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Funções do dinheiro O analista se vende como objeto que tem valor inicialmente contabilizável: tanto por sessão. Assim, o analista é um objeto libidinalmente investido e que vai amoedar-se com o dinheiro. Pelo artifício da transferência, o analista é um objeto de aluguel — ele é alugado pelo analisante que paga por sessão, a cada “aluguel”. E para isso não cabe a economia, pois a economia de dinheiro representa a economia de gozo que se expressa por uma retenção que infringe a regra de ouro da associação livre, que vai absolutamente contra qualquer tipo de retenção. O analista também paga, nos diz Lacan em A direção da cura e os princípios de seu poder. Ele paga nos três registros: Simbólico, Imaginário e Real. S — com palavras — a interpretação. I — com sua pessoa — prestando-se aos fenômenos decorrentes da transferência, apagando-se como eu. R— com seu ser — em seu ato anulando-se como sujeito no faz-de-conta de ser objeto a. Ele es tabelece o dinheiro como aquilo que sempre falta ou que nunca se tem o suficiente, mas também como algo da ordem da necessidade, o que lhe faz pensar as cinco funções do dinheiro (necessidade, poder, demanda, desejo e gozo). Ass im, segundo o autor ele (o dinheiro) se faz necessário para a sobrevivência; é usado também como um sinal de poder, como uma marca fálica; como uma demanda de amor, de dar o que não se tem (ou o que faz falta); como significante na cadeia associativa do sujeito e por fim como um fator sexual. Freud es tabelece a análise como algo essencial para o sujeito que sofre. Sobre o mesmo fato, Quinet (2009) ainda diz: “O analisante paga com dinheiro e “paga à vista” ao/do analista o preço devido por tê-lo constituído como cofre precioso de seus males e bens” (QUINET, 2009. p. 93). Mas o analista também paga, segundo Lacan (1958). Ele paga com palavras através da sua interpretação, paga com a sua pessoa, onde se empresta de suporte aos fenômenos que a análise descobriu na transferência e por fim paga esquecendo o que há de essencial em seu juízo mais íntimo, para intervir numa ação que ao cerne de seu ser, o que Quinet (2009) por sua vez diz ser a anulação do analista como sujeito. Sabrina Andrade Rocha ILES/ULBRA
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