo inaplicável a 
prescrição da pretensão punitiva, sendo assim, a mesma não 
influi na prescrição da jus puniendi. Em qualquer caso, havendo 
a interrupção do prazo prescricional, o período volta a ser 
contado integralmente. 
Art. 113 do CP – Prescrição no Caso de Evasão do 
Condenado ou de Revogação do Livramento. 
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14 
 
Em caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o 
livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que 
resta da pena. 
a) Regular-se pelo tempo restante da pena – Em caso de fuga 
do condenado ou de revogação do livramento condicional, a 
prescrição é calculada pelo resto do tempo da pena (saldo). 
b) Desconto da prisão provisória – É objeto da detração 
prevista no art. 42 do cp, a solução não é tranqüila, existindo 
opiniões que admitem o desconto e outras que o negam. 
Art. 114 – Prescrição da multa. 
O art. 114 do CP estabelece as regras para reconhecimento da 
prescrição da pena de multa. Assim, temos: 
Em dois anos, quando a multa for à única cominada ou a 
única aplicada 
Deve-se analisar que a única cominada quer dizer a única pena 
estabelecida em abstrato no tipo legal e a única aplicada é 
aquela que entre outras espécies de penas cominadas no tipo 
legal para aquele crime, a pena de multa foi à única aplicada. 
Contudo, nos dois casos, a prescrição se dará em dois anos. 
No mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena 
privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou 
cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada 
Neste caso aplica-se o art. 118 do CP, que reza que "as penas 
mais leves prescrevem com as mais graves". Quer dizer que a 
prescrição da pena de multa alternativa ou aplicada 
cumulativamente ou cominada cumulativamente com a 
privativa de liberdade, prescreverá juntamente com está. Essa 
prescrição só incide sobre pretensão punitiva do Estado, uma 
vez que, depois do trânsito em julgado da sentença 
condenatória, a valor da multa transforma-se em dívida ativa da 
Fazenda Pública, deixando a execução de apresentar natureza 
penal. 
Art. 115 – Redução dos Prazos da Prescrição 
O art. 115 do CP determina que são reduzidos de metade os 
prazos da prescrição quando o criminoso era, ao tempo do 
crime, menor de 21 ou maior de 70 anos na data da sentença. 
Em relação ao menor nenhuma influência tem a emancipação 
civil, não afastando a redução do prazo. A disposição é aplicável 
aos prazos prescricionais dos art. 109, 110, 113. 
Art. 116 do CP - Causas Suspensivas da Prescrição 
São causas que se presentes, antes do trânsito em julgado da 
sentença condenatória, impedem o curso da prescrição (art. 
116). Na suspensão o tempo decorrido antes da causa é 
computado no prazo, ou seja, cessado a causa de suspensão a 
prescrição recomeça a correr de onde parou, diferentemente do 
que ocorre com a interrupção, onde o prazo recomeça por 
integral. 
Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que 
depende o reconhecimento da existência do crime 
No caso, por exemplo, do agente respondendo a processo de 
furto, intenta com ação civil, para provar que o objeto do crime 
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15 
 
de furto lhe pertence. Assim, o juiz criminal pode suspender a 
ação penal, até o julgamento da ação civil. 
Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro 
Neste caso, não impede o lapso prescricional, o agente que se 
encontra cumprindo pena em razão de outro processo, no 
Brasil. 
Ainda com relação ao parágrafo único do art. 116 do CP, não 
ocorre a prescrição da pretensão executória, durante o tempo de 
prisão do condenado preso por outro motivo. Por exemplo, 
estando o agente preso em uma comarca pelo cometimento de 
um crime, se sobrevier condenação por outro crime em comarca 
diferente, não prescreverá enquanto o agente encontrar-se 
preso na outra comarca. Nossa Carta Magna de 1988, criou 
mais dois casos de suspensão da pretensão punitiva do Estado, 
ambos estabelecidos no art. 53 §2º do referido diploma: 
Indeferimento de pedido de licença da casa respectiva para 
processar deputado ou senador, ou ausência de deliberação a 
respeito 
Nesse caso a suspensão ocorre na data do despacho do relator 
determinado seja oficiado a uma das Casas do Congresso com o 
objetivo de alcançar a licença. A suspensão perdurará até o fim 
do mandato. 
Durante o período de suspensão condicional do processo 
Conforme prevê o art. 89 §6º da lei 9.099/95, a qual interfere 
na persecução penal, suspendo o processo por um determinado 
tempo, ficando o agente submetido a um período de prova. 
Assim, durante esse período de prova, fica suspenso o prazo 
prescricional da pretensão punitiva do Estado. Caso, ao final do 
período de prova, não havendo causas de revogação da 
suspensão processual, o juiz decreta a extinção da punibilidade 
do agente, caso o benefício seja revogado, o processo retoma 
seu curso normal, voltando a correr o lapso prescricional. 
Se o acusado citado por edital não comparece nem constitui 
advogado 
De acordo com o art. 366 do CPP, ocorrem à suspensão da 
prescrição da pretensão punitiva do Estado, durante a 
suspensão do processo, quando o réu citado por edital, não 
comparece nem constitui advogado. Essas causas de suspensão 
da prescrição da pretensão punitiva do Estado, são taxativas, 
devendo-se ressalvar que a suspensão do processo em razão da 
instauração de incidente de insanidade mental (art. 149 do 
CPP) não suspende o lapso prescricional. 
Art. 117 do CP – Causas Interruptivas da Prescrição 
Em relação às causas interruptivas (art. 117, CP), o prazo para 
temporariamente o seu curso até a cessação da causa que lhe 
deu origem, voltando a correr do início, ou seja, sem 
aproveitamento do já decorrido anteriormente. São elas: o 
recebimento da denúncia ou queixa (art. 117, I, CP); a data da 
publicação do despacho que a receber, sendo que eventual 
retificação ou ratificação não obsta a interrupção; a pronúncia 
(art. 117, II e III, CP), prevalecendo à data da publicação desta; 
a desclassificação para outro crime de competência do Júri (art. 
408, §4º); a sentença condenatória recorrível (art. 117, IV, CP), 
ainda que parcialmente reformadapelo tribunal, se anulada não 
produz efeito interruptivo; e os embargos infringentes, que 
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16 
 
também interrompem o prazo prescricional quando interpostos 
contra acórdão absolutório. Em concurso de agentes, a causa 
interruptiva se comunica, exceto em caso de reincidência ou 
continuação do cumprimento da pena. 
São causas interruptivas da prescrição retroativa (art. 117, CP): 
a data da publicação da sentença condenatória seja no 
momento da publicação da sentença condenatória ou na data 
do julgamento em sessão, já em 2ª instância; o prazo anterior 
ao recebimento da denúncia ou queixa, ou seu aditamento; a 
sentença absolutória com recurso da acusação; sentença 
condenatória anulada; e a comunicabilidade nos casos de 
concurso de agentes, salvo o caso da reincidência e o início ou 
continuação do cumprimento da pena. As causas interruptivas 
também previstas no art. 117, V e VI do CP ocorrem quando do 
início ou continuação do cumprimento da pena e pela 
reincidência. 
Se o condenado vier a fugir, na data da fuga tem início novo 
prazo prescricional regulado pelo restante da pena (art. 112, II, 
1ª parte e art. 113, CP). Recapturado o fugitivo, novamente se 
interrompe o prazo. Perde-se o efeito interruptivo no caso de 
anulação de certidão de trânsito em julgado da sentença 
condenatória, na data da prática do novo delito interrompe-se o 
prazo prescricional. O efeito interruptivo não fica condicionado 
ao trânsito em julgado da sentença condenatória do novo, mas 
sim ao reconhecimento deste. Se absolvido o réu desaparece a 
reincidência e, conseqüentemente, o efeito interruptivo 
incidente sobre o primeiro delito. No concurso de pessoas 
comunicam-se as causas interruptivas da prescrição, exceto na 
reincidência e no início ou continuação do cumprimento da 
pena. Nos delitos conexos, quando objetos do mesmo processo 
há comunicação das causas interruptivas relativas a qualquer 
deles (art. 117, §1º, 2ª parte, CP). 
Art. 118 do CP – As Penas mais Leves Prescrevem com 
as mais Graves 
O art. 118 do CP refere-se a penas mais leves e não a crimes 
mais leves, penas mais leves são a multa e a pena restritiva de 
direitos. Assim, o dispositivo não se aplica ao concurso de 
crimes, mas às penas de um mesmo crime ( ex.: reclusão e 
multa, ou detenção e multa), prevista simultaneamente.É regra 
geral o princípio de que as penas mais leves prescrevem com as 
mais graves. A pena de multa prescreve: a) em dois anos 
quando for a única cominada ou aplicada; b) no mesmo prazo 
previsto para a pena privativa de liberdade prevista no preceito 
secundário da norma incriminadora, quando for alternativa ou 
cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada com 
a aludida pena privativa de liberdade. c) se é a única que resta a 
ser cumprida, prescreve em 5 (cinco) anos, eis que passa a ser 
considerada dívida de valor. Aludidos prazos aplicam-se tanto à 
prescrição do jus puniendi quanto à prescrição do jus 
punitionis; não sofrem o aumento da reincidência, mas lhes é 
aplicável a redução pelo fato etário (CP, art. 115). 
Art. 119 do CP – Extinção da punibilidade e no 
Concurso dos Crimes 
No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade 
incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente (art. 119 do CP). 
Assim, se o agente responde por dois crimes de roubo, em 
concurso material, a prescrição incidirá sobre a pena de cada 
um deles e não sobre a soma das duas penas. Por idêntica razão, 
tratando-se de concurso formal e de crime continuado, não se 
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17 
 
poderá computar o aumento de pena deles decorrente. Então, 
como poderia ocorrer a prescrição retroativa, intercorrente e da 
pretensão executória nos crimes continuados e no concurso 
formal de crimes? Nestas hipóteses entende-se que, mesmo em 
sede de crimes continuados e concurso formal, o juiz deverá 
aplicar a pena de cada um dos delitos e, ao final, aplicar o 
critério da exasperação. Em julgado, porém, do TJ-DF entendeu 
que, em crime continuado, o prazo prescricional deve ser 
contado de acordo com a pena-base imposta na sentença, sem o 
aumento. 
Art. 120 do CP – Perdão Judicial e Reincidência 
A prática de novo delito pelo mesmo agente, que, portanto, 
incide novamente; reincide, na prática delituosa, após trânsito 
em julgado da sentença que, no País ou no exterior, o tenha 
condenado por crime anterior. Neste instituto, o magistrado, 
não obstante comprovada a prática da infração penal pelo réu, 
deixa de lhe aplicar a pena em face de justificadas 
circunstâncias. O Estado renuncia, por intermédio da 
declaração do juiz, na própria sentença, a pretensão de 
imposição das penas. Incorporado ao nosso sistema legal, o 
perdão judicial previsto na Lei 9.807/99 somente deve ser 
aplicado ao crime do qual o delator for co-autor ou partícipe. O 
perdão é causa extintiva de punibilidade, conforme se extrai dos 
artigos 107, inc. IX, e 120 do Código Penal e é também 
circunstância de caráter pessoal e, portanto, incomunicável. 
Trata-se de direito público subjetivo de liberdade do acusado. A 
locução "pode" inserida no artigo 13 não representa nenhuma 
faculdade ao juiz. Satisfeitos os requisitos legais exigidos, o juiz 
está obrigado a conceder o perdão, declarando a extinção da 
punibilidade. Assim, descabe a inclusão do nome do réu no rol 
dos culpados ou a condenação em custas, tampouco a sentença 
prevalecerá para efeitos de reincidência e antecedentes 
criminais. A propósito, o Código de Processo Penal considera 
absolutória a sentença que isente o réu de pena ou que exclua o 
crime (art. 386, inc. V). A concessão do perdão judicial depende 
da aferição de condições objetivas e subjetivas. São condições 
objetivas: "1ª) colaboração efetiva com a investigação e o 
processo criminal (art. 13, caput); 2ª) identificação dos demais 
co-autores ou partícipes da ação criminosa (inc. I); 3ª) 
localização da vítima com a sua integridade física preservada 
(inc. II); 4ª) recuperação total ou parcial do produto do crime 
(inc. III); 5ª) circunstâncias favoráveis referentes à natureza 
do fato, forma de execução, gravidade objetiva e repercussão 
social do crime (parágrafo único do art. 13)." As condições 
subjetivas são: "1ª) voluntariedade da colaboração (art. 13, 
caput); 2ª) primariedade (art. 13, caput); 3ª) personalidade 
favorável do beneficiado (parágrafo único do art. 13)." 
Importante destacar que o benefício do perdão ou da 
diminuição de pena previsto na Lei de Proteção somente deve 
ser aplicável nos crimes dolosos praticados por três ou mais 
sujeitos, pois só assim o colaborador poderá identificar os 
demais co-autores ou partícipes da ação criminosa. É de se 
salientar que basta a identificação, não necessariamente a 
prisão, conforme o texto da Lei. O perdão judicial a que se 
refere a Lei em exame não se confunde com os institutos da 
desistência voluntária, do arrependimento eficaz e do 
arrependimento posterior abordados nos arts. 15 e 16 do Código 
Penal, respectivamente. Na desistência voluntária e no 
arrependimento eficaz (art. 15), opera-se a tipicidade do fato, 
que não pode subsistir típico para os outros participantes, 
enquanto no arrependimento posterior (art. 16) o sujeito, 
pessoalmente, repara o dano ou restitui o objeto material, 
circunstâncias essas objetivas e comunicáveis. A hipótese 
versada no art. 13 da Lei refere-se a crime consumado, 
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exigindo-se, por parte do agente, voluntária colaboração na 
recuperação do produto do crime. Na impossibilidade de se 
conceder o perdão judicial ao réu colaborador em face da 
ausência dos requisitos inseridos no art. 13, é possível que, 
conforme as circunstâncias fáticas, subsista a redução da penaprevista no art. 14 da Lei n. 9.807/99. Uma questão que merece 
ser abordada, dada a sua relevância, é se os requisitos 
apresentados no art. 13 são cumulativos ou alternativos, ou seja, 
se para a concessão deste benefício o colaborador deve 
preencher, ao mesmo tempo, todas as exigências legais (cúmulo 
material) ou se o atendimento a uma só das três condições 
satisfaz o tipo, possibilitando a aplicação do benefício 
(alternativa). A posição sustentada por Damásio de Jesus é no 
sentido de que, para a consecução do perdão basta que o sujeito 
satisfaça, de forma isolada, apenas um dos pressupostos 
mencionados nos incisos do art. 13 da Lei. Argumenta o citado 
autor que a exigência da coexistência dos requisitos restringirá 
a aplicação do perdão somente ao delito de extorsão mediante 
seqüestro capitulado no art. 15 do Código Penal, pois somente 
este tipo penal, em face de sua descrição, permite, 
conjuntamente, a caracterização das três hipóteses inseridas no 
art. 13 da Lei. 
Discordamos de tal posicionamento. A técnica legislativa é no 
sentido de que quando se adota o critério alternativo se faça 
constar expressamente no texto da Lei a conjunção ou. Na Lei 
em nenhum momento se empregou tal conjunção. Observa-se, 
ainda, que, no voto do Deputado Alberto Mourão, consta: "Em 
assim sendo, é de se conceder o perdão judicial e a conseqüente 
extinção da punibilidade ao indiciado ou acusado que, sendo 
primário, se disponha a colaborar efetiva e voluntariamente 
com a polícia e a justiça, daí resultando a identificação dos 
demais co-autores da ação criminosa, a localização da vítima 
com a sua integridade física preservada e a recuperação total 
ou parcial do produto do crime. É de se realçar que, dada suas 
conseqüências, o perdão judicial deve ser empregado com 
prudência e reserva, pois, se assim não for, estar-se-á 
possibilitando uma aplicação ampla e indiscriminada do 
benefício, ressaltando-se que este, na forma prevista na Lei, 
deve ser aplicado a crimes graves, os quais exigem medidas 
severas por parte da justiça. Se a intenção do legislador foi 
restringir este benefício à figura da extorsão mediante 
seqüestro, nada há o que se questionar, pois, onde o legislador 
restringiu não cabe ao intérprete ampliar. O texto da lei é claro 
e não comporta dúvidas. 
É imprescindível que a colaboração seja voluntária e efetiva, 
independentemente do motivo que ensejou tal colaboração. Por 
outro lado, a efetiva colaboração difere de sua eficácia. A 
eficácia é condicionante objetiva, ligada ao resultado de sua 
ação, que não tem relação com a natureza da colaboração. A 
efetividade representa a real e permanente participação do 
acusado no trabalho de investigação ou do processo criminal. O 
perdão judicial de que trata a presente Lei, por ser de ordem 
benéfica, é passível de aplicação retroativa. Debalde, vê-se que o 
preâmbulo da Lei especifica sua aplicação aos condenados que, 
voluntária e eficazmente, tenham colaborado com a 
investigação ou processo criminal. Essa forma de extinção da 
punibilidade poderia ser reconhecida ou pelo juízo das 
execuções ou em sede de revisão criminal. 
Muito embora o art. 13 faça remissão expressa ao "acusado", 
sua aplicação pode ocorrer antes da instauração da ação penal, 
com o arquivamento do inquérito policial contra o indiciado, 
logo após proposta a ação penal ou no momento da sentença 
final. As duas primeiras hipóteses se fundamentam no sentido 
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de se permitir, com o perdão, não apenas a isenção da pena, 
mas também a isenção do próprio processo.

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