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Resumo Contratos (Reparado)

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DIREITO CIVIL – CONTRATOS	3
CONTRATOS EM GERAL	3
PRINCÍPIOS	3
AUTONOMIA PRIVADA/DA VONTADE/ VOLUNTARIEDADE/ LIBERDADE DE CONTRATAR	3
RELATIVIDADE	4
OBRIGATORIEDADE (“PACTA SUNT SERVANDA”)	4
REVISÃO JUDICIAL DOS CONTRATOS	5
CONSERVAÇÃO DOS CONTRATOS	7
BOA-FÉ/PROBIDADE	7
FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS	11
CONSENSUALISMO	12
ATIPICIDADE	12
PROTEÇÃO AO ADERENTE	12
INTERPRETAÇÃO	13
REQUISITOS	13
Requisitos e Planos	13
CLASSIFICAÇÃO	14
Bilateral, Unilateral e Plurilateral	14
Oneroso e Gratuito	14
Comutativo e Aleatório	15
Consensual e Real	16
De Execução Instantânea, de Execução Continuada e de Execução Diferida	16
Típico e Atípico (ou nominado e inominado)	16
Solenes e não solenes	17
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS	17
CONTRATO ENTRE PRESENTES (“INTER PRAESENTES”)	17
CONTRATO ENTRE AUSENTES (“INTER ABSENTES”)	17
FASES DE FORMAÇÃO DOS CONTRATOS	18
EVICÇÃO E VÍCIO REDIBITÓRIO	19
REVISÃO CONTRATUAL POR ONEROSIDADE EXCESSIVA SUPERVENIENTE	23
CONCEITO	23
REQUISITOS PARA A REVISÃO	23
EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO	24
EXTINÇÃO	25
Causas concomitantes	26
Causas supervenientes	27
CONTRATOS EM ESPÉCIE	29
COMPRA E VENDA	29
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA	31
TROCA OU PERMUTA	33
CONTRATO ESTIMATÓRIO	33
DOAÇÃO	33
CLÁUSULAS QUE PODEM VIR ATRELADAS AO CONTRATO DE DOAÇÃO	34
REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO	35
LOCAÇÃO	36
LOCAÇÃO DE COISAS MÓVEIS	36
LOCAÇÃO DE BEM IMÓVEL URBANO – LEI DO INQUILINATO (8.245/91)	37
LOCAÇÃO IMÓVEL RURAL – ESTATUTO DA TERRA (LEI 4.504/64 E D. 59.566/66)	43
EMPRÉSTIMO: COMODATO E MÚTUO	45
COMODATO	45
MÚTUO	46
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS	47
EMPREITADA	48
DEPÓSITO	48
DEPÓSITO VOLUNTÁRIO	49
DEPÓSITO NECESSÁRIO	49
MANDATO	50
COMISSÃO	51
AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO	52
AGÊNCIA	52
DISTRIBUIÇÃO	53
CORRETAGEM	53
TRANSPORTE	53
SEGURO	53
CONSTITUIÇÃO DE RENDA	54
FIANÇA	55
TRANSAÇÃO	57
COMPROMISSO	57
ATOS UNILATERAIS	58
DIREITO CIVIL – CONTRATOS
Contrato é eminentemente um acordo de vontades (negócio jurídico bilateral) visando criar, extinguir, conservar ou modificar relações jurídicas obrigacionais, e que estejam em sintonia com o ordenamento jurídico.
Negócio jurídico bilateral e unilateral – essa classificação leva em conta o número de participantes.
Negócio jurídico unilateral – celebrado por uma só pessoa – ex. testamento. 
Negócio jurídico bilateral – realizado por mais de uma pessoa – ex. todos os contratos.
≠
Contrato unilateral ou bilateral – quem está assumindo obrigações.
Contrato unilateral – apenas um dos contratantes assume obrigações. Ex. doação pura. Só o doador tem obrigações.
Contrato bilateral – ambos os contratantes assumem obrigações. Ex. compra e venda, doação onerosa. 
Doação pura: negócio jurídico bilateral e contrato unilateral!
É uma das principais fontes de obrigação.
Natureza jurídica: negócio jurídico.
CONTRATOS EM GERAL
PRINCÍPIOS
Devem ser aplicados em toda a fase contratual (pré, durante e pós contrato).
Clóvis do Couto e Silva – “A obrigação como processo”- fala das fases do contrato como sendo um processo:
 Negociações prelim minuta adimplem
 Pré-contratual Execução contratual Pós-contratual
 (inadimpl)
AUTONOMIA PRIVADA/DA VONTADE/ VOLUNTARIEDADE/ LIBERDADE DE CONTRATAR
Art. 421.
As partes contratantes têm liberdade, dentro de limites impostos pelo Estado, para contratar ou não, para escolher a outra parte, estipular as cláusulas...
Surgiu com a Revolução Francesa e o ideal de liberdade da sociedade burguesa.
Atualmente, esta liberdade encontra maiores limites, mas ainda assim é a base da teoria geral dos contratos: liberdade de estipulação.
Dirigismo contratual – significa a intervenção do Estado nas relações entre os particulares. Ex. CDC, CLT, Código Civil, arts. 423 e 424, por exemplo.
Tem-se preferido falar em autonomia privada, pois a autonomia é da pessoa, e não da vontade!
Limitadores à liberdade de contratar:
“Crise dos contratos”- com o grande crescimento dos contratos de adesão, a autonomia da vontade fica muito restrita. 
Contratos coativos – contratos em que, embora haja uma margem de liberdade, acabam se tornando coativos pelas circunstâncias com que apresentado. Ex. empresa que obriga os funcionários a receberem o salário em determinado banco. Quem não era correntista daquele banco, tem que se tornar, para poder receber. 
Contratos de adesão – limita a liberdade do aderente em relação ao conteúdo das cláusulas do contrato.
Obs. contrato de adesão não necessariamente é de consumo! Tanto é que está regulado no art. 423 do Código Civil (interpretação mais favorável ao aderente quando as cláusulas forem ambíguas ou contraditórias) e art. 424 (nulidade da renúncia antecipada das cláusulas benéficas ao aderente).
Função social – art. 421. 
E se o contrato não obedecer a sua função social?
Art. 166, VII, última parte – gera nulidade absoluta.
Deve ser declarada de ofício. Art. 168, § único.
E, se essa cláusula for estrutural, que compromete a integralidade do contrato, a nulidade é de todo o contrato. Mas pode ter efeito parcial sobre o contrato, se não o atingir em sua estrutura.
RELATIVIDADE
O contrato somente é válido entre as partes. Só quem assina pode ter direitos e deveres oriundos deste contrato.
CC02: 3 contratos que produzem efeitos com relação a terceiros:
- estipulação em favor de terceiros (art. 436 e ss.)
Um dos contratantes (estipulante) indica uma terceira pessoa para ser beneficiária da prestação a ser cumprida pelo outro contratante. Neste caso, o terceiro tem um direito. 
- promessa de fato de terceiro (art. 439)
O promitente promete ao outro contratante que terceiro irá cumprir a obrigação. Aqui, o terceiro tem um dever.
Se o terceiro aceitar e não cumprir, somente o terceiro responderá.
- contrato com pessoa a declarar (art. 467)
É uma novidade do CC02.
A celebra com B um contrato, mas um deles se reserva o direito de indicar uma terceira pessoa que assumirá a sua posição no contrato. O terceiro tem direitos e deveres, porque vai assumir a posição no contrato, com direitos e deveres. O prazo para indicar a terceira pessoa é de 5 dias, se outro não tiver sido estipulado no contrato. 
OBRIGATORIEDADE (“PACTA SUNT SERVANDA”)
No momento em que as partes se comprometem a contratar, devem obediência ao que foi pactuado. O contrato faz lei entre as partes contratantes, permitindo sua cobrança judicial.
Art. 389 – não cumprida a obrigação, responde o devedor por PD, JRS... (consectários legais) + cláusula penal (cláusula convencionada).
Intangibilidade dos contratos – reflexo do contexto sócio-econômico pós Revolução Francesa (liberalismo).
Se a autonomia de contratar é mitigada pelos contratos coativos, de adesão e função social, a obrigatoriedade também tem de o ser.
Assim, o novo CC mitigou este princípio (então ainda tem aplicabilidade), através dos princípios seguintes: Teorias Revisionistas.
	Teorias revisionistas
Relativizam o “pacta sunt servanda”:
Teoria da Imprevisão
Teoria da Quebra da Base Objetiva do Negócio Jurídico
Teoria da Onerosidade Excessiva/ Teoria da Lesão
REVISÃO JUDICIAL DOS CONTRATOS
TEORIA DA IMPREVISÃO
A cláusula “rebus sic stantibus” (= coisa assim ficar), embora existente há muito tempo, ressurgiu no direito após a 1ª Guerra Mundial, quando muitos contratos de trato sucessivo ou de execução diferida foram afetados, tornando excessivamente oneroso o cumprimento das obrigações assumidas.
Na vigência do Código Civil de 1916, era uma possibilidade muito restrita, pois somente poderia ocorrer em situações excepcionais, quando ocorria a Teoria da Imprevisão (“rebus sic stantibus”).
Só se revisa contrato (diferido no tempo) quando se verificar que, para o seu cumprimento, uma das partes sofrerá um encargo excessivamente oneroso, e que assim se tornou em virtude de um fato absolutamente imprevisível. – equilíbrio “ab initio”.
Nesse caso, o Poder Judiciário, podeser invocado para revisar esse contrato excessivamente oneroso.
Requisitos: 
- equilíbrio inicial do contrato
- contratos diferidos no tempo
- ocorrência de circunstância superveniente
- ocorrência de circunstância imprevisível
- binômio excesso de ônus e excesso de vantagem
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Aqui, o intuito da teoria revisionista está bem claro: revisar o contrato para mantê-lo produzindo efeitos, com a correção feita pelo juiz. 
TEORIA DA QUEBRA DA BASE OBJETIVA 
Atualmente, entretanto, a autonomia da vontade encontra-se mais restrita, se comparada ao Código de 1916. Diminuindo-se a autonomia, diminui-se, também, a obrigatoriedade, de modo que aumentou a possibilidade de revisão judicial.
Os princípios consagrados pelo Código de Defesa do Consumidor (que, por ser um micro-sistema, expande sua principiologia para o resto do ordenamento jurídico), referem, dentre outras coisas, a possibilidade de revisão judicial por lesão – art. 6º, inciso V do CDC. Neste caso, o desequilíbrio já está dentro do contrato, em seu nascedouro. Não é necessária a ocorrência de um fato superveniente, tampouco de um fato imprevisível. A legislação consumerista dispensou, assim, a Teoria da Imprevisão.
Teoria Alemã – Teoria da Quebra da Base do Negócio ou Teoria da Pressuposição (Windscheid): o contrato tem uma base (situação fática existente no momento da celebração do contrato). O contrato é feito prevendo-se qual será a base fática do momento do seu cumprimento. Se essa base for quebrada, pode revisar. Ex. aluga uma casa na praia supondo que as férias a que tem direito serão concedidas. Caso as férias não sejam concedidas, e tendo a outra parte tomado conhecimento desta pressuposição, o negócio poderá ser desfeito. Esta teoria foi criticada por ser muito subjetiva. A previsão da “base futura” depende da visão de cada um.
Quebra da Base Objetiva do Negócio (K. Larenz): a projeção da base futura deve ser objetivamente analisada por qualquer pessoa, tendo em vista a realidade atual. Se essa base objetiva for quebrada, revisa. Essa teoria foi adotada pelo CDC.
Requisitos da teoria:
- relação de consumo com desequilíbrio “ab initio”;
- prestações continuadas;
- binômio excesso de ônus x excesso de vantagens;
Não precisa do requisito superveniente e imprevisível.
TEORIA DA ONEROSIDADE EXCESSIVA 
Também é chamada de Teoria da Lesão, segundo Lúcia Isabel Junqueira.
Onerosidade excessiva, por si só, na verdade, tem em todas as teorias.
Requisitos:
- relação de natureza civil com desequilíbrio no início;
- obrigações continuadas;
- binômio excesso de ônus x excesso de vantagens.
Não precisa ter o elemento externo.
CC => art. 478: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Teoria da Imprevisão/Teoria da Onerosidade Excessiva. Contém os requisitos da teoria da imprevisão mas não é a teoria da imprevisão, porque extingue o contrato.
O novo Código retrocedeu no tempo, ao adotar esta teoria. Porém, é uma cláusula implícita, não precisando vir expressa nos contratos.
É uma extinção via resolução.
CDC => art. 6º, V: a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; Teoria da quebra da base objetiva do contrato. 
Teoria da onerosidade excessiva x lesão
Na lesão, a desproporcionalidade já nasce com o contrato. É inválido, retroage e apaga tudo. Nenhum efeito é produzido.
Na resolução por onerosidade excessiva, o vício da desproporção nasce depois – fato superveniente. Contrato é válido e é resolvido, retroagindo apenas até a citação.
Obs. ver mais no tópico próprio sobre Resolução por Onerosidade Excessiva Superveniente.
*Todas as teorias revisionistas têm caráter excepcional. O “pacta sunt servanda” segue sendo a regra!
**Todas visam a mesma coisa: evitar a extinção do contrato e estabelecer/restabelecer o equilíbrio.
***Não devem ser aplicadas de ofício pelo juiz. Deve ser sempre a requerimento das partes, já que batem com a idéia da obrigatoriedade dos contratos.
 
CONSERVAÇÃO DOS CONTRATOS
O contrato deve ser mantido, na medida do possível.
Se for possível apenas alterar cláusulas, não há porque rescindir todo o contrato.
O art. 478, em afronta a este princípio, nem chega a falar em possibilidade de modificação da cláusula excessivamente onerosa, e o art. 479, por sua vez, menciona esta possibilidade, porém condicionando-a à vontade do réu:
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. 
BOA-FÉ/PROBIDADE
É uma cláusula geral de observância obrigatória e, assim como os demais princípios, deve pautar o contrato em todo o seu processo.
O princípio da probidade, que era um princípio de ordem pública, foi inserido dentro da seara privada, para prestigiar a idéia de lealdade, legalidade... no exercício de uma conduta, para fortalecer a boa-fé. – publicização do direito privado (utilização de um princípio de ordem pública como parâmetro nas relações privadas).
Art. 422.
Subjetiva: é a referente ao estado de espírito da parte. É mental, psicológica, interna. Estado psicológico de firme crença ou ignorância. Essa boa-fé sempre foi protegida pelo ordenamento.
Ex. art. 1.201 – posse de boa-fé = boa-fé subjetiva = pessoa que ignora o vício. Firme crença que tem direito à posse do imóvel. 
Ex2. credor putativo = quem paga a ele está de boa-fé. Firme crença de que ele é o credor. 
Objetiva: esta que é a inovação do Código de 2002. É externa. Refere-se a deveres anexos do contrato/laterais. São cláusulas que, ainda que não escritas, devem ser cumpridas. Atingem tanto o devedor como o credor e, às vezes, até terceiros.
Outros sinônimos: deveres colaterais, satelitários, fiduciários, secundários.
É uma nova visão das partes do contrato. Estas não são mais vistas como adversárias, mas sim como parceiras uma da outra.
Protege-se a justa expectativa que elas têm. Uma deve colaborar com a outra para suprir esta expectativa – dever geral de colaboração. 
Não basta a boa intenção (boa-fé subjetiva). Tem que ter boa conduta (boa-fé objetiva). 
Funções da boa-fé objetiva:
- integrativa
A boa-fé deve funcionar como uma forma de suprimento de lacunas.
- interpretativa
A boa-fé cria um padrão de conduta esperado.
No caso concreto, analisa-se o quanto a pessoa se afastou desse padrão de conduta.
- informativa
A boa-fé cria deveres anexos ao contrato.
Desse dever geral de colaboração decorrem outros:
Dever de informação
Dever de informar a parte, não lhe sonegando informações. Ex. manual de instruções deve vir obrigatoriamente com o produto.
Dever de lealdade
Dever de cooperação
Dever de confidencialidade
Boa-fé objetiva e fases contratuais (extensão da boa-fé): 
O art. 422 fala em conclusão e execução do contrato, mas a doutrina novamente critica a redação do artigo, dizendo que a boa-fé objetiva deve ser observada em todas as fases contratuais: antes da formação (tratativas, oferta, proposta e contratos preliminares), durante a execução e, até mesmo, após a extinção do contrato – responsabilidade “post pactum finitum”. 
Assim, a fase pós-contratual também é protegida – ex. dever de realizar recall. Boa-fé nos vícios redibitórios e na evicção. 
E. 26, CJF – o juiz deve, quando necessário, intervir no contrato e até chegar a sua resolução, quando não estiver sendo cumprida a boa-fé objetiva – dirigismo judicial do contrato (atualmente em voga,em substituição ao dirigismo legal). Pode, inclusive, aplicar de ofício a boa-fé objetiva. É norma de ordem pública.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
A maioria da doutrina diz que esse artigo se refere somente à boa-fé objetiva, mas há quem sustente (Tartuce) que esta é a boa-fé subjetiva. 
A boa-fé objetiva seria a boa-fé subjetiva + dever de probidade.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Conceitos relacionados à boa-fé objetiva:
São interpretações que vêm do direito civil comparado e tem sido aplicadas no Brasil, anda sem normas expressas. Surgem dentro da função reativa da boa-fé objetiva.
Obs. função ativa da boa-fé: impõe os deveres de boa conduta, lealdade, retidão.
Função reativa da boa-fé: a boa-fé é utilizada como forma de defesa, forma de resistir a uma pretensão. 
Supressio
É a supressão/perda de um direito pela falta de seu exercício no tempo. 
É diferente de prescrição. Nesta, há um prazo previsto em lei para exercício do direito.
Na supressão, é o juiz quem determina este prazo. Ele que vai dizer se o prazo era razoável ou não para o exercício daquele direito. 
Surrectio
É o surgimento de um direito em virtude de uma conduta tolerada no tempo pelo outro contratante.
É o outro lado da supressio.
Ex. art. 330 – pagamento feito reiteradamente em outro local faz presumir renúncia do credor em relação ao que consta no contrato. 
Se as partes reiteradamente adotam uma conduta, não pode uma delas, de repente, exigir que a outra se comporte de outra forma, ainda que esta última seja a que consta do contrato. Ex. se o credor vai sempre na casa do locatário buscar o dinheiro, presume-se que renunciou à cláusula que constava do contrato de que o pagamento se daria no domicílio do credor.
A “surrectio” condiz com a boa-fé objetiva + a idéia de abuso de direito. 
A inércia de uma das partes torna o exercício do direito abusivo.
Ex. do art. 330, CC:
Supressio = perda do direito = ocorre com o credor
Surrectio = surgimento do direito = ocorre com o devedor
“Venire contra factum proprium non potest” ou, simplesmente, “venire” 
É o exercício inadmissível da posição jurídica. 
Proibição do comportamento contraditório ou doutrina dos atos próprios.
Dever de não agir contra fato próprio: a ninguém é dado valer-se de determinado ato, quando este lhe for conveniente e vantajoso, e depois se voltar contra ele quando não mais lhe interessar. Esse comportamento contraditório denota intensa má-fé, ainda que revestido de aparência de legalidade ou de exercício regular de direito. 
Ex. Casal vende um apartamento. Posteriormente, condomínio ajuíza ação de cobrança contra o casal referente à taxa condominial. O casal se defende, alegando que o apartamento havia sido vendido.
Depois, o casal se separa e a mulher ajuíza ação anulatória de venda de imóvel realizada pelo seu cônjuge sem a vênia conjugal. 
O advogado do adquirente suscita a questão do comportamento contraditório (antes disse que não era dona e depois disse que não deu autorização) e o “venire” foi reconhecido – idéia da boa-fé objetiva + abuso do direito.
Ex2. Art. 180 – menor relativamente incapaz que oculta a sua idade e depois a invoca para eximir-se de uma obrigação. Regra de que “a malícia supre a incapacidade”.
“Tu quoque”
Origem: “até tu, Brutus” (“Tu quoque, Brutus, fili mi”).
É a regra que impede uma pessoa de se beneficiar do descumprimento de uma norma jurídica por ela própria. 
Ex. exclusão por indignidade – não pode matar os pais e receber a herança deles!
Impede uma pessoa de se beneficiar do locupletamento ilícito (ninguém pode se valer da própria torpeza).
 
“Duty to mitigate the loss”
É o dever de mitigar o próprio prejuízo.
Ex. sítio de A, pequeno, vizinho de B, grande propriedade rural.
A coloca fogo em uma área sua, mas este foge do seu controle e começa a ameaçar a área de B. A vai na propriedade de B, avisa do perigo e pede ajuda para o proprietário, que tem bastante maquinário e funcionários. Porém, B nada faz. O fogo atinge a sua propriedade, devasta a área. B ajuíza ação de indenização.
O juiz disse que o A tinha o dever de indenizar, mas reduziu o valor da indenização, tendo em vista o dever que o B tinha de tentar minorar as conseqüências.
Ex2. Art.771 – segurado deve informar ao segurador tão-logo ocorra o sinistro, para minorar as consequências.
 Segurado, vendo que a casa está começando a pegar fogo, tem que chamar imediatamente os bombeiros e avisar a seguradora, não esperar que a casa queime toda!
Cespe, 2011: O princípio da boa-fé objetiva contratual tem, entre outras funções, a de limitar o exercício de direitos subjetivos, sobre a qual incidem a teoria do adimplemento substancial das obrigações e a teoria dos atos próprios, daí derivando os seguintes institutos: tu quoque, venire contra facutm proprium, surrectio e supressio. Este último assegura a possibilidade de redução do conteúdo obrigacional pactuado, pela inércia qualificada de uma das partes, ao longo da execução do contrato, ao exercer direito ou faculdade, criando para a outra a legítima expectativa de ter havido a renúncia àquela prerrogativa. – Correta!
FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS
Também é novidade no Código de 2002.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
A doutrina critica essa expressão “liberdade de contratar”, pois ela tem a ver com a capacidade da parte de contratar. Deveria ser “liberdade contratual”, que, aí sim, diria respeito ao seu conteúdo.
“em razão”- a doutrina também critica essa expressão, pois a função social não é a razão de serem celebrados contratos! Os contratos são celebrados em razão de interesses particulares! A função social é apenas limite à liberdade contratual.
Função social:
Conceito: princípio que limita a liberdade contratual (autonomia privada), quando presentes interesses metaindividuais (direitos difusos e coletivos), ou individuais relativos à dignidade da pessoa humana. 
Por ser norma de ordem pública, se for violada, acarretará a nulidade absoluta do negócio jurídico.
E. 23, CJF - 
As partes contratantes não têm liberdade para estipular um contrato que prejudique interesses socialmente relevantes.
podem ser de caráter coletivo (ex. meio-ambiente) ou individual (ex. dignidade da pessoa humana, tanto de dentro como de fora do contrato).
Efeitos “meta-contratuais” – se opõem ao princípio da relatividade dos contratos – o princípio da função social considera os efeitos extracontratuais.
Eficácia interna da função social ou função intrínseca: são os efeitos do princípio que incidem sobre os contratantes. 
A B
Função social de fora para dentro do contrato. O interesse da coletividade está limitando o interesse das partes contratantes.
Ex. mitigação da força obrigatória do contrato.
Ex2. proteção da parte vulnerável da relação contratual (consumidor e aderente). É a própria sociedade que limita os poderes da outra parte.
Ex3. vedação da onerosidade excessiva (tanto no momento da formação do contrato – arts. 157 e 158 – como no momento de execução do contrato – art. 317). O interesse da sociedade é a manutenção do equilíbrio.
Ex4. “arremesso de anão”.
Eficácia externa do princípio da função social ou função extrínseca ou tutela externa do crédito: 
A B
Função social de dentro para fora. A coletividade é que sofrerá restrições.
Aqui, a doutrina avançada supera aquela dicotomia entre os direitos obrigacionais e reais, na qual aqueles teriam efeitos relativos, obrigando apenas as partes, enquanto os reais teriam efeitos absolutos, com obrigação “erga omnes”. O dever geral de abstenção deve existir tanto frente ao direito de propriedade quanto frente aos contratos. A coletividade,tendo ciência do contrato, deve se abster de praticar qualquer ato que o prejudique. – dever geral de abstenção da coletividade frente ao contrato. Obs. o que se impõe, segundo essa teoria moderna, à coletividade, é o dever geral de abstenção, uma obrigação negativa.
Ex. art. 608 – pune quem alicia pessoas a trabalharem para outras, quando já há um contrato escrito obrigando o aliciado a prestar o serviço para alguém. 
Caso prático: Zeca Pagodinho e a guerra das cervejarias. A Nova Schin processou a Brahma por aliciar o cantor quando ele tinha contrato de publicidade com aquela.
Se o contrato não cumprir a sua função social, judiciário poderá revê-lo, retirando a cláusula conflitante ou até rescindindo o contrato. E. 22, CJF – intervenção judicial no contrato que não cumprir a sua função social, podendo-se chegar até a sua resolução. 
 dirigismo judicial – juiz controlando o contrato
Art. 2.035, §único – a função social do contrato é princípio de ordem pública, devendo ser observado mesmo pelos contratos firmados na vigência do CC16. 
É um princípio interpretativo também.
CONSENSUALISMO
Não há contrato sem consenso, e, para a maioria dos contratos, basta o consenso.
Os contratos formais são exceção.
ATIPICIDADE
Art. 425 – o CC prevê contratos típicos, mas autoriza a formação de contratos atípicos.
PROTEÇÃO AO ADERENTE
Art. 423 (equivale ao art. 47 do CDC) e art. 424 (art. 51, CDC).
2 funções desse princípio:
- dizer que os contratos de adesão são uma forma lícita de contratação.
Esse tipo de contrato é, aliás, necessário.
- proteger o aderente.
Já que ele não dispôs de liberdade contratual, é justo que, então, seja protegido.
INTERPRETAÇÃO
REQUISITOS
Subjetivos: diz respeito às partes contratantes.
2 ou mais pessoas (pois consentimento pressupõe no mínimo duas pessoas).
Obs. Auto-contrato ou contrato consigo mesmo: aparece uma pessoa só, mas esta está manifestando a sua vontade e representando a vontade da outra. Ex. compra e venda – recebe procuração do vendedor para passar o bem para o seu nome. Só assim é possível.
Capacidade para manifestar validamente a vontade de cada um.
Obs. Existem casos em que a capacidade é prescindível: casos de contrato social – ex. criança pega ônibus, compra produto no supermercado... produz os mesmos efeitos do contrato.
Legitimação para determinados contratos (capacidade específica).
Determinados contratos são proibidos para determinadas pessoas.
Ex. juiz não pode participar do leilão judicial de bem oriundo de processo que julgou.
Objetivos:
É o objeto do contrato (= objeto da obrigação = conduta devida = prestação).
 Licitude – não afronta à ordem pública/bons costumes
 Possibilidade física – impossibilidade absoluta invalida. Relativa não invalida.
 Possibilidade jurídica 
 Determinabilidade – até o momento da execução
 Patrimonialidade – economicamente apreciável
Consentimento:
Em geral, basta para a formalização do contrato.
Deve abranger a existência e natureza do contrato, o objeto e as cláusulas.
Forma: RG – LIVRE. Informalidade. Basta o consenso.
 Exceção - exigida forma especial para alguns contratos: ex. fiança – contrato escrito; alienação/oneração de imóveis – escritura pública se superior a 30SM.
Consentimento expresso mímica
 verbal
 escrito 
 tácito
 silêncio
Requisitos e Planos
Plano da Existência: partes
 consenso (proposta + aceitação)
 objeto (obrigações que vão surgir para os contratantes)
 Plano da Validade: (art. 104) capacidade das partes (pessoa física)
 constituição da empresa (pessoa jurídica)
 ausência de vícios de consentimento
 legitimidade (para alguns contratos)
 forma prescrita/não defesa em lei
 objeto lícito, possível, determinado ou determinável
Plano da eficácia: análise se as obrigações contratuais já são exigíveis.
 condição, termo e encargo
 
CLASSIFICAÇÃO
Bilateral, Unilateral e Plurilateral
O que se analisa são as obrigações, não as manifestações de vontade.
Bilateral: gera obrigações recíprocas para as partes. Ex. comprador tem que pagar o preço e vendedor tem que entregar o bem. Ex2. Comodato – com a entrega da coisa, comodante não tem mais obrigações. 
Unilateral: gera obrigação principal somente para um dos contratantes. Ex. doação simples, fiança, mandato, comodato, mútuo.
Plurilateral: tem três ou mais vontades/ partes envolvidas. É chamado de contrato complexo. Não é sinalagmático – a prestação de uma das partes não é causa da do outro. As prestações são destinadas a um beneficiário comum. Ex. contrato social. Os sócios não podem alegar a exceção do contrato não cumprido. Se um dos sócios não integralizar o valor a que se comprometeu, o outro não poderá deixar de integralizar a sua parte alegando o inadimplemento do sócio remisso. Igualmente, não se pode resolver o contrato quando um dos sócios não integraliza o capital. Também não se exige um mínimo de equivalência nas prestações – um sócio pode ter 95% do capital social e o outro pode ter apenas 5%.
Só nos contratos bilaterais é que é possível suscitar a “exceptio non adimpleti contractus” (exceção do contrato não cumprido) – art. 476.
Contrato sinalagmático – que tem sinalagma – uma das prestações é causa da outra – ex. compra e venda: vendedor só entrega o bem porque o comprador vai pagar o preço.
Orlando Gomes: “todo contrato bilateral é sinalagmático”, mas estes termos não são sinônimos.
Obs. Doação com encargo – unilateral imperfeito – embora existam prestações para ambas as partes, o contrato não é sinalagmático. A causa da prestação do doador não é o cumprimento do encargo pelo donatário, mas sim a liberalidade. Também não é considerado bilateral porque não há equivalência econômica das prestações (uma das características do contrato bilateral). 
No contrato bilateral, e por ser sinalagmático, se uma das partes não cumprir a sua obrigação, a outra pode pedir a resolução do contrato, devido a esta causa (superveniente) do inadimplemento.
Oneroso e Gratuito
Critério de deslocamento patrimonial.
Oneroso: para cumprir as obrigações provenientes do contrato, todas as partes sofrem um desembolso patrimonial. Tem equilíbrio econômico. Ex. compra e venda – comprador desembolsa o dinheiro e vendedor perde o bem.
Gratuito: uma das partes não sofre prejuízo algum. Contrato benéfico. Ex. comodato – comodatário usa a coisa de graça. Ex2. Doação.
A princípio, existe uma identidade entre essas duas classificações: 2ª máxima de Orlando Gomes: “todo contrato bilateral é oneroso, e todo contrato unilateral é presumidamente gratuito”.
Bilateral oneroso
Unilateral gratuito
Exceção: mútuo a juros (mútuo feneratício) – é unilateral, mas oneroso.
Efeitos dessa classificação:
Hermenêutica contratual
Art. 114 – interpretação restritiva do negócio jurídico benéfico.
Responsabilidade pela evicção e vício redibitório
No negócio gratuito, o alienante não responde pela evicção/vício. Art. 552.
Fraude contra credores
Tanto o negócio gratuito como o oneroso podem ser atacados pela ação pauliana, mas, no negócio gratuito, não é necessário prova da má-fé. Vai anular sempre, mesmo que adquirente esteja de boa-fé. No oneroso, é preciso provar o “consilium fraudis”. Arts. 158 e 159.
Comutativo e Aleatório
Idéia de certeza e incerteza.
Comutativo: ambas as partes assumem uma certa obrigação, com a expectativa de, em contrapartida, receberem algo já previsto e acertado. Ex. contrato de comprae venda de automóvel – vai pagar o preço e receber o carro. Não depende de nenhuma condição futura, mesmo em se tratando de coisa incerta. As partes conseguem antever os efeitos que serão produzidos pelo contrato.
Aleatório: álea (=sorte). É o contrato de risco. Algum acontecimento futuro e incerto poderá influir na prestação de alguma das partes. Ex. compra e venda de coisa futura (safra), loteria.
Efeitos:
Irresponsabilidade sobre vícios redibitórios e evicção: no contrato aleatório, o contratante assume o risco pelos vícios e evicção.
Contrato naturalmente/tipicamente aleatório – é da natureza do contrato o risco. Ex. jogo.
Contrato acidentalmente/atipicamente aleatório – a sua natureza é comutativa, mas, em razão de uma circunstância específica daquele caso, torna-se aleatório. Art. 458 e ss.:
# Coisas ou fatos futuros
Coisa futura:
“emptio spei” (= venda de esperança) - todo o risco é assumido pelo adquirente. Assume o risco da existência. Art. 458. Só não vai pagar se comprovar que houve dolo ou culpa da outra parte. 
“emptio rei speratae” (= venda de coisa esperada) - adquirente assume o risco de pagar o preço mesmo com o risco de a coisa surgir em quantidade menor do que a esperada – risco parcial – assume apenas o risco da quantidade. Art. 459.
# Coisas submetidas a risco
Pode vender, desde que comprador saiba do risco – art. 460. Ex. venda de carga de frango que ficou um tempo sem resfriamento. O contrato vale mesmo que a coisa já esteja apodrecendo/perecendo quando da celebração do contrato.
Consensual e Real
A partir de que momento o contrato produz efeitos.
Consensual: para a sua formação, exige somente o consenso. Ex. compra e venda (a entrega da coisa consiste em uma obrigação).
Real: é necessário o consenso mais a entrega efetiva do bem (tradição). 
No direito brasileiro, existem somente 4 contratos reais: comodato, mútuo, depósito e estimatório. O estimatório (venda em consignação), porém, encontra uma divergência doutrinária – alguns doutrinadores dizem que é consensual.
Efeito da classificação:
O contrato real é unilateral
A entrega do bem não é uma obrigação, é condição para a formação do contrato!!! Então somente uma das partes tem obrigação.
De Execução Instantânea, de Execução Continuada e de Execução Diferida
Instantânea: cumpre a prestação no momento da execução do contrato – ex. compra e venda à vista.
Continuada: o contrato gera obrigações que nascem e se extinguem periodicamente. Ex. locação.
Diferida: as obrigações são unas, mas são executadas ao longo do tempo. Ex. compra e venda em parcelas. Outro conceito: o pagamento é feito de uma vez só, no futuro. Ex. compra e venda para pagamento daqui a 90 dias.
Efeito: somente se aplica a Teoria da Imprevisão para os contratos de execução continuada e diferida.
Típico e Atípico (ou nominado e inominado)
Típico: contrato tem disciplina legal específica (Código Civil ou legislação especial).
Atípico: não tem disciplina específica. Art. 425. Aplicam-se as regras gerais do Código Civil e dos negócios jurídicos.
Solenes e não solenes
Solenes: a lei impõe uma solenidade especial.
Ex. compra e venda de bem imóvel, doação de bem imóvel, pactos especiais de compra e venda, fiança, seguro.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
Proponente/policitante – é quem faz a proposta.
Aceitante/oblato – é quem aceita a proposta.
Fase de propostas e aceitações: oblação
A proposta obriga o proponente – art. 427. Se for quebrada, obriga a indenizar por perdas e danos – responsabilidade extracontratual (aquiliana).
Exceções em que deixa de ser obrigatória a proposta: se constar na própria proposta a não obrigação; se for da natureza do negócio (ex. oferta sujeita à possibilidade do estoque); se for das circunstâncias do caso.
Circunstâncias do caso – art. 428.
Oferta ao público – se quebrada, também gera perdas e danos. Art. 429.
A aceitação:
Fora do prazo
Com adições
Restrições
Modificações
Importa nova proposta. Art. 431. 
CONTRATO ENTRE PRESENTES (“INTER PRAESENTES”)
É aquele em que não há intervalo na comunicação. 
Presença física, por telefone, MSN, vídeo-conferência...a proposta e a aceitação ocorrem em tempo real.
O contrato considera-se formado no exato instante em que a proposta é aceita pelo oblato.
CONTRATO ENTRE AUSENTES (“INTER ABSENTES”)
É aquele em que há intervalo na comunicação. 
Ocorre por carta (via epistolar), telegrama, fax, e-mail,...
Formação desses contratos:
Regra: Teoria da Agnição na Teoria da Expedição.
Em regra, o contrato está formado quando a aceitação é expedida.
Art. 434, “caput” – Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida.
Exceção: Teoria da Agnição na subteoria da Recepção.
A exceção é quando a carta é recebida.
Incisos do art. 434 (...exceto):
- retratação
- Teoria da Recepção
- não chegar no prazo (Teoria da Recepção).
O Código Civil não trabalha com a Teoria da Cognição – não importa a abertura da carta, ou seja, não importa o conhecimento do seu conteúdo. Os momentos importantes para a formação do contrato é ou o da expedição, ou, excepcionalmente, da recepção.
FASES DE FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
A doutrina diverge quanto ao número.
	NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES
Também conhecida como fase de tratativas ou de puntuação. 
É marcada pela ausência de compromisso. As partes estão apenas iniciando um diálogo para um futuro, e provável, contrato.
Embora não exista compromisso de contratar, se uma das partes prejudicar a outra haverá responsabilidade por violação ao princípio da boa-fé objetiva.
A doutrina discute se esta responsabilidade é contratual ou extracontratual. A maioria diz que é contratual (fase pré-contratual). 
	CONTRATO PRELIMINAR
Obs. 
Caso dos tomates em que a empresa distribuía as sementes para os agricultores e, em determinado momento, deu as sementes mas não quis comprar a produção, alegando que o contrato ainda não estava firmado. O Tribunal entendeu que a empresa, com o seu comportamento, criou a expectativa de que iria comprar a safra e, por isso, era responsável pela fase das negociações preliminares. Isso não é contrato preliminar!!!
Negociações preliminares x contrato preliminar
No contrato preliminar, há algo firmado.
Conceito: é o contrato em que as partes assumem o compromisso de celebrar o contrato definitivo. É uma obrigação de fazer (celebrar o definitivo).
Normalmente, é celebrado como preliminar da compra e venda, mas, na verdade, podem ser celebrados contratos preliminares em relação a qualquer contrato. 
Depois de firmado o contrato preliminar, a responsabilidade passa a ser contratual. A mera prova do inadimplemento gera a presunção de dano. 
Requisitos: 
Deve conter todos os requisitos do contrato definitivo, exceto quanto à forma. Art. 462. Então, a forma é livre! Pode ser celebrado por instrumento particular ou público. Mesmo que ultrapasse os 30 SM, pode ser por particular. Independe do valor!!!!
O art. 463, § único dispõe que o contrato preliminar deve ser levado a registro. Contudo, este é requisito apenas para a eficácia real do contrato (oponibilidade “erga omnes”). Gera direito de sequela em face de terceiros.
Se não foi registrado, a oponibilidade será somente “inter partes”- eficácia obrigacional.
O registro deve ser feito conforme o tipo de bem. Se for imóvel, no Registro de Imóveis; se móvel, no Cartório de Títulos e Documentos.
Cláusula de arrependimento: art. 463.
Se ela for inserida no contrato, a parte que desistir não poderá ser considerada inadimplente, e dela não poderá ser exigida indenização por perdas e danos.
Se essa cláusula for colocada no contrato, a garantia que se busca com o contrato preliminar se esvazia! Por isso que muitos dizem hoje que essa cláusula não pode subsistir em contratos preliminares, sob pena de invalidar o seu único e principalobjetivo.
A única forma de mantê-la sem renunciar à eficácia do contrato é inserir uma cláusula de arrependimento, porém cominar uma sanção a quem dela fizer uso.
Arras: podem ser incluídas no contrato preliminar também! Há uma parte da doutrina que discorda, dizendo que o legislador não previu essa hipótese.
PGE 2011- “Não é possível, no contrato preliminar, as arras penitenciais”. Foi dada como correta, mas gera controvérsia!
	CONTRATO DEFINITIVO
Deve conter todos os requisitos de existência e validade do contrato, sem exceção. 
 
EVICÇÃO E VÍCIO REDIBITÓRIO
Garantias implícitas impostas ao alienante.
Quem aliena, responde por defeitos materiais (vício redibitório) e jurídicos (evicção).
Vício redibitório 
É o vício ou defeito oculto que torna o bem impróprio para o uso a que se destina ou que lhe diminui o valor, de forma que o contrato não teria sido celebrado se o adquirente soubesse a verdade. 
Requisitos para reclamar do vício:
- a aquisição do bem deve ser onerosa; ex. doação onerosa. Art. 441, §ú.
- o contrato deve ser comutativo (equlíbrio nas prestações);
- o defeito deve ser desconhecido do adquirente; Não importa se o alienante não sabia.
- o defeito deve ser anterior ao contrato;
- o defeito deve ser considerável;
- o defeito não pode ser congênere (não pode decorrer do desgaste natural do bem);
 
Consequências: 
O efeito do vício redibitório é uma obrigação de fazer: garantir a perfeita utilização do bem adquirido.
O alienante responde mesmo que esteja de boa-fé, ou seja, que não soubesse do vício. Mas, se estava de má-fé, terá que indenizar as perdas e danos do adquirente. Art. 443.
O adquirente prejudicado pode reclamar de duas formas (opção do adquirente):
Ação Redibitória – pede para redibir o contrato, desfazê-lo (= enjeitar a coisa).
ou
Ação “quanti minoris”/estimatória – pede abatimento proporcional no preço. Apura-se quanto menos vale o bem.
Se o alienante sabia do vício, ainda vai responder por perdas e danos. A boa-fé do alienante vai isentar apenas das perdas e danos, mas não da responsabilidade.
No CC, não existe a opção de pedir um outro bem!
Na relação civil, o vício aparente não comporta reclamação posterior. Na consumerista, sim.
Prazo para reclamar vício redibitório: Art. 445 – prazo decadencial
Móvel: 30 dias a contar da entrega efetiva do bem 
Imóvel: 1 ano
Se já estava na posse – conta-se da alienação, reduzido à metade.
Ex. pega carro do amigo emprestado e anda com ele por 1 mês. Depois, resolve comprar o carro. Compra e, em seguida, carro apresenta defeito oculto. O prazo para reclamar começa da alienação, porém é reduzido à metade.
Se mandar o bem de manhã e assinar o contrato à tarde, o prazo já é reduzido pela metade.
2º critério para reclamar do vício:
Defeitos que somente são percebidos mais tarde – prazo começa com a ciência do defeito, mas tem um prazo máximo para se ter ciência: 180 dias para móvel, 1 ano para imóvel.
Então: móvel – 180 dias para descobrir, 30 dias para reclamar.
 imóvel – 1 ano para descobrir, 1 ano para reclamar. 
Venda de animais: os prazos para garantia serão os previstos em lei especial. Essa lei não existe! Acabam sendo aplicados os prazos vistos acima. 
Art. 446 – garantia contratual: se houver, esses prazos da lei só começam a contar depois de transcorrido o prazo contratado. A garantia contratual não se sobrepõe à legal; elas se somam.
Evicção
É a perda ou desapossamento de um bem, judicial (ou, excepcionalmente, administrativa), em razão de um defeito jurídico anterior à alienação. 
A doutrina clássica defende a necessidade de decisão judicial para reconhecimento da evicção, mas a doutrina moderna sustenta que poderá ser via ato administrativo também. 
Perda administrativa: ex. da Maria Helena Diniz. A rouba carro e vende para B. B está andando com o carro e para numa blitz, quando se percebe que o carro é roubado. B vai para a delegacia, onde é chamada a vítima do roubo C, que já recebe o automóvel na própria delegacia, sem necessidade de intervenção judicial.
O STJ entendeu que esta perda do evicto pode se dar administrativamente quando resultar de ato ilícito criminal.
O Código anterior falava no requisito da “decisão”. Hoje, o novo Código não fala. Então, é praticamente pacífico que pode decorrer de ato administrativo.
Quem vendeu não podia ter vendido. Quem comprou, perdeu o bem.
Venda “a non domino”- quem vendeu não era dono.
Evicto = adquirente que perdeu o bem. 
Evictor = quem ganhou o bem. É o verdadeiro dono.
Responsabilidade pela evicção:
O evicto tem direito de regresso em face do alienante. Em regra, pode cobrar o valor pago pelo bem e também todas as despesas e prejuízos que resultarem diretamente da evicção. 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
A responsabilidade pela evicção do bem subsiste, ainda que a aquisição do bem tenha ocorrido em hasta pública.
Nesse caso, o adquirente tem que ir atrás de quem recebeu o dinheiro, quem levou o bem à arrematação (credor). Se não conseguir receber, alguns autores dizem que poderia ir atrás do Estado. 
Possibilidade de diminuir, aumentar ou excluir a evicção:
As partes podem aumentar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. 
De acordo com a doutrina, a responsabilidade pode ser aumentada até o dobro, sob pena de caracterização de enriquecimento sem causa. 
Em relação à exclusão:
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
Existem 2 tipos de cláusula de exclusão da responsabilidade:
Cláusula de exclusão simples
É aquela que não dá ciência ao adquirente do risco concreto que está sendo assumido “o adquirente exonera o alienante da responsabilidade pela evicção” (é uma cláusula colocada de má-fé) na verdade, exclui apenas parcialmente a responsabilidade (pois o legislador protege o adquirente de boa-fé). O alienante deve indenizar o adquirente (evicto) pelo preço pago na aquisição do bem. 
Nessa hipótese entra tanto o desconhecimento do risco como a sua não assunção.
Cláusula de exclusão completa
É aquela que dá ciência ao adquirente do risco concreto que existe sobre o negócio e o adquirente assume esse risco. 
É utilizada por quem está de boa-fé. Ex. parte está vendendo um imóvel por um valor abaixo do de mercado, mas avisa para o adquirente que o bem está sendo objeto de usucapião por um terceiro em ação judicial. Quem adquire, sabe que está correndo um risco, mas essa pessoa analisa o processo e entende que vale a pena correr o risco. 
Cláusula “o adquirente exonera o alienante de responsabilidade pela evicção, tendo em vista que o imóvel é objeto da ação de usucapião nº tal, na vara tal...”
Ambos estão de boa-fé.
 a exclusão da responsabilidade é total.
Para o alienante responder pela evicção, o contrato deve ser oneroso e comutativo. No gratuito e aleatório, não há essa responsabilidade. Doação com encargo – responde.
Se sobre o direito pende uma condição suspensiva, as disposições incompatíveis feitas sobre a coisa não terão valor, se se verificar a condição. Art. 126.
Ex. A promete doar o seu carro para B se este passar na prova. Antes da prova, A vende o carro para C. B, ao passar na prova, percebe que o carro foi vendido. Pode cobrar judicialmente o carro de C, que somente terá direito a uma indenização de A.
Venda decoisa litigiosa:
A lei exige boa-fé do evicto para que ele possa demandar pela evicção. Se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa, não terá direito à indenização. Art. 457.
Art. 219, CPC – a citação válida faz litigiosa a coisa. 
Art. 42, CPC – coisa litigiosa (objeto de uma disputa judicial). A venda da coisa litigiosa pode ser realizada, é válida, e isso não altera a legitimidade das partes.
Mas, se quem vendeu o bem perder a ação, vai ocorrer a evicção, e quem adquiriu o bem vai ter que devolvê-lo.
Quem é demandado em uma ação judicial pelo verdadeiro dono do bem, deve denunciar à lide o alienante – art. 70, inciso I do CPC. Aí, evicto já vai ter reconhecido o seu direito de regresso no mesmo processo. Na evicção, a denunciação à lide é considerada obrigatória. Entretanto, desde 2006 existe jurisprudência do STJ dizendo que a denunciação é facultativa em todos os casos, inclusive na evicção. Não se pode perder o direito de indenização em regresso em virtude de uma má atuação do advogado.
De qualquer forma, o art. 456 que refere que a denunciação é obrigatória para que o adquirente possa exercer o direito de regresso somente quando houver processo. Se decorrer de ato administrativo, não vai se aplicar este dispositivo.
Evicção parcial: tem que ser analisado se a perda é considerável ou irrisória. Art. 455.
Considerável: evicto opta entre a rescisão do contrato ou o abatimento no preço.
Irrisória: somente pode pedir o abatimento proporcional no preço.
 
REVISÃO CONTRATUAL POR ONEROSIDADE EXCESSIVA SUPERVENIENTE
Onerosidade superveniente: possibilidade de revisão pelos arts. 317 e 478, CC.
Onerosidade concomitante (presente no momento da formação do contrato): anulação do contrato, com base nos institutos da lesão e do estado de perigo – arts. 157 e 158, CC. Excepcionalmente, e somente na lesão, poderá ocorrer a revisão.
CONCEITO
É o instituto que permite a revisão do conteúdo do contrato (das obrigações) quando um fato extraordinário/imprevisível torna o seu cumprimento excessivamente oneroso. 
REQUISITOS PARA A REVISÃO
 Contrato bilateral e oneroso
Excepcionalmente, entretanto, poderá ocorrer a revisão de um contrato unilateral. 
Art. 480 – “Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes...”- aplica-se tanto aos contratos bilaterais em que uma das partes já tenha cumprido a sua obrigação, faltando apenas a outra; como aos contratos unilaterais. 
 Contrato de execução continuada ou diferida
Continuada = contrato de trato sucessivo = as obrigações das partes se repetem de forma cíclica no tempo. Ex. contrato de locação; prestação de serviços; arrendamento mercantil.
Diferida = o cumprimento da prestação ocorre em um momento futuro e posterior a sua formação. Ex. compra e venda de safra futura. Entre a formação e a execução surge o fato que desequilibra o contrato.
Então, apenas o contrato de execução instantânea não pode ser revisto por onerosidade excessiva!
 
 Fato extraordinário e imprevisível
Depende do momento histórico e de vários fatores para que se possa determinar o que é um fato extraordinário e imprevisível.
Ex. alta do dólar – hoje não pode ser considerado como fato extraordinário. O STJ já se manifestou nesse sentido.
Ex2. perda do emprego – também não se enquadra.
A tendência dos tribunais é interpretar restritivamente este conceito aberto.
O problema deste artigo 478 é que foi seguida a Teoria da Imprevisão do Direito Canônico, consagrada na expressão resumida “rebus sic stantibus” – os contratos devem ser cumpridos na forma em que foram pactuados se mantidas as condições contratadas.
No CDC, não é exigido esse requisito. Basta o fato novo. 
Necessidade de se rever essa teoria adotada pelo Código Civil.
 Onerosidade excessiva
O prejuízo deve ser considerável.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
O autor desta ação deve pedir a revisão (art. 317) ou a rescisão (art. 478), conforme o caso concreto – vai depender da extensão da onerosidade excessiva. Porém, vai-se preferir a revisão – Princípio da conservação dos contratos.
CESPE, TRF 1ª região (juiz), 2011 – “Os fatos causadores da onerosidade devem estar desvinculados de uma atividade do devedor”- correto.
“Para a revisão do contrato, o juiz poderá levar em conta a capacidade econômico-financeira das partes”- errado!!!
 “O fato de o devedor estar, culposamente, em mora com relação ao cumprimento de outras cláusulas contratuais não é óbice à revisão”- errado!!!
EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO
É a regra que determina a extinção dos contratos bilaterais (sinalagmáticos) no caso de serem descumpridas as obrigações previstas no contrato.
É uma cláusula resolutiva tácita – é uma cláusula subentendida em todos os contratos bilaterais. 
É utilizada também como forma de defesa quando uma pessoa é cobrada em juízo:
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Esta é a “exceptio inadimpleti contractus”. Se um obrigado não cumpre sua obrigação mas cobra do outro, este, como meio de defesa, pode argüir essa exceção.
Parte cabente – é aquela a quem cabe cumprir a obrigação primeiro. Ex. compra e venda a prazo – vendedor cumpre primeiro – é a parte cabente.
Quem pode argüir a exceção é a parte não cabente.
O cabente não tem legitimidade para argüir a exceção, pois é ele que tem que cumprir primeiro.
“Exceptio non rite adimpleti contractus”- exceção do contrato mal cumprido.
Parte cumpriu a sua obrigação, mas esta foi mal cumprida. Baseia-se também no art. 476.
Inadequação do cumprimento: ex. contrato de empreitada de prestação civil – o serviço é mal feito.
Incompletude: obrigação não se cumpre completamente. 
Aplicação: empreiteiro cobra valor da obra, mas a outra parte não paga porque serviço foi mal feito. Empreiteiro ajuíza ação de cobrança – parte alega essa exceção.
Se for mínimo o mau cumprimento, não cabe a exceção – Teoria do Adimplemento Substancial. Juiz deve agir com prudente arbítrio.
Ex. empreiteiro fez a casa de forma perfeita, mas não construiu a casinha do cachorro.
EXTINÇÃO
O contrato sempre irá possuir a característica da transitoriedade.
O momento da extinção é esperado com o adimplemento, mas nem sempre ele ocorre. Nesses casos, o contrato vai se extinguir por causas patológicas.
Obs. o cumprimento do contrato não extingue os deveres impostos pelo princípio da boa-fé objetiva (responsabilidade “post pactum finitum”)!
Problema: a doutrina dá conceitos distintos e contraditórios para as espécies de extinção!
Maria Helena Diniz:
Extinção normal – cumprimento
Fatos anteriores (fato relacionado à formação do contrato) – 
cláusula de arrependimento (eficácia “ex tunc”)
invalidade contratual (nulo ou anulável)
cláusula resolutiva expressa (art. 474 – extinção automática do contrato quando ocorrer o inadimplemento)
Fatos posteriores (fato relacionado à execução do contrato) – aqui que entra a divergência dos autores:
Maria Helena Diniz – rescisão (gênero)
Resilição contratual
Extinção relacionada à manifestação de vontade.
Tem eficácia “ex nunc”.
Pode ser unilateral ou bilateral (= distrato). 
Todos os contratos admitem o distrato. Porém, a resilição unilateral será possível nos contratos baseados no elemento fidúcia (confiança) e também nos contratos por prazo indeterminado. Ex. contrato de mandato – revogação do mandato pelo mandante (ato de resilição unilateral) ou renúncia do mandato pelo mandatário (ato de resilição unilateral).
Ex2. Contrato de fiança – exoneração unilateral do fiador (resilição unilateral) – art. 835 – somente nos contratos prorrogados por prazo indeterminado. 
Resolução
Está ligada ao inadimplemento.Hipóteses:
- inexecução voluntária (não cumprimento culposo do contrato) 
Gera o dever de reparar as perdas e danos.
- inexecução involuntária (inadimplemento fortuito)
Não gera obrigação de reparar as perdas e danos.
- resolução por onerosidade excessiva (art. 478)
- cláusula resolutiva tácita (= exceção do contrato não cumprido)
Pela morte: é uma exceção, somente ocorrendo nos contratos personalíssimos (“intuitu personae”). A extinção pela morte é chamada de cessação. 
Outra classificação (muito parecida):
Causas extintivas:
causa normal: adimplemento
causas concomitantes nulidade
 anulabilidade 
 rescisão (vício ou evicção)
causas supervenientes distrato
 resilição unilateral
 resolução
 revogação
 renúncia
Causas concomitantes
As causas concomitantes surgem já com o nascimento do contrato.
	Nulidade
Quando estão presentes as hipóteses dos arts. 166 ou 167 do Código Civil:
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV – não revestir a forma prescrita em lei;
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Art. 167 – simulação
Nestes casos, o contrato é extinto inclusive de ofício.
A nulidade sempre extingue: não se convalesce pelo decurso do tempo.
Contrato nulo: eficácia “ex tunc”.
	Anulabilidade
Causas do art. 171 – rol genérico.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I – por incapacidade relativa do agente;
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Pode haver sanação da cláusula, mantendo-se o contrato – ratificação, decurso do prazo ou revisão (suplemento do valor na lesão, p. ex., art. 157, §2º,CC).
A anulabilidade, então, pode extinguir.
Eficácia: para alguns, é “ex nunc”, mas alguns autores defendem que a eficácia, aqui, também é “ex tunc”, diante do art. 182. 
	Rescisão
Não tem origem no inadimplemento da outra parte.
Pode ser pleiteada pelo contratante em dois casos: vício ou evicção.
CC: vício redibitório
CDC: vício no produto ou serviço
No vício, é um direito do contratante optar pela rescisão, mas ele pode preferir o abatimento no preço. A mesma coisa poderá ocorrer na evicção parcial.
Causas supervenientes
As causas supervenientes surgem quando o contrato passa a ser executado.
	Distrato/resilição bilateral
Extinção mediante consenso.
Art. 472 – faz-se pela mesma forma do contrato – é um contrato que tem por objetivo extinguir outro.
	Resilição unilateral/denúncia contratual
Extinção do contrato por ato de vontade.
Só se aplica aos contratos de execução continuada e de prazo indeterminado (sem termo final pré-estabelecido).
Art. 473 – opera-se mediante denúncia notificada à outra parte – o prazo de notificação ou estará na lei, ou no contrato.
Denúncia motivada (cheia)
 imotivada (vazia)
§único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
	Resolução
Via de regra, decorre do inadimplemento absoluto.
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial;
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Na cláusula resolutiva tácita, é necessária interpelação judicial.
Arts. 476 e 477 – também entram aqui e geram perdas e danos. Exceção: não vão gerar direito à indenização na “exceptio non adimpleti contractus”.
A resolução pode ocorrer também por onerosidade excessiva:
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
A parte contrária pode oferecer a revisão: art. 479.
Outro mecanismo para evitar a resolução: art. 480.
	Revogação
Só para doação e mandato.
Parte “retira a sua voz”.
Doador pode revogar quando ocorrer o não cumprimento do encargo ou por ingratidão do donatário. Precisa de processo judicial.
No mandato, é ato exclusivo do mandante.
	Renúncia
Só no mandato.
Ato do mandatário. Abre mão dos poderes.
CONTRATOS EM ESPÉCIE
COMPRA E VENDA
Art. 481 e ss.
Pelo contrato de compra e venda, o vendedor obriga-se a transferir a propriedade de um bem, mediante o pagamento do preço.
Elementos: consenso
 objeto
 preço
Consenso
É um acordo que se estabelece entre as partes.
Análise no plano existencial e no da validade: capacidade, legitimidade e forma.
Capacidade:
O vendedor tem que ser um sujeito capaz e, se não for, deverá estar representado ou assistido.
Se for um menor, há a necessidade de intervenção judicial para esta venda. Juiz vai analisar a situação (motivo) e o preço a ser pago.
Legitimidade:
Exigida para alguns casos específicos.
Exemplos de regras para o vendedor:
Na venda de ascendente para descendente, há a necessidade de autorização dos demais descendentes mais a autorização do cônjuge do alienante, salvo se o regime de bens for o da separação obrigatória. Art. 496. É uma regra de proteção da legítima.
A falta de autorização é causa de anulabilidade.
É possível a autorização posterior e a convalidação pelo decurso do prazo decadencial – 2 anos a contar do ato (regra geral de decadência).
Em caso de venda de bem imóvel, é exigida a outorga do cônjuge do alienante, salvo se o regime for o da separação absoluta. Art. 1.647 (entende-se que abarca a obrigatória).
Art. 1.649 – prazo decadencial de 2 anos para anular esta venda, contados a partir da separação do casal. 
O juiz pode suprir a negativa de outorga, quando entender ser esta injustificada.
Regras para o comprador:
Tem que ser capaz, ou representado/assistido.
Existem casos em que determinadas pessoas são proibidas de adquirir certos bens e/ou de certas pessoas, sob pena de nulidade absoluta – art. 497:
Art. 497. Sob pena de nulidade absoluta, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I – pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
II – pelos servidores públicos em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III – pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV – pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
§único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Forma:
Art. 108.
Em princípio, é não formal.
Imóvel acima de 30 salários mínimos – exige escritura pública.
Coisa
1ª análise: o vendedor é o proprietário?
Pode até não pertencer ao vendedor (compra e venda a “non domino”), desde que possa vir a ser adquirida.
Bem material ou imaterial (cessão de crédito onerosa – ex. direitos autorais).
Pode ser um bempresente ou futuro (e isto não transforma o contrato de compra e venda em aleatório) – potencialidade de vir a existir.
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
 
A coisa também deve ser “in commercio”- que possa ser objeto de alienação. Bens públicos não!
O vendedor é responsável por vícios redibitórios/ no produto ou serviço. Nos contratos de consumo, a renúncia a esta garantia é nula. 
O vendedor responde também pela evicção, ainda que esta ocorra em hasta pública.
Bens imóveis: venda “ad mensuram” e “ad corpus”.
“Ad mensuram”- o preço fica vinculado à área do imóvel. Art. 500.
Tantos reais pelo m².
O vendedor não pode entregar área menor, sob pena de se tornar inadimplente.
Efeitos jurídicos:
Se o vendedor entrega área menor, o comprador pode requerer a complementação da área através da ação “ex empto”. Esse é o pedido principal. O autor deve fazer um pedido subsidiário: a resolução do contrato ou o abatimento no preço.
Mas não é qualquer diferença na área que vai permitir a ação “ex empto”- diferenças inferiores a 1/20 da área não são levadas em consideração, a princípio – presunção relativa.
Se entrega área maior, pode recuperá-la se provar que não sabia a área exata da área vendida. Pede complementação do preço ou a devolução do excesso (comprador escolhe).
Prazo destas ações: 1 ano, a contar do registro do título.
“Ad corpus”- não existe vinculação à área.
Pode até haver uma referência à área, mas esta é meramente enunciativa, sem vinculá-la ao preço.
“venda do corpo”- não se discute venda a menor ou a maior.
Art. 500, §3º.
Preço
Hoje se entende que a maior parte do preço deve ser em dinheiro.
O preço não poderá ser irrisório, sob pena de configurar uma doação.
O preço não pode ficar ao alvedrio de uma das partes, sob pena de nulidade. Art. 489.
Pode ser fixado por terceiros, ou indexado a índices conhecidos (ex. bolsa de valores).
Despesas: os contratantes podem convencionar como quiserem.
Na omissão, aplica-se a regra do art. 490:
Escritura e registro => comprador
Tradição => vendedor
Bem indivisível em condomínio (todos têm o domínio sobre o todo): o condômino só pode vender a sua fração, mas há a necessidade da concessão de preferência – abrange preço e condição de pagamento.
O prazo para os condôminos é concedido pelo vendedor. A lei não traz expressamente.
Se isso não for respeitado, o condômino preterido poderá desfazer a venda. Prazo: 180 dias para depositar, em juízo, o valor. Art. 504.
“Empate entre os condôminos” – 3 critérios de desempate - §único:
Prefere quem realizou benfeitorias de maior valor
Quem for titular da maior fração
Fração é dividida proporcionalmente entre todos que quiserem e depositarem o preço.
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA
Basta a menção no contrato à cláusula para que ela passe a valer.
	RETROVENDA
Arts. 505 a 508. Direito de retrato/resgate.
Impõe um direito potestativo do vendedor de re-compra do bem.
Depende exclusivamente da vontade do vendedor.
Tem que estar expressa no contrato.
Só se aplica para bem imóvel.
Prazo: máximo de 3 anos.
Essa cláusula fica constando da matrícula do bem. Tem efeito real.
Quando passa o prazo estipulado na cláusula, a propriedade, que era resolúvel, passa a ser plena.
Se vendedor exercer o seu direito de re-compra, terá de restituir o preço pago pelo comprador, reembolsando as suas despesas, mais as que foram realizadas mediante a autorização por escrito do vendedor e, ainda, as benfeitorias necessárias.
Esse direito pode ser cessível e transmitido a herdeiros e legatários.
	VENDA A CONTENTO E VENDA SUJEITA À PROVA
Direito de experimentação pelo comprador.
Entende-se que a compra foi feita sob condição suspensiva.
Enquanto isso, comprador é mero possuidor do bem. Não responde pelos riscos (“mero comodatário”), mas nada impede que se convencione se tratar de condição resolutiva.
Prazo: se não for estipulado, vendedor deve interpelar o comprador, judicial ou extrajudicialmente.
PREFERÊNCIA/PREEMPÇÃO
Art. 513 – direito de prelação.
Bens móveis ou imóveis.
Depende de convenção das partes.
O comprador torna-se proprietário do bem, mas se dentro do prazo estipulado quiser vender o bem, deverá dar preferência ao seu vendedor.
Imóvel: 2 anos
Móvel: 180 dias
Direito de reflexão: Imóvel: 60 dias
 Móvel: 3 dias
Art. 520 – esse direito não pode ser cedido/transmitido aos herdeiros. Não gera direitos reais. 
Se a preferência não é concedida, o preterido só terá direito a perdas e danos. 
VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO
Tem que ser por escrito e em contrato de bens móveis com pagamento do preço de forma parcelada.
O vendedor entrega, de imediato, a coisa, porém a cláusula tem o poder de reservar o domínio sobre o bem. Até o comprador não quitar o bem, não será proprietário.
Se o comprador se tornar inadimplente, o vendedor deverá protestar o título para constituir o devedor em mora. O comprador poderá purgar a mora. Se permanecer inerte, o vendedor pode resolver o contrato e as parcelas pagas servem como indenização, mas se esta for menor que o número de parcelas pagas, deverá devolver o excesso.
O vendedor pode optar também pelo cumprimento forçado do contrato, exigindo as parcelas faltantes, que se vencerão antecipadamente.
É importante que esta cláusula conste do registro do bem, para que possa valer perante terceiros. Se não o tiver feito e se o comprador alienar a terceiros, tornando-se inadimplente, ao primeiro vendedor somente restará exigir o cumprimento forçado (e não a restituição do bem).
No caso de veículos, tem-se entendido que o registro no Detran é suficiente. Para os demais bens, tem que ser no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do comprador. 
≠alienação fiduciária
Ocorre no contrato de mútuo e se trata de uma condição resolutiva – devedor transfere a propriedade resolúvel ao credor, até pagar todo o preço.
	VENDA SOBRE DOCUMENTOS
Está vinculado a contratos de compra e venda de bens móveis, mas não há uma cláusula expressa.
Cria uma abstração do negócio jurídico, pois a entrega de um documento descritivo da coisa com o pagamento do preço já é suficiente para perfectibilizar a venda.
Não precisa da efetiva entrega da coisa.
Pode ser feita a intermediação por uma instituição financeira, que recebe o depósito do preço.
O título é como se fosse o próprio bem.
TROCA OU PERMUTA 
Há uma transferência de coisas entre pessoas, não há preço: um transfere uma coisa para o outro e vice-versa.
Obs.
Compra e venda x permuta
Despesas rateio entre as partes
Ascend e desc não se exige autorização dos demais se os valores 
 dos bens forem idênticos
No mais, as normas da compra e venda se aplicam à permuta.
Art. 533 – se a permuta entre ascendentes e descendentes for desigual, o ato será anulável.
CONTRATO ESTIMATÓRIO
É a antiga venda em consignação.
Consignante e consignatário
 entrega o bem autorizado a vendê-lo
Se consignatário não vender no prazo estipulado, devolve a coisa ao consignante.
Bens móveis.
Art. 535 – exceção à regra “res perit domino”- o consignante continua sendo o dono da coisa, mas se esta se perder, o risco é do consignatário!
DOAÇÃO
Doador x donatário
Elementos essenciais: consenso
 bem ou vantagem
 liberalidade
Consenso
A doação é um contrato consensual (basta o consenso).
Este consenso, via de regra, tem que se formalizado, pois a doação, regra geral, é formal.
Art. 541 – escritura pública (imóvel superior a 30SM) ou instrumento particular.
Doação verbal: somente sobre bens móveis e de pequeno valor, seguida da tradição imediata.
Para análisedo “pequeno valor”, deve-se analisar o patrimônio do doador.
Consenso pelo prisma do doador:
Se for pessoa natural, tem que ser sujeito capaz.
O incapaz não pode doar nem com autorização judicial!
Se for pessoa jurídica, tem que analisar o ato constitutivo e se quem está doando tem poderes para tanto.
Pessoa casada: art. 1.647, IV – pode doar se o bem for particular e se a doação for remuneratória (motivo de agradecimento). Se isto ocorrer, poderá doar independente do regime de bens e de autorização do cônjuge.
Art. 1.648 – suprimento da falta de outorga da autorização pelo juiz.
Ausência de autorização: 2 anos para reclamar.
Doação inoficiosa: pessoa não pode doar um valor/patrimônio que exceda ao que pode dispor em testamento (50%). Art. 549.
Se a doação for para um herdeiro necessário, pode vir a ultrapassar os 50%, mas a doação de ascendente para descendente é vista como adiantamento da legítima. Art. 544. Quando doador falecer, bem é levado à colação, a não ser que doador a dispense expressamente. 
O doador também não pode se colocar em insolvência ou ficar com menos do que o necessário para a sua subsistência.
Consenso pelo prisma do donatário:
Pode ser pessoa natural ou jurídica.
Incapaz – pode receber a doação pura. Há uma presunção de aceitação, pois o donatário não perde nada, só ganha. Art. 543.
Nascituro – é possível doar, e quem deverá aceitar são os seus representantes, mas, para que produza os seus efeitos, fica condicionada ao nascimento com vida. Se o nascituro não nascer com vida, o bem permanece no patrimônio do doador. Art. 542.
Bem ou vantagem
Móvel, imóvel, imaterial... com valor econômico e de titularidade do doador.
Liberalidade
Aspecto da gratuidade do contrato. Não pode o doador exigir contra-prestação. A doação com encargo não perde a liberalidade, porém, o ônus deve ser bem menor do que a vantagem recebida.
CLÁUSULAS QUE PODEM VIR ATRELADAS AO CONTRATO DE DOAÇÃO
Subvenção periódica
É um contrato de execução periódica.
O doador se obriga, por exemplo, a doar uma certa quantia todos os meses. Pode haver um termo, p. ex., durante 6 meses. Se não houver termo, há uma regra de que, morrendo o donatário, extingue-se a obrigação. Art. 545.
Falecendo o doador, via de regra, o contrato também se extingue.
Se existir no contrato uma cláusula que estabeleça a continuidade, a obrigação vai persistir até as forças da herança ou até que se exaura a parte disponível da herança (proteção da legítima).
Cláusula de reversão
Torna a doação condicional.
Estabelece que caso o donatário faleça antes do doador, o bem/vantagem doada volta ao doador. Mas se o doador falecer antes, o donatário adquire a propriedade plena. Art. 547.
Doação feita em contemplação de casamento futuro
É o presente de casamento. Se este não se realiza, a doação fica sem efeito.
 
Doação com encargo
Traz ao donatário uma obrigação, mas continua sendo um contrato com liberalidade.
Este ônus pode ser em favor do próprio doador ou de um terceiro, ou, ainda, em benefício de uma coletividade. De qualquer modo, tem que ser bem menor do que a vantagem recebida.
O encargo tem de ser cumprido, sob pena de ser desfeita a doação. 
Em razão de causas supervenientes, poderá ser extinta por distrato ou revogação. 
REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO
Revogação descumprimento do encargo pelo donatário
 Art.555 ou é necessário um
 ingratidão do donatário processo judicial.
 
O direito de revogar é irrenunciável.
Ação de Revogação – donatário é citado para contestar. Durante a tramitação do processo, entende-se que, com a sentença, os efeitos retroagem à data da citação. Se for julgada procedente, o donatário será tido como possuidor de má-fé.
Ingratidão – situação excessivamente gravosa que atinge a relação causadora da liberalidade do doador ao donatário.
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I – se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II – se cometeu contra ele ofensa física;
III – se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV – se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. 
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
Se o ato for praticado por parentes do donatário, não é ingratidão!
A interpretação é a de que este rol do art. 557 é exemplificativo.
Donatário condenado pelo crime => a prova da revogação está feita (a sentença crime faz coisa julgada no cível).
Absolvido no crime => depende do motivo => provada a inexistência do fato ou comprovado não ter sido o réu o autor do crime fazem coisa julgada no cível. Ausência de provas não faz.
Prazo de 1 ano para a propositura da ação de revogação/ revocatória, a contar do conhecimento do fato e do seu autor.
O ato de revogar é, via de regra, personalíssimo. Entretanto, se ingressa com o processo e vem a falecer, o direito de seguir no processo passa aos seus herdeiros.
Art. 561 – no caso de homicídio, a ação cabe aos herdeiros, a não ser que o doador tenha perdoado.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I – as doações puramente remuneratórias;
II – as oneradas com encargo já cumprido;
III – as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV – as feitas para determinado casamento.
LOCAÇÃO
Bem móvel Código Civil
 imóvel urbano Lei do Inquilinato aplicação subsidiária
 rural Estatuto da Terra, arts. 92 a 96 do Código Civil
LOCAÇÃO DE COISAS MÓVEIS
CC, art. 565 e ss.
Uma das partes cede à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
Elementos consenso
 bem infungível
 remuneração 
Consenso
Quanto à cessão da posse, durante um certo tempo, mediante o pagamento do preço (aluguel).
O locador não precisa ser proprietário. Tem que ser apenas possuidor legítimo. Não precisa de outorga/autorização especial.
Basta que as partes preencham os requisitos gerais de validade. Não existem requisitos especiais para o consenso na locação de bem móvel.
Forma: não precisa de forma especial.
É um contrato bilateral e oneroso, mas não é real, basta o consenso.
Bem infungível
O objeto da locação deverá ser, obrigatoriamente, um bem móvel infungível (pela natureza da coisa ou por convenção das partes).
Remuneração
Normalmente é em dinheiro, mas não necessariamente.
Sempre será de execução continuada. Ou é a prazo determinado ou indeterminado.
Determinado: cessa de pleno direito, sob pena de prorrogação por prazo indeterminado. Arts. 573 e 574 – presume-se prorrogada pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado.
Os contratantes estão obrigados por todo o período – art. 571 – se locador pedir o bem antes: ressarcimento das perdas e danos, com direito de retenção enquanto não ressarcido. Se locatário devolver antes: pagamento de multa. 
Indeterminado: cabe resilição unilateral do contrato. Art. 473 – mediante denúncia (devendo vir prevista no contrato, juntamente com o prazo).
Alienação do bem: art. 576. Para o contrato de locação valer perante o adquirente, deve estar registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do locador o contrato, que deverá conter cláusula expressa de resguardo da locação.
Não é proibida a venda do bem locado! O locador apenas cedeu a posse, e não a propriedade!
Não existe prazo para registrar. Pode registrar até 1 dia antes da alienação. 
Se não houver registro, locatário tem o prazo de 90 dias para desocupar o imóvel, após a sua notificação.
Morte de uma das partes: se o contrato for feito por prazo determinado, a morte do locador ou do locatário não obstaculiza o prosseguimento da locação,

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