Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Porto Alegre 2003 Editor L. Mascaro L1VRARIA DO ARQUITETO Rua Sarmento Leite, 320 - FAjUFRGS • 90050-170 - Porto Alegre/RS - Brasil Fone:(51) 3212-4644/ Fax: (51) 3267-1667 e-mail: liv.arq@terra.com.br http://www.liv:arquiteto.ccm.br JUAN Lurs HASQA~O @ by Juan Luis Mascaro 1a ediC;ao - 2003 ClP-BRASIL CATALOGAC;Ao NA PUBLlCAC;Ao Bibliotec6ria respons6vel: Rosemarie B. Santos CRB 10/797 Mascaro, Juan Luis Loteamentos urbanos / Juan Luis Mascaro. -- Porto Alegre: L, Mascaro, 2003. 210 p. : il. con com I terr dim infr renD 1.Arquitetura. 2.Planejamento urbano. I.Tftulo. E vedada a reprodu~ao total ou parciat desto obra sem a previa autoriza~ao do editor. Programa~6ogr6fica do capo e corpo do Iivro Aline BeatrfsSkowronski - Academica bolsista de iniciac;ao cientffica - CNPq Luise Martins da Silva -Academica bolsista de iniciac;ao cientffica - FAPERGS Digita~60 de textos Aline Beatrls Skowronski - Academica bolsista de iniciac;ao cientlfica - CNPq Cibele Marafon Dutra - Academica bolsista de iniciac;ao cientrfica - PROPESQ Luise Martinsda Silva - Academica bolsista de iniciaC;ao cientrfica - FAPERGS Desenhos Corpo do livro e motivos espedficos da capa Arq. Ederson Zucolotto Fundo da capa Arq. Julio Cruz Introdu~60 Arq. Fernando F. Fuao Corre~60 de textos Sra. Tania Curcio Apoio PROPAR - Programa de Pos-Graduac;ao em Arquitetura da UFRGS PROPUR - Programa de Pos-GraduaC;ao em Planejamento Urbano e Regional da UFRGS Quem espera encontrar nesta obra um manual para loteamentos dentro dos moldes tradicionais noo 0 encon- trara nem nesta versoo, nem no anterior. Ainda que conte- nha as noc;6es essenciais ace rea de loteamentos, esse livro se prop6e a estruturar as novas organizac;6es urbanas de um modo distinto dos propostos pelos poucos manuais exis- tentes. Loteamentos urbanos e um livro que trata de mostrar 0 tempo todo implicitamente noo uma cidade, um bairro, ou um simples loteamento baseado no homogeneidade do tra- c;ado das vias. Mas sim, uma forma diferenciada, mais refi- nada, trabalhada e inteligente no hora de conceber 0 espa- c;o humano. Um espac;o concebido mediante particularida- des, pequenos detalhes, no riqueza do variac;oo e heterogeneidade dos elementos. Um espac;oconstrufdo, coso a coso, sempre, considerando as leis do economia e racionalidade do espac;o. Entretanto, Juan Mascaro mostra que racionalidade ou economia noo significa fazer tabula rosa no terreno, nem tampouco aplicar indiscriminadamente a reticula ortogonal com seus lotes regulares. Vai mais alem e Itrata de mostrar que os loteamentos que projetamos, e mesmo a construc;oo de nossas cidades soo, no maioria do vezes, anti-economicos. Noo ha porque continuar perpetuando comodamente a ideia de que economia seja sinonimo de mediocridade. Muito 00 contrario, mediante exemplos e sugest6es, 0 autor vai des- velando no imaginac;oo do leitor uma serie de imagens e ideias de como projetar loteamentos criativos e bastante dis- tintos dos que se apresentam normalmente nos Iivros sobre o tema. Para tanto, vale-se do conhecimento do passado e das cidades medievais que conheceu, para resgatar com artimanha aquelas parcelas significativas e nem sempre too perceptiveis do cidade. Noo com um intuito saudosista, mas pragmatico-funciona Iista. Nos topicos do trac;ado, do geometria, das larguras de ruas, declividades, infra-estrutura, 0 leitor noo tardara em perce- ber que todos esses aspectos estoo submetidos 00 signo do cultura e do c1ima de coda lugar. Decididamente, e um livro com uma forte cargo humanista, em meio a tabelas e graficos tipicos oeste tipo de demons- trac;oo. Um livro recomendado para arquitetos e engenhei- ros, e cai bem para todos aqueles que de um modo ou de outro estoo envolvidos num projeto de loteamentos, como, por exemplo, agronomos, advogados, economistas, politi- cos, paisagistas ... Pref6 ci0......................................................... 5 Introd uC;;6 0 7 10 sftio e as urbanizac;;6es 1.1 Aspectos gerais 13 1 .2Areas de preservac;ao ecologica pela d ' rf' . I 14presenc;a e agua supe ICia . 1 .30utras 6reas de preservac;ao ecologi- ca .17 1.4 Declividade do sltio ..18 1.4.1 Declividade e ventilac;ao 19 1.4.2 Declividade e escoamento pluvial 22 1.4. 3Declividade e aproveitamento dos si- tios 2 3 1 .5Trac;ados urbanos e curvas de nivel 24 1 .5. lTrac;ados de vias em terrenos aciden- tados 29 1 .6 Bacias hidrogr6ficas e curvas de ni- vel 35 2 Tecidos urbanos e custos 2. 1Aspectos gerais do trac;ado urbano 37 2.2Combinac;6es de trac;ados 3 9 2.3Quarteir6es sem ruas de penetrac;ao A5 2.3. 1Localizac;ao de lotes em quadras sem ruas de penetrac;ao .45 2.3.2Comparac;ao economica entre quar- teir6es quadrados e retangulares A 9 2.4 Quarteir6es com ruas de penetrac;ao 50 2.5 Formas dos lotes 53 2.5.1 Lotes de formas regulares 58 2.5.2 Lotes de formas irregulares 59 2.5.3 Lotes, quarteir6es e ruas em terre- nos acidentados 6 0 3 Vias preferencialmente para vef- culos 3.1 Condic;6es gerais ' 63 3.2 Perfis e larguras de ruas e avenidas 67 3.2.1 Tipologias das vias veiculares 69 3.2.2Estacionamento de veiculos nas vias .78 3.2.3Raio de curvatura dos entroncamen- tos 7 9 3.2.4 Curvatura das vias .79 3.2.5 Largura das vias com precariedade de recursos 80 3.3 Largura das vias para acomodac;ao de redes de infra-estrutura 81 Ess f esse pra aos tan 4 Vias para pedestres, ciclovias e de uso misto 4.1 Largura das vias para pedestres 89 4.2 Calc;ad6es e vias sem salda .90 4.3 Vias cicl6veis 92 4.3.1 Largura das vias cicl6veis 94 4.3.1.1 Alargamento de vias veiculares 94 4.3.1 .2Ciclofaixa 95 4.3.1.3Ciclovia unidirecional 95 4.3.1.4 Ciclovia bidirecional 96 4.3.2 Declividades e outras caracterlsticas das vias cicl6veis .96 4.4 Espac;osurbanos de uso misto 98 5 Declividade das vias e do sftio 5.1 Declividade das vias para vefculos 106 5.2 Declividade nas vias para pedestres 107 5.3 Declividade nos cruzamentos e entron- camentos 1 13 5.4 Taludes laterais das vias 114 5.5 Posicionamento dos lotes em terrenos de grande declividade 11 7 5.6 Posicionamento de lotes e quarteir6es em relac;ao a nlveis de renda ..119 5.7Curvas nas vias 121 5.7. 1Tipos de curvas e suas combina- c;6es nas vias .125 6 Pavimentos urbanos 6.1 Generalidades sobre os pavimen- tos urbanos .129 6. 2Componentes dos pavimentos urba- nos 129 6.2. 1Revestimentos 129 6.2.2 Camadas inferiores 130 6.3Pavimentos nas vias para pedestres 131 6.3.1 Espessura dos pavimentos para pedestres 132 6.3.2 Custos dos pavimentos para pe- destres 133 6.4 Pavimentos para transito de vefcu- los 135 6.4. 1Exigencias 135 6.4. 1 .1 Resistencia as cargas ..136 6.4. 1 .2 Baixa resistencia ao rolamento 137 6.4 . 1 .3 Facilidade de conservac;ao ..138 6.4.1.4Cor adequada ..138 6.4 .2 Tipos de pavimentos veiculares ..139 6.4.2. 1 Pavimentos betuminosos por pe- netrac;ao 139 6.4.2.2 Pavimentos betuminosos por mis- tu ra ............................................•..................... 14 1 6.4.2.3 Pavimentos com blocos de con- creto ou paralelepfpedos 143 6.4.2.4Pavimentos de concreto (in loco) 146 6.4.2.5 Pavimentos de pedra colocada a ma0 150 6.4.2.6 Pavimentos de tijolos 153 6.4.2.7 Pavimentos a junta aberta 155 6.4.3Espessura dos pavimentos veiculares 155 6.4.4 Custos dos pavimentos veiculares 161 7 Coleta de aguas pluviais 7 1 S· t I' . .. 165. ISemas p UVIOISconvenCionOls . 7.1 .1 Meios-fios 166 7.1 .2Sarjetas 166 7. 1 .3 Sarjet6es 167 7.1.4 Bocas de lobo .' 169 7.1.5Condutos de ligac;ao 173 7.1 .6 Caixas de ligac;ao 173 7. 1 .7 Poc;os de visita 173 7.1 .8Galerias 174 7. 1 .9 Declividade de bacia 176 7.1 .1 oDeterminac;ao aproximada do dia- metro das tubulac;6es 177 7.2 Sistemas pluviais nao convencionais 178 7.2.1 Canalizac;ao centralizada a ceuaber- to 179 7.2.2 Bacias de estocagem 179 7.3 Harmonizac;ao entre pavimentos viari- os e desagOes pluviais 180 7.3.1 Sistema guia-sarjeta 181 7.3.2 Desenho planialtimetrico dos cruza- mentos 184 7.3.3 Cruzamentos em terrenos com declividades fortes 189 8 A engenharia da paisagem 8.1 Generalidades 191 8.2 Movimentos de terra 193 8.2.1 Muros de contenc;ao 194 8.3Arborizac;ao urbana 194 8.3.1 Aspectos gerais 194 8.3.2 Func;6es da arborizac;ao 196 8.3.2.1 Sombreamento 197 8.3.2.2Alimentac;ao 199 pra aos tan par lote lev I[co ter cli 'I infr I ren usu. 8.3.3 Plantio 201 8.3.3.1 Escolha das esptkies 201 8.3.3.2 Cavas para plantio e elementos de prote<;60 201 8.3.3.3 Compatibiliza<;60 do arboriza<;60 e a infraestrutura urbana 201 Bib Ii09 ra f ia 209 Este livro procura reunir os criterios mais importantes para projetar loteamentos e outras urbani- zac.;6es,levando em considerac.;oo as vari6veis funcionais, formais e economicas. 0 primeiro capitulo estuda 0 sltio, analisa-se a correlac.;oodas alternativas geometricas dos trac.;adoscom 0 tipo de terreno a urbanizar e soo expostas as possibilidades geometricas aplic6veis a distintas caracterfsticas topogr6ficas, suas vantagens e problemas. 0 segundo capitulo analisa a parcela de terreno (Iote), sua forma e ocupac.;oo,0 conjunto de parcelas que formam os quarteir6es, os quais, em suas diferentes escalas, constituem os loteamentos, bairros, cidades, assim como os respectivos aspectos geometricos do trac.;ado,desde a parcela ate reticula urbana. Os capltulos terceiro e quarto estoo destinados a an6lise espedfica das larguras das ruas, cruza- mentos e caminhos de pedestres. Segue-se a apresentac.;oo de suas respectivas normas de declividades limites, no quinto capitulo. No sexto e setimo capltulos, estudam-se as principais redes de infra-estrutura urbana e as carac- terlsticas para seu dimensionamento, particularmente nos aspectos referentes a pavimentac.;ooe drenagem pluvial. Finalmente, no ultimo capitulo, soo detalhadamente indicadas a arborizac.;oo e localizac.;oorecomend6veis para que se harmonizem com as redes de infra-estrutura urbana, assim como com os outros aspectos da engenharia da paisagem. par III tote I • lev co ter ,I eli ,I infr [: ren IIII USU 'I The base of this book is Juan Luis Mascaro's handbook entitled "Urban development manual", with it's first edition published in 7997 and the second one in 7999. This book presents the most important criterions to project the plot of the urban land and other kinds of development, considering the functional, formal and economical aspects. The first chapter studies the site, the correlation of the geometric project alternatives with the kind of land to be urbanized and explains the geometrical possibilities applicable to distinct topographical characteristics, their advantages and problems. The second chapter studies analyses the urban lot, its form and occupation, the group of lots that constitute the blocks of buildings which, in their different scales, form plots of land, districts, towns, just like as the respective geometrical aspects of the projects, from the lot until the neighborhood. The third and fourth chapter guide to a specific analysis of the width of the streets and crossroads while the next one presents the pedestrian walks, mixing streets uses and special rights-of-ways reserved for bicycles. In the fifth chapter the author studies the norms to project in rough terrain (important declivity) to difference types of streets and pedestrian walks and in the next one he analyses the different types of pavement for them. In the sixth e seventh chapters are studied the main urban facilities. Finally, he analises the environment enginnering. 1.1 Aspectos gera is Todo sitio tem na topografia suas caracteristicas prin- cipais. Obviamente, nas declividades, na uniformida- de, no tamanho dos morros e das bacias e em outros aspectos do relevo estaroo os mais fortes condicionantes do tra<;ado urbano. Igualmente, cada sitio tem seu ecossistema natural que, em maior ou menor grau, e alterado e agredido quando sobre ele se faz um assentamento urbano. 0 novo sistema ecologico criado podera ser agradavel ou noo, estavel ou instavel, economico ou antieconomico, dependendo, em grande parte, do criterio com que 0 urbanista 0 trata. Noo se pode dar uma regra geral, mas geralmente os sistemas mais agradaveis soo aqueles que contem menores altera<;6es, tornando-se mais economicos e estaveis no tempo. . Com os modernos equipamentos de grande capaci- dade para os movimentos de terra que tanto orgu- Iham os tecnicos dessa area tem-se condi<;6es tecni- cas de criar sitios com topografia totalmente artificial. Frequentemente se ve areas de relevo complexo se- rem aterradas e desbastadas completamente, para ali ser criado um perfil topografico mais simples, objetivando facilitar a subdivisoo e a posterior edifica<;oo das residencias. Mais simples, sim; melho- res, nOo. Os assentamentos humanos que geralmente mais agradam soo aqueles que parecem ter se desenvolvi- do de forma espontOnea, aqueles lugarejos que apa- recem como encravados na propria natureza. Curio- samente, esse tipo de assentamento que respeita a natureza e mais economico para implantar, porque dispensa os grandes movimentos de terra. Tambem se torna mais economico de manter, porque e ecologi- camente mais estavel. Visto dessa outra perspectiva, evidencia-se que 0 de- senho urbano noo pode ser feito resolvendo apenas 0 problema na planta. Para se obter um bom desenho, deve-se trabalhar em suas tres dimens6es, levando em considera<;oo que as solu<;6esescolhidas necessi- tam se adaptar e serem oriundas das condi<;6estopo- graficas. Embora isso seja muito claro, e frequente encontrar nos compendios de desenho urbano diferentes tro<;a- dos alternativos, colocados como se fossem de livre escolha, como se nada tivessem a ver com a topogra- fia. Os esquemas da figura 1.1 soo um bom exemplo co Re crit II I II I: I Ii l. IIC 1 II infr I II ren I: USU I I I I II par lote lev b extroversos Fi ura 1.1 Tra<;ados alternativos de ruas sem salda disso: 0 esquema (a) e chamado de introverso, e 0 (b), de extroverso. Na verdade, 0 esquema (a) deve corresponder a urbaniza<;oo de um vale e 0 (b) a de um morro, na qual foi esquecido que um sistema via- rio e tambem um sistema de canais de escoamento de aguas pluviais que necessariamente depende da topografia local. 1.2 Areas de preservac;60 ecol6gica pela presenc;a de agua superficial A agua da chuva se divide em dois segmentos: um que se infiltra no solo e forma os len<;6isfreaticos e outra que escorre na superfrcie formando as bacias hidrograficas subterraneas e superficiais. Aqui seroo tratadas preferencialmente as superficiais por serem as que mais afetam os tra<;ados urbanos. Na medida em que a agua escorre superficial mente - se a declividade e suficientemente acentuada - junta- se em c6rregos, arroios, rios e assim por diante. Se a declividade do sltio e muito baixa, ela empo<;a ten- dendo a formar pantanos, lagoas, lagos, etc. E too importante a presen<;ada agua e a sua conse- qUente influ€mcia na vegeta<;oodo sitio que ha ampla legisla<;oo a respeito dela. A lei federal 4771/65, co- nhecida como C6digo Florestal e suas modificac;6es posteriores, especifica: "Consideram-se de preserva<;60 permanente, pe/o 56' efeito desta Lei, as f10restas e demais formas de vegeta- <;60natural situadas. a) ao fango dos rios ou de qualquer curso d'agua des- de 0 seu nfvel mais alto em faixa marginal cuja largura mfnima seja: 1 - de 30 m (trinta metros) para os cursos d'agua de menos de 70 m (dez metros) de largura; 2 - de 50 m (cinqOenta metros) para os cursos d'agua que contenham de 70m (dez metros) a 50 m (cinqOenta metros) de largura; 3 - de 100 m (cem metros) para os cursosd'agua que tenham de 50 m (cinqOenta metros) a 200 m (duzentos metros) de largura; 4 - de 200 m (duzentos metros) para os cursos d'agua que tenham de 200 m (duzentos metros) a 600 m (seis- centos metros) de largura; 5 - de 500 m (quinhentos metros) para os cursos d'agua que tenham largura superior a 600 m (seiscentosmetros); (Redac;60 dada a alrnea pe/a Lei nO 7.803, de 78.07.89). b) ao redor das lagoas, lagos ou reservat6rios de aguas naturais ou artificiais. c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chama- dos "olhos-d'agua" qualquer que seja a sua situa<;60 topogrOfica, num raio mfnimo de 50 m (cinqOenta metros) de largura; (Reda<;60dada a a/fnea pe/a Lei nO 7.803 de 78.07.89)." A lei federal nO 6766/79 conhecida como lei de parcelamento do solo urbano (Ioteamentos) e suas modificac;6es posteriores, determina: ''Artigo 4 - as loteamentos dever60 atender, pe/o me- nos, aos seguintes requisitos. III - ao fango das aguas correntes e dormentes e das faixas de domfnio publico das rodovias, ferrovias e dutos, sera obrigat6ria a reserva de uma faixa "non aedificandi" de 75 metros de cada lado, salvo maiores exig€mcias da legis/a<;60 especffica." A Resoluc;60 nO004 de 18 de setembro de 1985 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) determina: ''Art. 3° - 560 Reservas Eco/6gicas: ·ln ren usu b) as f10restas e demais formas de vegeta<;60 natural situadas: I - ao longo dos rios ou de qualquer outro corpo d'agua, em faixa marginal alem do leito maior sazonal, medida horizontalmente, cuia largura minima sera: - de 5 (cinco) metros para rios com menos de 10 (dez) metros de largura; - igual a metade da largura dos corpos d'agua que me<;am de 10 (dez) a 200 (duzentos) metros; - de 100 (cem) metros para todos os cursos d'agua cuia largura seia superior a 200 (duzentos) metros; /I - ao redor das lagoas, lagos ou reservat6rios d'agua naturais ou artificiais, desde 0 seu nivel mais alto medi- do horizontalmente, em faixa marginal cuia largura mi- nima sera: - de 30 (trinta) metros para os que esteiam situados em areas urbanas; - de 700 (cem) metros para os que esteiam situados em areas rurais, exceto os corpos d'agua com ate 20 (vinte) hectares de superficie, cuia faixa marginal sera de 50 (cinqOenta) metros; . - de 100 (cem) metros para as represas hidroeJetricos; /II- nas nascentes permanentes ou temporarias, incluin- do os olhos d'agua e veredas, seja qual for a sua situa- <;60topogr6fico, com uma faixa minima de 50 (cinqOen- ta) metr9s e a partir de sua margem, de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia de drenagem contribu- inte." As figuras 1.2, 1.3 e 1.4 resumem a legislac;60 de preservac;60 ecol6gica de agua superficial na nature- za. Lei Federal N° 4771/65 com suas alterac;6es Resoluc;60 do Lei Federal N° CONAMA N° 6766/79 004 de 18/09/84 30,Om Faixa5 am Res,e ~v a Reservaecol6gica 15,Om non , ecologlca aedificandi Curso d'6gua com ate 10m de largura 5,Om 15,Om 30,Om Figura 1.2 Diferentes larguras das faixas de prote<;60 aos cursos d' agua com largura maxima de 10 metros de acordo com as Leis Federais vigentes. Resolu<;oo do CONAMA N° 004 de 18/09/84 lei Federal N° 4771/65 com as modifica<;6es inlroduzidas pela lei 7.803/89 Preservo<;60 tDermonen e ~eservo Preservo<;60 permonente ~col6gico permonente 200,Om SO,Om 100,Om Cursos d' agua IC-ursos d' agua Cursos d' agua Cursos d'agua com largura de com largura de com largura de com largura de 10 a 200m 10 a 50m 50 a 200m 200 a 600m SO,Om 1 2 do 100,Om Ie rguro do rio 200,Om It o 100m) Figura 1.3 Diferentes lorguros dos foixos de prote<;oo oos cursos d'6guo com 100200 m de lorgura, com 0 legislo<;oo federal do meio ombiente vigente. Resolu<;60 do CONAMA Lei 6766/79 Figura 1.4 Diferen<;os dos foixos de prote<;oo as logoos, preconizados pelo CONAMA, pelo Lei n06.766 e pelo C6digo Florestol. 1 .3 Outras areas de preserva<;60 ecol6gica Outras areas aa maior importoncia sac os topos dos morros, por elas se carregam os len<;6isfreaticos. Na medida em que os topos nao sac ocupados e sua vegeta<;ao e preservada, entra mais agua limpa nos len<;6is.Restingas, dunas e outras particularidades dos sftios tambem sac consideradas, no C6digo Florestal,como importantes areas de preserva<;ao per- manente, juntamente com suas f1orestas: lid) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas com declividade supe- rior a 45° (quarenta e cinco graus), equiva/ente a 100% na /inha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabi/izadoras de ,mangues; g) nas bordas dos tabu/eiros ou chapadas, a partir da /inha de ruptura do re/evo, em faixas nunca inferior a 100 m (cem metros) em projec;6es horizontais; (Reda- C;60 dada a a/fnea pe/a Lei nO 7.803/89) Paragrafo unico - No caso de areas urbanas, assim en- tendidas as compreendidas nos per/metros urbanos de- finidos por lei municipal, e nas regi6es metropolitanas e ag/omerac;6es urbanas, em todo 0 territ6rio abrangi- do, observar-se-a 0 disposto nos respectivos pianos di- retores e leis de uso do solo, respeitados os princfpios e limites a que se refere este artigo. (Paragrafo acrescen- tado pela Lei nO 7.803/89)." A resoluc;ao nO004 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) tambem considera de preserva- c;ao permanente no seu Art. 3 topos, restingas, dunas e outros como se transcreve a continuac;ao: "IV- no topo de morros, montes e montanhas, em areas delimitadas a partir do curva de nivel correspondente a 2/3 (dois terc;os) do altura minima do elevac;oo em re- lac;oo a base; V - nos linhas de cumeadas, em area delimitadas a par- tir do curva de nivel correspondente a 2/3 (dois terc;os) do altura, em relac;ao a base, do pico mais baixo do cumeada, ficando-se a curva de nivel para coda seg- mento do linha de cumeada equivalente a 1.000 (um mil) metros; VI nos encostas ou partes destas, com declividade su- perior a 100% (cem por cento) ou 45° (quarenta e cin- co graus) no sua linha de maior declive; VII - nos restingas, em faixa minima de 300 (trezentos) metros a contar do linha de preamar maximo; VIII- nos manguezais, em toda sua extensoo; IX - nos dunas, como vegetac;oo fixadora; X - no borda de tabuleiros ou chapadas, em faixa com largura minima de 100 (cem) metros; " 1 .4 Oed ividade do sftio As palavras "c1ima" e "declive" derivam do mesma pa- lavra grega, 0 que nos mostra que j6 os antigos ti- nham conhecimento de que atraves do escolha de declividades e orientac;6es das ruas e cidades seu c1i- ma poderia ser mais ou menos agrad6vel que 0 do regiao. No Brasil, 00 sui do Tr6pico de Capric6rnio, no inver- no, uma ladeira norte e mais quente que uma sui; no verao, uma ladeira sui e mais fresco que uma norte. Um exemplo dessa situac;ao pode ser visto no figura 1.5. Um termo muito usual, quando se estudam as curvas de nfvel, e 0 "pendente", que e sinonimo de declive, e sua quantificac;ao conhecida como declividade. J6 usamos esses termos, mas agora os definiremos c1a- ramente em relac;ao as curvas de nfvel. A declividade se expressa normalmente como uma percentagem (%), como uma raz60 entre a voriac;60 de altitude e a distOncia horizontal que h6 entre esses pontos, ou como um angulo. Assim, por exemplo, se duas curvas de nlvel tiverem 1m de diferenc;a entre elas, como geralmente s60 usa- das, e estiverem a 100m de distancia uma da outra, a declividade poder6 ser expressa como: 1%, 1: 100 ou 0°45'. Se as curvas de nlvel estiverem a 2m de distancia, a declividade ser6 expressa em 50%, 1:2, ou 26°30'; se a distancia for de 1m, as declividades ser60 apresentadas como 100%, 1: 1, ou 45°. Neste livro as declividades, sempre que posslvel, ser60 ex- pressas em percentuais. 1 .4.1 Declividade e ventila<;60 Devemos pensar tambem que a declividade altera as condic;6es de ventilac;60 do local, acelerandoou di- minuindo os ventos da regi60. Portanto, morros e va- les geram 0 que se conhece como ventos anab6ticos e catab6ticos. Durante 0 dia, as partes mais elevadas do relevo re- cebem mais radiac;60 que as partes mais baixas, for- mando uma corrente ascendente de or que d6 origem aos ventos anab6ticos. A noite, a corrente se inverte, Zona quente ~ I durante todo o GhO Figura 1.5 Exemplo de morro e sua insola<;oo, no Brasil, do Tropico de Capricornio 00 Sui (Soo Paulo 00 Sui). Cicio diario: brisa do vale (vento anabatico) Cicio diario:brisa do montanha (vento catabaticos) Figura 1.6 Cicio diario de ventos anabaticos e catabaticos, gerados pelas condic;6es topograficas. Cicio diario: brisa de mar (regime diurno) r ---~ \. ~__ - J -~ Cicio diario: brisa de terra (regime noturno) formando os ventos catab6ticos, mais leves que os anteriores, fig. 1.6. )s ventos anab6ticos e catab6ticos ser60: mais fortes quanto maiores forem os desniveis, e Janto menos vegeta<;60existir nas escarpas; mais fracos quando as declividades dos morros fo- !m pequenas, e a vegeta<;60, particularmente do topo, for densa. Os ventos anab6ticos e catab6ticos tambem podem- se combinar com as brisas geradas entre a terra e as massas de 6gua. Durante 0 dia, 0 solo atinge temperaturas superiores as de uma massa de 6gua, formando-se uma corren- te de ar proveniente do 6gua em dire<;60 a terra. Ao contr6rio, durante a noite, a terra resfrio-se mais rapi- damente do que a 6gua, invertendo-se, portanto, 0 sentido do vento, como mostra a figura 1.7. A explica<;60 reside no fato de que 0 solo apresenta uma amplitude de varia<;60 di6rio, e ate mesmo anu- ai, de temperatura bastante superior a das massas de 6guo (lagos, oceonos, etc.), j6 que a superficie Iiqui- da aquece e arrefece muito mais lentamente, devido aos mecanismos de uniformiza<;60 da sua temperatu- ra. Como j6 mencionado, no periodo do dio 0 solo 1·4 atinge temperaturas muito maiores do que as da agua. Assim, a medida que a temperatura do solo aumen- ta, as correntes de ar ascendentes criadas arrastam outras massas de ar provenientes do oceano, crian- do-se uma brisa maritima nas camadas inferiores da atmosfera. Ao final da tarde, a temperatura da super- ficie terrestre ja noo e too elevada, resultando na di- minuic,;oo da intensidade das brisas. A noite, 0 pro- cesso inverte-se, a temperatura da superficie terrestre e inferior a do oceano, originando ventos que sopram da terra para 0 mar. Esta brisa noturna e geralmente mais debil que aquela presente durante 0 dia. A topografia tambem pode exercer um efeito de bar- reira fisica, canalizando e desviando 0 movimento dos ventos, por vezes de forma extremamente complexa. Como exemplo, a presenc,;ade uma pequena eleva- c,;oode terreno ou outre elemento orografico isolado pode ser suficiente para gerar um significativo efeito de abrigo. Pelo contrario, no seu topo, 0 escoamento sofre uma significativa acelerac,;oo,sendo essa zona c1aramente desprotegida em termos de vento. 0 au- mento da velocidade junto ao solo tambem se obser- va em parte da sec,;oode montante, onde 0 vento, pelo efeito de Venturi, e forc,;adoa acelerar, ja que a sec,;oode passagem se reduz progressivamente. Na encosta de jusante, 0 efeito oposto e esperado e, dependendo da sua inclinac,;oo, poder-se-a observar a inversoo do sentido do escoamento em niveis pr6xi- mos do solo, resultando na criac,;oode uma zona de recirculac,;Oo. Na presenc,;ade um obstaculo de forma angulosa, como um elemento em forma de degrau, 0 escoamento' sera significativamente diferente do caso anterior. Junto a base a montante, gera-se uma bolha de recirculac,;oo acima da qual seroo desviadas as linhas de corrente que, em alguns dos casos, doo origem a uma outra zona de recirculac,;oo na zona inicial do patamar do degrau, fig. 1.8. Cabe salientar que, em c1imas tropicais 6midos, os vales teroo um c1ima quente abafado, muito pouco agradavel. Portanto, quanto mais perto do tope ficar a urbanizac,;oo, mais agradavel sera 0 c1ima. No en- tanto, a urbanizac,;oodo tope ira piorar a situac,;oodo vale. Do ponto de vista da ventilac,;oo, ruas paralelas as curvas de nivel noo soo as mais recomendaveis. Na tabela I.1 soo fornecidos alguns dados quantitati- vos da relac,;ootopografia - vento. ~-j 1 l -' --------1'------ ------J'------ Relevo suave - acelerac;ao na face montante e no topo, seguida de desacelerac;ao na face de jusante. Descontinuidade de relevo - notar a separac;ao da camada-limite, a formac;ao de bolhas de recirculac;ao e a inversao de sentido. i < 5% Tanto em aclive como em declive, nao tem influencia no velocidade nem no direc;ao i < 50% Em aclive, a velocidade tende a aumentar. Em declive, a velocidade diminui. i > 50% o vento turbilhona, carecendo de uma direc;ao certa. 1.4.2 Declividade e escoamento pluvial o escoamento das aguas pluviais fica tambem alte- rado em fun<;ao de declividades diferentes. A tabela 1.2 fornece alguns dados quantitativos. Do ponto de vista do escoamento pluvial, as declividades tambem barateiam ou encarecem os sis- temas pluviais, como mostra a figura 1.9. Assim,as declividades ideais sac as de nfveis medias, e os custos de urbaniza<;ao demonstram isso c1ara- mente. A figura 1.9 mostra que as declividades ideais para a rede de drenagem pluvial situam-se entre 2% e 6%. Declividades menores geralmente criam pro- blemas de sedimenta<;ao por baixa velocidade nas tubula<;6es; enquanto declividades maiores que 6% aumentam a velocidade, ocasionando eros60 no in- terior das mesmas. 1·4 As declividades tambem interferem na eireula<;ao de pedestres, como mostram os dados quantitativos da Tabela 1.3. i < 2% o terreno nat~ral alaga com inclinac;6es abaixo deste nivel. Nao se pode gramar. i < 8% o terreno pode ser irrigado par aspersao. A agua que eventual mente fica em cima do grama, escorrera lentamente, sem cousar prejuizos. i > 8% o terreno tem que ser protegido com uma cobertura que pode ser vegetal 1.4.3 Declividade e aproveitamento dos sltios Como regra geral, podemos dizer que sftios com declividade de: - 2% ou menos: sac loeais que devem ser evitados, pois terao difieuldades de drenagem; podem ser utili- zados se forem pavimentados pelo menos pareialmen- te. - 2% a 7%: sac ideais para qualquer uso; pareeem pianos. - 8% a 15%: sac loeais que servem, mas com eertas restri<;6es;na situa<;ao original podem servir para ati- fJr{ {fo.~ tan 'Yen usu i < 7% Os pedestres circulam com muito conforto; os pavimentos podem ser de boixo atrito ou, inclusive, pela grama, sem problema nenhum. Os deficientes circulam com suas cadeiras, - confortavelmente. 7 < i < 10% Os deficientes ainda podem circular, mas com dificuldade crescente. 7<i<13% Os pedestres circulam bem em caminhos rampeados, mas os pavimentos devem apresentar atrito rmoavel. 13 < i < 20% Os pedestres ainda podem circular, mas os pavimentos devem apresentar atrito muito forte. A circula<;60 n60 deve ser em rampas muito longas, pois s60 cansativas e perigosas. 20 < i < 40 % Para que pedestres circulem com estas declividades, deve-se recorrer a tramos de escadas intercalados com patamares ou com rampas. i > 40% Para que os pedestres possam circular com certo conforto, e necessario inclinar escadas ou rampas em rela<;60 as curvas de nivel, ate diminui-Ias a uma inclina<;60 nfvel aceitavel (40%). vidades que n60 precisem de construc;6es; em caso contrario, devem ser feitos cortes e aterros para dota- los de patamares. - 16% a 30%: s60 locais que devem ser evitados; s60 necessarias obras especiais para sua utilizaC;60. De- ver60 ser construfdas rampas e escadas para pedes- tres. Deve-se per.sar ainda que 0 limite maximo que um vefculo carregado pode subir em condic;6es nor- mais e de 18%. 5e forem umidos, podem ser estabili- zados com vegetac;60rasteira; a plantac;60 de grama deve ter uma declividade de 30% ou menos, pois as segadoras tem serios problemas para trabalhar a partir dessa declividade. - mais de 30%: s60 terrenos em prindpio inadequa- dos para construc;6es e precisam de obras especiais para sua estabilizac;60. 1.5 Tra~ados urbanos e curvas de nfvel Para avaliar as possiveis alternativas de trac;ado urba- no, e importante se colocar perante uma planta com curvas de nfvel. Dependendo da escala do trac;ado, trabalha-se desde as grandes escalas (com curvas mais distanciadas) as relativamente pequenas, como, por exemplo, 1: 1000, com curvas pr6ximas (metro a metro), para ajustar as ruos. Os americanos chegam a trabalhar com curvas de ate 30 em 30cm, em casos de declividades inferiores a 1%. Como em todo 0 problema de desenho, nao existe nenhuma receita que tenha validade absoluta. Como regra geral, deve-se escolher a posi<;ao e dire<;ao de todas as ruas, de forma a ter declividade suficiente para escoar as aguas da chuva. Para isso, obviamen- te, deverao ser posicionadas, cortando as curvas de nfvel. E 0 que se ve na figura 1.10 onde se pode observar 0 cuidado do projetista ao tra<;ar todas as rUGs.Com base nesses prindpios, existe somente uma pequena trama de rua no centro da cidade, paralela as curvas de nfvel. Como justamente nessa trama a declividade transversal e grande, nao havera proble- mas em alterar nela 0 nfvel natural do terreno. Outro aspecto interessante a destacar e que 0 tra<;ado foi feito sem altera<;6es importantes nas curvas de nfvel existentes, 0 que torna a implanta<;ao economica, es- tavel e mais agradavel. Por defini<;ao, curva de nfvel e uma abstra<;ao geome- trica que une todos os pontos que possuem 0 mesmo nfvel. Geralmente sac tra<;adas de 5 em 5 metros, de 1 em 1 metro, ou, em terrenos muito pianos, de 50 -.:::::::::..0 Figura 1.10 Exemplo de cidade planejada. em 50 centlmetros. No primeiro caso teremos sequen- cias de, por exemplo; 100, 105, 110 ...; no segundo, 100,101,102 ... , e assim sucessivamente. 0 tipo de terreno, 0 tipo de obra e a escala determinarao 0 espa<;amento com que se devera trabalhar. Em terrenos com declividades muito baixas, as linhas aparecerao mais espa<;adas, serao mais ou menos retas e paralelas, como mostra 0 esquema (a) da fi- gura 1.11. Ao contrario, quando 0 terreno for aciden- tado, as curvas aparecerao totalmente irregulares e mais pr6ximas, com fortes varia<;6es de distoncia e dire<;ao, conforme aparece no esquema (b). [' , I I Quando as curvas s60 fechadas em torno de um pon- to, representam uma depress60 (c) ou um promont6- rio (d). S6 e possivel distinguir um coso do outro lendo o valor das cotas. Quando as curvas se apresentam em uma forma de V ou U, representam 0 fundo de um vale (e) ou coxi'lhas (f); como no coso anterior, s6 e possivel distinguir um fundo de vale de uma coxilha lendo 0 valor das cotas. Normalmente, os tra<;ados geometricos se adaptar60 bem aos terrenos pianos ou de baixo e uniforme declividade. Nos terrenos acidentados, os que melhor se adaptam s60 aqueles que interpretam e acompa- nham as varia<;6estopograficas. Todas as ruas devem ter declividade, evitando-se, entretanto, arruamentos como 0 indicado no figura 1.120 onde a metade do rua fica quase paralela as curvos de nivel. Nesses casos, as solu<;6esapresentados nos figuras 1. 12b e 1.12c ser60, 0 principio, melhores que a primeira (a). Ao contrario, se 0 terreno e de baixo declividade, 0 tra<;ado do figura 1.120 sera 0 mais indicado, desde que se consiga uma forma de obter declividade para as ruas que ficarem paralelas as curvos de nivel. a cu rvas de nIvel tipicas de terrenos pianos. ~~~ --==-~ b cu rvas de nIvel tipicas de terrenos acidentados. C curvas de nivel de uma depress60 sem saida. d curvas de nlvel t1picas de um promont6rio. e curvas de !livel ~ ~ trpicas de area de ;~- ------------=== fundo devale fl~-~-=========-----~ a ?3::::::==:===:~~::::::;i_-~~-ii H - ~~ ~9 ~~ ~ f curvas de nlvel ~6~~------ tlpi~as de areas com ~~~ coxdhas. 23 24 40~~--~--- I ,I I I Ii II ~ I i a Neste primeiro caso, se a terreno e de forte decl ividade, haver6 erosoo nas r u a s perpendicular~s as curvas de nivel, pais as 6guas da chuva tamaroa alta velocidade. Este tra<;ado e desaconsel hado para este tipo de terreno. b Neste caso, a velocidade das 6guas pluviais fica diminuida pelas trocas de dire<;oo que se verificam pelo desencontro das ruas. Deste ponto de vista, e um pouco melhorque a anterior. Figura 1.12 Varia<;6es da topogr6fica. ( malha para uma mesma eclividade C Este caso e igual ao anterior, onde a velocidade de escoamento das 6guas pluviais e diminuida, porque todas as ruas se disp6em diagonalmente as curvas de nivel. Entretanto, a tr6fego pode ficar muito prejudicado pela frequencia em que deveroo aparecer valetas atravessando a pavimento para conduzi-Ias superficialmente au, caso contr6rio, haver6 multiplica<;oo de bocas-de- lobo. 460 450 440 430 420 410 Figura 1.13 Tra<;ados e inclina<;6es de uma rua reta num terreno acidentado. 1.5. lTra<;ados de vias em terrenos acidentados Para entender 0 que acontece nos tra<;adosem terre- nos acidentados, e importante ver 0 que significa unir os pontos A e B com uma reta, como mostra a figura 1.13. No exemplo, ambos o~ pontos acham-se no mesmo nivel, mas no meio h6 uma depressao. Uma rua nesse tra<;ado apresentar6 declividades vari6veis, dificultando e ate impedindo 0 tr6fego normal, como indica 0 corte. Nurn terreno como este, uma rua que una essespon- tos nunca poderia ser uma reta. A rua deveria acom- panhar a curva, rnesmo que 0 percurso ficasse maior. Veia como se precede com as curvas de nivel. Considerando-se, na figura 1.13, os pontos A e B, colocados sobre duas curvas de nivel sucessivos, a declividade da reta que os une ser6: Declividade AB = valor do desnivel / distOncia hori zontal x 100 Assim: Quanto mais ortogonal e 0 segmento AB em rela<;ao as curvas de nivel, maior declividade apresenta, por- que 0 valor do desnivel permanece constante enquan- to a distancia horizontal diminui. Inclinando 0 segmento AB com rela<;ao as curvas de nivel pode-se diminuir a inclina<;ao conforme se dese- ia. 5e quiser obter no segmento BC a mesma declividade que no AB, deve-se procurar que os segmentos te- nham a mesma longitude, fig. 1.14. I Distancia AB = Distancia Be 5e as curvas se apresentarem irregulares, ou ficarem a distancias vari6veis, nao ser6 possivel tra<;ar ruas retas com declividades constantes. A explica<;ao, mesmo que um pouco simplista, mos- tra como se deve proceder para obter trac;ados com declividades aceit6veis em terrenos de declividades fortes e vari6veis. A figura 1.15 mostra duas alternativas para tra<;ar uma rua com uma declividade inferior a do sitio. Na alternativa (b) do gr6fico, 0 sitio e escavado, au- mentando 0 percurso horizontal em 50%. Na alternativa (c) do gr6fico, a rua faz uma quebra para aumentar 0 percurso e consequentemente dimi- nuir a declividade. No fundo, este caso e igual ao anterior: trata-se de, por meio de um artificio, au- mentar 0 percu~so para cobrir 0 mesmo desnivel. I II 85 oo~ 00 85 90 95 Figura 1.15 A rua que une os pontos A e B no esquema (a) tem uma declividade de 15%. No esquema (b) havera um profundo corte do Figura 1.14 Declividade entre do is pontos situados sobre duos curvas terreno e a rua devera ser prolongada em 50%, mas a declividade de nivel. ficara reduzida a 10%. B I 100 102 104 106 108 110 112 114 J 15,,, 10010 }5 A 150B - 10010 Figura 1.15 No esquema (b) havera um profundo corte do terreno e a rua devera ser prolongada em 50%, mas a declividade ficara reduzida a 10%. (cont.) Figura 1.15 No esquema (c) a declividade de 10% sera atingida dando uma quebrano rua para permitir 0 aumento de seu comprimento, tambem em 50%. (cont.) co : 1/1 {i{, I I co , Rc I crj ! Ipa! lot le A figura 1.16 mostra c1aramente como poderia ser uma rua de declividade constante que una os ponto A e B do grafico. Assim, pode-se perceber que, em qualquer terreno acidentado, UQl tra<;;adode ruas que interprete, res- peite e tire proveito do topografia sera demorado, trabalhoso e exigira varios ajustes e modifica<;;6esate atingir uma situa<;;60de equilibrio entre ruas, lotes, aterros e cortes. A figura 1.16 mostra como seriarn as declividades em tres alternativas para ligar os ponto A e B. - no primeira alternativa, a reta, a declividade varia- ra de 11% a 0%. - no segunda, passando pelo ponto C/ tera uma tra- ma de 10% e outra de 4%. - no terceira, fazendo uma curva para unir os pontos A e B, ela tera uma declividade constante de 4%. E a melhor solu<;;60para 0 tra<;;adodo rua. Para trabalhar mais facilmente no tra<;;ado de ruas, considerando as curvas de nivel, e interessante fazer alguns gabaritos com as declividades marcadas nos diferentes escalas de trabalho. Para isso corta-se uma cartolina em forma retangular, como mostra 0 esque- ma (a) do figura 1.1 7/ e tra<;;am-senela os valores do 60 55 50 45 40 35 ----- 30 25 20 15 Figura 1.16 Possibilidade de tra<;ado de uma rua de declividad constante unindo os pontos A e B. 2%- E OJ--0 '" E0c:~ :::;) EU OJ 4% 10%_ 15%_ 250/<1- 0_ Figura 1.17 Gabarito para medir declividades. Fonte: Manual de Loteamentos declividade que se quer medir. 0 esquema (b) mostra como trabalhar: coloca-se a escala, fazendo coincidir o zero do gabarito com uma curva, e le-se na escala a quanto corresponde 0 cruzamento da pr6xima curva de nfvel. 0 valor lido e a declividade que tera uma via implantada nessa parte do terreno e nessa dire- C;60. Nestes casos e importante a criatividade do projetista para evitar os obstaculos que 0 terreno apresenta. 0 povoado de Seternil, no Sui da Espanha, mostra um exemplo extremo, figuras 1.19 e 1.20. Caso contra- rio; a falta de alternativas criativas levara a situac;6es incomodas num terreno que tem soluc;6esbastante sim- ples. Outra forma talvez mais pratica e usar uma es- cala trfplice em uma escala dez vezes maior que a da prancha e contar a quantidade de curvas que ficam em 10 unidades, como mostra a figura 1.18. Assim se a prancha estiver em escala 1:1000 coloca-se a escala'trfplice em escala 1: 100 e conta-se a quanti- dade de curvas de nfvel que aparecem em 10cm. Essae a declividade do sftio nesse trecho. Dessa for- ma, se aparecem cinco curvas, a declividade e de 5%. I, I el~' I I f,r I II I ao, 'I II ta II co Rc cn pa lot {err co co i' 1.6 Delimita<;60 de bacias hidrogr6ficas com as curvas de nfvel Interpretando adequadamente as curvas de nfvel se pode determinar como escoa a agua de chuva pela superffcie do terreno. A figura 1.21 mostra um coso tfpico de curvas de nfvel com suas c1assicasondula- c:;6es. A agua sempre procura 0 sentido do maior declividade, ou seja, perpendicular a curva de nfvel como mostram as setas indicadas no desenho. Onde ela se fecha, a agua se concentra e a area e conheci- , do como "compluvio". Por ali a agua desce, entoo e importante que haja uma via, nessa area ou proximo a ela, para facilitar 0 escoamento. Onde as setas se afastam a agua se separa e 0 terreno e 0 mais seco do encosta, chama-se "displuvio". Os lotes situados nessa area soo os melhores. Os displuvios formam as divisas entre as badas e os compluvios, os fundos dessas bacias. Dessa maneira coda bacia tera limites em dois ou mais displuvios e fundo em um ou mais compluvios. Obviamente 0 compluvio tera mais agua quanto mais distantes esti- verem os displuvios. II II I' I I,~ /. /> \,,) (10 I I u, Ico III( i{) Ico I C I IIeYl pa I I {ot I fer I I ,I I II I I --~ Figura 1.22 Compluvios e displuvios fixos (a) e vagos (b). Displuvios e compluvios serao mais fixos ou vagos de- pendendo das formas das curvas de nfvel a que per- tenc;am como mostra a fig. 1.21. Quanto mais fixo for um compluvio (caso a), mais importante sera Ioear uma via acima dele. 5e por ele desce pouea agua, essa podera facilmente escorrer pela superffcie da via; caso contrario, sera necessario preyer uma canalizac;ao. Quanto mais vago for 0 compluvio (easo b), havera mais possibilidade de 10- car a via com mais facilidade, atendendo a outros condicionantes tambem importantes, como, por exem- plo, 0 tamanho dos quarteiroes. o trac;ado de todos os compluvios e displuvios de um sftio permite delimitar 0 conjunto de bacias que 0 com- poem, fieando muito clara sua 16giea hidrol6giea e facilitando seu zoneamento. 2.1 Aspectos gerais do tra<;ado urbano a malha urbana fechada ortogonal o trac;ado urbano comec;a pela definic;ao de avenidas, ruas e caminhos para pedestres, necessarios para tornar acesslveisas diferentes partes do espac;oa serem organi- zadas. Essasavenidas, ruas ou caminhos assumem trac;a- dos e desenhos muito diferentes,' conforme a topografia do local, as caracterlsticasdo usuario e 0 motivo pelo qual transita nessasvias. b malha urbana nao-ortogonal Existem inumeros tipos de trac;ados de tecidos urbanos. A figura 2.1 ilustra tres tipos de malhas urbanas fecha- das. Do ponto de vista de sua economia, pode~sedizer que, em principio, todos os trac;ados nao-ortogonais (exemplos b e c) tem custos maiores que os ortogonais e apresentam taxas de aproveitamento menores, porque formam glebas irregulares, significando assim uma du- pia "deseconomia". Seus custos sao ainda superiores, C malha urbana triangular porque os quilometros de vias necessarias para servir a uma mesma area urbana sao maiores, e 0 perlmetro dos quarteir6es aumenta na medida em que nos afasta- mos do quadrado. Os cruzamentos, por serem atlpicos, tambem terao maior superffcie a ser pavimentada. Em resumo, quando se abandona 0 modelo da qua- drfcula ortogonal, e posslvel afirmar que, pela quan- tidade de metros de vias e redes em geral, par lote Figura 2.1 Exemplos de malhas urbanas fechadas co lib co il R : r en illl pa I lot I' [e I I , I co I 'i III te ,I II eli i III1I !III I I jlllill I'll I I I servido, tem-se um custo entre 20 e 50% maior do que com malhas ortogonais. A figura 2.2 demonstra muito bem como ficam os lotes quando 0 trac;ado nao e ortogonal. Pode-se ver nela como os lotes irregulares terao importantes per- das de area util. Caso sejam aproveitados integral- mente, havera incrementos nos custos de edificac;ao. o exemplo tirado da planta de Paris teve ampla justi- ficativa no caso de uma reformulac;ao urbana. Na figura 2.3, ve-se alguns tipos de malhas urbanas abertas. Nestas sao necessarios menos quil6metros de vias e mais lotes servidos para areas iguais, se usadas criteriosamente. Em uma pesquisa feita com loteamentos organizados com os dois criterios alter- nativos (malhas fechadas e abertas), em Sao Paulo, foram obtidos os resultados que sao apresentados nas tabelas 11.1 e 11.2.Nelas, verifica-se que, quando se adota trac;ados aberto, em lugar do convencional fe- chado, a quantidade media de lotes por hectare pas- sa de 19,9 para 23,4, um crescimento de 17,6%; simultaneamente, a quantidade de area ocupada pelo sistema viario se reduz de 25,8% para 23,2%, um decrescimo de 11,2%. Isso s6 por se adotar 0 criterio de rede de malha aberta em lugar da malha fechada convenciona I. udUO Figura 2.2 Estrutura de um quarteir60 triangular do cidade de Paris. Coso Moscou-C1apeyron. a malha urbana conhecida como espinha de peixe Figura 2.3 Exemplos de malhas urbanas abertas e semi-abertas. d malha urbana semi-aberta (com algumas ruas sem saida e outras em 01<;0) Figura 2.3 Exemplos de malhas urbanas abertas e semi-abertas. (cont.)As principais crlticas ao sistema de malha aberta s60: vias altamente vulneroveis a interrupc;;6es no servic;;o, para manutenc;;60 ou por acidentes; aumento dos cus- tos de transporte para unir os diferentes pontos resul- tantes de percursos maiores; dificuldade de coleta de lixo, distribuic;;60 de gas, correspondencia, etc. 2.2 Combino~6es de tro~odos Tratando de otimizar os trac;;ados, tanto do ponto de vista de economia dos custos de implantac;;60 como dos custos de transporte, urbanistas foram levados a procurar soluc;;6es mistas de desempenho mais ade- quado. Concluiram que para as vias de transito inten- so e arterias principais, 0 mais adequado e 0 trac;;ado em malha fechada, porque permite menores percur- sos; para vias de transito eventual, secundorias, 0 tra- c;;ado em malha aberta permite menores custos de implantac;;60 da infra-estrutura. Bons exemplos desses criterios mistos s60 as cidades Jardim Welwyn (figuras 2.4 a 2.6) e Radburn, nos Estados Unidos, projetadas pelos arquitetos Stein e Wright, em 1929 (figura 2.7). Em Radburn, pode-se observar que a utilizac;;60 de ruas sem saida e mais intensa do que em Welwyn. Porem ambas utilizam 0 mesmo esquema misto de ruas principais em malha fechada e de ruas secundo- r' , (W I I,a co {it co R ,I cr pa lor {I ,I I I I I I I I II L I I I I I I Tabela 11.1Rendimentos em loteamentos do Estado de S60 Paulo, com tra<;ados baseados em malhas fechadas. flbme do loteamento Quantidade de Area do sistema lotes por hectare viario (%) Jardim Santo Filomeno 19,4 25,2 Jordim Nomb6 23,7 25,7 Jordim Piquerobi 19,3 24,0 Jordim Celso Alves de Limo 23,6 27,1 Jordim IVA 18,9 24,5 Lor 560 Paulo 18,1 26,9 Jordim Mirim 16,9 27,2 Media 19,9 25,8 Tabela 11.2Rendimentos em loteamentos do Estado de S60 Paulo, com tra<;ados baseados em malhas abertas. flbme do loteamento Quantidade de Area do sistema lotes par hectare vi6rio (%) , Jardim Morflio 21,9 23,7 Jordim Elione 20,5 24,8 Jordim Cidode Piriub6 19,7 25,4 Porque CECAP Coc;opovo 29,4 21,5 if Parque Soboy City 20,8 22,4 Parque CECAP Rio Claro 30,5 20,9, Parque CECAP Rio Preto 20,8 23,4;::., Media 23,3 23,4 I" 40-- rias em malha aberta. Como a maior parte dos cus- tos de transporte depende de vias principais, e a mai- or parte dos custos de implanta<;ao do infra-estrutura das vias secund6rias, estes tra<;adosmistos conseqOen- temente obtiveram um resultado muito economico para essas cidades. Figura 2.5 Welwyn Garden City: variac;6es tipol6gicas sobre 0 tema do agrupamento onde se observa que a forma deste agrupamento deixa de ser uma interpretac;ao do antigo modelo do patio, de coso de campo ou granja, para converter-se num modo de reunir uma serie de residencias em fita ou geminadas. E importante salientar que, para as combinac;6es se- rem 0 mais economicas posslveis, a malha principal deve ser de um tamanho apreciavel, com quarteir6es maiores que os normalmente usados. Na figura 2.8, aparece um grafico que mostra a area destinada a vias publicas em func;60 do tipo de trac;ado e do ta- manho do gr60. (Entenda-se como gr60 a abertura da malha urbana ou a distancia entre as vias circundantes). Nela se pode observar que: a) em todos os tipos de trac;ados as areas viarias di- minuem quando aumenta 0 tamanho do gr60; b) os trac;ados com malha fechada s60 mais econo- micos que os de malha aberta (com ruas de penetra- c;60), se 0 gr60 e pequeno. Isso mostra que os trac;ados com ruas de penetrac;60 s6 s60 economicamente viaveis quando usados com dist6ncias grandes entre vias principais circundantes. Na figura 2.9, ve-se os mesmos tipos de trac;ados em func;60 do tamanho do gr60. 56 que, nesse caso, as ruas foram hierarquizadas, mostrando agora as de penetrac;60 com uma largura igual a metade das circundantes. Nelas os trac;ados com ruas de penetra- C;60abertos tornam-se mais economicos que os fe- chados; a economia sera maior quanto maior 0 gr60, f' I tit I I ;.:: ,I {if ~USES'ATWEl WYN ·GAR.DEN·Cny· 'LAyOUT Of·' ILDERS'SCHEMES Figura 2.6 Mastra no cidade de Welwin uma rua secund6ria de passagem que recebe duos ruas sem saida, que com sua variabilidade criam uma serie de espac;as verdes de alto qualidade. N1:- t¢.",,,,"",;:1 Espac;as abertas Figura 2.7 Planta do cidade de Radburn, New Jersey, USA. Prajet das arquitetas Stein e Wright em 1929. e, quando 0 tipo de tra<:;adopermitir, ruas de penetra- <:;00teroo percursos maiores. Em resumo, se se quiser obter um tra<:;adoeconomico, e importante usar 0 maior groo possivel para a ma- Iha principal e ruas de penetr(]<:;oo relativamente ex- tensas, c1aramente hierarquizadas, noo importando muito, do ponto de vista economico, se elas seroo em cul-de-sac, em T (duplo cul-de-sac) ou de circula<:;oo interior (tambem conhecidas como em al<:;aou bucle). As ruas de penetra<:;oo dentro da quadra devem ter largura igual a metade da largura das ruas que per- correm a periferia da mesma. Os pontos J e K indicam a limite da area do groo a partir do qual as curvas se cortam. As diferen<:;asentre as tra<:;adoscom quadras sem ruas de penetra.<:;ooe os com ruas de penetra<:;oonoo soo somente economicas, soo multiplas e afetam toda a vida urbana. Na tabela 11.3estoo listadas algumas dessas diferen<:;as. Figura 2.8 Areas consumidas com 0 sistema viario em fun<;60 do tamanho do gr60 e para distintos tipos de tra<;ado urbano, sendo que todas as ruas tem a mesma largura. 1 ha 1,8 ha 2,5 ha 3,8 ha Figura 2.9 Areas consumidas com 0 sistema viario em fun<;60 do tamanho do gr60 e para os distintos tipos de tra<;ado urbano. Tabelo 11.3Diferen<;as fundamentois entre os tra<;ados com quadras sem vias de penetra<;60 e tra<;ados com multiplas vias sem sardo ou de circula<;60 interna. Aspecto considerado Tra~ados em quadras quadradas ou retangulares, sem Tra~ados com vias sem saida (espinha de peixe) ou com IIvias de penetra~ao vias de circulo~ao interna (em al~a au bude) Custos de infra-estrutura urbana No coso de quadras quadradas com lotes saindo em fodes as Sac trac;ados oltamente economicos, desde que as vias sejam dire<;6es, a tra<;ado e oltamente onti·economico e aumento perfeitomente hierarquizodas e 0 gr60 a empregar seio 0 maior com 0 tomanho do gr60. No coso de quadras retangulores, passive!. ocorre 0 contra ria. Fluencio no transito de veiculos As distoncias s60 as menores em lrac;odos ortogonais. A As disloncias a percorrer normolmente s60 maiores que no coso interrup<;60 de ruas para monutenc;60 e reparoc;60 cria anterior, mas, urne vez atingidas as vias de intercom unico<,;60, a problemas f6ceis de superar. A exislencia de grande circulac;oo se produz em maior velocidade, pelo exislencia de menol quantidade de cruzamenlos diminui a velocidade dos quanlidade de c:ruzamenlos. A interrupc;oo de vias para manutenc;oo autom oveis. e reparac;oo cria problemas dificeis de solucionar. Seguran~a para pedeslres, biciclelas o lra<;odo noo oferece muito seguran<;a para veicuJos Apresentom urn alto grau de seguranc;o 00 pedestre e especialmenlll e outros veiculos menores e ate menores, desde que calc;;:ados e passeios sejam sempre as crianc;;:os, que podem brincor quase livremente nas ruas inleriores outomobilistas poralelos as vias de tr6fego. Para automoveis tambem e As taxas de acidentes em cidades com este tipo de trac;ado ficam potencialmente perigoso, j6 que h6 grande quantidade de bem menores que no coso anterior (1/2 ou ote 1/3). cruzamentos sem hierorquia clara. Clareza do trac;ado .para visitantes o trac;ado em quadras e focilmente codific6vel, com sistemas o trac;odo cria serias dificuldodes para suo codificac;;:ao: dificilmenlo mois ropidos au menos evolufdos, mas de r6pida e focil fica claro, e, para urn visitonte pouco avisodo, pode tornar-se urn com preensao verdodeiro lobirinto. Servic;os: correios, entregadores 0 otro~odo em quodros focilita que entregodores e corteiros Os servic;os de correios e entregos encontrom dificuldode em seu domicflio e colelo de lixo encontrem rapidamente os enderec;;:os. Os caminh6es de coleta trabalho no medida em que os enderec;os ficam dificeis de 10calizOi de lixo podem programar circuitos sem passar duos vezes no Os caminh6es de lixo tem seus custos de operac;60 incrementados, mesmo lugar. porque frequentemente s60 obrigodos a marchar em reo lipo de forma de vida que propicia Como as ruas s60 frequentadas par veiculos, as vezes em As ruas interiores, em especial as sem sorda, fDzem com que 0 velocidode, n60 criam lugares acolhedores, as vizinhos n60 se transito sejo bem menor, criondo verdodeiros lugores. Os vizinhos u sentem inclinados a sair 00 espac;o publico, e a particularmente seus filhos tarnam canto desses espac;os e relacionamento e muito mais dislante. desenvolvem uma vida comunit6ria muito mais intenso. Paisagem urbano Justamente a clara orgonizaC;ao geometrico que focilita os As ruas interiores, tornados e frequentemente arborizodas a goslo ell' correios, a coleta de lixo, leva, freqOentemente, a espac;os vizinhos, os fundos dos cul-de-sac, formando verdadeiros lugares, II ."" '" urbanos monotonos e poueo otrativos. a forte hierorquia des vias fazem 0 espac;o urbano m uito mois rico,atraente e de personalidade muito mois definido. ....•..• 44 2.3Quarteir6es sem ruas de penetrac;60 Analisando-se os aspectos mais especificos, passa-se do abertura do malha urbana para a forma das quadras e para 0 posicionamento dos lotes nelas, que e tambem um fator que afeta tanto os aspectos de linguagem urba- na, modo de vida, como os custos de implantac;60 do urbanizac;60. 0 problema sera analisado por partes. 2.3.1 Localizac;ao de lotes em quadras sem ruas de penetrac;ao Os quarteir6es s60 espac;os urbanos rodeados de ruas, que inevitavelmente apresentam problemas nos esquinas (formas triangulares, trapezoidais, etc., nos lotes). No figura 2.10 ser60 apresentadas uma gama de soluc;6es. A figura 2.11 mostra casos de quadras sem ruas de pe- netrac;60 e a localizaC;60 dos lotes nelas. 0 coso (a) e uma quadra quadrada, ou aproximadamente quadra- do, no qual os do is lados s60 maiores que 0 dobro do profundidade necessaria dos lotes. Nesse coso, existe a possibilidade de distribui-Ios como mostra 0 esquema (a1). A quantidade deles e maxima para essa forma de quarteir60, obrigando, no entanto, a construc;60 de rede de infra-estrutura nos quatro ruas que circundam a qua- dra. A possibilidade do alternativa (a2) permite diminuir Figura 2.1Oa Problemas de esquina: as soluc;6es tradicionais 91900-1910) adaptam 0 giro de uma linha de lotes ou a interrupc;60 da edificac;60 (esquemas 1,2 e 3). Foram realizadas algumas tentativas para organizar esta parte do quarteir60 (esquemas 4 e 5). A "Escola de Amsterdam" experimenta sistematica mente a organizac;60 dos lotes de esquina (esquemas 5 e 6) sem realizar o quarteir60 em uma s6 fase (esquemas lOa 14). I I III 1 r (0 , II I 1 [c I I co I co I!II te II1II eli • 14 15 \.: J ~ l!= ~6 Figura 2.1 Ob Evolu<;60 do espa<;o central: 0 centro do quarteir60, completamente isolado das ruas, e ocupado com jardins privativos (esquema 11) ou coletivos (esquema 12).o acesso desemboca num beco (esquema 13), num jardim coletivo (esquema 14) que inclusive pode se converter numa area publica (esquema 15). Nesta figura observa-se que aparece uma melhora na medida em que 0 espa<;o central e organizado como um patio. o comprimento das redes de servi<;o(as secundarias) pela metade, com 0 que se obtem uma importante economia na infra-estrutura. Entretanto, a quantidade de lotes que podem ser obtidos de uma gleba diminui de 20 a 30%. 0 custo de urbaniza<;ao decresce em aproximadamente 20%, mas 0 pre<;oda terra por cada lote obtido cresce ate mais do que este percentual, resultando que a disposi<;ao dos lotes, como no caso (a2), e uma alternativa a ser evitada. Nos quarteir6es retangulares, como os mostrados nos esquemas (b), tambem existem duas alternativas para localiza<;ao dos lotes, s6 que, neste caso, (b1) e (b2) tem a mesma quantidade deles. A (b2) possui dimi- nui<;aono percurso de redes, 0 que permite economia nos custos de infra-estrutura de quase 20%. Obvia- mente a alternativa (b2) e muito mais eficiente eco- nomicamente que a (b1); mas, mesmo assim, nao e too usada. Talvez 0 desconhecimento desse fator de- termine que a alternativa (b1) seja utilizada com mais frequencia, aliada ao fato de fornecer ruas transver- sais menos monotonas do que quando os lotes so colocados conforme a alternativa (b2). Neste caso, pergunta e: sera que nao e possivel, nesta ultima 01· ternativa, colocar os lotes numa s6 linha de ruas (b2), WilllillJ a 1) Quadras quadradas com lados maiores que 0 dobro do fundo desejavel dos lotes para obter a maxima quantidade deles dispostos com testadas nas quatro ruas circundantes. Nestes tipos de quadras s60 necessarias as redes de infraestrutura em seus quatro lados. Por exemplo, se as dimens6es fossem de 100m x 100m, seriam necessarias de 400m de rede para as 28 parcelas da figura, ou seia, 14,29m de rede por parcela, e com uma area media de 357,14m2 cada uma. Figura 2.11 Alternativas de quadras em malhas urbanas fechadas. a2) Quadras quadradas com dimens6es iguais as anteriores. Os lotes s60 colocados sem testadas em duas ruas. Se a quadra fosse igual a anterior de 100m x 100m, seriam necessarios 200m de redes para as 20 parcelas, ou seia, 1Om de rede por parcela com uma area media de 500m2 cada uma. e criar condic;6es de construtibilidade, de forma que as ruas transversais neo sejam mortas? Por exem- plo, condicionar que os lotes de esquina se abram para as ruas laterais. Nos quarteir6es triangulares, (esquema c), todos os fatores negativos de custo e aproveitamento esteo acentuados: a quantidade de lotes por hectare di- minui substancialmente, assim como tambem por quilometro de via decresce significativamente, acres- cendo ainda com 0 inconveniente de ficarem irre- gulares. E uma alternativa que deve ser evitada sempre que possivel por ser cara e ineficiente. Na figura 2.12, ve-se como no tecido "haussmanniano", mesmo com suas "deseconomias", os quarteir6es triangulares tem sua logico, j6 que surgiram da necessidade de abrir novas vias para o tr6fego. Entretanto parcelar criando formas trian- gulares e uma "deseconomia" sem nenhuma logi- co. Nas cidades onde esse criterio foi utilizado para seu trac;ado original, como, por exemplo, Belo Ho- rizonte, no Brasil, e La Plata, na Argentina, as "deseconomias" e a inutilidade do trac;ado ficaram evidentes. No caso de Paris, 0 tecido do antigo parcelamento se viu alterado pela abertura da CO I I _._.-._.-.-._.-.-.--_.-.--- ~1 !~ b 1) Quadras retangulares com seu lado menor igual ao dobra da profundidade dos lotes, sua frente sa indo para as quatro ruas. Se a quadra tivesse, como nos casos anteriores, 10.000m2, seria posslvel obter 32 parcelas, sendo necessarios 453,32m2 de redes, ou seja, 14,17m de rede por parcela, e 300m2 de area para cada uma. b2) Quadras retangulares de propon;6es iguais as anteriores, tendo os lotes com suas testadas s6 em duas ruas, com area igual a anterior, s60 necessarios apenas 333,33m de redes, ou seja, 11,11 m de rede por parcela e 300m2 de area para cada uma. diagonal do boulevard. De um lado aparecem as parcelas de recuperac;60 com formas arbitr6rias que, comparadas com 0 parcelamento antigo, apresen- tam uma aparencia ainda mais irracional. Entretanto, a sutura do novo com 0 antigo e perfeita: a continui- dade da construc;60 se restitui com todo 0 cuidado. Mas h6 um custo s6 justific6vel por se tratar de uma obra de recuperac;60. c 1) Quadras triangulares com testadas de lotes em todas as ruas. Com a mesma area das anteriores(10.000m2), seriam obtidas 30 parcelas, com 482m de redes, ou seja, 16,OOm de rede por parcela e 300m2 de area por parcela. Figura 2.12 A abertura "haussmaniana". Abertura do Boulevard Voltaire desde a Pra<;a da Republica. 2.3.2Compara<;60 economica entre quarteir6es quadrados e retangulares Para demonstrar mais claramente as diferen<;;aseco- nomicos que existem entre os dois tra<;;adosmais comumente usados - os que tem quadras quadra- das com lotes saindo em todas as dire<;;6ese os que as tem retangulares com uma das dimens6es igual ao dobro do fundo dos lotes -, se fara um exemplo de subdivis60 com as seguintes condicionantes: area total da gleba: 100 hectares; lotes com uma area minima de 300 m2 e testada minima de 10m; largura das ruas de 14m, coda tipo (quadrada ou retangular) estudada em tres al- ternativas: quadras de 1ha cada uma (a), de 1,44ha coda uma (b), de 1,96ha coda uma (c). as resulta- dos aparecem na tabela 1104. Na tabela 1104,e mostrada que a quantidade de lotes por quilometro de via sempre e maior para as quadras retangulares, com uma diferen<;;avariando entre 4 e 11% a seu favor, com um custo de im- planta<;;60 de infra-estrutura por lote que diminui na mesma propor<;;60. A figura 2.13 tambem apresenta um grafico com base no tamanho do gr60 e na quantidade de 10- tes por hectare, mostrando que as quadras retangula- res rendem sempre mais que as quad rados, com au- mentos que v60 de 11 a 60% a seu favor. Dependen- do do custo da terra a subdividir, 0 valor de cada lote ficara com seu custo incrementado numa propon;60 equivalente. . Supondo que a gleba a dividir custe tanto quanto a infra-estrutura a implantar, a decis60 de manter qua- dras de formas quadradas em lugar de retangulares dara um incremento de custo em coda lote que osci- lara entre 15 e 70%, cifras por demais importantes para n60 serem levadas em considerac;60. Na tabela 11.4,aparecem alguns dados adicionais sobre 0 exem- plo apresentado. 2.4 Quarteir6es com ruas de \ penetra~60 Como ja foi conceituado anteriormente, os quartei- roes s60, por definic;60, espac;os urbanos rodeados de ruas, constituindo 0 que se poderia c1assificarcomo uma forma convexa, onde cada esquina sempre apre- sentara uma conformac;60 e disposic;60 distinta dos lotes da quadra. Entretanto, quando s60 colocadas ruas de penetra- Tabela 11.4Compara~6o entre subdivis6es em quadras quadradas e quadras retangulares, com uma das dimens6es coincidindo com 0 dobra do fundo dos lotes. Tipologia da Indicador Quadros de Quadros de Quadros de quadro 1 h6 1,44 ha 2,89 h6 • Lotes por Km de 122,82 136,36 151,79ruaLotes por hectare 21,54 20,67 16,54Lotes por Km de 127,74 146,79 168,95 rua m Aumento em 4% 7,6% 11,3%relac;60 a (a) Lotes por hectare 24,04 25,54 26,19 Aumento em 11,6% 23,6% 58,3% relac;60 a (a) o 250 2 Q) """0 ~ 200 ~ (; •Q.~ 150-0---' 100 2 3 Tamanhodo quarteirao (Ha) 5" 250E.. ~ 0 U 200 Q)...<: (; Q. 150 Vl Q)-0 ---' 100 2 3 Tamanhodo quarteirao Figura 2.13 Quantidade de lotes por quilometro de ruttJ~ por hectare de gleba em func:;oo do tamanho do groo e do tipo de quadra. <;60,criam-se formas urbanas concavas, semifechadas. S60 tambem formas complexas, mas, 00 contrario das convexas, extraordinariamente economicas no que se refere aos custos de implanta<;60 do infra-estrutura. A figura 2.14 mostra um exemplo de forma urbana concava altamente economica e 00 mesmo tempo com qualidade de vida 00 criar uma pra<;a interna semi-privativa. Em geral, a regra economica e que, nos tra<;ados viarios, quanto mais formas concavas aparecerem em rela<;60 as convexas, os custos de infra-estrutura por lote tendem a diminuir. o comprimento ideal das ruas de penetra<;60 simples em quarteir6es e as medidas basicas de uma quadra s60 apresentadas no figura 2.15. S6 as dimens6es mais pr6ximas possiveis a essas rela<;6es dar60 um tra<;ado limpo de lotes. Se para 0 parcelamento e fixada uma testada (a) e uma superficie (S), 0 fundo do parcela desejavel sera b=S/a e, para que a quadra possa ser tra<;ada razo- avelmente bem, necessitara ter as seguintes dimen- s6es: 0 lado que contem a entrada do rua de pene- tra<;60 devera ser igual a 4b + c; 0 lado perpendicu- lar igual a 4b, onde (c) e a largura do rua de penetra- B I nil ~ IIII1 , a IIIIII tf t I Cl . 1III[i ICC II 'II R I ;1 illl a a a a a bIDb][l] d d/ f I I L J I b J b J c I b J b 4b + d Figura 2.14 Planta e cortes do agrupamento para Hampstead: "Asmund Place", publicado por Unwin, em "Town planning in practice." Figura 2.15 Quadras com ruas de penetra<;ao simples e agrupamentos modulares em espinha de peixe. a) Lote, con junto de lotes e rua de penetra<;ao. b) Quarteirao c) Conjunto de quarteir6es. <;00. Assim, por exemplo, se S = 300 m2, a = 10m e c= 10m, a quadra devera ter, de alinhamento a ali- nhamento, 130m onde tem a rua de penetra<;oo e 120m no outro sentido. o esquema (a) mostra a parcela e a rua de penetra- <;00, 0 (b) a quadra isolada e 0 (c) 0 agrupamento de parcela formando as conhecidas espinhas de peixe, indicando que, em um tra<;ado criterioso do sele<;oo do parcela e do rua, sairoo as dimensoes corretas dos agrupamentos. As dimensoes relacionadas nos esquemas do figura 2.15 sac mfnimas, pois surgem de ruas de penetra- <;00 com um comprimento mfnimo de (2b); compri- mentos ainda menores faroo com que 0 nfvel de apro- veitamento do interior das quadras fique substancial- mente prejudicado, evidenciando 0 que j6 tfnhamos visto anteriormente quando analisamos a figura 2.10. Estamostrou que as ruas de penetra<;oo(hierarquizadas) so se tornam convenientes economicamente a partir de quadras de mais de l,8h. Quadras de menor su- perHcie sac melhor resolvidascom formas retangula- res simples e sem ruas de penetra<;Oo. A figura 2.16 indica 0 tamanho recomendado de uma quadra com ruas de penetra<;oo em 1. Nela se obser- va que, se a profundidade dos lotes (b) for igual a 30m e a largura do rua de penetra<;oo (c) igual a 10m, a quadra deveria ter as medidas de 130m por 190m, ou seja 2,5ha. E justamente esta a superffcie de groo a partir do qual essa alternativa se torna mais economica do que a de quadras com rua de penetra<;oo simples (fig. 2.15). A figura 2.17 determina 0 tamanho recomendado de uma quadra com ruas de penetra<;ooem 01<;0ou bucle. Pode-se of verificar que, se 0 fundo dos lotes (b) pos- suir a medida de 30m e a largura do rua de penetra- <;00 (c) de 10m, a quadra automaticamente possuira as dimensoes de 190m x 200m, ou seja, 3,8ha (com a correspondente parte variavel no valor mlnimo de 2b e crescendo em modulos de b). 2.5 Forma dos lotes Ate aqui pouco se falou do forma dos lotes; geral- mente suas formas sac definidas a priori e com uma especie de principio basico. Do ponto de vista geo- metrico, tres caracterfsticas sac basicas: a area do parcela, a rela<;oo de seus lados, 0 paralelismo de seus lados opostos. Essas tres caracterfsticas, no realidade, estoo forte- f' I' 'I I " \ . I I ffi • ;.1> ti I,( I a ulb ITIJJb b('( {i LI· LLU a a a a ('I d c I' 2b {o II ;1 1 {(I C i ('I b I I b :;>--- Tb b b ib I 3b Ilc I 6b + c -J -I I-o cll~I~ I I + c Figura 2.16 Quadras com ruas de penetração em T e os respectivos agrupamentos modulares. a) Lote, conjunto de lotes e rua de penetração. b) Quarteirão onjunto de quarteirões. a D!b I a I variável ,---------;', ==112b '-----, 12b I 2b + c + variável II Figura 2.17 Quadras com ruas de penetração em alço ou bucle e agrupamentos modulares. o) Lote e ruo de penetração. b) Quarteirão c) Conjunto de quarteirões. mente ligadas a um quarto fator raramente levado em consideração: a topografia do terreno. Essesquatro fatores determinam as formas das parce- las. A maioriados loteadores privados tenta minimizar a área da parcela de forma a. maximizar a quantida- de de parcelas e, assim, aparentemente maximizar o rendimento econômico do parcelamento. Mas o custo dos loteamentos não é decorrente só da área da terra a ser loteada; esse custo real ou total de cada parcela surge do somatório do preço da terra acrescido aos gastos com a infra-estrutura. Custo total da parcela = custo da terra + custo de nfra-estrutura Dependendo do caso, um dos termos pode assumir uma expressão maior que o outro, fazendo com que o mais importante seja a maximização da quantidade de parcelas ou a minimização da infra-estrutura ne- cessária. Os dois gráficos da figura 2.18 mostram a variação de cada um dos dois fatores de custo. O gráfico (a) apresenta como, na medida em que aumenta a quantidade de parcelas, o custo da terra diminui, seguindo uma hipérbole. Quantidade de parcelas por Km de redes Figura 2.18 Condições de otimização de custos dos loteamentos. ('( , i I ('( III1(' d i I!. li' iI (' li, o gráfico (b) demonstra como, na medida em que aumenta a quantidade de parcelas por quilômetro de rede, o custo derivado da implantação de infra-estru- tura diminui, seguindo, também, uma curva hiperbólica. A qu.antidade de infra-estrutura consumido em um loteamento depende, no que se refere à par- cela, de dois fatores: a área e a testada da parcela. A figura 2.19 mostra claramente isso. Para minimizar o custo da infra-estrutura por parcela, o que mais importa é a diminuição da frente (curva 1). Diminuições de área por redução de profundidade quase não têm impacto nenhum nos custos (curva 3). As curvas 1, 2 e 3 demonstram que, nos três casos, à medida que, por uma ou outra alteração nas parce- las, aumenta-se a quantidade delas por hectares, a alíquota dos custos de urbanização por cada uma será sempre menor (curva1). As possíveis reduções de custo podem ser efetuadas reduzindo-se a profundi- dade. As más alterações de profundidade trazem re- duções de custo tão pequenas que são quase que desprezíveis (curva3). Obviamente a diminuição de área dos lotes ou parcelas mantendo a relação fren- te-fundo constante ocupa um valor intermediário (cur- va 2). 56 Curva 3: Neste caso, a redução de custo acontece pela diminuição do fundo da parcela. Curva 2: Neste caso, a diminuição de custo resulta da manutenção constante entre a relação frente- fundos. Curva 1: Neste caso, a minimização de custo se opera apenas com a r dução da testada Q t-d d d a parcela.uan I a e parcelas por hectare Figura 2.19 Diminuição do custo de infra-estrutura, por parcela, por aumento da quantidade delas por hectare. Resumindo, conclui-se que, se houver interesseem bai- xar custos em urbanizações onde as infra-estruturas terão um peso importante, se deve buscar a diminui- ção das testadas dos lotes, em geral. As possibilida- des reais da redução do espaço serão verificadas so- mente depois de examinados os critérios de ocupa- ção das parcelas. Lotes com pouca profundidade são praticamente sempre antieconômicos, sendo impor- tante se evitar fracionamentos que levem a este tipo de parcelas. Para isso serão da maior importância estudos de ocu- pação dos lotes em relação aos costumes da possível população-alvo. Este princípio de economia nos loteamentos foi clara- mente entendido por algumas prefeituras do país. As- sim, por exemplo, a de Porto Alegre está propondo uma legislação para lotes pequenos e de baixo custo, sobretudo estreitos, como mostram as figuras 2.20a e 2.20b. Já a prefeitura de São Paulo foi mais longe ainda, estabelecendo lotes de 60m2, com frente reduzida para até l,20m, desde que, em algum ponto, possa se escrever um círculo de 3,40m e condicionando as di- mensões mínimas a certas condições de declividade, PRAÇA 11.3% ••.• I:i > '" ~ ES ~L ~ TES 29 rUJTEESCOLA 4.7% J_ I -'-'- -·f Figura 2.200 Proposta da Prefeitura de Porto Alegre para loteamento de baixo custo· Padrão 1. Características: lotes 5 x 25m; quarteirão, comprimento máximo 200m; rede viária: 6m, 12m, 18m de largura. Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Proposta de Legislação. Arq.: ElisabethMann, Marilú Marasquin e Roberto LuizCe, SeiMaria Guimarães. 1 II 11 f, I/li I" dlllI" ri I I1 I IJ rI li. ! I I I II1 I I I 136 72 LOTES 78 LOTES 36 I ILOTES '" LOTEj '" '" '" '" IPRAÇA ti ~ lii11.3% > ~ ~ >a: '" ~ 1.5% Q7!l I .3 27 I 1 27 54 LOTES 58 LOTESLOTES =1I ESCOLA I4.7%l -'-.- -~- Figura 2.20b Proposta da Prefeitura de Porto Alegre para loteamento de baixo custo - Padrão 2. Características: lotes 5 x 30m; quarteirão, comprimento máximo 200m; rede viária: 6m, 12m, 18m de largura. Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Proposta de Legislação. Arq.: Elisabeth Mann, Marilú Marasquin e Roberto Luíz Ce, Sei Maria Guimarães. para que não fiquem prejudicadas as possibilidades de ocupação dos lotes. Nesse sentido, é bom salien- tar que a Prefeitura de São Paulo dá um verdadeiro passo a frente, legislando os loteamentos na três di- mensões e propondo lotes que permitirão custos de infra-estrutura extremamente reduzidos, em consonância com a realidade sócio-econômica do país. 2.5.1 Lotes de formas regulares Em terrenos planos, com declividade pequena e ho- mogênea, os lotes devem ser regulares. Do ponto de vista econômico, os lotes devem ter a maior profundidade possível, assim seu custo de ur- banização será diminuído. Pensando em seu aproveitamento, deveriam se apro- ximar ao máximo da forma o mais quadrada possí- vel. Neste lotes, as casas podem ser projetadas com mais liberdade e oportunizar uma melhor orientação solar. Dentro desses critérios aparecem as dimensões bási- cas das parcelas em função da classe social a que se destinam. Para classes sociais baixas, o ideal são par- celas com testada pequena, por serem mais econô- micas, e um fundo grande, para que haja uma área razoável que sirva como quintal. Um exemplo disso são as propostas da Prefeitura de Porto Alegre que apresentam uma relação frente-fundo de 1:5 a 1:6 e áreas entre 125 e 200m2. Para classes altas e habitações coletivas, a relação recomendável se situa entre 1: 1 e 1:2, com áreas de 600 a 1600m2. A tabela 1.5 resume os critérios expostos de forma e tamanho. Tabela 1.5Critérios para determinação de forma e tamanho de lotes Renda familiar Relação Area Alguns exemplos familiar recomendada (m2) (testada x fundo) (testada x fundo) Alta 1:1 600 18 x 36 (e habitação a a 20 x 40 coletiva) 1:2 1600 40x40 Média 1:3 300 10 x 30 a a 10 x 40 1:4 400 12 x 36 Baixa 1:5 a 125 a 5 x 25 1:6 200 5 x 30 2.5.2 Lotes de tormas irre ulares9 Com o objetivo de levar ao máximo a otimização econômica do custo dos lotes, já existem propostas de se fazer lotes com lados não paralelos, e medidas de frente e fundo desiguais. A figura 2.21 traz uma proposta francesa para urbanizações de baixo custo no norte da África. Um dos problemas desse tipo de proposta é que am- bos os lados das parcelas não são paralelos e tampouco perpendiculares à linha de frente. Isso inviabiliza determinados tipos de utilizações, condiciona os usuários a utilizações como as apontadas ao pé dessa figura e revela uma série de problemas de dis- posição das casas. A proposta francesa tem a virtude de aumentar a quan- tidade de lotes por quilômetro de redes, como se nota comparando os esquemas (a) e (b) da figura 2.22. Pode-se também, a partir dela, explorar a criação de uma série de variantes, como mostra a figura 2.23. A eleição adequada de uma das variantes apresenta- das ou outra que venha a ser desenvolvida depende de um estudo de como o usuário, com seus costumes e disponibilidades econômicas, deseje ocupar sua par- cela. Na figura 2.21, verificam-se vários problemas: - as construções deverão ser
Compartilhar