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Aula 6 a 10 Fundamentos da Psico. da saude

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Aula 6: Psicologia da Saúde e Psicologia Comunitária: a saúde pública e o esforço da prevenção
A Psicologia da Saúde
A Psicologia da Saúde é uma junção de conhecimentos, atuando desde a promoção e manutenção da saúde até à prevenção da doença. Ela surge da integração de diferentes áreas da Psicologia:
Desta forma, chamamos de Psicologia da Saúde o espectro desta ciência que trabalha a visão biopsicossocial da população, sempre buscando uma melhoria na qualidade de vida, seja montando campanhas de informação ou atuando diretamente no indivíduo, na prevenção das doenças mentais e/ou psicopatologias.
O trabalho pode ser percebido como vitorioso a partir do momento em que a população consegue ganhos como diminuição de internações e utilização medicamentosa, ou seja, uma utilização mais criteriosa dos recursos dos serviços do sistema de saúde pública.
Problemas estudados
No livro “Psicologia hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos” de Makilim Nunes e Rosana Righetto, encontramos nas páginas 18 e 19 alguns dos problemas estudados pelos psicólogos clínicos da saúde:
Condições psicológicas derivadas da doença (ex.: depressão pós-infarto do miocárdio e sequelas psicológicas de derrame cerebral);
Representações somáticas de disfunções psicológicas (dor no peito em ataques de pânico);
Desordens psicofisiológicas (dor de cabeça em decorrência de tensão);
Sintomas físicos em decorrência de intervenções comportamentais (incontinência fecal, náuseas antecipatórias);
Complicações somáticas associadas a fatores comportamentais (gerenciamento inadequado do diabetes, falha em adesão medicamentosa do hipertensivo);
Consequências psicológicas de problemas orgânicos, como depressão associada ao hipotireoidismo e psicose induzida por esteroides;
Prevenção de complicações físicas e psicológicas em consequência de procedimentos médicos estressantes, como cateterismo cardíaco e cirurgias;
Fatores de risco comportamental em decorrência de doença ou incapacidade (fumo, peso excessivo);
Problemas decorrentes de planos de saúde, como relacionamento profissional-paciente ou burnout (espécie de esgotamento do sujeito no trabalho) da equipe de saúde.
Psicologia Comunitária
A Psicologia Comunitária é a atuação da Psicologia da Saúde focada nas comunidades, promovendo o bem-estar e respeitando os grupos em suas origens, cultura e costumes, ou seja, trabalhando a prevenção e a manutenção da saúde sem perturbar a ordem cultural onde cada grupo social está inserido.
Dentre as formas de ação, podemos destacar:
 Campanhas educativas. 
 Série de palestras sobre prevenção. 
 Ações de porta em porta. 
 Participação em projetos multidisciplinares do sistema de saúde pública para comunidade carentes. 
A psicologia da saúde ao redor do mundo
EUA: Nos Estados Unidos, podemos obter relatos sobre o tema em 1982, em revistas especializadas como o Journal of Health Psychology.
Brasil: No Brasil, já em 1987, esta área da saúde pública já estava em desenvolvimento. Embora fosse uma fase inicial e sem a denominação específica, o Ministério da Saúde já lançava programas de prevenção em campanhas voltadas para o trânsito, alcoolismo, câncer etc.
Espanha: Na Espanha, a Psicologia da Saúde começa a ter força e destaque a partir dos anos 80. Nesta década, ela começa a ser reconhecida por ter características próprias para atuação em um campo altamente diferenciado.
Em 1987, várias universidades criaram um departamento exclusivo para a Psicologia da Saúde. Em 1990, surge uma revista especializada na área: Revista de Psicologia de La Salud.
Alemanha: Na Alemanha, a Psicologia da Saúde é formalmente estabelecida em 1992.
Áustria: Neste mesmo período, a Áustria também estabeleceu a Psicologia da Saúde como uma área especializada da Psicologia Científica.
A pesquisa como ponto de partida ou chegada
Qualidade de vida e promoção da saúde
No quesito qualidade de vida e promoção da saúde, o Brasil tem diretrizes estipuladas pelo Ministério da Saúde na política nacional de prevenção à saúde, que são aplicadas nas três instâncias onde o SUS atua.
Clique no ícone e conheça os objetivos específicos do documento do Ministério da Saúde, em Política Nacional de Promoção da Saúde - anexo 1:
Saúde da família
Atuação do psicólogo no CRAS (Centro de Referência da Assistência Social)
O CRAS é um programa criado pelo Governo Federal e implantado pelos estados e municípios com o objetivo de desenvolver serviços socioassistenciais. Sua localização incide em áreas de vulnerabilidade e risco social.
É chamado de Casa da Família, pois sua ação visa combater a miséria e oferecer a proteção básica através da política de assistência social.
Dentre as ações do CRAS, estão:
• Acolhimento das famílias e seus membros;
• Acompanhamento das famílias a partir de serviços socioeducativos;
• Espaço de convivência;
• Ações socioassistenciais;
• Articulação e fortalecimento da rede de proteção social básica local;
• Prevenção das situações de risco;
• Apoio às demandas sociais;
• Promoção do fortalecimento dos vínculos familiares;
• Acessibilidade aos direitos de cidadania.
O CRAS está vinculado ao PAIF . O número de unidades do CRAS em cada município depende do número de habitantes e de famílias em situação de risco social.
O funcionamento do CRAS deve ser de no mínimo cinco dias na semana, oito horas diárias, totalizando 40 horas semanais. A equipe do CRAS é composta minimamente por um coordenador, dois técnicos de nível superior – assistente social e psicólogo – e dois técnicos de nível médio.
Atuação do psicólogo no CRAS
As ações do CRAS podem envolver a organização e desenvolvimento de grupos com objetivos específicos, como grupo de apoio a gestantes, grupo de adolescentes para inserção no mercado de trabalho, grupo de mulheres com foco em geração de renda, dentre outros.
A atuação do psicólogo deve estar voltada para: 
Construção de cidadania
Emancipação social das famílias 
Potencializar a dimensão subjetiva dos indivíduos
Desenvolvimento de autonomia 
Compreender e intervir nos processos e recursos psicossociais 
Valorização dos aspectos históricos-sociais que constituem a base da interação e do comportamento humano. 
Promoção de Recursos que valorizam a família e as afastem de situações de riscos social, como vulnerabilidade a doenças, drogas, etc. 
R: Palestras, grupos de apoio, grupos operativos, acompanhamento psicossocial em grupo, dentre outras. 
Nesta aula, você:
Entendeu a relação entre Psicologia da Saúde e Psicologia Comunitária;
Refletiu sobre a Psicologia da Saúde ao redor do mundo;
Avaliou a pesquisa como ponto de partida ou chegada;
Analisou a qualidade de vida e promoção da saúde;
Apreendeu a Saúde da Família;
Reconheceu a atuação do psicólogo no CRAS.
Aula 7: A Psicologia e a saúde do trabalhador
Aspectos essenciais da saúde do trabalhador
O trabalho, as obrigações, as máquinas manuseadas e os ruídos frequentes, dentre outros fatores, são situações constantes para os trabalhadores de fábricas, instituições, organizações e outros espaços do trabalho, que lhes causam doenças.
Com o passar do tempo, e com as discussões estabelecidas em Congressos e encontros de profissionais da área da saúde, percebeu-se a necessidade de criar políticas públicas que viessem a amparar o trabalhador nas suas atividades laborais e de sobrevivência. Clique aqui e saiba mais
A partir de então, a saúde do trabalhador não passa a ser apenas uma atenção, mas sim uma obrigação do estado e dos municípios com aqueles que exercem suas funções diariamente.
Lei Orgânica da Saúde
A Lei Orgânica da Saúde (nº 8080/90), no seu parágrafo 3°, regulamenta a saúde do trabalhador da seguinte forma:
 
“Entende-se por Saúde do Trabalhador, para fins desta lei, o conjunto de atividades que se destina, através de ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho” (CREPOP, 2008, p.21).
Hoje, a preocupação não é somente com o atendimento a esses trabalhadores. Os órgãos estaduais e municipais preocupam-se em dar assistência e vigilância aos trabalhadores em atividade.
O Ministério da Saúde criou em 2002 a Rede Nacional de Atenção Integrada à Saúde do Trabalhador , que integra a rede de serviços SUS. 
Depois disso, foi possível criar, com a ajuda dos municípios, os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador , “que devem desempenhar a função de suporte técnico, de coordenação de projetos e de educação em saúde para a rede do SUS da sua área de abrangência” (CREPOP, 2008, p.22). 
Os únicos profissionais considerados obrigatórios nos CERESTs são médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, sendo o restante de contratação facultativa. Sabe-se, no entanto, que apenas com os profissionais determinados obrigatórios pela lei não se pode oferecer um serviço de qualidade.
Desta forma, deve haver uma conscientização nos líderes desses centros para um trabalho que traga de fato a saúde para o trabalhador. 
Apesar de o psicólogo não ser um profissional obrigatório nos CERESTs, muitos destes têm contrato, pois consideram a saúde mental como primordial ao bem-estar do trabalhador.
Atuação do psicólogo em saúde do trabalhador
Pode parecer que o psicólogo que trabalha com saúde do trabalhador se posicione somente dentro das organizações, vinculados ao processo de seleção, treinamento, avaliação de desempenho, dentre outras funções. Mas esta não é uma verdade, além de ser pouco esclarecida aos alunos.
Em diversos contextos de atuação, o psicólogo se deparará com problemas voltados à saúde do trabalhador. No ambulatório, poderá chegar um paciente em surto devido ao alto estresse no trabalho; na saúde coletiva, você pode atender uma comunidade que sofre dos mesmos problemas devido ao mercado que movimenta o capital daquela cidade, e assim por diante.
Saúde do trabalhador 
O psicólogo voltado para a saúde do trabalhador pode atuar nas unidades de atenção básica, ambulatórios de especialidades, CAPS, hospitais e serviços de vigilância em saúde. Portanto, saúde do trabalhador não está vinculada ao psicólogo que quer trabalhar com Psicologia Organizacional, mas sim àquele que quer trabalhar com saúde. Então, pode-se dizer que está vinculada à ciência psicológica como um todo.
Ainda se deve ressaltar que “a atuação do psicólogo nesse âmbito pode estar delimitada por determinações legais (como no caso da vigilância) e pode subsidiar a concessão de benefícios previdenciários (auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, por exemplo) e trabalhistas (direito à reintegração)” (CREPOP, 2008, p.29).
“Para classificar sintomas de doenças no âmbito do trabalho, o Ministério da Saúde publicou em 2001 o Manual de doenças relacionadas ao trabalho, que no capítulo 10, fala dos transtornos mentais e comportamentais relacionados ao trabalho, e da Portaria nº 777/GM, de 28 de abril de 2004, que institui a notificação” (CREPOP, 2008).
É importante destacar que o psicólogo deve estar preocupado com a saúde do paciente como um todo, mas que, para facilitar o atendimento, têm-se agrupado pacientes conforme suas queixas para atendimentos grupais. Essas queixas podem ser por estresse, LER (lesão por esforço repetitivo), DORT (distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho), lombalgia, dentre outras.
“Em tais atividades, são adotadas diversas perspectivas teóricas. De modo geral, os grupos têm caráter informativo-terapêutico, valorizam o conhecimento e a subjetividade dos trabalhadores e visam à ressignificação do processo de adoecimento, além de legitimar o seu discurso, estimular a sua participação e autonomia em relação ao tratamento, o que propicia o autoconhecimento” (CREPOP, 2008, p.31).
O psicólogo e a vigilância em saúde
Outro trabalho desenvolvido pelo psicólogo que trabalha com a saúde do trabalhador é o de vigilância com a saúde. Ele consiste em conhecer os procedimentos técnicos e científicos de algumas atividades e identificar quais podem causar mais danos aos trabalhadores.
Promove, assim, um trabalho de conscientização e fiscalização, com o intuito de saber se as práticas saudáveis e de prevenção estão sendo cumpridas.
Pode-se citar ainda que o psicólogo tem o dever de promover a educação desses trabalhadores, por meio de palestras, simpósios, encontros e congressos. Nesses encontros, deve esclarecer dúvidas sobre a saúde mental e física desses que desempenham atividades cotidianamente.
A partir das queixas e dos dados obtidos nos seus atendimentos e encontros, o psicólogo deve publicar manuais, artigos e periódicos, dentre outros materiais científicos, com a intenção de produzir conhecimento e tornar as informações mais acessíveis à população que trabalha.
Aspectos éticos do psicólogo
Quanto aos aspectos éticos do psicólogo que trabalha com a saúde do trabalhador, este deve priorizar o bem-estar dos seus pacientes, denunciando organizações e instituições que não forneçam condições dignas para o funcionário exercer suas funções.
Nestas denúncias, não devem ser privilegiados os interesses políticos e dos empregadores. O psicólogo deve respeitar seu código de ética e zelar pela integridade biopsicossocial dos trabalhadores.
Formação do psicólogo
Para o psicólogo que queira ter formação e preparo para este tipo de atuação, é muito importante que procure cursos de especialização ou de extensão, reconhecidos pelo CFP, que abordem os seguintes assuntos:
1) A criação de disciplinas que tematizem adequadamente a relação subjetividade/objetividade, evitando dicotomias ou vieses que impeçam a visão adequada de como se efetiva tal relação e, sobretudo, o lugar ocupado pelo trabalho na integração sujeito/objeto;
2) O enfoque nos processos de individuação, levando sempre em conta o seu caráter histórico e processual;
3) O enfoque nas diferentes possibilidades de atuação do psicólogo do trabalho, superando a visão estreita de uma atuação restrita ao contexto das organizações empresariais;
4) A ênfase na formação interdisciplinar, possibilitando ao profissional o acesso a conhecimentos proporcionados por disciplinas afins, tais como a Ergonomia, a Sociologia, a Filosofia, a Epidemiologia Social, a Antropologia, a Saúde Coletiva, a Economia etc.;
5) A criação de instrumentos que permitam a melhor compreensão das vivências subjetivas no trabalho, conciliando a clínica com a análise da atividade (CLOT, 2006);
6) O desenvolvimento de habilidades que permitam ao profissional apreender as reais necessidades dos trabalhadores, ao assumir o compromisso com a preservação da saúde nos contextos laborais;
7) O conhecimento de políticas públicas, sobretudo aquelas voltadas para a saúde;
8) A aquisição de noções/conceitos sobre o mundo do trabalho (inserção no trabalho, relações de trabalho, processo, organização e condições);
9) A ênfase em pesquisas, "visando ao avanço da disciplina e à resposta mais adequada às demandas sociais em torno da saúde do trabalhador, propondo um psicólogo como investigador prático, e não como mero aplicador de técnicas (CREPOP, 2008, pp.45-46).
Reflexão:
Percebe-se, portanto que a formação nesta área não é tão simples como se pode pensar. Os currículos da graduação apenas oferecem um conhecimento sobre esta área de atuação, mas não preparam o aluno para se tornarem futuros profissionais capacitados para esta área.
Para isso, é preciso ter conhecimento das legislações, da ética e das obrigações do psicólogo que escolhe atuar nesta área.
R: • Estresse;
• Depressão;
• Síndrome do pânico;
• Distúrbios cardiovasculares;
• LER/DORT;
• Fobias; 
• Diabetes.
Nesta aula, você:
Entendeu a definição do psicólogo com atenção à saúde do trabalhador;
Reconheceu as características da saúde pública e da saúde do trabalhador;
Identificou a atuação do psicólogo nasaúde do trabalhador;
Conheceu as ações de assistência e promoção da saúde no trabalho.
 
Aula 8: A Psicologia Hospitalar e o atendimento multidisciplinar
Inserção do psicólogo no âmbito hospitalar
Vamos iniciar esta aula com um breve histórico do cenário hospitalar no século XVII.
Meados do século XVIII
Até meados do século XVIII, o psicólogo era visto no hospital como um profissional que “tratava os loucos”, focado apenas nas psicopatologias e em intervenções em pacientes psiquiátricos que apresentavam casos graves.
Nesta mesma época, os hospitais eram interpretados como depósitos de insanos nas suas mais diferentes patologias. Todos aqueles que tinham um comportamento considerado desviante da norma eram inseridos nos hospitais como forma de serem excluídos da sociedade e não contaminarem os “saudáveis”. Então, eram inseridos ali leprosos junto com idosos, loucos, tuberculosos etc.
Após século XVIII
Após o século XVIII, o hospital passou a ser interpretado como um espaço de assistência, separação, pois cada patologia ou comportamento anormal tinha seu espaço separado. Mas por outro lado, os doentes permaneciam isolados, pois esta medida não tinha a intenção de inseri-los novamente na sociedade.
Medicina e hospital, então, tinham funções diferentes. O médico não tinha seu espaço no hospital para tratar o paciente e promover-lhe a cura.
Mudança de postura
A mudança ocorrida no século XVIII foi tornando os hospitais superlotados, havendo a necessidade de criar uma medida que interviesse neste problema. Foi preciso então começar a mudar a postura dos profissionais neste espaço.
Sobre isto, Salto (2007, p.12) afirma que:
A partir do momento em que o hospital foi concebido como um instrumento de cura, e que a distribuição do espaço tornou-se terapêutica, o médico passou a ser o principal responsável pela organização do local. Aparece assim o personagem do médico de hospital.
Equipe multidisciplinar
Além do médico no hospital, surgiu toda uma equipe multidisciplinar para prestar atendimento ao paciente na sua totalidade, tais como médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, entre outros.
A resistência dos outros profissionais da saúde, principalmente dos médicos, para com o trabalho do psicólogo foi muito grande no começo. 
Não se sabe se por receio, desconhecimento ou por não acreditar nos resultados, mas isto já tem sido vencido com os grandes resultados que a Psicologia tem trazido aos hospitais.
De acordo com Laloni e Fernandes (in: BAPTISTA, 2010, p.105): “na década de 1960, quando a Psicologia Clínica entrou nos hospitais, o psicólogo fazia o papel de avaliador, como provedor de serviços de psicometria, tanto em nível clínico como de pesquisa, e sua atenção era exclusivamente às doenças mentais”.
Ou seja, apesar de entrar no hospital, o psicólogo ainda enfrentou muitas barreiras quanto à sua atuação neste contexto.
Atuação da Psicologia Clínica nos hospitais
A Psicologia Clínica tem uma vasta atuação no ambiente hospitalar. Ela procura, entre outras funções:
Conscientizar pacientes quanto ao uso de cigarros e bebidas alcóolicas e seus riscos à saúde.
Ajudar o médico na identificação de doenças sem diagnósticos clínico, conhecida como psicossomáticas. 
Fazer levantamento sobre atendimento no ambiente hospitalar. 
Prestar resultados para melhorar as medidas de intervenção de todos os profissionais que trabalham neste espaço. 
Percebe-se, portanto, que “o psicólogo no ambiente hospitalar trabalha com o direito do ser humano que lhe foi tirado, sendo este a saúde. Ainda aborda as aceitações do paciente em relação às agressões recebidas pelo ambiente da saúde” (Salto, 2007).
Analisando o comportamento de paciente
Se o psicólogo quiser analisar o comportamento de indivíduos com patologias físicas e que não são vistas nos exames, mas que têm indícios de fundamentação psicológica, deve levar em consideração os seguintes possibilidades, segundo Baptista (2010, p. 108):
Ausência de comportamentos de autoproteção, comportamentos de redução de exposição do organismo a agentes ou contingências.
Comportamentos indiretos são comportamentos que produzem contato direto, mas aumentam a vulnerabilidade do organismo (abuso de automedicação, fumar, beber, dietas exageradamente restritivas ou abusivas, excesso de exercícios físicos);
Atuação do psicólogo hospitalar
A atuação do psicólogo hospitalar não deixa de ser uma atuação da saúde, mas tem obrigações diferentes de outros espaços também voltados para o bem-estar do paciente.
Castro (2004) define dois campos da psicologia (e consequentemente o tipo de atuação em cada uma delas):
Assistência integral do paciente
Castro (2004) afirma que o objetivo da Psicologia Hospitalar é melhorar a assistência integral do paciente que se encontra hospitalizado, com controle dos sintomas que causam o mal-estar.
A Psicologia Hospitalar surge com o intuito de prestar uma atenção ao paciente que se encontra na situação de doença. 
Ouvi-lo, ouvir sua família, comunicar-se com os outros profissionais para que as necessidades básicas sejam atendidas, são algumas das ajudas prestadas pelo psicólogo.
Tarefas do psicólogo no hospital
Rodriguez-Marín (2003 apud Castro, 2004, p.51) apresenta seis tarefas básicas do psicólogo que trabalha em hospital, que poderão ser entendidas a seguir:
Coordenação: relativa às atividades com os funcionários do hospital;
Ajuda à adaptação: em que o psicólogo intervém na qualidade do processo de adaptação e recuperação do paciente internado;
Inter consulta: atua como consultor, ajudando outros profissionais a lidarem com o paciente;
Enlace: intervenção, através do delineamento e execução de programas junto com outros profissionais, para modificar ou instalar comportamentos adequados dos pacientes;
Função assistencial direta: atua diretamente com o paciente;
Gestão de recursos humanos: para aprimorar os serviços dos profissionais da organização.
Humanização no ambiente hospitalar
A humanização no espaço hospitalar tem buscado trazer uma maior proximidade entre as equipes de saúde e os pacientes. 
Visa um atendimento de qualidade, não focando somente nas doenças, mas nas necessidades do cliente e da equipe de saúde de maneira ampla, de forma que todos se sintam assistidos com a devida atenção.
De acordo com Romano (1999 apud Dias, Coloniesi, Moreira e Radomile, 
2007, p.31):
“Humanizar abarca uma noção de atendimento individualizado, voltado às necessidades particulares e individuais de cada sujeito envolvido neste contexto. Assim, humanizar o atendimento é estar atento e disponível às necessidades do outro, e, neste contexto, insere-se a necessidade de tornar também mais humana as condições de trabalho da equipe de saúde. Humanizar envolve mudanças importantes na cultura institucional e, como consequência, nos relacionamentos interpessoais estabelecidos dentro do hospital.”
Clique aqui e veja uma pesquisa realizada sobre a humanização no atendimento.
Preocupação com a mente do indivíduo
O médico não deve ficar restrito apenas às teorias sobre o funcionamento do corpo humano. Ele deve preocupar-se com o funcionamento da mente e procurar entender sobre os diferentes tipos de personalidade.
Várias são as pesquisas no campo da humanização hospitalar, com o intuito de tornar este ato mais constante dentro dos hospitais e comprovar que um atendimento mais voltado para as necessidades do outro traz resultados satisfatórios ao tratamento.
Reflexão: Taraboulsi (2009, p. 200) fecha esta ideia de forma muito inteligente, afirmando que:
É necessário que haja consciência do papel que se desempenha no ambiente hospitalar, que a alma esteja descontraída e a disposição para com a vida em alta: somente assim, as funções que cabem a cada membro da equipe podem ser exercidas com satisfação e proporcionar momentos de alegria para aqueles que estão ao seu lado ou sob seus cuidados.
Nesta aula, você:
Entendeu a definição da Psicologia Hospitalare o atendimento multidisciplinar;
Reconheceu as características da Psicologia Ambulatorial em Hospital Geral;
Identificou as resistências existentes no ambiente hospitalar quanto à atuação do psicólogo;
Conheceu as ações de humanização em ambientes médicos.
Aula 9: A importância da Psicologia no tratamento interdisciplinar do câncer
O temor do câncer
Sabe-se que o câncer assusta a maioria das pessoas. Ele nos remete à perda, morte, sofrimento e angústia. É uma doença que preocupa a Organização Mundial da Saúde quanto ao seu desencadeamento, evolução e cura. Muitos tipos de câncer ainda são incuráveis, mas boa parte da população se nega a fazer os exames periódicos por medo do diagnóstico. O que se sabe é que a Medicina tem procurando evoluir no tratamento e na prevenção da doença. Além disso, quando descoberta no começo, existem grandes probabilidades do controle ou mesmo de sua cura.
Tumores e câncer
De acordo com Straub (2005, p.354),os tumores malignos, considerados cancerosos, “consistem de células renegadas que não respondem aos controles genéticos do corpo no que diz respeito a seu crescimento e divisão”.
Isto significa que nem todos os tumores são considerados malignos. Para ter certeza é preciso fazer exames, tais como ressonância, ultrassonografia e biópsia, a fim de obter um dado preciso sobre a patologia. Caso seja maligno, os tratamentos podem ser por meio de quimioterapia, radioterapia ou cirurgia, dependendo do tipo do câncer.
O que o câncer tem de pior é que ele envia, muitas vezes, células malignas a outras partes do corpo, propagando ainda mais a doença. Chama-se a isto de metástase.
Tipos de câncer mais comuns
Straub (2005, p. 355) apresenta alguns tipos de câncer mais comuns, visto que sua classificação é muito vasta:
Linfomas: são formados do sistema linfático 
Carcinomas: Atacam as células epiteliais que recobrem as superfícies internas e externas do corpo. Ele incluem o câncer de mama, de próstata, de colo, de pulmão, de pâncreas e de pele.v
Sarcomas: são malignidades de células de músculos, ossos e cartilagem.
Leucemia: Atacam os tecidos sanguíneos e formadores de sangue, como a medula óssea. 
Fatores de risco para o câncer
A seguir, serão apresentados alguns fatores de risco para o câncer:
História familiar: Apesar de a hereditariedade parecer ser um fator forte para o desenvolvimento do câncer, os resultados de pesquisas apresentam que apenas 5% dessa doença são devidas ao fator herança. Já a predisposição genética é relativamente representativa para o câncer de mama. Mas Stratton, Buckley, Lowe e Ponder (1999 apud Straub, 2005, p. 368) relatam que “apenas uma pequena porcentagem de todos os casos de câncer de mama é hereditária. A vasta maioria (por volta de 95%) está ligada a uma combinação de fatores de risco genéticos e não genéticos”.
Atividade física: Existem pesquisas que relatam sobre a falta de atividade física e o desenvolvimento do câncer. Segundo Vena e Cols (1995 apud Straub, 2005, p.367), “um estudo prospectivo de homens com câncer de cólon, homens com câncer retal e homens saudáveis verificou que quanto mais sedentário for o trabalho e quanto mais tempo permanecer no trabalho, maior será o risco de câncer de cólon”. O sedentarismo, a falta de atividade física e a ausência de exercícios cerebrais com atividades fora do emprego podem ajudar a desenvolver o câncer.
Riscos ambientais e ocupacionais: As toxinas liberadas pelas indústrias no ar e na água e o trabalho direto em contato com substâncias químicas tóxicas são perigosos para o desenvolvimento do câncer.
Tipos de personalidades: As personalidades depressivas, melancólicas e inexpressivas podem apresentar maior probabilidade para o desenvolvimento do câncer, principalmente o de mama. Mas existem questionamentos de alguns pesquisadores quanto a estes resultados.
Tabaco: O uso do tabaco por período prolongado causa problemas respiratórios e pulmonares que pode levar ao desenvolvimento do câncer. O tabagismo também está relacionado ao câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, pâncreas, colo uterino, rins e bexiga. De acordo com a American Cancer Society, apud Straub (2005, p. 363) o “hábito de fumar é responsável por cerca de 90% dos cânceres de pulmão”, devido à substância benzoapireno, encontrada nos cigarros.
Comidas: Algumas comidas podem ser propícias a causar o câncer, dependendo da maneira como são feitas e como são administradas para a ingestão. Comidas gordurosas e carne vermelha devem ser evitados, pois resultados de pesquisas comprovam a relação desses alimentos com o câncer de cólon, reto e próstata.
Álcool: O uso de álcool em excesso pode desenvolver o câncer, pois este sobrecarrega o sistema respiratório e digestivo. Ele acaba contribuindo para o câncer de mama, de cólon, de reto e de fígado. De acordo com Straub (2005, p. 366), “mulheres que consomem duas ou mais bebidas contendo álcool por dia têm, no mínimo, um risco 25% maior de desenvolver câncer de mama do que mulheres que não bebem”.
Atividade física: Existem pesquisas que relatam sobre a falta de atividade física e o desenvolvimento do câncer. Segundo Vena e Cols (1995 apud Straub, 2005, p.367), “um estudo prospectivo de homens com câncer de cólon, homens com câncer retal e homens saudáveis verificou que quanto mais sedentário for o trabalho e quanto mais tempo permanecer no trabalho, maior será o risco de câncer de cólon”. O sedentarismo, a falta de atividade física e a ausência de exercícios cerebrais com atividades fora do emprego podem ajudar a desenvolver o câncer.
OBS: Outro ponto importante para ser alertado é que nem todas as pessoas que fazem uso dos fatores mencionados terão câncer.
Prevenção
Para prevenir é preciso ter comportamentos opostos aos fatores de risco do câncer. É preciso praticar atividades físicas, não fumar, não beber, evitar expor-se a substâncias químicas tóxicas e alimentar-se bem. Conheça alguns alimentos indicados na prevenção do câncer!
Alho: Pó, cravos e suplementos.
Flavonoides: Vinho tinto, uva, maçãs, tomates, pimentas vermelhas, melancia.
Betacatoreno: Frutas amarelas, alaranjadas e escuras, vegetais.
Selênio: Fígado, cogumelos, alhos e peixes.
soflavonas indol: Vagens, grãos, produtos de soja.
Psico-oncologia
A Psico-oncologia busca abordar os pacientes com câncer e seus familiares, com a intenção de minimizar seu sofrimento, esclarecer suas dúvidas e ajudá-los a encontrar estratégias para enfrentar a angústia de estar com a doença.
Costa Junior (2001) define a Psico-oncologia como “um campo interdisciplinar da saúde que estuda a influência de fatores psicológicos sobre o desenvolvimento, o tratamento e a reabilitação de pacientes com câncer”.
O autor ainda apresenta como objetivos da área da Psico-oncologia “a identificação de variáveis psicossociais e contextos ambientais em que a intervenção psicológica possa auxiliar o processo de enfrentamento da doença, incluindo quaisquer situações potencialmente estressantes a que pacientes e familiares são submetidos”. (COSTA JUNIOR, 2011).
A Psico-oncologia busca promover qualidade de vida por meio do enfretamento da doença, redução do estresse, controle das oscilações de humor, conscientização sobre a importância da motivação para uma resposta positiva ao tratamento do câncer.
Tratamento da pessoa com câncer
O tratamento da pessoa com câncer é um processo muito doloroso. Começa desde o momento em que se descobre a doença. No primeiro momento, o paciente nega-se a entender e enfrentar o que está acontecendo com ele e reage como se fosse uma doença qualquer. Depois vem o medo da morte e a insegurança quanto ao processo de tratamento. Quando o tratamento é por meio da quimioterapia, na maioria das vezes há perda dos cabelos, as unhas ficam fracas, há emagrecimento, perda de apetite, enjoos, tontura, dentre outros efeitos colaterais. Neste momento o paciente sente a doença tomando conta da sua mente e do seu corpo.
Reflexão: É preciso acreditar na recuperação, lutar para viver e expor seus sentimentos,suas angústias e suas dúvidas, para que assim, os profissionais preparados para trabalhar com estes pacientes possam ajudá-los.
Fatores psicossociais
Veja alguns dos fatores psicossociais apresentados pelos pacientes com câncer:
Adaptação comportamental e ajuste emocional do paciente ao tratamento, estratégias de enfrentamento em contextos estressantes, indicadores de qualidade de vida, efeitos psicossociais do tratamento do câncer em longo prazo e modalidades de intervenção psicológica junto ao paciente e familiares ainda serão, por exemplo, alvo de estudos científicos e assunto de discussão pelos próximos anos. (COSTA JUNIOR, 2001, p.37)
Atendimento psicológico aos familiares de pacientes terminais
Existem duas formas para se trabalhar o luto em familiares de pacientes terminais:
Quando o luto está sendo vivenciado naquele momento (morte do paciente).
Quando a morte é um risco grande diante do diagnóstico do câncer.
Silva (2003, p. 5) aponta que esta situação é ambivalente:
 
Geradora de alívio, pois a família tem tempo para compreender e processar o que ainda vai acontecer, podendo realizar uma boa despedida do membro que irá falecer, e outra, geradora de angústia, pois a família pode ter a percepção de estar traindo o ente que ainda não morreu, desejando ou antecipando sua morte.
Atendimento aos familiares
No processo de atendimento aos familiares do paciente terminal, é muito importante que estes tenham espaço para expor suas angústias, aflições e necessidades de falar algo ao paciente quando lhe falta coragem.
O objetivo é eliminar todas as possibilidades de remorso quanto à morte do paciente, pois isto será muito mais difícil quando o luto de fato chegar.
Cada pessoa reagirá ao risco de morte ou ao luto de uma maneira. Uns ficarão depressivos, outros agitados, outros apáticos. Enfim, são diversas as reações, e o psicólogo deve estar preparado para todas.
OBS: 
Silva (2003, p.5) afirma que:
 
É importante baixar os níveis de ansiedade decorrentes das fantasias que poderão surgir, geralmente em torno das culpas, dos deveres ou das responsabilidades. Isso nem sempre é fácil para o profissional, mas pode ser feito, estando-se atento ao discurso do familiar enlutado, pontuando onde e como ele coloca elementos a mais, do que realmente está acontecendo.
Proposta de terapia
A terapia neste momento não tem o objetivo de promover solução para nenhuma questão mal elaborada ao longo da vida. A proposta é apenas minimizar o sofrimento, trabalhar a culpa e ajudar os familiares a enxergarem possibilidades de vida sem a presença do ente querido.
 
Com este pensamento, Pincus (1989, p. 230 apud SILVA, 2003, p. 6) afirma que:
 
A segunda característica importante de toda terapia breve sobre o trabalho da perda é a forte ênfase na crise de perda. Não estamos tratando de uma doença ou tentando interferir em distúrbios de personalidade, embora seja imperativo compreender que problemas de personalidade e do seu padrão de relações foram intensificados pela crise. Eles não podem ser resolvidos numa terapia breve, mas o problema específico que cada pessoa introduz na crise da perda tem de ser apreendido pelo terapeuta e pelo próprio enlutado.
Etapas da terapia
Por meio de pesquisas e investigações sobre o atendimento aos familiares enlutados, Silva (2003, pp. 7-8) relata algumas etapas que devem ser seguidas para que o psicólogo possa proporcionar um bom suporte.
1º momento: Dar acolhimento, deixar a pessoa falar, desabafar, chorar etc. O importante para que isto ocorra com eficácia é ter um vínculo estabelecido. Ter acompanhado o paciente (e os familiares) durante o seu período de internação pode auxiliar, mas, se isto não foi possível, o simples “estar presente” pode ser o suficiente.
2º momento: Acolher as fantasias dos parentes, como raivas, culpas, temores etc., aceitando sem grandes contradições no momento (até porque não se sabe ainda o quanto é fantasia e o quanto é realidade), mas também sem dar maiores reforços ao discurso
3º momento: Falar sempre a verdade em relação ao prognóstico do paciente.
4º momento: Descobrir a existência de alguém que possa resolver os problemas práticos da situação. Nesse momento, pessoas que não sejam tão ligadas ao paciente podem ser importantes, principalmente para dar apoio aos familiares (namorados, amigos, vizinhos, parentes distantes etc.).
5º momento: Poupar a família do excesso de ajuda externa. Aqui o psicólogo deve controlar sua própria ansiedade no ímpeto de querer ajudar. O excesso de estímulos vindos do exterior do núcleo familiar pode ser estressante. Cada família tem sua dinâmica, tempo e forma para “digerir” seus processos. Isto deve ser respeitado.
6º momento: Evitar a criação de fantasias de cura milagrosa (isso não significa resignação ao diagnóstico; pode-se buscar uma segunda opinião ou até outras formas de tratamento). A realidade deve ser encarada, sob pena de uma frustração maior posteriormente.
7º momento: Incentivar a família a respeitar e vivenciar junto com o paciente o tempo que resta, respeitando seus limites e as vontades. Isto, no entanto, não significa se submeter a qualquer imposição vinda do paciente, sob o fantasma de um futuro remorso ou culpa
.
8º momento: Esclarecer aos familiares menos ligados ao paciente terminal que manifestações emocionais vindas daqueles que estão mais ligados ao paciente não devem ser entendidas como agressões pessoais.
9º momento: É o momento de começar a contabilizar não só as perdas, mas, sobretudo, os ganhos da situação. Aqui, pode-se incentivar a família a fazer uma avaliação geral de como ela entrou, como está, e como sairá da situação. Também é o momento em que se pode realizar o encaminhamento para a psicoterapia, caso necessário.
Atenção: Percebe-se, portanto, que o atendimento à família do paciente terminal e ao próprio paciente é um processo que envolve postura de orientação, suporte e escuta aos enlutados ou eminentes a este acontecimento. Isto requer sabedoria para agir diante da situação, priorizando sempre a verdade e a ética nas atitudes do psicólogo.
 
R: Todas essas respostas são válidas:
• Angústia;
• Medo;
• Pavor;
• Desespero;
• Fé; 
• Sentir-se perdido;
• Negação;
• Aceitação;
• Desapontamento.
Nesta aula, você:
Entendeu a definição de câncer, assim como suas causas e tipos;
Reconheceu as características de sofrimento do paciente hospitalizado com câncer;
Identificou os níveis de atuação do psicólogo no espaço hospitalar com pacientes com câncer;
Conheceu as ações de atendimento aos pacientes e familiares em casos terminais com câncer;
Entendeu as angústias do psicólogo resultantes da atuação profissional.
Aula 10: O papel do psicólogo no tratamento dos transtornos alimentares e da obesidade
Introdução
Os transtornos alimentares consistem em descontroles no comportamento da ingestão de alimentos, normalmente causados por uma crença distorcida acerca da imagem corporal. Atualmente, o Manual de Diagnóstico de Doenças Mentais (DSMIV) entende como transtornos alimentares a anorexia nervosa  e a bulimia nervosa .
Esses transtornos são ocasionados por uma distorção da própria imagem corporal e pela necessidade de obter um corpo perfeito. Este corpo é buscado, erroneamente, por meio de:
• Privação de alimentos (AN);
• Ingestão em grandes quantidades, acompanhados de vômitos (BN).
Nesta aula, vamos abordar os principais conceitos sobre a AN e BN, os tratamentos clínicos disponíveis e esclarecimentos sobre a compulsão alimentar e a obesidade.
Preocupações
A preocupação com os transtornos alimentares é grande, pois se eles não receberem a devida atenção, podem.
A obesidade é preocupante para a OMS, pois indivíduos obesos desenvolvem depressão. Esta condição pode causar problemas respiratórios, vasculares, cardiovasculares e levar também à morte.
Anorexia Nervosa
A anorexia nervosa (AN) é um transtorno alimentar em que o indivíduo passa a ingerir uma taxa muito baixade calorias por dia, tentando alcançar o corpo perfeito que nunca obtém. 
Praticam ainda exercícios físicos em quantidade abusiva, podendo provocar o desmaio devido à fraqueza. As pessoas com AN sentem uma culpa enorme quando comem e têm a impressão de que engordaram muito com o alimento ingerido.
De acordo com Russell (1970, apud Claudino e Borges, 2002, p.9), “diversos critérios operacionais foram propostos para a AN, a maioria deles englobando basicamente:
 
• Comportamentos visando à perda de peso e sua manutenção abaixo do normal;
• Medo de engordar;
• Distúrbio de imagem corporal;
• Distúrbio endócrino (ex.: amenorreia).
Detecção da anorexia
Para avaliar se o paciente tem ou não anorexia, o dado mais simples seria a grande perda de peso, mas nem sempre o emagrecimento é sinônimo de anorexia. 
Portanto, alguns critérios de padronização foram criados, tais como:
 
• Índice de massa corporal (IMC = peso/altura ao quadrado) abaixo de 17,5 (critério utilizado pela CID-10);
• Percentual de adequação de peso inferior a 85% (critério utilizado pelo DSM-IV).
A anorexia é muito perigosa e pode levar o paciente à morte. Familiares, amigos e pessoas próximas devem estar atentos às reações desses pacientes e incentivá-los a buscar um tratamento o quanto antes.
Tratamento da anorexia
O tratamento não tem o único intuito de trabalhar os processos mentais, mas também os processos fisiológicos, pois o paciente anoréxico não consegue ingerir alimentos e, quando ingere, muitas vezes passa mal, pois seu organismo não está acostumado.
A AN envolve também uma disfunção endócrina, especialmente do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, identificada pela amenorreia (mulheres) e perda do interesse e potência sexual (homens). Em pré-púberes, há retardo no desenvolvimento das características sexuais secundárias (Claudino e Borges, 2002, p.9).
Bulimia nervosa
A bulimia nervosa se difere da anorexia em relação ao comportamento. 
Na BN, ocorre a ingestão de alimentos em grandes quantidades, num intervalo curto de tempo e de altas calorias, seguida de arrependimento. 
Na tentativa de eliminar o alimento do corpo, essas pessoas provocam vômitos ou tomam laxantes.
Russell (1979 apud Claudino e Borges, 2002, p.10), em artigo clássico, foi o primeiro a definir e distinguir a BN como categoria independente da AN, propondo três critérios básicos:
 
1. Impulso irresistível de comer excessivamente;
2. Medo mórbido de engordar;
3. Indução de vômitos e/ou abuso de purgativos na tentativa de evitar os efeitos “de engordar” da comida.
Personalidade dos pacientes com AN e BN
Diante dos dois transtornos alimentares estudados, conclui-se que:
 
Traços como obsessividade, perfeccionismo, passividade e introversão são comuns em pacientes com anorexia nervosa e permanecem estáveis mesmo após a recuperação do peso. 
As características de personalidade da bulimia nervosa são diferentes: 
• Sociabilidade;
• Comportamento gregário;
• Comportamentos de risco e impulsividade.
(MORGAN, Vecchiatti e NEGRÃO, 2002, p. 19).
Obesidade
A obesidade é um tipo de compulsão alimentar em que normalmente o indivíduo perde o controle sobre a quantidade de alimento ingerido, levando a um sobrepeso que ameaça sua saúde e lhe acarreta uma série de problemas fisiológicos, tais como diabetes, riscos cardiovasculares, problemas na coluna e nos joelhos, fadiga, falta de ar, entre outros.
Mas nem sempre o obeso come muito mais do que um magro. Portanto, a compulsão alimentar não é a única causa da obesidade; existem os fatores biológicos, sociais e psicológicos.
No que diz respeito aos fatores biológicos, pode prevalecer a hereditariedade, o descontrole hormonal e o funcionamento do cérebro. Caso a pessoa não tenha o núcleo hipotalâmico ventromedial (responsável pela saciedade da fome) funcionando de maneira equilibrada, sentirá fome constantemente.
Comportamento alimentares
O comportamento alimentar pode ser determinado por dois fatores:
Fatores Sociais: Pessoas inseridas numa cultura onde é costume ingerir alimentos gordurosos e não saudáveis como fast food são mais propensas a ser obesas, como é o caso dos americanos.
Fatores Psicológicos: Os fatores psicológicos podem ser a ansiedade, a compulsão e a depressão, que facilitam o exagero na ingestão dos alimentos ou, às vezes, a perda de apetite.
Tratamento da obesidade 
Os tratamentos contra a obesidade podem ser tão variados como:
Dietas associadas a atividades físicas
Ingestão de pílulas para emagrecer
Cirurgias
Tratamento psicológico
Programas para tratamento de obesidade 
De acordo com Straub (2005, p. 253), os programas de modificação do comportamento incluem os seguintes componentes:
Procedimentos de controle de estímulos para identificar e limitar o número de estímulos que levam o indivíduo a começar a comer (por exemplo: restringir-se a comer em um único local);
Técnicas de autocontrole para tornar o ato de comer mais lento (por exemplo: mastigar cada porção várias vezes, largando os talheres entre cada uma);
“Contratos de contingência”, dependendo de se atingir objetivos de perda de peso (por exemplo: o cliente deposita uma quantia que será recuperada à medida que os objetivos sejam alcançados);
Apoio social de familiares e amigos convocados para proporcionar reforço adicional pelo sucesso obtido e pela adesão ao tratamento;
Automonitoramento cuidadoso e anotações para aumentar a consciência de quais alimentos são consumidos e as circunstâncias em que isso acontece.
Cirurgia bariátrica e a obesidade
A cirurgia bariátrica é uma das medidas para o tratamento do indivíduo obeso quando este se encontra no sobrepeso há muito tempo, com histórico de várias tentativas para emagrecer sem sucesso. Entenda como ela funciona:
• Parte do estômago é grampeado, reduzindo o espaço para o alimento;
• O desvio intestinal causa um aumento de hormônios que promovem a saciedade, diminuindo assim a fome.
Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão arterial.
Atenção: Para que este procedimento seja realizado, é fundamental que o paciente seja atendido por uma equipe multidisciplinar. O psicólogo, nesta equipe, tem a função de avaliar o quanto o paciente está comprometido e disponível para a cirurgia e informá-lo sobre as responsabilidades que ele deverá desenvolver no pós-cirúrgico.
Esse tipo de medida mais invasiva requer um preparo psicológico muito grande. Oliveira e Yoshida (2009) ressaltam que é preciso haver uma investigação por parte do psicólogo, anteriormente à cirurgia, sobre o comprometimento deste paciente com a perda de peso após o procedimento.
Equipe multidisciplinar  na cirurgia bariátrica
O preparo para cirurgia bariátrica envolve uma equipe multidisciplinar, tais como:
Médico: Esclarece os procedimentos cirúrgicos e as possíveis complicações;
Fisioterapeuta: Explica a estimulação da musculatura do estômago e aos pulmões antes e após a cirurgia ;
Nutricionistas: Explica quais alimentos poderá ingerir e como eles deverão ser ingeridos;
Psicólogo: Entrevista o paciente antes da cirurgia e o acompanha após a cirurgia 
Melhora do quadro emocional
Apesar de os resultados sobre o trabalho do psicólogo, diante dos pacientes que já realizaram a cirurgia bariátrica, serem escassos, alguns apontam que:
 
“Em relação aos indivíduos já submetidos à cirurgia, apesar de também não haver unanimidade, a maioria dos estudos indica uma melhora no quadro emocional, principalmente nos primeiros meses, se estendendo até por dois anos” (Dixon et al., 2003; Dymek et al., 2002; Malone & Mayer-Alger, 2004; Mello, 2001; Peixoto & Geloneze, 2006, apud Oliveira e Yoshida, 2009, p.13 ).
Alguns pacientes se sentem deprimidos após a cirurgia, pois não conseguem mais depositar suas angústias e ansiedades na alimentação. O organismo passa a não aceitar o mesmo padrão de antese o corpo rejeita quando é ingerida uma quantidade maior de alimento.
Esta questão requer um trabalho psicológico contínuo de aceitação ao novo corpo e ao novo comportamento alimentar, fazendo com que o indivíduo consiga enxergar novos prazeres.
Nesta aula, você:
Entendeu a definição de transtorno alimentar;
Reconheceu os tipos de transtornos;
Identificou a influência sociocultural no transtorno alimentar;
Conheceu o tratamento clínico de alguns transtornos alimentares;
Entendeu a participação do psicólogo nas cirurgias bariátricas.

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