Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teoria do Nicho ecológico Teoria do Nicho ecológico Joseph Grinnell (1917): posição e papel funcional de uma espécie em sua comunidade; Charles Elton (1927): relações da espécies com presas e predadores; G.E.Hutchinson (1959): conjunto total de condições e recursos ambientais que influencia o crescimento e a reprodução dos organismos; Ecologia=o estudo do nicho Condições: temperatura, pH, oxigênio dissolvido,… Recursos: nutrientes, habitats para reprodução,… Teoricamente, podemos diferenciar o: -nicho fundamental: quando todos os gradientes ambientais (recursos e condições) apresentam valores ótimos para o “desenvolvimento” da espécie (livre de competição, predação, herbivoria, etc.); -nicho realizado: as diversas pressões ambientais que restringem o desenvolvimento (ontogenético/populacional) da espécie. R Nicho fundamental e realizado Competidor 3 Predadores Parasitas Competidor 2 Competidor 1 Exemplo de “aplicação” do conceito de nicho fundamental Teoria do nicho de acordo com Hutchinson: Com base nas leis de tolerância de V. E. Shelford (1913), inspirado por Justus Liebig (1803–73) que, por sua vez, formulou a lei do mínimo, Hutchinson (1957) elaborou uma maneira formal de medirmos o nicho de uma espécie. Victor Ernest Shelford (1877-1968) Primeiro presidente da ESA Liebig = espécie será limitada pelo fator que apresentar menor disponibilidade; Shelford = espécie será limitada pelo fator para o qual a espécie apresenta a menor amplitude de tolerância; George Evelyn Hutchinson (1903-1991): O ecólogo do século 20 “He invented modern ecology … Everything that is going on about ecology that is exciting can be traced back to ideas he had may years ago” W. Thomas Edmondson Como podemos coletar dados para a análise do nicho de uma espécie? Temos que pensar em alguma medida que mostre a performance dessa espécie frente à uma condição ou recurso ambiental. Por exemplo, abundância, sucesso reprodutivo (número de filhotes) em relação a temperatura. E se o fator ambiental fosse um recurso (por exemplo, tamanho de um item alimentar)? Taxa de consumo, ganho energético convertido posteriormente em reprodução Qual então poderia ser a resposta dessa espécie ao fator ambiental? Como poderíamos avaliar essa resposta? Gradiente ambiental ( x) A bu nd ân ci a da e sp éc ie Z o n a d e in to le râ n ci a Z o n a d e es tr es se fi si o ló g ic o Z o n a d e in to le râ n ci a Z o n a d e es tr es se fi si o ló g ic o Ó ti m o Á re a d e co n fo rt o Sp ausente Sp ausente Essa figura muda de acordo com a presença de outras espécies Teoria do nicho de acordo com Hutchinson: Gradiente ambiental x (e.g. temperatura) Euritérmica Estenotérmica u t i l i z ç ã o Os atributos mensuráveis do nicho são: -amplitude; -ótimo (máxima utilização); - sobreposição do nicho; Dimensionalidade do nicho: No entanto, os organismos não sofrem os efeitos de apenas um fator ambiental (condições e recursos ambientais). Deste modo, Hutchinson criou o modelo do hipervolume com p dimensões ou gradientes ambientais. Gradiente ambiental qualquer (recurso ou condição) Com duas dimensões X1 X2 Com três dimensões X1 X2 X3 Com 4 dimensões… Gradiente ambiental x u t i l i z ç ã o Espécie 1 Espécie 2 Nicho bidimensional Somente através de técnicas estatísticas e matemáticas (análises multivariadas) outras dimensões (p>3) do nicho podem ser analisadas ou sintetizadas. Neste ponto, vamos verificar o que acontece com a amplitude ao longo de uma única dimensão do nicho. Considerando a resposta de uma espécie em relação a um gradiente ambiental contínuo, poder-se-ia esperar relações “unimodais”.: Gradiente ambiental ( x) A bu nd ân ci a da e sp éc ie t t c u Esta é uma curva de resposta Gaussiana: ]/)(5,0exp[ 22 tuXcY −−= Onde: Y = abundância da espécie; c = abundância máxima da espécie; u = o ótimo da espécie (o valor de x que maximiza a abundância); t = a tolerância (amplitude do nicho ao longo de X) 2 210log XbXbbY ++= )exp( )2(/1 )2/( 2 210 2 21 ububbc bt bbu ++= −= −= Relação entre densidade de Radiolaria e temperatura (dados de Lozano & Hayes, 1976) Jongman y=2,119+0,2497*x-0,00894*x^2 temperatura L og (a bu nd ân ci a) 1,4 2,0 2,6 3,2 3,8 4,4 -2 2 6 10 14 18 22 26 2 210log xbxbbz ++= Script: nicho2.R. Arquivo: tabZooTempNicho.csv Métricas do nicho Medida de Levins (B) da amplitude do nicho: ∑ = 2 1 jp B pj = proporção de indivíduos que utilizam o recurso j Y N p jj = Número de indivíduos que utilizam o recurso j; Número total de indivíduos na amostra; ∑= jNY Variando de 1 (especialista) até o máximo de n (número total de recursos) itens Y N j p j p j2 1 1977 38 0.02 0.0004 2 1977 26 0.01 0.0002 3 1977 41 0.02 0.0004 4 1977 8 0.00 0.0000 5 1977 8 0.00 0.0000 6 1977 219 0.11 0.0123 7 1977 95 0.05 0.0023 8 1977 20 0.01 0.0001 9 1977 6 0.00 0.0000 10 1977 340 0.17 0.0295 11 1977 593 0.30 0.0898 12 1977 12 0.01 0.0000 13 1977 8 0.00 0.0000 14 1977 75 0.04 0.0014 15 1977 8 0.00 0.0000 16 1977 357 0.18 0.0327 17 1977 51 0.03 0.0007 18 1977 71 0.04 0.0013 19 1977 2 0.00 0.0000 B B A 1 0.1712 5.84 0.269 1 1 − − = n BBA Medida de Levins padronizada 268,0 119 184,5 = − − =AB (Vários outros índices) Se tudo fosse igual o resultado seria 1977/19 = 104,05 Então B = 19 e BA= 1 Medida de sobreposição de Levins e MacArthur: Com i itens alimentares Medida de sobreposição (overlap) de Pianka Krebs p. 468 Duas espécies j e k Aqui em relação a espécie j (0-1) M jk = pij pik i n ∑ pij2∑ Ojk = pij pik i n ∑ pij2 pik2 i n ∑ i n ∑ Algumas implicações teóricas e aplicadas: -Espécies generalistas x especialistas; (Plasmodium falciparum e T. cruzi) - Domesticação/cultivo dos organismos; - Manutenção de animais silvestres em cativeiro; - Espécies daninhas, invasoras e pragas; - Seleção de indicadores biológicos; Considerações sobre a amplitude do nicho: A classificação de uma espécie em “especialista” ou “generalista” só é válida dentro de uma análise comparativa; Os especialistas podem apresentar restrições tendo em vista a exigência de condições específicas; Por que então não temos um mundo somente com generalistas? A heterogeneidade do ambiente influencia o sucesso reprodutivo de generalistas e especialistas. Organismos especialistas podem apresentar maior sucesso reprodutivo quando o ambiente for mais homogêneo (e.g. pragas em culturas monoespecíficas). Por outro lado, os generalistas podem apresentar maior sucesso reprodutivo naqueles ambientes mais heterogêneos.
Compartilhar