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Resenha critica livro o coeano no fim do caminho Neil Gaimen

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RESENHA CRITICA DO LIVRO: O OCEANO NO FIM DO CAMINHO 
Neil Gaiman 
 
TITULO DA RESENHA: Por que o oceano no fim do caminho e não o mar, o rio, 
o lago ou lagoa? 
Autora: Maria Inez Alves Sabino de Araújo*1 
 
Nesta obra vamos reviver o passado de um homem de quase meia idade 
que revisita uma conhecida rua e encontra a antiga casa onde vivera uma amiga 
de infância. Um homem sem nome e sem rosto que bem poderia ser uma 
rememoração de qualquer um de nós, que, empaticamente, compartilharíamos 
de suas aventuras e quiçá, sofrimento. 
É por meio dessa viagem ao tempo que tentaremos esclarecer 
sentimentos até então ocultos, mas que ficaram incutidos na mente de um 
menino de sete anos, nos proporcionando uma verdadeira revisitação ao 
passado infantil e reservado tão somente ao personagem adulto. 
O enredo desse livro começa quando, ao participar de um velório na terra 
natal e, talvez para desopilar, na tentativa de esquecer os últimos 
acontecimentos, esse personagem revive alguns momentos lúdicos de sua vida, 
não os melhores, mas os que o fortalecera para a procura da felicidade. 
Ele é uma pessoa taciturna, recalcada e artista de profissão que, segundo 
ele mesmo assim se define: “Eu faço arte, às vezes arte verdadeira e as vezes 
isso preenche os espaços vazios da minha existência. Alguns. Nem todos”... 
(p.10). Quando define para si mesmo arte verdadeira, ele quis dizer a arte da 
representação da vida real encomendada a pedido de alguém, uma vez que para 
os olhos dos outros visualizar o desejo concreto seja a verdadeira arte, a que 
preencha o desejo existencial dos outros e não o dele. 
A arte que preenche os espaços vazios de sua existência, talvez seja a 
arte subjetiva que ele realiza através dos seus sonhos, de seus anseios, de sua 
imaginação. Ele ainda diz; “alguns preenchem meu vazio... nem todos”. como 
seres humanos imperfeitos nem sempre estamos satisfeitos com o que temos 
na vida, uma vez que procuramos a felicidade nas coisas e não dentro de nós. 
Esse homem, ao adentrar nessa casa velha, reaviva as memórias de 
infância que até então estavam encobertas e obscurecidas pelo que lhe 
apresentara no futuro. Essas lembranças são ativadas intensamente e ele sabia 
que, reviver esses momentos da infância não seriam todos felizes, quando se 
trata, principalmente, do passado de um garoto que não se relacionava com 
ninguém e que tinha nos livros os melhores amigos. 
 
1 *Bacharelanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas de Olinda, 1º período, noite, turma 2017.1 
 
No processo de regressão ao passado desse personagem adulto, ele 
relembra que nessa fazenda havia um lago, no qual brincava muito e que a 
amiga dele Lettie o denominava de “oceano”. Entretanto, dessa denominação 
me veio uma reflexão sobre o título deste livro... por que “o oceano no fim do 
caminho” e não um mar, um rio, um lago ou uma lagoa? 
Segundo estudos geográficos, os oceanos são grandes extensões de 
água salgada que cobrem depressões da superfície da Terra, sendo importantes 
para o planeta por serem grandes produtores de oxigênio por meio das 
microalgas oceânicas, além de outras atribuições, também regulam a 
temperatura e interferem na dinâmica atmosférica.2 
Então, ocorreu-me a ideia de que, por ser um oceano a maior 
representação de quantidade de água, então o lago que corria atrás da casa da 
menina Lettie era imenso aos seus olhos de criança de 11 anos e com sua 
imaginação fértil o denominara assim por gostar de fantasiar as coisas e os 
acontecimentos, exageradamente. 
Para as crianças tudo é imenso e infinito até que se chega na idade adulta 
e se dá conta de que aquela percepção que se tinha fora resultado da 
perspectiva da própria estatura. Que aquele lago era tão pequeno e finito quanto 
as terras da fazenda em que morava e que era infinita aos olhos da menina. 
Quantas vezes a gente não se dá conta de que aquela rua em que 
brincávamos quando criança não era tão longa... que aquele monte que 
brincávamos de subir e descer sentados no papelão não era tão alto quanto uma 
montanha e que o corredor que corríamos de bicicleta na casa da vovó não era 
tão extenso quanto lembrávamos. Isso só damos conta quando voltamos a esses 
lugares após um longo tempo e essa rua, ou esse monte ou esse corredor 
passou a ser tão curtos ou tão baixinho, tão próximos!!!! 
O próprio narrador observa isso no texto, ao chegar perto do lago: “o lago 
era menor do que eu lembrava...” é nessa passagem que ele se dá conta que a 
imensidão do oceano que estava na imaginação fértil de Lettie agora é tão 
pequeno e insignificativo quanto na época em que ele viu pela primeira vez. 
E o que falar da imaginação de um menino de sete anos que vive isolado 
de tudo e de todos, sem quase convívio social e que vive no mundo imaginário 
da leitura? Era taciturno e introvertido, que não tinha amigos e nem fazia 
amizades e que se utilizava da imaginação adquirida por meio dos livros para 
passar o tempo, depois que voltava da escola. 
O personagem define os livros como seus melhores amigos: “livros eram 
mais confiáveis que pessoas, de qualquer forma” isso ele quis afirmar que 
pessoas eram traiçoeiras e que os livros contavam tão somente a verdade. Os 
 
2 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/oceanos-antartico-artico-atlantico-pacifico-e-indico.htm?cmpid=copiaecola 
 
livros sempre o levaria para outros lugares onde tudo e todos eram melhores que 
na vida real. Ele “vivia nos livros mais que em qualquer outro lugar”. 
Como um menino assustado com a escuridão, ele revive momentos de 
sua vida quando perdera o quarto para as pessoas que o alugavam e tivera que 
ficar “exilado” no quarto de sua irmã. Como menino arredio, via sempre os 
inquilinos com muita desconfiança pois tinham tomado o seu espaço particular. 
Ele era uma criança que achava que o mundo girava em torno de si, era 
egocêntrica e egoísta, que até mesmo as coisas comuns do dia a dia eram 
traduzidas como se fossem algo de outro mundo, de acordo com o contexto de 
seus pensamentos ao recordar da festa de aniversário de sete anos, que foi um 
fiasco por não ter ido ninguém, mas que mesmo assim ele nem se importara. 
Um menino que nunca fazia amizade, mas que, junto com Lettie - uma 
menina de onze anos, “esquisita” definida assim por ele, mas que era tão criativa 
quanto ele, que criava as mais divertidas aventuras na floresta, com bichos 
fantásticos, com magias e criaturas de outro mundo e que também tinha um jeito 
peculiar de falar... juntos viveram momentos divertidos jamais vividos com os 
demais colegas de escola ou com a própria irmã. 
Como a família dele vivia uma situação difícil financeiramente e por ele 
ser ainda imaturo, não conseguia distinguir brincadeira de realidade e em seus 
sonhos ele se imaginava rico, encontrando moedas enterradas no jardim... tudo 
fruto da imaginação de um menino que deseja ardentemente ter dinheiro o 
bastante para conseguir de volta o seu quarto, a sua privacidade para o deleite 
de suas leituras e principalmente para ter a sua mãe em casa por mais tempo! 
O que dizer de uma criança que não vê com bons olhos sua mãe sendo 
substituída por uma babá que lhe maltrata por atrapalhar o intento de conquistar 
o seu pai? Uma Babá que transtorna a cabeça do pai de tal modo que o mesmo 
chega até a tentar afogá-lo na banheira! Sabemos que para uma criança tudo 
toma uma proporção monumental, traumatiza e uma baba dessas é a mais 
horrenda das bruxas. 
Tudo é tão intenso na infância que até mesmo um bicho de pé se torna 
um monstro de cauda enorme e brilhante e que só mesmo as mãos mágicas da 
avó de Lettie para abater tal criatura bizarra. Que esse mesmo bicho de pé, 
segundo sua fértil imaginação escapoudo pote e se transformou em uma bruxa 
disfarçada de babá. 
O que falar quando o menino não quis entrar em casa, por medo do que 
aconteceria com ele por causa do pai acreditar mais na babá do que nele? Nesse 
enredo a mãe pode ter percebido que algo não estava indo bem e que precisava 
tomar uma providência a respeito disso, pois, não era possível ver uma criança 
ter tanto medo de entrar em casa a ponto de imaginar que estar no jardim, dentro 
do círculo das fadas estaria mais seguro que dentro de casa! Somente o 
sofrimento e o medo podem traumatizar uma criança a ponto de achar que dentro 
de casa estaria morando um monstro a lhe perseguir. 
Ah! Nadar num lago chamado oceano, sentir na pele a agua cálida, viver 
um pouco fora da realidade de ser humano faz o garoto achar que sempre vivera 
um sonho, um conto de fadas imaginado por Lettie. Para brincar de faz de conta 
é preciso deixar tudo para trás e viver o faz de conta, na infância se tem isso, se 
imagina com muitos brinquedos, rodeado de dragões, fadas e duendes, bem 
como voando pelo alto. E daí ele se deu conta de que todo aquele céu com 
aglomerado de estrelas cintilantes e com a impossível lua cheia eram fantasias 
de sua pequena mente brilhante. 
E por fim, a rememoração dessa aventura termina ao se lembrar da morte 
de Lettie. A sua partida para outro caminho além do oceano talvez tivesse 
acontecido por causa de uma emboscada de marginais assaltantes enquanto 
eles brincavam na floresta, ou quem sabe, por meio dos inimigos do mercador 
de Opalas suicida, que ao invadirem a fazenda atiraram no coração de Lettie sua 
melhor amiga. Na imaginação do menino, foram as gralhas devoradoras que 
dilaceraram o coração dela enquanto o protegera com o seu corpo. E na 
sequência dos acontecimentos, sem entender o porquê, viu a Sra. Ginnie 
devolver o corpo da amiga querida ao oceano de Lettie, ou seja, ao oceano da 
vida eterna... 
Concluindo a leitura desse enredo, retomando o que diz a avó de Lettie: 
“pessoas diferentes se lembram das coisas de jeitos diferentes e você nunca vai 
ver duas pessoas se lembrando de uma coisa da mesma forma, estivessem elas 
juntas ou não...”(p.119) então, tudo o que ele vivera ele se lembrará da forma 
em que viu por meio da mente de um menino de sete anos. 
A forma como Lettie representara em sua vida, passou a ser fragmentos 
de sonhos vividos em momentos diferentes, sejam por meio da imaginação, ou 
de sofrimento, ou fruto do medo de enfrentar a realidade. Voltar aquele lago é 
reviver um momento feliz e ré energizar-se por meio das lembranças e da 
saudade... é uma forma de ser leal a melhor amiga que muito lhe ensinara sobre 
amizade e lealdade à beira de um lago chamado Oceano. 
 
 
REFERÊNCIAS 
GAIMAN, Neil. O oceano no fim do caminho. Editora Intrínseca, Rio de 
Janeiro/RJ. 2013. 
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/oceanos-antartico-artico-
atlantico-pacifico-e-indico.htm?cmpid=copiaecola - acesso 09/06/2017.

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