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LUCAS TAVARES PIACENZA – TURMA XVI NOTURNO TERCEIRA PROVA DE PATOLOGIA GERAL 1 DESORDENS HEMODINÂMICAS, TROMBOSE E CHOQUE A saúde das células e dos tecidos depende de uma circulação intacta (fornecer oxigênio) e de uma hemostasia normal de líquidos que depende da integridade da parede dos vasos sanguíneos, pressão intravascular e osmolaridade fisiológicas. Qualquer alteração nessas características pode resultar na saída de agua pela parede vascular, fenômeno chamado de edema. A hemostasia normal também inclui a manutenção do sangue no estado liquido, até que haja uma lesão e consequentemente a necessidade de formação de um coagulo. A ausência da formação de coágulos resulta em hemorragia, sangramento o qual se for mantido por um grande período de tempo pode causar um choque (hipotensão) e morte. Ao contrário, a trombose (coagulação inapropriada) ou a embolia (migração de coágulos) podem obstruir o suprimento sanguíneo de um tecido levando ao infarto (morte celular). Hemorragia ou trombose (responsáveis pelas 3 maiores causas de morte): Infarto do miocárdio, embolia pulmonar e acidente vascular cerebral. EDEMA Aumento de liquido no espaço intersticial, causado principalmente por um aumento pressão capilar ou redução da pressão osmótica coloidal. A deficiência da drenagem linfática também está associada ao aumento de liquido intersticial. O liquido do edema quando provocado por um aumento do volume e pressão sanguínea ou redução do nível de proteínas plasmáticas é chamado de transudato (Pobre em proteínas). Quando o edema é causado pelo aumento da permeabilidade vascular é chamado de exsudato (rico em proteínas plasmáticas). Aumento da pressão hidrostática. Aumentos localizados na pressão intravascular podem ser causados por uma redução no retorno venoso. Ex: Trombose venosa profunda dos membros inferiores (edema restrito à porção distal do membro). Aumentos generalizados na pressão venosa, resultante de edema sistêmico, ocorrem com mais frequência na insuficiência cardíaca congestiva. Redução da pressão osmótica do plasma. Albumina é a principal proteína no soro responsável por aumentar a pressão osmótica intravascular, portanto a síntese inadequada de albumina ou sua perda da circulação diminui a pressão osmótica. Obstrução linfática. Geralmente resultam em um linfedema localizado por obstrução inflamatória ou neoplásica dos vasos linfáticos. Ex: fliariose e elefantíase. Disfunção renal/ Síndrome nefrótica. Insuficiência renal causa retenção de liquido e sódio causando edema generalizado (anasarca), sendo os órgãos com tecido conjuntivo os mais afetados inicialmente (pálpebras – edema periorbital). Correlações clinicas: Edemas podem variar de inconfortáveis à rapidamente fatais. No tecido subcutâneo quando há um edema significativo pode dificultar a cicatrização de feridas ou o combate à infecções. Edema pulmonar interfere na função normal de ventilação já que o liquido se acumula tanto nos septos alveolares quanto nos capilares impedindo a difusão do oxigênio, além de criar um ambiente favorável para infecções bacterianas. Edema no cérebro pode causar um aumento da pressão intracraniana e aumento volumétrico do órgão levando à sua extrusão pelo forame magno, geralmente fatal. LUCAS TAVARES PIACENZA – TURMA XVI NOTURNO TERCEIRA PROVA DE PATOLOGIA GERAL 2 HIPEREMIA E CONGESTÃO Ambos os termos indicam um aumento local do volume de sangue em um determinado tecido. Hiperemia é um processo ativo resultante do fluxo sanguíneo aumentado fazendo com que o tecido fique mais avermelhado (sangue oxigenado). A congestão é um processo passivo resultante de um retorno venoso localizado insuficiente dando aspecto vermelho-azulado ao tecido (sangue desoxigenado) HEMORRAGIA Extravasamento do sangue dos vasos para o espaço extravascular. A ruptura de uma artéria ou veia de grande calibre resulta em hemorragia grave, geralmente causado por lesão vascular, trauma, arteriosclerose ou erosão inflamatória ou neoplásica da parede vascular. o A hemorragia pode ser externa ou restrita a um tecido. Qualquer acumulo de sangue é chamado de hematoma, os quais podem ser insignificantes ou expressivos, levando muitas vezes à morte. o Petéquias/ hemorragia diminuta: Pequenos hematomas causados pelo aumento da pressão intravascular localizada e redução do nível plaquetário. o Púrpuras/ hemorragia um pouco maiores: Causados por traumas, inflamação vascular ou maior fragilidade vascular. o Equimoses/ hematomas subcutâneos maiores: Nessas hemorragias há a conversão de hemoglobina para hemossiderina sendo responsável pela cor característica dos hematomas (azul-esverdeada). o Grandes coleções de sangue em cavidades corporais: Hemotórax, hemopericárdio ou hemartose (articulação). Correlações clinicas: Perda rápida ou perda lenta de grande volume de sangue pode causar um choque hemorrágico (hipovolêmico). HEMOSTASIA E TROMBOSE Hemostasia normal é consequência de processos rigorosos de controle que mantêm o sangue em estado fluido e livre de coágulos nos vasos, além de induzir à rápida formação de um tampão hemostático localizado no local da lesão vascular. Trombose é a forma patológica da hemostasia, o que envolve a formação de trombos (coágulos sanguíneos) em vasos não danificados. HEMOSTASIA NORMAL Após a lesão há um período de vasoconstrição arteriolar que expõe o sangue à matriz extracelular subendotelial que é altamente trombogênica, permitindo a adesão e ativação das plaquetas. A trombina cliva o fibrinogênio circulante em fibrina (insolúvel), levando a deposição de uma rede de fibrina e em LUCAS TAVARES PIACENZA – TURMA XVI NOTURNO TERCEIRA PROVA DE PATOLOGIA GERAL 3 seguida o recrutamento de mais plaquetas, formando um tampão permanente e solido evitando o sangramento. As células endoteliais intactas mantem o fluxo do sangue liquido inibindo ativamente a adesão plaquetária, prevenindo a ativação dos fatores de coagulação e destruindo coágulos que podem se formar. Se houver lesão endotelial as plaquetas serão expostas à MEC onde serão aderidas e ativadas. Fatores de coagulação: A coagulação ocorre através da ativação enzimática sequencial de uma proteína circulante e sintetizada no local. O fator tecidual elaborado nos locais de lesão é o desencadeador mais potente da cascata de coagulação. No estágio final da coagulação a trombina converte o fibrogênio em fibrina insolúvel, o que ajuda a formar o tampão hemostático definitivo. TROMBOSE Tríade de Virchow: 1. Lesão endotelial. Perda do epitélio pode causar trombose. Não é necessário ocorrer desnudamento ou perda física do endotélio para que contribua com o desenvolvimento de trombose. Qualquer distúrbio no equilíbrio dinâmico entre as atividades pró-trombóticas e anti-trombóticas do endotélio pode influenciar eventos locais de coagulação. 2. Turbulência ou Estase. Dilatação atriais e aórticas, denominadas aneurismas, criam estase local e predispõe o local para a trombose 3. Hipercoagulabilidade. Contribui com menos frequência para os estados trombóticos. É qualquer alteração nas vias de coagulação que predispõe à trombose e pode ser dividida em desordens primarias (genéticas) ou secundarias (adquiridas). Destino do trombo: Propagação: Os trombos acumulam mais plaquetas e fibrina, até causar obstrução do vaso Embolização: Os trombos se soltam ou se fragmentam, sendo transportados para qualquer vaso sanguíneo. Dissolução: Os trombos são removidos pela atividade fibrinolítica Organização e recanalização: Os trombos induzem inflamação e fibrose(organização). Por fim são recanalizados ou podemser incorporados como uma parede espessa do vaso. Correlação clínica: Trombose Venosa vs. Arterial Os trombos venosos podem causar congestão e edema nos leitos vasculares distais a uma obstrução, mas são mais preocupantes por causa da sua capacidade para embolizar para os pulmões, levando à morte. Por outro lado, enquanto os trombos arteriais podem embolizar, e até mesmo causar infarto tecidual a jusante, seu papel na obstrução vascular em locais críticos é muito mais significativo do ponto de vista clínico. - Trombose venosa: Os trombos venosos superficiais em geral acometem o sistema veia safena, sobretudo quando associados à varicosidades e podem causar congestão, edema e dor ao longo do trajeto da veia envolvida, mas raramente dão origem a êmbolos. Apesar de causarem dor e edemas locais, a obstrução venosa pode ser contornada com rapidez pelos canais colaterais. LUCAS TAVARES PIACENZA – TURMA XVI NOTURNO TERCEIRA PROVA DE PATOLOGIA GERAL 4 A trombose venosa profunda pode ocorrer com a estase ou em diversos estados de hipercoagulabilidade. A insuficiência cardíaca é uma razão óbvia de estase na circulação venosa. Independente do quadro clínico, a idade avançada, o repouso prolongado no leito e a imobilização aumentam o risco de trombose venosa profunda, pois a redução da atividade física diminui a ação de bomba dos músculos da perna, reduzindo o retorno venoso. - Trombose arterial: Aterosclerose é o principal desencadeador de trombose, pois está associado à perda da integridade do endotélio e fluxo anormal. Infarto do miocárdio pode ocasionar trombos murais cardíacos. Além das consequências obstrutivas, os trombos murais cardíacos e aórticos podem dar origem a êmbolos periféricos. EMBOLIA Massa intravascular livre sólida, liquida ou gasosa que é carregada pelo sangue até um local distante de seu ponto de origem. Os êmbolos sempre se situam em vasos muito pequenos para permitir sua passagem, resultando em oclusão vascular parcial ou total. As consequências da tromboembolía incluem necrose isquêmica (infarto). - Tromboembolía pulmonar: Maioria dos casos origina-se de trombose venosa profunda acima do joelho que são carregados através dos vasos progressivamente mais calibrosos e passam pelo lado direito do coração antes de entrar na circulação pulmonar. Dependendo do seu tamanho, o êmbolo pode ocluir a artéria pulmonar, se alojar em sua bifurcação ou se alojar em arteríolas de menor calibre. - Tromboembolía sistêmica: Êmbolos na circulação arterial. Maioria tem origem em trombos murais intracardiacos. O restante tem origem em aneurismas da aorta, trombos em placas ateroscleróticas ulceradas ou fragmentações de vegetações valvulares. Êmbolos paradoxais são sistêmicos que se originam nas veias mas ganham a circulação por defeitos vasculares. *As consequências da embolia em um tecido dependem da sua vulnerabilidade à isquemia, calibre do vaso ocluído e fluxo sanguíneo colateral. Em geral a embolia arterial causa infarto dos tecidos afetados. - Embolia gordurosa: A gordura entra na circulação devido à ruptura dos sinusóides da medula óssea ou das vênulas do tecido traumatizado. A síndrome da embolia gordurosa é caracterizada por insuficiência pulmonar, sintomas neurológicos, anemia e trombocitopenia. É fatal em 10% dos casos. - Embolia gasosa: Bolhas de ar na circulação podem obstruir o fluxo de sangue quase tão rapidamente quanto massas trombóticas. O ar pode entrar na circulação durante procedimentos obstétricos ou em consequência de lesão da parede torácica. Doença de descompressão ocorre quando indivíduos são expostos a mudanças bruscas de pressão atmosférica (mergulhadores). - Embolia de líquido amniótico: Caracterizada pelo início abrupto de dispneia grave, cianose e choque, seguido de convulsões e coma. Se a paciente sobreviver é típico ocorrer o desenvolvimento de edema pulmonar associado de coagulação intravascular disseminada em virtude da liberação de substancias trombogênicas do líquido amniótico. A causa primaria é a entrada do líquido amniótico na circulação materna através de uma abertura na placenta e ruptura das veias uterinas. LUCAS TAVARES PIACENZA – TURMA XVI NOTURNO TERCEIRA PROVA DE PATOLOGIA GERAL 5 INFARTO É uma área de necrose isquêmica causada pela oclusão do suprimento arterial ou da drenagem venosa de um determinado tecido. Quase 99% dos infartos resultam de eventos trombóticos ou embólicos, e quase todos se devem à oclusão arterial. Apesar de os trombos venosos poderem causar infarto, eles induzem obstrução venosa e congestão. Fatores que influenciam no desenvolvimento de um infarto: - Natureza do suprimento Vascular. A disponibilidade de um suprimento alternativo de sangue é o principal fator a determinar se a oclusão de um vaso causará danos ou não. - Velocidade de desenvolvimento da oclusão. O desenvolvimento do infarto é menos provável quando as oclusões evoluem lentamente, pois há a oportunidade para o desenvolvimento de uma perfusão alternativa. - Vulnerabilidade à hipóxia. Influencia no desenvolvimento do infarto. - Conteúdo de oxigênio no sangue.
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