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Biologia das Plantas Daninhas Prof. Arejacy Antônio Sobral Silva arejacy@uniaraxavirtual.com.br AGRONOMIA - UNIARAXÁ Plantas infestantes Qualquer planta que é indesejável ou que interfere no bem estar do homem. Radosevich et al.,1996 Daninhas, infestantes, invasoras Uma planta pode ser daninha em determinada situação e benéfica em outras. Exemplo: braquiarinha (B. decumbens). Plantas Daninhas Comuns e verdadeiras - Comuns: não possuem a habilidade de sobreviver em condições adversas. P.ex.: Cultivo rotacional milho/soja. Plantas Daninhas Verdadeiras: - Possuem características especiais que permitem a sobrevivência em condições adversas: - Rusticidade ao ataque de pragas e doenças; - Grande produção de sementes por planta, facilmente dissemináveis (p.ex: Desmodium); - Dormência e germinação desuniforme. Multiplicação por sementes, rizomas, bulbos, tubérculos, raízes,etc. - E, não são melhoradas geneticamente. Prejuízos No Brasil: 20% a 30% Lorenzi,1990 Na cultura do café: 55,9% Blanco et al.,1982 Na cultura do milho: 10% a 80% Silva et al.,2004 Período Total de Prevenção da Interferência; Período Anterior a Interferência; Período Crítico Prevenção da Interferência. Prejuízos causados pelas Plantas Daninhas Redução da qualidade do produto comercial: Capim-carrapicho x feno, Bidens pilosa x algodão Sementes de carrapicho de carneiro x lã Tubérculos de tiririca x batata Redução do valor da terra: Cyperus rotundus Prejuízos causados pelas Plantas Daninhas Não certificação das sementes de culturas ou mudas em torrão: - leiteiro, capim massambará, tiririca Intoxicação de animais domésticos: - Cafezinho, oficial-de-sala, samambaia. Parasitismo: - erva-de-passarinho, erva-de-bruxa. Bidens pilosa – picão preto Cyperus rotundus – tiririca Melampodium perfoliatum – estrelinha Ipomoea grandifolia – corda de viola Plantas Infestantes Prejuízos indiretos PD podem ser hospedeiras alternativas de organismos nocivos a spp cultivadas: - Sida spp x mosaico dourado do feijoeiro. - Sorghum halepense x vírus do mosaico da cana. - Hospedeiras de nematóides dos gêneros Meloydogyne e Heterodera. Impedimento de práticas culturais: - Ipomea spp x colheita mecânica. - Cenchrus echinatus, Acanthospermum hispidum, Acassia plumosa, Mucuna pruriens x colheita manual. Prejuízos indiretos Abrigo para vetores de doenças e animais peçonhentos; Incovenientes em áreas industriais, vias públicas, ferrovias e refinarias de petróleo. No ambiente aquático. - represas, eficiência de reservatórios. Controle Preventivo Cultural Mecânico Controle Físico Biológico Controle Químico Controle químico • Vantagens: Eficiência Controle em épocas chuvosas Controle na linha de plantio Rápida operação • Desvantagens Equipamentos adequados Falta de capacitação dos produtores Controle químico A eficiência depende: Identificação das plantas daninhas Escolha dos herbicidas Tecnologia de aplicação Braquiária Capim-marmelada OGM - Transgênicos Manejo Integrado Adoção de práticas que resultam na redução da infestação, mas não, necessariamente na sua completa eliminação ou erradicação Reciclagem de nutrientes. Hospedeiras de inimigos naturais de pragas e doenças Formação de cobertura morta do solo. Manutenção do nível de matéria orgânica do solo. Controle da erosão. Importância das Plantas Infestantes no Manejo Integrado Erosão Manejo Ideal Não deve buscar o controle completo das plantas daninhas Minimizar competição Maximizar os benefícios das plantas daninhas Minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente Manejo Integrado de Plantas Daninhas O que Técnico deve conhecer: - A biologia e o potencial competitivo da planta daninha e da cultura - Os prejuízos que a planta daninha pode causar se não manejada corretamente - Os benefícios que o bom manejo da planta daninha pode trazer para o sistema produtivo MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS Classificação das Plantas Daninhas Monocotiledôneas Dicotiledôneas Classe Monocotyledoneae Florescimento Reprodução Cynodon dactylon (grama-seda) Nov - Abr S R E Cyperus rotundus (tiririca) Nov- Mar S R Imperata brasiliensis (sapé) Ago – Set R Panicum maximum (capim-colonião) Set-Dez S R Paspalum notatum (grama-batatais) Out-Mar S R Sorghum halepense (capim-massambará) Set-Jan S R Typha angustifolia (taboa) Jun-Out S R Classe Dicotyledoneae Florescimento Reprodução Cassia tora (fedegoso) Set – Dez S Sida carpinifolia (vassourinha) Mar-Abr S Sida cordifolia(malva-branca) Mar-Abr S Sida santaremnensis (guaxuma) Mar – Mai S S = sementes R = rizomas E = estolhos Quanto ao ciclo vegetativo Anuais: germinam, desenvolvem, florescem, produzem e morrem dentro de um ano. - Anuais de inverno: germinam no outono-inverno. - Anuais de verão: germinam na primavera. Melhor controle – antes da produção de sementes Bienais: o completo desenvolvimento se dá, normalmente, em dois anos. - No 1º ano germinam e crescem. - No 2º ano, produzem flores, frutos, sementes e morrem. Devem ser controladas no 1º ano. OBS: Podem ser anuais em uma região e bienais em outra. Quanto ao ciclo vegetativo Perenes ou vivazes: São aquelas que vivem mais de 2 anos e são caracterizadas pela renovação do crescimento, ano após ano, a partir do mesmo sistema radicular. Podem dar flores e frutos por anos seguidos. - Reproduzem-se por sementes e por meios vegetativos - São melhores controladas por herbicidas sistêmicos, pois o sistema mecânico faz com que se multipliquem ainda mais por meio de suas partes vegetativas. 1. Cyperus rotundus Cyperaceae Perene 2. Cynodon dactylon Poaceae Perene 3. Echinochloa crus-galli Poaceae Anual 4. Echinochloa colona Poaceae Anual 5. Eleusine indica Poaceae Anual 6. Sorghum halepense Poaceae Perene 7. Imperata cylindrica Poaceae Perene 8. Eichhornia crassipes Potederiaceae Perene 9. Portulaca oleracea Portulacaceae Anual 10. Chenopodium album Chenopodiaceae Anual 11. Digitaria sanguinalis Poaceae Anual 12. Convolvulus arvensis Convolvulaceae Perene 13. Avena fatua e Avena sterilis Poaceae Anual 14. Amaranthus hybridus Amarantaceae Anual 15. Amaranthus spinosus Amarantaceae Anual Lista das 15 mais importantes plantas daninhas do mundo. Holm et alli (1977) Características de agressividade Elevada capacidade de produção de dissemínulos: (sementes, bulbos, tubérculos, rizomas, estolões, etc.) Amaranthus retroflexus, produz 117.400 sementes/planta; Artemisia biennis: 107.500 sementes/planta; Cyperus rotundus: apenas 1 tubérculo, em 60 dias produz 126. Cada tubérculo possui cerca de 10 gemas que quando separadas podem gerar mais de 10 plantas. Produz também sementes. Manutenção da viabilidade mesmo em condições desfavoráveis. Convolvulus arvensis, cujas sementespermanecem viáveis mesmo após 54 meses submersas em água ou depois de passarem pelo trato digestivo de animais (exceto de aves). 38 Características de agressividade Capacidade de germinar e emergir de grandes profundidades Ipomoea, Euphorbia Grande desuniformidade no processo germinativo. Mecanismos alternativos de reprodução Sorghum halepense – sementes e rizomas, Cynodon dactylon – sementes e estolões, Cyperus rotundus – sementes e tubérculos Facilidade de dispersão de propágulos a grandes distâncias: pela água, pelo vento, animais, homem, máquinas, etc. - Disseminação auxócora (externa): Bidens pilosa - Disseminação zoócora (interna): Stylosanthes spp. 39 Características de agressividade Rápido desenvolvimento e crescimento inicial. Grande longevidade dos dissemínulos: - Sementes de 107 espécies de plantas daninhas foram enterradas em cápsulas porosas, a 20-100 cm de profundidade: - 1 ano após – 71 estavam viáveis. - 10 anos após – 68 II II - 20 anos após – 57 II ll - 30 anos após – 44 ll ll - 38 anos após – 36 ll ll Estudos com C14 : sementes de lótus-da-índia – viáveis por 1040 anos sementes de ançarinha-branca – viáveis por 1700 anos Dormência das sementes Estado de repouso devido a condições intrínsecas inerentes à própria semente. A semente não germina, mesmo em condições ambientes favoráveis. Quiescência: Repouso metabólico da semente devido a condições externas desfavoráveis. As sementes germinam ao se revolver o solo, irrigar, etc. Dormência das sementes Dormência primária: inata, endógena, inerente ou natural: A semente adquire quando está ainda ligada à planta-mãe, durante o processo de maturação e persiste por algum tempo depois de completa a maturação. Dormência secundária: A semente já liberada da planta-mãe, adquire a dormência. No retorno ao ambiente favorável, a semente permanece dormente, requerendo condição especial para a quebra da dormência. Causa mais frequente = impermeabilidade do tegumento. Dormência das sementes É um dos mais importantes mecanismos indiretos de dispersão e um meio necessário de sobrevivência para as plantas daninhas. A dormência não é a mesma em todas as sementes de uma planta. Garantia de germinação ao longo de meses ou anos Germinação > com uso de arado e enxada rotativa. > com leve compactação. Sementes grandes; gêneros Ipomoea e Euphorbia: podem germinar até em profundidade superior a 15 e 25cm. Sementes pequenas como as de Eleusine indica somente germinam até 1,0 cm de profundidade. Quanto ao crescimento Herbáceas: plantas tenras, de baixo porte; Arbustivas: apresentam ramificações desde a base; Arbóreas: apresentam ramificações bem definidas acima da base do caule; Trepadeiras: beneficiam-se de outras plantas como suporte para o crescimento; Hemiepífitas: iniciam seu desenvolvimento como trepadeiras e, posteriormente emitem sistema radicular; Epífitas: crescem sobre outras sem a utilização de fotoassimilados da hospedeiras; Parasitas: cresce sobre outra, beneficiando-se dos fotoassimilados da espécie parasitada. Quanto ao habitat - Terrestres: vivem sobre o solo; algumas desenvolvem-se melhor em solos férteis. Amaranthus spp. e Portulaca oleraceae. Há espécies que se desenvolvem em solos pobres. Aristida pallens e Sida spp. Há ainda aquelas indiferentes à fertilidade: Cyperus spp. - Aquáticas: - Aquáticas marginais: ocorrem às margens de rios, lagoas,etc. - Aquáticas flutuantes: Folhas fora d’água e raízes submersas. - Aquáticas submersas livres: Inteiramente abaixo do superfície - Aquáticas submersas ancoradas: raízes presas ao fundo. - Aquáticas emergentes: Folhas na superfície da água e raízes ancoradas no fundo. - Plantas daninhas de ambiente indiferente - Plantas daninhas parasitas.
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