Buscar

Resumo Conteúdo de Contratos (Direito Civil)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

---- CONTRATOS CIVIS ----
UNIDADE 1 - CONTRATOS 1.1 Conceituação. 1.2 Importância Social do contrato. 1.3 Classificação. 1.3.1 A importância do estudo da classificação dos contratos. 1.3.2 Contratos unilaterais e bilaterais. 1.3.3 Contratos onerosos e gratuitos. 1.3.4 Contratos comutativos e aleatórios. 1.3.5 Contratos reais, formais e consensuais. 1.3.6 A classificação dos contratos quanto ao momento da execução. 1.3.7 Contratos principais e acessórios. 1.3.8 Contratos individuais e coletivos. 1.3.9 Contratos por adesão.
1.1 – Conceito de contrato: Negócio jurídico bilateral ou plurilateral, cuja finalidade é criar, regular, modificar ou extinguir vínculo patrimonial entre pessoas que o celebram.
1.2 – Função ou importância social do contrato: - será abordado na Unidade 2.
1.3 – Classificação:
Típicos e Atípicos: Contrato Típico é aquele que se encontra regulado em texto de lei (possui nomen juris ou regramento). Os Contratos Atípicos são aqueles que não possuem forma geral em lei escrita, estando à margem das perspectivas da liberdade contratual dos contratantes, e que assumem variadas formas estruturais e finais. Devem observar as normas gerais estabelecidas no CC.
Unilaterais, Bilaterais e Plurilaterais: Toda relação contratual pressupõe a existência de duas ou mais manifestações de vontade, no entanto, isso não quer dizer que produza necessariamente obrigações para todas as partes. Portanto, o contrato poderá se dizer Unilateral quando somente uma das partes possuir obrigação pura, como é o caso da doação no art. 538, comodato, mandato, fiança. Já o contrato é Bilateral quando os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores uns dos outros, produzindo o negócio direitos e deveres para ambos, de forma proporcional, ele também é também denominado contrato sinalagmático, pela presença do sinalagma, que é a proporcionalidade das prestações, eis que as partes têm direitos e deveres entre si. Exemplo: Compra e venda, permuta, locação, prestação de serviços, empreitada, transporte, seguro e entre outros. Por último, quanto às obrigações, teremos o conceito de Contrato Plurilateral, em que várias partes com interesses distintos celebram acordo de vontade. Exemplo de contrato plurilateral é a formação de sociedade, em que cada parte possui motivação diversa. 
Contratos Pessoais e Impessoais: Contratos Pessoais ou intuitu personae são aqueles que levam em consideração a parte contratada, ou seja, baseiam-se na confiança que o contratante tem no contratado. Por essa razão, não se pode fazer substituir por outrem, uma vez que as características dessa pessoa em específico tiveram influência decisiva no consentimento do outro contratante. Os Contratos Impessoais, por sua vez, são os que a prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro, o importante é que ela seja realizada.
Maria Helena Diniz: “A distinção entre contratos intuitu personae e impessoais reveste-se de grande importância, em virtude das consequências práticas decorrentes da natureza personalíssima dos negócios pertencentes à primeira categoria, que a) são intransmissíveis, não podendo ser executados por outrem; assim sendo, com o óbito do devedor, extinguir-se-ão, pois os sucessores não poderão cumprir a prestação, que era personalíssima. B) não podem ser cedidos, de modo que, se substituído o devedor, ter-se-á a celebração de novo contrato; c) são anuláveis, havendo erro essencial sobre a pessoa do contratante.
Contratos individuais e coletivos: Nos Contratos Individuais a vontade é individualmente considerada, ainda que seja realizada por um grupo de pessoas. Há, então, uma única vontade entre as partes. Os Contratos Coletivos são aqueles realizados entre pessoas jurídicas de direito privado representativas de categorias profissionais, as quais realizam acordos que abrangem todos os profissionais daquela categoria.
Contratos Consensuais, Formais e Reais: Estão relacionadas com o modo pelo qual os contratos se consumam. Contrato Real é aquele que exige o consentimento dos contratantes e a transferência da posse de algum bem, só se realizam com a entrega efetiva do objeto. O Contrato Consensual é aquele que se forma apenas com a aquiescência ou anuência das partes, não exigindo nenhuma outra solenidade. O Contrato Solene ou Formal é aquele que a lei exige para sua celebração forma especial (contrato de fiança).
Contratos Principais e Acessórios: Tem em vista o vínculo que há entre dois contratos. Principal é o contrato autônomo, cuja existência não depende de outro, como por exemplo a locação imobiliária. Contrato Acessório é aquele que existe em função do principal, ou seja, uma vez extinto o contrato principal, o contrato acessório deixa de existir no mundo jurídico.
Professor Silvio Rodrigues: “Se o contrato principal é nulo, ineficaz, igualmente será o acessório; assim, se um contrato de fiança estiver adjeto a um contrato de locação, e este for declarado nulo por incapacidade absoluta de uma das partes, nula será a fiança.
Todavia, a recíproca não é verdadeira. Se a fiança for ineficaz, por um defeito qualquer, a nulidade do acessório não contamina o principal, que sobreviverá intocado. A fiança não produz efeito; a locação, sim.”
Contratos Onerosos e Gratuitos: Possui ligação com o objetivo do contrato. Contrato Oneroso é aquele que beneficia ambos os contratantes e, consequentemente, onera também os dois polos, como por exemplo um contrato de compra e venda. Contrato Gratuito é aquele que traz benefícios apenas para uma das partes, como, por exemplo, a doação.
Caio Mário da Silva Pereira: “É preciso não confundir a classificação dos contratos em bilaterais e unilaterais com a dos onerosos e gratuitos, embora haja coincidência de algumas espécies. Os contratos onerosos comumente são bilaterais, e os gratuitos da mesma forma unilaterais. Mas é apenas coincidência. O fundamento das classificações difere: uma tem vista o conteúdo das obrigações, e outra, o objetivo colimado. Não há uma correspectividade necessária, pois que existem contratos unilaterais que não são gratuitos (mútuo), e outros que são bilaterais e podem ser gratuitos (mandato).”
Contratos por Adesão e Paritário: Nesta classificação, observa-se a atuação ou não de ambas as partes contratantes na elaboração do contrato. Paritário é aquele que onde todas as partes contratantes participam da elaboração, ou seja, conjuntamente, estabelecem as regras do contrato. No Contrato de Adesão uma das partes impõe os termos do pacto, sendo que a outra simplesmente adere ao contrato pré-estabelecido, concordando com as suas condições. 
UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS CONTRATUAIS: 2.1 Princípio da Função Social; 2.2 Princípio da Boa fé Objetiva; 2.3 Princípio da Supremacia da ordem pública. 2.4 Demais princípios.
Art. 421.  A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.  
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual.  
Art. 421-A.  Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:  
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução;  
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e 
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
2.1– Princípio da Função Social do Contrato: Diz-se respeito ao trato ético e leal que deve ser observado pelos contratantes, em respeito a cláusula da boa-fé objetiva. Atende aos valores de solidariedade (art. 3, I CF), Justiça Social (art. 170, caput, CF), Livre Iniciativa, Dignidade da Pessoa Humana (Art. 1º, III, CF), Não ferimento a valores ambientais (art. 51, XIV, CDC).
Anotações do livro (pg. 106, Gagliano, 2017): 
HUMBERTO THEODORO JR., citando o competente professor curitibano PAULO NALIN, na busca por delimitar as suas bases de intelecção, lembra-nos, com acerto, que a função social manifestar-se-ia em dois níveis: a) intrínseco – o contrato visto como relação jurídica entre as partes negociais, impondo-se o respeito à lealdade negocial e à boa-fé objetiva, buscando-se uma equivalência material entre os contratantes; b) extrínseco – o contrato em face da coletividade, ou seja, visto sob o aspecto de seu impacto eficacial na sociedade em que fora celebrado.
Com isso, repita-se, não se está pretendendo aniquilar os princípios da autonomia da vontade (ou autonomia privada) ou do pacta sunt servanda, mas, apenas, temperá-los, tornando-os mais vocacionados ao bem-estar comum, sem prejuízo do progresso patrimonial pretendido pelos contratantes. * termo “pacta sunt servanda” vem do latim “os pactos devem ser cumpridos” e constitui um princípio da força obrigatória de um contrato. 
2.2 – Princípio da Boa Fé Objetiva: A boa-fé pode ser considerada como algo que deve estar presente em todas as relações jurídicas e sociais existentes. Dessa forma, o princípio da boa-fé objetiva impõe uma regra de conduta, tratando-se de um verdadeiro controle das cláusulas e práticas abusivas em nossa sociedade. A boa-fé assume feição de uma regra ética de conduta e tem algumas funções como: fonte de novos deveres de conduta anexos à relação contratual; limitadora dos direitos subjetivos advindos da autonomia da vontade, bem como norma de interpretação (observar a real intenção do contraente) e integração do contrato. Está relacionado com as ideias de lealdade, assistência, informação, sigilo. Ocorre também após o término do contrato. Art. 422 CC. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Paulo Brasil Dill Soares: “Boa-fé objetiva é um ‘standard’ um parâmetro genérico de conduta. Boa-fé objetiva significa, portanto, uma atuação ‘refletida’, pensando no outro, no parceiro atual, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, gerando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização de interesses das partes.”
À luz da doutrina, há marcante diferença entre boa-fé subjetiva e objetiva: em sua concepção subjetiva, corresponde ao estado psicológico do agente; enquanto que a boa-fé objetiva se apresenta como uma regra de conduta, “um comportamento em determinada relação jurídica de cooperação” (PEREIRA, 2003, p.20).
2.3 Princípio da Supremacia da ordem pública: O código civil garante às partes a faculdade e a liberdade de celebrar ou não contratos, sem a interferência do Estado. Assim, as pessoas têm a ampla liberdade, seja através de contratos nominados ou inominados de estabelecer vínculos, criar direitos e obrigações por meio de contrato, que uma vez firmado, em regra faz lei entre as partes.
Esta liberdade, porém, não é absoluta. Tem como limitação o interesse público. Com o princípio da supremacia da ordem pública, embora as partes tenham a liberdade de contratar, devem, porém, obedecer às questões de natureza social, moral e bons costumes, a exemplo de limitações impostas por leis especiais, tais como o Código de Defesa do Consumidor. Segundo este princípio, o interesse da sociedade deve prevalecer sobre o interesse individual, no que colidirem.
2.4 Demais princípios: 
*Perspectiva civil-constitucional do contrato: Através da constitucionalização do direito civil, busca-se não apenas investigar a inserção do direito civil na Constituição, mas dela estabelecer os fundamentos de sua validade jurídica. Tendo-se a Constituição Federal como o vértice máximo e conformador de toda e qualquer criação, interpretação e aplicação da legislação civil, necessário se faz o entendimento de que "deve o jurista interpretar o código segundo a Constituição e não a Constituição segundo o Código, como ocorria com frequência (e ainda ocorre)".
Segundo a perspectiva civil-constitucional, a aplicação ao contrato dos novos princípios contratuais levou à quebra da hegemonia que era atribuída à autonomia da vontade. Tais princípios encontram fundamento na Constituição Federal de 1988, seja como desdobramento do princípio da dignidade da pessoa humana, seja como princípios instrumentais da ótica solidarista, seja como corolários do valor social da livre iniciativa, seja, por fim, na condição de princípios componentes da ordem econômica constitucional da qual o contrato é parte integrante.
*Princípio da força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda): Um dos princípios regentes do direito contratual é o da obrigatoriedade ou da força obrigatória, segundo o qual, uma vez celebrado, o contrato deve ser cumprido nos exatos termos definidos pelo exercício da vontade livre dos contratantes.
Referido princípio é cristalizado no brocardo pacta sunt servanda, cunhado no liberalismo do século XIX, o qual se justifica “na ideia de que, se as partes alienaram livremente sua liberdade, devem cumprir com o prometido, ainda que daí lhes advenha considerável prejuízo”
Como consequência do princípio da obrigatoriedade ou força obrigatória, diz-se que o contrato é intangível, qualidade que se refere à irretratabilidade do acordo de vontades. Segundo a intangibilidade, “nenhuma consideração de equidade justificaria a revogação unilateral do contrato ou a alteração de suas cláusulas, que somente se permitem mediante novo concurso de vontades”
Orlando Gomes: “o princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o contrato é lei entre as partes. Celebrado que seja, com a observância de todos os pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos.”
Liberdade de contratar e pacta sunt servanda X função social do contrato
Nota-se, por conseguinte, de todo o exposto, que a autonomia da vontade e o consensualismo permanecem como base da noção de contrato, embora limitados e condicionados por normas de ordem pública em benefício do bem-estar comum.
*Princípio da relatividade do contrato: Tem por base o fundamento de que terceiros não envolvidos na relação contratual não estão submetidos ao efeito deste (res inter alios acta neque prodest) A exceção ocorrerá sempre que o contrato será sempre que o contrato atingir terceiro, seja ele prejudicado ou beneficiado.
Desta maneira, o princípio da relatividade contratual estuda os efeitos decorrentes das pactuações em relação às partes, apresentando-se como regra geral do ordenamento jurídico pátrio, conforme as lições de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho:
“Como negócio jurídico, em que há a manifestação espontânea da vontade para assumir livremente obrigações, as disposições do contrato, a priori, somente interessam às partes, não dizendo respeito a terceiros estranhos à relação jurídica obrigacional.”
*Princípio da equivalência material e dignidade da pessoa humana: Busca realizar e preservar o equilíbrio real de direitos e deveres no contrato, antes, durante e após a sua execução, para harmonização dos interesses. Esse princípio preserva a equação e o justo equilíbrio contratual, seja para manter a proporcionalidade inicial dos direitos e obrigações, seja para corrigir os desequilíbrios supervenientes, pouco importando que as mudanças de circunstâncias possam ser previsíveis, o que interessa não é mais a exigência cega de cumprimento do contrato da formacomo foi assinado ou celebrado, mas se sua execução não acarreta vantagem excessiva para uma das partes e desvantagem excessiva para outra, aferível objetivamente, segundo as regras de experiência ordinária e da razoabilidade.
UNIDADE 3 - FORMAÇÃO DO CONTRATO: 3.1 Proposta e suas consequências jurídicas da proposta. 3.2 Aceitação. 3.3 Nova Proposta. 3.4 Retratação. 3.5 Momento e Lugar da formação do Contrato.
Manifestação da vontade
Primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. O que se considera é o momento objetivo, ou seja, aquele em que a vontade se exterioriza por meio da declaração. Assim, o requisito é a declaração da vontade e não ela própria.
A manifestação da vontade pode ser expressa ou tácita.
Expressa quando a lei exige. O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem e não for necessária a declaração expressa, e também quando a lei o autorizar (ex: doação pura), ou ainda quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato. Esse silêncio é chamado circunstanciado ou qualificado.
Negociações preliminares
O contrato resulta de 2 manifestações de vontade: a proposta (oferta, policitação ou oblação) e a aceitação. A primeira dá início à formação do contrato e não depende, e regra, de forma especial.
Na maior parte das vezes, a oferta é antecedida de uma fase de negociações preliminares, também denominada fase da pontuação. Nesta fase, como as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos.
Elas não geram, por si mesmas, obrigações para qualquer dos participantes, mas fazem surgir deveres jurídicos para os contraentes, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé, sendo os principais dos deveres de lealdade e correção, de informação, de proteção e cuidado e de sigilo. A violação desses deveres é que gera a responsabilidade do contraente, tenha sido ou não celebrado o contrato. Responsabilidade essa que ocorre no campo da culpa aquiliana e não da contratual, somente no caso de um deles induzir no outro a crença de que o contrato será celebrado, levando-o a despesas ou a não contratar com terceiro etc. E depois recuar, causando-lhe dano. Essa responsabilidade tem caráter excepcional.
O princípio da boa-fé, durante as tratativas, é fonte de deveres de esclarecimento, situação que surge seguidamente quando uma das partes dispõe de superioridade de informações ou de conhecimentos técnicos, que devem ser repassados amplamente e de forma compreensível à contraparte, para que esta possa decidir om suficiente conhecimento de causa. Também surgem deveres de lealdade decorrentes da simples aproximação pré-contratual. Censura-se assim quem abandona inesperadamente as negociações já em adiantado estágio, depois de criar na outra parte uma expectativa de celebração de um contrato para o qual se preparou e efetuou despesas, ou em função do qual perdeu outras oportunidades. A violação a esse dever secundário pode ensejar indenização, por existir uma relação obrigacional, independentemente de contrato, fundada na boa-fé.
3.1 Proposta (art. 427 – 435)
Trata-se, primeiramente, de um negócio jurídico unilateral, constituindo elemento. A proposta (oferta) é uma declaração de vontade dirigida por uma pessoa a outra, por força da qual a primeira manifesta a sua vontade de se vincular a outra parte, isso se aceitar. A proposta deve também conter todos os elementos essenciais do negócio proposto: valor, tempo de entrega, quantidade, etc. Também deverá ser:
- Séria: manifestação da vontade de contratar.
- Completa: indicação da intenção do proponente fornecendo ao destinatário todas as informações importantes para que possa se manifestar.
- Clara: dirigida com cláusulas simples.
- Inequívoca: Apresentação da vontade de modo incontestável.
Conforme o art. 427 CC, a proposta vincula o proponente gerando o dever de celebrar o contrato definitivo sob pena de responsabilização pelas perdas e danos que o caso concreto demonstrar. 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
OBS: São partes da proposta – de um lado o proponente, que é aquele que formula a proposta; e do outro o oblato ou solicitado, que é aquele que recebe a proposta; Esse último, se acatar a proposta, torna-se aceitante, o que gera o aperfeiçoamento do contrato. 
A proposta deixa de ser obrigatória quando:
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
3.2 Aceitação
É a concordância com os termos propostos. Somente quando o oblato se converte em aceitante, a oferta se transforma em contrato. Se apresentada fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta (Contraproposta).
Pode ser expressa ou tácita. A primeira decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência; a segunda, de sua conduta, reveladora do consentimento.
2º hipóteses de aceitação tácita, em que se reputa concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa: a) quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa; b) ou quando o proponente a tiver dispensado.
2º hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação: a) Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente. A situação deve ser imediatamente comunicada ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. b) Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante.
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta.
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
3.5 Momento e lugar da formação do contrato
De acordo com o Código Civil, o lugar da formação do contrato será aquele em que foi proposto.
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
UNIDADE 4 - PARTICIPAÇÃO DE TERCEIROS EM CONTRATOS: 4.1 Exceções ao princípio da relatividade dos contratos 4.2 Estipulação em favor de terceiros; 4.3 Promessa de fato de terceiro; 4.4 Contrato com pessoa a declarar.
4.1 Exceções ao princípio da relatividade dos contratos
Existem exceções legais (e somente, segundo a doutrina) ao princípio da Relatividade. Por exemplo, a estipulação em favor de terceiro, as convenções coletivas e fideicomisso constituído por ato inter vivos.
4.2 Estipulação em favor de terceiros
Estipulante: é aquele que estipula que alguém realize uma obrigação em favor de terceiro.
Promitente: é aquele que realiza o contrato com o estipulante se obrigando a realizar algo em favor de um terceiro.
Terceiro ou beneficiário: é aquele que não integra os polos da relaçãojurídica contratual, entretanto, é o beneficiário do objeto contratual firmado entre estipulante e promitente. 
Por meio da estipulação em favor de terceiro, ato de natureza essencialmente contratual, uma parte convenciona com o devedor que este deverá realizar determinada prestação em benefício de outrem, alheio à relação jurídica-base. Consiste em derrogação do res inter alios acta neque prodest. Com efeito, o contrato em exame projeta efeitos na esfera jurídica de quem não participou de sua celebração. Todas as obrigações permanecem com o estipulante e todos os direitos são adquiridos pelo terceiro.
Na seara trabalhista, temos as convenções coletivas de trabalho, cujo conceito é definido no artigo 611 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT): “Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais do trabalho.” Dessa forma, os efeitos dos acordos estendem-se aos empregados da categoria, mesmo que não houvesse consentimento expresso de cada um deles, mas somente do sindicato que os representam.
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438 .
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
O exemplo mais comum desta figura jurídica é o seguro de vida. Neste caso, consumado o risco previsto na apólice, a seguradora, conforme estipulado com o segurado, deverá pagar ao terceiro (beneficiário) o valor devido a título de indenização. 
Álvaro Villaça Azevedo: “Também existe a estipulação ora cogitada, quando um pai (estipulante), por exemplo, determina a uma empresa (promitente ou devedora), de que é acionista, que prometa pagar a seu filho (beneficiário ou terceiro) os dividendos correspondentes a suas ações, na época em que forem devidos. Basta que essa empresa concorde, por seus legítimos dirigentes, com tal estipulação, para que esteja aperfeiçoado o contrato em favor de terceiro, porque dessa avença não toma parte” 
4.3 Promessa de fato de terceiro
Aquele que promete fato de terceiro assemelha-se ao fiador, que assegura a prestação prometida. Se alguém, por exemplo, prometer levar um cantor de renome a uma determinada casa de espetáculo ou clube, sem tem obtido dele, previamente, a devida concordância, responderá por perdas e danos perante os promotores do evento, se não ocorrer a prometida apresentação na ocasião anunciada. Se o tivesse feito, nenhuma obrigação haveria para quem fez a promessa.
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
4.4 Contrato com pessoa a declarar
Traduz, em verdade, também uma promessa de prestação de fato de terceiro, que titularizará os direitos e obrigações decorrentes do negócio, caso aceite a indicação realizada, o que se dará ex tunc à celebração do negócio.
Preceitua o Código Civil de 2002 em seu artigo 467 que no momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
O contrato com pessoa a declarar é negócio jurídico por meio do qual um dos contratantes se compromete a indicar, no prazo assinado, com qual pessoa a outra parte se relacionará, exigindo-se a partir daí o cumprimento dos direitos e obrigações decorrentes. Assim, um terceiro ingressará na relação contratual que, por motivos quaisquer, não foi desde a conclusão do negócio identificado perante a outra parte.
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
UNIDADE 5 –OUTRAS DISPOSIÇÕES RELATIVAS AOS CONTRATOS 5.1 Vícios redibitórios: 5.2 Conceito; Pressupostos; Efeitos e ações cabíveis; Prazos; 5.3 Evicção: 5.4 Conceito; Pressupostos; 5.5 Evicção parcial. 5.6 Contratos preliminares.
5.1 Vícios Redibitórios (art. 441 em diante)
Vício redibitório nada mais é que o defeito oculto na coisa recebida que a torna inapropriada para o fim a que se destina ou, ao menos, lhe diminui o valor. Nesse sentido, o adquirente do bem não possuía – há época da compra – conhecimento sobre tal vício, de forma que, se conhecesse, não procederia na negociação da compra. 
Caio Mário: “um defeito oculto de que é portadora a coisa objeto de contrato comutativo, que a torna imprópria ao uso a que se destina, ou lhe prejudica sensivelmente o valor.”
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato ( art. 441 ), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienantenos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Primeira característica: A ocultação do vício. Isto é, o desconhecimento de vício oculto no momento da celebração do contrato de venda e compra.
Segunda característica: A aquisição onerosa do bem. Significa dizer que para a aquisição do bem, o adquirente comprador deve ter despendido determinada quantia em dinheiro, ocorrendo sua diminuição patrimonial. Também pode haver não só o dispêndio de valor em dinheiro, mas também troca de coisa, isto é: dou meu carro em troca do seu, verbi gratia. Há que se ter ônus para ambos os contratantes.
Terceira característica: A reclamação de vício redibitório somente se dará se a gravidade do defeito impossibilitou o adquirente do bem em usá-lo em suas condições normais, usuais, ou se houve diminuição excessiva no valor do bem.
Quarta característica: Pré-existência do defeito.
Quinta característica: Não se há que reclamar quando o problema é congênere ou de uso normal do bem.
O Código Civil atual disponibiliza duas opções de reclamação do vício redibitório, quais sejam: a) Abatimento do valor ou sua restituição parcial; e b) Desfazimento ou redibição da coisa.
Essencialmente, o vício redibitório aproxima-se muito mais de uma causa de dissolução contratual do que propriamente do sistema de responsabilidade civil, muito embora a parte prejudicada tenha o direito de ser devidamente indenizada.
5.3 Evicção (447 em diante)
Alienante: quem vai transmitir a propriedade ou posse do bem para outra pessoa.
Evicto: aquele que comprou o bem e que sofre o processo de evicção.
Evictor: aquele que venceu na justiça o direito de reaver o bem.
Consiste a evicção na perda, pelo adquirente (ou evicto) da posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado evictor.
Rodrigues, (2004) conceitua que, dá-se a evicção quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado da mesma, em virtude de sentença judicial que atribui a terceiro, seu verdadeiro dono. Portanto, a evicção resulta sempre de uma decisão judicial.
Sua previsão legal decorre especialmente da necessidade de se resguardar o adquirente de uma eventual alienação a non domino, ou seja, alienação de coisa não pertencente ao alienante. Em tal caso, poderá o alienatário (adquirente) voltar-se contra aquele, se vier a perder a coisa para terceiro.
Dessa forma, quem responde pelos riscos é o alienante, estando expresso no art. 447 do CC. Para que a responsabilidade se manifeste, são necessários três requisitos:
- aquisição de um bem;
- perda ou posse da propriedade;
- prolação da sentença judicial ou execução de ato administrativo;
A primeira observação a ser feita é que se encontram fora da proteção contra os efeitos da evicção todos os contratos gratuitos traslativos de posse e propriedade de bens. Assim, por exemplo, não há que se falar do instituto nos contratos de doação simples ou comodato, uma vez que os ônus patrimoniais foram impostos apenas para uma das partes pactuantes.
O evicto, ao exercer o seu direito resultante da evicção, formulará, em face do alienante, uma pretensão tipicamente indenizatória. Poderá pleitear, salvo estipulação em contrário, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: 
- a indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
- a indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
- as custas judiciais e os honorários do advogado por ele constituído.
Evicção parcial: Perda não integral da coisa alienada (por exemplo, a perda de parte de livros de uma biblioteca ou de parte de um terreno). Em caso de evicção parcial, poderá o evicto optar entre a dissolução total do contrato ou a restituição da parte do prelo correspondente ao desfalque sofrido. 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
De fato, essa garantia poderá, dentro do âmbito da autonomia da vontade, sofrer extensão ou retração, podendo, até mesmo, ser suprimida, nos termos do art. 448 do CC, que sempre decorrerá de cláusula expressa prevendo o direito do alienante e excluindo totalmente a responsabilidade pela evicção. No entanto o evicto continua tendo o direito de receber ao menos o preço pago, somente não terá direito à indenização pelos frutos restituídos, benfeitorias ou outras despesas.
a) De fato, essa garantia poderá, dentro do âmbito da autonomia da vontade, sofrer extensão ou retração, podendo, até mesmo, ser suprimida, nos termos do art. 448 do CC, que sempre decorrerá de cláusula expressa prevendo o direito do alienante e excluindo totalmente a responsabilidade pela evicção. No entanto o evicto continua tendo o direito de receber ao menos o preço pago, somente não terá direito à indenização pelos frutos restituídos, benfeitorias ou outras despesas. Ou seja, nos termos do art. 448, ainda que as partes tenham excluído a responsabilidade pela evicção, Otacílio ainda terá direito de receber a restituição integral do valor pago pela propriedade conforme expressa o art. 449 do CC, sendo afastado somente os direitos do art. 450 do Código Civil.
 b) A ação a ser interposta é a ação de evicção e os legitimados serão o evictor (terceiro) em face do evicto ou adquirente da coisa. O evicto poderá ainda se voltar em face do alienante, uma vez que é o mesmo que detém a responsabilidade pela perda do bem, conforme o art. 447, que determina que mesmo que a aquisição do bem tenha sido por hasta publica o alienante responderá pela evicção.
UNIDADE 6 – EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 6.1 Resolução; 6.2 Resilição Unilateral; 6.3 Resilição Bilateral; 6.4 Rescisão; 6.5 Revogação; 6.6 Renúncia; 6.7 Nulidade; 6.8 Anulabilidade
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
Extinção natural do contrato
Sob a denominação “extinção natural do contrato” reunimos todas as situações fáticas em que a relação contratual se dissolve pela verificação de uma circunstância prevista pelas partes e tida como razoavelmente esperada, sendo elas:
Cumprimento do contrato ou exaustão do seu objeto: Realizada a prestação, na formacomo pactuada, extingue-se, ex nunc, a relação contratual havida entre as partes.
No entanto, podem as partes estabelecer cláusulas no campo da eficácia, que também importaram em uma extinção natural do contrato como por exemplo a exaustão do objeto do negócio quando há uma evidente limitação natural ou jurídica na possibilidade de cumprimento. Quanto a estes, pode se ter, por exemplo:
- Vencimento do termo: para os contratos com prazo estipulado.
- Implemento de condição resolutiva: Diz respeito a limitação do contrato à ocorrência de um evento futuro é incerto, ou seja, a uma condição. Dessa forma o implemento de tal evento ou condição acarretará na extinção automática do contrato.
Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato
Partindo da premissa que o objetivo almejado pelas partes não foi cumprido, seja realizado a prestação ou cumprindo os fatores eficaciais do negócio jurídico, toda extinção contratual posterior deve ser considerada anormal.
Trata-se, portanto, de uma morte “não natural” que, neste caso, tem sua raiz em causas anteriores ou contemporâneas a formação do contrato, mas isto não lhe retira a caracterização de extinção posterior.
- Nulidade ou anulabilidade
A nulidade caracteriza-se como uma sanção pela ofensa a determinados requisitos legais, não devendo produzir efeito jurídico, em função do defeito que carrega em seu âmago. Essa nulidade sofra gradações de acordo com o tipo de elemento violado, podendo ser absoluta ou relativa. Dessa forma, uma vez que parte-se do pressuposto que o negócio jurídico, apesar do vício, efetivamente existiu, a sua extinção se dá pelo reconhecimento judicial da nulidade ou anulabilidade. 
· Absoluta: Contrato nulo, conforme os arts. 166 e 167 do CC.
· Relativa: Contrato anulável, conforme art. 171, art. 496 e 1649 do CC.
- Redibição
Trata-se de uma hipótese de extinção contratual por causa anterior à sua celebração em decorrência de vicio redibitório (defeito oculto que diminui o valor ou prejudica a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo). É, portanto, uma possibilidade, pois nem sempre a ocorrência de vicio redibitório ensejará na extinção do contrato, podendo gerar uma revisão de suas prestações com o abatimento do preço correspondente.
- Direito de arrependimento
Medida excepcional em determinados contratos onde as partes, contemporaneamente à celebração do contrato, compactuam em um direito de arrepender-se, como nos casos em que se estabelece um “período de carência” em que é possível desfazer-se do contrato sem maiores ônus.
Provém do princípio da autonomia da vontade através de cláusula resolutiva expressa que enseja na criação de um direito potestativo. 
Art. 420 CC, art. 49 CDC.
Causas supervenientes à formação do contrato
- Resilição
Extinção do contrato por iniciativa de uma ou ambas as partes. Não se opera retroativamente, produzindo efeito ex nunc, não se restituindo prestações cumpridas a menos que as partes assim o estabeleçam.
· Resilição Bilateral (Distrato): 
A mesma autonomia de vontade que estabeleceu a relação contratual poderá desfaze-la. Por exemplo, se uma empresa X tem um contrato de prestação de serviços com um escritório de advocacia, celebrado por tempo indeterminado, as partes podem, de comum acordo, extingui-lo, estabelecendo as indenizações que acharem cabíveis por tal rompimento contratual.
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
Dessa forma, se é da substância do negócio jurídico uma determinada forma, somente por tal solenidade é que se pode considerar válido o distrato Ex: Se por força da regra do art. 108 do CC a lei obriga o registro, por escritura pública, de um determinado contrato para sua validade, não poderão as partes desfazê-lo por instrumento particular.
· Resilição Unilateral:
Admite-se a resilição unilateral somente com autorização legal expressa ou implícita e sempre com a prévia comunicação da outra parte.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Exemplos: 
*As relações de trabalho, que, pelo princípio da continuidade, presume-se a contratação por duração indeterminada, devem as partes conceder o aviso prévio na forma do art. 487 da CLT para proceder à resilição unilateral, reconhecida majoritariamente como um direito potestativo.
*Um contrato de prestação de serviços pactuado entre um professor de educação física e uma academia de ginástica também pode prever uma cláusula resilitória, mormente em se considerando que a relação contratual não deve ser vocacionada à eternidade.
Assim, o ato jurídico pelo qual se opera a resilição unilateral é a denuncia.
Quanto ao parágrafo único do art. 473 acima, observa-se uma limitação temporal pela impossibilidade de extinção imediata do contrato.
*Resilição por Denuncia:
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
*Resilição por Revogação: Tal como a denúncia, consiste a revogação em uma declaração receptícia de vontade, que opera extrajudicialmente, e trata-se de um direito potestativo. 
Trata-se na resilição de contratos estipulados no pressuposto de confiança recíproca entre as partes, comum nos contratos de mandato e doação, por exemplo.
*Resilição por Renúncia: Trata-se da resilição por iniciativa unilateral do sujeito passivo da relação obrigacional, como por exemplo, a renúncia do mandatário na forma do art. 688 do CC. 
*Resilição por Resgate: Tem-se como modelo de resilição por resgate a retrovenda, sendo uma cláusula especial à compra e venda que limita a sua eficácia, submetendo o negócio jurídico a uma condição resolutiva expressa. 
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
*Resilição por Exoneração por ato unilateral: Aplica-se a fiança por prazo indeterminado, como dispõe o art. 835 do CC.
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor.
- Resolução
Resolução nada mais é do que a extinção contratual fundamentada no descumprimento do pactuado. Compreende-se o descumprimento, portanto, no inadimplemento tanto culposo quanto involuntário e a inexecução absoluta e relativa.
Assim, seja pela recusa justificada ou não por parte do devedor, ou por fatos alheios a sua vontade, como no caso fortuito ou força maior, sempre será possível à parte lesada pelo descumprimento pedir a resolução do contrato, extinguindo-se o vínculo contratual.
Da mesma forma, a resolução do contrato poderá decorrer da impossibilidade do seu cumprimento por onerosidade excessiva em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevistos.
*Cláusularesolutória:
	- Expressa: Quando as partes preveem, no próprio conteúdo do contrato, que caso haja descumprimento o mesmo será considerado extinto.
	- Tácita: Quando as partes nem sequer cogitaram a cerca do inadimplemento contratual, fala-se na preexistência de uma cláusula resolutória tácita.
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
Quanto ao significado de “opera de pleno direito” em relação a cláusula resolutiva expressa, diz que ocorrendo o inadimplemento, a parte lesada possui o direito de exigir o seu cumprimento, ou não sendo mais possível a prestação ou não havendo mais interesse, a declaração judicial de sua resolução.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Outrossim, havendo a cláusula resolutória expressa a manifestação judicial será meramente declaratória, operando-se ex tunc. A provocação do juízo se dará somente para assegurar uma certeza jurídica, podendo-se cumular pretensões (postulações condenatórias ao exigir restituição das parcelas pagas, devolução de bens e indenização pela extinção do contrato.
Quando não há a cláusula resolutória expressa entende-se imprescindível a interpelação judicial para desconstituir o vínculo contratual.
Por fim, ressalta-se que, mesmo inadimplente o devedor, não se pode resolver o contrato sem a devolução, com as devidas compensações, das parcelas pagas, como pode-se observar no art. 53 do CDC.
- Rescisão
Apesar da imprecisão terminológica, a rescisão trata-se da extinção dos contratos em que tenha ocorrido lesão ou celebrados sob estado de perigo. No entanto, embora imprecisamente, trata-se da forma mais utilizada na prática.
- Morte do Contratante
Observa-se que a morte do contratante não irá por fim ao contrato, exceto nos contratos personalíssimos, em que são contraídas justamente em função da pessoa do contratante. Possuindo, neste caso, efeito ex nunc. 
- Caso fortuito ou força maior
As hipóteses de caso fortuito ou força maior, como já mencionado anteriormente, também ensejam a extinção do contrato.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
A característica da força maior é a inevitabilidade, mesmo sendo a sua causa conhecida (terremoto, por exemplo), ao passo que o caso fortuito, por sua vez, tem a sua nota distintiva a imprevisibilidade, segundo os parâmetros do homem médio (um atropelamento, um roubo, etc).
UNIDADE 7 – COMPRA E VENDA 7.1 Pressupostos de existência e validade; 7.2 Venda ad corpus e venda ad mensuram; 7.3 Venda de quinhão em coisa comum; 7.4 Venda a descendente; 7.5 Cláusulas especiais na compra e venda: retrovenda; venda a contento, preempção, venda com reserva de domínio; da venda sobre documentos
COMPRA E VENDA – Conceito
Contrato pelo qual o vendedor obriga-se a transferir o domínio ao comprador mediante remuneração. Configura-se, dessa forma, em uma justa causa para a transferência da propriedade.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Elementos constitutivos essenciais ao contrato:
Consentimento/consenso – diz respeito à capacidade das partes e outorga conjugal, ou seja, consenso, sob pena de nulidade segundo o art. 489 CC. É o acordo de vontades e o consentimento mútuo sobre o preço, objeto e outras bases do contrato. 
Coisa – objeto lícito, possível ou determinável que irá formar a obrigação de dar do vendedor. Deve ser alienável e determinável, ou, ao menos, suscetível de identificação na execução do contrato.
Preço – princípio do nominalismo, fixado em moeda corrente e de valor certo. É o que diferencia o contrato de compra e venda do de troca e doação.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
[...]
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio.
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
Características:
*Bilateral/sinalagmático – correspondência de deveres entre as partes
*Oneroso – não há possibilidade jurídica de considerá-la gratuita
*Consensual
*Cumutativo – salvo se versa sobre coisas futuras (contrato aleatório)
Limitações à compra e venda
Venda de ascendente para descendente: 
Todos os descendentes devem assentir com a venda de ascendente para descendente, sob pena de anulação, estando apoiado no princípio da igualdade legítima dos ascendentes. Esse consentimento deve ser anterior ou concomitante a época do contrato.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.
Casos de proibição de compra e venda que ensejam em nulidade:
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
soas designadas no referido inciso.
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Venda ad corpus e venda ad mensuram:
Na venda ad corpus, o preço vai ser fixado sem a consideração da extensão da área da terra adquirida, uma vez que se compra o bem como um todo, sendo a dimensão da área tão-somente enunciativa.
Já na venda ad mensuram, o preço vai ser fixado pela medida de extensão da área de terras, com a quantidade e medida real que o imóvel possui; assim, o imóvel é coisa certa e discriminada. Assim sendo, se, porventura, a área não corresponder às dimensões indicadas no contrato, o adquirente tem o direito de exigir o complemento da área através da ação ex empto para o pleito. Sendo isso impossível, poderá resolver o contrato com perdas e danos (se couberem) ou solicitar abatimento proporcional do preço.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder,em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus .
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.
Da responsabilidade pela coisa até o momento da tradição:
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição.
Do vício redibitório:
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. 
Tal artigo destina-se apenas aos casos de compra conjunta de uma pluralidade de coisas que não formam entre si um conjunto. Ou seja, que se vendidas separadamente não perderão o seu valor.
Venda de quinhão em coisa comum: 
A venda de bem em condomínio indica que o vem é indivisível e que a propriedade da coisa recai sobre mais de um titular, havendo, dessa sorte, o condomínio pro-indiviso. Deve-se inicialmente indicar que nenhum coproprietário pode alienar sua fração sem o oferecimento prévio aos demais coproprietários.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.
Promessa de compra e venda:
Espécie de contrato preliminar onde uma parte ou ambas comprometem-se a celebrar contrato definitivo de compra e venda, assim conferindo garantias de celebração do contrato. A relação jurídica tem como objeto uma prestação de dar caracterizada pelo pagamento de valores sucessivos, para satisfazer certa quantia ao promitente vendedor. A este está a cargo uma obrigação de fazer, que se traduz na cooperação à formação de contrato definitivo, em que outorgará a escritura definitiva de compra e venda. 
Dessa forma, ao realizar o pagamento do preço o promissário comprador intimará o promitente vendedor a outorgar a escritura, que, não ocorrendo, ocorrerá a adjudicação compulsória por sentença, valendo como título para registro.
*O contrato de compra e venda pode estipular cláusulas que irão sujeitá-lo a algum elemento acidental do negócio jurídico, com efeitos específicos e variados. Estas clausulas são chamadas de pactos adjetos à compra e venda, quais sejam: retrovenda; venda a contento e sujeita à prova; preempção; venda com reserva de domínio; venda sobre documentos. Cumpre analisá-los:
Retrovenda:
Trata-se cláusula em que dá ao vendedor a reserva do direito de reaver, dentro de determinado prazo, o imóvel que alienou, restituindo ao comprador o preço, acrescido de despesas e dos melhoramentos aplicados no imóvel. Sendo, como citado, apenas admitido na venda de bens imóveis.
Prazo = 3 anos ininterruptos, não sendo passível de suspensão. Prazo determinado a maior será reputado como não escrito, não impedindo, no entanto, de se fixar prazo menor.
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
O comprador, enquanto reunir a situação de proprietário sob condição resolutiva, tem direito aos rendimentos do imóvel e seus frutos, somente respondendo por deterioração do bem, no prazo para o resgato, se agiu com dolo. Se perde o bem por caso fortuito, extingue-se o direito de resgato.
Ainda, analisando o teor do art. 184 do CC, se houver a nulidade da clausula de retrovenda, não necessariamente estará nula a obrigação principal.
Venda a contento e sujeito à prova:
Venda a contento trata-se de contrato de compra e venda em que está contida a cláusula de a compra somente ser perfeita e acabada quando o adquirente manifestar expressamente que a coisa está ao seu gosto e agrado, tendo a intenção de ficar definitivamente com o bem. É necessário que o comprador declare que a coisa adquirida o satisfaz, mediante prazo estipulado entre os contratantes. Assim, os efeitos do contrato ficam estáticos até o comprador aceitar o bem alienado.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
A venda sujeita a prova é a sob condição suspensiva de verificação das qualidades asseguradas pelo vendedor.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina. 
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável. 
Preempção:
Direito de preferência do vendedor de comprar o bem vendido. Assim, o comprador de bem móvel ou imóvel deve oferecer o bem àquele que lhe vendeu se porventura o adquirente pretender vender o bem ou dá-lo em pagamento. Trata-se da preferência em readquirir a coisa quando o adquirente se dispuser a vende-la.
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder,obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subseqüentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor. 
Venda com reserva de domínio:
Constitui-se em um impeditivo de transmissão da propriedade ao adquirente, enquanto não houver o integral pagamento da coisa, restando o bem em propriedade resolúvel. É a cláusula estipulada em contrato de compra e venda de coisa móvel infungível. A entrega da coisa não configura tradição em sentido de aquisição de propriedade, mas apenas transmissão de posse direta para o adquirente. É, também, clausula resolutiva do contrato caso o pagamento não se realize.
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
[...]
Venda sobre documentos:
Na venda sobre documentos haverá a tradição não da coisa que é vendida, mas do documento que a representa, sendo o pagamento realizado no local e na data de entrega dos documentos, salvo convenção em contrário.
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e no lugar da entrega dos documentos.
[...]
UNIDADE 8 - TROCA 8.1 Conceituação; 8.2 Legislação aplicável; 8.3 Diferenças e similitudes com a compra e venda;
Conceito: 
A troca, também chamada de permuta, trata-se de negócio jurídico em que as partes se obrigam a entregar reciprocamente coisas que não sejam dinheiro.
*Bilateral: ambas as partes possuem direitos e deveres
*Oneroso
*Comutativo
*Não solene (a menos que envolva bens imóveis)
*Consensual
*Nominado
*Típico
Elementos: - Consenso 
- Coisas (diferentes de dinheiro, que serão trocadas pelas partes)
__
Quando um dos contratantes faz uma reposição parcial em dinheiro, a troca não será transmutada em compra e venda, a menos que a importância paga como saldo seja de tal maneira superior à coisa objeto do contrato que, indubitavelmente, o pagamento em dinheiro deva ser considerado o objeto principal.
Para ser objeto de troca, devem existir bens suscetíveis de serem vendidos, passíveis de determinação. Não sendo necessário que sejam da mesma espécie ou tenham igual valor. Assim, todas as coisas que são do comércio podem ser permutados. No entanto, se um dos contratantes prestar um serviço, não caracterizará como troca, mas constituiria um contrato inominado. Isso porque para se caracterizar a troca é indispensável que se troquem coisas corpóreas ou incorpórea passível de determinação. 
Relação com a compra e venda:
A troca possui a mesma natureza da compra e venda, portanto, aplica-se as mesmas normas relativas a tal contratos. Dessa forma, os permutantes possuem iguais deveres do vendedor em relação a vícios redibitórios, garantia da evicção e etc. O que difere é que na troca a prestação das duas partes é em espécie. Na compra e venda, a prestação de um dos contraentes é em dinheiro. Demais diferenças entre a compra e venda e a troca estão dispostas no art. 533 do CC.
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
UNIDADE 9 - CONTRATO ESTIMATÓRIO 9.1 Pressupostos de existência e validade; 9.2 Natureza Jurídica; 9.3 Direitos e deveres do consignatário;
Conceito:
Pelo negócio jurídico por meio do qual uma das partes (consignante) transfere a outro (consignatário) bens móveis, a fim de que os venda, segundo um preço previamente estipulado, ou simplesmente os restitua ao próprio consignante.
Sujeitos/elementos:
 Consignante – titular do bem 
Consignatário – responsável pela venda ou restituição da coisa
Consignado – O bem objeto do negócio jurídico *Limita-se a bens móveis
Características: 
· Real: a entrega da coisa ao consignatário é verdadeiro elemento constitutivo ou existencial do contrato.
· Bilateral: Direitos e deveres a ambas as partes.
· Oneroso: Ambas as partes experimento, reciprocamente, sacrifícios patrimoniais e benefícios correspondentes.
· Comutativo: prestações certas e determinadas no próprio contrato.
· De duração de prazo determinado: Em geral, no próprio contrato se estabelece o prazo dentro do qual deve o consignatário efetivar a venda dos bens, ou devolvê-los.
· Fiduciário: Contrato pactuado em confiança, pois o consignante sujeita-se a transferir coisas suas ao consignatário sem a consequente translação do domínio, em caráter potencialmente temporário.
Cuidar Enunciado nº 32 I Jornada de Direito Civil
Obrigações das partes:
Consignante – Garantir ao consignário a disponibilidade da coisa entregue; abster-se de qualquer ato que possa dificultar de alguma forma que o consignatário possa dispor do bem; responder pelos vícios da coisa perante o adquirente; não interferir nos procedimentos adotados pelo consignatário; uma vez que o adquirente é res inter allios em face do consignante, este não poderá recusar ou modificar as condições ajustadas.
Consignatário – Contração de dívida e obrigação alternativa, isto é, dentro do prazo deverá pagar ou restituir a coisa; se passado o prazo estipulado, o consignatário estará responsável pela coisa enquanto estiver em sua posse; caso restitua a coisa com dano, será obrigado a indenizar o consignante ao correspondente; mesmo que não haja culpa do consignatário, se a coisa se perder, esse será obrigado a pagar por esta.
UNIDADE 10 - DOAÇÃO 10.1 Conceituação; 10.2 Pressupostos de existência e validade, 10.3 Limites da doação; 10.4 Classificação das doações;
Conceituação:
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
A doação ocorre quando ocorre a diminuição do patrimônio do doador como consequente agregação aos ativos do donatário, tendo como elemento subjetivo principal a liberalidade, ou o animus donandi, que caracteriza-se no ânimo do doador em fazer uma gratuidade. 
É contrato: - Gratuito
- Unilateral
- Formal – Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
- Consensual – Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Promessa de doação: É inexigível o cumprimento de promessa de doação pura, porque esta representa uma liberalidade plena. Tal óbice não existe,contudo, na doação onerosa, porque o encargo imposto ao donatário estabelece um dever exigível do doador.
Espécies de doação:
- Doação pura e simples (ou típica) – art. 539
	Quando o doador não impõe nenhuma restrição ou encargo ao beneficiário, nem subordina a sua eficácia a qualquer condição. O ato constitui uma liberalidade plena. 
- Doação remuneratória – art. 540
	Trata-se de uma doação onerosa, pois é uma remuneração dada em razão da prestação de um serviço. A liberdade, porém, estará presente naquilo que exceder o serviço prestado. Quando onerosa, autoriza a alegação de vício redibitório.
- Doação a nascituro – art. 542
	Para ser valida depende da aceitação do representante e do nascimento com vida.
- Doação “propter nuptias” – art. 546
Visa contemplar um casamento e tem sua eficácia condicionada a realização do casamento. Insta salientar, no entanto, que o presente de casamento é uma doação pura, sendo diversa da doação “propter nuptias”.
- Doação de ascendente e descendente ou entre cônjuges – art. 544
A doação de ascendente a descendente não depende do consentimento dos demais descendentes, pois o donatário terá de colacionar o bem, eis que a doação configura adiantamento da legítima. 
Quanto a doação entre cônjuges, é possível. No entanto, deve-se tomar cuidado quanto ao regime de bens de comunhão universal, uma vez que nesta situação não tem validade a doação, tratando-se de objeto impossível, na medida que o patrimônio de um é o mesmo do outro.
- Doação com cláusula de reversão – art. 547
Cláusula que reverte o bem ao patrimônio do doador caso sobreviva ao donatário. Cláusula personalíssima.
- Doação inoficiosa – art. 549
A doação inoficiosa é aquela que excede a parte disponível (50% do patrimônio). Neste caso, cabe Ação de redução de Doação Inoficiosa, visando a anulação do negócio que excedeu a parte disponível. 
Restrições legais:
a) Doação pelo devedor já insolvente – ou por ela reduzido à insolvência, por configurar fraude contra credores (art. 158 CC)
b) Doação da parte inoficiosa – art. 549 proclama nula a doação que exceder a de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
c) Doação de todos os bens do doador – art. 548
d) Doação do cônjuge adultero a seu cúmplice – art. 550 – tal doação pode ser anulado pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Extinção do contrato de doação:
- Natural
- Por ingratidão do donatário – art. 555 e 557
- Por descumprimento do encargo – art. 562
UNIDADE 11 - CONTRATO DE LOCAÇÃO 11.1 Locação de coisas no CC; 11.2 Locação na lei 8245/91; 11.3 Das Ações locatícias: ação de despejo, ação de consignação de aluguéis, ação revisional de aluguéis, ação renovatória.
Locação no código Civil – art. 565 em diante 
 Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
Trata-se de um contrato onde o proprietário transfere temporariamente a posse ou fração de um imóvel ao locatário, que se obriga a pagar periodicamente o preço (aluguel).
Demais legislações
Locação de prédio urbano: Lei nº 8.245/91, Lei nº 12.112/09 e Lei nº12.744/12
Locação de imóveis rurais: Lei nº 4.504/64 (Estatuto da Terra)
Características da Locação 
- Bilateral, Oneroso, Consensual, Comutativo, Impessoal, podendo ser paritário ou de adesão, não solene e de trato sucessivo. 
Bilateral, pois há reciprocidade de obrigação entre as partes, de onde deriva a sua onerosidade, pois ambas as partes têm perdas e gozam de bônus. Aperfeiçoa-se com a aceitação da proposta, fazendo o contrato ser consensual. Não é contrato real, pois a entrega do bem locado é parte da execução do contrato e não uma condição substancial para a locação. 
É impessoal, pois a locação com fins residenciais prosseguirá em caso de morte das partes, com transferência a seus herdeiros, sendo de intuito familiae (destinando-se ao uso e gozo não somente do locatário mas também de sua família. No entanto, algumas locações não se submetem a tais reflexões, como o caso de bens móveis locados, pois são considerados atributos e qualificações pessoais do locatário.
É também um contrato paritário, pois há a liberdade de se discutirem as cláusulas contratuais em busca do consenso entre as partes. Porém, verificam-se locações por adesão, notadamente de objetos móveis. Não solene, pois pode ser celebrado por instrumento público, particular, escrito ou de maneira oral, não havendo exigência de forma especial, havendo exceções onde deverá atribuir forma escrita, como o art. 13 da Lei 8.245/91. Ainda, há locações em que pode ser exigível o registro do contrato no Registro Imobiliário, instrumento público com a presença de testemunhas, conforme o art. 221 do CCB.
Elementos Essenciais da Locação
Consenso – Elemento fundamental da locação. Esse consentimento a ser dado pode ser via interposta pessoa que, mesmo sem ser proprietária, pode dar o bem em locação, como é o exemplo do usufrutuário, inventariante, entre outros. Dessa forma, mesmo aquele que não pode alienar, poderá locar, se dispor do uso da coisa. 
Ainda, o consentimento poderá ser expresso ou tácito. Este pode ser traduzido pela prática de atos típicos, que representam a intenção de transferir a posse, tais como a tradição real ou ficta da coisa locada, ou o pagamento do aluguel e a respectiva quitação.
A Coisa dada em locação – Pode ser móvel ou imóvel, corpórea ou incorpórea, podendo ser assim qualquer coisa não fungível, por ser da natureza desse negócio jurídico a restituição ao locador do bem locado, sem diminuir ou deteriorar a sua substância. Assim, não pode ser objeto de locação coisas consumíveis em uma primeira utilização “a não ser que se considerem contratualmente não fungíveis, como se dá com as coisas que são por natureza fungíveis e consumíveis, mas que o locatário se obriga a conservar e devolver depois de cumprida uma finalidade de exclusiva exibição”. Ainda, pode ser objeto de locação algo que faculte ao locatário o consumo de algum acessório ou de parte do bem locado, como por exemplo a situação de uma locação de um prédio rural, em que é permitido ao locatário o consumo de frutas ou o corte de madeira.
Como visto anteriormente, a coisa dada em locação não precisa ser alienável, uma vez que é plenamente factível que um imóvel com cláusula de inalienabilidade possa ser locado, assim como locado pode ser um bem público. Também podem ser alugados bens incorpóreos, como o usufruto de direitos, onde não se pode dar em locação coisa de outrem se não tiver titularidade de uso.
Pagamento do aluguel – É a remuneração ao locador, justificada pela utilização temporária da coisa, que é entregue ao locatário, distinguindo-se assim do comodato. Assim como em outros contratos, o preço deve ser firme e certo. Pode ser determinável, como no exemplo da locação de um auditório, em que o locador recebe, supondo, metade da bilheteria. O aluguel deve ser arbitrado em dinheiro, não impedindo a estipulação em frutos e benfeitorias, havendo, no entanto, opinião diversa na doutrina.
Quanto a periodicidade do pagamento, as partes são livres para discipliná-la, podendo ser realizado em uma só vez ao término do contrato, ou por parcelas diárias, semanais, mensais, bimestrais, semestrais, etc. Não estipulado o prazo para pagamento, este se fará até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencimento, de acordo com o art. 23, I da Lei do Inquilinato. É dívida quesível, devendo o locador cobrá-la no domicílio do locatário, não impedindo que seja portável. Na hipótese de não pagamento, pode-se utilizar a via executiva ou a resolução do contrato. 
Tempo de locação – O prazo deve ser certo e determinado ou determinável, podendo ser aleatório. Assim, a locação não pode ser perpétua, pois tem por característica ser temporária. A falta de fixação de tempo no contrato faz com que vigore a regra de prazo dos usos locais para locação daquela espécie. Dessa forma, o CCB não estabelece limite de tempo

Outros materiais