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23/02/2017 1 1 A Estrutura dos Sólidos Cristalinos (2) Profa. Dra. Juliana Fonseca Callister – Cap. 03 2 Polimorfismo e Alotropia Alguns elementos podem ter mais do que uma estrutura cristalina – Polimorfismo. Quando encontrada em sólidos elementares – Alotropia. Ex.: carbono grafite e diamante. Ex.: ferro cfc e ccc. 2 23/02/2017 2 3 Polimorfismo e Alotropia Carbono Na natureza, o elemento químico carbono (C) forma quatro variedades alotrópicas: diamante, grafita, fulerenos e nanotubos. Essas quatro substâncias simples diferem entre si no arranjo dos átomos que formam o retículo cristalino, isto é, a sua estrutura. Nanotubo 4 Polimorfismo e Alotropia Nanotubos de Carbono 23/02/2017 3 5 Polimorfismo e Alotropia Para que servem os nanotubos de carbono? Para quase tudo, dependendo da maneira com que são produzidos, eles apresentam características físicas e químicas diferentes. São bastante resistentes à ruptura sob tração, sendo 100 vezes mais resistentes que o aço e possuindo apenas 1/6 de sua densidade. Um NC condutor é até 1000 vezes mais eficiente na transmissão de eletricidade do que os fios de cobre utilizados atualmente. Um NC semicondutor, por suas dimensões reduzidas, pode ser utilizado para incluir circuitos eletrônicos refinados. IBM constrói primeiro chip de NC em 2012 http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=ibm-primeiro- chip-nanotubos-carbono&id=010110121030#.WK8yalUrLIU 6 Polimorfismo e Alotropia 2013 - Construído primeiro computador de nanotubos de carbono Uma equipe de engenheiros da Universidade de Stanford criou um computador elementar usando unicamente transistores feitos de nanotubos de carbono. http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=pri meiro-computador-nanotubos-carbono#.WK8yeVUrLIU 23/02/2017 4 7 Polimorfismo e Alotropia Ferro • Na temperatura ambiente, o Ferro tem estrutura CCC, número de coordenação 8, FEA de 0,68 e raio atômico de 0,1241 nm. • A 910 °C, o Ferro passa para estrutura CFC, número de coordenação 12, FEA de 0,74 e um raio atômico de 0,1292 nm. • A 1394 °C, o Ferro passa novamente para CCC. 8 Coordenadas de Pontos Ao se tratar com materiais cristalinos, com frequência se torna necessário especificar algum plano cristalográfico de átomos específico ou uma direção cristalográfica. Foram estabelecidas convenções de identificação onde 3 números inteiros (índices) são utilizados para designar as direções e os planos. 8 23/02/2017 5 9 Coordenadas de Pontos Para poder descrever a estrutura cristalina é necessário escolher uma notação para posições, direções e planos. Posições: São definidas dentro de um cubo com lado unitário. 10 Direções Cristalográficas Direção cristalográfica: linha entre dois pontos, ou um vetor. As seguintes etapas são utilizadas na determinação dos 3 índices direcionais: 1. Um vetor com o comprimento conveniente é posicionado de modo que ele passa através da origem do sistema de coordenadas. Qualquer vetor pode ser movido através do retículo cristalino sem sofrer alterações, desde que seu paralelismo seja mantido. 2. O comprimento da projeção do vetor sobre cada um dos 3 eixos é determinado; estes são medidos em termos das dimensões da célula unitária, a, b e c. 23/02/2017 6 11 Direções Cristalográficas 3. Estes 3 números são multiplicados ou divididos por um fator comum, a fim de reduzi-los aos menores valores inteiros. 4. Os 3 índices são colocados entre colchetes [uvw] Os inteiros u, v e w correspondem às projeções reduzidas ao longo dos eixos x, y e z, respectivamente. 5. Para cada um dos 3 eixos irão existir coordenadas positivas e/ou negativas. 6. Também são possíveis índices negativos, representados mediante a colocação de uma barra sobre o índice apropriado. 12 Direções Cristalográficas Índices de uma direção [120] x y z Projeções a/2 b 0c Projeções 1/2 1 0 Reduções 1 2 0 ? 23/02/2017 7 13 5. Direções Cristalográficas [0 1 1/2]=[0 2 1] As direções são definidas a partir da origem. Suas coordenadas são dadas pelos pontos que cruzam o cubo unitário. Se estes pontos forem fracionais, multiplica-se para obter números inteiros. [1 0 0] [0 1 0] [0 0 1] [1 1 0] [1 1 1] [1 -1 1] 11 1 [1/2 1 0]=[1 2 0] 14 Direções Cristalográficas Exercício: Quais os pontos da rede se encontram na direção [110] nas células unitárias cfc? 23/02/2017 8 15 5. Direções Cristalográficas Ângulo entre direções no sistema cúbico Dado pelo produto escalar entre as direções, tratadas como vetores. Ex: [100] e [010] cos= 1.0 + 0.1 + 0.0 = 0 1 = 90° Ex: [111] e [210] cos= 1.2 + 1.1 + 1.0 = 3 3.5 5 = 39,2° 15 𝐷 ∙ 𝐷′ = 𝐷 𝐷′ cos 𝛿 𝐷 = 𝑢𝑎 + 𝑣𝑏 + 𝑤𝑐 𝐷′ = 𝑢′𝑎 + 𝑣′𝑏 + 𝑤′𝑐 𝐷.𝐷′ 𝐷 𝐷′ = 𝑢𝑢′ + 𝑣𝑣′ + 𝑤𝑤′ 𝑢2 + 𝑣2 + 𝑤2 × (𝑢′)2 + (𝑣′)2 + (𝑤′)2 16 5. Direções Cristalográficas Famílias de Direções Família <100> 16 23/02/2017 9 17 5. Direções Cristalográficas As duas direções pertencem à mesma família? [101] 17 18 5. Direções Cristalográficas DIREÇÕES PARA O SISTEMA CÚBICO A simetria desta estrutura permite que as direções equivalentes sejam agrupadas para formar uma família de direções: • <100> para as faces • <110> para as diagonais das faces • <111> para a diagonal do cubo <110> <111> <100> 18 23/02/2017 10 19 Direções Cristalográficas DIREÇÕES PARA O SISTEMA CCC • No sistema ccc os átomos se tocam ao longo da diagonal do cubo, que corresponde a família de direções <111>. • A direção <111> é a de maior empacotamento atômico para o sistema ccc. 19 20 6. Direções Cristalográficas DIREÇÕES PARA O SISTEMA CFC No sistema cfc, os átomos se tocam ao longo da diagonal da face, que corresponde à família de direções <110>. A direção <110> é a de maior empacotamento atômico para o sistema cfc. 20 23/02/2017 11 21 7. Planos Cristalinos Planos cristalinos z y x 21 22 7. Planos Cristalinos A notação para os planos utiliza os índices de Miller, que são obtidos da seguinte maneira: Obtém-se as interseções do plano com os eixos. Obtém-se o inverso das interseções. Multiplica-se para obter os menores números inteiros. Interseções: 1/2, 1 Inversos: 2, 0 ,1 Índices de Miller: (201) 1/2 1 22 23/02/2017 12 23 7. Planos Cristalinos • 11, • 1, 1, 0 • (110) • 1/2, • 0, 2, 0 • (020) • 1, -1, 1 • 1, -1, 1 • (1 1 1) • 11, 1 • 1, 1, 1 • (111) • 1, -1, • 1, -1, 0 • (1 1 0) Quando as interseções com os eixos não são óbvias, deve-se deslocar o plano ou a origem até obter as interseções corretas. • 1, • 0, 1, 0 • (010) 23 24 7. Planos Cristalinos Planos da Rede Hexagonal a1 a2 a3 c 1 -1 • , 1, -1, • 0, 1, -1, 0 • (0 1 1 0) Índices de Miller-Bravais • 4 coordenadas Os 3 eixos, a1, a2 e a3 estão contidos dentro da base planar O ângulo entre eles é de 120o O eixo Z é perpendicular à base planar. ][]'''[ hkillkh )( khi 24 23/02/2017 13 25 Resumindo... • Direções [uvw] • Famílias de direções <uvw> • Planos (hkl) (índices de Miller) Na hexagonal (hkil) (índices de Miller-Bravais) i = - (h + k) • Famílias de planos {hkl} 25 26 8. Densidade Atômica Planar PLANOS DE MAIOR DENSIDADE ATÔMICA NO SISTEMA CCC • A família de planos {110} no sistema ccc éo de maior densidade atômica. 26 23/02/2017 14 27 8. Densidade Atômica Planar PLANOS DE MAIOR DENSIDADE ATÔMICA NO SISTEMA CFC • A família de planos {111} no sistema cfc é o de maior densidade atômica. 27 28 8. Densidade Atômica Planar • Análogo ao fator de empacotamento atômico, que corresponde à densidade volumétrica de átomos, podemos definir a Densidade Atômica Planar DAP = Área Total de Átomos/Área do Plano • Exemplo Calcule a DAP dos planos {100} na rede CFC 1/4 de átomo 1 átomo Número total de átomos = 1 + 4*1/4 = 2 Área total de átomo = 2 x Área de 1 átomo = 2pR2 Área do Plano = a2 e 4R = a2 => a = 2R2 DAP = 2pR2/a2 = 2pR2/8R2 = p/40785 28 23/02/2017 15 29 9. Densidade Atômica Linear • Análogo à DAP podemos definir a Densidade Atômica Linear DAL = Comprimento Total de Átomos/Comprimento de uma direção (igual ao fator de empacotamento em uma dimensão) Fração de átomos interceptados por uma linha • Exemplo Calcule a DAL das direções <100> na rede CFC 1/2 átomo Número total de átomos = 1 + 1 = 2 Comprimento total de átomo = 2 x Raio de 1 átomo = 2R Comprimento da Direção = a e 4R = a2 => a = 2R2 DAL = 2R/a = 2R/ 2R2 = 1/2 0707 29 30 Observações… As direções compactas estão contidas em planos compactos. Estes planos e direções serão fundamentais na deformação mecânica de materiais. A deformação mecânica normalmente ocorre pelo deslizamento de planos. Em geral, o deslizamento ocorrerá paralelo a planos compactos, que preservam sua integridade. 30 23/02/2017 16 31 10. Sistemas de Deslizamento Deslizamento de um plano compacto Pequeno deslizamento Pequena energia Mais provável Deslizamento de um plano não compacto Grande deslizamento Grande energia Menos provável 31 32 11. Aplicações Exemplo: Curva de B em função de H para monocristais de níquel (CFC) e de ferro (CCC), na qual o campo de magnetização é aplicado nas direções cristalográficas [100], [110] e [111]. 32 23/02/2017 17 33 11. Aplicações Cobalto (HC) – direções [0001], 10 10 e 11 20 33 34 12. Difração de Raios X Como se pode determinar experimentalmente a estrutura cristalina de um material ? - Estudando os efeitos causados pelo material sobre um feixe de radiação. Qual radiação seria mais sensível à estrutura ? - Radiação cujo comprimento de onda seja semelhante ao espaçamento interplanar (da ordem de 0,1 nm) Difração de raios X 34 34 23/02/2017 18 35 12. Difração de Raios X O espectro eletromagnético raios gama raios-x luz visível microondas ondas de rádioUV infravermelho Comprimento de onda (nm) Como os raios X têm comprimento de onda da ordem da distância entre os planos atômicos, eles sofrem difração quando são transmitidos ou refletidos por um cristal. 35 36 12. Difração de Raios X O FENÔMENO DA DIFRAÇÃO: Quando um feixe de raios X é dirigido à um material cristalino, esses raios são difratados pelos planos dos átomos ou íons dentro do cristal. Raios X Feixe difratado Feixe atravessa o cristal 36 23/02/2017 19 37 12. Difração de Raios X - A Lei de Bragg Raios X incidentes Raios X difratados A C B d = distância interplanar Planos atômicos dhkl= a (h2+k2+l2)1/2 Válido para sistema cúbico 37 38 12. Difração de Raios X Difratômetro (ou método do pó) Uma amostra policristalina é exposta a raios X monocromático. O ângulo de incidência varia continuamente. Para certos ângulos, a Lei de Bragg é satisfeita para algum plano de algum dos monocristais, em orientação aleatória. Amostra policristalina (pó) Fonte de Raios X monocromático Colimador Colimador Detetor 38 23/02/2017 20 39 12. Difração de Raios X Espectro de difração para Al (Difratograma) Uma amostra desconhecida é analisada e seus picos comparados com os de materiais conhecidos e tabelados, permitindo assim a identificação do material. = 0,1542 nm (CuK) Ângulo (2) 39 40 12. Difração de Raios X A lei de Bragg relaciona 4 variáveis: 2d sen = n - o comprimento de onda dos raios X pode assumir apenas um valor (monocromático) pode assumir muitos valores - raios-X “brancos” (policromáticos) d - o espaçamento entre os planos pode variar aleatoriamente em função da posição relativa dos diversos monocristais que formam uma amostra policristalina - o ângulo de incidência dos raios X pode variar continuamente dentro de uma faixa pode assumir diferentes valores, em função do conjunto de planos que difrata o feixe de raios X n - a ordem da difração
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