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DOENÇAS DIARREICAS

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DOENÇAS DIARREICAS
Importância da diarreia: responsável por altos índices de atendimento médico, absenteísmo em escolas e trabalhos, e ainda expressiva causa de morbi-mortalidade no mundo e em nosso país (no mundo, mais de 4 milhões de crianças < 5 anos, apresentam quadro diarreico principalmente, em países em desenvolvimento, evoluindo ao óbito devido a diarreia infantil aguda. 
No Brasil ocorrem mais de 600 mil internações/ano e 8 mil óbitos por diarreia, conforme AIH/DATASUS).
Dificuldades na implantação de um sistema de vigilância: 
	- Incidência elevada
	- Não notificação de surtos apesar da obrigatoriedade 
	- Considerada pela população e parte dos profissionais de saúde como “normal” 
Definição de diarréia: 
Síndrome clínica de diversas etiologias, que se caracteriza por alteração do volume, consistência e frequência das fezes, mais comumente associada com fezes líquidas e aumento no nº de evacuações.
Com frequência pode ser acompanhada de vômitos, febre, cólicas e dor abdominal.
Às vezes pode apresentar muco e sangue (disenteria). 
Representa um sintoma de infecção que pode ser causada por diferentes bactérias, vírus e parasitas ou outros agentes entéricos (toxinas naturais, produtos químicos, etc.), bem como, estar associada a outras doenças não de origem alimentar. 
Tipos de diarréia: 
Diarréia simples: controlada através da reidratação oral;
Diarréia sanguinolenta (disenteria) - causada por organismo como Shigella, E.coli. 
 Diarréia prolongada - quando persiste no mínimo por 14 dias (freqüentemente causada por parasitas);
Diarréia aquosa profusa e purgativa - do tipo que ocorre na Cólera;
Diarréia mínima - associada a vômitos, típica de vírus ou doenças produzidas por toxinas ( St. aureus, B. cereus ou C. perfringens)
Colite hemorrágica - diarréia com grumos de sangue geralmente sem febre e com presença de leucócitos 
Acima de 14 dias = crônico. 
Há importância sanitária e alimentar. 
ESGOTO SANITÁRIO 
Podem ser veículos de grande número de microorganismos patogênicos causadores de doenças às pessoas e animais, sendo que os animais contaminados por alguns patógenos podem transmitir doenças (zoonoses) às pessoas. 
Importância dos alimentos; como principal fonte de veiculação de doenças (ainda que a veiculação hídrica permaneça importante em regiões rurais e pontos da periferia urbana):
Desenvolvimento econômico e globalização do mercado mundial;
Intensa mobilização mundial das populações através de viagens internacionais, etc.. 
Modificação no estilo de vida - utilização de alimentos industrializados e mudanças de hábitos (refeições fora de casa);
Processos tecnológicos de produção - condições para surgimento de novos patógenos (uso indiscriminado de antimicrobianos na criação de animais, uso de rações industriais ou processo industriais de preparação de alimentos);
Aumento do consumo de alimentos “frescos” ou “in natura” ou crus 
Classificação da diarréia:
Aguda : auto limitada geralmente até 5 dias 
A diarreia aguda pode ser inflamatória (90% das diarreia agudas), causada bactérias ou por vírus, ou causada por toxinas de bactérias  que ingerimos com os alimentos ou pode ser medicamentosa quando causada por medicamentos. 
Crônica: 
Quando a diarreia se prolonga para além de 4 semanas chama-se diarreia crônica. As causa são múltiplas mas as causas mais frequentes são duas doenças não orgânicas: o Síndrome de Intestino Irritável e a Diarreia Funcional 
Outras causas de diarreia crônica são as bactéria, os parasitas, a Doença Celiaca, a Colite Ulcerosa, a Doença de Crohn, a Colite Isquémica, a Colite Rádica, a Colite Pseudomembranosa, aDeficiência de Lactase, os Tumores Benignos e Malignos do intestino. Por vezes a causa é medicamentosa: laxantes, hormonas da tiróide, digitálicos, procinéticos, anti-ácidos etc. etc. As doenças endócrinas: diabetes, hipertiroidismo e outras. 
Doenças Diarreicas Agudas (DAA)
Síndrome causada por diferentes agentes etiológicos (bactérias, vïrus e parasítas)
Manifestação predominantes: é o aumento do número de evacuaçōes, com fezes aquosas ou de pouca consistência.
Podendo ocorrer presença de muco e sangue 
Podem ser acompanhadas de náuseas, vômitos febre e dor abdominal 
Auto-limitada 
Duração de 2 a 14 dias 
Resevatório: específico para cada agente etiológico 
Transmissão através da água, alimentos contaminados, objetos (bicos, mamadeiras, talheres, outros) contaminados pelas fezes de pessoas, pelas mãos contaminadas de pessoas doentes ou de portadores assintomáticos.
Modo de transmissão
 Via oral ou oral-fecal
Transmissão indireta: água e alimentos contaminados e contato com objetos 
Trasmissão direta : pessoa a pessoa, e de animais para pessoas 
Agentes etiológicos
Causa infecciosa: bactérias e suas toxinas ,vírus, parasitas 
Causa não infecciosa: intolerância a lactose e glúten, ingestão demasiada de alguns alimentos, gorduras não absorvidas
AGENTES ETIOLÓGICOS
Diarréias Infecciosas 
 Febre Tifóide – Bactéria – Contaminação fecal oral 
 Cólera – Bactéria – Contaminação fecal-oral 
 Amebíase – Protozoário – Contaminação fecal-oral 
 Ancilostomíase (amarelão) – Verminose – Contaminação pela pele. 
 Esquistossomose – Vermes – Penetram pela pele. 
 Cisticercose – Parasita – T. soliun e T. saginata – Ingestão alimentos 
 Teníase – Vermes – ingestão alimentos contaminados 
 Leptospirose – Bactéria – Penetra pela pele 
 Filariose – Vermes nematóides – Transmissor – Culex (pernilongo) 
Consequências: 
Adoecimento do homem 
Perda da capacidade produtiva temporária ou permanente 
 Óbito em alguns casos 
 Custos atendimento e tratamento 
CÓLERA
É uma infecção intestinal aguda causada pelo Vibrio cholerae, que é uma bactéria capaz de produzir uma enterotoxina que causa diarréia. 
Agente etiológico:
	Vibrio cholerae, também conhecido como Bengal. 
	Trata-se de um bacilo gram-negativo com flagelo polar, aeróbio ou anaeróbio facultativo. 
Transmissão: 
V. cholerae penetra no organismo humano por ingestão de água ou de alimentos contaminados (transmissão fecal-oral). 
 Se conseguir vencer a acidez do estômago, alcança o intestino delgado onde o meio é alcalino, multiplica-se intensamente, principalmente em duodeno e jejuno, e produz a enterotoxina que pode causar diarréia.
 
Modo de transmissão:
o Vibrio cholerae eliminado pela fezes e vômitos de pessoas infectadas, sintomáticas ou não, pode transmitir-se a outras pessoas de 2 modos: 
transmissão indireta - via mais freqüente e responsável pelas epidemias. A ocorrência de casos é devida à ingestão de água ou de alimentos contaminados. 
transmissão direta - menos freqüente, potencialmente pode ocorrer em ambiente domiciliar ou institucional, através das mãos contaminadas (do próprio infectado ou de alguém responsável por sua higiene pessoal ou de contato. 
Período de incubação: 
Em geral de 2 a 3 dias, com extremos de apenas algumas horas até 5 dias.
Patogênese: 
A patogênese da cólera está intimamente associada à produção e ação desta toxina sobre as células epiteliais do intestino delgado. Os bacilos penetram no organismo humano por via oral e, após ultrapassarem a barreira gástrica, colonizam o intestino delgado produzindo a toxina colérica, seu principal fator de virulência. Cada molécula da toxina colérica é constituída de cinco subunidades B e uma subunidade A.
 A subunidade B é responsável pela ligação da toxina a um receptor da célula intestinal e a subunidade A é a parte enzimaticamente ativa que atua sobre as células da mucosa intestinal provocando desequilíbrio hidroeletrolítico, resultando na secreção abundante de líquido isotônico.
Há sítios de ligação na célula intestinal – subunidade B, a subunidade A é quem lesa a célula. 
Epidemiologia 
A cólera é uma doença de notificação obrigatória às autoridades sanitárias, e existe em todos os países em que medidas de saúde pública não são eficazes paraa eliminar. 
A região da América do Sul é hoje a mais frequentemente afetada por epidemias de cólera, juntamente com a Índia, Também existe de forma endêmica na África e outras regiões tropicais da
Conduta médica e diagnóstico 
A infecção pode variar desde a ausência de sintomas (mais freqüente) até à sintomatologia clássica que são os quadros mais graves. O quadro clássico de cólera corresponde aos casos com diarréia súbita e intensa, líquida (com aspecto de água de arroz), sem sangue, sem febre, acompanhada ou não de vômitos e cãibras musculares. Na ausência de tratamento adequado, a perda de água e eletrólitos pode que conduzir a estado de desidratação profunda.
A anamnese deve ser dirigida, buscando verificar a estada recente do paciente em regiões endêmicas ou epidêmicas ou a contato com pessoas recém-chegadas destas áreas, alimentos ingeridos no período, existência ou não de saneamento básico no local de moradia e condições de vida. 
Os exames laboratoriais consistem habitualmente do cultivo de fezes e/ou vômito, com o objetivo de isolar e identificar bioquimicamente o Vibrio cholerae, bem como, realizar sua caracterização sorológica.
O diagnóstico diferencial deve ser feito com:
a. As demais diarréias agudas de outras etiologias que podem evoluir com síndrome coleriforme, como por exemplo, as causadas por E.coli enterotoxigênica.
b. Síndromes disenteriformes causadas por amebas e bactérias, enterite por vibriões não aglutináveis, febre tifóide e forma álgica da malária maligna ou tropical.
c. Diarréia por bactérias: E.coli, Shigella, Salmonella não Typhi, Campylobacter, Yersínia, etc..
d. Diarréia por vírus: Rotavírus, Adenovírus entéricos.
e. Diarréia por protozoários: Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Criptosporidium. Podem também ser concomitantes à infecção pelo Vibrio cholerae.
f. Diarréia por helmintos: Strongylóides stercoralis e Schistossoma mansoni, na forma toxêmica.
g. Diarréia na AIDS.
h. Outras doenças de veiculação hídirca- alimentar: principalmente por S. aureus, C. botulinum e B. cereus.
Tratamento: 
O tratamento é simples e barato e deve ser administrado preferencialmente no local do primeiro atendimento. Em situações epidêmicas devem-se adequar os serviços de saúde para que atendam e tratem os doentes de sua área geográfica, evitando transferi-los. A prevenção dos óbitos está na dependência da qualidade e rapidez da assistência médica prestada, daí a importância da descentralização.
Os medicamentos antidiarréicos, antiespasmódicos e corticosteróides não devem ser usados.
- Hidratação: a base do tratamento para cólera é a reposição imediata de líquidos com volume suficiente de soluções hidroeletrolíticas para compensar a desidratação, acidose e hipocalemia. Formas leves e moderadas deve-se proceder à hidratação oral, com soro de reidratação oral 
Antibioticoterapia: será reservada às formas graves da doença. O quadro abaixo apresenta as principais drogas e posologia
Profilaxia:
Cozinhe bem os alimentos – eles devem ser comidos imediatamente, cuidado com a higiene ao guardar alimentos cozidos
Lave as mãos com água e sabão antes de preparar alimentos, antes de se alimentar, depois de usar sanitário e de trocar fraldas de criança.
Mantenha limpa toda a superfície da cozinha e as vasilhas e pratos nos quais você come ou guarda a comida
Em caso de epidemia, evite consumir pescados, mariscos, verduras, hortaliças cruas e frutas com casca
Para tratar a água em casa coloque duas gotas de água sanitária a 2,5% em um litro de água . Espere meia hora até usar o líquido;
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