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Érika Tenório – Medicina UFAL 2017 Resumo de Fisiologia do Sistema Respiratório Funções do sistema respiratório: � Ventilação pulmonar: ciclo de inspiração e expiração do ar pelos pulmões. � Hematose: difusão de O2 e CO2 entre os alvéolos e o sangue; � Transporte de O2 e CO2 no sangue e nos líquidos corporais e suas trocas com as células de todos os tecidos do corpo; � Regulação do pH, por retenção ou excreção de CO2; � Defesa contra patógenos e substâncias irritantes inaladas; � Vocalização; � Perda de água e calor do corpo. Respiração Externa: movimento dos gases entre o meio externo e as células do corpo. Fonte: Silverthorn Respiração Celular: reação intracelular do O2 com moléculas orgânicas para produzir CO2, água e energia (ATP). O fluxo global de ar (da ventilação) desloca-se: • De regiões de pressões mais altas para mais baixas; • Pela ação de uma bomba muscular que gera gradientes de pressão; • Resistência ao fluxo de ar de acordo com o diâmetro dos tubos condutores. Mecânica da Ventilação Pulmonar Os pulmões podem ser expandidos e contraídos por: � Movimentos de subida (relaxamento) e descida (contração) do diafragma para aumentar ou diminuir a cavidade torácica; � Elevação e depressão das costelas para aumentar e diminuir o diâmetro anteroposterior da cavidade torácica. Papel do Diafragma Na inspiração, a contração diafragmática puxa as superfícies inferiores dos pulmões para baixo. Na expiração, o diafragma simplesmente relaxa, e a retração elástica dos pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões e expele o ar. Inspiração processo ativo contração do diafragma Mecânica Respiratória Mov. Diafragma Diâmetro da Cavidade Torácica Mov. das Costelas (Alça de Balde e Alavanca de bomba) Diâmetro anteroposterior da cav. torácica Érika Tenório – Medicina UFAL 2017 Expiração processo passivo retração elástica dos pulmões, parede torácica e estruturas abdominais Na respiração vigorosa as forças elásticas não produzem a rápida expiração necessária. A força extra é dada pela contração da musculatura abdominal, que empurra o conteúdo abdominal para cima, comprimindo os pulmões. Fonte: Silverthorn Músculos da inspiração: todos os músculos que elevam a caixa torácica. Os músculos mais importantes são os intercostais externos, e os que auxiliam são: • Músculos esternocleidomastóideos, que elevam o esterno; • Serráteis anteriores, que elevam as costelas; • Escalenos, que elevam as duas primeiras costelas. Músculos da expiração: deprimem a caixa torácica. São principalmente: • Reto abdominal, que puxa para baixo as costelas inferiores, e em conjunto com outros músculos abdominais, também comprime o conteúdo abdominal para cima contra o diafragma; • Intercostais internos. Expiração costelas com ângulo p/ baixo mm. intercostais externos alongados anterior e inferiormente. Inspiração mm. intercostais externos contraem costelas superiores puxadas para a frente esterno é deslocado anteriormente Os intercostais internos funcionam de modo oposto, atuando como músculos expiratórios, porque se angulam entre as costelas, na direção contrária, e produzem a alavanca oposta. Fonte:http://jotaetaineto.blogspot.com.br/2013/06/mecanica- respiratoria-sistema_13.html Pressões que Promovem a Ventilação Pressão Pleural É a pressão do líquido no espaço entre a pleura visceral e a pleura parietal. Normalmente ocorre leve sucção, devido à drenagem linfática contínua, entre os folhetos pleurais, gerando uma discreta pressão negativa. A pressão pleural normal é: • No início da inspiração: é de -5 cm de água, que é a quantidade de sucção necessária para manter os pulmões abertos no seu nível de repouso. Na inspiração, a expansão da caixa torácica traciona os pulmões com força maior e cria mais pressão negativa, que chega a -7,5 cm de água. • Na expiração isso é revertido. Érika Tenório – Medicina UFAL 2017 Pressão Alveolar: É a pressão que mantém os alvéolos abertos. Na inspiração, a pressão alveolar diminui para -1 cm de água. Essa pressão puxa 0,5 L de ar para os pulmões, em cerca de 2s. Na expiração, ocorrem pressões contrárias: a pressão alveolar sobe para + 1 cm de água e força o 0,5 L de ar inspirado para fora dos pulmões, durante 2-3s. P. alveolar -1cm H2O Inspiração P. alveolar +1cm H2O Expiração Pressão Transpulmonar (PT): É a diferença entre a pressão alveolar e a pressão pleural. A medida das forças elásticas nos pulmões que tendem a colapsá-los a cada instante da respiração, é a chamada pressão de retração. Complacência Pulmonar A complacência total dos pulmões no adulto é de 200 mL de ar/cm de pressão de água transpulmonar. Fonte: Silverthorn Forças elásticas (que tendem a colapsar os pulmões) dos pulmões, são divididas em: • Força elástica do tecido pulmonar; Determinadas pelas fibras de elastina e de colágeno, entrelaçadas no parênquima pulmonar. É 1/3 das forças. Pulmão vazio Fibras contraídas e dobradas Força elástica menor Pulmão expandido Fibras estiradas e desdobradas Força elástica maior Fonte: Silverthorn É a capacidade que os pulmões têm de se expandir pela entrada do ar, contra forças resistivas. Érika Tenório – Medicina UFAL 2017 • Forças elásticas causadas pela tensão superficial do líquido que reveste as paredes internas dos alvéolos e outros espaços aéreos pulmonares. São 2/3 das forças. Tensão Superficial e Surfactante As moléculas de água em contato com o ar, têm uma atração muito forte umas pelas outras, formando uma superfície como uma camada elástica na superfície dos alvéolos. Isso resulta em tentativa de forçar o ar para fora do alvéolo, e indução do colapso do alvéolo. O efeito global é o de causar força contrátil elástica de todo o pulmão que é referida como força elástica da tensão superficial. O surfactante é uma substância com porções polares e apolares e atua da superfície da água nos alvéolos, como um detergente, reduzindo à tensão superficial da água, impedindo o colapso alveolar. Secretado pelas células epiteliais alveolares tipo II, o surfactante é uma mistura de fosfolipídios, proteínas e íons. Os componentes mais importantes são o fosfolipídio dipalmitoilfosfatidilcolina, as apoproteínassurfactantes e os íons cálcio. É produzido do 6º-7º mês de desenvolvimento fetal. Parte das moléculas se dissolve, enquanto o restante se espalha (não dissolve) sobre a superfície da água no alvéolo. O "Trabalho" da Respiração O trabalho da inspiração pode ser dividido em três frações: � Trabalho para realizar a complacência; � A necessária para vencer a viscosidade pulmonar e das estruturas da parede torácica, o trabalho de resistência tecidual; � Trabalho de resistência das vias aéreas. A respiração normal e tranquila, usa 3% a 5% da energia consumida pelo corpo. Volumes e Capacidades Pulmonares Espirometria: é o registro das mudanças no volume pulmonar. Fonte: Guyton. Volumes Pulmonares � Volume corrente (VC): é o volume de ar inspirado ou expirado, em cada respiração normal; é 500mL no homem adulto. � Volume de reserva inspiratório (VRI): é o volume extra de ar que pode ser inspirado, além do VC normal, quando a pessoa inspira com força total;geralmente, é de 3.000 mL. � Volume de reserva expiratório (VRE): é o máximo volume extra de ar que pode ser expirado na expiração forçada, após o final de expiração corrente normal; é de cerca de 1.100 mL. � Volume residual (VR): é o volume de ar que fica nos pulmões, após a expiração mais forçada; é de 1.200 mL. � Volume pulmonar máximo (VPM): é a soma desses 4 volumes descritos. Capacidades Pulmonares É a combinação de volumes pulmonares. � Capacidade inspiratória (CI): É a quantidade de ar (3.500 mL) que a pessoa pode respirar, começando a partir do nível expiratório normal e distendendo os pulmões até seu máximo. VC + VRI � Capacidade residual funcional (CRF): É a quantidade de ar que permanece nos Érika Tenório – Medicina UFAL 2017 pulmões, ao final de expiração normal (2.300 mL). VRE + VR � Capacidade vital (CV): É a quantidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões, após primeiro enchê-los à sua extensão máxima e então expirar, também à sua extensão máxima (4.600 mL). VRI + VC + VRE � Capacidade pulmonar total (CPT): é o volume máximo a que os pulmões podem ser expandidos com o maior esforço (5.800mL); CV + VR Volumes e capacidades pulmonares, nas mulheres, são de 20% - 25% menores do que nos homens. Ventilação-minuto: A ventilação-minuto é a quantidade total de novo ar levado para o interior das vias respiratórias a cada minuto. VM = VC x FR Ventilação Alveolar As áreas de trocas gasosas são: • Os alvéolos; • Sacos alveolares; • Ductos alveolares; • Bronquíolos respiratórios. A velocidade/intensidade com que o ar novo alcança essas áreas é chamada ventilação alveolar. A ventilação alveolar por minuto é o volume total de novo ar que entra nos alvéolos e áreas adjacentes de trocas gasosas a cada minuto. Raio Alveolar: Quanto menor o alvéolo, maior a pressão alveolar causada pela tensão superficial. São inversamente proporcionais. Espaço Morto Anatômico versus Fisiológico � Espaço morto anatômico: ar que fica nas porções onde não ocorrem trocas gasosas. O volume é de 150 mL. Ele aumenta pouco com a idade. Na expiração, o ar do espaço morto é expirado primeiro. � Espaço morto fisiológico: alguns dos próprios alvéolos podem ser não funcionantes ou parcialmente funcionantes pela ausência ou redução do fluxo sanguíneo pelos capilares pulmonares adjacentes. Esses alvéolos são parte do espaço morto. Resistência ao Fluxo Aéreo Bronquíolos terminais < Bronquíolos segmentares Existem poucos brônquios maiores em comparação com bronquíolos terminais. Todavia, em condições patológicas, os bronquíolos menores determinam a resistência, devido ao seu pequeno diâmetro e por serem facilmente ocluídos por: • Contração muscular de suas paredes; • Edema que ocorre em suas paredes; • Acúmulo de muco no lúmen dos bronquíolos. Controle Neural e Local da Musculatura Bronquiolar O controle direto dos bronquíolos pelas fibras nervosas simpáticas é fraco porque poucas fibras penetram nos pulmões. Entretanto, a árvore brônquica é mais exposta à norepinefrina e epinefrina, liberadas na corrente sanguínea pela estimulação simpática da medula da glândula adrenal. Epinefrina e Norepinefrina Vasodilatação da árvore brônquica Poucas fibras parassimpáticas, derivadas do nervo vago, penetram no parênquima. Esses nervos secretam acetilcolina. Acetilcolina Vasoconstrição da árvore brônquica. Os nervos parassimpáticos também são ativados por reflexos que se originam nos pulmões. Começa com a irritação da membrana epitelial das vias respiratórias, iniciada por gases nocivos, poeira, fumaça de cigarro ou infecção brônquica. Substâncias, formadas nos pulmões produzem a constrição bronquiolar. As mais importantes são a histamina e a substância de reação lenta da anafllaxia, liberadas pelos mastócitos durante reações alérgicas. Elas têm papel na obstrução das vias aéreas que ocorre na asma alérgica. Érika Tenório – Medicina UFAL 2017 Limpeza das Vias Aéreas As vias respiratórias, do nariz aos bronquíolos terminais, são mantidas úmidas por camada de muco que recobre toda a superfície. O muco é secretado por: � Células mucosas caliciformes individuais do revestimento epitelial das vias aéreas; � Pequenas glândulas submucosas. O muco aprisiona pequenas partículas do ar inspirado e evita que a maior parte delas alcance os alvéolos. O muco é removido pelo epitélio ciliado, com 200 cílios em cada célula. Eles vibram na frequência de 10 a 20 vezes/s, sempre para a faringe. Cílios pulmonares: vibram em direção superior; Cílios do nariz: vibram em direção inferior. O muco e suas partículas capturadas são engolidos ou tossidos para o exterior. Reflexo da Tosse É um reflexo que ocorre pela irritação da traquéia e brônquios. Impulsos neurais aferentes passam, pelo nervo vago, até o bulbo, onde é desencadeado circuitos neuronais locais, causando: 1. Até 2,5 litros de ar são rapidamente inspirados. 2. A epiglote se fecha e as cordas vocais são fechadas com firmeza para aprisionar o ar no interior dos pulmões. 3. Os músculos abdominais se contraem com força, empurrando o diafragma, enquanto outros músculos expiratórios, também se contraem com força. A pressão nos pulmões aumenta rapidamente até 100 mmHg ou mais. 4. As cordas vocais e a epiglote subitamente se abrem e o ar sob alta pressão nos pulmões explode para o exterior. Reflexo do Espirro Inicia com a irritação das vias nasais; impulsos aferentes passam pelo quinto par craniano para o bulbo. Tem reações semelhantes às do reflexo da tosse, entretanto, a úvula é deprimida, de forma que grandes quantidades de ar passam rapidamente pelo nariz, ajudando assim a limpar as vias nasais. Funções Respiratórias Normais do Nariz Conforme o ar passa pelo nariz, três funções respiratórias são realizadas pelas cavidades nasais: • O ar é aquecido nas conchas e septo, com área de cerca de 160cm²; • O ar é quase todo umidificado; • O ar é parcialmente, filtrado. A temperatura do ar inspirado se eleva por até 0,5°C a mais que a temperatura corporal e entre 2% a 3% da saturação total com vapor d'água, antes de alcançar a traqueia. O ar, passando pelas vias nasais, choca-se com as conchas, o septo e a parede da faringe, e muda a direção de seu movimento. As partículas em suspensão não podem mudar de direção rapidamente. Elas chocando-se com as superfícies e são capturadas no muco e transportadas pelos cílios à faringe. Quase nenhuma partícula maior que 6mc passa para as partes inferiores da via. As entre 1 e 5mc se fixam nos bronquíolos menores pela precipitação gravitacional. Partículas menores que 0,5mc ficam suspensas no ar alveolar e saem pela expiração. Partículas aprisionadas nos alvéolos são removidas pelos macrófagos alveolares e outras são carreadas para longe dos pulmões pelo sistema linfático. Excesso de partículas pode causar crescimento de tecido fibroso, no septo alveolar, levando à debilidade permanente. REFERÊNCIAS: GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª ed. Elsevier: Rio de Janeiro, 2011. SILVERTHORN, DU ET AL. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 5ª Edição. Artmed: Porto Alegre, 2010.
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