Buscar

idoso modulo4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ilu
st
ra
çã
o:
 E
du
ar
do
 M
or
ci
llo
 (2
00
8)
.
II Atenção à saúde da pessoa idosa
4. Processo de envelhecimento 
e bases da avaliação 
multidimensional do idoso
Edgar Nunes de Moraes, Flávia Lanna de Moraes e Célia Pereira Caldas 
Dona Conceição tem 91 anos, Índice de Massa Corporal (IMC) 19, mede 
cerca de 1,58 m e é independente nas Atividades de Vida Diária (AVD) 
básicas e instrumentais. Mora na Rua Sergipe n. 15, há dez anos, com 
sua irmã Ofélia, 85 anos, portadora de doença de Alzheimer. Ambas 
são viúvas.
Todo o funcionamento da casa é gerenciado por d. Conceição, além de 
cuidar da irmã. Tem dois filhos, Paulo e Antônio, que, apesar de mora-
rem em outra cidade, dão muita assistência. A sobrinha, filha de Ofélia, 
é bastante presente e está sempre disponível para ajudar nos afazeres 
da casa ou resolver problemas em bancos, fazer compras mais pesadas, 
levar ao médico e a alguns passeios. Tem cinco netos e dois bisnetos, que 
a visitam com frequência. Adora crianças e gosta quando os bisnetos 
passam a tarde com ela. Nesses dias, ela prepara o lanche, bolo, biscoitos, 
enfim, faz tudo o que os bisnetos mais gostam. Às vezes, a irmã, Ofélia, 
fica mais irritada com a bagunça das crianças, mas d. Conceição contorna 
o problema brincando com as crianças no quintal da casa, ao qual a irmã 
tem pouco acesso.
Dona Conceição está sempre de bom humor e se diz satisfeita com a 
vida. Ninguém nunca a viu reclamar de nada. Sorridente o tempo todo, 
mesmo quando a irmã insiste em discordar de suas atitudes ou afirma 
que a empregada está roubando seu dinheiro (“delírio de roubo”). Nes-
sas horas, ela conversa com tanta tranquilidade, que a irmã Ofélia fica 
até mais calma, e ela consegue mudar de assunto.
100
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
delírios de roubo são muito comuns na pessoa idosa. São crenças fortes, 
embora não verdadeiras e dificilmente modificáveis, o que acarreta 
grandes transtornos no manejo da situação.
Há cerca de oito anos, d. Conceição recebeu diagnóstico de câncer de 
intestino grosso, graças ao exame de pesquisa de sangue oculto nas 
fezes. Após a doença ter sido confirmada, realizou-se a hemicolectomia 
(retirada parcial do intestino), e a evolução foi ótima. Atualmente, nega 
qualquer alteração do hábito intestinal. É portadora de osteoporose den-
sitométrica não complicada e osteoartrose no joelho direito, que não 
trazem nenhuma limitação à sua mobilidade. Faz uso regular de parace-
tamol quando a dor se torna mais intensa, com boa resposta. 
Qual é o conceito de envelhecimento? 
Na Unidade de Aprendizagem I, estudamos a diferença entre envelheci-
mento individual e populacional. O envelhecimento populacional pode 
ser reversível, caso ocorra aumento da fecundidade. Já o envelhecimento 
individual representa a consequência ou os efeitos da passagem do 
tempo. Esses efeitos podem ser positivos ou negativos e são observados 
nas diversas dimensões do indivíduo: organismo (envelhecimento bioló-
gico) e psiquismo (envelhecimento psíquico). São igualmente importan-
tes na medida em que atuam como coadjuvantes para a manutenção da 
autonomia e independência do indivíduo. 
Conforme refletimos na Unidade de Aprendizagem I, envelhecimento 
não é sinônimo de incapacidade e dependência, mas sim de maior vul-
nerabilidade. A heterogeneidade entre os indivíduos idosos é marcante 
e progressiva ao longo do processo de envelhecimento. As doenças são 
mais frequentes nessa faixa etária, porém nem sempre estão associadas 
à dependência funcional. Como resultante desse fato, não basta para o 
profissional da área do envelhecimento a “antiga informação”, aquela 
que esclarece se o paciente é portador ou não de doenças, pois 90% deles 
são (RAMOS 2003). 
Envelhecer sem nenhuma doença crônica é mais uma exceção do que a 
regra (VERAS, 2012). Logo, essa é uma informação que não agrega pos-
sibilidades de mudança, e, por esse motivo, introduzimos um novo indi-
cador de saúde: a capacidade funcional. Embora seja muito importante o 
diagnóstico clínico registrado na Classificação Internacional de Doenças 
(CID), essa informação isolada não deixa claro o quadro funcional do 
Capacidade funcional (cF) do 
idoso é definida pela ausência de 
dificuldades no desempenho de 
certos gestos e atividades da vida 
cotidiana. os conceitos fazem parte 
de um sistema de classificação 
internacional de comprometimento, 
incapacidades e desvantagens (ciF), 
da organização Mundial da 
Saúde (oMS).
101
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
idoso. Indivíduos com o mesmo diagnóstico clínico podem apresentar 
capacidade funcional absolutamente distinta um do outro. Assim, a fron-
teira entre os conceitos de saúde, doenças, dependência e incapacidades 
deve estar bem definida.
Quais são os tipos de envelhecimento 
do organismo? 
Todos os seres vivos passam por transformações ao longo dos anos. Elas 
podem ser consideradas uma involução morfológica e funcional que 
afeta a maioria dos órgãos e leva ao gradual declínio no desempenho 
funcional dos indivíduos, culminando com a morte. O termo envelheci-
mento é utilizado para indicar tais transformações.
O envelhecimento biológico é inexorável, dinâmico e irreversível, carac-
terizado por maior vulnerabilidade às agressões do meio interno e 
externo e, portanto, maior suscetibilidade nos níveis celular, tecidual e 
de órgãos/aparelhos/sistemas. Entretanto, não significa adoecer. Senili-
dade não é diagnóstico. Em condições basais, o idoso funciona tão bem 
quanto o jovem. A diferença se manifesta nas situações em que se torna 
necessária a utilização das reservas homeostáticas (de equilíbrio), que, no 
idoso, são mais frágeis. Além disso, cada órgão ou sistema envelhece de 
forma diferenciada. A variabilidade é, então, cada vez maior à medida 
que envelhecemos.
envelhecimento = vulnerabilidade + variabilidade + irreversibilidade
O Gráfico 1 mostra a relação entre a funcionalidade global do organismo 
e os ciclos de vida (infância, adolescência, adultez e velhice). O ser 
humano atinge o máximo de suas funções orgânicas por volta dos 30 a 
40 anos. Entre os 40 e 50 anos, há a estabilização e, a partir daí, o declí-
nio funcional progressivo, com a perda funcional global de 1% ao ano. 
Portanto, quanto maior a reserva funcional, menor será a repercussão do 
declínio considerado fisiológico (envelhecimento fisiológico). 
102
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Gráfico 1 – Funcionalidade global x idade
Fonte: Moraes (2008).
O envelhecimento biológico pode ser fisiológico (senescência) ou pato-
lógico (senilidade). É possível subdividir o envelhecimento fisiológico 
em dois tipos: bem-sucedido e usual. No envelhecimento bem-sucedido, 
o organismo mantém todas as funções fisiológicas de forma robusta, 
semelhante à idade adulta. No envelhecimento usual, observa-se perda 
funcional lentamente progressiva, que não provoca incapacidade, mas 
traz alguma limitação à pessoa. 
Ainda dentro do envelhecimento fisiológico, podemos encontrar 
idosos com alterações fisiológicas mais expressivas, o que caracteriza 
a síndrome da fragilidade ou frailty. Esse tipo de envelhecimento é 
difícil de ser diferenciado do envelhecimento patológico. Existe forte 
sobreposição entre eles. Todavia, não há doenças aparentes capazes 
de justificar o grau de fragilidade apresentado pelo idoso. Provavel-
mente, deve-se a alterações fisiológicas mais acentuadas, de causa 
desconhecida ou não diagnosticada. 
Os principais fatores de risco para a síndrome da fragilidade são: here-
ditariedade, sexo feminino, baixo nível socioeconômico, má nutrição, 
sedentarismo, senescência, sarcopenia (perda muscular), anorexia e, 
obviamente, a presença de múltiplas comorbidades ou doenças incapa-
103
Processo de envelhecimentoe bases da avaliação multidimensional do idoso
citantes, como acidente vascular cerebral (AVC), doença de Alzheimer, 
doença de Parkinson e depressão.
Gráfico 2 – Formas de envelhecimento
a hereditariedade, os hábitos de vida e as doenças são os principais 
determinantes das alterações moleculares causadoras de desregulação 
dos sistemas homeostáticos, capazes de comprometer o funcionamento 
harmonioso do organismo, gerando perda de autonomia e independência, 
hospitalização, institucionalização e óbito.
Qual é a relação entre saúde 
e envelhecimento?
Saúde pode ser definida como uma medida da capacidade de realizar 
aspirações e de satisfazer as necessidades, e não simplesmente como a 
ausência de doenças. A maioria dos idosos é portadora de doenças ou 
disfunções orgânicas, que, na maior parte das vezes, não estão associa-
das à limitação das atividades ou restrição da participação social.
assim, mesmo apresentando doenças, o idoso pode continuar 
desempenhando suas atividades e os papéis sociais. 
104
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
O foco da saúde está estritamente relacionado à funcionalidade glo-
bal do indivíduo, definida como a capacidade de gerir a própria vida e 
cuidar de si mesmo. A pessoa considerada saudável é capaz de realizar 
as tarefas do cotidiano de forma independente e autônoma, mesmo 
na presença de doenças (MORAES, LANNA, 2014; RAMOS, 2003). Faz-se 
necessário também definir a diferença entre capacidade funcional e 
desempenho funcional. A Classificação Internacional de Funcionali-
dade, Incapacidade e Saúde (CIF) utiliza os termos desempenho fun-
cional para descrever o que o indivíduo consegue fazer no seu ambiente 
habitual, ou seja, no contexto real em que vive; já a capacidade fun-
cional é testada por instrumentos ou testes específicos em ambientes 
controlados (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003). 
A portaria que institui a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa 
(http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/
GM-2528.htm) registra que “o conceito de saúde para o indivíduo idoso 
se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência do que 
pela presença ou ausência de doença orgânica” (BRASIL, 2006a). Bem-
-estar e funcionalidade são complementares. Representam a presença 
de autonomia (capacidade individual de decisão e comando sobre as 
ações, estabelecendo e seguindo as próprias convicções) e independên-
cia (capacidade de realizar algo com os próprios meios), permitindo que 
o indivíduo cuide de si e de sua vida. 
Cabe ressaltar que independência e autonomia estão intimamente rela-
cionadas, mas são conceitos diferentes. Existem pessoas com depen-
dência física, porém capazes de escolher com autonomia as atividades 
de seu interesse. No entanto, há pessoas que apresentam condições 
físicas para realizar determinadas tarefas do cotidiano, mas sem condi-
ções de decidir com segurança sobre como, quando e onde se envolver 
nessas atividades. 
A perda da independência nem sempre vem associada à perda de auto-
nomia: um idoso com perda da capacidade de deambular pode perfeita-
mente gerenciar sua vida com autonomia e participação social. Assim, a 
funcionalidade global é a base do conceito de saúde do idoso. O declínio 
funcional é a perda da autonomia e/ou da independência, pois restringe 
a participação social do indivíduo. Por sua vez, a independência e auto-
nomia estão intimamente relacionadas ao funcionamento integrado e 
harmonioso de quatro sistemas funcionais (MORAES, 2012):
 � Cognição: capacidade mental de compreender e resolver 
adequadamente os problemas do cotidiano.
105
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
 � Humor/Comportamento: motivação necessária para realizar 
atividades e/ou participar socialmente. Inclui também o 
comportamento do indivíduo, que é afetado pelas outras funções 
mentais, como a sensopercepção, o pensamento e o nível de 
consciência.
 � Mobilidade: capacidade individual de deslocamento e de 
manipulação do meio. Por sua vez, a mobilidade depende de 
quatro subsistemas funcionais: a capacidade aeróbica e muscular 
(massa e função), o alcance/preensão/pinça (membros superiores) 
e a postura, transferência e marcha. A continência esfincteriana 
é também considerada um subsistema da mobilidade, pois sua 
ausência (incontinência esfincteriana) é capaz de interferir na 
mobilidade, restringindo a participação social do indivíduo. 
 � Comunicação: capacidade de estabelecer um relacionamento 
produtivo com o meio, trocar informações, manifestar desejos, 
ideias e sentimentos. Depende de três subsistemas funcionais: visão, 
audição e produção/motricidade oral. Esse último é representado 
pela voz, fala e deglutição.
A perda da independência e/ou autonomia é causada pelas principais 
síndromes associadas ao envelhecimento, conhecidas como “grandes 
síndromes geriátricas” ou “gigantes da geriatria”: incapacidade cogni-
tiva, instabilidade postural, incontinência esfincteriana, imobilidade 
e incapacidade comunicativa. A presença dessas condições crônicas de 
saúde aumenta a complexidade do manejo clínico e o risco de iatrogenia. 
Além disso, estão associadas ao aumento de cuidados de longa duração, 
usualmente realizados pela família, que, na maioria das vezes, não se 
encontra preparada para essa nova função. É quando se apresenta a insu-
ficiência familiar (Figura 1).
Iatrogenia é uma alteração 
patológica causada no paciente 
por diagnóstico ou tratamento de 
qualquer tipo. 
Insuficiência familiar significa a 
perda da capacidade da família em 
prover os cuidados, dar apoio e 
suporte ao idoso, por ausência de 
família ou falta de condições.
106
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Figura 1 – Grandes síndromes geriátricas
Fonte: Moraes (2012).
A presença de declínio funcional, capaz de restringir a autonomia e a 
independência do indivíduo, não pode ser atribuída ao envelhecimento 
normal, mas sim à presença de incapacidade funcional, resultante das 
grandes síndromes geriátricas, de forma isolada ou associada (poli-
-incapacidades). Esse declínio funcional não deve ser considerado “nor-
mal da idade”, pois representa o principal determinante de desfechos 
negativos, como o desenvolvimento de outras incapacidades e piora 
funcional, institucionalização, hospitalização e morte (RAMOS, 2001). 
Usualmente, as causas são múltiplas e multifatoriais, com frequência 
associadas à presença de doenças crônico-degenerativas, polifarmácia, 
sarcopenia e alto risco de iatrogenia. 
107
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006a) considera 
idoso frágil ou em situação de fragilidade aquele que: vive em 
Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), encon-
tra-se acamado, esteve hospitalizado recentemente por qual-
quer razão, apresente doenças sabidamente causadoras de 
incapacidade funcional – acidente vascular encefálico, síndro-
mes demenciais e outras doenças neurodegenerativas, etilis-
mo, neoplasia terminal, amputações de membros, encontra-se 
com pelo menos uma incapacidade funcional básica, ou viva 
situações de violência doméstica.
O declínio funcional é, portanto, a principal manifestação de vulnera-
bilidade, foco da intervenção geriátrica e gerontológica, independen-
temente da idade do paciente, podendo ser estabelecido ou iminente. 
Quadro 1 – Tipos de declínio funcional 
Declínio funcional
Estabelecido Iminente
presença de incapacidade funcional ou 
de dependência propriamente dita
presença de condições crônicas 
preditoras de dependência funcional 
como idade avançada, polipatologia, 
polifarmácia, sarcopenia e risco 
sociofamiliar elevado.
O desafio atual é a operacionalização do conceito de fragilidade a fim 
de permitir seu reconhecimento e estabelecerintervenções capazes de 
maximizar a independência e autonomia do indivíduo, bem como impe-
dir ou retardar o surgimento de desfechos adversos (CLEGG et al., 2013).
Fried et al. (2001) definiram fragilidade (frailty) como uma síndrome 
geriátrica, de natureza multifatorial, caracterizada pela diminuição das 
reservas de energia e resistência reduzida aos estressores, condições 
essas que resultam do declínio cumulativo dos sistemas fisiológicos. 
Fundamentado nesse conceito, desenvolveu o “fenótipo da fragili-
dade”, caracterizado pela presença de três ou mais dos seguintes cri-
térios: perda de peso, fatigabilidade (exaustão), fraqueza (redução da 
força muscular), baixo nível de atividade física e lentificação da mar-
cha. A presença de três ou mais parâmetros definiu o “idoso frágil”, e a 
presença de dois parâmetros definiu o idoso “pré-frágil”.
É crescente a ideia de que a fragilidade é multidimensional, e sua ope-
racionalização deve considerar componentes sociodemográficos, médi-
cos, funcionais, afetivos, cognitivos e físicos (LACAS; ROCKWOOD, 2012).
108
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
A prevalência de fragilidade em idosos residentes na comunidade é 
de 10,7%, variando de 4,0% a 59,1%, conforme o critério utilizado 
(COLLARD, 2012). O fenótipo de fragilidade de Fried é o critério mais 
usado, e, nesses casos, a prevalência foi menor, variando de 4 a 17%. 
A utilização de modelos multidimensionais aumenta a prevalência da 
fragilidade (4,2% a 59,1%).
Entendemos que ambos os modelos são complementares, com aplica-
bilidades distintas e integrantes do espectro da fragilidade (Figura 2). 
O modelo fenotípico descrito por Fried seria mais útil para pesquisas 
clínicas, enquanto o modelo multidimensional mais adequado para 
organização e planejamento de sistemas de saúde. 
Fonte: Moraes (2014).
O modelo de classificação clínico-funcional proposto é baseado em uma 
visão de saúde pública, fortemente ancorado na multidimensionalidade 
dos determinantes da saúde do idoso, sem desprezar a importância das 
Figura 2 – Fenótipo da fragilidade, segundo Fried 
109
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
doenças ou das alterações físicas, como a sarcopenia (MORLEY et al., 
2013). Nele, o termo fragilidade é utilizado para representar as seguin-
tes situações (MORAES; LANNA, 2014): 
 � presença de condições crônicas preditoras de declínio funcional, 
institucionalização e/ou óbito;
 � dependência funcional estabelecida. 
De acordo com essa lógica, os idosos podem ser classificados em (Figura 3): 
 � Idoso robusto: idoso capaz de gerenciar sua vida de forma 
independente e autônoma, não apresenta incapacidade funcional 
ou condição crônica de saúde associada à maior vulnerabilidade. 
As intervenções devem priorizar o manejo adequado das condições 
crônicas de saúde, abordagem precoce de doenças ou eventos 
agudos ou intermitentes, realização dos rastreamentos indicados 
para cada faixa etária e implementação de intervenções preventivas 
e promocionais.
 � Idoso em risco de fragilização: idoso capaz de gerenciar sua vida 
de forma independente e autônoma, todavia encontra-se em estado 
dinâmico entre senescência e senilidade, resultando na presença 
de limitações funcionais (declínio funcional iminente), mas sem 
dependência funcional. Apresenta uma ou mais condições crônicas 
de saúde preditoras de desfechos adversos, como: 
•	 Evidências de sarcopenia: presença de alterações da massa 
e função muscular (força e desempenho muscular). Os 
critérios de operacionalização do diagnóstico de sarcopenia são 
variáveis e incluem o fenótipo de fragilidade descrito por Fried 
(emagrecimento significativo não intencional, fatigabilidade, 
fraqueza, baixo nível de atividade física e lentificação da marcha) 
e os critérios baseados na medida quantitativa da massa muscular, 
associadas medidas de função muscular, como a força de preensão 
palmar e a velocidade da marcha. A lentificação da marcha é 
o principal determinante de sarcopenia/dinapenia e pode ser 
definida quando for igual ou menor que 0,8 m/s (distância 
padronizada de quatro metros, com velocidade pouco acima da 
usual, sem distância para aceleração ou desaceleração) (SAYER, 
2013). Outro bom indicador de sarcopenia é a circunferência 
da panturrilha menor ou igual a 31 cm. A perda significativa de 
peso não intencional de 4,5 kg ou 5% do peso corporal no último 
ano, 6 kg ou mais nos últimos seis meses ou 3 kg ou mais no 
último mês e IMC < 22 kg/m2 também podem ser preditores de 
sarcopenia (CRUZ-JENKOFT et al., 2010; FIELDING et al., 2011).
110
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
•	 Presença de comorbidades múltiplas representadas pela 
polipatologia (presença simultânea de cinco ou mais condições 
crônicas de saúde, acometendo sistemas fisiológicos diferentes) 
ou polifarmácia (uso regular e concomitante de cinco ou mais 
medicamentos por dia para condições crônicas diferentes) 
ou história de internações recentes (≤ 6 meses) e/ou 
pós-alta hospitalar. 
•	 Alta vulnerabilidade sociofamiliar (insuficiência familiar): a 
perda do suporte familiar e/ou social está associada ao maior 
risco de declínio funcional. 
 � Idoso frágil: idoso com declínio funcional estabelecido e incapaz 
de gerenciar sua vida em virtude da presença de incapacidades, 
únicas ou múltiplas, como:
•	 incapacidade cognitiva – demência, depressão e “doença mental”;
•	 instabilidade postural – história de duas ou mais quedas nos 
últimos seis meses e/ou dificuldades na marcha, caracterizada 
por desequilíbrio e alterações no padrão da marcha, capazes de 
restringir a participação social do indivíduo;
•	 imobilidade parcial ou completa;
•	 incontinência esfincteriana capaz de restringir a participação 
social do indivíduo;
•	 incapacidade comunicativa – distúrbios da comunicação 
oral/escrita, da audição e da visão, capazes de restringir a 
participação social do indivíduo.
Por sua vez, os idosos frágeis podem ser subdivididos em:
 � Idoso frágil: apresenta declínio funcional estabelecido e, 
consequentemente, dependência funcional nas atividades de vida 
diária. Encontra-se estável clinicamente, sem apresentar dúvidas 
diagnósticas e/ou terapêuticas.
 � Idoso frágil de alta complexidade: apresenta dependência 
funcional nas atividades de vida diária associada a condições 
de saúde de difícil manejo clínico (diagnóstico, tratamento ou 
reabilitação).
 � Idoso frágil em fase final de vida: apresenta alto grau de 
dependência funcional e sobrevida estimada menor que seis meses 
(cuidados paliativos).
111
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
Figura 3 – Classificação clínico-funcional dos idosos
Fonte: Moraes (2014).
Para refletir
com base nas informações apresentadas no início deste módulo sobre 
d. conceição e sua irmã ofélia e considerando a Figura 3, como você as 
classificaria?
Figura 4 – Processo de fragilidade
Fonte: Moraes (2014).
112
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Vários termos e conceitos são utilizados rotineiramente em geriatria e 
gerontologia de forma não padronizada e, por vezes, com significados 
diferentes. Como tentativa de padronizar e uniformizar esses termos, 
listamos, a seguir, os conceitos utilizados neste texto.
 � Atividades de vida diária básica (AVD básica): referem-se 
às tarefas necessárias para o cuidado com seu corpo ou 
autopreservação (autocuidado). 
 � Atividades instrumentais de vida diária (AVD instrumental): 
referem-se às tarefas necessárias para o cuidado com seu domicílio 
ou atividades domésticas. 
 � Atividades avançadas de vida diária (AVD avançada): 
referem-se às atividades produtivas, recreativas e sociais.
 � Autonomia: capacidade individual de decisão e comando sobre 
as ações (autogoverno), estabelecendoe seguindo as próprias 
convicções. 
 � Comorbidades: presença simultânea, no mesmo indivíduo, 
de três ou mais doenças, com base em critérios diagnósticos 
bem estabelecidos. A American Geriatrics Society (AMERICAN 
GERIATRICS SOCIETY EXPERT PANEL ON THE CARE OF OLDER ADULTS 
WITH MULTIMORBIDITY, 2012) utiliza o termo multimorbidade para 
expressar essa condição de saúde presente em mais de 50% dos 
idosos americanos, com efeitos cumulativos distintos para cada 
indivíduo. 
 � Condição crônica de saúde: termo que engloba as circunstâncias 
ou condições na saúde das pessoas que exigem resposta dos sistemas 
de atenção à saúde, mas nem sempre são patológicas ou definidas 
como doenças. Inclui os sintomas e sinais sem definição diagnóstica 
(insônia, tontura, constipação etc.), doenças propriamente, 
achados laboratoriais (hiponatremia, deficiências vitamínicas etc.), 
senecultura (cuidados com idoso robusto), senicultura (cuidados 
com idoso frágil), síndrome de fragilidade etc. 
 � Declínio funcional iminente: síndrome caracterizada pela 
presença de condições crônicas de saúde preditoras de desfechos 
clínicos negativos ou adversos (dependência funcional, 
institucionalização, hospitalização e morte). Essas condições 
incluem a presença de polipatologia, polifarmácia, sarcopenia, 
internação recente e risco sociofamiliar elevado. 
 � Declínio funcional estabelecido: presença de incapacidade 
funcional ou dependência, com consequente restrição da 
participação social. 
113
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
 � Deficiências: disfunções, anormalidades ou problemas nas funções 
ou estruturas do corpo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003). 
 � Dependência ou incapacidade funcional: dificuldade para 
realizar tarefas essenciais a uma vida independente, incluindo 
atividades de autocuidado e domiciliares, com necessidade da ajuda 
de outra pessoa.
 � Dinapenia: perda da força e potência muscular, independente da 
massa muscular (CLARK; MANINI, 2008).
 � Envelhecimento bem-sucedido (Successful aging): termo utilizado 
para identificar idosos que envelheceram livres de comorbidades 
e sem apresentar nenhum tipo de declínio funcional na cognição, 
humor, mobilidade e comunicação. Fatores genéticos e ambientais 
são determinantes do tipo de envelhecimento. Nesse grupo, 
podemos também acrescentar o envelhecimento ativo, que se refere 
aos idosos portadores de doenças crônicas, plenamente controladas 
e capazes de viver com total independência e autonomia, 
autorrealização e desempenho de importantes papéis sociais (idoso 
robusto). A tendência é incorporar o envelhecimento ativo dentro 
do bem-sucedido, ou seja, há os que envelhecem sem doenças e são 
bem-sucedidos, mas há também os que envelhecem com doenças 
crônicas e são igualmente bem-sucedidos.
 � Falência orgânica múltipla (Failure to thrive): termo utilizado 
para descrever a síndrome de declínio funcional global caracterizada 
pela presença cumulativa de fragilidade física (perda de peso, 
subnutrição e sarcopenia) incapacidade cognitiva (demência, 
depressão e/ou delirium) e dependência funcional avançada.
 � Fragilidade: redução da reserva homeostática e/ou da capacidade 
de adaptação às agressões biopsicossociais e, consequentemente, 
maior vulnerabilidade ao declínio funcional.
 � Fragilização é o processo dinâmico de redução da capacidade 
funcional e aumento progressivo da vulnerabilidade, culminando 
com o declínio funcional estabelecido.
 � Incapacidade: termo que inclui deficiências, limitação de 
atividades ou restrição na participação social (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL 
DA SAÚDE, 2003). Em geriatria, é utilizado para representar a 
presença de dependência ou declínio funcional estabelecido. As 
principais causas de incapacidade nos idosos são: incapacidade 
cognitiva, instabilidade postural, incontinência esfincteriana, 
imobilidade e incapacidade comunicativa, também conhecidas como 
grandes síndromes geriátricas.
114
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
 � Independência: capacidade individual de executar algo com os 
próprios meios, sem ajuda de outra pessoa.
 � Limitação funcional (limitação das atividades): diz respeito 
às dificuldades que um indivíduo pode encontrar na execução de 
atividades (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003), com lentificação 
global, mas sem restrição ou impedimento no desempenho das 
tarefas do cotidiano.
 � Polifarmácia: uso regular e concomitante de cinco ou mais 
medicamentos por dia para condições crônicas diferentes. 
 � Polipatologia: presença de cinco ou mais diagnósticos de 
condições crônicas de saúde acometendo sistemas fisiológicos 
diferentes. 
 � Restrição da participação social: perda da autonomia e/
ou independência. Segundo a CIF (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA 
SAÚDE, 2003), são problemas que o indivíduo pode experimentar 
relacionados a situações reais da vida (dependência funcional).
 � Sarcopenia: síndrome clínica caracterizada pela perda progressiva 
e generalizada da massa muscular esquelética e função muscular; 
representada pela redução da força muscular e desempenho 
funcional, com risco de desfechos adversos como incapacidade 
física, baixa qualidade de vida e morte.
 � Senescência: processo de envelhecimento normal 
(envelhecimento usual).
 � Senilidade: processo de envelhecimento patológico.
 � Síndrome da fragilidade (Frailty): síndrome geriátrica, de 
natureza multifatorial, caracterizada pela diminuição das reservas 
de energia e resistência reduzida aos estressores, condições essas 
que resultam do declínio cumulativo dos sistemas fisiológicos. A 
operacionalização desse conceito está estritamente condicionada à 
presença do fenótipo da fragilidade, caracterizado pela presença de 
três ou mais dos seguintes critérios: perda de peso, fatigabilidade, 
fraqueza, baixo nível de atividade física e lentificação da marcha 
(FRIED et al., 2001).
 � Vitalidade: capacidade individual de resistência aos agentes 
agressores internos e externos, também conhecida como reserva 
homeostática.
 � Vulnerabilidade: redução da reserva homeostática e consequente 
aumento do risco de fragilização.
115
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
O envelhecimento normal não afeta a capacidade de decisão (auto-
nomia) ou de execução (independência) do indivíduo, como pôde ser 
observado com d. Conceição. Percebe-se a lentificação global em seu 
funcionamento, capaz de trazer algumas limitações, mas não a restrição 
da participação social. A maior vulnerabilidade do idoso exige determi-
nados cuidados nas tarefas do cotidiano e a utilização mais constante 
de facilitadores ambientais. Tais limitações devem ser percebidas pelo 
idoso, familiares e equipe de saúde da família.
A maior vulnerabilidade do idoso diante das agressões do meio interno 
e externo resulta do envelhecimento dos sistemas fisiológicos principais.
Caderno de Atividades
realize a atividade 1 do Módulo 4. 
Apresentaremos, agora, as principais alterações orgânicas associadas ao 
envelhecimento.
Composição corporal 
A água é a principal parte da composição corporal na criança, corres-
pondendo a 70% do seu peso. Com o envelhecimento, há redução de 
20% a 30% da água corporal total e 8% a 10% do volume plasmático. 
A redução é maior no conteúdo intracelular. Essa “desidratação crônica” 
agrava-se pela diminuição da sensação de sede, tornando o idoso mais 
vulnerável à desidratação aguda e às reações adversas das drogas em 
virtude da alteração do volume de distribuição das drogas hidrossolúveis. 
Além da redução da água corporal, o envelhecimento provoca redu-
ção de 20% a 30% da massa muscular (sarcopenia) e da massa óssea 
(osteopenia/osteoporose), causada pelas alterações neuroendócrinas – 
menor responsividade renal ao hormônio antidiurético, redução dos 
níveisbasais de aldosterona, redução do hormônio de crescimento e 
hormônios sexuais, aumento do paratormônio, redução da função 
renal, vitamina D – e inatividade física. A sarcopenia contribui para as 
seguintes alterações presentes no idoso:
 � maior tendência à redução do peso corporal da maioria dos órgãos;
 � redução na força muscular, na mobilidade, no equilíbrio e na 
tolerância ao exercício, predispondo a quedas e imobilidade;
116
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
 � redução dos tecidos metabolicamente ativos, levando à 
diminuição do metabolismo basal (100 kcal/década) que, por sua 
vez, causa anorexia e consequente redução da ingestão alimentar, 
agravando ainda mais o quadro, podendo causar subnutrição 
proteico-calórica e deficiência de micronutrientes, como vitamina D, 
magnésio, cálcio e zinco;
 � diminuição da sensibilidade à insulina – intolerância à glicose;
 � comprometimento da resposta imunológica.
Ocorre aumento de 20% a 30% na gordura corporal total (2% a 5% por 
década, após os 40 anos) e modificação de sua distribuição, tendendo 
à localização mais central, abdominal e visceral. No sexo feminino, a 
gordura deposita-se mais na região das nádegas e coxas (aparência de 
“pêra”), e nos homens localiza-se mais na região abdominal (aparência 
de “maçã”). A principal complicação é o aumento da meia-vida das 
drogas lipossolúveis como os benzodiazepínicos (diazepam), intensifi-
cando o risco de toxicidade.
Nutrição e antropometria 
As alterações fisiológicas do envelhecimento que comprometem as 
necessidades nutricionais ou ingestão alimentar são:
 � redução de olfato e do paladar – redução nos botões e papilas 
gustativas sobre a língua, diminuição nas terminações nervosas 
gustativas e olfatórias, ambos comprometem a palatabilidade 
dos alimentos. Alterações nas papilas gustativas e na condução 
neurossensorial ocorrem progressivamente com a idade, apresentam 
tendência para elevar o limiar de percepção dos sabores doce e 
salgado, trazendo a sensação de que os alimentos estão amargos 
e azedos;
 � aumento da necessidade proteica – diminuição da síntese e ingestão;
 � redução da biodisponibilidade da vitamina D, levando à redução 
da absorção intestinal de cálcio;
 � deficiência na utilização da vitamina B6;
 � redução da acidez gástrica, levando à menor absorção de vitamina 
B12, ferro, cálcio, ácido fólico e zinco;
 � insuficiência dos mecanismos reguladores de sede, fome e saciedade;
 � aumento da toxicidade de vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, 
D, E, K);
117
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
 � maior dificuldade na obtenção, preparo e ingestão de alimentos;
 � xerostomia (boca seca).
Outros fatores que contribuem para a desnutrição nos idosos são: 
menor acesso ao alimento secundário por causas físicas (sequela de 
AVC, parkinsonismo, demência avançada) ou sociais (isolamento, ins-
titucionalização, baixo poder aquisitivo); uso de drogas que produzem 
inapetência (digoxina) ou alteram o sabor dos alimentos – Inibidores da 
Enzima Conversora de Angiotensina (Ieca); depressão; medo exagerado 
de alimentos considerados “inadequados” (colesterol, carne vermelha, 
sal, açúcar); desordens da mastigação (dentaduras mal-adaptadas, 
ausência de dentes, gengivite, candidíase oral) e/ou disfagia; diarreia 
e má absorção; doenças consumptivas; hipertireoidismo; alcoolismo; 
dentre outros.
Ocorre, ainda, uma redução da estatura do idoso, cerca de 1 cm 
(homens) a 1,5 cm (mulheres) por década, a partir dos 40-50 anos.
A redução da massa óssea (osteopenia e/ou osteoporose) associada à 
hipercifose torácica, cifoescoliose e redução dos discos intervertebrais 
(achatamento) caracteriza os principais determinantes, particularmente 
nas mulheres. No cálculo do IMC, pode-se utilizar a altura do joelho 
para corrigir essa redução da estatura. 
O IMC (Índice de Quetelet = peso em quilogramas dividido pela esta-
tura em metros elevada ao quadrado) tende a se elevar com o enve-
lhecimento, provavelmente pelo aumento progressivo da massa de 
gordura corporal, redução da atividade física, mudanças dos hábitos 
alimentares e alterações endócrinas. Segundo a OMS, para a população 
adulta, os limites da eutrofia situam-se entre 18,5 kg/m2 a 25 kg/m2. 
Nos idosos, os pontos de corte do IMC são diferentes. Utilizam-se os 
seguintes pontos de corte:
Quadro 2 – IMC para a população
Diagnóstico IMC (kg/m2)
eutrofia 22-27
Subnutrição < 22
obesidade > 27
Fonte: protocolos do Sistema de vigilância alimentar e nutricional – SiSvan (2008).
118
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
A prevalência de obesidade e/ou sobrepeso em idosos brasileiros, medi-
dos pelo IMC, varia de 30% a 50%. A obesidade representa importante 
fator de risco para hipertensão arterial, vasculopatia periférica, AVC, 
câncer de mama e de endométrio, insuficiência venosa, intolerância 
ao exercício, redução da mobilidade, osteoartrite, lombalgia, apneia do 
sono, diabetes mellitus, entre outros. Os únicos benefícios são a redução 
do risco de fratura de fragilidade e de hipotermia.
Temperatura
A homeostase da regulação da temperatura corporal e a habilidade 
para adaptação térmica são comprometidas com o envelhecimento, 
provavelmente por disfunção hipotalâmica, lentificação da resposta aos 
pirogênios, dificuldade da produção e conservação do calor (redução 
da gordura subcutânea, lentificação da vasoconstrição periférica, entre 
outros). Os idosos apresentam temperaturas basais menores que os 
jovens. A febre pode estar ausente nos processos infecciosos. Tempera-
tura axilar maior ou igual a 37,2ºC ou elevações de 2ºC na temperatura 
basal merecem investigação. No entanto, não é raro o desenvolvimento 
de hipotermia (temperatura axilar < 35ºC) em resposta à infecção. 
A hipotermia pode causar sonolência, confusão mental, disartria, bra-
dicinesia, hipertonia, bradipneia, hipoxemia, dilatação gástrica, lesão 
aguda de mucosa gastroduodenal, coma, arritmias ventriculares e 
morte. A mensuração da temperatura axilar deve ser mais prolongada 
(cinco minutos).
Imunossenescência
Basicamente, ocorre involução anatômica e funcional do timo, com 
redução de 20% a 30% dos linfócitos T circulantes e declínio na reação 
de hipersensibilidade tipo tardia, na citotoxicidade e na resposta pro-
liferativa. Não há alterações evidentes na imunidade humoral. Essas 
alterações contribuem para o aumento do risco de infecção, doenças 
autoimunes e neoplasias.
Órgãos dos sentidos
Com o envelhecimento, ocorre crescimento relativo das orelhas e do 
nariz. Os pelos da orelha (tragus) tornam-se mais grossos, compridos e 
proeminentes. Os principais sintomas auditivos associados ao envelhe-
cimento são disfunção auditiva, prurido e zumbidos nos ouvidos. 
119
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
A disfunção auditiva pode ser neurossensorial ou condutiva. A hipo-
acusia neurossensorial caracteriza-se pela perda bilateral lenta e pro-
gressiva da audição para tons de alta frequência. Portanto, não se 
recomenda gritar com o paciente a fim de não agravar mais ainda o 
discernimento das palavras. O teste do sussurro (sussurrar uma ordem 
a 60 centímetros do ouvido e observar a compreensão do comando) 
é indicado como teste de triagem. A otoscopia é fundamental para se 
afastar a hipoacusia condutiva por impactação de cera. Prurido é queixa 
comum, secundário à atrofia da pele e ao ressecamento. Zumbido no 
ouvido, uni ou bilateral, é sintoma comum e multifatorial.
As alterações anatômicas mais comuns nos olhos são enoftalmia (olho 
fundo), edema de pálpebra inferior, ptose (queda da pálpebra), entró-
pio (internalização dos cílios), ectrópio (eversão das pálpebras e lacri-
mejamento), halo senil (anel esbranquiçado na íris), pterígio (carne 
que cresce no olho) e conjuntivamais fina e friável (sensação de areia 
nos olhos). Do ponto de vista funcional, observa-se a presbiopia (dimi-
nuição da acomodação para objetos próximos), glaucoma, miose senil 
(redução da visão noturna e da acomodação aos clarões), maior risco de 
descolamento de retina e redução da visão periférica e central, compro-
metendo a visão espacial e aumentando a probabilidade de quedas. A 
degeneração macular e a catarata (esclerose do cristalino) representam 
as principais causas de cegueira nos idosos.
Pele e anexos
O envelhecimento cutâneo é bastante pronunciado. A hereditariedade 
e, principalmente, a exposição solar são responsáveis pelas alterações 
da epiderme (redução de potencial proliferativo, melanócitos, células 
de Langerhans e da adesão dermo-epidérmica), derme (redução da 
espessura, da celularidade e vascularização, degeneração do colágeno), 
subcutâneo e anexos. A pele do idoso torna-se ressecada e descamativa 
(xerodermia), precipitando o prurido (localizado ou generalizado), que, 
por sua vez, predispõe a fissuras, escoriações e infecções cutâneas. O 
prurido senil deve ser diferenciado daquele resultante de doenças sistê-
micas, como colestase hepática, gota, diabetes, escabiose, entre outras.
Observa-se, ainda, pele fina, lisa, com pouca elasticidade e distensibi-
lidade. A fragilidade capilar favorece o surgimento de equimoses e da 
púrpura senil nas regiões mais expostas a traumas (mãos e antebraços).
120
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
A leucodermia puntiforme (pontinhos brancos nas mãos), secundária 
às alterações dos melanócitos, mais localizada nas mãos e antebraços, 
pode trazer bastante desconforto estético, principalmente às mulheres. 
Em locais expostos à radiação solar, podem ocorrer a ceratose actínica 
(lesão pré-maligna) e epiteliomas basocelular e espinocelular (lesões 
malignas). A ceratose seborreica, também comum, é considerada neo-
plasia benigna da epiderme. Úlceras em membros inferiores em razão 
de insuficiência vascular crônica (venosa e/ou arterial) devem ser pes-
quisadas, assim como as úlceras por pressão (escaras), mais comuns 
nas regiões sacra, trocantérica e calcâneo, e em pacientes acamados. 
Merecem atenção, ainda, as alterações dos pelos, que se tornam mais 
finos, rarefeitos e quebradiços. As unhas ficam mais frágeis, opacas, de 
crescimento mais lento, espessas e encurvadas nos pés (onicogrifose), 
diferente da onicomicose ou infecção fúngica do leito ungueal (unha), 
cujo tratamento específico é discutível no idoso. Micoses interdigitais 
são mais frequentes e devem ser tratadas de forma rotineira, pois repre-
sentam porta de entrada para infecções bacterianas mais graves.
Sistemas fisiológicos principais
O envelhecimento dos principais sistemas fisiológicos é caracterizado 
pelas alterações apresentadas no Quadro 3.
Quadro 3 – Envelhecimento dos principais sistemas fisiológicos
Sistema Alterações anatômicas Alterações funcionais Repercussão
Sistema 
cardiovascular
Miocárdio Hipertrofia ventricular
disfunção diastólica (alteração do 
relaxamento ventricular)
endocárdio valvulopatia degenerativa
degeneração aórtica
degeneração mitral
Sistema de condução
Fibrose e substituição dos feixes de 
condução nervosa intracardíacos
distúrbios na formação e/ou condução do 
estímulo cardíaco
artérias aterosclerose insuficiência arterial
veias varizes insuficiência venosa
Sistema 
respiratório
parede torácica enrijecimento da parede torácica
redução da complacência da parede 
torácica
Musculatura respiratória Sarcopenia
redução de 25% na força da musculatura 
respiratória 
brônquios / bronquíolos
redução do clearance mucociliar
aumento da aspiração orotraqueal e da 
colonização por bactérias gram-negativas
aumento de colágeno anormal redução da complacência pulmonar
alvéolos
adelgaçamento da parede alveolar com 
dilatação dos ductos e alvéolos
redução da superfície respiratória pela 
destruição dos septos alveolares
121
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
Sistema Alterações anatômicas Alterações funcionais Repercussão
Sistema genito-
urinário
rins
esclerose glomerular progressiva e redução 
da massa tubular
redução progressiva do fluxo sanguíneo 
renal: 1% por ano após os 40 anos
bexiga e uretra
aumento da trabeculação e da fibrose
redução da inervação autonômica
aumento das contrações involuntárias
aumento do volume pós-miccional
Maior resistência ao fluxo miccional
próstata Hiperplasia nodosa
irritação de receptores adrenérgicos e maior 
resistência ao fluxo miccional
vagina atrofia epitelial uretrite atrófica
assoalho pélvico
Fraqueza muscular e deposição de 
colágeno e tecido conjuntivo
disfunção uretral
Sistema 
gastrointestinal
esôfago redução da inervação autonômica aumento dos espasmos esofageanos
estômago
redução da inervação autonômica Maior tempo de esvaziamento gástrico
redução das células parietais ou oxínticas
redução na mucosa gástrica dos fatores 
citoprotetores
vias biliares redução da contratilidade da vesícula biliar
redução da secreção de ácido biliar
aumento do colesterol biliar
Fígado
redução do volume do fígado (20-40%) e 
do fluxo sanguíneo hepático
redução do metabolismo das drogas
intestino
redução dos neurônios do plexo 
mioentérico e da parede muscular
redução do trânsito intestinal e da 
resistência da parede intestinal
Sistema nervoso 
central
encéfalo
perda neuronal, particularmente na região 
dorso-lateral do lobo frontal
lentificação da condução nervosa
nervos periféricos redução da inervação periférica lentificação da condução nervosa
Sistema músculo- 
esquelético
Músculos Sarcopenia e infiltração gordurosa redução da massa e da força muscular
ossos redução do osso trabecular e cortical osteopenia
articulações
disfunção condrocitária (redução da 
densidade, da atividade e da resposta a 
fatores de crescimento)
aumento da rigidez das cartilagens e 
menor capacidade de amortecimento e 
distribuição da tensão
Quadro 3 – Envelhecimento dos principais sistemas fisiológicos (cont.)
Fonte: Moraes (2008). 
Autonomia e independência
Condições que dependem dos hábitos de vida, das doenças adquiri-
das, fatores hereditários, envelhecimento psíquico e amadurecimento. 
Além disso, estão sujeitos não só à passagem do tempo, mas, sobre-
tudo, ao esforço pessoal contínuo na busca do autoconhecimento e do 
sentido da vida. No entanto, o envelhecimento do psiquismo ou ama-
durecimento não é naturalmente progressivo e nem ocorre de forma 
inexorável, como efeito da passagem de tempo. 
122
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Para refletir
ao considerar que “o envelhecimento do organismo é natural, 
progressivo e irreversível” e “tudo dependerá dos hábitos de vida de 
cada um, das doenças adquiridas e de fatores hereditários”, como você 
avalia sua vida em relação ao seu envelhecimento?
O autoconhecimento, o estudo da estrutura e da dinâmica do psiquismo 
e a superação dos conflitos do cotidiano são indispensáveis para atingir-
mos a independência psíquica, condição necessária para a sabedoria. O 
amadurecimento é uma conquista individual e se traduz pela modifica-
ção dos valores de vida ou aquisição da consciência (Gráfico 3)
Gráfico 3 – Amadurecimento x idade cronológica
Fonte: Moraes (2008).
Com o amadurecimento psíquico há, portanto, redução da vulnera-
bilidade. A pessoa idosa torna-se suficientemente sábia para aceitar a 
realidade, tolerar a dor ou, até mesmo, a perda da independência bio-
lógica, pois seus dispositivos de segurança são cada vez mais eficazes na 
relação com o mundo. É a liberdade plena ou independência psíquica, 
porque compreende o sentido da vida. Os valores que regem sua vida 
123
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensionaldo idoso
(filosofia de vida) são cada vez mais elevados, racionais, inteligentes, 
enfim, conscientes.
O idoso entrega-se à existência com a pureza das crianças, mas 
sem a ingenuidade, com o vigor do adolescente, mas sem a sua 
agressividade, com a sensatez do homem maduro, mas sem o seu 
orgulho. Torna-se cidadão do Universo com a astúcia da raposa 
e a malícia da serpente, o que faz dele um sábio (BRASIL, 2002).
A vida é uma grande viagem em busca da realização plena do desen-
volvimento humano. Para tanto, faz-se necessário o aproveitamento de 
todas as fases da vida, superando-se os conflitos inerentes a cada ciclo, 
na busca de um equilíbrio cada vez maior.
Quadro 4 – Ciclos da vida 
Faixas etárias Ciclo de vida Duração
0 a 12 anos infância 12 anos 60 anos
12 a 18 anos adolescência 6 anos
18 a 59 anos adultez 41 anos
≥ 60 anos velhice 60 anos 60 anos
120 anos limite biológico 
estimado para a vida
A infância psíquica é a fase inicial de preparação para a vida, quando o 
indivíduo começa a se criar, isso é, instruir-se, disciplinar-se. Inicia-se 
no nascimento e perdura até os 12 anos, época em que, usualmente, 
ocorre a instalação da sexualidade genital, com a primeira menstru-
ação da menina e a primeira ejaculação do menino. No princípio, o 
comportamento da criança é regido pelo instinto, pois não se pode falar 
ainda em inteligência – a capacidade de resolver os problemas –, nem 
em consciência – a compreensão do sentido da conduta. É a fase de 
máxima dependência física e psíquica do indivíduo. 
Com o desenvolvimento, a criança alcança níveis mais sofisticados de 
percepção e atuação no mundo, passando por angústia, medo, obsessão, 
farsa e praticidade. Quando surge a razão, a criança adquire a capacidade 
de reflexão. O indivíduo vai se tornando cada vez mais independente do 
adulto, capaz de atuar no mundo de forma prática ou ponderada.
A adolescência caracteriza-se pela puberdade e a capacidade de raciocí-
nio abstrato. Capaz de abstrair, começa a questionar filosoficamente as 
diretrizes de vida que lhe são impostas desde sempre. Revolta-se contra 
Fonte: Moraes (2008). 
124
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
os hábitos culturais, mas também, e principalmente, contra posições polí-
ticas, religiosas e filosóficas. Com o passar do tempo, percebe que nem 
sempre os argumentos aguerridos levam ao resultado desejado; percebe 
sua independência psíquica, mas reconhece sua dependência afetiva.
Ainda carece de informações sobre as regras do jogo da vida. Começa 
a refletir sobre as contradições da vida, e que o bem e o mal podem ser 
complementares.
A adultez é o período de realização da vida, quando o indivíduo adquire 
equilíbrio cada vez maior e atinge a estabilidade duradoura. Adulto é o 
ser humano que está preparado para existir. Já percebe a importância 
de contribuir para a coletividade, pois dela depende.
Constata que não adianta tentar convencer as pessoas de suas verdades 
se elas não estiverem preparadas. É independente física e psiquicamente 
e, portanto, capaz de amar, devotar-se, sem criar problemas, sem deixar-
-se levar pelos conflitos inerentes às idades anteriores. Surge o interesse 
fraterno em busca do bem comum. O amor retoma seu ápice a fim de 
ampliar seus benefícios além das fronteiras dos grupos dos quais parti-
cipa. Ele pode experimentar o amor humanístico, sabendo que, sendo 
compreendido ou não, recebendo retribuição ou não, sua afetividade só 
se satisfaz na sua devoção ao bem-estar de todos os seus semelhantes. 
A adultez velha ou velhice (acima de 60 anos) é a grande fase da vida, 
quando o indivíduo, agora pessoa, atinge o grau máximo de compre-
ensão do mistério da vida e do seu papel na unificação do universo. 
Vive a liberdade plena, permitindo-lhe compreender o lugar e a parte 
que cabem ao mal em um mundo em evolução. O sentido ético da sua 
existência admite superar os preconceitos e participar ativamente da 
evolução das pessoas e dos grupos aos quais esteja ligado.
O que é o envelhecimento bem-sucedido 
e o malsucedido? 
O envelhecimento biológico aumenta a vulnerabilidade da pessoa às 
agressões orgânicas, compensado pela menor vulnerabilidade psíquica, 
permitindo uma vida saudável mesmo com as limitações impostas pela 
doença/disfunção ou, até mesmo, pela incapacidade. A felicidade pode 
coexistir com a limitação física.
O idoso, portanto, necessita ser informado sobre a diminuição natu-
ral de determinadas funções na intenção de saber como adaptar-se às 
limitações naturais da sua idade. A permanência na infância psíquica 
125
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
faz com que as alterações do envelhecimento biológico predominem, 
podendo tornar a velhice repleta de tristezas e perdas (envelhecimento 
malsucedido) (Gráfico 4).
Gráfico 4 – Capacidade x idade
Fonte: Moraes (2008).
Assim, o ser humano pode envelhecer como um sábio ancião ou per-
manecer nos estágios infantis do psiquismo. Autonomia e indepen-
dência são, portanto, resultantes do equilíbrio entre o envelhecimento 
psíquico e biológico.
A singularidade individual torna-se mais exuberante quando se ava-
liam ambas as dimensões, biológica e psíquica, associadas ao contexto 
familiar e social, ou seja, à integralidade do indivíduo.
O processo de envelhecimento é, portanto, absolutamente individual, 
variável, cuja conquista se dá dia após dia, desde a infância. A velhice 
bem-sucedida é consequência de uma vida bem-sucedida. 
Para refletir
como você classificaria o envelhecimento de d. conceição e de sua irmã?
126
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Gráfico 5 – Capacidade psíquica e orgânica x idade
Fonte: Moraes (2008).
O principal objetivo da intervenção geriátrica e gerontológica é a pre-
servação ou recuperação da qualidade de vida. Autonomia de decisão 
e independência funcional são variáveis fundamentais na capacidade 
de desempenhar os papéis sociais. A busca da felicidade – principal 
objetivo da vida – depende de outra variável difícil de ser conceituada. 
Trata-se, talvez, do amadurecimento psíquico, que depende do auto-
conhecimento, única forma de atingirmos a verdadeira sabedoria na 
velhice. Qualidade de vida, portanto, resulta da interação destas três 
variáveis: autonomia, independência e sabedoria.
Infelizmente, a minoria das pessoas atinge a velhice em sua plenitude, 
usufruindo dos ganhos advindos do passar dos anos. Grande parte desse 
insucesso resulta da falta de preparação ou investimento pessoal na pre-
venção das grandes síndromes geriátricas/gerontológicas (MORAES, 2008):
 � incapacidade cognitiva;
 � imobilidade;
 � instabilidade postural;
 � incontinência esfincteriana;
 � iatrogenia;
127
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
 � incapacidade comunicativa;
 � isolamento social;
 � insuficiência familiar.
Pelo exposto no caso clínico descrito no início deste módulo, d. Con-
ceição é um raro exemplo de envelhecimento bem-sucedido. Apesar 
de seus 91 anos, a passagem do tempo não causou nenhum declínio 
significativo no funcionamento dos sistemas fisiológicos principais, 
tampouco restrição em suas atividades de vida diárias.
Foi diagnosticado:
 � osteoartrose no joelho direito, sem limitação funcional;
 � passado de câncer de intestino;
 � osteoporose densitométrica não complicada;
 � deficiência de vitamina B12;
 � hipotireoidismo subclínico.
Tais problemas de saúde não foram suficientes para comprometer 
a cognição, o humor, a mobilidade e a comunicação, garantindo sua 
independência e autonomia. Todavia, devemos ficar atentos para a 
manutenção do seu estado funcional e reconhecer precocemente qual-
quer disfunção ou deficiência nos sistemas fisiológicos principais. Do 
ponto de vista psíquico, o envelhecimento permitiu-lhe o autoconhe-cimento e a superação dos conflitos, ferramentas indispensáveis para 
a conquista da liberdade plena ou sabedoria. Está, assim, cumprido o 
destino do ser humano, cuja fé em si mesmo e no destino do mundo 
o faz viver em permanente harmonia, condição indispensável para o 
bem-estar geral, ou melhor, a felicidade.
Como devemos avaliar o idoso e 
reconhecer a fragilidade e as grandes 
síndromes geriátricas? 
A identificação da fragilidade ou estratificação de risco é fundamental 
para o planejamento das ações em saúde, além de corroborar na defini-
ção de metas terapêuticas e priorização do cuidado. O reconhecimento 
da dependência funcional e/ou fragilidade não é realizado de forma 
rotineira pela maioria dos profissionais médicos. 
A integralidade da pessoa idosa deve ser valorizada, evitando-se ao 
máximo a fragmentação da avaliação e do cuidado. Portanto, todo pro-
128
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
cesso de avaliação deve contemplar a coleta de informações sobre a 
funcionalidade global, sistemas funcionais, subsistemas funcionais, sis-
temas fisiológicos, sistemas fisiológicos reguladores e, até mesmo, sobre 
as bases celulares, moleculares e bioquímicas que compõem nosso 
organismo, como pode ser observado na figura a seguir.
Figura 5 – Modelo multidimensional de saúde do idoso
Fonte: Moraes (2014).
A avaliação multidimensional do idoso (Figura 6) é a forma já estabe-
lecida para reconhecer e planejar o cuidado com o idoso frágil. Con-
siste na busca de informações referentes às atividades de vida diária, 
sistemas funcionais (cognição, humor, mobilidade e comunicação), 
sistemas fisiológicos principais (nutrição, saúde bucal, sono, pele/ane-
xos e revisão dos sistemas cardiovascular, respiratório, digestivo, geni-
turinário, musculoesquelético, nervoso e endócrino-metabólico), uso 
de medicamentos, história pregressa e fatores contextuais (avaliação 
sociofamiliar, do cuidador e do ambiente). 
129
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
Figura 6 – Avaliação multidimensional do idoso
Fonte: Moraes (2014).
Para refletir
você conhece esse instrumento de avaliação? já o utilizou? encontrou 
dificuldades para usar/interpretar? Quais?
Frequentemente, é necessária a aplicação de instrumentos ou escalas 
de avaliação funcional (Quadro 6) e de avaliações específicas realizadas 
pela equipe interdisciplinar (neuropsicologia, fisioterapia, terapia ocu-
pacional, fonoaudiologia, farmácia, nutrição, serviço social e enferma-
gem). Muitas vezes, uma propedêutica complementar mais sofisticada 
(densitometria óssea, tomografia computadorizada, ressonância mag-
nética etc.) também é necessária. Não significa sempre “avaliar tudo 
em todos os idosos”. O “mito da completude” mostra que, por melhor 
que seja a avaliação, sempre haverá dúvidas ou lacunas no processo 
diagnóstico, que serão resolvidas com o acompanhamento longitudinal 
do paciente.
130
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Quadro 5 – Escalas ou instrumentos de avaliação funcional
Dimensão Duração 
média
Funcionalidade 
Global
AVD Avançada lazer, trabalho e interação social
AVD Instrumental escala de Lawton-Brody 5 min
AVD Básica Índice de Katz
SiSteMaS FuncionaiS Cognição Miniexame do estado Mental (MeeM) 5 min
reconhecimento de figuras 12 min
lista de palavras do cerad 15 min
Fluência verbal 3 min
teste do relógio 2 min
Humor/
Comportamento
escala Geriátrica de depressão 4 min
Mobilidade alcance, preensão e 
pinça
avaliação do membro superior: ombro, 
braço, antebraço e mão
2 min
postura, marcha e 
transferência
Timed up and go test / Get up and go test
velocidade da marcha
teste de Romberg 
Nudge Test 
equilíbrio unipodálico
10 min
capacidade aeróbica teste de caminhada de 
6 minutos
7 min
continência 
esfincteriana
presença de incontinência urinária ou fecal. 
diário miccional
2 min
SiSteMaS FuncionaiS Comunicação Snellen simplificado 1 min
teste do sussurro 1 min
produção/motricidade oral 1 min
Fonte: Moraes (2014).
Para refletir
você conhece essa escala/instrumento de avaliação? já a(o) utilizou? 
131
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
Apesar de suas inúmeras vantagens, a incorporação da avaliação multi-
dimensional do idoso no cotidiano da atenção básica é inviável e apre-
senta uma relação custo-benefício insatisfatória em termos de saúde 
pública. Além disso, a insuficiência de recursos humanos especializados 
na área de geriatria e gerontologia limita mais ainda sua ampla utili-
zação. Definir qual o idoso que deve ser submetido à avaliação multi-
dimensional do idoso ou avaliação geriátrica ampla (PIALOUX; GOYARD; 
LESOURD, 2012) se torna necessário.
Vários instrumentos de triagem rápida foram desenvolvidos para a 
identificação de vulnerabilidade clínico-funcional. A idade, por si só, 
não é um bom indicador de fragilidade. A aplicação de instrumen-
tos com níveis crescentes de complexidade, desde questionários mais 
simples até a avaliação feita por especialistas, é a melhor forma de 
hierarquização da demanda dos idosos. A escassez de recursos huma-
nos especializados na avaliação geriátrico-gerontológica justifica essa 
abordagem passo a passo. Por isso, o instrumento de triagem deverá 
ter alta sensibilidade para detectar os idosos verdadeiramente frágeis, 
como também alta especificidade com o objetivo de limitar o encami-
nhamento de idosos robustos para a avaliação especializada (HAMAKER 
et al., 2012). Assim, na presença de “sinais de alerta de fragilidade” 
nesses instrumentos de rápida aplicação, o idoso é encaminhado para 
a atenção secundária, em que será submetido a avaliações mais com-
plexas e, portanto, mais demoradas.
A avaliação multidimensional hierarquizada é a melhor alternativa 
para um sistema de saúde tão complexo como o nosso. Identificar o 
idoso de risco se torna uma ação proativa, ou seja, não se deve esperar 
o idoso desenvolver a dependência funcional para reconhecê-lo como 
frágil. Devemos tentar prever tais desfechos desfavoráveis por meio de 
instrumentos simples, capazes de serem aplicados pela equipe de saúde 
da família e, em particular, pelo agente comunitário de saúde (ACS). O 
ACS convive no território de sua área de atuação e, portanto, é capaz 
de reconhecer mais facilmente o declínio funcional, que, como estu-
damos, é a base da avaliação do idoso.
Na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, 3ª edição (2014), foi elaborado 
um instrumento simples e de rápida aplicação direcionado ao ACS e/ou 
auxiliar/técnico de enfermagem (profissionais de nível médio), deno-
minado Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional para a Atenção 
Básica (IVCF-AB).
132
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
O IVCF-AB apresenta caráter multidimensional e avalia oito dimensões 
consideradas preditoras de declínio funcional: a idade, a autopercep-
ção da saúde, as atividades de vida diária (três AVD instrumentais e 
uma AVD básica), a cognição, o humor/comportamento, a mobilidade 
(alcance, preensão e pinça; capacidade aeróbica/muscular; marcha e 
continência esfincteriana), a comunicação (visão e audição) e a pre-
sença de comorbidades múltiplas, representadas por polipatologia, poli-
farmácia e/ou internação recente. 
Cada domínio é avaliado por meio de perguntas rápidas, que podem 
ser respondidas pelo idoso ou alguém que conviva com ele (cuidador 
ou familiar). Algumas medidas foram inseridas para aumentar o valor 
preditivo do instrumento, como a circunferência da panturrilha, velo-
cidade da marcha e peso/IMC. Cada pergunta recebe uma pontuação, 
conforme o desempenho do idoso. A pontuação total varia de 0 a 40 
pontos. Os pontos de corte estabelecidos foram:
 � 0 a 3 pontos: não há evidências suficientes para o diagnósticode 
fragilidade. O acompanhamento do idoso deve ser feito de forma 
rotineira.
 � 4 a 9 pontos: há evidências suficientes para a suspeita de risco de 
fragilização. O idoso merece atenção diferenciada para o diagnóstico 
adequado das condições crônicas de saúde e deve ser submetido a 
intervenções capazes de evitar o declínio funcional.
 � ≥ 10 pontos: há evidências suficientes para o diagnóstico de 
fragilidade. O idoso necessita de intervenções interdisciplinares 
concretas para a recuperação de sua funcionalidade global, 
preferencialmente na atenção secundária.
133
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
Quadro 6 – Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional para a Atenção Básica (IVCF-AB)
MARCADORES DE VULNERABILIDADE CLÍNICO-FUNCIONAL
•	Todas as respostas devem ser confirmadas por alguém que conviva com o idoso.
•	Para os idosos incapazes de responder, utilizar as respostas do cuidador.
Pontuação
IDADE 1. Qual é a sua idade? 60 a 74 anos 0
75 a 84 anos 1
≥ 85 anos 3
AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE 2. em geral, comparando com outras 
pessoas de sua idade, você diria que 
sua saúde é:
excelente, muito boa ou boa 0
regular ou ruim 1
A
TI
V
ID
A
D
ES
 D
E 
V
ID
A
 D
IÁ
R
IA
AVD Instrumental
respostas positivas valem 
4 pontos cada. todavia, a 
pontuação máxima é de 
4 pontos, mesmo que o 
idoso tenha respondido 
sim para todas as três 
atividades de vida diária.
3. por causa de sua saúde ou condição física, você deixou de fazer compras?
instrumental 4 
( ) não ou não faz compras por outros motivos que não a saúde. 0
respostas positivas valem 4 pontos cada. todavia, a pontuação máxima é de 4 pontos, mesmo que o 
idoso tenha respondido sim para todas as três atividades de vida diária.
( ) Sim 4 
( ) não ou não faz mais pequenos trabalhos domésticos por outros motivos 
que não a saúde
0
AVD Básica 
resposta positiva vale 6 
pontos.
6. por causa de sua saúde ou condição física, você deixou de tomar banho sozinho?
( ) Sim 6
( ) não 0
Sim Não
COGNIÇÃO 7. algum familiar ou amigo falou que você está ficando esquecido? 1 0
8. esse esquecimento está piorando nos últimos meses? 1 0
9. esse esquecimento está impedindo a realização de alguma atividade do 
cotidiano?
2 0
HUMOR 10. no último mês, você ficou com desânimo, tristeza ou desesperança? 2 0
11. no último mês, você perdeu o interesse ou prazer em atividades 
anteriormente prazerosas?
2 0
134
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Sim Não
M
O
B
IL
ID
A
D
E
Alcance, preensão e 
pinça
12. você é incapaz de elevar os braços acima do nível do ombro? 1 0
13. você é incapaz de manusear ou segurar pequenos objetos? 1 0
Capacidade aeróbica e/
ou muscular
14. você tem alguma das quatro condições abaixo relacionadas?
•	perda de peso não intencional de 4,5 kg ou 5% do peso corporal no último 
ano ou 6 kg nos últimos 6 meses ou 3 kg no último mês;
•	iMc menor que 22 kg/m2;
•	circunferência da panturrilha < 31 cm;
•	tempo gasto no teste de velocidade da marcha (4m) > 5 seg;
2 0
Marcha 15. você teve duas ou mais quedas no último ano? 2 0
16. você tem dificuldade para caminhar que impeça a realização de alguma 
atividade do cotidiano?
2 0
Continência esfincteriana 17. você perde urina ou fezes, sem querer, em algum momento? 2 0
COMUNICAÇÃO 18. você tem problemas de visão capazes de impedir a realização de alguma 
atividade do cotidiano?
•	É permitido o uso de óculos ou lentes de contato
2 0
19. você tem problemas de audição capazes de impedir a realização de 
alguma atividade do cotidiano?
•	É permitido o uso de aparelhos de audição
2 0
COMORBIDADES MÚLTIPLAS 20. você tem alguma das três condições abaixo relacionadas?
•	cinco ou mais doenças crônicas;
•	uso regular de cinco ou mais medicamentos diferentes, todo dia;
•	internação recente, nos últimos 6 meses.
4 0
 Pontuação Final 40 pontos
Quadro 6 – Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional para a Atenção Básica (IVCF-AB) (cont.)
Fonte: cab 19 (braSil, 2014).
Outra grande vantagem desse instrumento é a possibilidade de repre-
sentação gráfica e seguimento longitudinal do idoso. A ideia é que tal 
instrumento seja aplicado anualmente em todos os idosos. Desta forma, 
o idoso que se encontra na faixa verde é considerado normal. As faixas 
amarela e vermelha indicam uma avaliação mais minuciosa do caso, 
pois as alterações não podem ser consideradas “normais da idade”. 
Os exemplos 1, 2 e 3 mostram trajetórias funcionais possíveis, ao longo 
do tempo. No exemplo 1, o idoso encontra-se estável, e as alterações 
135
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
apresentadas devem ser abordadas de forma específica. Não há necessi-
dade de avaliação geriátrico-gerontológica especializada. No exemplo 2, 
o idoso demonstrou melhora funcional, traduzindo boa resposta às inter-
venções propostas. Por último, no exemplo 3, vê-se claramente que o 
idoso está apresentando declínio funcional importante e progressivo e 
necessita de intervenções diagnósticas e terapêuticas especializadas.
Gráfico 6 – Exemplos de trajetórias clínico-funcionais
Fonte: cab 19 (braSil, 2014).
Essa metodologia permite que a avaliação multidimensional do idoso 
ou avaliação geriátrica ampla seja aplicada somente naqueles idosos de 
risco, reduzindo custos e otimizando o acesso deles às equipes geriá-
trico-gerontológicas especializadas. No quadro a seguir, demonstramos 
a correspondência entre os diversos instrumentos utilizados na prática 
clínica, com graus de complexidade distintos, mas complementares. A 
utilização de determinado instrumento dependerá, portanto, da com-
plexidade do caso e da disponibilidade de equipes geriátrico-gerontoló-
gicas especializadas.
recomendamos, 
agora, a leitura 
do guia de bolso 
Avaliação multidimensional 
do idoso: instrumentos de 
rastreio, no qual inserimos 
todo o conteúdo teórico 
necessário para a 
compreensão dos diversos 
testes amplamente utilizados 
na avaliação funcional do 
idoso. após a leitura, assista 
aos filmes disponíveis no 
ava, que apresentam 
exemplos reais da aplicação 
dos instrumentos de rastreio.
136
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Q
u
ad
ro
 7
 –
 A
va
li
aç
ão
 m
u
lt
id
im
en
si
o
n
al
 d
o
 i
d
o
so
 h
ie
ra
rq
u
iz
ad
a
A
te
n
çã
o
 B
ás
ic
a
A
te
n
çã
o
 S
ec
u
n
d
ár
ia
A
te
n
çã
o
 T
er
ci
ár
ia
pr
of
is
si
on
al
 d
e 
n
ív
el
 M
éd
io
M
éd
ic
o 
G
en
er
al
is
ta
c
en
tr
o 
de
 r
ef
er
ên
ci
a 
do
 id
os
o
es
pe
ci
al
id
ad
es
A
ti
vi
d
ad
es
 d
e 
V
id
a 
D
iá
ri
a 
 
 
 
 
Fa
ze
r 
co
m
pr
as
es
ca
la
 d
e 
 
La
w
to
n-
Br
od
y
Ín
di
ce
 d
e 
K
at
z
la
ze
r, 
tr
ab
al
ho
 e
 in
te
ra
çã
o 
so
ci
al
es
ca
la
 d
e 
La
w
to
n-
Br
od
y
Ín
di
ce
 d
e 
Pf
fe
ff
er
Ín
di
ce
 d
e 
K
at
z
M
ed
id
a 
de
 in
de
pe
nd
ên
ci
a 
Fu
nc
io
na
l (
M
iF
)
c
on
tr
ol
e 
fin
an
ce
iro
re
al
iz
aç
ão
 d
e 
pe
qu
en
os
 t
ra
ba
lh
os
 d
om
és
tic
os
to
m
ar
 b
an
ho
C
o
g
n
iç
ão
a
lg
um
 f
am
ili
ar
 o
u 
am
ig
o 
fa
lo
u 
qu
e 
vo
cê
 e
st
á 
fic
an
do
 e
sq
ue
ci
do
?
a
ut
op
er
ce
pç
ão
: 
F=
p;
 F
>
p;
 F
<
p
a
va
lia
çã
oec
ol
óg
ic
a 
M
in
ie
xa
m
e 
do
 
es
ta
do
 M
en
ta
l 
(M
ee
M
)
re
co
nh
ec
im
en
to
 d
e 
Fi
gu
ra
s
li
st
a 
de
 p
al
av
ra
s 
do
 c
er
ad
Fl
uê
nc
ia
 v
er
ba
l
te
st
e 
do
 r
el
óg
io
a
va
lia
çã
o 
n
eu
ro
ps
ic
ol
óg
ic
a 
Fo
rm
al
es
se
 e
sq
ue
ci
m
en
to
 e
st
á 
pi
or
an
do
 n
os
 ú
lti
m
os
 
m
es
es
?
es
se
 e
sq
ue
ci
m
en
to
 e
st
á 
im
pe
di
nd
o 
a 
re
al
iz
aç
ão
 d
e 
al
gu
m
a 
at
iv
id
ad
e 
do
 c
ot
id
ia
no
?
H
u
m
o
r
n
o 
úl
tim
o 
m
ês
, v
oc
ê 
fic
ou
 c
om
 d
es
ân
im
o,
 
tr
is
te
za
 o
u 
de
se
sp
er
an
ça
?
ve
rs
ão
 s
im
pl
ifi
ca
da
-5
 
da
 e
G
d
c
rit
ér
io
s 
do
 d
SM
-iv
ve
rs
ão
 s
im
pl
ifi
ca
da
-1
5 
da
 
eG
d
 v
er
sã
o 
c
rit
ér
io
s 
do
 d
SM
-iv
es
ca
la
 d
e 
H
am
ilt
on
c
rit
ér
io
s 
do
 d
SM
-iv
n
o 
úl
tim
o 
m
ês
, v
oc
ê 
pe
rd
eu
 o
 in
te
re
ss
e 
ou
 p
ra
ze
r 
em
 a
tiv
id
ad
es
 a
nt
er
io
rm
en
te
 
pr
az
er
os
as
?
M
o
b
ili
d
ad
e
a
lc
an
ce
, 
pr
ee
ns
ão
 e
 
pi
nç
a
vo
cê
 é
 in
ca
pa
z 
de
 e
le
va
r 
os
 b
ra
ço
s 
ac
im
a 
do
 
ní
ve
l d
o 
om
br
o?
a
va
lia
çã
o 
do
 
m
em
br
o 
su
pe
rio
r
a
va
lia
çã
o 
fe
ita
 p
or
 
es
pe
ci
al
is
ta
vo
cê
 é
 in
ca
pa
z 
de
 m
an
us
ea
r 
ou
 s
eg
ur
ar
 
pe
qu
en
os
 o
bj
et
os
?
po
st
ur
a,
 
m
ar
ch
a 
e 
tr
an
sf
er
ên
ci
a
vo
cê
 t
ev
e 
du
as
 o
u 
m
ai
s 
qu
ed
as
 n
o 
úl
tim
o 
an
o?
Ti
m
ed
 u
p 
an
d 
go
 
te
st
 / 
G
et
 u
p 
an
d 
go
 t
es
t
te
st
e 
de
 R
om
be
r
N
ud
ge
 T
es
t
eq
ui
líb
rio
 u
ni
po
dá
lic
o
es
ca
la
 d
e 
a
va
lia
çã
o 
do
 
eq
ui
líb
rio
 e
 d
a 
M
ar
ch
a 
de
 
Ti
nn
et
i
es
ca
la
 P
er
fo
m
an
ce
-O
rie
nt
ed
 
M
ob
ili
ty
 A
ss
es
sm
en
t 
(p
om
a)
a
va
lia
çã
o 
c
om
pu
ta
do
riz
ad
a 
da
 M
ar
ch
a
vo
cê
 t
em
 d
ifi
cu
ld
ad
e 
pa
ra
 c
am
in
ha
r 
ca
pa
z 
de
 
im
pe
di
r 
a 
re
al
iz
aç
ão
 d
e 
al
gu
m
a 
at
iv
id
ad
e 
do
 
co
tid
ia
no
?
137
Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso
A
te
n
çã
o
 B
ás
ic
a
A
te
n
çã
o
 S
ec
u
n
d
ár
ia
A
te
n
çã
o
 T
er
ci
ár
ia
pr
of
is
si
on
al
 d
e 
n
ív
el
 M
éd
io
M
éd
ic
o 
G
en
er
al
is
ta
c
en
tr
o 
de
 r
ef
er
ên
ci
a 
do
 id
os
o
es
pe
ci
al
id
ad
es
M
o
b
ili
d
ad
e
c
ap
ac
id
ad
e 
ae
ró
bi
ca
/
m
us
cu
la
r
vo
cê
 t
em
 a
lg
um
a 
da
s 
qu
at
ro
 c
on
di
çõ
es
 
ab
ai
xo
 r
el
ac
io
na
da
s?
•	
pe
rd
a 
de
 p
es
o 
nã
o 
in
te
nc
io
na
l d
e 
4,
5 
kg
 o
u 
5%
 d
o 
pe
so
 c
or
po
ra
l n
o 
úl
tim
o 
an
o 
ou
 6
 k
g 
no
s 
úl
tim
os
 6
 m
es
es
 o
u 
3 
kg
 n
o 
úl
tim
o 
m
ês
;
•	
iM
c
 m
en
or
 q
ue
 2
2 
kg
/m
2 ;
•	
c
irc
un
fe
rê
nc
ia
 d
a 
pa
nt
ur
ril
ha
 <
 3
1 
cm
;
•	
te
m
po
 g
as
to
 n
o 
te
st
e 
de
 v
el
oc
id
ad
e 
da
 
m
ar
ch
a 
(4
m
) >
 5
 s
eg
;
a
na
m
ne
se
 
nu
tr
ic
io
na
l 
de
ta
lh
ad
a
a
va
lia
çã
o 
da
 
ve
lo
ci
da
de
 d
a 
m
ar
ch
a 
co
m
 
cr
on
ôm
et
ro
Fo
rç
a 
de
 p
re
en
sã
o 
pa
lm
ar
te
st
e 
de
 c
am
in
ha
da
 d
e 
6 
m
in
ut
os
M
in
i-a
va
lia
çã
o 
n
ut
ric
io
na
l 
(M
a
n
)
d
ex
a
 / 
tc
 / 
rM
 p
ar
a 
m
ed
id
a 
da
 c
om
po
si
çã
o 
co
rp
or
al
bi
oi
m
pe
da
ci
om
et
ria
Sh
or
t 
Ph
ys
ic
al
 P
er
fo
rm
an
ce
 
Ba
tt
er
y 
(S
pp
b)
 
Fo
rç
a 
de
 f
le
xã
o/
ex
te
ns
ão
 
do
 jo
el
ho
c
on
tin
ên
ci
a 
es
fin
ct
er
ia
na
vo
cê
 p
er
de
 u
rin
a 
ou
 f
ez
es
, s
em
 q
ue
re
r, 
em
 
al
gu
m
 m
om
en
to
?
a
na
m
ne
se
 d
et
al
ha
da
 
da
 f
un
çã
o 
m
ic
ci
on
al
d
iá
rio
 m
ic
ci
on
al
es
tu
do
 u
ro
di
nâ
m
ic
o
C
o
m
u
n
ic
aç
ão
vo
cê
 t
em
 p
ro
bl
em
as
 d
e 
vi
sã
o 
ca
pa
ze
s 
de
 
im
pe
di
r 
a 
re
al
iz
aç
ão
 d
e 
al
gu
m
a 
at
iv
id
ad
e 
do
 
co
tid
ia
no
?
a
va
lia
çã
o 
qu
al
ita
tiv
a
Sn
el
le
n 
si
m
pl
ifi
ca
do
c
on
su
lta
 o
ft
al
m
ol
óg
ic
a
vo
cê
 t
em
 p
ro
bl
em
as
 d
e 
au
di
çã
o 
ca
pa
ze
s 
de
 
im
pe
di
r 
a 
re
al
iz
aç
ão
 d
e 
al
gu
m
a 
at
iv
id
ad
e 
do
 
co
tid
ia
no
?
a
va
lia
çã
o 
qu
al
ita
tiv
a
te
st
e 
do
 s
us
su
rr
o
a
ud
io
m
et
ria
c
on
su
lta
 
ot
or
rin
ol
ar
in
go
ló
gi
ca
C
o
m
o
rb
id
ad
es
 M
ú
lt
ip
la
s
vo
cê
 t
em
 a
lg
um
a 
da
s 
tr
ês
 c
on
di
çõ
es
 a
ba
ix
o 
re
la
ci
on
ad
as
?
•	
c
in
co
 o
u 
m
ai
s 
do
en
ça
s 
cr
ôn
ic
as
;
•	
u
so
 r
eg
ul
ar
 d
e 
ci
nc
o 
ou
 m
ai
s 
m
ed
ic
am
en
to
s 
di
fe
re
nt
es
, t
od
o 
di
a;
•	
in
te
rn
aç
ão
 r
ec
en
te
 n
os
 ú
lti
m
os
 6
 m
es
es
.
a
va
lia
çã
o 
do
s 
si
st
em
as
 f
is
io
ló
gi
co
s 
pr
in
ci
pa
is
 p
el
o 
m
éd
ic
o 
ge
ne
ra
lis
ta
 
(r
ev
is
ão
 d
os
 
si
st
em
as
)
a
va
lia
çã
o 
do
s 
si
st
em
as
 
fis
io
ló
gi
co
s 
pr
in
ci
pa
is
 p
el
o 
ge
ria
tr
a
a
va
lia
çã
o 
po
r 
es
pe
ci
al
is
ta
s:
 
ca
rd
io
lo
gi
a,
 n
eu
ro
lo
gi
a 
et
c.
Q
u
ad
ro
 7
 –
 A
va
li
aç
ão
 m
u
lt
id
im
en
si
o
n
al
 d
o
 i
d
o
so
 h
ie
ra
rq
u
iz
ad
a 
(c
o
n
t.
)
Fo
nt
e:
 F
on
te
: c
a
b 
19
 (b
ra
Si
l,
 2
01
4)
.
138
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
O caso de d. Cristina
Dona Cristina, 82 anos, viúva, leucodérmica, com baixa escolaridade 
(dois anos), moradora na Rua Maranhão

Outros materiais