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REVISÃO PARA AV2 OBJETIVO DA SOCIOLOGIA A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os movimentos sociais etc. ETNOCENTRISMO Segundo Everardo Rocha, em O que é Etnocentrismo, trata-se da "visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. ". Esse autor nos alerta, ao analisar o etnocentrismo, para a questão do choque cultural. Como ele afirma, "de um lado conhecemos o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí então de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este ?outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe". COMPARAÇÃO ENTRE OS ENFOQUES DAS CIÊNCIAS NATURAIS E DAS CIÊNCIAS SOCIAIS Ao contrário das Ciências Naturais, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade. Neste sentido, no que se refere ao objeto de estudo e, consequentemente ao método de investigação, as ciências sociais diferem bastante das ciências naturais. Tal diferença, aliás, suscita intensos debates quanto à validade e o rigor científico do conhecimento produzido pelas ciências sociais. Os argumentos utilizados têm como princípio epistemológico a dificuldade de reconhecê-las como ?verdadeiras ciências?, à medida que elas tratam com eventos complexos, de difícil determinação, uma vez que envolvem valores e significados socialmente dados. Outra questão reside no fato de estar o pesquisador social, de alguma forma, envolvido com os fenômenos que pretende investigar dificultando a objetividade e a neutralidade científica. É possível, percebermos, portanto, que as ciências sociais não podem ser enquadradas em ?modelos? de cientificidade de outras ciências, pois possuem uma racionalidade e especificidades próprias, relativas ao seu objeto de estudo. Nessa perspectiva, tal campo de saber não comporta métodos ou técnicas rígidas e rigorosas, nem fórmulas de aplicação imediata que garantam a obtenção de resultados objetivos e exatos. Assim, o que mais importa é a interpretação dos fenômenos, ou seja, não apenas os fatos por si só, mas a forma como se constituem esses fatos. O sujeito (o pesquisador) deve ser considerado no contexto no qual estes fatos ou fenômenos se apresentam, pois ele também faz parte do objeto que investiga. DARWINISMO SOCIAL As sociedades se modificam e se desenvolvem como os seres vivos. As transformações nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se na natureza a competição gera a sobrevivência do mais forte, também na sociedade favorece a sobrevivência de sociedades e indivíduos mais fortes e evoluídos. As expressões: "luta pela existência" e "sobrevivência do mais capaz", tomadas de Darwin, apoiaram o individualismo liberal e justificaram o lugar ocupado pelos bem sucedidos nos negócios. Por outro lado, as sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria ser levada a todos os homens. FATO SOCIAL; FATO SOCIAL NORMAL e FATO SOCIAL PATOLÓGICO Que é Fato Social? Qual a importância de se definir um fato social? Em primeiro lugar Durkheim procura demonstrar que existe toda uma ordem de fenômenos que devem ser explicado através do que ele denomina "fato social". É porque estes tais "fatos sociais" existem que a sociologia existe. Do contrário poderíamos explicar a ação humana e a ordem social através de outras disciplinas. O que seriam, então, estes "fatos sociais"? "É fato social toda maneira de agir, fixa ou não , suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter." A primeira observação importante é que a sociologia deve explicar apenas os fatos sociais e não todo e qualquer fenômeno que tenha "algum interesse social". Assim Durkheim enumerará fatos de importância social mas que não fazem parte da província explicativa sociológica, como comer, dormir e beber, enquanto atos fisiológicos, isto é, a necessidade de comer, beber e dormir para manter-se vivo. A educação é um componente primordial para entendermos os fatos sociais. Pois é principalmente através da educação que os fatos sociais, que são externos e coercitivos, se impõem a nós. Nas palavras de Durkheim, ?quando nascemos nos deparamos com uma infinidade de instituições que nós não criamos, por exemplo, "os sistemas de sinais de que sirvo para exprimir meus pensamentos, o sistema de moedas que emprego para pagar as dívidas, os instrumentos de crédito..., as práticas seguidas na profissão. Estamos, pois, diante de maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências individuais."(As regras do método sociológico) Assim, características primordiais do fato social é sua coercitividade, exteriorização e generalidade. Para Durkheim a sociedade, como todo organismo vivo, apresenta estados normais e patológicos (saudáveis e doentes). Émile Durkheim desenvolveu a ideia do caráter normal e patológico dos fatos sociais. Como ele define o que é fenômeno normal? Os fenômenos sociológicos são definidos como normais pela: Sua generalidade (comum aos membros de uma sociedade) na ?espécie? social a que pertencem (?são normais suas formas que se repetem em todos os casos observados.?); Sua correspondência às condições de vida social (pois existem fenômenos que persistem em toda a extensão da espécie, embora não correspondam mais as exigências da situação). Quando se encontra generalizado pela sociedade; é unânime, é consenso social, é vontade coletiva. Quando desempenha alguma função importante para a adaptação ou evolução da sociedade, isto é, é útil à saúde da sociedade. Assim, é normal o fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de determinada sociedade que refletem as condutas mais aceitas pela maior parte da população. Diante disso, afirma que uma instituição, uma prática costumeira, uma conduta, uma regra moral, serão considerados normais ou patológicas conforme se aproximam ou se afastem, respectivamente, do tipo ?médio? da sociedade.Desta forma, a distinção entre normal e patológico passa pela fuga do mediano. Desta forma, o que é normal varia de sociedade para sociedade. Como ele define o que é fenômeno patológico? Os fenômenos considerados patológicos variam na proporção inversa daqueles considerados normais. Assim patológicos são aqueles fenômenos que se encontram fora dos limites permitidos pela ordem social e moral vigente. Eles são transitórios e excepcionais assim como as doenças. KARL MARX Materialismo histórico A grande preocupação de Marx foi compreender a sociedade capitalista que, como vimos, tinha se tornado o modelo hegemônico de produção da riqueza humana após a Revolução Industrial. Ele percebeu que, no capitalismo, havia uma minoria que comandava a produção e a distribuição dos bens materiais e uma maioria a ela subordinada. Foi a partir dessa constatação que Marx buscou entender esse desequilíbrio, por meio de um método que privilegia as relações materiais que os homens, em diferentes períodos da História, estabeleceram entre si. A esse método Marx denominou materialismo histórico. 3. Dialética É o modo de pensarmos as contradições da realidade, de pensarmos as diferenças sociais e, consequentemente, a transformação permanente da realidade ? a realidade dialética. Na concepção marxista do termo, a dialética diz respeito às contradições entre termos. Em todo processo há uma proposição inicial (tese) que vai gerar um efeito contrário (antítese). Do embate entre ambos surgirá uma nova proposição (síntese). Por exemplo, se se discute a questão da redução da criminalidade, e alguém propõe a redução da maioridade penal, alegando que aos 18 anos os jovens possuem pleno discernimento de suas ações, isso é uma tese. Quando, por outro lado, alguém diverge e argumenta que a questão da criminalidade está mais ligada a uma estrutura social excludente, tem-se uma antítese. Do resultado do debate, surgirá um novo entendimento da questão. Tem-se aí a síntese, que, proposta por alguém, torna-se nova tese,que gerará nova antítese e resultará em nova síntese, num movimento contínuo. A aplicação das teses fundamentais do materialismo dialético à realidade social deu origem à concepção materialista da história. 4. Modo de produção Segundo esta concepção, o entendimento da realidade da vida só é possível à medida que conheçamos o modo de produção da sociedade ? modo de produção é aqui entendido como a maneira pela qual os homens obtêm seus meios de existência material. Como demonstram Marx e Engels em A Ideologia Alemã, é através do modo de produção que conhecemos uma sociedade em sua especificidade histórica e social. Não é a consciência que determina a vida material, mas a vida material que determina a consciência. A partir do modo de produção é possível identificar as diferenças históricas e as relações sociais presentes em cada época determinada. Na história, podemos distinguir pelo menos cinco grandes modos de produção: o primitivo, baseado na propriedade comum a todos os indivíduos (caçadores e coletores); o patriarcal, em que a produção da riqueza se dá com base na propriedade familiar, sob a autoridade do pai (patriarca); o escravista, no qual a riqueza é oriunda do direito de propriedade de um indivíduo sobre outro, que é obrigado a produzir recebendo apenas o necessário à sua subsistência; o feudal, cuja base econômica é a terra (feudo) que na qual o servo trabalha e se apropria de parte da produção para si e transfere a outra parte para o senhor feudal; e o capitalista, fundado na relação dialética entre quem detém o capital (o burguês) e quem sobrevive através da venda de sua força de trabalho em forma de salário (o proletário). Foi no estudo das características e contradições deste último que Marx empreendeu seu esforço analítico com maior rigor. 5- Relações estruturais Para Marx, a estrutura de uma sociedade se forma a partir do conjunto de suas relações de produção e delas se derivam outros tipos de relações sociais, como as religiosas, as culturais, as jurídicas etc. Em suas palavras: "o resultado geral a que cheguei, e que, uma vez adquirido, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode ser formulado brevemente assim: na produção social de sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independente de suas vontades, relações de produção que correspondem a um grau de desenvolvimento determinado de suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas de consciências sociais determinadas. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é inversamente seu ser social que determina sua consciência. A um certo estágio de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais se moviam até então. De formas de desenvolvimento de forças produtivas que eram, essas relações tornara-se obstáculos". (Marx, K. Contribuição à crítica da economia política). 6- Relações entre estrutura e superestrutura Para Marx, há uma relação de complementaridade entre a infraestrutura (a base material da sociedade) e a superestruturas (as demais esferas da vida social), determinada pelas contradições do modo de produção capitalista, que faz com que, em última instância, o contexto econômico acabe por influenciar de forma decisiva com operam os outros domínios do social. Para ele, "Totalmente ao contrário do que ocorre na filosofia alemã, que baixa do céu à terra, aqui subimos da terra para o céu. Isto é, não se parte do que os homens dizem, se representam ou se imaginam, nem tampouco do homem predicado, pensado e representado ou imaginado, para chegar ao homem de carne e osso; parte-se do homem que realmente age e, partindo do seu processo de vida real, se expõe também o desenvolvimento de seus reflexos ideológicos e dos ecos desse processo de vida. Também as formações nebulosas que condensam o cérebro dos homens são sublimações necessárias de seu processo material de vida, processo empiricamente registrável e sujeito a condições materiais. A moral, a religião, a metafísica e qualquer outra ideologia e as formas de consciência que a elas correspondem perdem, assim, a aparência de sua própria substantividade. Não têm a sua própria história nem seu própria desenvolvimento. Ao contrário, são os homens que desenvolvem sua produção material e seu intercâmbio material que mudam também, ao mudar esta realidade, seu pensamento e os produtos de seu pensamento. Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência. Do primeiro ponto de vista parte-se da consciência como indivíduo vivo; do segundo, que corresponde à vida real, parte-se do próprio indivíduo vivo e considera-se a consciência apenas como sua consciência". CULTURA Senso comum Retomando a ideia de que as coisas por si só não têm sentido, sendo este atribuído a elas pelos homens, tratemos agora do senso comum, que é algum sentido dado coletivamente às coisas vividas. Para se orientar no mundo, o ser humano assume como certas e seguras diversas coisas, situações e relações entre fatos, coisas e situações. Nem sempre o senso comum representa a realidade. É o caso daquele cidadão fumante que, respeitoso pelas regras de convívio, não fuma em ambientes em que hajaoutras pessoas, como um ônibus. Ele costuma esperar seu ônibus sem acender um cigarro, pois logo o ônibus chegará, deixando, assim, o prazer de fumar para depois da viagem. Se o ônibus, porém, demora a chegar, a falta de nicotina em seu organismo o deixará em estado de ansiedade que o levará a acender um cigarro. Como já se terá passado algum tempo de espera, o ônibus provavelmente já estará próximo e, assim, nosso amigo será surpreendido antes de acabar o cigarro. Como em sua experiência diária, pouco depois de acender o cigarro, é surpreendido com a aparição do ônibus, poderia supor que o fato de acender o cigarro causa a chegada do ônibus. O fenômeno observado por várias pessoas poderia estabelecer uma crença comum na causalidade entre o ato de acender o cigarro e o ônibus chegar. Aí está um caso de armadilha que o senso comum pode conter. Algo simples como observar coisas como esta contribuiu muito para que a humanidade estabelecesse mais uma diferença fundamental entre formas de pensamento humano, entre o senso comum e a ciência. Multiculturalismo Preconiza a interação entre as diferentes culturas, sem hierarquização de saberes e modos de vida. Desta forma, o multiculturalismo pressupõe uma visão positiva da diversidade cultural, privilegiando o reconhecimento, valorização e incorporação de identidades múltiplas nas formulações de políticas públicas e nas práticas cotidianas. Como apontado no capítulo 2 do livro didático (ver bibliografia básica), "a despeito dos desafios impostos pelo mundo globalizado, é preciso que reconheçamos a necessidade do convívio em uma sociedade cuja realidade é multicultural. Para tanto, devemos, mais do que respeitar, valorizar as diferenças próprias de cada indivíduo". Neste sentido, lembramos as palavras de uma das mais notáveis antropólogas conhecidas, a americana Margaret Mead, que no prefácio de Sexo e Temperamento afirmou: "toda diferença é preciosa e precisa ser tratada com muito carinho"
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