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TRIBUTÁRIO II
AULA DO DIA 04/12/2013
1) Perda do prazo
No processo administrativo fiscal não há oportunidade se o contribuinte não pratica o ato ou o pratica de forma extemporânea. O processo sequer se instaura no caso da impugnação intempestiva ou na falta de impugnação. O processo administrativo só se instaura a partir da impugnação tempestiva. Na falta dela ou no caso de sua apresentação fora do prazo, o efeito é o mesmo no âmbito federal.
No procedimento em que não há partes, a autoridade fiscal solicita formalmente do contribuinte a apresentação de documentos e informações do interesse da fiscalização. Aí vai ser assinalado o prazo para apresentação. Se o contribuinte não apresentar esses documentos e informações requeridas, ele estará sujeito à aplicação de penalidades que variam muito em nomenclatura, mas em regra, são penalidades por embaraçar a fiscalização, por impedir a tramitação normal do procedimento fiscal.
Quando o contribuinte não apresenta esses documentos e informações no prazo legal, e nem sequer dá uma satisfação à administração, em geral a autoridade vai enviar uma nova intimação, concedendo tantos dias para a apresentação. A partir daí, a autoridade já vai lavrar um termo de embaraço e tomar providências para apurar o crédito tributário. O contribuinte tem que praticar a solicitação dentro do prazo assinalado. Se ele não puder praticar, ele deve elaborar dentro do prazo um pedido de prorrogação desse prazo.
Já no processo administrativo, o único e principal ato que deve ser praticado pelo contribuinte, fora os recursos, deve ser a apresentação de defesa (impugnação) dentro do prazo legal. A apresentação fora do prazo tem como consequência a impossibilidade de renovação desse ato. A não apresentação de impugnação ou sua apresentação extemporânea tem três consequências: 1) preclusão temporal, 2) preclusão lógica e 3) preclusão consumativa. 
1.1) Preclusão temporal: é a própria não apresentação da defesa no prazo ou sua não apresentação, o que gera a impossibilidade de renovação do ato.
1.2) Preclusão lógica: é quando o contribuinte pratica dois atos incompatíveis entre si. Por exemplo: o contribuinte paga o tributo e impugna o lançamento tributário. Ora, o pagamento extingue o crédito tributário, e, ao pagar, o contribuinte está reconhecendo que o lançamento tributário é válido. Se ele mesmo assim impugna o lançamento, ocorre a figura da preclusão lógica, pois não é possível concordar com o lançamento – efetuando o pagamento – e questioná-lo ao mesmo tempo – impugnando o auto de infração. 
1.3) Preclusão consumativa: é a impossibilidade do contribuinte de aditar a defesa ou os recursos administrativos após sua apresentação à autoridade, mesmo que ainda haja prazo. Exemplo: se o contribuinte já protocolou sua defesa, ele não pode peticionar em seguida apresentando um novo tópico, aditando e adicionando a impugnação. Não há essa possibilidade no processo administrativo. Uma vez protocolada, a defesa é imutável, consumando-se.
2) Início do procedimento
Segundo o artigo 7º do decreto 70.235/72, o início do procedimento relaciona três situações. A forma mais usual de se iniciar o procedimento fiscal é se lavrando o termo de início. 
2.1) Mandado de procedimento fiscal: Antes, é necessário tecer alguns comentários sobre o mandado de procedimento fiscal (MPF). 
2.1.1) Conceito de MPF: Ele é um ato administrativo expedido pela Fazenda Pública com o objetivo de atender a situações de interesses fazendários no que pertine à fiscalização e arrecadação de tributos. 
2.1.2) Fundamentação legal do MPF: o fundamento do MPF está atualmente na Portaria RFB 3.014/2011, de 29/06/2011, com suas regras pertinentes.
OBS: o MPF NÃO SE CONFUNDE com o Termo de Início de Fiscalização, que é posterior a ele. O MPF é anterior à lavratura do Termo de Início, e a autoridade fiscal só pode lavrar este último se já estiver autorizado pelo MPF. 
O fiscal tem o dever de apurar o crédito tributário. E para apurar o crédito, ele precisa fiscalizar. Porém, essa fiscalização não ocorre ao alvedrio do fiscal. Ele precisa estar autorizado pela autoridade superior a que está submetido, para só assim praticar a fiscalização no estabelecimento do contribuinte. O que autoriza o fiscal a realizar a fiscalização é o MPF. O MPF, inclusive, pode ser acessado virtualmente pelo contribuinte no site da Receita Federal, permitindo a publicidade do ato administrativo.
Normalmente o MPF é expedido e autorizado pelo delegado da RFB na comarca em que ocorrerá a fiscalização.
Esclarece-se: o MPF NÃO INICIA a fiscalização, ele precede o início da fiscalização. 
Pergunta do Ed Taylor: o MPF é genérico ou discrimina qual empresa ou pessoa natural será fiscalizada? Resposta: é discriminatório e individualizado, e informa nome e CNPJ ou CPF do contribuinte.
Pergunta do Lourenço: até o MPF, o contribuinte pode oferecer a denúncia espontânea? Resposta: sim, ATÉ a expedição do MPF, o contribuinte pode se denunciar espontaneamente.
2.1.3.1)MPF de Fiscalização (MPF-F): como o próprio nome sugere, é o MPF que autoriza práticas voltadas à apuração de créditos tributários, verificação da legalidade de práticas da legislação aduaneira, apreensão de mercadorias, etc. 
2.1.3.2)MPF de Diligência (MPF-D): serve para esclarecer eventuais dúvidas existentes num procedimento fiscal, ou necessários para formalização do crédito tributário, ou ainda por determinação da autoridade julgadora, com fins de esclarecer pontos obscuros, para julgamento dos processos. A autoridade julgadora formaliza o MPF-D e solicita ao fiscal que diligencie no sentido de informar a dúvida pertinente. Normalmente, a autoridade que é solicitada para diligenciar o MPF-D é a mesma que autuou o contribuinte, embora diferente também ocorra. 
OBS: O MPF-D atende ao princípio da verdade material: a autoridade pode buscar esclarecer a realidade de fora dos autos, com fins de se diligenciar para descobrir pontos obscuros da apuração dos créditos.
2.1.4)Emissão posterior do MPF: é possível que o MPF seja expedido após o início da fiscalização, em alguns casos, como por exemplo: flagrante prática de descaminho ou contrabando, ou de situações de evidente infração à legislação tributária, que possam causar retardamento do início da fiscalização, causando prejuízo à Fazenda.
Nestes casos: inicia-se o procedimento mesmo sem MPF, em virtude da situação excepcional de infração, e, a contar de cinco dias após o início da fiscalização, expede-se o MPF Especial. 
Diferença de contrabando e descaminho: o primeiro é a entrada de mercadorias ilícitas, proibidas no Brasil. No segundo, a mercadoria é lícita, porém a entrada é feita sem o pagamento dos tributos e dos procedimentos corretos. 
2.1.5)Hipóteses de não imissão do MPF: a legislação prevê situações em que não é necessária a expedição do MPF:
2.1.5.1)Despacho aduaneiro: é o procedimento voltado para a liberação de mercadorias que adentram no mercado nacional. É um despacho corriqueiro e diário na atividade aduaneira, então não é necessária a expedição de MPF para essa situação.
2.1.5.2)Interno, revisão aduaneira: a atividade aduaneira pode ser revista pela própria autoridade da alfândega. Portanto, para essas revisões internas aduaneiras, também não é necessário o MPF.
2.1.5.3)Vigilância e repressão ao contrabando e descaminho, realizado em operação ostensiva: é a revista da RFB feita em aeroportos, para verificação de mercadoria trazida do exterior para dentro do Brasil. Para essa verificação dos viajantes, não é necessária, por óbvio, a expedição do MPF.
2.1.5.4)Tratamento automático das declarações: é a chamada malha do Imposto de Renda, para verificar declarações de IR com deduções suspeitas. Não é necessário o MPF para que a autoridade solicite a apresentação de documentos que comprovem essas deduções.
2.1.6)Requisitos do MPF:
2.1.6.1)Número de identificação e controle: MPF n.º...
2.1.6.2)Natureza do procedimento fiscal: se é MPF de Fiscalizaçãoou de Diligência.
2.1.6.3)Prazo: validade do procedimento (120 dias, por exemplo, ou menos).
2.1.6.4)Nome e matrícula do auditor fiscal da RFB responsável pelo MPF: é obrigatório que se identifique com nome e matrícula o servidor que solicitou a fiscalização, para quem será enviada. 
2.1.6.5)Nome, matrícula, telefone e endereço funcional do responsável pela equipe de fiscalização: identificação do líder da equipe responsável pela fiscalização, se for o caso. 
2.1.6.6)Nome, matrícula e registro de assinatura eletrônica da autoridade emitente: geralmente a autoridade emitente é o delegado da RFB na comarca. Os dados dele devem constar do MPF.
2.1.6.7)Indicação do tributo objeto, em caso de MPF Especial (aquele emitido após o início da fiscalização) e MPF-F, podendo ser indicado prazo de apuração (época de recolhimento do tributo).
OBS: existe uma figura chamada de lançamento reflexo, que ocorre quando a autuação de um determinado tributo reflete no lançamento de outros tributos diversos. Exemplo: a fiscalização de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica em uma empresa acaba por revelar a necessidade de autuação e cobrança do IRPJ. Em consequência, vai precisar ser lançado também Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e PIS sobre essa empresa, posto que o fato gerador dos tributos é o mesmo. Isso é o lançamento reflexo.
2.1.7)Prazos: podem ser prorrogados várias vezes, se necessário, a lei não prevê limite de prorrogação.
2.1.7.1)120 dias para MPF-F e MPF Especial
2.1.7.2)60 dias para MPF-D
2.2)Irregularidade no MPF e nulidade do lançamento: eventuais irregularidades no MPF podem ocasionar a posterior declaração de nulidade do lançamento tributário? 
Na jurisprudência majoritária do Conselho de Recursos Fiscais – CARF da Receita Federal e do TRF da 1ª Região (ao qual o Amazonas está vinculado), entende-se que eventuais irregularidades no MPF NÃO PODEM causar a nulidade do lançamento tributário, EM REGRA. 
O fundamento dessas jurisprudências é de que a eventual irregularidade a uma portaria (que é o que disciplina o MPF, portaria 3.014/2011 RFB) não pode ocasionar a nulidade do lançamento, posto que o lançamento é disciplinado por regras próprias em lei ordinária (Código Tributário Nacional), que obviamente é de hierarquia superior. 
No entanto, o professor tem entendimento contrário e acredita que irregularidades gritantes no MPF podem sim ocasionar a nulidade do lançamento tributário. 
2.3)Artigo 7º do Decreto 70.235/72: são três hipóteses de início do procedimento fiscal, segundo este artigo: primeiro ato de ofício, escrito, feito por serventuário competente, notificado o contribuinte ou seu proposto(o chamado Termo de Início); apreensão de mercadorias ou livros fiscais e o despacho aduaneiro de mercadorias importadas.
Destas três, a mais importante é a primeira, que é o Termo de Início de Fiscalização. O principal efeito após o Termo de Início é a perda do direito do contribuinte de apresentar a denúncia espontânea, juntamente com o pagamento do tributo, com juros e correção monetária. Como já dito antes, a denúncia espontânea é possível após o MPF, mas após o Termo de Início já não é mais possível.
2.3.1)Denúncia espontânea readquirida: o parágrafo 2º do artigo 7º do decreto fala dessa figura. Ocorre quando a autoridade lavra um ato administrativo e deixa transcorrer 60 dias sem praticar outro ato ou renovar o primeiro ato. Passados esses 60 dias de leniência da autoridade, o contribuinte readquire o direito da denúncia espontânea (tributo + juros + correção, porém sem a multa de 75%).
2.4)Segundo exame do mesmo período e tributo: ocorrida a fiscalização e lavrado o auto, resta a pergunta: pode o contribuinte sofrer uma futura fiscalização, de outro auditor fiscal, com relação ao mesmo tributo e período?
Em regra, a resposta é não. Em geral, um auditor fiscal NÃO realiza uma segunda fiscalização após o contribuinte já ter sido fiscalizado e ter tido contra si um auto lavrado por outro auditor, com relação ao mesmo período e tributo. No entanto, pode ocorrer o contrário, pois a situação não é proibida pela legislação. O decreto 3000, RIR, Regulamento do Imposto de Renda, em seu artigo 906, por exemplo, prevê que uma segunda fiscalização é possível, desde que por ordem escrita do delegado da Receita ou outra autoridade superior.
O segundo exame do mesmo período e tributo, portanto, é exceção, e não regra. É situação excepcional, e não corriqueira, dependendo de autorização superior.
2.5)Lançamento suplementar: como o próprio nome diz, isto consiste em adicionar algo que foi produzido em um lançamento tributário original. O professor diz que nunca viu lançamento suplementar para diminuir, e sim sempre para adicionar algo ao lançamento anterior. 
Se o lançamento originário for nulo, o suplementar também vai ser, por consequência.
2.5.1)Erro de fato e erro de direito: não foi dado nesta aula.
2.5.2) Mudança de critério jurídico: não foi dado nesta aula. 
2.6)Silêncio e não auto-incriminação: o professor diz que nunca viu ser produzida prova testemunhal no processo administrativo tributário, que faz uso eminentemente de prova escrita, quase que somente. 
No entanto, não há proibição na legislação à produção de prova testemunhal nos processos administrativos fiscais e procedimentos fiscais.

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