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resumo primeira prova teoria dos contratos requiao

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Resumo
Responsabilidade Civil e Contratos
CONTRATOS (1ª PROVA)
Conceito:
Consiste numa fonte de obrigação que possui inúmeras formas e repercussões no mundo jurídico.
É uma espécie de negocio jurídico que necessita da participação de pelo menos duas partes (sendo, portanto, um negócio jurídico bilateral, que resulta de uma composição de interesses). Dito isso, sabe-se que a vontade poderá modificar seus efeitos. 
Na discussão do contrato, analisa-se o plano da validade. 
Princípios clássicos do Direito Contratual:
a) Princípio da autonomia da vontade – se baseia na ampla liberdade contratual. Ou seja, é o poder dos contratantes de disciplinar seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. Essa liberdade abrange o direito de contratar se quiserem, com quem quiserem e sobre o que quiserem. 
Esse princípio nada mais é do que o reconhecimento aos particulares de autogovernarem seus interesses, desde que estes estejam de acordo com a lei. Ou seja, pode haver a celebração de contratos atípicos, que seriam aqueles que não estão regulados no ordenamento jurídico, mas surgem pelas necessidades e interesses das partes e são possíveis de serem feitos desde que tais necessidades e interesses sejam capazes e o objeto lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica. 
b) Princípio da supremacia da ordem pública – consiste em certa limitação à liberdade contratual, visto que o interesse da sociedade deve prevalecer quando colide com o interesse individual. A ampla liberdade de contratar, por conta da crescente industrialização que o mundo passou, provoca desequilíbrios e exploração do economicamente mais fraco. 
c) Princípio do consensualismo – para que o contrato esteja perfeito, basta que esteja de acordo com a vontade das partes. Ou seja, o contrato não preza muito o formalismo e o simbolismo, que vigoravam em tempos primitivos. 
d) Princípio da relatividade dos efeitos do contrato – os efeitos do contrato só são produzidos em relação às partes envolvidas no mesmo, não afetando terceiros nem seu patrimônio. Tal princípio foi atenuado pela nova concepção atribuída ao contrato: a concepção da função social do mesmo, pois esta constitui cláusula geral do CC que defende as normas de ordem pública, que não se destinam a proteger somente os envolvidos no contrato e seus direitos individuais, mas também se preocupam com o interesse coletivo que os contratos podem vir a colidir e que deve ser defendido em detrimento do interesse individual. 
e) Princípio da obrigatoriedade dos contratos – parte da ideia de que ninguém é obrigado a contratar, mas os que o fazem devem cumprir o contrato, desde que este seja válido e eficaz. Serve para assegurar os negócios jurídicos, visto que estes não existiriam caso os contratantes pudessem não cumprir a palavra empenhada. Há também certa suavização desse princípio, também por conta da função social atribuída ao contrato, visto que não se tolera a obrigatoriedade do contrato quando as partes se encontrarem em patamares diversos e dessa disparidade ocorra proveito injustificado.
(OS PRINCÍPIOS B E C NÃO FORAM DADOS EM SALA, ESTÃO PRESENTES APENAS NO LIVRO DE CARLOS ROBERTO)
“Novos” princípios:
a) Princípio da boa-fé objetiva (art. 422) – exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. O juiz presumirá sempre boa-fé, devendo aquele que alega a má-fe, prova-la. É uma regra de conduta, a boa-fé objetiva, visto que todos devem se comportar de boa-fé nas suas relações recíprocas. 
b) Princípio da função social (art. 421) – quebra as concepções individualistas que estiveram presentes no CC anterior ao de 2002. Segue o sentido social do contrato, prezando, portanto, os valores coletivos em detrimento dos individuais. Pretende promover uma justiça comutativa, a fim de diminuir as desigualdades substanciais entre os contraentes. 
c) Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva (arts. 478 a 480) – surgiu na idade média, quando se constatou que fatores externos podem modificar a situação que existia no momento da celebração do contrato, onerando excessivamente o devedor. Seria a cláusula chamada “rebus sic stantibus”, que faz parte da teoria da imprevisão, e consiste numa cláusula implícita presente nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida. A mesma prevê que a obrigatoriedade do cumprimento do contrato se dará somente quando não houver alteração da situação de fato. Se a situação de fato for alterada em razão de acontecimentos extraordinários (uma guerra, por exemplo) e causar o adimplemento do contrato algo excessivamente oneroso para o devedor, este poderá requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente. A teoria da imprevisão, portanto, visa à possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato quando este tem suas prestações alteradas de modo excessivamente oneroso por conta de eventos imprevisíveis e extraordinários (inflação e alterações na economia não se encaixam como causas de revisões contratuais, visto que são fenômenos previsíveis de acontecer). 
Formação dos contratos:
Só haverá a formação dos contratos quando as vontades das partes forem manifestadas, ou seja, saírem do plano das ideias. 
Negociações preliminares:
Consiste numa fase pré-contratual, onde tudo que ocorre ainda não tem caráter contratual, mas apenas se configura como uma apresentação da oferta inicial. Nesse momento, ainda não houve a vinculação das partes ao negócio (não se firmou nenhuma obrigação), mas já deve existir o respeito aos deveres anexos (deveres de lealdade e correção, de informação, de proteção e cuidado e de sigilo). A violação desses deveres durante o transcurso das negociações é que gera a responsabilidade do contraente, tenha sido ou não celebrado o contrato. A desistência, nessa fase, pode ocorrer livremente sem que ocorram perdas e danos, desde que não haja a deliberada intenção de causar dano ao outro contraente através de falsa manifestação de interesse. Se, por exemplo, eu gero uma expectativa de que comprarei algo na mão de alguém, e por conta dessa expectativa o sujeito deixa de vender à outra pessoa o que eu disse que compraria, caso no final eu não compre o que “prometi”, houve dano ao sujeito e eu terei que restituir com perdas e danos a parte lesada. 
Proposta/ oferta/ policitação:
Traduz uma vontade definitiva, não mais passível de discussão, que tem a intenção de provocar uma adesão do destinatário à proposta. Configura-se, portanto, um negócio jurídico unilateral, visto que o sujeito manifesta sua vontade à outra parte, para que esta aceite ou não. 
A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento, etc.
Consiste num negócio jurídico receptício, pois sua eficácia depende da declaração do oblato (sujeito ao qual foi feita a proposta). Ainda assim, não perde seu caráter receptício se, ao invés de ser destinada a uma pessoa específica, a proposta for aberta ao público, como nos casos de mercadorias expostas em vitrines, feiras ou leilões com preços à mostra (vide art. 429). Nesse caso, a proposta ficará limitada ao estoque existente. 
A morte não desfaz a proposta, pois esta se insere como elemento passivo de herança. 
Não será obrigatória caso o próprio proponente fizer uma cláusula expressa a respeito, tornando a proposta não definitiva e reservando-se o direito de retirá-la. 
A oferta não vincula o proponente em razão das circunstancias do caso (vide art. 428). Se o solicitado estiver presente (considerando-se pessoas presentes também aquelas que estejam por telefone ou por meio de comunicação semelhante) e responder que irá analisar a proposta, pode o proponente retirá-la. Se o solicitado estiver ausente, ou seja, caso inexista um contato direto entre as partes, haverá um prazo suficientea ser analisado, e este varia conforme as circunstancias. Seria um prazo razoável para que chegue ao conhecimento do proponente e denomina-se prazo moral. Esse prazo é diferente entre moradores próximos e partícipes que moram em locais distantes e de acesso difícil e demorado. Se for fixado um prazo para a resposta, o proponente só será liberado da proposta após o término desse prazo. E por ultimo, se houver, antes da resposta ou simultaneamente a ela, uma retratação do proponente mesmo que não tenha feito ressalva nesse sentido, este ficará desobrigado da proposta. 
Aceitação/ oblação:
Configura-se como a concordância com os termos da proposta. É nesse momento que a proposta torna-se contrato, quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do proponente. Conforme art. 431, se a aceitação for apresentada fora do prazo, com adições restrições ou modificações, importará uma nova proposta, comumente chamada de contraproposta, e sua aceitação por parte do sujeito que fez a proposta inicial não é obrigatória. 
A aceitação pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando decorrer da declaração do aceitante e tácita quando decorrer da conduta do mesmo. Como mostra o art. 432, o contrato se reputa aceito de forma tácita pelo oblato quando:
a) o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa (se, por exemplo, um comerciante costuma efetuar pagamentos sem confirmar o pedido ao seu fornecedor, fica implícita sua aceitação e, caso ele queira interrompe-la, terá de avisar previamente, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova remessa caso não diga nada ao fornecedor);
b) o proponente a tiver dispensado (se, por exemplo, um turista manda um e-mail para um hotel fazendo uma reserva de acomodações para uma data x, se a negativa não chegar a tempo ficará entendido que o contrato foi concluído através de uma aceitação tácita do hotel, que não se manifestou).
Acerca dos contratos entre ausentes, os momentos de aceitação e conclusão do contrato enfrentam divergências doutrinárias. Há algumas teorias acerca desse assunto:
a) Teoria da informação/ cognição: não basta que a correspondência seja entregue ao destinatário, pois o contrato só estará formado a partir do momento que a aceitação chega ao conhecimento do policitante. 
b) Teoria da declaração/ agnição: subdivide-se em três. A primeira seria a da declaração, onde o instante da conclusão se relaciona com o momento em que o aceitante declara que aceita. Não é aceita, pois há muita dificuldade em se comprovar esse momento exato. A segunda consiste na teoria da expedição, a qual vincula a conclusão do contrato não somente à redação da resposta, mas à expedição da mesma. Ou seja, a resposta deve ter saído do alcance e controle do oblato. 
A terceira e ultima é chamada de teoria da recepção, e exige que, além de escrita e expedida, a resposta tenha sido entregue ao destinatário. Distingue-se da teoria da informação, pois esta exige não só a entrega da correspondência ao proponente, como também que este a tenha aberto e tomado conhecimento de seu teor. 
O C.C. segue, em regra, a teoria da expedição – vide art. 434.
Classificação dos contratos:
Os contratos agrupam-se em diversas categorias. São elas:
a) Unilateral x Bilateral: O primeiro se identifica em contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes (ex.: doação pura). Os efeitos serão somente passivos de um lado e somente ativos de outro. Já a bilateralidade se dá através dos contratos que geram obrigações para ambos os contratantes (ex.: compra e venda). São obrigações recíprocas. 
b) Gratuito x Oneroso: Como contrato gratuito pode-se entender aquele em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, enquanto para o outro envolvido resta somente obrigação, sacrifício (ex.: reconhecimento de filho). A onerosidade é observada num contrato quando ambos os contraentes obtêm proveitos e sacrifícios, de forma recíproca (ex. compra e venda). 
c) Comutativo x Aleatório: São subdivisões dos contratos onerosos. O contrato comutativo se configura com prestações certas e determinadas. Não envolvem riscos, por isso é possível que se preveja as vantagens e os sacrifícios que serão provenientes daquele contrato (ex.: compra e venda). Quando se fala em contrato aleatório, não é possível, para um dos contraentes, antever a vantagem proveniente da prestação fornecida. A perda e o lucro, nesse caso, dependem de um fato futuro e imprevisível, por isso esse tipo de contrato se caracteriza pela incerteza (ex.: contratos de jogos, apostas e seguros). Vide arts. 458 a 461.
d) Paritário x De adesão: Quando o contrato é feito entre partes que se encontram em situação de igualdade, não havendo nenhum tipo de hierarquia e afins entre eles, tem-se um contrato paritário. Nesse caso, as partes discutem livremente as cláusulas e condições do negócio. Nos contratos de adesão, essa liberdade não é permitida, pois há um contratante mais “forte”, preponderante, que elaborará todas as cláusulas do negócio, ficando a outra parte encarregada de apenas escolher se irá aderir ou não ao modelo de contrato previamente confeccionado (ex.: concessionárias de serviços públicos, como fornecedores de água, energia, etc.). 
e) Personalíssimo x Impessoal: O primeiro caracteriza contratos realizados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes. Por essa razão, o obrigado não pode se substituir por outrem, pois suas qualidades tiveram efeito decisório na hora do consentimento do outro contratante. Os contratos impessoais, por sua vez, são aqueles onde não há uma obrigatoriedade de cumprimento da prestação pelo obrigado, podendo este colocar um terceiro para substituí-lo.
Obs.: Visto que não pode haver a substituição daquele que se obrigou a cumprir a prestação, os contratos personalíssimos não são transmissíveis aos sucessores e não podem ser objetos de cessão. Ou seja, havendo erro essencial sobre a pessoa do outro contratante, o contrato torna-se anulável. 
f) Principal x Acessório: Um contrato com existência própria, autônomo e independente de qualquer outro é chamado de principal (ex.: locação). Em relação àqueles que dependem da existência de outros para existirem, classificam-se como contratos acessórios (ex.: cláusula penal). A função de um contrato acessório é, predominantemente, garantir o cumprimento das obrigações de um contrato principal. 
g) Solene x Não solene: Aos contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei, dá-se o título de solenes. Estes, caso não obedeçam à previsão legal, serão considerados nulos. Já aqueles que possuem forma livre são chamados de não solene e para sua confirmação, basta que haja o consentimento dos envolvidos. Em regra, os contratos tem forma livre, salve exceções expressas. 
h) Real x Consensual: A vontade das partes e a entrega do objeto são essenciais para que se configure um contrato real. São exceções (ex.: comodatos, mútuos). Em regra, os contratos são consensuais, ou seja, só exigem a vontade das partes, não sendo a entrega do objeto essencial para que se firmem. 
i) Preliminar x Definitivo: Nem sempre o contrato se dará de forma instantânea quando houver o acordo de vontades. Poderá haver a criação de um contrato provisório, sem muitas formalidades, que seria o chamado contrato preliminar. Este surge como uma garantia de que o contrato definitivo se firmará em um dado momento após ajustes do contrato preliminar. Ou seja, o objeto do contrato preliminar sempre será a celebração do contrato definitivo. 
Obs.: Apesar de o contrato preliminar ser uma espécie de pré-contrato, este não se confunde com a fase das negociações preliminares, pois essa fase não gera direitos e obrigações, visto que é apenas uma fase de estudo da proposta. 
j) Nominado x Inominado: Os contratos que tem designação própria são chamados de nominados e servem de base à fixação dos esquemas, modelos ou tipos de regulamentação especifica da lei. Contudo, o legislador não é capaz de prever todasas situações que levam as pessoas a criarem contratos. Surgem assim os contratos inominados, que não estão formulados em lei, não possuem nome no ordenamento jurídico, pois são criados de acordo com as necessidades decorrentes da vida moderna, ou seja, para atender às vontades humanas que surgem com o tempo. 
k) Típico x Atípico: Sendo típico, o contrato será regulado pela lei. Não é a mesma coisa que o contrato nominado, apesar de serem estudados em conjunto, pois todo contrato nominado é típico e vice-e-versa. Quanto aos contratos atípicos, estes só dependem de um acordo de vontades, não seguem características e requisitos pré-definidos por lei. 
Contratos e terceiros
A priori, o contrato só produzirá efeitos aos envolvidos. Contudo, existem cláusulas que tornam possível a participação de terceiros nos contratos, permitindo que um sujeito que inicialmente não participava de um contrato possa ingressar no mesmo e passar a sofrer seus efeitos. Existem três situações que possibilitam que isso ocorra:
I. Estipulação em favor de terceiros (arts. 436 a 438): Ocorre quando se convenciona que a vantagem resultante do contrato firmado por duas pessoas será revertida em benefício de uma terceira pessoa, alheia a formação do vinculo contratual. Aqui, fala-se em estipulante (aquele que estipulou a obrigação em favor de terceiro), promitente (aquele que realiza o contrato com o estipulante, ou seja, aceita a estipulação de obrigação em favor de terceiro) e o beneficiário (terceiro propriamente dito). Este, embora seja alheio ao contrato, torna-se credor do promitente. 
Não é necessário que haja o consentimento do beneficiário para que a estipulação ocorra, cabendo a este a faculdade de recusar a mesma. Não obstante, o contrato só será executado depois que o beneficiário aceitar a estipulação em favor dele. Portanto, não é a validade do contrato que depende da vontade do beneficiário, e sim sua eficácia. 
Faz-se necessário que o contrato proporcione ao terceiro uma atribuição patrimonial gratuita, não podendo haver imposição de uma contraprestação. A eventual onerosidade dessa atribuição patrimonial invalida a estipulação. 
 
II. Promessa de fato de terceiro (arts. 439 e 440): Ocorre quando dois sujeitos celebram um contrato e um deles se responsabiliza a trazer um terceiro para o cumprimento da prestação desse contrato (quando alguém realiza um contrato se obrigando a levar um cantor para um evento, por exemplo). Caso o terceiro não tenha concordado previamente, caberá ao promitente responder por perdas e danos. Já nos casos em que um terceiro aceita cumprir a prestação, mas não a cumpre, ele quem responderá, não havendo nenhuma obrigação para quem fez a promessa. 
Quando o terceiro for cônjuge do promitente e não aceitar cumprir a prestação, o legislador tira a eficácia da promessa. Isso ocorre para evitar o litigio familiar, visto que a recusa sujeitaria o promitente a responder por perdas e danos que iriam sair do patrimônio do casal. Ou seja, o terceiro seria prejudicado de qualquer forma.
III. Contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471): Configura-se quando dois sujeitos celebram um contrato e neste criam uma cláusula que permite que, dentro de certo prazo, um dos contraentes seja substituído por um terceiro. Este, ao substituir um dos sujeitos do contrato, passa a ter todos os direitos e deveres daquele que substituiu. Se, por exemplo, havia no contrato cinco parcelas a serem pagas, e o sujeito que fazia parte do contrato inicialmente já pagou duas delas, deverá o terceiro que agora tomou o lugar deste pagar as cinco – duas ao antigo participante do contrato e três ao outro contratante.
O sujeito que quer ser substituído deverá comunicar a indicação do terceiro ao outro contraente num prazo de 5 dias, se não for estipulado outro. 
Se o terceiro nomeado se recusar a aceitar a indicação, o contrato só será válido entre os contraentes originário. Mesma coisa acontecerá se o nomeado era incapaz ou insolvente (não tendo o sujeito que o nomeou conhecimento disso) no momento da nomeação.
Vício Redibitório (arts. 441 a 446)
Caracteriza-se pelos defeitos ocultos que tornam a coisa recebida através de contrato comutativo ou de doação onerosa imprópria para o uso que se destina, ou lhe diminuem o valor.
Obs.: O vício redibitório não se aplica a contratos gratuitos, como doações puras, visto que o beneficiário nesses casos, nada tendo pago, não tem porque reclamar.
Os defeitos não podem ser facilmente verificáveis, pois, se eram aparentes no momento da aquisição mas não foram reclamados pelo adquirente, presume-se que este já os conhecia mas não os julgou capazes de impedir a aquisição, renunciando assim à garantia da redibição. Não pode alegar vicio redibitório, por exemplo, o comprador de um veículo com defeito grave no motor, se tiver se recusado a fazer o test drive, pois se o tivesse feito teria percebido tal problema. Renunciará também à garantia de redibição o adquirente que conhecia o defeito oculto e comprou a coisa mesmo assim. 
O defeito já tem que existir desde antes de o adquirente receber a coisa e deve ser algo que, caso o adquirente soubesse da existência, não celebraria o contrato.
O adquirente pode optar pela redibição, que seria devolver a coisa recebida e reincidir o contrato, ou por ficar com a coisa, reclamando apenas o abatimento no preço por conta do defeito (ação quanti minoris). 
O alienante responderá por perdas e danos caso for provado que sabia do defeito e fingiu não saber, além de ter que restituir o valor recebido. Caso não soubesse do defeito, apenas devolverá o valor recebido e responderá pelas custas do contrato. 
Ainda que a coisa pereça em posse do adquirente, se o motivo de ter perecido foi por conta do defeito, a responsabilidade do alienante subsistirá.
Defeitos que venham a aparecer depois da aquisição não podem ser reclamados, pois presumem-se de mau uso do adquirente.
Os prazos para o ajuizamento das ações redibitórias e quanti minoris são de trinta dias, se relativas a bem móvel, e um ano, se relativas a imóvel, ambas contadas a partir da celebração do contrato. Caso o adquirente já estivesse em posse do bem, o prazo vai ser contado a partir do momento que este foi alienado, reduzido à metade. Contudo, havendo cláusula de garantia, o adquirente deve denunciar o defeito em até trinta dias após seu descobrimento. Sobre prazos, vide os artigos abaixo:
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Evicção (arts. 447 a 457)
Ocorre em contratos onerosos, quando um sujeito aliena algo que pertencia a terceiro e este comprova seu direito sobre a coisa alienada. O alienante deve responder, visto que prejudicou o adquirente. 
Mesmo havendo cláusula expressa reforçando, diminuindo ou excluindo os efeitos da evicção, o evicto continua tendo direito de receber seu dinheiro de volta, se não sabia do risco da evicção. 
Art. 450 – Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado arestituir; 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
O preço a se restituir se baseará no momento em que o adquirente perdeu a coisa evicta, não do momento em que a adquiriu. 
Se a coisa adquirida vier a deteriorar, o alienante não ficará livre de pagar o que está estipulado no art. 450, a menos que a deterioração tenha se dado por dolo do adquirente. Contudo, se a deterioração do bem trouxer vantagens ao adquirente, ou ele terá que pagar uma indenização ao alienante, ou o valor das vantagens será retirado do que o alienante tem que pagar a ele. 
Extinção dos contratos (arts 472 a 480)
Se dará de vários modos. Normalmente, um contrato nasce a partir do acordo de vontades, cumpre a função para qual foi criado e extingue-se. Ou seja, a extinção normal de um contrato se dará com sua execução. Contudo, haverá outros modos de se extinguir um contrato sem, necessariamente, cumpri-lo. 
I. Resilição: Ocorre quando, por ato de vontade, se extingue o contrato. Pode se dar de dois modos: 
a) Forma bilateral, também chamado de distrato, que se configura quando os contraentes acordam a extinção do contrato. Esta deve ter a mesma forma exigida pelo contrato originário. 
b) De maneira unilateral. Esta só poderá ocorrer em obrigações duradouras, nos casos em que a lei, de forma expressa ou implícita, permita. Nesse caso, a resilição denomina-se denúncia e a outra parte não precisa concordar, apenas ser notificada sobre. 
Produzirá efeitos assim que a outra parte tomar conhecimento da mesma. 
Em princípio, não precisa ser justificada, mas há contratos que exigem a justa causa.
A resilição unilateral não invalida fatos ocorridos antes dela. Se, por exemplo, após a extinção unilateral ainda existir uma prestação a pagar, esta deverá ser paga, a fim de se evitar o enriquecimento sem causa. 
Há uma ressalva para os contratos que, para serem executados, dependeu de consideráveis investimentos de uma das partes. Caso isso ocorra, será necessário aguardar prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos, para que depois se aplique a resilição.
II. Resolução: Se dará a partir do inadimplemento contratual por um dos contratantes. Todo contrato possui cláusula resolutiva, não sendo necessário que se acorde sobre esta, pois atuará de maneira tácita quando não for citada. Contudo, há uma diferença de execução entre elas. As cláusulas resolutivas expressas entram em ação automaticamente. Ou seja, se o sujeito descumprir o contrato e nele houver cláusula resolutiva expressa, o contrato será extinto, sendo necessário apenas que se notifique a outra parte, vide princípio da boa-fé. Sendo tácita, a cláusula resolutiva só funcionará quando acionada através de ação pelo sujeito lesado. Através dessa ação é que haverá a comunicação ao outro sujeito sobre a vontade de extinção do contrato. 
A extinção do contrato não é a única solução para o inadimplemento contratual. A parte pode optar por manter o contrato e exigir sua execução, além de receber indenização por perdas e danos. 
III. Exceção do contrato não cumprido (“Exceptio non adimpleti contractus”): Num contrato bilateral, é necessária uma reciprocidade em relação às prestações. Ou seja, nenhuma das partes, sem ter cumprido o que lhe cabe, pode exigir que a outra o faça. A defesa para tal afirmação está na exceção do contrato não cumprido. Se, por exemplo, um sujeito A quiser obrigar um sujeito B a pagar sua prestação sem nem mesmo ter quitado sua própria, o sujeito B usa essa exceção a fim de recusar sua prestação, com base no fundamento de que o demandante não cumpriu a prestação que lhe competia. As prestações devem ser recíprocas e simultâneas, se não tal exceção não poderá ser aplicada. Portanto, a exceção de contrato não cumprido é um mecanismo de defesa de boa-fé que faz com que um contratante não possa reclamar a execução do que lhe é devido pelo outro contratante, sem antes pagar o que deve.
Pode acontecer de o sujeito que deveria pagar primeiro sua prestação alegar a exceção do contrato não cumprido. Isso só ocorrerá caso aconteça certa diminuição do patrimônio do outro sujeito, que seja capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual este se obrigou. Aquele que alegou a exceção deverá provar que o outro sujeito teve realmente essa diminuição patrimonial e que seu receio é justificável.
Há ainda outro tipo de exceção do contrato não cumprido, a chamada “exceptio non (rite) adimpleti contractus”. Nesse caso, a prestação foi cumprida, mas de maneira insatisfatória. Ou seja, é quando a prestação se executa mal, com deficiências, seja porque a coisa que lhe forma o objeto se encontra contaminada de um vício prejudicial à sua utilização econômica ou por não se encontrar em conformidade com os termos previstos no contrato. É mais complicada de se provar, visto que a prestação foi cumprida e o que se deve provar é o problema na qualidade da mesma. 
[Serve, como exemplo, uma consumidora que adquiriu, em uma concessionária de São Paulo, um carro zero quilômetro “com peças enferrujadas” ilustra bem um contrato de cumprimento insatisfatório. Reclama a consumidora de que, ainda antes de pagar a segunda prestação, se deu conta de que adquirira um veículo tido como novo “ com peças enferrujadas em estado tão avançado que mais parecem terem saído de um ferro velho e não da linha de produção de uma fábrica”. Nesse caso, pode ser arguida a exceptio sob cogitação, aplicada nos casos de cumprimento parcial, defeituoso ou incompleto da prestação contratual. Segundo esse princípio, a parte lesada, no caso a consumidora, poderá recusar-se a cumprir a sua obrigação de pagamento, até que a outra parte cumpra a obrigação de reparar o veículo sanando o defeito.]
IV. Resolução por onerosidade excessiva: Fatores externos podem gerar uma situação diversa da que existia no momento da celebração, onerando excessivamente o devedor. O princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva permite que os contratantes recorram ao judiciário a fim de alterar a convenção contratual. Tal resolução tem suas bases numa mistura de duas teorias: da onerosidade excessiva + da imprevisão, que presumem, resumidamente, que existe nos contratos comutativos de trato sucessivo e execução diferida, uma cláusula implícita que defende que o cumprimento do contrato só deverá se dar caso não tenha havido alteração da situação de fato. Ou seja, se acontecimentos extraordinários e imprevisíveis modificarem a situação de fato, tornando excessivamente oneroso para o devedor o adimplemento daquele contrato, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação. O fundamento para se pedir a resolução por onerosidade excessiva é a desproporção das prestações. 
A resolução poderá ser evitada e, ao invés de findar o contrato, poderá o contratante acusado modificar equitativamente as condições do mesmo.

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