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LIQUOR Doenças Neurológicas Anamnese: Data do início da doença, modo de instalação da doença, evolução cronológica dos sintomas, exames e tratamentos realizados e resultados, estado atual do enfermo, antecedentes pessoais e familiares, condições do desenvolvimento psicomotor, vacinações, doenças anteriores e hábitos de vida. Principais Sinais e Sintomas: Distúrbios da consciência, cefaleia, do na face, tonturas e vertigens, convulsões, ausências, automatismo, amnésia, movimentos involuntários, distúrbios visuais, distúrbios auditivos, náuseas e vômitos, disfagia, distúrbios da marcha, paresias, paralisias, distúrbios da sensibilidade, dores radiculares, distúrbios esfincterianos, distúrbios do sono. Líquido Cefalorraquidiano (LCR) Formação: plexos coroides nos ventrículos cerebrais drenam para a fossa craniana posterior; a partir daí, a maior parte segue, em sentido cranial, para o espaço subaracnóideo periencefálico e pequena parte para o espaço subaracnóideo raquidiano. Reabsorção: ocorre nas vilosidades aracnóideas (se projetam no interior do lúmen vascular). Volume normal: 150 ml (adulto) Barreira Hematoencefálica: atua para manter o ambiente metabólico do sistema nervoso central (SNC); proteção. FUNÇÃO: proteção mecânica; facilita a rápida difusão de substância para as diferentes estruturas com as quais está em contato. INDICAÇÕES DE PUNÇÃO E ANÁLISE DO LÍQUOR: Processos infecciosos do SN e seus envoltórios; Processos granulomatosos com imagem inespecífica; Processos desmielinizados; Leucemias e linfomas (estadiamento e tratamento); Imunodeficiências; Processos infecciosos com foco não identificado; Hemorragia sub-aracnoidea; COLETA: três locais de punção: lombar (L1-S1), suboccipital e ventricular; Contraindicações: infecção no local de punção e síndrome de hipertensão intracraniana grave ( maior que 40 cm de H2O) ASPECTO E COR: Normal: límpido e incolor Rosado ou vermelho: numerosos eritrócitos Branco-turvo: numerosos leucócitos e ou elevação de proteína Xantocromia (amarelado): sangue por mais de 4horas Se presença de hemorragia – DIFERENCIAR!!! Hemorragia subaracnóidea: sangramento homogêneo a medida que o líquor goteja e ausência de coágulos; Hemorragia pelo ato de puncionar: intensidade da hemorragia diminui progressivamente e coágulos. NÚMERO DE CÉLULAS: Normal: ausência de hemácias Leucócitos: até 5 leucócitos por mm3 Aumento de leucócitos (hipercitose ou pleocitose): Qualquer condição capaz de afetar as meninges (ex: infecção bacteriana – quase 100%, infecção viral, sífilis terciária, tuberculose). Se hemorragia subaracnóidea ou punção traumática: elevação de 1 leucócito para cada 700 eritrócitos. TIPO DE CÉLULAS (CITOMORFOLOGIA): 50 A 75%: Linfócitos 25 a 50%: monócitos Leucocitose às custas de neutrófilos: infecção bacteriana aguda (exceções: Listeria e tuberculose) Leucocitose às custas de linfócitos ou células mononucleares: infecção viral, doenças crônicas do sistema nervoso e sífilis terciaria, TUBERCULOSE, LISTERI. Alguns vírus podem se manifestar com leucocitose com neutrofilia inicialmente (Coxsackie, Echovírus) Se tratamento parcial da meningite bacteriana: desvio para linfocitose Meningite asséptica: inflamação das meninges ausência de microrganismos piogênicos, glicose normal, leucocitose. PROTEÍNAS TOTAIS: Lombar: 15-45 mg/dl Lactentes menor que 6 meses de idade: concentrações maiores (incompleto amadurecimento da barreira hematoencefálica) Elevação de proteínas: *pode indicar presença de sangue e leucocitose no líquor; *podem manifestar preoteinorraquia sem leucocitose importante no líquor: lúpus eritematoso sistêmico, traumatismo cerebral, tumor de medula espinhal, abscesso cerebral, infarto ou hemorragia cerebral (AVC), esclerose múltipla, outros. Dissociação albumino-citológica: aumento de proteínas sem aumento de células: Sindrome de Guillain-Barré ou arterite temporal. GLICOSE: Glicorraquia: cerca de 2/3 (60%) da glicemia sérica VR: maior que 45mg/100ml Aumentos costumam ser secundários aos da glicemia Diminuição: processos inflamatórios do SNC *Hipoglicorraquia discreta ou moderada: meningoencefalite tuberculosa e por leveduras. *meningite viral (maioria), abscesso cerebral, sífilis, tumor cerebral: glicose normal. ENZIMAS: LDH e TGO: podem aumentar quando há comprometimento do parênquima do SNC (necrose); LDH mais precoce. Adenosina deaminase (ADA): tende a aumentar em meningoencefalites (neuromicoses e neurotuberculose). IMUNOLOGIA/MICROBIOLOGIA: Reações imunológicas: indicação depende da prevalência/incidência regional de doenças infecciosas e parasitarias Pesquisa de anticorpos: sífilis e cisticercose, micobactérias, leveduras, vírus e retrovírus. Pesquisa de antígenos: útil no diagnóstico precoce de meningites bacterianas ou por levedura, HIV, bacilos álcool-ácidorresistentes (custo alto e sensibilidade inferior a 100%). CULTURA: Pedir sempre que houver suspeita, mesmo que remota, de meningite bacteriana. Se suspeita de algum microrganismo específico: especificar no pedido de exame (meios especiais de cultura, se necessário) Detecta o microrganismo em 85% dos casos Falso-positivos: 5% (contaminação) Antibioticoterapia interfere no resultado. Lactentes menores que 1-2 meses: estreptococos grupo B (mais frequentes), Escherichia coli, Listeria monocytogenes, outras bactérias gram-negativas entéricas. 3 meses a 6 anos: H. influenzae (1 lugar), Meningococcus, Pneumococcus Adultos: Pneumococcus (1 lugar em alguns registros) e Meningococcus, Estafilococos (4-7%: associados a cirurgias SNC, septicemia, endocardite) Idosos: Pneumococcus, Meningococcus e BGN. Pacientes debilitados: lembrar-se de Listeria, fungos COLORAÇÃO PELO MÉTODO GRAM: Fazer em todos os casos suspeitos de meningite Meningite bacteriana aguda: 70% alterado em relação a cultura positiva Valor para diagnóstico precoce e direcionamento da terapia Se gram sem alterações, não descartar possibilidade de meningite. Pode ocorrer falso-positivo. Achados do liquido cefalorraquidiano em doenças cerebrais especificas Meningite micobacteriana: Crianças de 6 meses a 5 anos e idosos: prevalência maior 50% dos adultos: RX tórax normal PPD negativo em 5-50% Líquor: elevação moderada leucócitos menor que 500 e quase sempre menor que 1000, predomínio de linfócitos (alguns casos: predomínio neutrófilos inicialmente) Proteínas: leve ou moderadamente aumentadas (76%) Glicose: reduzida em até 85% Diagnóstico: baseia-se no esfregaço próprio, cultura, na exclusão de outras etiologias e na suspeita clínica. PCR no líquor se disponível Meningite Criptocócica: Cryptococcus neoformans: fungo mais comum que causa infecção no SNC Etiologia importante mas não frequente de meningite 70% sexo masculino, maioria meia idade Metade dos casos: associação com imunodeficiência, doenças graves ou neoplasia maligna. Aumento leucócitos 95% (menor que 300, maioria menor que 150/mm) Maioria linfócitos Elevação de proteínas 90% Glicose reduzida: 50-75% Melhor prova diagnóstica: aglutinação pelo látex no líquor (detecta 80-95% dos casos) associar com prova de sangue Cultura é essencial: detecta 80% dos casos (pode ser positiva quando a prova de aglutinação for negativa); meio de cultura especial (comunicar ao laboratório de suspeita) Infecção do SNC por outros fungos: CANDIDA: *50% pleocitose linfocítica *50% pleocitose neutrofílica * glicose normal ou reduzida Outras micoses: blastomicose, histoplasmose, paracoccidioidomicose. Sífilis SNC: Pode ser diagnosticada clinicamente (líquor pode contribuir) Numero de células normais ou elevadas (maioria: mononucleares) Proteínas normais ou alteradas VDRL no líquor: 55% (falta de relação com o VDRL sérico na fase terciária: VDRL no sangue pode ser negativo)Pesquisar HIV Critério para atividade da Sífilis no SNC: aumento de proteínas e da contagem celular. VDRL pode estar presente sem infecção ativa Após tratamento: pleocitose melhora em 3 meses, aumento de proteínas pode persistir por vários anos. FTA-ABS: 100% de positividade no líquor de pacientes com neurossífilis / muito falso-positivo: importância clínica incerta Meningite Viral e asséptica: Meningite viral: é componente da meningite asséptica (níveis normais de glicose, proteínas normais ou elevadas, leucocitose com predomínio de linfócitos) Vírus mais comum: enterovírus, vírus da caxumba, herpes simples, herpes zoster-varicela, HIV. Podem se apresentar com predomínio de neutrófilos na fase inicial (punção repetida após 8-12 h): mudança do padrão Diagnóstico diferencial da meningite asséptica de etiologias viral, Criptocócica e micobacteriana: culturas, sorologia, PCR Meningite pelo vírus HIV: Meningite asséptica leve: pode ser primeira manifestação clínica da infecção No curso da infecção 30-70% dos pacientes desenvolvem sintomas de infecção do SNC pelo próprio HIV ou infecção superposta Abscesso Cerebral: Causas: extensão de infecção de ouvido médio, seios mastoideo ou seios paranasais, lesões traumáticas, próteses infectadas, disseminação à distância, êmbolos infectados. Imunossuprimidos: maior incidência Estreptococos, bacteroides, gram negativos, Staphytococcus aureus. 10%: Líquor normal Restante: meningite asséptica 70%: aumento da pressão Proteínas normais ou aumentadas Glicose normal Predominância de linfócitos em geral Se ruptura do abscesso: meningite purulenta Tumor Cerebral: Tumor córtex primário: líquor transparente (maioria) ou xantocromia/ pressão elevada 70%/ proteínas aumentadas em 70%/ glicose normal/ 70% citometria normal/ 2/3: contagem menor que 25/mm3 predomínio de linfócitos Carcinoma metastático com disseminação para meninges: achados semelhantes ao da meningite tuberculosa/ esfregaço citológico: células malignas podem ser encontradas em até 83% Linfoma maligno: 5-30% acometimento de meninges Leucemia linfocítica aguda: afeta meninges em 50% dos casos Citologia não é muito útil nas metástases cerebrais: quase não afetam meninges Hematoma Subdural: Clássico: após traumatismo 20% sem história de traumatismo Hematomas recentes (até 7 dias): líquor sanguinolento ou xantocrômico Hematomas tardios: límpido Proteínas aumentadas em metade dos casos Celularidade ligeiramente aumentada nos casos agudos/subagudos Tríade clássica em 50% (proteína aumentada, citometria normal e xantocromia) Hemorragia subaracnóidea: Xantocromia após 4 h Inicialmente: contagem de leucócitos e proteínas proporcional à quantidade de sangue (cerca de 1 leucócitos/700 eritrócito e 1 mg de proteínas/ 1000 eritrócitos) Fase tardia: leucócitos maior de 1000/mm3redomínio de neutrófilos (irritação das meninges pelo sangue) Após 3 semanas: xantocromia desaparece e níveis de proteínas e leucócitos normalizam Hemorragia intracerebral: Achados dependem da proximidade do hematoma com o espaço subaracnóide Se distante: líquor normal Se próximo: semelhante ao da hemorragia subaracnóide Esclerose Múltipla (EM): Doença desmielinizante crônica, recorrente de duração e gravidade imprevisíveis Várias combinações de fraqueza, ataxia, dificuldades visuais e parestesias, terminando quase sempre em paralisia. Líquor: rotina inespecífica (padrão semelhante a meningite asséptica) Relação IgG/albumina no líquor: amplamente utilizada ( normal menor que 25%) Albumina não é sintetizada no SNC (marcador de difusão de proteínas do soro para o líquor): se proporção semelhante à do soro, marcador de difusão, hemorragia intracerebral ou punção traumática; se aumento desproporcional de IgG em relação a albumina, sugere verdadeira produção de IgG pelo SNC ---- EM (70% dos pacientes) infecções crônicas, vasculites SNC, colagenoses afetando SNC Índice de IgG (nível de IgG/albumina do líquor): (nível de IgG/albumina no sangue): anormal em 85% Taxa de síntese de IgG no SNC Eletroforese de proteínas no líquor: várias bandas estreitas (bandas oligoclonais) na área gama ---- 85-90% dos casos Proteína básica da mielina (PBM): aumento em 70% dos casos de EM ativa RNM: alterações em 90% dos pacientes Neuropatias periféricas: Extenso espectro Polirradiculoneurite (Sindrome de Guillain- Barré): dissociação proteíno-citológica (aumento moderado da preoteinorraquia total, e o número de células é normal).
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