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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
NOÇÕES BÁSICAS DO MÉTODO JURÍDICO 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
 
 
 
 
O Direito é um fato ou fenômeno 
social; não existe senão na 
sociedade e não pode ser concebido 
sem ela (Miguel Reale). 
A justiça sustenta numa das mãos a 
balança que pesa o direito e, na 
outra, a espada de que se serve para 
o defender. A espada sem a balança 
é a força brutal; a balança sem a 
espada é a impotência do direito. 
(Rudolf von Ihering) 
 
 
 
Belém 
2013 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
1 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. SISTEMAS ÉTICOS E O DIREITO 
2. ESCOLAS DO PENSAMENTO JURÍDICO 
3. CONCEITO DE DIREITO 
4. ORDENAMENTO JURÍDICO 
5. NORMAS JURÍDICAS 
6. EFEITOS JURÍDICOS 
7. FONTES DO DIREITO 
8. PRINCÍPIO JURÍDICO 
9. EXPERIÊNCIA JURÍDICA E OS SUJEITOS DE DIREITO 
10.HERMENÊUTICA JURÍDICA 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
2 
 
 
Agradecimento 
Agradecimento especial ao Professor Ismael Leite, da Disciplina de Introdução ao 
Estudo de Direito - Faculdade Ideal (FACI), pelos conhecimentos repassados que, 
certamente, irão perdurar por toda a minha vida, independente da escolha profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
3 
 
1 – SISTEMAS ÉTICOS E O DIREITO 
A ética provém do grego ethos, que significa “caráter”, “modo de ser”, abrange 
os campos da atividade humana. Alguns acreditam que está ligada a discursos teóricos, 
mas está no cotidiano, na prática de cada indivíduo e da sociedade e é construída em 
valores históricos e culturais. É o conjunto de valores que norteiam a conduta das 
pessoas na sociedade. Possui ramos (Direito, Moral, Costumes) com as especificidades. 
Ramos da Ética 
Direito Moral Costumes 
Heteronomia Heterônoma Autônoma Heterônoma 
Bilateralidade/Intersubjetividade Bilateral Unilateral Bilateral 
Essencialidade Obrigatória Não obrigatória Não obrigatória 
Atributividade/Exigibilidade Atributiva Não Atributiva Não Atributiva 
Punição/Coercibilidade Coercível Não Coercível Não Coercível 
Heteronomia: validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas, as quais se 
colocam acima das pretensões dos sujeitos de uma relação, superando-as na estrutura de 
um querer irredutível ao querer dos destinatários. A regra moral é autônoma porque o 
agente a reconhece como própria. Se uma pessoa ajuda outra por vaidade ou caridade e 
não por dever, não há valor moral, pois não há vontade pura. 
Bilateralidade atributiva é uma proporção intersubjetiva onde os sujeitos de uma 
relação ficam autorizados a pretender, exigir ou a fazer algo (Miguel Reale). 
A Moral, conjunto de valores individuais, pode punir pela consciência, não pelo 
Direito. É unilateral quando está só no pensamento, mas ao exteriorizar, necessita de 
dois pólos. 
Diferenciação prática entre Direito e a Moral (Thomasius): O Direito só deve 
cuidar da ação humana depois de exteriorizada; a Moral diz respeito àquilo que é 
processado no plano da consciência. 
O Direito é a ordenação coercitiva da conduta humana (Hans Kelsen). É um 
sistema de normas essenciais (obrigatórias), bilaterais, com coerção aceita como 
legítima, atributiva, heterônoma (não criada pelo sujeito). 
Miguel Reale destaca que o jurista deve apreciar o mundo das intenções. 
Exemplo: crimes dolosos e culposos. Uma pessoa, ao atirar com intenção de ferir, 
pratica um crime doloso, pois o ato é uma concretização de vontade consciente. 
EPISTEMOLOGIA DO DIREITO – Filosofia do Direito 
A epistemologia estuda os princípios que norteiam o saber científico com crítica, 
análise e revisão do embasamento dos elementos que sustentam um dado conhecimento 
adaptando-se à realidade vigente. Do grego epistomé (ciência), logos (estudo) é o estudo 
filosófico sobre o fazer ciência. Estudo da gênese jurídica, ou seja, de onde se origina o 
estudo jurídico. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
4 
 
2.ESCOLAS DO PENSAMENTO JURÍDICO 
2.1. JUSNATURALISMO 
 Escola Filosófica com crença em um direito natural, em valores e pretensões 
inerentes ao homem independente da existência de alguma norma oriunda do Estado. 
CARACTERÍSTICAS DO JUSNATURALISMO: 
Universalidade 
Atemporalidade – imprescritibilidade: incapacidade de se perder o Direito independente 
do tempo. 
Indisponibilidade/Inalienabilidade: Dispor: capacidade de abrir mão de algo. Ninguém, 
nem mesmo o titular, pode usar “livremente” esses direitos. 
Inalienabilidade: o indivíduo nunca poderá transferir o direito. Alienar (transferir posse, 
perda da sanidade, perder algo). Ex.: vender um rim, córnea etc. 
Teoria kantiniana: todo homem é merecedor de respeito, cada um é universo de si 
mesmo. Um ser humano jamais será usado por outrem. 
- Anterioridade - os direitos naturais são ANTERIORES a qualquer forma de 
organização política e social. O Estado é um ente que surge comprometido com a 
preservação dos direitos naturais (moradia, saúde, lazer, alimentação etc). 
 
- Supremacia em relação ao direito positivo. 
Ex.: união homoafetiva. 
HISTÓRIA DO JUSNATURALISMO 
Período Pré-Socrático (Cosmológico) 
 A preocupação dos pensadores era de encontrar uma explicação racional e 
sistemática (cosmologia) para o mundo (cosmo), que substituísse a 
antiga cosmogonia (explicação mítica) que se baseava em mitos para explicar a origem 
do universo. Acreditavam ser a natureza a parte mais perfeita do mundo, o contato com 
Deus. Observavam a natureza e copiavam; produziam instrumentos musicais; buscavam 
o belo, a verdade. 
 A filosofia originou-se em Mileto (Grécia) destacando-se os primeiros filósofos 
da história: Tales, Anaximandro e Anaxímenes. Tentavam explicar a origem do mundo 
a partir de um "elemento fundamental". 
 
Tales de Mileto (624-546 a.C): Considerado como o primeiro filósofo da história da 
humanidade. Entendia de geometria, calculou que o ano era dividido em 365 dias. Dizia 
que: “A abundância das palavras não prova a justiça das opiniões” que repercute na 
atualidade onde a boa petição é aquela com menor número de palavras para mostrar o 
objetivo. Questionava a origem da humanidade como sendo a água. Além disso, 
apresenta um argumento mitológico, Afrodite, que nasce da água, como algo belo que 
fornece fundamento para o argumento. A bolsa escrotal (que foi cortada) de Júpiter cai 
em uma água e nasce Afrodite. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
5 
 
Anaximandro (610-547 a. C): discípulo de Tales, geógrafo, matemático, astrônomo e 
político. considerava que para originar a humanidade haveria um princípio 
indeterminado, o “apeiron”, um supraelemento, um motor imóvel que movimentava os 
motores móveis. Considerava que o eterno e indivisível, infinito e indestrutível. 
Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C): considerava a “pneuma” (ar) como fundamento, 
a origem do homem, observando que o ar está em todos os espaços. 
Anaxiságoras (500-428 a.C): acreditava em um elemento chamado “nous” (como o 
“apeiron”), onde estava o espírito e inteligência aos elementos que compõem os 
elementos, força da natureza capaz de ordenar as coisas. 
Heráclito de Efésio (540-476 a.C): “Não se pode entrar duas vezes na mesma corrente 
de um rio”. Ligado ao Cronos (Deus do tempo). Não se pode voltar exatamente ao 
mesmo lugar em que já se esteve. Pode-se relembrar de fatos, mas a situação é sempre 
diferente (vento, água, sentimentos). 
Parmenes: oferece uma resposta a Heráclito, dizendo que a essência não modifica. 
Deve-se estar preparadopara mudanças sem mudar a essência. Até para negar a 
essência, é necessário tê-la. 
Pitágoras: Dizia que “a soma dos quadrados do cateto é igual ao quadrado da 
hipotenusa”. Acreditava em ciência, algo pressuposto. Questionou como funciona a 
fórmula observando a natureza. Produziu diversos instrumentos musicais com base ao 
que ouvia da natureza. 
Período Socrático: (Século V a.C). O início desse período é marcado com a atuação 
dos Sofistas preocupados mais com a linguagem e a erudição do que com a explicação 
do mundo. Para os sofistas o importante era o bem falar e a arte de convencer o 
interlocutor. Consideravam não haver uma verdade única. Alguns comentadores da 
história da filosofia viram com maus olhos a atuação dos sofistas, principalmente 
devido a escritos de Platão que os considerava não filósofos, mas manipuladores do 
raciocínio sem amor pela verdade. O centro das atenções de Sofistas, Sócrates, Platão, 
Aristóteles e dos filósofos posteriores volta-se para o homem e suas relações. 
 Sócrates afirmava: “Só sei que nada sei”. Propõe atitude crítica do filósofo. 
Primeiro nega o que lhe é dado como verdade por não ter a certeza; depois afirma, ao ter 
a certeza. A verificação da verdade é construída pela dialética. 
Fez muitas críticas à forma de atuação no direito de Atenas e foi condenado por 
exercer má influência à juventude local. No julgamento, apesar de ter boa dialética, ao 
permitirem que propusesse a própria pena, não o fez, pois, assim, estaria admitindo a 
culpa. Acreditava que o homem devia ter liberdade de expressão, pois, sem liberdade 
não vale a pena viver, mesmo que para isso, tivesse que morrer. 
No período do julgamento iniciou o aprendizado de um instrumento musical. 
Instigado com os questionamentos, dizia: “O importante é aprender, não importa 
quando se vá morrer”. 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
6 
 
Pós-Socrático: Ética Universal – Juízo de Dever Ser 
Platão foi um dos discípulos de Sócrates, escreveu os pensamentos do seu 
mestre, idealizando-o. Aristófanes escreveu “As Luzes” narrando a história de um 
homem que, de tanto olhar para o céu (idéia) não olha para o chão (realidade) e cai no 
chão. Satiriza o pensamento socrático. Acreditava na Reminiscência da Alma em que 
havia nostalgia de alma, uma esperança de retorno ao estado original absoluto e eterno. 
Acreditava que toda a sabedoria está latente no ser humano, só é necessário despertá-la. 
Possuía o pensamento pautado na DICOTOMIA FILOSÓFICA: 
- Mundo das Idéias: manifestação perfeita de tudo o que o homem cria. 
- Mundo do Devir: mundo sensível. 
Ao materializar haverá imperfeição das idéias que teve contato. É o Direito 
Imperfeito (Direito Positivo – Direito das Nações). 
Platão tenta retratar o Mundo das Idéias onde imaginou uma caverna, três 
pessoas acorrentadas e uma fresta de luz. As pessoas estão de costas para a entrada, 
acorrentadas, sem poder mover-se, forçadas a olhar somente para a parede do fundo da 
caverna, onde são projetadas sombras de outros homens. Um dos homens consegue se 
libertar das correntes e sai da caverna. Perde os sentidos com a luz. Após, percebe que o 
que viam não era verdade. Que as sombras eram feitas por homens como eles. Descobre 
um universo gigantesco, a verdade. Retorna e é ignorado sobre o que fala e aniquilado 
por ser considerado como louco (sugestão de leitura: Platão - A República – livro 7 - O 
Mito da Caverna). 
Platão, sob influência de Sócrates, buscava a essência das coisas para além do 
mundo sensível. O personagem da caverna, ao libertar-se, correria o risco de ser morto 
por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. Em 
nossa realidade, é como se o ser humano acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é 
de determinado modo, então surge alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial 
e tenta mostrar novos conceitos, totalmente diferentes. É uma metáfora da condição 
humana perante o mundo, sobre a importância do conhecimento filosófico e a educação 
como superação da ignorância. 
Platão participou de três fases: 
Socrática (ou da Juventude – latíssimo sensu); 
Média (lato sensu): usa Sócrates como portador de sua doutrina, pois não obteve 
sucesso ao criar suas próprias idéias, então usou o nome de Sócrates para consagração. 
Escreve “A República”; 
Maturidade: a última classifica a justiça como stricto sensu. Escreve “As Leis”. 
ROMA 
Aristóteles questionou Platão. Defendeu que as idéias perfeitas não existem. 
 Sobre a verdade inquestionável, René Descartes dizia que é necessário 
abandonar todos os preconceitos. O que sobreviver será a verdade absoluta. “Penso, 
logo existo” (cogito ergo sum). Fundamentava o conhecimento humano em bases 
sólidas. Questionou todo o conhecimento considerado como verdadeiro. Com a dúvida 
do que julgava ter, concluiu que poderia ter certeza que duvidava. Ao duvidar, então 
também pensava; se pensava, existia (sinteticamente: se duvido, penso; se penso, logo 
existo). Descartes então concluiu que podia ter certeza de que existia, porque pensava. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
7 
 
Immanuel Kant: os seres humanos são dotados de razão. A liberdade é um valor 
humano; não é fazer o que se quer, é estabelecer regras para conseguir o objetivo. O 
método para alcançar a liberdade absoluta é o uso da razão\dedução. As verdades seriam 
inerentes à natureza humana sem variar conforme o contexto. 
No espaço de tempo na vida, deve-se lutar por igualdade (junto com o outro) e 
por liberdade (construção individual). 
Liberdade: termo utilizado para pessoa, estruturada individualmente. 
Viés de liberdade 
- de ação: ir e vir, buscando melhores condições. Ex.: sair de um emprego que não gosta 
por ter um chefe autoritário; morar em uma casa com ambiente desagradável. 
- de querer: ter a capacidade de estruturar o próprio conhecimento, pensamento, criar 
seus próprios significados. Não se baseia no querer do outro. 
- de romper paradigmas: capacidade de ir contra os costumes colocados como verdade; 
liberdade de elaborar seus próprios caminhos. Romper culturas em que está inserido. 
- em face de: eliminação de obstáculos. Lutar contra um determinado poder econômico. 
Degradação do meio ambiente, construção que trará prejuízos para a comunidade. 
- civil: liberdade de falar, emitindo opiniões em meio de comunicação, em sala de aula. 
Igualdade: termo utilizado para o aspecto social, da coletividade. 
Viés de igualdade 
- diante da lei: todos são iguais perante a lei. Ex.: nível superior em cela especial, 
políticos tratados especialmente em detrimento de outras pessoas. 
- de oportunidade: escolas públicas e privadas com oportunidades diferentes. 
- de fato: relacionada a bens materiais. Ex.: distribuição de renda (pessoas milionárias e 
pessoas miseráveis). 
2.2.POSITIVISMO 
Escola que Iniciou no Século XIX – Europa (França – berço) onde havia o 
sistema capitalista com idéia de estado liberal, criado pela burguesia, sem intervenção 
na via pública, com exceção de situações de segurança pública. 
 O Estado era omisso na relação trabalhista, tudo era a favor do empregador, não 
havia diferença de trabalho para adulto/criança, homem/mulher. Consequentemente, 
ocorreu adoecimento da sociedade, autoviolência, desordem social. 
 O Positivismo surgiu para restabelecer a ordem para alcançar o progresso, 
descobrindo leis sociais para a cura da doença social - surgimento da SOCIOLOGIA ou 
Física Social. O Direito foi considerado como norma, ato emanado do Estado com 
caráter imperativo e força coativa. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
8 
 
Augusto Comte (Pai do Positivismo) – criador da Sociologia, considerava que 
deveriaser desenvolvida com a mesma metodologia das Ciências Naturais, porque: 
- queria que fosse considerado ciência; 
- para produzir verdades empíricas e categóricas; 
- criação de conhecimento social seguro como única forma de retomar o progresso do 
capitalismo. 
 
A CIÊNCIA É A ÚNICA QUE PODE TRAZER A VERDADE (Comte) tendo: 
- o AMOR como princípio; 
- a ORDEM como meio; 
- o PROGRESSO como fim. 
 
PRIMADOS MITOLÓGICOS DO POSITIVISMO 
- NEUTRALIDADE DO JUIZ: passivo, desprovido de valores pessoais. Abstenção 
de valores pessoais e concepções subjetivas sobre o justo. Mero observador. 
- EMPIRISMO: reduz os fenômenos do Estado a “coisas” palpáveis. É necessário ter 
estatística. Preocupação com fato social. Normas Escritas ou Direito Positivo. 
- CAUSALIDADE: efeitos válidos são decorrentes de causas previstas empiricamente, 
no intuito de serem verdades. 
 
CRÍTICAS AO POSITIVISMO JURÍDICO 
Neutralidade do Juiz: impede a proporcionalidade e as especificidades. Privilegia 
classes ocorrendo, portanto, reforço às desigualdades. 
Empirismo: só há preocupação com as normas. Privilegia a classe burguesa. O juiz se 
restringe à lei. 
Causalidade: retirada do estudo de valores, pautada em concepções pessoais. As normas 
devem prever todas as causas e as leis são genéricas ocasionando insegurança jurídica, 
pois o jurista não pode fazer valoração (Exemplo: furto de carro versus furto de pão). 
O POSITIVISMO JURÍDICO COMO POSTURA CIENTÍFICA FRENTE AO 
DIREITO: JUÍZO DE VALIDADE E JUÍZO DE VALOR 
Juízo de Validade ou de Fato 
É uma ponderação sobre algo real. Representa uma tomada de conhecimento da 
realidade. A formulação objetiva apenas informar, pois trata-se de uma constatação 
objetiva. 
 
Juízo de Valor 
É subjetivo, pois os valores são pessoais, sendo que a definição de valores, como 
o belo, o bom, o justo, difere de pessoa para pessoa, por representarem uma tomada de 
posição frente à realidade. Objetiva a persuasão. 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
9 
 
DIFERENÇAS ENTRE O DIREITO NATURAL E O POSITIVO: 
Direito Natural: 
- pressuposto; 
- superior ao Estado; 
- validade universal e imutável (é válido em todos os tempos); 
- fundamento: ordem abstrata; corresponde à idéia de justiça; 
- deriva da natureza; 
- perfeito, superior ao Direito positivo. 
Direito Positivo: 
- posto pelo Estado; 
- válido por determinado tempo (vigência temporal) e base territorial; 
- fundamento: a estabilidade e a ordem da sociedade. 
2.3. NORMATIVISMO JURÍDICO 
 Escola do Pensamento Jurídico que estuda a Norma Jurídica dissociada dos 
elementos fáticos e valorativos, criada por HANS KELSEN (austríaco vienense – 
século XX). 
Propósitos de Kelsen: 
1 – Epistemológico, filosófico: Kelsen conferiu autonomia à Ciência do Direito, mas 
acreditava que a norma é influenciada por direitos e fatos. 
Ciência: metodologia passível de comprovação no sentido restrito. 
Somente a Norma Jurídica tem obrigatoriedade, por ser essencial. 
Kelsen propõe a separação para estudo da Ciência Jurídica. Fazia distinção entre 
Ciência Social e Ciência do Direito. 
Direito enquanto Ciência Social dialoga com FATOS E VALORES. 
Direito enquanto Ciência Jurídica necessita se abster de outros estudos e focar em 
Norma Jurídica. 
 
 
2 – Político: 
 Restaurar a força normativa do Direito pela consolidação da democracia. 
Na Monarquia, em Roma, não haviam muitas leis e a definição era feita pelos 
patrícios, servindo aos seus interesses, legitimando a destruição do ser humano. 
 O Direito não pode negar os fatos sociais; necessita regulamentar a sociedade, 
preservando o bom convívio. Para que o Direito conduza a vida das pessoas não pode 
ser instrumento da vontade das pessoas. O Direito é efetivamente forte quando está 
acima da vontade do povo. 
Kelsen temia que os princípios jurídicos ficassem à mercê da vontade social. 
Exemplo: Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar n 135/2010). Possui retroação, mas 
não era do conhecimento do cidadão a inelegibilidade ANTES da lei. 
Ciência do 
Direito 
Direito 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
10 
 
TEORIA PURA DO DIREITO 
É uma teoria do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial. É 
teoria geral do Direito, não interpretação de particulares normas jurídicas, nacionais ou 
internacionais. Contudo, fornece uma teoria da interpretação, segundo Hans Kelsen 
(Livro: Teoria Pura do Direito). 
A Teoria de Kelsen tem como princípio fundamental a “pureza” metódica: 
referência ao próprio caráter objetivo e autônomo da ciência do direito, que deve 
descrever o objeto de uma forma neutra, sem pronunciamento sobre o conteúdo ético ou 
político. Como então exigir a neutralidade axiológica relativa à ciência do direito? 
Observar, portanto, que Kelsen pretendia construir uma “teoria pura” do direito, não 
uma teoria do direito “puro”. 
2.4.REALISMO JURÍDICO 
Escola do Pensamento Jurídico que focaliza o fato social em uma perspectiva 
sociológica onde aborda costumes e tradições sociais a partir de explicação do presente. 
Preconiza a produção de verdades a partir da experiência humana e social com 
interferência da racionalidade e intelectualidade. A razão não tem influência para a 
construção da verdade. A verdade não pode ser obtida por deduções, inferências lógicas. 
Quanto menos uso do racionalismo, mais próximo do realismo. 
Genericamente, indica a realidade sensível, isto é, o que pode ser captado pelos 
sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). Desse modo é possível afirmar, por 
exemplo, que alguma coisa existe realmente, por ter sido captado pelos sentidos. Não é 
concreto, nem físico, nem material, mas é real pela capacidade humana de converter em 
algo compreensível. 
REALISMO FILOSÓFICO 
A verdade depende da percepção a partir da intuição do sujeito cognoscente (que 
conhece), diminuindo-se a importância da racionalidade pura e seus esquemas abstratos 
e lógicos. Prioriza a experiência social e coletiva (costumes e traduções). Minimiza a 
interferência da razão. 
O alcance da verdade é inversamente proporcional à lógica. A razão não é capaz 
de acompanhar a realidade. Essa diversidade só pode ser percebida em contato com a 
realidade, sem abstrações. O que importa é aquilo que se apresenta de imediato. 
Os realistas referem a IMPOSSIBILIDADE de verdades universais na 
dependência da percepção do sujeito no contexto. O juiz cria uma norma diante do que 
acredita. 
 
REALISMO JURÍDICO 
A VERDADE JURÍDICA (NORMAS) decorre da percepção, da práxis do que é feito 
na realidade social. Quem cria as verdadeiras normas do Direito? Os costumes sociais. 
PONTO FORTE DO REALISMO: maior respeito às normas jurídicas; capacidade do 
Direito ser mais eficiente. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
11 
 
Dificuldade do Direito: Eficácia das Normas. As leis são ineficientes, pois os costumes 
modificam-se ao longo do tempo. 
Estrutura normativa do Realismo 
Abstratas: criadas hipoteticamente pelo legislador SEM participação da sociedade. 
Impessoal, a abstração cria universalidade, pois não se cria uma lei para cada pessoa; 
serve para qualquer pessoa. 
Jurisprudências (Kelsen: Ciência do Direito): conjunto de decisões reiteradas, 
repetidas pelos órgãos do Poder Judiciário. Opinião consolidada. Mais próxima da 
realidade que a abstrata. Origina-se da realidade, mas há interferência na razão e no 
juízo, por isso, não é puramente do povo. 
Juiz: aplicador de leis abstratas. Materializa as abstratas. Surge a partir da interpretação 
dos juízes sobre as leis e por costumes e princípios jurídicos. 
Norma Viva (consuetudinária): origina-sedas práticas, sem interferência de juízes. É o 
Direito vivo. 
ESPÉCIES DE REALISMO JURÍDICO 
Realismo NorteAmericano 
Considera a JURISPRUDÊNCIA como Norma mais importante. 
Commom Law: depende da interpretação e validação conferida pela jurisprudência. 
Surge diretamente das relações sociais. Baseiam-se na experiência dos precedentes. O 
Direito não é lógica, é experiência. Os juízes respondem aos fatos e não às leis. 
Civil Law: positivista, Roma. 
Realismo Escandinavo 
Os costumes (NORMA VIVA) são mais importantes que a Lei e a Jurisprudência. Esta 
apenas homologa as determinações da prática social. O tribunal tem um valor reduzido. 
É contra o Realismo Jurídico – o Direito poderia ser contaminado por vícios inserido 
nos costumes (interesses econômicos, forças políticas, interesses escusos). 
Fator positivo do Realismo 
- Escuta o que a sociedade quer; 
- Elemento eficácia: o cumprimento seria natural e o descumprimento seria mais severo 
por ser contrário ao que a sociedade objetiva. 
2.5 HISTORICISMO 
É uma Escola do Pensamento Jurídico que trabalha com o fato social, 
(aproximando-se do Realismo Jurídico – presente em uma comunidade), mas com olhar 
historicista, com análise cronológica de construção temporal dos costumes e tradições. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
12 
 
Os pensadores mais importantes no Historicismo são Savigny e Hegel que 
defendiam que a pesquisa do Direito é feita por análise da cultura e tradição construída 
no tempo, observada cronologicamente. 
O objeto central para o estudo do Historicismo é o ESPÍRITO DO POVO, 
idéia pela qual o Direito é derivado das tradições e da historia de cada povo 
(conservadorismo) e não do arbítrio do legislador (característica do sistema codificado) 
que tem caráter momentâneo. 
2.6 CULTURALISMO 
Cultura (no sentido amplo – latu sensu): trabalho racional do ser humano ao 
criar objetos culturais. Para Reale, o Direito é fruto da cultura, criado pelo ser humano 
e que terá racionalidade (Tridimensional – fato, valor e norma no mesmo nível - não 
hierarquizada). A Cultura Humana é TRIDIMENSIONAL com finalidades, condições e 
objeto. No Trimensionalismo Jurídico há Fatos e Valores = Normas Jurídicas. 
Outra espécie de Culturalismo: 
Egologismo – Escola de pensamento jurídico argentina fundada por Carlos Cossio, 
influenciado por Kelsen. Baseia-se na construção de uma normatividade jurídica a partir 
da análise da relação sujeito existencial com a norma, frisando que direito é a tutela da 
conduta humana em sociedade, objetivada em atos e tutelável pelo estado. Frisava a 
análise da conduta humana na normatividade, da conduta como meio de se formar a 
norma jurídica, que não existe em abstrato, mas na relação com a pessoa tutelada. 
O Culturalismo tenta corrigir o exagero de outras escolas. Os valores universais 
estão acima de quaisquer normas (Jusnaturalismo). 
Positivismo Norma Jurídica 
Realismo Fato 
Historicismo Fato 
Normativismo Norma 
2.7 ESCOLAS ANTIJURÍDICAS (MARXISMO e ANARQUISMO) 
2.7.1.MARXISMO 
O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a 
capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho. A luta comunista se 
resume à emancipação do proletariado pela liberação da classe operária, para que os 
trabalhadores da cidade e do campo, em aliança política, rompam a propriedade privada 
burguesa, transformando a base produtiva para socializar os meios de produção, para a 
realização do trabalho livremente associado, o comunismo, abolindo as classes sociais 
existentes e orientando a produção sob controle social dos próprios produtores. 
A idéia de justiça é de receber o que é proporcional ao trabalho e de acordo com 
as necessidades. Receber pelo o que merece (Marx). 
A revolução do proletariado está no Socialismo. Para cada um conforme a sua 
capacidade e para cada qual conforme sua necessidade. Aos poucos a sociedade iria 
perceber seus limites, iriam eliminar as desigualdades, não gerando conflitos. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
13 
 
Haveria término do Direito de controle do estado – levaria ao Comunismo, sem 
preocupação de autoridade, não haveria nova Tese, não haveria Antitese. Marx 
acreditava que deveria usar o Direito provisoriamente para que um dia não seja fosse 
mais necessário, pois o ideal seria não haver conflitos e o Direito só existe se houver 
conflitos. 
2.7.2 ANARQUISMO 
É uma filosofia política que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a 
eliminação total de todas as formas de governo compulsório. Os anarquistas são contra 
qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, preconizam 
os tipos de organizações libertárias baseadas na livre associação. Os anarquistas são 
contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, 
preconizam os tipos de organizações libertárias baseadas na livre associação. 
Anarquia significa ausência de coerção e não a ausência de ordem ("anomia"). A 
noção equivocada de que anarquia é sinônimo de caos se popularizou entre o fim 
do século XIX e o início do século XX. Outro equívoco banal é se considerar anarquia 
como sendo a ausência de laços de solidariedade (indiferença) entre os homens, quando, 
em realidade, um dos laços mais valorizados pelos anarquistas é o auxílio mútuo. A 
maioria dos anarquistas se opõe a todas as formas de agressão, apoiando a autodefesa ou 
a não violência (anarcopacifismo); outros, contudo, apoiam o uso de outros meios, 
como a revolução violenta. 
 
3. CONCEITO DE DIREITO 
Dante Alighieri: "Jus est realis ac personalis hominis ad hominem proportio, quae 
servata societatium servat, corrumpta corrumpti".
 
O Direito é uma proporção
1
, real
2
 e pessoal
3
 de homem para homem
4
 que, se 
conservada, conserva a sociedade; se corrompida, corrompe-a
5
. 
 
1
O Direito é proporcional: heterônomo. 
2
Real: res (coisa): relação pautada na coisa, no real, objeto, material. 
3
Pessoal: humano. 
4
De homem para homem: bilateralidade atributiva. Entre homens, não entre homem e 
coisas. 
5
Se conservada, conserva a sociedade; se corrompida, corrompe-a: o Direito é essencial 
para manter a ordem na sociedade, portanto é obrigatório. Nem sempre o Direito é 
coercitivo. 
Outros conceitos de DIREITO: 
Miguel Reale Direito é uma integração normativa de fatos segundo valores. O Direito 
é um fato ou fenômeno social; não existe senão na sociedade e não 
pode ser concebido fora dela. Tríade: Fato, Valor e Norma. 
Immanuel 
Kant 
O direito é o conjunto das condições segundo as quais o arbítrio de 
cada um pode coexistir com o arbítrio dos outros, de acordo com uma 
lei geral de liberdade. 
Hans Kelsen O direito é uma "ordem normativa de coerção", (reportada a uma) 
"norma fundamental", a que deve corresponder uma constituição 
efetivamente estabelecida e, em termos gerais, eficaz. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
14 
 
4. ORDENAMENTO JURÍDICO 
É o conjunto organizado de normas jurídicas com as insterrrelações. Dispõe-se 
em um triângulo. A Carta Magna, a Constituição Federal (CF) sustenta todas as normas, 
possuindo supremacia, estabelecendo quais as normas. Não confundir com ordem 
jurídica. 
Art. 59: Emendas Constitucionais, Leis Ordinárias, Leis Complementares, Medidas 
Provisórias, Decretos, Resoluções. 
Ao se buscar o fundamento de validade de uma norma, há necessidade de 
estabelecer qual a mais elevada. Para isso, deve ser não empírica, pressuposta, não pode 
ser posta por uma autoridade. Denomina-se de norma fundamental (Grundnorm) que 
enfatiza Hans Kelsen como normativista.A Grundnorm não pertence ao direito positivo, pois não foi estabelecida pelo 
órgão da comunidade jurídica. Não sendo prevista em nenhum código, por não 
estabelecer direitos e nem obrigações, como também, pelo fato de não basear-se nos 
alicerces de normas anteriores, nem possuir fundamentos de nenhuma norma superior. 
É uma norma idealizada pelo teórico do direito com a prerrogativa indispensável para o 
conhecimento do direito, logo, ao estabelecê-la o pesquisador do direito não estará 
usufruindo da autoridade de legislar. 
A Constituição Federal criou as Leis. A GRUND NORM criou a Constituição 
Federal. A GRUND NORM dá fundamento a toda a Constituição Federal. Para Kelsen é 
uma norma pressuposta (não é empírica). 
FIGURA 1: Pirâmide do Ordenamento Jurídico 
 
Fonte: http://amplafusao.wordpress.com/2012/11/09/a-teoria-do-ordenamento-juridico-
de-norberto-bobbio-ied-ii/ 
Immanuel KANT estudou como o ser humano produz conhecimento divulgando 
a TEORIA DO CONHECIMENTO com o POSTO (sensível), PRÉ-SUPOSTO (nasce 
com o homem). Para Kelsen existe no Direito o que está posto, empírico, sensível – a 
Constituição. Exemplo: contrato de compra e venda. 
A Constituição Federal fundamenta a validade (EXISTÊNCIA) de uma Norma. 
É suprema. Em caso de uma norma desrespeitá-la, será considerada inválida ou 
inconstitucional. Só há hierarquia entre a CF e as Normas Infraconstitucionais (entre 
estas não há hierarquia, diferenciando-se no órgão competente para sua edição e o 
quorum necessário para a aprovação). 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
15 
 
O ordenamento jurídico necessita ser eficaz. Para isso, deve ser unitário (com 
fontes e normas obedecendo uma hierarquia), coerente (evitando contradições 
chamadas de antinomias) e completo - completude (evitando lacunas). 
A unidade do ordenamento jurídico 
Para fundar o ordenamento normativo é necessária que haja uma origem da 
norma que seja fundamental, pressuposta pela razão dogmática, isto é o ordenamento 
jurídico reconhece uma primeira norma hipotética como fundamento das demais normas 
postas e raciocina na primeira norma. 
Existem normas superiores e inferiores (teoria da constraução escalonada do 
ordenamento jurídico, proposta por Kelsen, mostrando diferentes planos das normas. 
Acima de todas está a Norma Pressuposta, que é o fundamento subentendido da 
legitimidade de todo o sistema. 
A coerência ou consistência do ordenamento jurídico 
É necessário observar a relação de coerência entre as normas jurídicas para 
evitar situações de contradição, denominada de antinomia, no ordenamento jurídico. 
Antinomias: situações de normas incompatíveis entre si, pertencentes ao mesmo 
ordenamento e com o mesmo âmbito de validade. Podem ser: 
Próprias: 
- entre uma norma que ordena fazer e uma norma que proíbe fazê-lo; 
- entre uma norma que ordena fazer algo e uma que permite não fazer; 
- entre uma norma que proíbe fazer algo e uma que permite fazer. 
 
Impróprias: 
- de princípio: os ordenamentos jurídicos são inspirados em valores contrapostos como 
segurança e liberdade; 
- de avaliação: quando ocorre um delito menor e a punição é feita com pena mais grave; 
- teleológicas: ocorre uma oposição entre a norma que prescreve o meio para alcançar o 
objetivo e a que prescreve o fim. 
 
Critérios de solução de antinomias: 
Critério hierárquico (de superioridade): prevalece a norma superior. 
Critério cronológico (da posterioridade): em caso de normas jurídicas conflitantes com 
mesma força jurídica e promulgadas em tempos diferentes, prevalece a norma mais 
recente. 
Critério da especialidade: em normas do mesmo escalão da pirâmide jurídica prevalece 
a norma especifica. 
 
Obs: Sobre utilização de Critério de Especialidade e a Norma mais recente, prevalece a 
de Específica. 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
16 
 
A completude do ordenamento jurídico 
O ordenamento jurídico é complexo para satisfazer a todas as regras necessárias à boa 
condura em uma sociedade. 
Completude: presença de normas capazes de regular qualquer conduta humana; 
propriedade em que um ordenamento jurídico tem uma norma para regular qualquer 
caso. O dogma da completude é o princípio de que o ordenamento jurídico seja 
completo para fornecer ao juiz, em cada caso, uma solução sem recorrer à equidade. 
Incompletude: quando não há norma tirada do sistema que afirme que determinado 
comportamento é proibido ou permitido. A lacuna é a falta de uma norma que regule 
determinado comportamento. Poderá ser utilizada a Analogia (aplicação de norma 
semelhante em caso de lacuna). 
5 NORMAS JURÍDICAS 
A Norma jurídica é a que está na legislação com obrigação da sociedade em 
cumpri-la sob risco de sofrer penalidades. São normas resultantes do Direito, da 
aplicação de leis, feitas com o intuito de regular a vida na sociedade. As normas 
jurídicas não precisam de adesão, apenas que sejam cumpridas, portanto, é resultado de 
uma coação externa. São cobradas pelo Estado. Por exemplo: serviço militar. 
 
NORMAS MORAIS 
A Norma moral está relacionada ao direito natural, às regras de convivências 
familiares. É cobrada pela consciência de cada um e da sociedade, sem intervenção do 
Estado. Não é obrigatória ser seguida e pode variar de cultura para cultura, de país para 
país. São atitudes e ações baseadas em preceitos que dizem respeito a cada pessoa ou 
frutos da educação, orientação familiar ou do ambiente social. É resultado da coação 
(indução, pressão) interna. 
5.1 ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA 
As Normas de conduta orientam a conduta, por isso são passíveis de 
descumprimento por trabalharem com liberdade. Possuem a SANÇÃO garantindo que 
não haja descumprimento. 
5.1.1.NORMAS DE CONDUTA (PUNITIVA E PREMIAL), ORGANIZACIONAL 
Norma de Conduta PUNITIVA (Condicional) 
Norma de Conduta Punitiva CONDICIONAL (Se: caracteriza liberdade humana). 
Enfatizada por Hans Kelsen. 
Preceito Primário Se F é C Deve Ser 
Preceito Secundário Se Não – C SP Deve Ser 
F = fato social C = conduta ideal pretendida pelo Direito. SP = sanção punitiva 
Ao se prever um fato (F) há uma consequência (C). 
Exemplo: Se matar é um FATO, NÃO MATAR é o que DEVE SER. 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
17 
 
Norma de Conduta PREMIAL (Condicional) 
Preceito Primário Se F é C Deve Ser 
Preceito Secundário Se C SPremio Deve Ser 
F = fato social C = conduta ideal pretendida pelo Direito. SPremio = sanção Premial 
Exemplo: Conduta ideal: Pagar Tributo, mensalidades. Sanção Premial: desconto. 
Necessita de proporcionalidade na sanção para garantir a vontade, o preceito primário, o 
valor. 
NORMA ORGANIZACIONAL 
Existem normas essenciais, obrigatórias, jurídicas que visam apenas estruturar o 
Estado (Reale). Não orientam condutas. Exemplo: Brasília é a capital da República. O 
objetivo é de estruturar o Estado e meramente organizar o convívio social. Não trabalha 
com liberdade. São categóricas, não tem exceção, não são condicionais, nunca terão 
punição. Tem valor organizacional. 
O Direito não deixa de ser essencial quando não há punição. A 
OBRIGATORIEDADE (normas) é diferente de COERÇÃO (uso lícito da força). As 
Normas de Conduta podem ser descumpridas (com punição), mas NÃO se descumpre a 
Organizacional (haveria Revolução, Nova Constituição). 
5.1.2. SANÇÃO E COAÇÃO 
Sanção: Parte da Norma que visa garantir o cumprimento do preceito primário do 
enunciado normativo. É uma consequência jurídica para quem infringir determinada 
regra. Podem ser reconstitutivas, compulsórias, compensatórias, punitivas ou 
preventivas. 
Coerção – Efeito psicológico da sanção. Age como função preventiva.É o ato de 
induzir, pressionar ou compelir alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça. 
Coação – Aplicação forçada contra a vontade do agente que descumpriu a norma. 
Coação ("coactio", de "cogere"), técnica jurídica com dois significados distintos. 
Coação, no sentido de obrigar ou de constranger, tem a função de indicar os meios de 
que dispõe o titular para que se conserve íntegra a relação jurídica que o liga ao objeto 
do mesmo. 
Coação, no sentido mais propriamente de constrangimento, de violência ou ação de 
violentar é caracterizado pelo constrangimento físico ou moral para alguém fazer ato 
sob temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família ou a seus bens 
(Art.151 do CC). 
Coercibilidade: é a imposição coativa das medidas adotadas pela administração no 
exercício do poder de polícia. Invocar o uso da força para se valer, se necessário. 
Coativo = coercitivo = qualidade ativa de poder exercer coação. 
Coercível - poder de sofrer a coação (qualidade passiva) 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
18 
 
5.2 VALIDADE DA NORMA JURÍDICA 
Para a norma jurídica ser cumprida deve possuir vigência, que a confere 
EXISTÊNCIA. 
 Validade inicial: só nasce se estiver de acordo com a Constituição Federal (CF). 
 A CF é o fundamento de validade; reconhece quais as normas passíveis de 
criação, assim como o modo (procedimento) de criação e extinção das mesmas. 
“A validade está simultaneamente na vigência, ou obrigatoriedade formal dos 
preceitos jurídicos; na eficácia, ou efetiva correspondência dos comportamentos sociais 
ao seu conteúdo; e no fundamento, ou valores capazes de legitimar a experiência 
jurídica numa sociedade de homens livres” (Miguel Reale). 
 VALIDADE NORMATIVA (FORMAL): única a ser considerada em uma 
perspectiva positivista (ligada a questões empíricas, neutralidade, passível de ser 
usada). Emanada do poder competente, com obediência aos trâmites legais 
(norma). A lei deve cumprir os requisitos "práticos" para sua elaboração, como 
um quorum mínimo de aprovação, proposta pelo órgão competente. Não é 
condicionada por ser existente. O valor e fato precisam ser respeitados. Valor ou 
fim objetivado pela regra de direito. É a razão de ser da norma, finalidade que 
legitima sua vigência e eficácia. Exemplo: CF – Emenda Constitucional (EC). 
Ocorre análise bicameral (Câmara e Senado), será promulgada e será conferida 
validade à EC. 
Kelsen informava que os Três Poderes são Políticos, podendo ferir a CF. Há 
necessidade de Corte Condicional (Supremo Tribunal Federal – STF). 
 VALIDADE FÁTICA (SOCIAL): quando uma norma é validada e 
RESPEITADA. É o grau de força ou respeito em sociedade – EFICÁCIA. 
 Eficácia: refere-se a aplicação e execução da norma jurídica. 
Significa que a norma jurídica produz realmente os efeitos sociais planejados. Se uma 
Norma carece de Eficácia, deixa de existir se a sociedade não aceitar. Exemplo: jogo do 
bicho, cheque pré-datado. A Validade Social, portanto, interfere na Formal. Para que a 
Norma tenha validade precisa ter o mínimo de EFICÁCIA (consideração da sociedade) 
 VALIDADE DE ÉTICA (DE FUNDAMENTO, AXIOLÓGICA, 
VALORATIVA): refere-se ao cumprimento por parte da Normal formalmente 
válida respeitando os valores que se propôs a defender. Exemplo: CPMF. 
5.3. VIGÊNCIA DA NORMA 
Força que tem a norma cumprindo sua finalidade, regulando condutas, gerando 
efeitos sobre os eventos a que se refere seu antecedente. 
Uma lei válida pode não ter vigência quando está em curso o intervalo previsto 
na Lei de Introdução ao Código Civil, de 45 dias no território nacional ou 90 dias 
externamente, entre a publicação da lei e a entrada em vigor. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
19 
 
Eficácia Jurídica – é a aptidão que apresenta o fato jurídico de fazer instalar a relação 
jurídica no momento de sua ocorrência. É atributo do fato jurídico e não da norma 
propriamente dita. 
Eficácia Técnica – Capacidade da regra de poder jurisdicizar acontecimentos descritos 
em seu antecedente, onde pela ocorrência no mundo dos fatos, sejam gerados efeitos 
jurídicos. 
Eficácia Social da norma geral e abstrata - fenômeno ocorrido pelo descumprimento 
reiterado e geral, pelos sujeitos destinatários das normas, dos preceitos, mostrando uma 
ausência histórica de acatamento. 
5.4. CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA 
5.4.1. QUANTO AO TERRITÓRIO 
NACIONAL: poder soberano de cada país (capacidade de autogovernar, automandar. 
Poder uno e indivisível. É uma lei brasileira aplicada aos brasileiros dentro do território 
nacional. Pode ser aplicado em outro país (Embaixadas, embarcação, aeronaves em 
missão oficial). Em tese, todos devem conhecer as leis de seu país. 
Tipos: Federal e Local 
Federação: vinculados ao Poder Central, semelhante ao Americano. Detém o Poder em 
assuntos comuns. 
Quanto à esfera do poder público ou território (em virtude da competência 
normativa atribuída à União, Estados, Municípios e DF – estrutura política e 
administrativa do país. A CF fixa a competência normativa de seus entes nos artigos 22 
a 25, 29 e 30): 
- Normas federais (Ex: CF, medidas provisórias etc); 
- Normas estaduais (Ex: leis complementares, códigos e decretos estaduais); 
- Normas municipais (Ex: leis orgânicas dos municípios, leis municipais, decretos). 
Direito Americano 
DIETA: corpo deliberante que serve de instrumento comum aos Estados confederados. 
Norma que exerce assuntos comuns para dar tratamento a todos os países, mantendo a 
soberania tornando Confederação em Federação. 
Tem Autonomia e não Soberania: preserva a regulamentação de situações 
específicas de cada estado. Possuem Único Poder Soberano criando idéia de Federação 
(entidade que possui independência em relação aos outros países, mas os entes que 
compõem tem o poder de regulamentar os poderes individuais. Alguns estados praticam 
a pena de morte, outros não, porque não é citada na Constituição. Também, nos EUA, 
há liberação para porte de arma. 
Federação: União, Estados, Municípios, Distrito Federal. Todos são autônomos. 
Possuem leis municipais, estaduais, federais: leis que regem os interesses específicos 
sem ferir as determinações do Poder Soberano da CF. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
20 
 
República Federativa do Brasil (Federação) é uma Pessoa Jurídica; União é outra Pessoa 
Jurídica. 
Há o mesmo nivelamento: Presidente = Governador = Prefeito; Ministro da Saúde = 
Secretários Estadual e Municipal de Saúde. Não há hierarquia, há autonomia. 
Interesse da União: representar a República (interna e externamente). As Leis Federais 
são criadas pela UNIÃO (Legislativo). Produz normas por representar os interesses da 
República. O Direito Penal compete à UNIÃO. 
5.4.2. QUANTO A COMPETÊNCIAS (possibilidade de agir ou de legislar): art. 22-
25 e 30. 
PRIVATIVA DA UNIÃO (art. 22 - CF): conjunto de assuntos de interesse nacional 
autorizando a união a criar leis com a possibilidade de delegação desses assuntos aos 
Estados, via Lei Complementar. 
COMUM (art. 23 - CF): conjunto de assuntos onde todos os entes concomitantemente 
podem agir/fazer. Exemplo: defesa do meio ambiente. 
CONCORRENTE (art. 24 - CF): conjunto de assuntos em que a União estabelece 
norma geral e os Estados e Municípios estabelecem normas específicas para tratar de 
questões relativas aos seus interesses. 
Na criação deverão obedecer a supremacia da CF e as determinações gerais 
criadas pela Lei da UNIÃO. Exemplo: Direito Tributário (Código Tributário Nacional) 
determinam as Leis que instauram tributos estaduais (ICM) e impostos municipais 
(IPTU). 
INTERNACIONAL: objetiva regulamentar a vida no âmbito internacionalatravés de 
Tratados, Acordos, Pactos Bilaterais que servirão de parâmetro de conduta. Crimes 
cometidos fora do Brasil serão julgados no Brasil. 
Obs: em alto mar não há soberania. Existe uma Lei Internacional. 
Tipos: Direito Internacional Público, Direito Internacional Privado – interesse 
particular. 
 
5.4.3. QUANTO À IMPERATIVIDADE ou OBRIGATORIEDADE: 
Grau de imposições de uma norma jurídica com maior ou menor LIBERDADE. 
COGENTES (imperativas ou coativas): regulam a vida coletiva, por isso, limitam a 
vontade dos sujeitos. Normas que mandam ou proíbem de modo incondicionado. 
Exemplo: artigo 1.641, II, Código Civil - regime da separação obrigatória de bens para 
os maiores de 60 anos. Hoje são chamadas de normas de ordem pública. 
 A “norma imperativa” pode ter três significados diversos, quais sejam: sentido 
amplíssimo – toda norma jurídica é imperativa, mesmo as permissivas e supletivas 
encerram ordens; sentido menos amplo – normas de ordem pública, que proíbem ou 
mandam de modo absoluto, sem possibilidade de alteração pela vontade das partes e 
sentido estrito – normas imperativas positivas, com exclusão das normas imperativas 
negativamente ou proibitivas). Defende valor coletivo, possui imperatividade. Ex.: art. 
121, Normas de Trânsito. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
21 
 
DISPOSITIVAS (imperatividade relativa): Relativa a interesses particulares onde a 
vontade individual será considerada para aplicação do Direito. - Normas dispositivas 
(indicativas ou relativamente cogentes). Limitam-se a permitir determinado ato ou a 
suprir a manifestação da vontade das partes. Podem ser permissivas – são aquelas que 
resolvem dúvidas ou determinam com maior precisão as condições em que um ato deve 
ser realizado – ex: possibilidade de estipulação de pacto antenupcial – artigo 1.639, CC 
e supletivas – chamadas subsidiárias ou interpretativas. São aquelas que suprem a 
falta de manifestação da vontade das partes – ex: previsão do regime convencional de 
bens – artigo 1.640, CC). Ex.: testamento. Se não indicar sucessores, o juiz o fará. 
5.4.4 QUANTO AO DESCUMPRIMENTO OU À SANÇÃO 
Sanção punitiva: 
Plus quan Perfectae: geram duas consequências: anulação do ato violador e punição do 
agente. A violação acarreta nulidade do ato/restabelecimento da situação anterior e 
também uma penalidade ou castigo. Ex: nulidade do casamento contraído por aquele 
que já é casado – artigos 1.521, VI,1.548, II, CC e 235, CP – crime de bigamia). 
Perfectae: anula o ato violador, mas não há punição. A sanção consiste na nulidade 
automática ou na possibilidade de anulação do ato praticado contra sua disposição. Ex: é 
nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que ao tempo da sua morte não detenha o 
poder familiar – artigo 1.730, CC); ato praticado por menor de 16 anos; direito de todos 
à educação. Exemplo: artigo 171 CC - negócio jurídico realizado sob coação. Pode ser 
anulado; se a parte não tivesse sido ameaçada não teria realizado o negócio jurídico. 
Menus quan Perfectae: Sem anulação do ato, mas com punição do agente. Exemplo: 
viúvo (a) com filhos do falecido (a) que realiza casamento antes de fazer o inventário ou 
a partilha dos bens deixados pelo cônjuge falecido aos seus herdeiros (artigo 1523, I, 
CC). O casamento não será anulado, mas como sanção pela omissão, será 
obrigatoriamente contraído com o regime de separação de bens (art. 1641, I, do CC). 
Imperfectae: não anula, não pune. Normas cuja violação não são dotadas de sanção. Sua 
violação não acarreta a nulidade do ato nem outra penalidade. São leis que visam apenas 
a orientar ou dificultar determinados atos ou estabelecer uma orientação programática. 
Ex: direito de todos à educação – artigo 205, CF); apostas, contrato de jogo, dívidas 
prescritas; pagamento de juros altos. Não se exige judicialmente o cumprimento do 
contrato. 
 FATO COERÇÃO 
Plus quan Perfectae + + 
Perfectae + - 
Menus quan Perfectae - + 
Imperfectae - - 
5.4.5. QUANTO AO PODER DE IMPÉRIO DO ESTADO 
DE PODER PÚBLICO 
Normas de interesse coletivo com participação do estado na relação jurídica 
valendo-se de subordinação em relação ao particular. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
22 
 
 
 ESTADO PARTICULAR 
 Polo ativo = polo passivo 
 
 
DE PODER PRIVADO 
Normas de interesse privado em que os polos de relação jurídica se encontram 
em situação de coordenação, sem hierarquia. Polo ativo (direito) = polo passivo 
(deveres). Obs: Particulares com subordinação (Direito do Trabalho). O Estado não está 
presente. 
Direito PROCESSUAL (sempre público) 
 JUIZ 
 
 
 POLO ATIVO POLO PASSIVO 
5.4.6. CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA QUANTO À ESPÉCIE 
Aristóteles: 
JUSTIÇA COMUTATIVA (formal): tratar os iguais com igualdade. Ex.: recebimento 
de salário, cursar faculdade após aprovação. Geral. 
JUSTIÇA POR EQUIDADE (material): tratar os desiguais desigualmente, na medida de 
sua desigualdade. Ex.: cotas em universidades. Lei Maria da Penha. Análise de 
situações específicas. 
Justiça concreta (+ igualdade, - desigualdade): 
Condição Tratamento Conduta 
+ + + 
- + - 
- - + 
Exemplos na classificação das normas jurídicas: 
 Art. 121 Lei Maria da Penha 
Território Nacional/Federal Nacional/Federal 
Imperatividade Cogente Cogente 
Descumprimento Punição – que perfeito Punição – que perfeito 
Poder de Império Público Público 
Espécie Comutativa Por equidade 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
23 
 
 
6. EFEITOS JURÍDICOS 
COAÇÃO: violência ILÍCITA. 
“Vis” Absoluta (Física): violência que suprime qualquer manifestação de vontade por 
parte da vítima. Não há resistência. VONTADE ZERO. Não existe contrato, nunca 
existirá. Vício insanável (o tempo não destrói). DIREITO PÚBLICO. Produz 
NULIDADE (torna nulo o negócio jurídico). 
 “Vis” Compulsiva (Psicológica): deturpa a manifestação da vontade por parte da 
vítima. Chantagem. Como depende da psique, não zera a vontade. DIREITO 
PRIVADO. Produz ANULABILIDADE (anulável). 
CONSEQUÊNCIAS 
A vontade é o maior fundamento de validade, de existência de todas as normas 
jurídicas. Sem vontade não há lei. 
NULIDADE (Público): Efeito retroativos (EX-TUNC) na decisão judicial. 
ANULABILIDADE (Privado): Efeitos futuros (EX-NUNC) na decisão judicial. 
Na “Vis” Absoluta (Física): Efeito "Ex tunc" (latim: "desde então", "desde a época"). 
Os efeitos são retroativos à época da origem dos fatos a ele relacionados. O direito de 
pedir a decretação judicial de nulidade é imprescritível e os efeitos da decretação são 
retroativos (ex tunc). 
Na “Vis” Compulsiva (Psicológica): Efeito "Ex nunc"(latim: "desde agora"). Os 
efeitos não retroagem, valendo somente a partir da data da decisão tomada. A coação 
relativa ou moral, quando há opção a quem foi coagido, torna anulável o negócio 
jurídico ((ex nunc). Apenas os interessados podem pedir a anulação. 
Ex. Nulidade: manifestação ex-offício* pelo Juiz, espontânea, não solicitada/provocada 
por ninguém. Se o Juiz tiver ciência que houve outro caminho com vontade zero, anula 
o ato, produz nulidade. 
Ex. Anulabilidade (vontade zero): compra de imóvel com “vis” absoluta – após verificar 
a violência absoluta ocorre anulabilidade. Venda em 2000, hipoteca em 2005, ação nula 
em 2008. Há necessidade de solicitada/provocação por alguém para 
DEMONSTRAÇÃO do prejuízo. 
 
*latim: ex officio, significa "por lei, oficialmente, em virtude do cargo ocupado". É oato de um administrador público ou de um juiz "de ofício" quando foi executado em 
virtude do cargo ocupado, sem a necessidade de iniciativa ou participação de terceiros. 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
24 
 
7. FONTES DO DIREITO 
São meios de identificar a realidade do Direito Civil. Onde nasce o Direito? Do ponto 
de vista do Direito, enquanto FATO SOCIAL, como fonte sociológica, está relacionado 
diretamente ao modo de vida (“modus vivendi”) do homem em sociedade. O Direito 
considerado como VALOR, como fonte axiológica está relacionado à natureza 
espiritual do homem. O Direito como NORMA está, ligado, dogmaticamente, ao 
Estado, imposto forma coativa. Todas as fontes são normas jurídicas, pois possuem 
juridicidade, capacidade de obrigar a terceiros. São reconhecidos como fontes de 
direito: a doutrina, costumes, negócios jurídicos, poder normativo dos grupos sociais. 
Origem primária do direito: fatores sociais, históricos, religiosos, naturais, 
demográficos, higiênicos, políticos, econômicos, morais, que contribuem para 
determinado ordenamento jurídico. Emergem da realidade social. São os modos de 
formação das normas jurídicas. São as formas de expressão do direito positivo sem 
hierarquia entre as fontes do direito e a aplicação de uma fonte não invalida a outra. 
As Fontes do Direito podem ser: 
Imediatas (sem intermediários) - com foco nos próprios fatos regulados: 
Constituição Federal e Tratados Internacionais. 
Mediatas (Costumes, Doutrinas, Jurisprudências, Princípios Gerais do Direito): 
com foco nas fontes Imediatas, possuem importância secundária. 
 
O Brasil pode fazer Tratados /Acordos Internacionais de forma voluntária, sendo 
formal e escrito, celebrado entre Estados e/ou organizações internacionais produzindo 
efeitos numa ordem jurídica de direito internacional. Por ser acordo, pressupõe 
manifestação de vontade bilateral ou multilateral (CF, Art. 5º, § 3º: Os tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa 
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Royalties do petróleo (CF, Art. 66º, § 6º) 
7.1 FORMAIS: materiais, aspectos gerais de tradição de uma sociedade (cultura, 
religião, política, costumes, moral). Estabelecem direitos e deveres. São Fontes 
Formais: LEGISLAÇÃO, COSTUMES JURÍDICOS, JURISPRUDÊNCIA, 
CONTRATOS e o PODER NORMATIVO DOS GRUPOS SOCIAIS. 
7.2 NÃO FORMAIS: DOUTRINA 
FONTES FORMAIS 
Fonte legal (Legislação) 
O correto é denominar Fonte legal ou Legislação e não somente lei, pois quaisquer 
espécies de legislação (emendas, resoluções, medidas provisórias, decretos, leis 
delegadas, ordinárias e complementares) são consideradas fontes do direito. É originada 
do processo legislativo definido pela Constituição Federal, representando a governança 
da própria vontade popular (votada e sancionada por representantes eleitos pelo povo). 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
25 
 
Norma Jurídica: fornecem modelo de condutas. Contém um comando geral e abstrato 
para uma pluralidade de casos indeterminados. são regras jurídicas gerais, abstratas e 
impessoais, estabelecidas pelo Poder Executivo, em desenvolvimento da lei. 
Formalmente é diferente da lei, pois emana do Poder Executivo. Os regulamentos são 
determinados pelo Poder Executivo através dos chamados decretos regulamentares 
Resoluções: objetiva regulamentar competências; são decisões do Legislativo – 
Congresso, Senado ou Câmara, sobre assuntos de seu interesse interno. Exemplo: 
decisão sobre licença ou perda de cargo por deputado ou senador, fixação de subsídios. 
A delegação de competência ao Presidente para elaboração de lei delegada é feita por 
resolução – artigo 68, § 2º, CF. 
Decreto Legislativo: normatiza assuntos específicos do Congresso Nacional. Exemplo: 
ratificação de tratados internacionais, julgamento das contas do Presidente da 
República. São remetidos ao Presidente para sanção. 
Medidas Provisórias: assessora o Presidente em assuntos cogentes. Substituiu o antigo 
decreto-lei. Podem ser adotadas pelo Presidente em caso de relevância e urgência. Tem 
vigência por 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias. Artigo 62 da CF. Está na mesma 
hierarquia da lei ordinária. 
Lei Ordinária: criação de leis comuns com caráter residual. norma elaborada pelo Poder 
Legislativo em sua atividade comum e típica). Ex: Código Civil, Lei do Inquilinato etc. 
Leis Delegadas (mesma hierarquia das leis ordinárias): solicitação do Presidente ao 
Congresso Nacional para pedir novas leis (artigo 68, CF). 
Lei Complementar: complemento à CF, normatiza assuntos de estruturação do Estado e 
do Direito. Ex: criação de novo município, elaboração do Estatuto da Magistratura – 
artigo 93, CF; funcionamento da Advocacia-Geral da União – artigo 131, CF. 
As Emendas Constitucionais alteram a CF (acréscimo ou retirada). Nas cláusulas 
pétreas (Art. 6
0
, § 4
0
) pode ocorrer ampliação - voto secreto). 
A LEI É A MAIS IMPORTANTE FONTE FORMAL DO DIREITO 
Características: 
Quanto à Forma: ESCRITA 
Quanto à Origem: LEGISLATIVA DO PODER. Exceção: Plebiscito, Lei e Contra 
Peso, Medida Provisória (criada pelo Presidente) 
Quanto à Abrangência: GENÉRICAS 
Quanto ao Modo de Ação: ABSTRATAS (previsão de situações hipotéticas, sem 
referência a situações concretas). 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
26 
 
COSTUMES JURÍDICOS 
São as formas mais espontâneas de Fonte do Direito pela origem nas práticas 
sociais reiteradas, consideradas essenciais (obrigatórias) para o convívio social. São 
espontâneas. São produtos das relações sociais que não necessitam de reconhecimento 
pela lei para ter o valor assegurado. Não há revogação de crimes pelo costume devido 
ao Princípio da Legalidade, isto é, não há crime sem lei anterior que o defina - artigo 1º 
do Código Penal (CP) Brasileiro e 5
0
 da CF, entretanto, há influência no referido 
Código como extinção do adultério e sedução como crimes, por exemplo. 
Características COSTUME JURÍDICO NORMA JURÍDICA 
Forma NÃO escrita Escrita 
Origem Poder Social, Coletivo, não estatal Legislativo 
Abrangência Local Genérica 
Modo de criação Contínuo e Concreto Abstrata 
Espécies de Costumes: 
Secundum Legem (segundo a lei): reforçam a lei. Quando a lei a ele se reporta 
expressamente e reconhece sua obrigatoriedade. Geralmente utilizado no Direito 
Comercial. 
Praeter Legem (paralelo à lei): ocupam lugar quando a lei não existe, substituindo a lei. 
Exemplo: contrato de internet. 
Contra Legem: quando contraria o que a lei dispõe. Isso pode ocorrer por desuso, 
quando o costume suprime a lei e cria uma nova regra (costume ab-rogatório). Exemplo: 
cheque pré-datado. Não é contra o Direito Cogente, pois um crime só pode existir se 
houver lei (Princípio da Legalidade). Não há possibilidade de uso de Analogia. No 
Direito Comercial é tão importante quanto a lei. 
JURISPRUDÊNCIA 
São decisões reiteradas dos órgãos do Poder Judiciário utilizadas como 
parâmetros por demais juízes. São essenciais. A decisão do Supremo Tribunal Federal 
(STF) não vincula a outros órgãos, porque a interpretação é caso a caso, específica. Sem 
jurisprudência não há Direito, pois é interpretação da lei. 
No geral (significa que há exceções), a Jurisprudência tem a mesma força de um 
bom Conselho Constitucional. 
Processo de uniformização da jurisprudência: 
Súmula dos Tribunais: quando um tribunal julga reiteradamente há a súmula (resumo) 
da jurisprudência. É um resumo do resultado dos julgamentos e resultante de teses 
jurídicas que demonstram o posicionamento da jurisprudênciareiterada e predominante 
dos Tribunais. 
Súmula Impeditiva de Recurso: não haverá recursos, pois o STF já decidiu. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
27 
 
Súmula Vinculante: é o resumo do resultado dos julgamentos que registra a 
interpretação pacífica ou majoritária adotada por um tribunal sobre um tema específico, 
a partir do julgamento de casos análogos para tornar pública a jurisprudência reiterada 
para a sociedade e promover a uniformidade entre as decisões. 
A Emenda Constitucional n. 45/2004 alterou o art. 103, criando o 103-A que 
estabelece as Súmulas Vinculantes que une todos os órgãos judiciários e de 
Administração Pública. É a jurisprudência que, ao ser votada e aprovada pelo Supremo 
Tribunal Federal (pelo menos 2/3 do plenário), torna-se entendimento obrigatório para 
todos os outros tribunais e juízes, Administração Pública, Direta e Indireta. Esse 
instituto de Direito Processual adquire força de lei, criando vínculo jurídico e possuindo 
efeito erga omnes, termo jurídico que significa que uma norma ou decisão terá efeito 
vinculante, valerá para todos. 
O objetivo é de conferir maior celeridade nos julgamentos, garantir a efetividade 
na aplicação das leis e afiançar a aplicação uniforme da jurisprudência resultante do 
Supremo Tribunal Federal. Representa a materialização, no mundo dos fatos, dos 
preceitos legais e simboliza a aproximação, tão íntima quanto possível, entre o dever-ser 
normativo e o ser da realidade social. 
Representa a materialização, no mundo dos fatos, dos preceitos legais e 
simboliza a aproximação entre o dever-ser normativo e o ser da realidade social. 
NEGÓCIOS JURÍDICOS 
Expressa a capacidade reconhecida aos indivíduos de estabelecer relações 
particulares de natureza normativa. Contrato com vínculo jurídico entre dois ou mais 
pessoas (físicas ou jurídicas) realizado por vontade pode ser modificado ou extinto, em 
conformidade com o Direito Positivo, sob pena de serem nulas. Surge o negócio 
jurídico (ato de autonomia privada onde as partes regulam seus interesses) que produz 
uma autêntica norma, ainda que particular e, devido à obrigatoriedade, assemelha-se à 
própria lei. É o produto dos contratos e acordos particulares capazes de gerar direitos e 
deveres na ordem civil, atendendo as condições de validade trazidas pela lei. 
O objeto deve ser lícito (não ofender a legalidade e a moralidade), realizável nos 
aspectos físico (quando qualquer pessoa pode fazê-lo) e jurídico (não ter impedimento 
legal), determinado (encontrar-se plenamente caracterizado), individualizado, ou ao 
menos determinável, descrito vagamente por seu gênero, qualidade e quantidade. 
Para que seja válido, exista, necessita de elementos essenciais: agente capaz, 
objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita e não proibida 
pela lei. 
PODER NORMATIVO DOS GRUPOS SOCIAIS 
Determinados grupos sociais reconhecem pelo direito a possibilidade de criar 
seu próprio regulamento. É um direito não-estatal paralelo e complementar; são 
subordinados ao direito oficial. 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
28 
 
FONTES NÃO FORMAIS 
DOUTRINA 
Estudos desenvolvidos por juristas, estudiosos teóricos e práticos do direito, para 
melhor entendimento de temas relativos ao Direito colocados em tratados, conferências, 
palestras, artigos, papers, livros, monografia. Possuem grande importância para o 
Direito, podendo influenciar indiretamente na elaboração das leis e nos julgamentos. É o 
Direito Científico que contribui para explicar os temas relativos ao Direito com críticas, 
sistematização e atualização de conceitos/institutos devido à dinâmica temporal. 
A doutrina influencia no ordenamento jurídico, auxiliando os aplicadores de 
sentenças nos tribunais. Dessa forma percebe-se que a doutrina jurídica possui uma 
importância fundamental para o Direito, influenciando de maneira indireta na 
elaboração das leis e nos julgamentos, pois fornece pontos de apoio tanto ao legislador e 
ao juiz, em suas atividades intelectuais. 
8.PRINCÍPIO JURÍDICO 
Conjunto de padrões de conduta presentes, explícitos ou implícitos no 
ordenamento jurídico com alto grau de abstração que refletem os valores supremos de 
uma sociedade. É a base para o ordenamento jurídico, limita as regras, integra as 
lacunas normativas, serve de parâmetro para a atividade interpretativa, possui eficácia, 
podendo, portanto, ser concretizado e gerar direitos subjetivos. São proposições gerais 
inferidas da cultura e ordenamentos jurídicos que conformam a criação, revelação, 
interpretação e aplicação do Direito. As leis penais devem ser interpretadas de acordo 
com o princípio da lesividade, isonomia, dignidade da pessoa humana. 
Apesar de não haver hierarquia entre as fontes, os princípios são fundamentais, 
pois são uma finalidade onde as demais fontes são um instrumento, embora alguma lei 
pode ser aplicada contrariando um princípio, em nome da segurança jurídica. 
Direito de passagem – ocorre se o proprietário de um imóvel /terreno permitir 
que outrem passem pela propriedade. 
Características dos princípios jurídicos 
Caráter de norma jurídica (normatividade), imperatividade (incondicionalmente 
observados), eficácia, precedência (superioridade) material e abstração. 
A eficácia pode ser observada sob os seguintes aspectos: 
1) eficácia positiva ou simétrica: possibilidade de se exigir judicialmente um direito 
subjetivo garantido por um princípio. 
2) eficácia interpretativa: a necessidade de interpretação das normas inferiores de 
acordo com as superiores, ressaltando a superioridade axiológica. 
3) eficácia negativa: todas as normas ou atos que sejam incompatíveis com os princípios 
são declaradas inválidas. 
4) eficácia vedativa do retrocesso: relacionada à eficácia negativa e aos princípios 
fundamentais, permitindo que seja exigida a invalidação de uma norma que revogue 
outra sem a respectiva substituição. 
 
 
Funções dos princípios jurídicos 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
29 
 
Normativa: sendo normas jurídicas, podem ser concretizados e geram direitos 
subjetivos. 
Integrativa: havendo uma lacuna jurídica, pode ser suprida com a utilização dos 
princípios. 
Interpretativa: condicionam a atividade do intérprete. Nenhuma interpretação pode ser 
efetivada sem considerar os princípios jurídicos. 
 
Diferença entre normas e princípios 
 
Norma é o gênero da qual os princípios e as regras são espécies. Reconhecem 
pessoas ou entidades realizando interesses por ato próprio ou exigindo ação ou 
abstenção de outrem e vinculam pessoas ou entidades à obrigação de submeter-se às 
exigências de realizar uma prestação, ação ou abstenção em favor de outrem, por isso, 
os princípios possuem uma estrutura aberta, com maior teor de abstração e incidem 
sobre uma pluralidade de situações. 
Os princípios possuem uma estrutura fechada que contém um mandamento com 
respectivo consequente. Contém relato mais objetivo, com incidência restrita às 
situações específicas. Estão sempre abertos a novas regras que podem surgir à medida 
da evolução da sociedade. 
 
9. EXPERIÊNCIA JURÍDICA E OS SUJEITOS DE DIREITO 
EXPERIÊNCIA JURÍDICA 
É uma fonte de estudos e conhecimentos produzidos por cientistas do Direito. 
Não é Doutrina, não é Fonte do Direito. Miguel Reale afirma que, apesar de influenciar 
no Direito não tem essencialidade. 
Experiência Social: formada de fatos sociais (acontecimentos sociais exteriores): 
crime, contrato, morte, nascimento, terremoto. 
Será considerado como fato jurídico quando um fato social gerar conflitos e 
ameaçar a ordem. A abrangência de um fato não é o mais importante.Pressupõe a 
intenção. Exemplos: jogar fora um tênis, abandonar um terreno, pedras na praia (não há 
proprietário). Se perder, não há essa intenção, não é abandono. 
 
 
9.1.FATOS JURÍDICOS 
- Conceito: São acontecimentos que, direta ou indiretamente ocasionam efeitos 
jurídicos, todos os atos suscetíveis de produzir aquisição, modificação ou extinção de 
direito, portanto, CRIA, MODIFICA ou EXTINGUE DIREITOS. 
Transforma o Dever Ser intuitivo em Normas Jurídicas Específicas. A intuição será 
formatada em molde. 
As Normas Jurídicas são modelos jurídicos que será criado com FATOS e 
VALORES com potencial conflituoso ameaçando valores essenciais (jurídicos). 
 
 
 
 
FATOS JURÍDICOS em sentido amplo - Lato Sensu 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
30 
 
Fatos Jurídicos em sentido restrito – 
(Stricto Sensu) 
Decorrente de fenômenos naturais 
 (eventos da natureza) 
Atos Jurídicos (em sentido amplo) 
Decorrente de ação, VONTADE humana. 
Atos Jurídicos 
(em sentido restrito) 
Efeitos definidos 
mais pela lei. 
Negócios Jurídicos 
Efeitos definidos mais 
pela vontade Humana. 
 
FATOS JURÍDICOS em sentido amplo (Lato Sensu) 
Fatos Jurídicos em sentido restrito 
- Ordinário (Comum): nascimento, tempo, a chuva, o vento, parar em sinal de trânsito. 
- Extraordinário (Incomuns, imprevisíveis, impensáveis, inevitáveis): queda de avião, 
guerra, tsunami, terremoto. 
 Caso fortuito 
 Força maior (“natureza”) 
 
Atos Jurídicos em sentido amplo, Atos Jurígenos, Fato Humano (Ato meramente 
lícito) 
 Atos Jurídicos em sentido restrito ((Stricto Sensu): ação humana 
prevista/determinada/definida EM LEI. Ex.: fixação de domicílio, confissão, 
reconhecimento espontâneo de paternidade. 
 Negócios Jurídicos (sinônimo de manifestação de VONTADE): ação humana 
cujos feitos são queridos/desejados/determinados PELAS PARTES. Ex.: contrato de 
aluguel, casamento, chegar no horário de trabalho. 
 Ato Ilícito (Jurídico): ação. 
 
Fatos humanos são atos jurídicos, são eventos emanados de uma vontade quer 
com intenção precípua (principal) de ocasionar efeitos jurídicos ou não. 
Atos humanos em sentido estrito representam a vontade, mas prevalece a função 
que o ordenamento estabelece para o próprio ato. 
 Negócio considera a finalidade e o interesse das partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
31 
 
FATO JURÍDICO 
AQUISIÇÃO 
DE DIREITO 
MODIFICAÇÃO 
DE DIREITO 
DEFESA 
DE DIREITO 
EXTINÇÃO 
DE DIREITO
1
 
Originário: 
independe da 
relação jurídica 
anterior. Ex.: 
aquisição originária 
de dinheiro, pesca. 
Objetiva: alteração 
do objeto com 
expressa anuência 
do credor. 
Pública: ação. Art. 
5, XXXV CF
4
. 
Objetiva: 
perecimento do 
objeto. 
Derivado: existe 
relação jurídica 
anterior. 
Subjetiva: Sub-
rogação legal
2
, 
cessão de crédito, 
de débito, novação 
subjetiva
3
. 
Subjetiva: 
falecimento do 
titular. 
Onerosa: prestação 
e contraprestação. 
Ex.: contrato de 
aluguel. 
Ligação ao vínculo 
jurídico: prescrição 
e decadência, 
extinção da 
pretensão). Gratuita: uma 
prestação. Ex.: 
doação 
1: O direito desaparece não podendo ser exercido pelo atual titular e nem por outro 
qualquer. Ex.: alienação, renúncia, abandono, falecimento do titular de direito 
personalíssimo, prescrição, decadência, confusão etc. 
2: Permite que o devedor, ao ser pressionado pelo credor, tem a dívida paga por outro 
sujeito, que passa a ser o credor. 
3: criar uma nova obrigação, substituindo e extinguindo a obrigação anterior e 
originária. 
4: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 
 
Extinção do direito 
Existem direitos que são garantias constitucionais e que, por lei, nunca serão extintos. 
Como o direito de ir e vir, amparado pelo "habeas corpus". 
Não existe extinção de direitos. No máximo, poderá ser violado de alguma maneira. 
Existe um princípio do direito adquirido. 
9.2.PERSONALIDADE JURÍDICA 
Para que uma pessoa tenha direitos e deveres é preciso ter Personalidade 
Jurídica. É uma atributo de ser racional, livre e autônomo; é essencial ao ser humano. 
Art. 1 Código Civil: Todo ser humano é capaz de Direito e Deveres na esfera civil. 
Inicia no nascimento. Assegura a expectativa de Direitos do nascituro. Há a proteção 
jurídica evitando que os futuros Direitos e Deveres venham a ser frustrados. 
Capacidade Jurídica 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
32 
 
O Direito necessita prever que nem todo indivíduo, em todas as circunstâncias, 
pode exercer direitos com plenitude ou responder pelos atos que pratica. Por segurança 
deve haver restrições na capacidade para o exercício dos direitos. Para isso existe a 
Capacidade Jurídica que é um atributo que pertence ao detentor da Personalidade 
Jurídica que permite exercer diretamente os seus Direitos e deveres. Não é todo ser 
humano que possui capacidade jurídica, isto é, nem todos tem igual possibilidade de 
exercer atos com responsabilidade. 
1.Absolutamente capazes 
Pessoas que podem exercer plenamente a sua personalidade jurídica, sem 
restrições, sem interpostas pessoas. 
 
2.Relativamente capazes 
Pessoas que possuem alguma limitação para plena compreensão dos atos da vida 
civil e, portanto, precisarão de interposta pessoa para lhe prestar assistência. Ao 
Assistente denomina-se TUTOR. Ex. Ébrio, drogado eventualmente. Ocorre 
Anulabilidade: Efeito Ex-NUNC. 
 
3.Absolutamente incapazes 
 Pessoas desprovidas de qualquer capacidade de discernimento e compreensão 
dos atos da vida civil e, portanto, precisarão de interposta pessoa para lhe prestar 
representação. Ao Representante denomina-se CURADOR. Ex.: menores de 16 anos, 
doença mental. Ocorre Nulidade: Efeito Ex-TUNC. 
Pessoa Física: indivíduo em que o estado assegura os direitos e deveres. É a pessoa 
natural. 
Pessoa Jurídica: ente reconhecido pelo Direito como detentor de Personalidade 
Jurídica que irá se vincular à finalidade coletiva a ela destinada. Exemplo: empresa – 
direito de participar de licitações; Sociedade: visa lucro; Associações: fins não 
lucrativos (desportivos, religiosos, culturais). Organizações Não Governamentais 
(ONG), Sindicato, Conselhos; Fundações: objetiva proteger patrimônio público. 
Classificação de Pessoa Jurídica: 
Pessoas Jurídicas de Direito Público: Estado, União, municípios, Distrito Federal. 
Pessoas Jurídicas de Direito Privado: sociedades civis, empresas, religiosas, científicas, 
associações, fundações. 
Sociedade de Economia Mista ≠ Empresas Públicas. Exemplo: Caixa Econômica 
Federal (CEF): 100% patrimônio público, mas não é Sociedade Empresarial. 
9.3.SUJEITO DE DIREITO 
DIREITO OBJETIVO 
O Direito Objetivo é a norma propriamente dita. Norma que visa satisfazer a 
uma pretensão do sujeito. Ex.: O Direito Civil busca a defesa das partes nas relações 
jurídicas interpessoais. 
 
DIREITO SUBJETIVO 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - Brígido 
33 
 
 O Direito Subjetivo é a possibilidade que a norma dá de um indivíduo exercer 
determinada conduta descrita na lei. É a lei, que aplicada ao caso concreto autoriza a 
conduta de uma parte.

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