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Encontro 3 Quem Pode Exportar Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 71 ENCONTRO 03 – Quem pode exportar TÓPICO 1: Contextualizando o encontro Olá! No segundo encontro, você conheceu um pouco dos passos envolvidos na decisão de exportar, conscientizando-se de que esta decisão não pode ser tomada de forma rápida, e que envolve comprometimento da empresa como um todo no processo. Neste encontro, falaremos sobre Quem Pode Exportar, de modo a ajudá-lo a identificar se sua empresa está preparada para exportar. Durante a realização deste encontro, participe do fórum e troque ideias com seus colegas e seu tutor. TÓPICO 2: Desafio do encontro Estamos iniciando mais um encontro. E então, preparado para mais um desafio? Desafio do encontro Para sua empresa poder exportar, é necessário possuir certas características ou desenvolvê-las durante o processo de comercialização no exterior. Você sabe quais são? Reflexão Agora pense! Você está seguro de sua resposta? Respondeu com facilidade quais seriam essas características? Competências a serem desenvolvidas • Conhecer os principais atributos e um direcionamento para alcançá-los. • Conhecer outras formas de exportar, assim como suas vantagens e desvantagens. • Analisar os canais de distribuição que a empresa pode utilizar no exterior. • Incorporar o perfil que uma empresa deve ter para alcançar o mercado externo. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 72 TÓPICO 3: Uma palavra inicial Antes de o grupo de amigos ir para o encontro, eles passam no café do clube para pegar o Cecílio e trocam algumas ideias. Veja o que eles conversam! Rodolfo: Olá, Cecílio, pronto para irmos ao encontro? Cecílio: Sim, estou pronto. Aliás, vocês sabem o assunto do encontro de hoje? Flávia: Eu sei, é sobre as empresas que podem exportar. Sinceramente, eu pensava que todas poderiam. Será que estou enganada? Cecílio: Flávia, como venho falando, não é fácil. Penso que as empresas devam possuir um perfil para exportação. Renato: Concordo, Cecílio, que não seja fácil, que devam possuir um perfil. Mas, também, acredito que não seja impossível. Você que já tem experiência, Rodolfo, o que acha? Rodolfo: Qualquer empresa pode exportar independentemente do segmento em que atue, pois a exportação não se vincula às dimensões ou ao capital das empresas, principalmente as MPEs. Caso sua resposta tenha sido “não” ou “fiquei em dúvida”, certamente este encontro vai ser importante para você! Aproveite! Comunique-se pelo tira-dúvidas quando precisar. Bom estudo! Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 73 TÓPICO 4: Impactos do crescimento sobre a MPE Será que o Rodolfo está certo? Vamos para o encontro ver o que o Prof. Marcos tem a dizer sobre esse assunto. É importante considerar que, estando inscrita no Regime Simplificado (SIMPLES) (http://www. sebrae.com.br/customizado/lei-geral/lei-geral/simples-nacional), o aumento do faturamento com as exportações poderá acarretar a mudança de faixa ou até mesmo o desenquadramento. Logo, é aconselhável consultar um bom contador ao iniciar o planejamento da exportação. É necessário estar atento e, antes mesmo de iniciar as operações, fazer uma projeção do que isso poderá acarretar. A principal recomendação, no entanto, é que o microempresário considere a possibilidade de quebrar o paradigma e aceitar que, com a expansão, não terá mais os benefícios contemplados pelo SIMPLES. Para mais informações veja a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas – Supersimples, sancionada em 14/12/2006, e leis complementares: http://www.sebrae.com.br/customizado/ lei-geral Olá, pessoal! Vamos iniciar nosso encontro de hoje com uma leitura. Preste atenção! Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 74 Fórum Em sua opinião, se houver um aumento no faturamento, isso deve ser bom para empresa? Ora, se houver um aumento de faturamento isso deve ser bom para a empresa. Correto, Prof. Marcos? Flávia, muito bem observado. O que vocês acham? Deixo esse questionamento para vocês discutirem no fórum! TÓPICO 5: Perfil da empresa A seguir vamos conversar sobre o perfil da empresa. Professor, ainda tenho uma dúvida. E no caso de pessoa física, ela pode exportar? A pessoa física somente poderá exportar mercadorias em quantidades que não caracterizem prática de comércio, e desde que não se configure em habitualidade, e isto está expresso nas Normas Administrativas de Exportação - Portaria Secex nº. 10 de 24 de maio de 2010, que diz ainda... Excetuando-se ao caso de pessoas físicas, temos os agricultores e pecuaristas (devidamente registrados no Incra), os artesãos, os artistas ou assemelhados com registro profissional autônomo. Para mais informações, visite o site www.desenvolvimento.gov.br Acredito que agora seja o momento de você responder algumas questões e verificar se esetá preparado para iniciar o processo de exportação. Vamos lá? Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 75 Reflexão Sua empresa... • Fez o planejamento necessário? • Tem pontos fortes ou vantagens competitivas para concorrer no mercado internacional? • Está cadastrada no SISCOMEX? Se sua resposta foi sim para estas perguntas, então você está preparado para iniciar o processo de exportação! TÓPICO 6: Atributos da empresa exportadora Por se tratar de um mercado altamente competitivo, a empresa exportadora deverá ter algumas características básicas. Sim, professor. Ou tais características deverão ser desenvolvidas durante o processo de comercialização no exterior. Não é mesmo? Exatamente, Rodolfo. Vejam na ilustração, a seguir, algumas destas características: Produto P&D Qualidade Marketing Recursos Materiais Humanos Financeiros Comprometimento Planejamento Estratégico Competência Feiras e Eventos Logística Visão de Longo Prazo EXPORTAÇÃO Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 76 Lembre-se: Você analisará o Planejamento Estratégico, detalhadamente, no encontro 5 deste curso! TÓPICO 7: Analisando os atributos da empresa exportadora Produto – P&D A empresa deve planejar, de início, o lançamento de um só produto no mercado externo. É bom frisar isso porque, geralmente, as empresas querem ingressar no mercado externo com vários produtos, sem analisar se os mesmos vão ao encontro das necessidades do mercado-alvo. Além disso, obter uma posição sólida em um mercado externo requer aprimoramento constante do produto (comumente chamado de P&D, ou pesquisa e desenvolvimento) para atender ao desejo dos clientes por novos lançamentos. Vale a pena lembrar que os consumidores, em muitos países, privilegiam produtos que preservem o meio ambiente e provenientes de empresas que pratiquem a responsabilidade social. Qualidade A empresa deve ter consciência de que qualidade não é mais um diferencial, sendo algo que os consumidores em mercados externos já consideram como pré-requisito. Portanto, a empresa deve desenvolver uma cultura de qualidade, principalmente com relação a controles finais do produto. Marketing Embora as questões de produto e qualidade também se enquadrem dentro do Marketing, as outras considerações, que são promoção, preço e distribuição, também devem ser cuidadosamente consideradas. Recursos (materiais / humanos / financeiros) Os recursos utilizados são: Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 77 • materiais, ou seja, os insumos, que devem ser de primeira e não devem sofrer desabastecimento, devendo estar em consonância com a qualidade a ser oferecida; • humanos, com pessoas devidamente qualificadas e que entendam a importânciade atender aos requisitos do mercado externo; • financeiros, pois a empresa deve contemplar, em seu planejamento, os investimentos necessários para a preparação para a exportação e para as operações de exportação, tais como adequação de produto, ampliação das instalações de fabricação, viagens internacionais, material promocional etc. Comprometimento Comprometimento, palavra mágica que quer dizer, ao pé-da-letra, segundo o bom dicionário Aurélio: ação ou ato de comprometer-se. Em comércio exterior, significa que não haverá ruptura naquilo que foi acordado. Mesmo que não haja contrato formal ou ocorram desequilíbrios na conjuntura interna, o exportador irá honrar a operação, realizando o embarque ao exterior. Visão de longo prazo O empresário deve avaliar a viabilidade econômica e financeira (o que deve ser feito no planejamento estratégico), mas sempre tendo uma Visão de Longo Prazo, pois, em comércio exterior, nada acontece no curto prazo. É preciso romper com as práticas dominantes no mercado brasileiro, que se baseiam em uma cultura de imediatismo. Logística É preciso conhecer e dominar todas as etapas do processo, desde a fabricação até a entrega do produto em plenas condições no estabelecimento do cliente, chegando às atividades de pós-venda. Feiras e Eventos A empresa deve estar consciente da importância de que deverá investir (diferente de gastar) em feiras e eventos internacionais. Competência Competência é algo que muitas vezes independe do tempo de existência da empresa. Se a empresa estiver parada no tempo e não tiver dirigentes atualizados com as práticas modernas de gestão, poderá passar uma imagem negativa ao importador. E imagem é o primeiro aspecto com que uma empresa conta em seus contactos com potenciais clientes e parceiros no exterior. Você pode ver que há alguns pré-requisitos para a exportação, mas que não é nada do outro mundo e que não possa ser realizado. Fundamental é ter objetivos claramente definidos e desejo firme de realizar, desenvolvendo as capacidades e competências necessárias. Antes de irmos para o próximo encontro, veja no tópico a seguir um estudo de caso que o Prof. Marcos deixou! Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 78 TÓPICO 8: Estudo de caso Estudo de caso: THE KING OF THE BLACK COCADE LTDA Por decisão pessoal do executivo principal da empresa, o Sr. José Soares, foi tomada a decisão urgente de montar um departamento exclusivo de exportação, contratando três colaboradores com o perfil desejado para a função: O primeiro colaborador, a Srta. Marcela Santos, havia sido professora de curso de inglês durante 15 anos, e agora, como o mercado de comércio exterior estava em franca expansão, candidatou-se à vaga disponibilizada pela empresa e passou na prova de inglês em primeiro lugar. O segundo, o Sr. James Wilson Jr., era filho de diplomata e havia cursado Filosofia na Itália, embora não houvesse concluído o curso; também realizara um curso de moda de dois anos na França. Apesar de não ter completado nenhum curso superior, ele tinha boa experiência internacional, obtida em suas viagens e vivência no exterior. Conhecia cerca de 25 países nos quatro cantos do planeta, falava vários idiomas e achava que comércio exterior “era a sua cara”, candidatando-se à vaga e ficando em segundo lugar. O terceiro, Jorge Costa, era um vendedor nato. Havia começado, aos 17 anos, no ramo de livros, passou por concessionária de automóveis e trabalhou em laboratório de medicamen- tos como propagandista, onde aprendeu inglês e francês básico. Sua última atividade tinha sido como promotor de vendas em um supermercado. Voltou a estudar, passou no vestibular para Educação Física, mas seu sonho sempre foi conhecer o exterior e, nesse caso, nada melhor do que trabalhar com comércio exterior. Fez a prova e ficou em terceiro lugar com o melhor aproveitamento nas dinâmicas de grupo e testes psicotécnicos. Embora nunca tivessem trabalhado no segmento de mercado em que a empresa atuava, o Sr. José Soares dava valor ao fato de que falavam vários idiomas ou tinham boa experiência internacional adquirida em viagens ao exterior e vontade de vencer. Por esse motivo, acabou contratando os três primeiros colocados no processo seletivo. No estudo de caso que apresentamos a seguir, sob o nome disfarçado de “The King of the Black Cocade Ltda”, avalie como a empresa se saiu. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 79 Os primeiros passos consistiram em participar de uma feira internacional no Canadá, tendo a Srta. Marcela preparado todo o material em inglês. No entanto, o Sr. Costa não conseguiu obter visto de entrada para o Canadá, sendo substituído pelo Sr. Wilson, que não teve nenhuma dificuldade nesse sentido. Tudo pronto, o Sr. Wilson e a Srta. Marcela seguiram para a International Meeting on Equipment and Parts, no Quebec, Canadá. Lá chegando, começaram os problemas. Os dois não tinham experiência em montar um estande para apresentação dos produtos. Além disso, as amostras não chegaram. Quando finalmente o estande ficou pronto, na hora de começar a exibição, havia somente os catálogos em inglês para apresentar a interessados potenciais. Eles se deram conta, também, de que haviam esquecido a apresentação em CD da empresa. Quando algum interessado se aproximava do estande, eles explicavam que as amostras não haviam chegado e que não tinham como prestar mais esclarecimentos, dispondo apenas do catálogo. “Não acredito! Gastamos cerca de doze mil dólares e essa feira foi um fiasco!”, esbravejou o Sr. José Soares. “Nenhuma empresa se interessou por nossos produtos! E as amostras retornaram! Isso deve ter acontecido porque nossa empresa é nova no mercado internacional, ou talvez esse mercado seja bem difícil. Exportar, nunca mais!” Reflexão 1) Cite os três principais erros que, em sua opinião, concorreram para o fracasso da empresa. 2) Qual o perfil desejado para uma pessoa representar uma empresa no exterior? 3) O Sr. José Soares agiu certo, desistindo facilmente? 4) O que você faria se estivesse no lugar dele? TÓPICO 9: Fórum Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 80 TÓPICO 10: Canais de exportação Após a empresa identificar os mercados com mais chances de comercialização e as características do produto a ser exportado, outro aspecto importante são os canais de exportação mais apropriados. Hum... Lógico! Esses canais nos ajudarão a levar o produto ao consumidor final. Isso mesmo, Renato! De acordo com as características de cada mercado a ser atendido, uma alternativa é a contratação de agentes ou representantes no exterior, pois geralmente conhecem muito bem o mercado local e, com isso, podem oferecer informações preciosas e decisivas para a elaboração do planejamento estratégico da empresa para o mercado-alvo definido. Professor, fale-me mais a respeito desses agentes ou representantes. Com certeza, Cecílio. Tenho aqui um material, você gostaria de ler? Claro! O Representante ou Agente é uma pessoa que agiliza a negociação com o mercado em virtude de estar próximo fisicamente, facilitando a comunicação no mesmo idioma, por ter conhecimento da legislação local e um bom relacionamento junto aos importadores. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 81 FOB é um termo internacional de comércio que significa em inglês “Free on Board”, ou seja, livre a bordo (porto de embarque designado.) Sua atividade prioritária é atuar como “ponta de lança” da empresa no mercado- alvo, promovendo e comercializando seus produtos, recebendo como remuneração um percentual sobre o valor FOB das operações efetivamente concretizadas e cujo pagamento pela parte devida já tenha ocorrido. TÓPICO 11: Atributos do agentePessoal, alguns atributos são requeridos do agente para bem representar a empresa no comércio internacional. Veja alguns deles... • Que possua ilibada reputação moral e reconhecida competência comercial. • Que conheça as principais características do produto e tenha experiência no seu segmento de mercado, notadamente quanto aos seus principais clientes potenciais e respectivas referências cadastrais. • Que tenha o domínio, ou assessoria, da legislação de comércio exterior objetivando viabilizar as vendas e evitar transtornos na concretização das operações. • Que disponha de adequada estrutura (micro computador, conexão à internet, mínimo de duas linhas telefônicas, fax, celular etc.) suficiente para atender às necessidades dos clientes. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 82 TÓPICO 12: Vantagens em utilizar agentes Resumindo, as razões que garantem função de destaque ao agente nessa ligação do cliente no exterior com a empresa brasileira podem ser justificadas pelas seguintes situações, entre as diversas outras que cada cliente poderá identificar: TÓPICO 13: Exportação direta e indireta A exportação pode se dar por dois caminhos: 1. Exportação Direta. 2. Exportação Indireta. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 83 TÓPICO 14: Conversa no intervalo No intervalo, enquanto nossos amigos tomam um cafezinho, conversam sobre a questão levantada pelo Cecílio no encontro... Exportação indireta Esta exportação é realizada por intermédio de empresas estabelecidas no Brasil, que prestam serviços operacionais em comércio exterior e que, muitas vezes, adquirem produtos para exportá-los. Exportação direta Este tipo de exportação consiste na operação em que o produto exportado é faturado pelo próprio produtor ao importador. Esta operação exige da empresa o conhecimento do processo de exportação em toda a sua extensão. Cabe assinalar que a utilização de um agente comercial pela empresa produtora/exportadora não deixa de caracterizar a operação como exportação direta. Nesta modalidade, o produto exportado é isento do IPI, e não ocorre a incidência do ICMS. Beneficia-se, também, dos créditos fiscais incidentes sobre os insumos utilizados no processo produtivo. No caso do ICMS, é recomendável consultar as autoridades fazendárias estaduais, sobretudo quando houver créditos a receber e insumos adquiridos em outros Estados. Quanto à exportação indireta, que empresas seriam estas, professor? Cecílio, vamos fazer um breve intervalo e, nesse meio tempo, gostaria que vocês pensassem nessa questão. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 84 TÓPICO 15: Empresas intermediárias na exportação indireta Cecílio: E então, pessoal, o que vocês acham? Renato: Cecílio, para ser bem sincero, eu não tenho ideia de que empresas seriam estas. Rodolfo: Bom, como já possuo certa experiência nesse ramo, se não me engano seriam as empresas comerciais e os consórcios de exportadores. Cecílio: E seriam somente essas? Rodolfo: Hum...Não posso lhe informar, Cecílio. Renato: Vamos ao encontro, que o intervalo terminou. Então, pessoal, que tipos de intermediários estabelecidos no Brasil atuam na exportação? Vejam a seguir. Trading companies são empresas comerciais com atuação internacional, que usufruem de benefícios legais e tributários para a realização das operações, de acordo com o Decreto-Lei no.1248, de 29.11.1972. A venda de mercadorias por empresas fabricantes para uma trading company é equiparada, em termos fiscais, a uma operação de exportação. As normas que regulamentam as operações das trading companies podem ser encontradas na Portaria SECEX no. 10 de 24 de maio de 2010. Os principais tipos de intermediários sediados no Brasil, que atuam na exportação, são: trading companies, empresas comerciais exportadoras e consórcios de exportadores. Vamos aprender a seguir sobre cada um deles. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 85 As empresas comerciais exportadoras que não estão organizadas como trading companies (conforme exigências estabelecidas no Decreto-Lei no.1248, de 29.11.1972) não estão sujeitas a requisitos específicos da legislação, mas também não se beneficiam de certas vantagens específicas da legislação de trading companies. As empresas que utilizam esse canal de exportação têm acesso, porém, a todos os demais incentivos à exportação. Apesar de bem-sucedidos em vários países, os consórcios de exportação ainda são pouco utilizados no Brasil. Trata-se de associações de empresas, juridicamente constituídas, que conjugam esforços e/ou estabelecem uma divisão interna de trabalho, com vistas à redução de custos, aumento da oferta de produtos destinados ao mercado externo e ampliação das exportações. Os consórcios podem ser formados por empresas que ofereçam produtos complementares ou mesmo concorrentes. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 86 TÓPICO 16: Quando usar exportação direta ou indireta O grupo de amigos resolveu se encontrar no Café para discutirem sobre o conteúdo deste encontro. Vamos lá! E não é que você estava certo, mesmo! Hehehe... Nem tanto, Cecílio, não sabia sobre as Trading Companies. Importante Os consórcios de exportadores, porém, ainda não estão bem definidos dentro do âmbito jurídico brasileiro e, portanto, esse grupo por não possuir uma personalidade jurídica, não pode comercializar tendo de criar uma empresa específica para exportar ou contratar o serviço de terceiros. Exportação Direta Nesta primeira modalidade, a empresa produtora ou fabricante se prepara, assim como você está se preparando, para realizar a exportação diretamente, sem intermediários. Exportação Indireta Aqui a empresa, por ainda não estar preparada ou interessada em se capacitar para exportar, utiliza-se de empresas especializadas, pagando por esses serviços, para que seu produto chegue ao mercado externo. PRODUTOR OU FABRICANTE COMPRADOR EXTERNO IMPORTADOR PRODUTOR OU FABRICANTE INTERMEDIÁRIO TRADING COMPANY COMERCIAL EXPORTADORA COMPRADOR EXTERNO IMPORTADOR Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 87 TÓPICO 17: Encontro no café As empresas produtoras ou fabricantes brasileiras possuem dois canais de distribuição vinculados às modalidades de exportação para, assim, poder viabilizar a colocação de seus produtos no exterior, ou seja, exportar diretamente ou se utilizar dos serviços de terceiros, mediante o pagamento pela prestação desses serviços. Esta decisão dependerá de uma série de fatores, como: • o conhecimento do mercado-alvo a ser alcançado; • as características do produto; • o país de destino; • a logística; • sua própria estratégia comercial; • estrutura administrativa etc. Assim, o canal de distribuição, por meio de terceiros, terá a participação de uma empresa mercantil no Brasil que irá adquirir mercadorias e produtos industriais no mercado interno, com o fim específico de exportação, operação esta que será concretizada posteriormente. Pessoal, adiantei e trouxe a minha conclusão e gostaria que vocês lessem! Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 88 Nossos amigos entenderam bem o que foi apresentado nesse tópico, mas a questão levantada pelo Cecílio merece aprofundamento. TÓPICO 18: Pontos fortes e fracos da exportação direta versus indireta Vejam, a seguir, alguns pontos fortes e fracos de usar a exportação indireta (usando tradings ou empresas comerciais exportadoras) versus a exportação direta . PONTOS FORTES DA EXPORTAÇÃO INDIRETA • O conhecimento do mercado-alvo externo, por parte da empresa comercial exportadora, poderá oferecer perspectivasde antecipar o prazo para a concretização de exportações dos produtos do fabricante. • Haverá uma racionalização nas atividades e tarefas administrativas, uma vez que a empresa industrial poderá se dedicar somente à produção. • Dependendo de sua estratégia, a empresa poderá concentrar seus melhores esforços, por conta própria, em determinados mercados, terceirizando outro local que no momento não seja de seu interesse. • Se a empresa deseja realizar testes, uma vez que o mercado externo se mostrou incipiente, não justificando desta forma um investimento pesado enquanto não houver respostas concretas. Concordo com você, Renato, mas quais são as vantagens e desvantagens? É mesmo, pois as empresas devem atentar para esse detalhe! Sim, podendo desta forma tanto trazer motivações para o incremento no mercado externo, como também representar algum tipo de restrição ou aborrecimento, o que pode levar até mesmo a demandas judiciais. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 89 PONTOS FORTES DA EXPORTAÇÃO INDIRETA (continuação) • A eliminação dos riscos (comerciais e políticos), riscos estes que serão assumidos por quem tiver realizando a efetiva operação de exportação. • Mesmo utilizando os serviços de terceiros, ainda assim estão assegurados praticamente todos os incentivos fiscais à exportação (observar a legislação para saber o que está disponível no momento). • Sensível redução de custos quanto a pesquisas de mercado externo, uma vez que a empresa exportadora deverá ter expertise e conhecimentos nestes mercados. • A empresa pode ter acesso à linha de financiamento de capital de giro para exportar a juros internacionais conhecido como ACC Indireto - Adiantamento de Contratos de Câmbio Indireto. PONTOS FRACOS DA EXPORTAÇÃO INDIRETA • Por não ter acesso direto, a empresa industrial não terá relevantes informações disponíveis e conhecimentos sobre o mercado externo onde seu produto está sendo comercializado. • Por não atuar diretamente, a empresa não poderá alavancar suas margens de lucro, muito menos visualizar a necessidade de incremento de vendas. • Quem realmente aparecerá para o mercado externo será a empresa exportadora. Dessa forma, a empresa industrial não será conhecida e muito menos conquistará tradição como empresa exportadora. • O fato de atuar indiretamente não permite à empresa industrial realizar adequado planejamento de expansão e aumento de produção e, até mesmo, de sua performance no mercado externo. PONTOS FRACOS DA EXPORTAÇÃO INDIRETA (continuação) • O mercado financeiro local valoriza as empresas exportadoras, uma vez que essas empresas representam menos riscos comerciais. • A empresa que exportar é quem realiza o fechamento de câmbio, consequentemente, isso pode representar um risco para a empresa produtora/fabricante. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 90 TÓPICO 19: A importância de conhecer o parceiro TÓPICO 20: Saiba mais Certamente este assunto não se esgota aqui. Assim se você quiser ir além dos conteúdos deste encontro, deixamos as seguintes indicações: LUDOVICO, Nelson. Como preparar uma empresa para o comércio exterior. São Paulo, Saraiva, 2009. MINERVINI, Nicola. O exportador: ferramentas para atuar com sucesso no nercado internacional. 5ª. ed.; São Paulo, Prentice Hall/Pearson, 2008. VAZQUEZ, José Lopes. Comércio exterior brasileiro. São Paulo, Atlas, 2009. Veja também o Anexo 1 desse encontro. Assim, cabe ao fabricante exportador analisar de forma detalhada se vale a pena ou não, se é o verdadeiro momento, e tantas outras análises que se fizerem necessárias de acordo com seu segmento, produto e mercado de atuação. Como em qualquer outra atividade, sempre deve haver um bom planejamento para que sejam minimizados os possíveis riscos. Ah... antes de ir para o próximo encontro, realize os exercícios a seguir. Aguardo você no encontro 4! Importante Antes de tomar a decisão de optar pelo negócio com empresas comerciais exportadoras e tradings companies, a empresa deverá realizar uma pesquisa detalhada sobre a história, tradição, principais clientes e países de atuação, bem como, conhecer os principais executivos destas empresas, pois estará realizando muito além de um simples negócio comercial, fechará uma parceria (ganha x ganha) onde os dois lados devem obter vantagens iguais. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 91 Fechamos o terceiro encontro do curso. Utilize estas orientações quantas vezes forem necessárias. Leia, releia, não fique com dúvidas. E não se esqueça de realizar os exercícios de fixação de aprendizagem propostos. Aguardo você no encontro 4! Exercícios de fixação de aprendizagem Neste encontro, você aprendeu que a empresa pode iniciar sua participação no mercado externo por meio de uma empresa especializada, pagando por esses serviços, e, a partir dos resultados que a operação apresentar, ou até mesmo da resposta dos clientes externos, ir se preparando, pois a cultura exportadora já estará sendo disseminada, restando apenas a necessidade de capacitação e treinamento nos aspectos operacionais da exportação. TÓPICO 21: Resumo Ah... antes de ir para o próximo encontro, realize os exercícios a seguir no ambiente do curso. Eles, certamente, lhe mostrarão o seu desempenho neste encontro. É importante que você realize todas as atividades no Ambiente Virtual de Aprendizagem. 1. A partir do que foi exposto neste encontro, assinale a alternativa correta sobre as empresas e a atividade exportadora: a. ( ) Só podem exportar as empresas que sejam multinacionais ou as que tenham capital estrangeiro. b. ( ) As empresas inseridas no sistema simplificado (super simples) não podem exportar porque são pequenas demais. c. ( ) Todas as empresas podem exportar, independentemente do tamanho ou atividade que exerçam, entretanto, só devem fazê-lo as empresas que estejam preparadas e qualificadas para tal atividade. d. ( ) Só devem exportar as empresas que já possuam um departamento de exportação e que tenham participado em feiras internacionais. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 92 2. No que se refere ao uso de um agente de exportação, assinale quais das seguintes alternativas são verdadeiras (V) e quais são falsas (F): a. ( ) O agente promove e comercializa os produtos e serviços da empresa no exterior e facilita a negociação porque está próximo fisicamente dos clientes. b. ( ) O agente precisa estar registrado no consulado do país de destino e ser dono de uma trading no exterior. c. ( ) O agente não precisa ter conhecimento da legislação local, pois o mais importante é o bom relacionamento junto ao mercado comprador externo. d. ( ) O uso de agentes no exterior é uma forma de exportação direta. 3. Relacione a primeira coluna com a segunda, colocando os números correspondentes entre parênteses: 1. Trading companies 2. Empresas comerciais exportadoras 3. Consórcios de exportação ( ) São associações de empresas voltadas para o desenvolvimento conjunto de suas exportações. ( ) São empresas comerciais com atuação internacional, que usufruem de benefícios legais e tributários para a realização das operações, de acordo com o Decreto-Lei no.1248, de 29.11.1972. ( ) São empresas que atuam na exportação e não estão organizadas como trading companies. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 93 Anexo 1 Apex quer participação de pequenase médias empresas nas exportações Nos próximos 15 anos, o Brasil vai estar entre as cinco ou seis maiores economias mundiais mas, para que isso ocorra, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Alessandro Teixeira, destacou ser fundamental reforçar no país o papel tradings. As tradings desempenham função de destaque em todos os mercados prospectados pela ApexBrasil, salientou Teixeira. Na sua avaliação, elas podem melhorar a inserção de micro, pequenas e médias companhias nas exportações brasileiras, seja em termos de volume, como de qualidade. "A conclusão é que nós precisávamos retomar o trabalho com as tradings". A meta, revelou o presidente da Apex-Brasil, é elevar em 10%, no ano que vem, o número de micro e pequenas empresas exportadoras em relação a 2008, quando elas totalizaram 11.120 companhias, que geraram exportações de US$ 2,37 bilhões, ou o equivalente a 1,2% das vendas brasileiras ao exterior. "As empresas comerciais exportadoras podem dar uma musculatura maior ao comércio exterior brasileiro", reiterou Teixeira. Segurança jurídica e risco mais baixo são alguns dos elementos positivos que as 'tradings' podem trazer ao comércio externo do Brasil, frisou. O catálogo eletrônico lançado pela Apex-Brasil na internet já conta com 538 tradings cadastradas que devem exportar mais de US$ 3 bilhões até o final deste ano. Teixeira acredita que o número de empresas comerciais exportadoras incluídas no Diretório de Tradings do Brasil poderá chegar, nos próximos dois anos, a 1.200 empresas. Para isso, a Apex-Brasil já definiu estratégias comerciais para o próximo ano que englobam ações no Oriente Médio, Eurásia e Sudeste Asiático, com a participação de 'tradings'. De acordo com o estudo realizado pela FGV para a Apex-Brasil, atualmente 30% das tradings são da área de máquinas e equipamentos. "Não tem como pensar em expandir o comércio externo se não tiver a expertise desse mercado das tradings", assegurou Teixeira. Essa é, afirmou, uma ferramenta para que o Brasil possa enfrentar a concorrência dos mercados indiano e chinês. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, defendeu o empenho da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) no sentido de reforçar o papel das tradings no país, visando a ampliar a participação de pequenas e médias empresas no processo exportador. "Nós estamos apoiando a iniciativa da Apex, até porque a capacidade que essas empresas, chamadas empresas-âncora, têm de alavancar exportações de pequenas e médias empresas, que não têm uma estrutura própria de departamento de exportação, pode facilitar a entrada dessas empresas no mercado internacional", afirmou. Encontro 3: Quem Pode Exportar PLANEJAMENTO PARA EXPORTAR 94 Barral comentou que a criação de uma entidade nacional representativa vai facilitar a interlocução entre as tradings e as empresas que podem ser seus clientes. Com o objetivo de simplificar problemas burocráticos que ocorrem no dia a dia do comércio exterior, o secretário informou que a Secex já está trabalhando em algumas normas para facilitar, por exemplo, a habilitação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e na criação de mecanismos de notificação automática. "A ideia é simplificar, de um lado e, de outro lado, criar incentivos para que a exportação possa ocorrer por meio de trading", disse. (Trechos extraídos de reportagem obtida em http://www.agrosoft.org.br/agropag/212534.htm, de 26.11.2009; acesso em 01.04.2010).
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