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1 Lorena Leahy Objetivos 1-Descrever a anatomohistofisiologia do sistema digestório 2-Identificar as manobras de desobstrução das vias aéreas 3-Discorrer sobre o reflexo da tosse 4-Citar as medidas preventivas para evitar asfixia Objetivo 1 Anatomia Este sistema é constituído pelos tratos (vias) respiratórios superior e inferior: O trato respiratório superior é formado por órgãos localizados fora da caixa torácica: nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia. O trato respiratório inferior consiste em órgãos localizados na cavidade torácica: parte inferior da traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões. As camadas das pleura e os músculos que formam a cavidade torácica também fazem parte do trato respiratório inferior. -O intercâmbio dos gases faz-se ao nível dos pulmões, mas para atingi-los o ar deve percorrer diversas porções de um tubo irregular, que recebe o nome conjunto de vias aeríferas.As vias aeríferas podem ser divididas em: NARIZ, FARINGE, LARINGE, TRAQUEIA, BRÔNQUIOS e PULMÕES. NARIZ -O nariz é uma protuberância situada no centro da face, sendo sua parte exterior denominada nariz externo e a escavação que apresenta interiormente conhecida por cavidade nasal. -O nariz externo tem a forma de uma pirâmide triangular de base inferior e cuja a face posterior se ajusta verticalmente no 1/3 médio da face. -As faces laterais do nariz apresentam uma saliência semilunar que recebe o nome de asa do nariz. -O ar entra no trato respiratório através de duas aberturas chamadas Narinas. Em seguida, flui pelas cavidades nasais direita e esquerda, que estão revestidas por mucosa respiratória. O septo nasal separa essas duas cavidades. -Os pelos do interior das narinas filtram grandes partículas de poeira que podem ser inaladas. Além disso, a cavidade nasal contêm células receptoras para o olfato. -A cavidade nasal é a escavação que encontramos no interior do nariz, ela é subdividida em dois compartimentos um direito e outro esquerdo. Cada compartimento dispõe de um orifício anterior que é a Narina e um posterior denominado Coana. As Coanas fazem a comunicação da cavidade nasal com a faringe. É na cavidade nasal que o ar torna-se condicionado, ou seja, é filtrado, umedecido e aquecido. -Na parede lateral da cavidade nasal encontramos as Conchas Nasais (cornetos) que são divididas em Superior, Média e Inferior. -O esqueleto ósseo do nariz é formado pelo osso frontal, ossos nasais e maxilares. -A cavidade nasal contêm várias aberturas de drenagem, pelas quais o muco dos seios paranasais é drenado. Os Seios Paranasais compreendem os seios maxilares, frontal, etmoidal e o esfenoidal. Tutoria 1/ Módulo 2 2 Lorena Leahy FARINGE -A faringe é um tubo que começa nas coanas e estende-se para baixo no pescoço. -Ela se situa logo atrás das cavidades nasais e logo a frente às vértebras cervicais. -Sua parede é composta de músculos esqueléticos e revestida de túnica mucosa. -A faringe funciona como uma passagem de ar e alimento. A faringe é dividida em três regiões anatômicas: Nasofaringe, Orofaringe e Laringofaringe: 1. A porção superior da faringe a Nasofaringe, tem as seguintes comunicações: duas com as coanas, dois óstios faríngeos das tubas auditivas e com a orofaringe. A tuba auditiva se comunica com a faringe através do ósteo faríngeo da tuba auditiva, que por sua vez conecta a parte nasal da faringe com a cavidade média timpânica do ouvido. 2. A parte intermediária da faringe, a Orofaringe, situa-se atrás da cavidade oral e estende-se do palato mole até o nível do hioide. A parte da orofaringe tem comunicação com a boca e serve de passagem tanto para o ar como para o alimento. 3. A Laringofaringe estende-se para baixo a partir do osso hioide, e conecta-se com o esôfago (canal do alimento) e anteriormente com a laringe (passagem de ar). Como a parte oral da faringe, a laringofaringe é uma via respiratória e também uma via digestória. 3 Lorena Leahy LARINGE -A laringe é um órgão curto que conecta a faringe com a traqueia. Ela se situa na linha mediana do pescoço, diante da quarta, quinta e sexta vértebra cervicais. -A Laringe tem três Funções: 1. Atua como passagem para o ar durante a respiração; 2. Produz som, ou seja, a voz (por esta razão é chamada de caixa de voz); 3. Impede que o alimento e objetos estranhos entrem nas estruturas respiratórias (como a traqueia). -A laringe desempenha função na produção de som, que resulta na fonação. Na sua superfície interna, encontramos uma fenda antero-posterior denominada vestíbulo da laringe, que possui duas pregas: prega vestibular (cordas vocais falsas) e prega vocal (cordas vocais verdadeiras). -A laringe é uma estrutura triangular constituída principalmente de cartilagens, músculos e ligamentos. -A parede da laringe é composta de nove peças de cartilagens. Três são ímpares (Cartilagem Tireóidea, Cricoidea e Epiglótica) e três são pares (Cartilagem Aritenoidea, Cuneiforme e Corniculada). 1. A Cartilagem Tireóidea consiste de cartilagem hialina e forma a parede anterior e lateral da laringe, é maior nos homens devido à influência dos hormônios durante a fase da puberdade. As margens posteriores das lâminas apresentam prolongamentos em formas de estiletes grossos e curtos, denominados cornos superiores e inferiores. 2. A Cartilagem Cricoide localiza-se logo abaixo da cartilagem tireoide e antecede a traqueia. 3. A Epiglote se fixa no osso hioide e na cartilagem tireoide. A epiglote é uma espécie de “porta” para o pulmão, onde apenas o ar ou substâncias gasosas entram e saem dele. Já substâncias líquidas e sólidas não entram no pulmão, pois a epiglote fecha-se e este dirige-se ao esôfago. 4. Cartilagem Aritenoide articula-se com a cartilagem cricoide, estabelecendo uma articulação do tipo diartrose. As cartilagens aritenoides são as mais importantes, porque influenciam as posições e tensões das pregas vocais (cordas vocais verdadeiras). 5. A Cartilagem Corniculada situa-se acima da cartilagem aritenoide. 6. A Cartilagem Cuneiforme é muito pequena e localiza-se anteriormente à cartilagem corniculada correspondente, ligando cada aritenoide à epiglote. 4 Lorena Leahy TRAQUEIA -A traqueia é um tubo de 10 a 12,5 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. -Constitui um tubo que faz continuação à laringe, penetra no tórax e termina se bifurcando nos 2 brônquios principais. -Ela se situa medianamente e anterior ao esôfago, e apenas na sua terminação, desvia-se ligeiramente para a direita. -O arcabouço da traqueia é constituído aproximadamente por 20 anéis cartilagíneos incompletos para trás, que são denominados cartilagens traqueais. 5 Lorena Leahy -Internamente a traqueia é forrada por mucosa, onde abundam glândulas, e o epitélio é ciliado, facilitando a expulsão de mucosidades e corpos estranhos. -Inferiormente a traqueiase bifurca, dando origem aos 2 brônquios principais: direito e esquerdo. -A parte inferior da junção dos brônquios principais é ocupada por uma saliência antero-posterior que recebe o nome de carina da traqueia, e serve para acentuar a separação dos 2 brônquios. BRÔNQUIOS -Os brônquios principais fazem a ligação da traqueia com os pulmões, são considerados um direito e outro esquerdo. -A traqueia e os brônquios extrapulmonares são constituídos de anéis incompletos de cartilagem hialina, tecido fibroso, fibras musculares, mucosa e glândulas. -O brônquio principal direito é mais vertical, mais curto e mais largo do que o esquerdo. Como a traqueia, os brônquios principais contém anéis de cartilagem incompletos. -Os brônquios principais entram nos pulmões na região chamada HILO. Ao atingirem os pulmões correspondentes, os brônquios principais subdividem-se nos Brônquios Lobares. -Os brônquios lobares subdividem-se em Brônquios Segmentares, cada um destes distribuindo-se a um segmento pulmonar. -Os brônquios dividem-se respectivamente em tubos cada vez menores denominados Bronquíolos. As paredes dos bronquíolos contém músculo liso e não possuem cartilagem. -Os bronquíolos continuam a se ramificar, e dão origem a minúsculos túbulos denominados Ductos Alveolares. -Estes ductos terminam em estruturas microscópicas com forma de uva chamados Alvéolos. -Os alvéolos são minúsculos sáculos de ar que constituem o final das vias respiratórias. Um capilar pulmonar envolve cada alvéolo. -A Função dos Alvéolos é trocar oxigênio e dióxido de carbono através da membrana capilar alvéolo-pulmonar. 6 Lorena Leahy PULMÕES -Os pulmões são órgãos essenciais na respiração. São duas vísceras situadas uma de cada lado, no interior do tórax e onde se dá o encontro do ar atmosférico com o sangue circulante, ocorrendo então, as trocas gasosas (HEMATOSE). Eles estendem-se do diafragma até um pouco acima das clavículas e estão justapostos às costelas. -O pulmão direito é o mais espesso e mais largo que o esquerdo. Ele também é um pouco mais curto pois o diafragma é mais alto no lado direito para acomodar o fígado. O pulmão esquerdo tem uma concavidade que é a incisura cardíaca. Cada pulmão têm uma forma que lembra uma pirâmide com um ápice, uma base, três bordas e três faces. -Pulmão Ápice do Pulmão: Está voltado cranialmente e tem forma levemente arredondada. Apresenta um sulco percorrido pela artéria subclávia, denominado sulco da artéria subclávia. No corpo, o ápice do pulmão atinge o nível da articulação esterno-clavicular -Base do Pulmão: A base do pulmão apresenta uma forma côncava, apoiando-se sobre a face superior do diafragma. A concavidade da base do pulmão direito é mais profunda que a do esquerdo (devido à presença do fígado). -Margens do Pulmão: Os pulmões apresentam três margens: uma Anterior, uma Posterior e uma Inferior. 7 Lorena Leahy -Bordas do Pulmão: A borda anterior é delgada e estende-se à face ventral do coração. A borda anterior do pulmão esquerdo apresenta uma incisura produzida pelo coração, a incisura cardíaca. A borda posterior é romba e projeta- se na superfície posterior da cavidade torácica. A borda inferior apresenta duas porções: (1) uma que é delgada e projeta-se no recesso costofrênico e (2) outra que é mais arredondada e projeta-se no mediastino -Peso: Os pulmões tem em média o peso de 700 gramas. -Altura: Os pulmões tem em média a altura de 25 centímetros. -Faces: O pulmão apresenta três faces: a) Face Costal (face lateral): é a face relativamente lisa e convexa, voltada para a superfície interna da cavidade torácica. b) Face Diafragmática (face inferior): é a face côncava que assenta sobre a cúpula diafragmática. c) Face Mediastínica (face medial): é a face que possui uma região côncava onde se acomoda o coração. Dorsalmente encontra-se a região denominada hilo ou raiz do pulmão. Divisão: Os pulmões apresentam características morfológicas diferentes. O Pulmão Direito apresenta-se constituído por três lobos divididos por duas fissuras. Uma fissura obliqua que separa lobo inferior dos lobos médio e superior e uma fissura horizontal, que separa o lobo superior do lobo médio. O Pulmão Esquerdo é dividido em um lobo superior e um lobo inferior por uma fissura oblíqua. Anteriormente e inferiormente o lobo superior do pulmão esquerdo apresenta uma estrutura que representa resquícios do desenvolvimento embrionário do lobo médio, a língula do pulmão. -Cada lobo pulmonar é subdividido em segmentos pulmonares, que constituem unidades pulmonares completas, consideradas autônomas sob o ponto de vista anatômico. Pulmão Direito * Lobo Superior: apical, anterior e posterior * Lobo Médio: medial e lateral * Lobo Inferior: apical (superior), basal anterior, basal posterior, basal medial e basal lateral Pulmão Esquerdo * Lobo Superior: apicoposterior, anterior, lingular superior e lingular inferior * Lobo Inferior: apical (superior), basal anterior, basal posterior, basal medial e basal lateral PLEURAS -A superfície externa de cada pulmão e a parede interna da caixa torácica são revestidos por uma membrana serosa dupla, chamada pleura. A membrana na superfície externa de cada pulmão é denominada Pleura Visceral, e a que reveste a parede da cavidade torácica é chamada Pleura Parietal. -Entre as pleuras visceral e parietal encontra-se um pequeno espaço, a Cavidade Pleural, que contém pequena quantidade de líquido lubrificante, secretado pelas túnicas. Esse líquido reduz o atrito entre as túnicas, permitindo que elas deslizem facilmente uma sobre a outra, durante a respiração. HILO DO PULMÃO -A região do hilo localiza-se na face mediastinal de cada pulmão sendo formado pelas estruturas que chegam e saem dele, onde temos: os Brônquios Principais, Artérias Pulmonares, Veias Pulmonares, Artérias e Veias Bronquiais e Vasos Linfáticos. -Os brônquios ocupam posição caudal e posterior, enquanto que as veias pulmonares são inferiores e anteriores. -A artéria pulmonar ocupa uma posição superior e mediana em relação a essas duas estruturas. -A raiz do pulmão direito encontra-se dorsalmente disposta à veia cava superior. -A raiz do pulmão esquerdo relaciona-se anteriormente com o Nervo Frênico. Posteriormente relaciona-se com o Nervo Vago 8 Lorena Leahy Lobo direito Lobo esquerdo Histologia Cavidade nasal -O vestíbulo corresponde ao segmento inicial da cavidade nasal (1,5cm), situado na parte externa do nariz e comunica-se com o exterior através das narinas. Seu epitélio é estratificado pavimentoso, sendo queratinizado na porção anterior, contínua à epiderme da face. A presença de pelos (vibrissas) e a secreção de glândulas sebáceas protege contra a entrada de poeira. A cartilagem hialina dá sustentação - No teto da cavidade nasal e na parte superior das paredes laterais e do septo nasal, há a área olfatória. O epitélio é pseudoestratificado colunar, constituído pelas células olfatórias, células de sustentação, células em escova e células basais. As células olfatórias são neurônios bipolares, com o dendrito voltado para a superfície e o axônio penetrando o tecido conjuntivo e dirigindo-se para o sistema nervoso central. Os axônios das células olfatórias formam o nervo olfatório (nervo craniano I). 9 Lorena Leahy As células de sustentação são colunares e com microvilos. Além do suporte físico, secretam proteínas de ligação aos odorantes. As células em escova são também colunares e com microvilos, mas a superfície basal está em contato sináptico com fibras nervosas do nervo trigêmeo (nervo craniano V). Elas parecem estar envolvidas na transdução da sensação geral da mucosa. As células basais são pequenas e arredondadas. São células tronco e originam as células olfatórias e as células de sustentação - A secreção serosa das glândulas ofatórias (ou de Bowman) dissolve as substâncias odoríferas para permitir sua percepção pelas células olfatórias; contém IgA, lactoferrina, lisozima e proteínas de ligação a odorantes, e, pelo fluxo contínuo, remove os compostos que estimularam o olfato, mantendo os receptores aptos para novos estímulos. -A maior parte da cavidade nasal é a área respiratória e é assim denominada porque o seu epitélio é típico do sistema respiratório, ou seja, pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes. O muco secretado pelas células caliciformes aprisiona as partículas inaladas e é deslocado pelo batimento dos cílios para a faringe, onde é deglutido ou expectorado. A área superficial é aumentada pelas conchas nasais e pelos seios paranasais. -As conchas nasais (superior, média e inferior) são projeções ósseas das paredes laterais da cavidade nasal, e os seios paranasais são cavidades nos ossos da face que se comunicam com a cavidade nasal por uma série de orifícios. Ambas estruturas são revestidas pelo epitélio do tipo respiratório, ou seja, pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes. -O muco dos seios paranasais é drenado para a cavidade nasal pela atividade ciliar. O tecido conjuntivo da cavidade nasal e dos seios paranasais é ricamente vascularizado, permitindo a umidificação e o aquecimento do ar. Possui glândulas seromucosas, cuja secreção serosa contribui para a umidificação e contém enzimas, como a amilase ou a lisozima, e a secreção mucosa suplementa aquela das células caliciformes para capturar o material inalado. Obs: Na lâmina própria da cavidade nasal, há muitas células de defesa, sendo os eosinófilos abundantes nas pessoas com rinite alérgica Faringe -Posterior à cavidade nasal, há a nasofaringe, cujo epitélio é pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes. Sob este, há a tonsila faríngea. -As células do tecido linfoide examinam antígenos inalados e desencadeiam a resposta imunológica. -O ar também passa pela orofaringe, que, pelo atrito do alimento, é revestida por epitélio estratificado pavimentoso. Laringe -É um tubo com cerca de 4cm de diâmetro e 4 a 5cm de comprimento. -Seu epitélio é pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes e, na superfície lingual e na metade superior da superfície laríngea da epiglote, que fazem contato com o bolo alimentar na sua passagem para o esôfago, e nas pregas vocais, que sofrem o atrito da corrente do ar durante a fala, é estratificado pavimentoso -A lâmina própria da laringe, exceto nas pregas vocais, contém glândulas seromucosas. -Subjacente há peças de cartilagem hialina (tireoide, cricoide e parte inferior das aritenoides) e de cartilagem elástica (epiglote, parte superior das aritenoides e cartilagens corniculadas e cuneiformes). As cartilagens mantêm a laringe aberta, permitindo a passagem do ar e, em virtude da ação dos músculos intrínsecos e extrínsecos da laringe, de músculo estriado esquelético, podem se mover, impedindo a entrada de alimento durante a deglutição. - As pregas vocais também se movimentam graças ao músculo estriado esquelético: o músculo vocal, que se liga aos músculos intrínsecos da laringe. E há ainda, entre o epitélio e o músculo vocal, o ligamento vocal, de tecido elástico, contribuindo para a sua ação. Traqueia -É um tubo com 10 a 12cm de comprimento e 2 a 3cm de diâmetro. -É revestida por epitélio pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes. -O tecido conjuntivo subjacente é ricamente vascularizado, o que umidifica e aquece o ar. -Tem glândulas mucosas e seromucosas, e a secreção das células caliciformes e das glândulas forma um tubo mucoso, que é deslocado em direção à faringe pelo batimento ciliar, retirando as partículas inspiradas. 10 Lorena Leahy - A traqueia apresenta 16 a 20 peças de cartilagem hialina com as extremidades unidas por músculo liso. Os anéis cartilaginosos evitam o colapso da parede. A contração do músculo diminui a luz, aumentando a velocidade do fluxo de ar, o que é importante para expulsar partículas estranhas no reflexo da tosse. -A traqueia é envolvida pela adventícia, tecido conjuntivo frouxo, rico em células adiposas, comum aos órgãos vizinhos, como o esôfago e a tireoide Brônquios -A traqueia bifurca-se nos brônquios primários (ou principais), que, ao entrarem nos pulmões, ramificamse em três brônquios secundários (ou lobares) no pulmão direito e dois no esquerdo: um para cada lobo pulmonar. Eles se ramificam nos brônquios terciários (ou segmentares): 10 deles no pulmão direito e oito no pulmão esquerdo -O epitélio é pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes. -No tecido conjuntivo subjacente, há glândulas seromucosas, e as células de defesa podem se acumular em nódulos linfáticos. -Nos brônquios extrapulmonares, assim como na traqueia, a cartilagem hialina e o músculo liso está localizado posteriormente, entre as extremidades da cartilagem. -Nos brônquios intrapulmonares, a cartilagem é irregular, o que faz com que, no corte histológico, sejam visualizados pedaços de cartilagem, e o músculo liso está disposto internamente à cartilagem. -Além de transportar o ar, a árvore brônquica aquece-o pela presença de vasos sanguíneos na sua proximidade, umidifica-o pela secreção serosa das glândulas e limpa-no através do muco das células caliciformes e das glândulas e o movimento dos cílios Bronquíolos -A ramificação dos brônquios terciários resulta nos bronquíolos (primários).Cada bronquíolo ramifica-se geralmente em cinco a sete bronquíolos terminais. Cada um destes origina, por sua vez, dois bronquíolos respiratórios. 1. Os bronquíolos têm menos do que 1mm de diâmetro. O epitélio é simples colunar ou cúbico ciliado e com células caliciformes ocasionais. Não há glândulas, nem cartilagem, mas o músculo liso é espesso. 2. Os bronquíolos terminais têm diâmetro menor de 0,5mm. São de epitélio simples cúbico ciliado, com células de Clara. Essas células não são ciliadas; possuem retículo endoplasmático rugoso, retículo endoplasmáticlo liso e mitocôndrias em abundância, e exibem um ápice em forma de cúpula, com grânulos de secreção. Produzem um agente tensoativo lipoproteico, que reduz a tensão superficial dos bronquíolos, evitando o seu colabamento. Os bronquíolos terminais apresentam uma delgada camada de tecido conjuntivo com fibras elásticas e uma a duas camadas de células musculares lisas. 3. Nos bronquíolos respiratórios, o epitélio é simples cúbico ciliado, com células de Clara, interrompido por células pavimentosas, que correspondem aos alvéolos e permitem as trocas gasosas. O epitélio é circundado por tecido conjuntivo e músculo liso. Ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos-Cada bronquíolo respiratório ramifica-se em dois a dez ductos alveolares. Eles são condutos constituídos por alvéolos, portanto, de epitélio simples pavimentoso, circundados por fibras reticulares e elásticas e por células musculares lisas. O músculo liso termina nos ductos alveolares. Cada ducto alveolar desemboca em dois ou três sacos alveolares, também de alvéolos. -O alvéolo é um espaço delimitado por epitélio simples pavimentoso, formado pelos pneumócitos do tipo I e do tipo II. 1. Os pneumócitos do tipo I são células pavimentosas, cuja pequena espessura facilita a difusão do O2 para o sangue. Estão unidas por junções de oclusão, o que evita a passagem de fluido extracelular para a luz do alvéolo. 2. Os pneumócitos do tipo II são células cúbicas, com núcleo esférico e citoplasma vacuolizado ao microscópio de luz, devido à presença de corpos lamelares com o surfactante pulmonar, um complexo lipoproteico (fosfolipídios, glicosaminoglicanos e proteínas), que é exocitado da célula e recobre a superfície dos alvéolos, diminuindo a tensão superficial, o que facilita a expansão na inspiração e evita o seu colabamento na expiração. 11 Lorena Leahy Obs: Os pneumócitos do tipo II são capazes de se dividir e de se diferenciar em pneumócitos do tipo I, o que é importante para recuperar o parênquima pulmonar em caso de dano. - A região formada pelos pneumócitos de dois alvéolos adjacentes com o delgado tecido conjuntivo interposto é o septo interalveolar. -No tecido conjuntivo, são encontrados fibroblastos, macrófagos, mastócitos, fibras reticulares e elásticas, substância fundamental e capilares. As fibras reticulares dão sustentação ao parênquima pulmonar, e as fibras elásticas permitem a expansão dos pulmões durante a inspiração e, com a sua retração, ajudam a expelir o ar dos alvéolos. -As trocas gasosas ocorrem nos locais onde o septo interalveolar é bastante estreito, restrito aos pneumócitos do tipo I e o capilar, os quais estão tão próximos que as suas lâminas basais se fundem. -O O2 presente no alvéolo difunde-se para o sangue, atravessando o pneumócito do tipo I e a sua lâmina basal e a lâmina basal e o endotélio do capilar (barreira hematoaérea). -No sangue, o O2 liga-se à hemoglobina do eritrócito. -O CO2 presente no sangue pode ser eliminado do organismo fazendo o caminho inverso, e do alvéolo será levado ao exterior pelas vias respiratórias. -Frequentemente os alvéolos comunicam-se por meio de orifícios na parede alveolar: os poros alveolares. Eles devem equilibrar as diferenças de pressão. -Os macrófagos alveolares migram entre os pneumócitos tipo I e entram na luz do alvéolo, onde fagocitam material particulado, bactérias e o surfactante em excesso e secretam enzimas, como lisozima, colagenase, elastase e hidrolases ácidas. Depois da fagocitose, os macrófagos aderem ao muco e são empurrados pelos cílios para a faringe e são eliminados pela deglutição ou expectoração; entram nos bronquíolos respiratórios e terminais, onde passam para os vasos linfáticos e então para os linfonodos, ou podem ainda retornar ao tecido conjuntivo do septo interalveolar e permanecer por toda a vida no indivíduo. Fisiologia -A respiração provê oxigênio aos tecidos e remove o dióxido de carbono. A fim de alcançar tais objetivos, a respiração pode ser dividida em quatro funções principais: 1. ventilação pulmonar, que significa o influxo e o efluxo de ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares; 2. difusão de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue-, 3. transporte de oxigênio e dióxido de carbono no sangue e nos líquidos corporais e suas trocas com as células de todos os tecidos do corpo; e 4. regulação da ventilação e outros aspectos da respiração. Mecânica da Ventilação Pulmonar -Os pulmões podem ser expandidos e contraídos por duas maneiras: (1) por movimentos de subida e descida do diafragma para aumentar ou diminuir a cavidade torácica (2) pela elevação e depressão das costelas para aumentar e diminuir o diâmetro anteroposterior da cavidade torácica. -A respiração tranquila normal é realizada quase inteiramente pelo primeiro método, isto é, pelos movimentos do diafragma. Durante a inspiração, a contração diafragmática puxa as superfícies inferiores dos pulmões para baixo. Depois, durante a expiração, o diafragma simplesmente relaxa, e a retração elástica dos pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões e expele o ar. -Durante a respiração vigorosa, no entanto, as forças elásticas não são poderosas o suficiente para produzir a rápida expiração necessária; assim, força extra é obtida, principalmente, pela contração da musculatura abdominal, que empurra o conteúdo abdominal para cima, contra a parte inferior do diafragma, comprimindo, dessa maneira, os pulmões. -O segundo método para expansão dos pulmões é elevar a caixa torácica. Isso expande os pulmões porque, na posição de repouso natural, as costelas se inclinam para baixo, possibilitando, desta forma, que o esterno recue em direção à coluna vertebral. 12 Lorena Leahy -Quando a caixa torácica é elevada, no entanto, as costelas se projetam quase diretamente para frente, fazendo com que o esterno também se mova anteriormente para longe da coluna, aumentando o diâmetro anteroposterior do tórax por cerca de 20% durante a inspiração máxima, em comparação com a expiração. Portanto, todos os músculos que elevam a caixa torácica são classificados como músculos da inspiração, e os que deprimem a caixa torácica são classificados como músculos da expiração. -Os músculos mais importantes que elevam a caixa torácica são os intercostais externos, mas outros que auxiliam são (1) músculos esternocleidomas-tóideos, que elevam o esterno; (2) serráteis anteriores, que elevam muitas costelas; (3) escalenos, que elevam as duas primeiras costelas. -Os músculos que puxam a caixa torácica para baixo, durante a expiração, são principalmente o (1) reto abdominal, que exerce o efeito poderoso de puxar para baixo as costelas inferiores, ao mesmo tempo em que, em conjunto com outros músculos abdominais, também comprime o conteúdo abdominal para cima contra o diafragma (2) os intercostais internos. -Do lado esquerdo, as costelas durante a expiração estão anguladas para baixo, e os intercostais externos estão alongados anterior e inferiormente. Conforme eles se contraem, puxam as costelas superiores para frente com relação às inferiores, o que causa mecanismo de alavanca nas costelas, para as levantar, produzindo inspiração. -Os intercostais internos funcionam exatamente de modo oposto, atuando como músculos expiratórios, porque se angulam entre as costelas, na direção contrária, e produzem a alavanca oposta. Pressões que Causam o Movimento do Ar para dentro e para fora dos Pulmões -Os pulmões são estruturas elásticas que colapsam, como um balão, e expele todo o ar pela traqueia, toda vez que não existe força para mantê-lo inflado. -Também não existem conexões entre os pulmões e as paredes da caixa torácica, exceto onde ele está suspenso no hilo a partir do mediastino, região situada no meio da caixa torácica. Em vez disso, o pulmão “flutua” na cavidade torácica, cercado por fina camada de líquido pleural que lubrifica o movimento dos pulmões dentro da cavidade. -Além disso, a sucção contínua do excesso de líquido para os canais linfáticos mantém leve tração entre a superfície visceral da pleura pulmonar e a superfície parietal da pleura da cavidade torácica. Portanto,os pulmões são presos à parede torácica, como se estivessem colados; no entanto, eles estão bem lubrificados e podem deslizar livremente quando o tórax se expande e contrai. Pressão Pleural e suas Variações durante a Respiração Pressão pleural é a pressão do líquido no estreito espaço entre a pleura visceral e a pleura parietal. Como observado antes, normalmente ocorre leve sucção entre os folhetos pleurais, o que significa discreta pressão negativa. 13 Lorena Leahy -A pressão pleural normal no início da inspiração é de cerca de 5 centímetros de água, que é a quantidade de sucção necessária para manter os pulmões abertos no seu nível de repouso. Então, durante a inspiração normal, a expansão da caixa torácica traciona os pulmões para diante com força maior e cria mais pressão negativa, que chega a cerca de -7,5 centímetros de água. Essas relações entre a pressão pleural e a mudança do volume pulmonar tem crescente negatividade da pressão pleural de -5 a -7,5 durante a inspiração e o aumento do volume pulmonar de 0,5 litro. Pressão Alveolar -É a pressão do ar dentro dos alvéolos pulmonares. -Quando a glote está aberta e não existe fluxo de ar para dentro ou para fora dos pulmões, as pressões em todas as partes da árvore respiratória, até os alvéolos, são iguais à pressão atmosférica, que é considerada a pressão de referência zero nas vias aéreas —isto é, 0 cm de pressão de água. Para causar o influxo de ar para os alvéolos, durante a inspiração a pressão nos alvéolos deve cair para valor ligeiramente abaixo da pressão atmosférica. -Durante a inspiração normal, a pressão alveolar diminui para cerca de -1 centímetro de água. Essa pressão ligeiramente negativa é suficiente para puxar 0,5 litro de ar para o interior dos pulmões, nos 2 segundos necessários para uma inspiração normal e tranquila. -Durante a expiração, ocorrem pressões contrárias: a pressão alveolar sobe para cerca de +1 centímetro de água e força o 0,5 litro de ar inspirado para fora dos pulmões, durante os 2 a 3 segundos de expiração. -Pressão Transpulmonar é a diferença entre a pressão alveolar e a pressão pleural (a diferença de pressão entre os alvéolos e as superfícies externas dos pulmões) sendo medida das forças elásticas nos pulmões que tendem a colapsá-los a cada instante da respiração, a chamada pressão de retração. Complacência Pulmonar -0grau de extensão dos pulmões por cada unidade de aumento da pressão transpulmonar (se tempo suficiente for permitido para atingir o equilíbrio) é chamado complacência pulmonar. A complacência total de ambos os pulmões no adulto normal é, em média, de 200 mililitros de ar por centímetro de pressão de água transpulmonar. Isto é, sempre que a pressão transpulmonar aumentar 1centímetro de água, o volume pulmonar, após 10 a 20 segundos, se expandirá 200 mililitros. Diagrama de Complacência dos Pulmões. -É o diagrama que relaciona as alterações do volume pulmonar com as mudanças da pressão transpulmonar. Observe que a relação é diferente para a inspiração e para a expiração. Cada curva é registrada pelas mudanças da pressão transpulmonar em pequenos passos, permitindo-se que o volume pulmonar atinja nível estável entre passos sucessivos. As duas curvas são denominadas, respectivamente, curva de complacência inspiratória e curva de complacência expiratória, e todo o diagrama é chamado diagrama da complacência pulmonar. -As características do diagrama de complacência são determinadas pelas forças elásticas dos pulmões, que podem ser divididas em duas partes: 1. força elástica do tecido pulmonar propriamente dito 2. forças elásticas, causadas pela tensão superficial do líquido que reveste as paredes internas dos alvéolos e outros espaços aéreos pulmonares. -As forças elásticas do tecido pulmonar são determinadas, em grande parte, pelas fibras de elastina e de colágeno, entrelaçadas no parênquima pulmonar. Nos pulmões vazios, essas fibras estão no estado elasticamente contraído e dobrado; então, quando os pulmões se expandem, as fibras são estiradas e desdobradas e, assim, se alongam e exercem até mesmo força elástica maior. As forças elásticas causadas pela tensão superficial são muito mais complexas. -Quando os pulmões são cheios com ar, existe uma interface entre o líquido alveolar e o ar no interior do alvéolo. No caso dos pulmões cheios por solução salina, não existe interface ar-líquido; portanto, o efeito da tensão superficial não está presente —apenas as forças elásticas dos tecidos estão operando neste caso. -Note que as pressões transpleurais, necessárias para expandir os pulmões cheios com ar, são cerca de três vezes maiores que as necessárias para expandir os pulmões cheios com solução salina. -Assim, pode-se concluir que as forças elásticas teciduais que tendem a provocar o colapso do pulmão cheio com ar representam, apenas cerca de um terço da elasticidade total pulmonar, enquanto as forças de tensão superficial 14 Lorena Leahy líquido-ar nos alvéolos representam cerca de dois terços. As forças elásticas pulmonares de tensão superficial líquido-ar também aumentam, tremendamente, quando a substância chamada surfactante não está presente no líquido alveolar. Vamos discutir, agora, o surfactante e suas relações com as forças de tensão superficial. Princípios da Tensão Superficial. -Quando a água forma uma superfície de contato com o ar, as moléculas da água na superfície têm atração especialmente forte umas pelas outras. Como resultado, a superfície da água está sempre tentando se contrair. Isto é o que mantém as gotas de chuva unidas. -Agora, vamos reverter esses princípios e ver o que acontece nas superfícies internas do alvéolo. Aí, a superfície da água também está tentando se contrair. Isso resulta em tentativa de forçar o ar para fora do alvéolo, pelo brônquio, e, ao fazer isso, induz o colapso do alvéolo. O efeito global é o de causar força contrátil elástica de todo o pulmão que é referida como força elástica da tensão superficial. O Surfactante e seus Efeitos na Tensão Superficial. -O surfactante é um agente ativo da superfície da água, o que significa que ele reduz bastante a tensão superficial da água. É secretado por células epiteliais especiais secretoras de surfactante chamadas células epiteliais alveolares tipo II, que constituem cerca de 10% da área de superfície alveolar. -Essas células são granulares, contêm inclusões lipídicas que são secretadas no surfactante dentro dos alvéolos. -O surfactante é mistura complexa de vários fosfolipídios, proteínas e íons. Os componentes mais importantes são o fosfolipídio dipalmitoilfosfatidilcolina,as apoproteínas surfactantes e os íons cálcio. -A dipalmitoilfosfatidilcolina e vários fosfolipídios menos importantes são responsáveis pela redução da tensão superficial. Eles agem dessa maneira porque não se dissolvem, uniformemente, no líquido que recobre a superfície alveolar. Parte das moléculas se dissolve, enquanto o restante se espalha sobre a superfície da água no alvéolo. Pressão em Alvéolos Ocluídos Causada pela Tensão Superficial. -Caso as vias aéreas que levam aos alvéolos pulmonares estejam bloqueadas, a tensão superficial, no alvéolo, tende a colapsá-lo. Isso cria pressão positiva alveolar, tentando empurrar o ar para fora. A quantidade de pressão, gerada dessa maneira, no alvéolo, pode ser calculada a partir da seguinte fórmula: -Para o alvéolo de tamanho médio, com um raio de cerca de 100 micrômetros e revestido com surfactante normal, calcula-se que a pressão seja aproximadamentede 4 centímetros de pressão de água (3 mmHg). Caso os alvéolos tenham sido revestidos com água pura, sem nenhum surfactante, a pressão seria calculada como aproximadamente 18 centímetros de pressão de água, 4,5 vezes maior. Assim, pode-se ver como o surfactante é importante na redução da tensão superficial alveolar e, assim, na redução do esforço requerido pelos músculos respiratórios para expandir os pulmões. Efeito do Raio Alveolar na Pressão Causada pela Tensão Superficial. -Observe, a partir da fórmula precedente, que a pressão, gerada como resultado da tensão superficial alveolar, é inversamente afetada pelo raio do alvéolo, o que significa que quanto menor o alvéolo, maior a pressão alveolar causada pela tensão superficial. Assim, quando o alvéolo tem a metade do raio normal (50 em vez de 100 micrômetros), as pressões observadas antes são duplicadas. -Isto é especialmente significativo em recém-nascidos prematuros, muitos dos quais têm o raio alveolar menor que um quarto dos encontrados em adultos. Além disso, o surfactante não começa a ser secretado nos alvéolos até o sexto ou sétimo mês de gestação e, em alguns casos, até mesmo mais tardiamente. Assim, muitos recém-nascidos prematuros têm pouco ou nenhum surfactante nos alvéolos quando nascem, e os seus pulmões têm tendência extrema ao colapso, algumas vezes de seis a oito vezes maior que a de pessoa adulta. -Isso causa a condição chamada síndrome de angústia respiratória do recém-nascido. Ela é fatal, caso não seja tratada com medidas enérgicas, especialmente, respiração assistida por pressão positiva contínua. Pressão = 2x tensão superficial/ raio do alvéolo 15 Lorena Leahy Efeito da Caixa Torácica na Expansibilidade Pulmonar -A caixa torácica tem suas próprias características elásticas e viscosas, semelhantes às dos pulmões; até mesmo se os pulmões não estivessem presentes no tórax, esforço muscular seria necessário para expandir a caixa torácica. Complacências Torácica e Pulmonar Combinadas -A complacência de todo o sistema pulmonar (dos pulmões e da caixa torácica juntos) é medida durante a expansão dos pulmões de pessoa totalmente relaxada ou paralisada. Para realizar essa medida, o ar é forçado para o interior dos pulmões durante curto intervalo de tempo, enquanto se registram as pressões e volumes pulmonares. Para insuflar esse sistema pulmonar total, é requerida quase duas vezes a mesma quantidade de pressão necessária para insuflar os mesmos pulmões após sua remoção da caixa torácica. Portanto, a complacência do sistema combinado pulmão-tórax é quase a metade da do pulmão isolado —110 mililitros de volume por centímetro de pressão de água para o sistema combinado comparados com 200 mL/cm para os pulmões isolados. Além disso, quando os pulmões estão expandidos até grandes volumes ou comprimidos até pequenos volumes, as limitações do tórax se tornam extremas; quando próxima desses limites, a complacência do sistema pulmão-tórax pode ser menos de um quinto que a dos pulmões isolados O “Trabalho" da Respiração -Durante a respiração normal e tranquila, todas as contrações dos músculos respiratórios ocorrem durante a inspiração; a expiração é, quase inteiramente, processo passivo, causado pela retração elástica dos pulmões e da caixa torácica. Assim, sob condições de repouso, os músculos respiratórios normalmente realizam “trabalho” para produzir a inspiração, mas não a expiração. -O trabalho da inspiração pode ser dividido em três frações: (1) a necessária para expandir os pulmões contra as forças elásticas do pulmão e do tórax, chamada trabalho de complacência ou trabalho elástico (2) a necessária para sobrepujar a viscosidade pulmonar e das estruturas da parede torácica, chamada trabalho de resistência tecidual (3) a necessária para sobrepujar a resistência aérea, ao movimento de ar para dentro dos pulmões, chamada trabalho de resistência das vias aéreas. Energia Necessária para a Respiração. -Durante a respiração normal e tranquila, apenas 3% a 5% da energia consumida pelo corpo são requeridas pela ventilação pulmonar. Mas, durante o exercício pesado, a quantidade de energia requerida pode aumentar por até 50 vezes, especialmente se a pessoa tiver qualquer grau de incremento da resistência das vias aéreas ou complacência pulmonar diminuída. Assim, uma das principais limitações da intensidade do exercício que pode ser realizado é a capacidade da pessoa de fornecer energia muscular suficiente para apenas o processo respiratório isoladamente. Registro das Mudanças no Volume Pulmonar —Espirometria -A ventilação pulmonar pode ser estudada por meio do registro do movimento do volume de ar para dentro e para fora dos pulmões, o método chamado espirometria. -Um espirômetro consiste em cilindro invertido sobre uma câmara de água, com o cilindro contrabalançado por peso. O interior do cilindro está cheio com gás respiratório, geralmente, ar ou oxigênio; tubo conecta a boca com a câmara de gás. Quando se respira para dentro e para fora da câmara, o cilindro sobe e desce, e o registro apropriado é feito em forma de papel que se move. -Para facilitar a descrição dos eventos da ventilação pulmonar, o ar nos pulmões foi subdividido, neste diagrama, em quatro volumes e quatro capacidades, que são as médias para um homem adulto jovem. Volumes Pulmonares -Os quatro volumes pulmonares quando somados, são iguais ao volume máximo que os pulmões podem expandir. O significado de cada um desses volumes é o seguinte: 1. O volume corrente é o volume de ar inspirado ou expirado, em cada respiração normal; é de cerca de 500 mililitros no homem adulto. 16 Lorena Leahy 2. O volume de reserva inspiratório é o volume extra de ar que pode ser inspirado, além do volume corrente normal, quando a pessoa inspira com força total; geralmente, é de cerca de 3.000 mililitros. 3. O volume de reserva expiratório é o máximo volume extra de ar que pode ser expirado na expiração forçada, após o final de expiração corrente normal; normalmente é de cerca de 1.100 mililitros. 4. O volume residual é o volume de ar que fica nos pulmões, após a expiração mais forçada; esse volume é de cerca de 1.200 mililitros. Capacidades Pulmonares -Ao descrever os eventos no ciclo pulmonar, algumas vezes, é desejável considerar dois ou mais volumes combinados. Tais combinações são chamadas de capacidades pulmonares. -As capacidades pulmonares importantes que podem ser descritas como se segue: 1. A capacidade inspiratória é igual ao volume corrente mais o volume de reserva inspiratório. É a quantidade de ar (cerca de 3.500 mililitros) que a pessoa pode respirar, começando a partir do nível expiratório normal e distendendo os pulmões até seu máximo. 2. A capacidade residual funcional é igual ao volume de reserva expiratório mais o volume residual. É a quantidade de ar que permanece nos pulmões, ao final de expiração normal (cerca de 2.300 mililitros). 3. A capacidade vital é igual ao volume de reserva inspiratório mais o volume corrente mais o volume de reserva expiratório. É a quantidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões, após primeiro enchê-los à sua extensão máxima e então expirar, também à sua extensão máxima (cerca de 4.600 mililitros). 4. A capacidade pulmonar total é o volume máximo a que os pulmões podem ser expandidos com o maior esforço (cerca de 5.800 mililitros); é igual à capacidade vital mais o volume residual. -Todos os volumes e capacidades pulmonares, nas mulheres, são cerca de 20% a 25% menores do que nos homens, esão maiores em pessoas atléticas e com massas corporais maiores do que em pessoas menores e astênicas. Determinação da Capacidade Residual Funcional, Volume Residual e Capacidade Pulmonar Total —Método de Diluição do Hélio -A capacidade residual funcional (CRF), que é o volume de ar que permanece nos pulmões ao final de cada expiração normal, é importante para a função pulmonar. Como esse valor varia acentuadamente em alguns tipos de doença pulmonar, é geralmente desejável medir essa capacidade. -O espirômetro não pode ser usado de modo direto para medir a capacidade residual funcional, pois o ar no volume residual dos pulmões não pode ser expirado para o interior do espirômetro, e esse volume constitui cerca da metade da capacidade residual funcional. -Para medir a capacidade residual funcional, o espirômetro deve ser usado de maneira indireta, geralmente por meio do método da diluição do hélio. -Espirômetro de volume conhecido é cheio com ar misturado com hélio, em concentração conhecida. Antes de respirar no espirômetro, a pessoa expira normalmente. No final dessa expiração, o volume remanescente nos pulmões é igual à capacidade residual funcional. Nesse ponto, a pessoa começa imediatamente a respirar no espirômetro e os gases do espirômetro se misturam com os gases pulmonares. Como resultado, o hélio é diluído pelos gases da capacidade residual funcional, e o volume da capacidade residual funcional pode ser calculado, pelo grau de diluição do hélio, usando-se a seguinte fórmula: -onde CRF é a capacidade residual funcional, CiHe é a concentração inicial de hélio no espirômetro, CfHe é a concentração final de hélio no espirômetro e Vi é o volume inicial do espirômetro. -Uma vez a CRF tenha sido determinada, o volume residual (VR) pode ser medido subtraindo-se o volume de reserva expiratório (VRE), como medido pela espirometria normal, da CRF. -A capacidade pulmonar total (CPT) também pode ser aferida, somando-se a capacidade inspiratória (Cl) à CRF. Isto é (Cihe/CFhe)Vi = CRF VR = CRF –VRE e CPT = CRF + Cl 17 Lorena Leahy A Ventilação-Minuto É Igual à Frequência Respiratória Vezes o Volume Corrente -A ventilação-minuto é a quantidade total de novo ar levado para o interior das vias respiratórias a cada minuto; ele é igual ao volume corrente multiplicado pela frequência respiratória por minuto. -O volume corrente normal é de cerca de 500 mililitros, e a frequência respiratória normal é de aproximadamente 12 respirações por minuto. Portanto, a ventilação-minuto é em média de 6 L/min. -A pessoa pode viver por curto período com ventilação-minuto tão baixa quanto 1,5 L/min e frequência respiratória de apenas duas a quatro respirações por minuto. A frequência respiratória ocasionalmente aumenta para 40 a 50 por minuto e o volume corrente pode se tornar tão grande quanto a capacidade vital, cerca de 4.600 mililitros no homem adulto jovem. Isso pode dar ventilação-minuto maior que 200 L/min ou mais de 30 vezes o normal. A maioria das pessoas não pode sustentar mais da metade a dois terços desses valores por mais de 1 minuto. "Espaço Morto” e seu Efeito na Ventilação Alveolar -Parte do ar que a pessoa respira nunca alcança as áreas de trocas gasosas, por simplesmente preencher as vias respiratórias onde essas trocas nunca ocorrem, tais como o nariz, a faringe e a traqueia. Esse ar é chamado ar do espaço morto, por não ser útil para as trocas gasosas. Na expiração, o ar do espaço morto é expirado primeiro, antes de qualquer ar dos alvéolos alcançar a atmosfera. Portanto, o espaço morto é muito desvantajoso para remover os gases expiratórios dos pulmões. Intensidade da Ventilação Alveolar -A ventilação alveolar por minuto é o volume total de novo ar que entra nos alvéolos e áreas adjacentes de trocas gasosas a cada minuto. É igual à frequência respiratória vezes a quantidade de ar novo que entra nessas áreas a cada respiração. -onde VA é o volume de ventilação alveolar por minuto, Freq é a frequência da respiração por minuto, Vc é o volume corrente e VM é o volume de espaço morto fisiológico. Assim, com volume corrente normal de 500 mililitros, o espaço morto normal de 150 mililitros e na frequência respiratória de 12 respirações por minuto, a ventilação alveolar é igual a 12 X (500 -150) ou 4.200 L/min. -A ventilação alveolar é um dos principais fatores determinantes das concentrações de oxigênio e dióxido de carbono nos alvéolos. Portanto, quase todas as discussões sobre trocas gasosas, nos próximos capítulos sobre o sistema respiratório, enfatizam a ventilação alveolar. Funções das Vias Respiratórias Traqueia, Brônquios e Bronquíolos -O ar é distribuído, nos pulmões, pela traqueia, brônquios e bronquíolos. Um dos mais importantes desafios em todas as vias respiratórias é mantê-las abertas e permitir o livre fluxo de ar para os alvéolos e a partir deles. Para evitar o colapso da traqueia, múltiplos anéis cartilaginosos existem por cinco sextos do diâmetro traqueal. Nas paredes brônquicas, placas cartilaginosas encurvadas menos extensas mantêm a rigidez de forma razoável, embora permitam mobilidade suficiente para a expansão e contração dos pulmões. -Essas placas ficam progressivamente menos extensas nas últimas gerações de brônquios, e não estão presentes nos bronquíolos que, geralmente, têm diâmetros menores que 1,5 milímetro. -Os bronquíolos não estão livres de colapso pela rigidez de suas paredes. Em vez disso, eles são mantidos expandidos pelas mesmas pressões transpulmonares que expandem os alvéolos. Isto é, conforme os alvéolos aumentam, os bronquíolos também aumentam, mas não na mesma intensidade. Parede Muscular dos Brônquios e Bronquíolos e Seus Controles. -Em todas as áreas da traqueia e brônquios não ocupadas por placas cartilaginosas as paredes são compostas principalmente por músculo liso. As paredes dos bronquíolos também são quase de modo completo formadas por músculo liso, com a exceção do bronquíolo mais terminal, denominado bronquíolo respiratório, que é constituído, em sua maior parte, de epitélio pulmonar e tecido fibroso subjacente, mais algumas fibras musculares lisas. Muitas doenças pulmonares obstrutivas do pulmão resultam do estreitamento dos brônquios menores e dos maiores bronquíolos, frequentemente por causa da contração excessiva da própria musculatura lisa. VA = Freq x (VC -VM) 18 Lorena Leahy Resistência ao Fluxo Aéreo na Árvore Brônquica. -Sob condições respiratórias normais, o ar transita pelas vias respiratórias tão facilmente que gradiente de menos de 1 e pressão da água dos alvéolos, com relação à atmosfera, é suficiente para causar fluxo de ar para respiração tranquila. A maior quantidade de resistência ao fluxo aéreo ocorre não nas pequenas passagens de ar dos bronquíolos terminais, mas em alguns bronquíolos maiores e brônquios adjacentes à traqueia. -A razão para essa alta resistência é que existem, relativamente, poucos desses brônquios maiores em comparação com cerca de 65.000 bronquíolos terminais paralelos, por onde quantidade mínima de ar deve passar. Todavia, em condições patológicas, os bronquíolos menores têm papel muito maior na determinação da resistência ao fluxo aéreo, por causa de seu pequeno diâmetro e por serem facilmente ocluídos por 1. contração muscular de suas paredes, 2. edema que ocorre em suas paredes ou 3. acúmulo de muco no lúmen dos bronquíolos. Funções Respiratórias Normais do Nariz -Conforme o ar passa pelo nariz, três funções respiratórias distintas são realizadas pelas cavidadesnasais: (1) o ar é aquecido nas extensas superfícies das conchas e septo, com área total de cerca de 160 centímetros quadrados; (2)o ar é quase completamente umidificado, até mesmo antes de ultrapassar por completo as cavidades nasais; (3) o ar é parcialmente, filtrado. -Essas funções em conjunto são chamadas de função de condicionamento do ar das vias respiratórias superiores. - Quando a pessoa respira o ar por tubo diretamente para o interior da traqueia (como na traqueostomia), o resfriamento e especialmente o efeito de ressecamento, na porção inferior do pulmão, podem levar à criação de crostas e infecção. Função de Filtração do Nariz. -Os pelos, na entrada das narinas, são importantes para a filtração de grandes partículas. Muito mais importante, entretanto, é a remoção de partículas por precipitação turbulenta. Isto é, o ar, passando pelas vias nasais, choca-se com anteparos obstrutivos: as conchas, o septo e a parede da faringe. Sempre que o ar se choca com uma dessas estruturas obstrutivas, ele deve mudar a direção de seu movimento. As partículas em suspensão, que têm muito mais massa e momento que o ar, não podem mudar de direção tão rapidamente quanto o ar. Portanto, elas continuam em frente, chocando-se com as superfícies das estruturas obstrutivas, e são capturadas no revestimento mucoso e transportadas pelos cílios à faringe para serem engolidas. Objetivo 2 Fonte: artigo do doutor David Spilman 2016- atendimento pre-hospitalar -tipos de obstrução Parcial – mantem alguma troca gasosa. A conduta é não interferir Total – troca de ar se torna insuficiente. A conduta é realizar manobras -sinais de redução da passagem de ar 1. Tosse fraca e improdutiva 2. Chiado alto durante a inalação 3. Difivuldade durante a respiração 4. Agarrar a garganta com as mãos 5. Leve cianose -sinais de obstrução completa 1. Incapacidade de falar, gemer, tossir ou gritar 2. Ausência de sons respiratórios 3. Uso intenso dos músculos 4. Inquietação e ansiedade 5. Cianose 19 Lorena Leahy -Os métodos de desobstrução das vias aéreas variam de acordo com o tipo de objeto que está causando a obstrução. Caso a vítima apresentar uma obstrução das vias aéreas por sólidos, devemos realizar: • Remoção manual do objeto; • Compressões torácicas (manobra de Heimlich) -Caso ocorra a obstrução por líquidos, devemos realizar: • Aspiração das vias aéreas; • Rolamento 90º para que o líquido seja retirado pela boca evitando assim, sua aspiração para os pulmões. É realizado com lateralização da vítima em monobloco - libera as VAS de secreções e sangue. Realizado em adultos. Rolamento 90 graus: 1- Priorizar a segurança; 2- Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma; 3- Os socorristas devem utilizar três ou quatro pontos de apoio; 4- Socorrista 1: Estabilizar a cervical. 5- Socorrista 2 : Colocar o colar cervical. 6- Socorrista 3 : Posicionar a prancha na lateral oposta da vítima a ser rolada.O lado de rolamento será decidido pelo de menor comprometimento as lesões da vítima; 7- Os socorristas 2 e 3 posicionam na lateral da vítima ajoelhados. O socorrista 2 segura nas cinturas pélvica e escapular. O socorrista 3 segura na cintura pélvica e nos membros inferiores. Os braços que seguram a cintura pélvica devem estar cruzados; 8- Socorrista 1 : Dá o comando “movimento de 90º à minha (direita ou esquerda) no 3 Este movimento tem que ser sincronizado e tem que ser exaustivamente treinado pela equipe de resgate; 9- Quando a vítima se encontrar na posição lateral, o socorrista 2 solta a mão da cintura pélvica da vítima e apalpa o dorso da vítima para uma avaliação mais criteriosa. Após a avaliação o mesmo puxa a prancha para o mais próximo possível da vítima e a inclina 45º; 10- Socorrista 1 : Dá o comando: “movimento de 90º à minha (direita ou esquerda) no 3 Remoção manual do objeto: -somente se o corpo estranho for visível e facilmente acessível. -para adultos e crianças com mais de um ano - a técnica consiste: Abertura da boca ( dedo cruzado ou elevação da mandíbula) inserir dedo indicador (mínimo em lactentes) em gancho sem aprofundar ou pinçar com indicador e dedo médio -contra indicado para objetos não visíveis A manobra de Heimlich: -o melhor método pré-hospitalar de desobstrução das vias aéreas superiores por um corpo estranho. -adultos e crianças maiores de 1 ano -posiciona as mãos na região abdominal e exerce uma pressão sobre o final do diafragma, comprimindo indiretamente a base dos pulmões e expelindo assim, o objeto causador da obstrução. -as compressões abdominais devem ser realizadas da seguinte forma: Vítima em pé - Ficar atrás da vítima; - Posicionar uma de suas pernas entre as pernas da vítima, servindo de base caso ela desmaie; - Colocar o braço em volta da cintura da mesma; 20 Lorena Leahy - Fechar uma mão e colocar o lado do polegar contra o abdômen da vítima entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifóide; - Com a outra mão envolver a mão fechada e pressionar o abdômen da vítima; - Puxar ambas as mãos em sua direção, com um rápido empurrão para cima e para dentro, comprimindo a parte superior do abdômen com a base do pulmão, expulsando o ar e movimentando o objeto causador da obstrução. - Realizar cinco vezes a manobra com uma compressão firme e vigorosa, suficiente para movimentar o objeto e desobstruir as vias aéreas; - Caso a vítima fique inconsciente, a manobra deverá ser interrompida e deve-se iniciar a reanimação cardiorrespiratória. -se o individuo estiver sozinho ele mesmo posiciona as mãos conforme descrito, e então dá impulsos rápidos para cima ou também poderá pressionar o abdome contra o encosto de uma cadeira Vítima deitada ou inconsciente - A vítima deve ser colocada em decúbito dorsal, ou seja, com as costas no chão; - Ajoelhar-se por cima da coxa da vítima ou posicionar-se lateralmente a ela; - Colocar a segunda mão diretamente sobre a primeira e realizar a compressão abdominal; - Observar se o objeto foi expulso. Vítimas obesas ou grávidas - Posicionar-se atrás do paciente; - Posicionar uma de suas pernas entre as pernas da vítima; - Posicionar as mãos acima do apêndice xifóide; - Realizar as compressões abdominais; - Verificar se o objeto foi expulso. Desobstrução de vias aéreas em crianças menores que 1 ano - Deitar a criança de bruços sobre o braço; - Apoiá-la na palma da mão, de cabeça para baixo; - Bater nas costas com as mãos em concha; - Verificar se o objeto foi expulso. 21 Lorena Leahy Extensão da cabeça (Chin Lift) -quando não há suspeita de lesão na cervical Manobra de elevação da mandíbula, manobra tríplice ou Jaw Thrust (tradução: impulsionar mandíbula) -utilizado quando há suspeita de lesão na cervical Objetivo 3 Fonte: Aspectos fisiopatológicos do reflexo da tosse ,Mateus de Sousa Rodrigues 2017 -A tosse é um mecanismo de defesa que promove a remoção de secreções e corpos estranhos das vias aéreas. Ocorre devido à expulsão súbita de ar dos pulmões, geralmente a partir de uma série de esforços e provocando um ruído explosivo originado da abertura súbita da glote. -Constitui-se em mecanismo de defesa para proteger as vias aéreas dos efeitos adversos de substâncias nocivas e também para propiciar a drenagem de secreçõesnelas retidas. A tosse é antes de mais nada um sintoma e, assim sendo, deve ser investigada para determinação de sua causa e instituição de tratamento adequado. Muitas vezes, devido aos transtornos que propicia, acaba sendo tratada sem investigação para identificação da sua causa. -A sua eficácia depende da capacidade de promover elevados fluxos de ar e pressões intratorácicas que irão aumentar a remoção do muco aderido à via aérea. A presença de músculos respiratórios debilitados, alteração das propriedades do muco e a incapacidade na geração de pressões intratorácicas elevadas podem promover a tosse ineficaz. -Pode ser classificada como aguda se não ultrapassar três semanas de duração e de crônica se persistir após esse período. - O reflexo da tosse promove a eliminação de secreções das vias aéreas, proteção contra aspiração de corpos estranhos, é o método defensivo mais efetivo do sistema respiratório quando existe disfunção ciliar. Sem esse reflexo, ocorre a retenção de secreções nas vias aéreas. Isso predispõe a infecções, atelectasias e danos respiratórios. Grupos de risco com reflexo da tosse comprometido (idosos, tabagistas, transplantados de pulmão, recém-nascidos) são altamente suscetíveis a infecções pulmonares e pneumonia aspirativa - A tosse pode ser classificada de acordo com a presença ou não de escarro. A tosse seca é aquela desprovida de escarro, já na tosse produtiva, há expelição de muco. A tosse produtiva geralmente está presente em doenças como bronquite crônica, asma, bronquiectasia, pneumonia e outros. Um quadro de tosse seca muito comum se dá pelo uso dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), sobretudo o captopril. Etiologia -A tosse pode ser classificada de acordo com o agente causal (bacteriana, viral, micose, parasitaria, irritantes, mecânica, alérgicas e neoplásicas) ou com o sítio anatômico (laringe e faringe, traqueia e brônquios, pulmões,pleura, mediastino e sítios extratorácicos) -Com relação ao tempo de duração da tosse, pode ser classificada em aguda quando o tempo de duração for inferior a três semanas e crônica se a duração for igual ou superior a três semanas. -A tosse aguda tem como fator etiológico mais frequente as infecções virais e bacterianas do trato respiratório superior. É sintoma frequente do resfriado comum, podendo nas primeiras 48 horas ser observada em 85% dos casos. Pode também ocorrer na pneumonia, insuficiência cardíaca congestiva, tromboembolismo pulmonar etc. -Na tosse crônica, ou seja, com duração mínima de três semanas, há necessidade de avaliação detalhada e criteriosa pelo médico. -Estudo realizado por Irwin e cols. resultou em grande contribuição para o entendimento da etiopatogenia da tosse crônica e estabelecimento do conceito da "tríade patogênica da tosse crônica", constituída pelo gotejamento pós- nasal (GPN), asma ("tosse variante de asma" ou hiper-responsividade brônquica - HRB) e refluxo gastroesofágico 22 Lorena Leahy (RGE). Aproximadamente 90% dos pacientes estudados com quadro de tosse crônica apresentavam pelo menos um dos componentes dessa tríade: GPN (41%), HRB (24%) e RGE (21%). Mecanismo da tosse -O reflexo da tosse é composto por três fases: inspiratória, de compressão e expiratória. 1. Na fase inspiratória, o indivíduo realiza uma inspiração rápida e profunda. 2. Na fase de compressão, a glote se fecha e ocorre aumento da pressão intrapleural pela contração dos músculos expiratórios. 3. Na fase expiratória (passados 0,2 segundos), ocorre a abertura da glote, levando a um fluxo intenso de ar. Esse fluxo alto e veloz leva a expelição das secreções contidas no trato respiratório e gera o som característico da tosse. - O reflexo da tosse é iniciado pela irritação dos receptores presentes na faringe, traquéia, carina, pontos de ramificação das grandes vias aéreas e porção distal das pequenas vias aéreas. Esses receptores são ativados por estímulos químicos (ácido, calor e compostos semelhantes à capsaicina) e mecânicos. -A estimulação química se dá pela ativação de receptores presentes nas fibras C. Os receptores sensíveis à estímulos mecânicos (mecanorreceptores) estão presentes no estômago, pericárdio, pleura, diafragma, faringe, seios paranasais, tímpanos e meato acústico externo. Eles são ativados pelo tato e distensão. Os impulsos oriundos desses receptores atingem o centro da tosse na medula através do nervo vago. -Já existem evidências conclusivas demonstrando que a tosse é iniciada pela ativação de aferências nervosas vagais -O reflexo da tosse é composto por vias aferentes, centrais e eferentes. A via eferente é composta por fibras nervosas sensoriais vagais, que estão localizadas no epitélio ciliado das vias aéreas superiores e ramos cardíacos e esofágicos a partir do diafragma. Essas aferências chegam difusamente à medula. Desse local, o estímulo segue para o centro da tosse, localizado na porção superior do tronco cerebral e na ponte. O centro da tosse é controlado por centros corticais superiores e gera eferências que estimulam a musculatura respiratória por meio do nervo vago, nervos frênicos e motores espinhais, para desencadear o reflexo da tosse. - As fibras-C são as principais responsáveis pela indução do reflexo da tosse por estímulos químicos. Essas fibras nervosas não possuem bainha de mielina em seus axônios. Por isso, a velocidade de condução (< 2 m/s) é inferior às fibras mielinizadas (~ 10 m/s)19. Entretanto, a maioria das aferências vagais broncopulmonares é mediada pelas fibras-C. Os corpos celulares desses neurônios geralmente estão localizados no gânglio superior do nervo vago. -O reflexo da tosse é iniciado pela ativação dos canais iônicos nociceptivos ao longo dessas fibras: receptor de potencial transitório do tipo vanilóide 1 (TRPV1) e receptor de potencial transitório anquirina 1 (TRPA1). Além das células neuronais, o TRPV1 é um canal catiónico não seletivo presente no músculo liso e epitélio do trato respiratório e na membrana plasmática dos neurônios sensoriais que inervam as vias aéreas superiores e inferiores. -O TRPV1 pode ser ativado por uma gama diversificada de ligantes químicos endógenos e exógenos, compostos vanilóides como a capsaicina, metabolitos de ácido araquidônico endógeno, pH baixo e temperaturas acima de 43°C. Nesse sentido, estudos constataram que os receptores TRPV1 são superexpressados em pacientes com tosse crônica34. -TRPA1 (ankyrin 1) é outro receptor responsável pela tosse que foi recentemente identificado. Esse receptor detecta a temperatura fria e vários irritantes, incluindo o fumo do cigarro. Esses receptores também estão presentes no epitélio e no músculo liso das vias aéreas. -O TRPV1 e o TRPA1 não são considerados mecanorreptores. Com isso, as fibras C são insensíveis a estímulos mecânicos. Elas são ativadas diretamente pela bradicinina e capsaicina. A ativação dos receptores supracitados desencadeia aferências nervosas para o tronco cerebral. Essa região emite eferências que alcançam à musculatura respiratória por meio do nervo frênico e dos nervos motores espinhais. Essas vias nervosas transmitem os impulsos à laringe e a árvore traqueobrônquica, causando o aparecimento da tosse. -Os receptores de adaptação rápida (RARs) e os receptores de estiramento de adaptação lenta (SARs) são os principais mecanorreceptores evolvidos no reflexo da tosse. Esses receptores são mielinizados e possuem uma velocidade de condução de 4 a 18 m/s. -As aferências vagais que apresentam esses receptores são insensíveis a estímulos químicos, já que não apresentam os canais iônicos TRPV1 ou TRPA1. Diferentemente das fibras-C, os corpos celulares dos neurônios envolvidos nas aferências por estímulos mecânicosestão localizados no gânglio inferior do nervo vago. 23 Lorena Leahy -Os RARs são fibras nervosas mielinizadas (tipo Aδ) presentes principalmente nas vias aéreas intrapulmonares e são sensíveis a mudanças de ph, osmolaridade e a estímulos mecânicos como broncoespasmo, edema e secreção de muco. Os RARs são mediadores primários da tosse que regulam a duração e a magnitude da fase inspiratótia e expiratória da tosse. -Tanto os RARS quanto os SARS são ativados pela insuflação pulmonar sustentada. -Os SARs são altamente sensíveis a estímulos mecânicos exercidos sobre o pulmão durante a respiração. Eles são mais ativos nas vias aéreas superiores, já que existe uma maior área de superfície para despolarização. -Os SARs são ativados durante a insuflação pulmonar sustentada. Com essa ativação, o reflexo da tosse é iniciado. Objetivo 4 Fonte: EVENTOS AGUDOS NA ATENÇÃO BÁSICA 2013 UNA-SUS -Pessoas com problemas de deglutição, tanto idosos como pessoas com alterações neurológicas com comprometimento da deglutição estão sob risco maior de asfixia por aspiração de corpo estranho. A família e os cuidadores devem ser orientados sobre os riscos e cuidados a serem tomados, especialmente em relação à oferta de alimentos de consistência adequada e cuidado na administração de líquidos. -As crianças estão sob maior risco de asfixia, e é nos cuidados, principalmente com crianças menores de 3 (três) anos, que devem ser observadas as principais medidas preventivas . -Nos bebês, é importante a orientação quanto à posição na hora de dormir, usando sempre a barriga para cima e a elevação da cabeça, a fim de prevenir asfixia por vômitos. -Entre os 4 e os 12 meses de idade, costuma ocorrer a introdução de alimentos sólidos na dieta da criança e com isso há aumento do risco de aspiração. A oferta de certos alimentos às crianças pequenas, como amendoim, castanhas, milho, pipoca e frutas com sementes, entre outros, nessa faixa etária, podem ocasionar aspiração pela inexistência ainda de uma dentição adequada para triturá-los. Dentição esta que se completa apenas aos 4 anos, de forma que a família deve ser orientada a evitar esse tipo de alimento até essa idade. -Outro exemplo de alimento frequentemente associado à aspiração em crianças é o cachorro quente. A salsicha, por sua consistência e formato cilíndrico, facilita o deslizamento e, consequentemente, a obstrução das vias aéreas. O mesmo cuidado deve ser tomado em relação a balas de goma e outros alimentos cilíndricos. -Outra situação frequente é a aspiração de pequenos objetos, como moedas, balões ou peças de brinquedos. Sabe- se que, no primeiro ano, as crianças exploram o mundo por meio da boca, levando a ela os mais variados objetos. – -Desta forma, as famílias devem ser orientadas quanto à organização e disposição, no domicílio, de objetos habitualmente visados pelas crianças menores de 5 anos, como pregos, parafusos, tampas de canetas e similares. – -Também devem ficar fora do alcance de crianças sacolas e embalagens plásticas, que podem provocar asfixia. Considerando o risco de aspiração em crianças pequenas, a identificação das situações de asfixia e a aplicação da manobra de Heimlich devem ser ensinadas aos pais.
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