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Professor André Leal É Possível democracia sem processo?- Como é possível decidir em um Estado Democrático de Direito?- Prefácio e Bibliografia segunda-feira, 1 de agosto de 2011 09:41 Página 1 de Teoria Geral do Processo Técnica• Método empenhado para se obter resultados úteis. É o 'fazer ordenado'. Adequação dos meios aos fins para obtenção de resultados úteis. É diretamente ligada com a utilidade. Teoria• Abstração do conhecimento em racionalização. É o esforço para entendimento e resolução de problemas. É o pensamento abstrato organizado que visa solucionar problemas. A teorização possui sempre caráter de expansividade e não de individualidade de situações. Dogma - ato de autoridade que visa resolver problema (casuístico - caso a caso)- Dogmática ou doutrina - são diferentes do raciocínio teórico pois estes não se baseiam em autoridades ou decisões. A teoria apenas se preocupa com o problema. - A teoria diferencia-se do dogma pela questionalidade daquela, pela criticidade . A teoria é válida até que se mostre falha; enquanto isso não ocorre, temos boas razões para crermos que tudo ocorrerá da mesma forma. Pensamentos abstratos organizados e criticáveis que visam a solucionar problemas. Ciência• É o 'saber ordenado'. A atividade produtora de esclarecimento (que não se relaciona diretamente com a utilidade ou necessidade de aplicação prática imediata). Deve colocar a técnica em vigilância. Crítica científica• Apontamento de vazios nas teorias. É o teste a que as teorias se submetem. É a combatividade à teoria que mede se esta está bem firmada e é válida. Teoria Geral do Processo segunda-feira, 8 de agosto de 2011 09:47 Página 2 de Teoria Geral do Processo Formas de resolução de problemas. Autotutela - Uso arbitrário da força na solução de conflitos (sujeito resolve seus próprios problemas sem limites). É vedada atualmente. 1- Autocomposição - Harmonização do conflito pela atitude de uma ou ambas as partes.2- Renúncia - Silêncio do agredido em face à agressão (ao seu corpo ou seu patrimônio).- Desistência - Interrupção da reação iniciada do agredido, recuo de sua pretensão de evitar.- Submissão - Uma das partes aceita as condições enunciadas pela outra.- Transação - Concessão recíproca de 'direitos' - Mediação - Interveniência de terceiro não envolvido que se coloca no meio do conflito para auxiliar a resolução do problema. Tem função pacificadora e eventualmente não é entendido como quem resolve o conflito, apenas propicia a Autocomposição. 3- Arbitragem - Arbitragem é uma forma de decisão privada por terceiro que, em concordância das partes, passa a decidir por elas. É a única solução para alguns casos (como contratos internacionais). 4- Jurisdição - A jurisdição procura resolver alguns problemas da arbitragem, como o da imparcialidade, já que esta é estatal. É uma espécie de substituição à autotutela, já que é a única forma de solução de conflitos que é coercitiva. Chamada diversas vezes de tutela jurisdicional. 5- É a arbitragem estatal obrigatória (não pode-se fugir dela) e impositiva. Não obriga o cumprimento, mas é coercitiva. Processo é a forma pela qual a jurisdição atua. Não se resume à resolução de conflitos, mas se propõe a isso. • Evolução histórica das soluções de conflitos. terça-feira, 9 de agosto de 2011 10:29 Página 3 de Teoria Geral do Processo Os Pandectistas são os estudiosos do Digesto (codificação doutrinária das compilações Justinianas do Direito romano.) que dão um viés privado para o direito moderno alemão. A visão desse grupo de estudiosos, notavelmente privatista, orienta o direito brasileiro (que é balizado no direito romano). Direito Romano Pré-Clássico Clássico Pós-Clássico Arbitragem Romana "Legis Actiones" Período Formular ou Formulario Per Formulas Cognitio Extra Ordinem ou Extraordinaria Cognitio Sistema Privado "Público Privado" (Pretor e Árbitro) Público O Período pré-clássico se caracterizou por uma primitividade no ramo do direito, que era não escrito mas formalista, indivisibilidade entre direito e Religião. Os conflitos entre patrícios eram resolvidos com o uso de rituais sagrados, como as ordálias, espécies de testes divinatórios. O conflito seria resolvido pelo sacerdote, após a realização de um ritual de orações a serem repetidas pelas partes. Se uma delas errasse essa oração, demonstrava que não estavam apegados à tradição e portanto indignos de serem confirmados pelos deuses. Para domesticar os povos conquistados por Roma e adequá-los ao direito romano, era necessário se desapegar das tradições, quando, no período clássico, as Legis Actiones foram transformadas em "Ordo Judiciorum Privatorum" (justiça privada ordinária), que funcionava em duas etapas: In Jure• Se desenvolvia perante ao Pretor (cargo administrativo com outras funções e poderes, inclusive militares) que preparava a situação para a arbitragem (fazia uma espécie de juizo de admissibilidade para a decisão do árbitro). Pretor possuía poder de mando resguardado pela força: IMPERIUM O Pretor ouvia sumariamente e sem grandes formalidades as partes e possíveis testemunhas. Avaliava, então, se a demanda era pertinente ou não. Se fosse, prometia uma decisão e solução ao caso. Se não fosse, dispensava as partes sem solucionar o conflito. - Litis Contestatio - Espécie de acordo, compromisso solene entre as partes (contrato) perante o pretor no sentido de que elas aceitam a decisão a ser proferida. - Contestar, ao contrário do senso comum, nas Instituições, possuía sentido de confirmação, acordo, assim como o Art. 1.877 do Código Civil de 2002. Colhida a Litis Contestatio, o Pretor passava à fase da dação da Formula.- A Formula era uma espécie de roteiro de julgamento, que atribuía quais os direitos aplicáveis a cada caso. Neste roteiro, se expunham as intenções do autor (Intentio) , a defesa do réu (Exceptio*), e as hipóteses para aplicação das decisões e autorização para alguém decidir. (Condenatio). Na Condenatio, o pretor estabelecia por exemplo: "Se ficar provado a dívida, condene o pagamento; do contrário, não." *Exceptio decorre do termo exceção, onde o pretor deixava de lado o cumprimento da lei em favor da promoção da justiça. Apud Judicem (in judicium) • Visão histórica Pandectista do Direito. terça-feira, 16 de agosto de 2011 10:30 Página 4 de Teoria Geral do Processo O Árbitro, escolhido pelo Pretor durante a fase do Condenatio, era perante quem a fase do in judicium se realizava. Ele era quem decidia, com base no que o Pretor estabelecia como hipóteses, o que seria aplicado. Para decidir, ele coletava e analisava as provas, na fase em que chamamos de Cognitio, e após isso ditava o direito da Formula (a chamada Jurisdictio) para resolver o caso concreto. Porque é possível afirmar que a atividade jurisdicional do Judex é meramente declaratória? Pois o direito já foi dado na fórmula pelo pretor. O judex não integra a atividade jurisdicional, não cria o direito, apenas obedece as ordens do Pretor e decide o direito aplicável ao fato. Paralelamente ao Ordo Judiciorum Privatorum, havia, para casos criminais ou extremos, uma atividade jurisdicional que se realizava integralmente perante ao pretor, que praticava o Jurisdictio. (Cognitio Extra Ordinem) Com o fim do Ordo Judiciorum Privatorum, o Pretor deveria decidir seguindo uma Formula criada por Roma, sendo esta geral e aplicável a todos os casos. Após esse período de transição, cria-se uma jurisdição com viés público, já que o Pretor colhia as provas e decidia ordinariamente. Por que o período do Cognitio Extra Ordinem recebe esse nome? Pois esse período herda a técnica utilizada extraordinariamente no período anterior, apesar de agora ser usada ordinariamente pelo pretor.Página 5 de Teoria Geral do Processo Pothier diz que o processo é um contrato, norteando-se pela ideia de que a decisão advém do Litis Contestatio. Savigny diz posteriormente que o processo é um quase contrato, já que não existiria possibilidade de condicionar as decisões. O sujeito passivo não exercia sua vontade, o direito de processar era irresistível. Em 1868, Oskar Von Bülow cria a Teoria do Processo como Relação Jurídica de Direito Público entre as partes e o tribunal através da obra "Teoria das Exceções processuais e dos pressupostos processuais". Para Bülow, o direito material se separa do direito processual. Direito material = cria bens da vida jurídica, impõe condutas à toda a sociedade, tem fundamentação ético-moral. Direito processual = trata apenas da forma, da condução dos fundamentos para que se chegue ao direito material. É o direito processual que cria as normas que permitirão decidir sobre o direito material. O direito processual é a forma que o direito público atua de forma a decidir sobre um conflito que surge no direito material privado. O Estado comparece em posição superior à das partes para resolver o problema. Bülow transforma o termo exceções processuais em pressupostos processuais pois a palavra exceção significava a defesa do réu, o que era inadequado à situação, já que o direito processual pode ser extinto sem a defesa pelo réu de seu direito material. Segundo Bülow, toda exceção é material e sua análise pelo juiz (ou pretor, contemporaneamente) depende de alegação expressa (relação processual). Em resumo, o direito processual não depende da exceção (alegação da parte), o juiz age ex oficio. Bülow notavelmente sai do aspecto privatista e se preocupa no âmbito publicista, criando a teoria do processo e o desmembrando do direito material. Bülow se diferencia de Savigny, já que este interpreta o direito sobre a tese de que o povo busca de todas as formas a autonomia; instituindo um direito privado para a Alemanha derivado do direito romano. Se aproxima também da teoria de Kant, em que existe a liberdade privada na medida de que a ação não prejudique outrem ou, para Jhering, não causa estranhamento, seja normal. James Goldshmidt propõe em 1925 uma teoria contrária à de Bülow, já que diz que não existe subordinação entre as partes e o juiz. Diz também que o processo não pode ser relação jurídica, já que esta surgiu com as obrigações e ninguém pode obrigar ninguém a agir procedimentalmente. Para ele, o processo é um complexo de situações jurídicas que permite às partes agir de determinadas maneiras delimitadas juridicamente. É como um jogo, onde as partes estão em posição de igualdade e sob as regras do jogo. Já em 1940, um espanhol chamado Jaime Guasp, que institui a teoria do "processo como instituição". As instituições são complexos de comportamentos sociais que criam papéis. São Práticas sociais reiteradas e imemoriais que condicionam comportamentos pela assunção de papéis articulados por núcleos de significância. Foi bastante criticado por ter dado um significado sociológico e não jurídico ao processo. Do Processo segunda-feira, 29 de agosto de 2011 10:22 Página 6 de Teoria Geral do Processo Foi bastante criticado por ter dado um significado sociológico e não jurídico ao processo. Eduardo Couture foi aluno de Guasp, porém abandona sua teoria ao dizer que a teoria de processo como relação jurídica, de Bülow, é compatível com a teoria da institucionalização. Hélio Fazzalari entende o processo como procedimento em contraditório em simétrica paridade entre partes. O processo, portanto, é uma espécie de procedimento que possui contraditório, se desenvolvendo em simétrica paridade entre as partes. Página 7 de Teoria Geral do Processo Qual é a distinção entre processo e procedimento? Para Bülow:• Para Bülow, o Processo é puramente uma relação jurídica. Não distingue processo de procedimento. Para a Escola Instrumentalista (Dinamarco):• Processo- A Escola instrumentalista se filia ao entendimento de Bülow, já que entende o processo como relação jurídica, porém instituem um caráter objetivista à aplicação da lei. Processo é relação jurídica à disposição da jurisdição para que esta desenvolva os escopos meta-jurídicos (objetivos e finalidades além do direito = finalidade social, econômica e política). Sendo então, o processo um instrumento para a promoção Estatal dos objetivos meta- jurídicos. Procedimento- A escola instrumentalista trata o procedimento como uma manifestação fenomênica do processo. (a parte visível da relação jurídica) Para Fazzalari:• Para Fazzalari, o processo é espécie do gênero procedimento. Quando o procedimento se desenvolve em contraditório em simétrica paridade entre as partes, é denominado processo. Mas o que é procedimento para Fazzalari? Procedimento é estrutura técnica formada a partir de um modelo legal e composta de atos jurídicos sequenciais (preclusões) que determinam os subsequentes (ato antecedente determina o consequente) em uma relação espacio-temporal na preparação do provimento estatal normativo, seja ele administrativo, legislativo ou jurisdicional. Basicamente, Procedimento é a ordem técnica dos atos jurídicos consequentes em uma relação regrada por um modelo legal pré estabelecido e prepara a construção normativa pelo Estado. A fragilidade da teoria de Fazzalari é que o provimento se dá pela via Estatal. Não atoa que diz que o juiz, ao julgar a pendenga, se coloca em posição superior às partes, além de que o que assegura o contraditório não é nenhuma reflexão democrática. Para Baracho:• Processo, segundo o Modelo Constitucional de Baracho, é uma articulação de princípios constitucionais balizadores da decisão judicial. (porém a aplicação de tais princípios fica a rigor da aplicabilidade e razoabilidade do juiz e podem ser manipulados por ele, sendo a teoria de Baracho muito parecida com a dos Instrumentalistas) Processo vs Procedimento segunda-feira, 12 de setembro de 2011 09:58 Página 8 de Teoria Geral do Processo Baracho muito parecida com a dos Instrumentalistas) Para a Teoria Neo-Institucionalista• Processo é uma construção teórica jurídico-constitucional que oferta as condições de construção, de desconstrução e de interpretação legítimas do Direito democrático. (provimento se dará pela construção coletiva com as proposições das partes). É a primeira teoria pós Bülow que se preocupa em conceituar a Jurisdição, que para Bülow e todas as teorias posteriores até aqui era 'a atividade do Estado-Juiz em ditar o direito'. Para evitar a sobreposição do Juiz sobre as partes, é necessário que a decisão seja objetiva (teoria ser criticável) e não subjetiva (arbitrária). Sendo o Processo a oportunização do debate livre e a oportunidade de exposição de teorias e argumentos, se dá através do Contraditório, Ampla Defesa e Isonomia. Ampla defesa - é a necessária maximização argumentativa probatória e recursal no tempo procedimental devidamente teorizado. Página 9 de Teoria Geral do Processo São princípios técnicos que foram instituídos através de uma tradição do direito clássico, porém que devem ser revistos à luz dos princípios institutivos (contraditório, ampla defesa e isonomia. Diretrizes técnicas que auxiliam na construção e operacionalização de modelos procedimentais. Princípio da Lealdade processual- Impõe que se estabeleçam sanções às atitudes e práticas que violem ou obstem o exercício do contraditório, ampla defesa e da isonomia pela parte. Princípio da Publicidade- Permite maior fiscalidade nos atos procedimentais pois determina que o acesso a tais atos sejam irrestritos a todos e a adequada comunicação dos atos processuais às partes, através de publicações. Princípio da Oralidade- Não autoriza a eliminação daescrita, mas amplia a produção das provas, não podendo suprimir-se a prova por meio oral. Princípio da Economia Processual- Adoção de menor número de atos procedimentais possível para que se obtenha a decisão, respeitando os princípios institutivos. Princípio da Celeridade- Obtenção da decisão no menor tempo possível, respeitando os princípios institutivos do processo. Princípio da instrumentalidade das formas- As formalidades processuais (citação por oficial de justiça, por exemplo) são apenas instrumentos para alcançar o fim (informação da parte) e não será nulificado o procedimento pela falta de ato processual se o objetivo foi alcançado de outra maneira. Não será nulificado o procedimento ainda que se verifique ausência ou vício de ato processual, desde que seu objetivo tenha sido alcançado de outra maneira, respeitados os princípios institutivos do processo. Requisitos de Jurisdição• Inércia- O órgão judicante só age se for devidamente provocado, pelos meios procedimentais legais. Aderência territorial- Toda a atividade jurisdicional está vinculada a uma base geográfica. (foro) Investidura- O atendimento de requisitos prévios para o exercício das atividades judicantes (concurso público de títulos e provas / quinto constitucional) Princípios Informativos da Técnica procedimental segunda-feira, 26 de setembro de 2011 09:48 Página 10 de Teoria Geral do Processo provas / quinto constitucional) Juízo Natural- Veda a criação de juízos ou tribunais de exceção. Tal criação tem que ser coetânea ao estabelecimento da ordem constitucional. Inafastabilidade, Inevitabilidade e Indelegabilidade- Uma vez provocado, o juiz não pode deixar de atuar, sendo impossível se esquivar de decidir, sob pena de negativa de jurisdição. A atividade dos órgãos judicantes deve ser útil e prestante (tempestiva). É vedado ao juiz transferir suas atribuições a outrem. Imparcialidade- A decisão deverá ser integral, sendo o resultado dos argumentos produzidos no iter (caminho) procedimental Fundamentação das decisões- A decisão tem que ser integral e deve se dar por argumentos internos ao direito. Página 11 de Teoria Geral do Processo Teoria Imanentista da ação Ação, segundo a teoria de Savigny, não é um direito. Para ele, a ação é o direito material violado, quando em movimento. Desse pensamento, surgem as três máximas de Savigny: Não há direito sem ação- Não há ação sem direito- A natureza da ação segue a natureza do direito.- Teoria da ação como direito público e autônomo Para Windscheid e Muther, a ação é um direito autônomo, que não depende da violação de direito material algum, mas se exerce contra o Estado, na requisição da tutela pelo Estado de seus possíveis direitos. Porém, quando não se existe o direito material, o direito de ação se mostra vazio, quando surge a teoria de Wach: Teoria da ação como direito público, autônomo e concreto Assim como a teoria anterior, Wach diz que a ação é o direito à tutela protetiva do Estado. Porém, para ele, só tem ação quem tem razão. Ação é direito a sentença favorável. Quando não existe a razão, inexistindo também a ação, salta a figura do processo. É direito concreto pois depende da decisão do juiz caso a caso. Teoria da ação como direito público, autônomo e abstrato Plósz e Degenkolb tratam a ação como direito abstrato, incondicionado à razão no caso concreto. O direito de ação é dado a todos em todas as hipóteses. Eduardo Couture trata a ação da mesma forma que Plósz, já que existe o direito de petição. Além do direito de pedir, o titular do direito tem também o direito de uma decisão, favorável ou não, dependendo do caso concreto. Sendo assim, ação é direito ao processo. Ela antecede ao processo e é causa dele. Teoria Eclética da ação Para resolver o problema do Art. 24 da Constituição italiana, Liebman reconstrói os conceitos de Concreto e Abstrato, criando a Teoria Eclética da Ação com base nos seguintes conceitos de Carnelutti: Abstrato (Para Liebman) = Não depende de sentença favorável• Concreto (Para Liebman) = Dependente de ato confirmatório do Juiz• Por esses conceitos, a construção da teoria Eclética se dá pela junção dos conceitos de Abstrato e Concreto: A ação não depende de existir sentença favorável (como os concretistas pensavam), mas depende de um ato confirmatório do juiz (após seu juizo de admissibilidade), não se vendo a ação no momento em que ela é proposta, mas sim quando é conhecida. Teorias da ação. segunda-feira, 3 de outubro de 2011 10:10 Página 12 de Teoria Geral do Processo O que é interesse? - R - Interesse é uma posição de vantagem para satisfação de uma necessidade. É a vontade de estar em posição que satisfaça uma necessidade. O que é Pretensão?- R - É a declaração que visa a subordinação de interesse alheio ao próprio interesse. É a manifestação com o objetivo de convencer alguém a renunciar de direito em favor de seu interesse. O que é a lide?- R - É o conflito de interesses juridicamente qualificado que apresenta uma pretensão resistida. É pressuposto da atuação do Estado para solucionar o conflito. Só há processo quando existe lide. Com base nisso, Liebman desenvolve o conceito de Mérito: O que é Mérito?- Mérito é a lide nos limites do objeto mediato do pedido. É a lide vasada no pedido; a Res In Judicium Deducta. Assim, Liebman desenvolve a teoria em que ação é direito a jurisdição ou à sentença de mérito. Portanto, estar em juizo (como diz o Art. 24 da Constituição italiana) é estar "in judicium", ou seja, estar legitimado e autorizado para defender-se na ação. (autorizado pelo juizo de admissibilidade). A ação sendo um pedido imediato e o mérito mediato. Página 13 de Teoria Geral do Processo Terminativa• Extingue o processo sem julgamento de mérito. (faz coisa julgada formal) Definitiva• Julga o mérito, examina a razão do autor ou não. (faz coisa julgada material) Procedência (julga o mérito procedente, diz que o autor tem razão no pedido)1- Declaratória (aplica o direito vigente, não cria direito)a) O juiz afirma direito preexistente (situação jurídica) que foi colocado em dúvida, confirmando sua aplicação. (Ex: usucapião) Declaratória constitutivab) O juiz cria nova situação jurídica para as partes. (Ex: Divórcio) Declaratória condenatóriac) O juiz afirma obrigação em desfavor do réu (Dar, restituir, fazer, não fazer) (Ex: indenização) Improcedência (julga o mérito improcedente, o autor não tem razão)2- Sentenças terça-feira, 11 de outubro de 2011 10:27 Página 14 de Teoria Geral do Processo Ação = procedimento "Direito-de-ação" = direito fundamental ao procedimento processualizado, regido pelos princípios institucionais do processo (ampla defesa, isonomia e contraditório). Direito de ação (direito de agir) = é o direito de estar ou permanecer no procedimento instaurado que se verifica endoprocedimentalmente. Juiz = Servidor público que representa o judiciário em órgãos judicantes. Juízo = órgão judicante (seja ocupado por um ou mais juízes). Foro = Espaço jurisdicional territorialmente demarcado. Fórum = Sede física do juízo da comarca. Comarca = é a menor unidade da divisão judiciária Estadual (pode ou não corresponder às unidades administrativas - municípios) e terá o nome do município de maior importância. Os limites da comarca é que determinam a criação do Foro. Vara = é a subdivisão de competências entre os juízos de mesma competência Terminologia segunda-feira, 17 de outubro de 2011 09:55 Página 15 de Teoria Geral do Processo Se prestam à verificação e identificação dos procedimentos, no que tange à conexão, continência, coisa julgada, litispendência, perempção. Subjetivos- Dizem respeito aos sujeitos do procedimento (partes,juiz, MP, auxiliares internos e externos do juízo) Objetivos- Dizem respeito ao objeto do procedimento (o direito em questão) Causa de pedir (causa petendi) - é a narrativa fático-jurídica que dá suporte ao pedido• Próxima = Fundamentos Jurídicos- Remota = A narrativa de fato- Princípios vigentes da enunciação da causa de pedir No princípio da individualização, rege-se a máxima de: "Narra-me os fatos que te darei o direito." No princípio da substanciação, exige-se a causa de pedir próxima e remota, vigorando a máxima: "Jura novit curia", onde os fundamentos jurídicos são mera sugestão ao julgador, que pode descartá-los se quiser. No princípio da consubstanciação, melhor aplicável ao nosso sistema jurídico, é necessária a articulação lógico-argumentativa das causas de pedir próxima e remota, a qual deverá servir de base para a decisão. Pedido (petitum) • O pedido é a conclusão lógica da causa de pedir e possui dois objetos: Imediato = é a concessão do direito-de-ação (direito à sentença de mérito) Mediato = é o direito cujo acertamento se requer. (o direito principal do pedido) Elementos configurativos da ação segunda-feira, 17 de outubro de 2011 10:06 Página 16 de Teoria Geral do Processo Conexão É a hipótese de reunião entre procedimentos para serem julgados simultaneamente, evitando decisões incompatíveis. É necessário que as causas de pedir (o fato) tenham conexão entre si. Os fatos geradores das demandas devem ser relacionados e interdependentes, determinando-se integralmente. A conexão determina a reunião de procedimentos em um só juízo para a decisão simultânea, evitando decisões díspares ou colidentes em vista de causas de pedir remotas que tenham implicações recíprocas. Continência É uma espécie de conexão que ocorre quando o pedido de uma parte abrange integralmente o da outra. (mesmas partes, mesma causa de pedir) Coisa Julgada São óbices ao prosseguimento do procedimento. Só ocorrerão quando existir a tríplice identidade (serem as mesmas partes, pedido e causa de pedir). Verifica-se pela repetição de ação quando houve sentença de mérito transitada em julgado. Impede que a coisa julgada seja re-discutida judicialmente, dando-se uma sentença terminativa, sem re-julgar o mérito. Coisa julgada é um desdobramento do ordenamento jurídico que assegura a imutabilidade da decisão transitada em julgado. Pode ser, na classificação geral, formal ou material. Formal = Se verifica a imutabilidade da decisão a partir da preclusão das instâncias recursais.- O texto decisório não pode ser alterado pelo juiz, nem ex oficio e nem via recurso. Porém pode-se proferir uma outra decisão em outro procedimento que altere o conteúdo daquela decisão. Toda sentença gerará coisa julgada formal. Material = Se verifica quando já se houve sentença definitiva sobre o mesmo mérito, não podendo se repetir.- Nessa hipótese, não se pode mudar nem o texto nem o conteúdo da decisão. A regra é que toda sentença de mérito transitada em julgado gere coisa julgada material. A lei autoriza a modificação da sentença após a coisa julgada no caso de alimentos, por exemplo, sendo a coisa julgada material desprotegida. A revisão criminal também é uma hipótese de revisão da sentença transitada em julgado, desconstituindo a coisa julgada mediante outro procedimento. Existe a possibilidade de re-discussão da coisa julgada através de ação rescisória (e revisional no caso de alimentos), além da hipótese da relativização da coisa julgada. Litispendência São óbices ao prosseguimento do procedimento. Só ocorrerão quando existir a tríplice identidade (serem as mesmas partes, pedido e causa de pedir). Óbice ao prosseguimento do procedimento em razão de repetição de ação em curso. Ocorre quando há a simultaneidade de ações idênticas em curso. Identidade procedimental terça-feira, 18 de outubro de 2011 09:59 Página 17 de Teoria Geral do Processo Ocorre quando há a simultaneidade de ações idênticas em curso. Perempção São óbices ao prosseguimento do procedimento em razão do autor ter dado causa, por sua inércia, à extinção do processo (por três vezes consecutivas) Página 18 de Teoria Geral do Processo Matéria de Processo• (Pressupostos processuais, requisitos de admissibilidade) *Pressupostos são requisitos preenchidos ficticiamente pela lei e se sujeita a ratificação posterior. Considera-se desde sempre preenchidos, gerando efeitos até que seja confrontado. Subjetivos (de constituição)- Dizem respeito aos sujeitos, verifica se os sujeitos podem se articular na relação jurídica. Competência do juízo = limite ou especialização da jurisdição. Vê-se aqui se o juízo é o mais adequado, especializado legalmente para julgar o conflito. Derivam de Normas (Constituição da República, de Estados, Códigos de Processo, Leis de organização e divisão judiciárias, regimentos internos dos tribunais). 1- Critérios determinativos da competência: Em razão do lugar (comarca, etc) - incompetência é em regra relativa.a) Em razão da matéria (especialidades cíveis, família, criminais, etc) incompetência absolutab) Em razão da pessoa (Foro privilegiado, justiça federal em que julga-se ações em que a União é parte, etc) incompetência absoluta. c) Ausência de suspeição e de impedimento do juiz2- A suspeição e o impedimento pressupõem a parcialidade do juiz, comprometendo a devida prestação jurisdicional, portanto o juiz não pode julgar o caso em específico. Suspeição = parcialidade que advém de certas relações sociais e negociais do juiz. (amizade, presentes) Impedimento = parcialidade que advém de vínculos familiares ou de funções no procedimento. (parentesco) Legitimatio Ad Processum3- Cumprimento, pelas partes, dos requisitos legais para sua legitimação para ser parte. É a capacidade para ser parte (capacidade civil, autorização - depende do caso - e o direito de praticar por si atos processuais - necessidade de advogado ou não - ) Objetivos (de desenvolvimento válido e regular do processo)- Dizem respeito à articulação pelas partes. Se é possível e tem motivos para perdurar no tempo. Petição Apta1- O texto por via do qual se instaura o procedimento tem de ter sido formulado conforme o modelo legal (do contrário pode haver extinção do processo ou pedido de reparação). Ausência de Conexão, continência, coisa julgada, litispendência ou perempção.2- Verificação de citação válida.3- Sem a citação válida, inexiste o pressuposto processual objetivo. Citação = ato pelo qual se chama o réu ou interessado a se defender. É o que permite o desenvolvimento dos princípios do contraditório, ampla defesa e isonomia. Verificação de litisconsórcio necessário.4- Elementos estruturais da ação terça-feira, 25 de outubro de 2011 09:56 Página 19 de Teoria Geral do Processo Verificação de litisconsórcio necessário.4- Litisconsórcio é a pluralidade de sujeitos como autores ou como réus (mais de um sujeito como parte). Quando o litisconsórcio é pressuposto legal para a ação, a falta dele gerará irregularidades ao desenvolvimento regular do processo. Litisconsórcio ativo = Pluralidade de autores. Litisconsórcio passivo = Pluralidade de réus. Litisconsórcio simples = Se a sentença puder ser diferente para cada um dos litisconsortes. Litisconsórcio unitário = Se há a necessidade de sentença unitária para todos os litisconsortes. Litisconsórcio facultativo (voluntário) = Se forma por iniciativa dos autores, em regra. Litisconsórcio necessário = Se forma em razão de determinação legal direta ou indireta. Verificação de vícios [cominados e não cominados] de anulabilidade dos atos processuais.5- Nulidade é a sanção pela verificação endoprocedimental do defeito grave do ato processual. Presença de Advogado Habilitado, de curador, representante do MP, pagamento decustas, quando necessário.6- Ausência de prescrição, decadência e de confusão entre partes. (reunião de figuras de autor e réu em uma só pessoa ou patrimônio) 7- Prestação de caução (quando necessário, em garantia real)8- Matéria de ação• (Condições da ação, requisitos de procedibilidade) *Condições são requisitos que devem ser preenchidos e atendidos para gerar seus efeitos. A preocupação aqui é sobre quem é o responsável pelo direito, quem é o sujeito da lide? O juiz faz uma análise prévia sobre as consequências geradas se o pedido for julgado procedente. Não é ainda o julgamento do mérito, mas uma análise simples sobre a possibilidade de julgá-lo. Legitimatio ad causam (titularidade do direito)- Em regra, deve existir coincidência entre os sujeitos do processo e os sujeitos da lide. Autor e Réu devem ser bem definidos de acordo com o que narra a lide. Se não existir tal coincidência, a parte não é legítima. Interesse processual- Também chamado de interesse de agir, só existe com o atendimento de três aspectos: Necessidade = é verificada pela existência da lide, um conflito a resolver. Utilidade = é necessário que a resolução do conflito permita a ampliação do 'universum jus' (direito) do autor Adequação procedimental = escolha correta do modelo procedimental ao encaminhamento do pedido. Possibilidade jurídica do pedido- 1ª vertente = Sempre que houver previsão pelo ordenamento, o pedido será juridicamente possível. 2ª vertente = O pedido será juridicamente possível quando não haja vedação a ele. Matéria de Mérito• É a matéria do conflito. O objeto da ação propriamente dito. Página 20 de Teoria Geral do Processo Individual Teorias da ação Elementos estruturais e configurativos da ação Questionário:• O que são interesse, pretensão e lide para carnelutti? O que é mérito para Liebman? O que é ação para Plós e Degenkolb? O que é coisa julgada? O que é litispendência como óbice ao prosseguimento de um segundo procedimento? O que é competência? Quais são os critérios determinativos da competência? Quais são os objetos do pedido? O que determinam os princípios da individualização, substanciação e consubstanciação? Quais são as condições da ação? Pressupostos x condições? Grupo Matéria toda Matéria da prova terça-feira, 8 de novembro de 2011 09:47 Página 21 de Teoria Geral do Processo É o tempo legalmente demarcado para a prática do ato processual. Quanto à possibilidade de preclusão.1- Próprios- São os prazos propriamente ditos: os prazos que geram sanção se não são observados. Geram preclusões. Impróprios- São os prazos cuja inobservância não gera nenhuma sanção. São normas dispositivas e não imperativas, para o juiz por exemplo, cuja ação fora do prazo não gera preclusão. Quanto à origem normativa.2- Legais- São os diretamente fixados pela norma jurídica. Judiciais- São os prazos fixados pelo juiz, tendo em vista intervalo legalmente fixado. Quanto à renovabilidade3- Dilatórios- Podem ser renovados os prazos dilatórios, pois a lei autoriza. Peremptórios- Não podem ser renovados. A não observância gera a perda do direito de agir. Regras de contagem de prazo:• Contam-se os prazos, excluindo o dia inicial (dies a quo) e incluindo-se o do vencimento (dies ad quem).1- A contagem dos prazos é contínua e, portanto, em regra não se interrompe e nem se suspende.2- Os prazos não começam a fluir em dia em que não haja expediente forense, mas no primeiro dia útil seguinte.3- Os prazos que se vencerem em dias sem expediente forense, são prorrogados ao próximo dia útil.4- Detalhes• Citação Para Bülow é o ato que completa a relação jurídica (pois chama o réu ao processo). Para Fazzalari, a citação é o ato que oportuniza o exercício dos princípios do contraditório e ampla defesa. Para o nosso CPC, a citação é o ato pelo qual se chama o réu a se defender. Pode se dar via: Correio (correspondência citatória com aviso de recebimento para juntada aos autos)- Prazo segunda-feira, 21 de novembro de 2011 10:03 Página 22 de Teoria Geral do Processo Correio (correspondência citatória com aviso de recebimento para juntada aos autos)- Oficial de Justiça (cumprimento de mandado judicial)- Edital (através de publicação em jornais)- Citação Eletrônica (não utilizada ainda)- Intimação É o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo para que faça ou deixe de fazer algo. A intimação se dá nas mesmas vias da citação, porém a intimação por edital não existe, e sim via Publicação. Correio (correspondência citatória com aviso de recebimento para juntada aos autos.)- Oficial de Justiça (cumprimento de mandado judicial)- Publicação (dirigida ao advogado, publicada no diário oficial)- Citação Eletrônica (não utilizada ainda)- Autos = Registros gráfico cartular sequenciado das práticas ou ausências dos atos processuais e preclusões. Auto = Instrumento gráfico cartular noticiador da prática de ato processual fora da secretaria do juizo. (ex: auto de prisão) Termo = Instrumento gráfico cartular noticiador da prática do ato processual no âmbito da secretaria do juizo. Ata = Termo de audiência Prazo Genérico• É o prazo previsto em lei para os atos que não há previsão específica em lei ou fixada pelo juiz. Prazo Legal5- A data da publicação é o dia 0, o primeiro dia útil seguinte é o dia 1. Difere-se a publicação das intimações por oficial de justiça e por correio. As intimações/citações por OJ e Correio, a Juntada é o dia 0. As intimações por publicações, o dia útil seguinte à publicação é o dia 0. Prazo de Praxe (o certo, o master, o mito, o correto, o usado)6- O primeiro dia útil após o evento (juntada, publicação, etc) é o dia 1. Indifere-se o evento entre publicação, correio, etc. Página 23 de Teoria Geral do Processo É termo notadamente exclusivo do direito processual. Preclusão = É o trancamento da oportunidade legal para a prática do ato processual. Decurso do prazo, apresentação prévia de defesa, pagamentos, e todo o ato que tranque as oportunidades de agir procedimentalmente. - Temporal: Quando se der em razão de esgotamento de prazo - Consumativa Quando se der em razão da prática do ato que se poderia praticar (apresentada a defesa, não se repete) - Lógica Quando se der em relação a todos os atos incompatíveis com o que se praticou. (Ex: pagamento confessional e posterior defesa) Preclusão segunda-feira, 5 de dezembro de 2011 09:49 Página 24 de Teoria Geral do Processo