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IMPOSTOS EM ESPÉCIE

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1ª. Etapa do Exame de Ordem 
Direito Tributário 
ABR/2013 
Prof. Dalmiro Camanducaia 
 
 
 
 
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IMPOSTOS EM ESPÉCIE 
 
1ª. Etapa do Exame de Ordem 
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Sumário 
IMPOSTOS EM ESPÉCIE ................................................................... 5 
1 - IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO. ...................................... 5 
1.1 - IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO ......................................... 5 
1.1.1 - FATO GERADOR .................................................................... 6 
1.1.2 - BASE DE CÁLCULO ................................................................ 9 
1.1.3 - OUTROS IMPOSTOS ............................................................. 10 
1.1.4 - ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTAS .................................................. 11 
1.1.5 - CONTRIBUINTE ................................................................... 12 
1.2 - IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO. ............................................ 16 
1.2.1 – FATO GERADOR .................................................................. 17 
1.2.2 - BASE DE CÁLCULO ............................................................... 18 
1.2.3 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 18 
1.2.4 – CONTRIBUINTE ................................................................... 19 
1.2.5 – JURISPRUDÊNCIA ................................................................ 19 
1.3 - IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER 
NATUREZA. ................................................................................... 20 
1.3.1 – FATO GERADOR .................................................................. 21 
1.3.2 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 27 
1.3.3 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 31 
1.4 - IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ..................... 33 
1.4.1 - SELETIVIDADE .................................................................... 33 
1.4.2 - ENTRADAS ONERADAS E SAÍDAS NÃO ONERADAS .................. 34 
1.4.3 - ENTRADAS NÃO ONERADAS E SAÍDAS ONERADAS .................. 36 
1.4.4 – BENS DE CAPITAL ............................................................... 37 
1.4.5 – FATO GERADOR .................................................................. 38 
1.4.6 – CONTRIBUINTES ................................................................. 39 
1.4.7 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 39 
1.4.8 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 40 
1.5 - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS. ............................ 40 
1.5.1 – FATO GERADOR .................................................................. 41 
1.5.2 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 42 
1.5.4 – SÚMULAS ........................................................................... 42 
1.6 - IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ............. 43 
1.6.1 – FATO GERADOR .................................................................. 44 
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1.6.2 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 45 
1.6.3 – CONTRIBUINTES ................................................................. 45 
1.6.4 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 46 
1.7 – IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS .................................... 47 
2 - IMPOSTOS ESTADUAIS .............................................................. 47 
2.1 – IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES ..... 47 
2.1.1 – FATO GERADOR .................................................................. 47 
2.1.2 – COMPETÊNCIA .................................................................... 48 
2.1.3 - ALÍQUOTAS ........................................................................ 48 
2.1.4 – CONTRIBUINTES ................................................................. 49 
2.1.5 – SÚMULAS ........................................................................... 49 
2.2– IMPOSTO A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS ........... 50 
2.2.1– FONTES .............................................................................. 50 
2.2.3 LANÇAMENTO ........................................................................ 54 
2.2.4 CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS .......................................... 54 
2.2.5 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 55 
2.2.6 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS .................................................... 58 
2.2.6 – IMUNIDADES ...................................................................... 64 
2.2.8 – NÃO CUMULATIVIDADE ........................................................ 67 
2.2.9 – BENEFÍCIOS FISCAIS RELATIVOS AO ICMS ............................ 70 
2.2.10 – ICMS NA IMPORTAÇÃO ...................................................... 70 
2.3 – IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES 71 
2.3.1– FONTES .............................................................................. 71 
2.3.2 – FATO GERADOR .................................................................. 71 
2.3.3 LANÇAMENTO ........................................................................ 72 
2.3.4 CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS .......................................... 72 
2.3.5 – DA BASE DE CÁLCULO ......................................................... 72 
2.3.6 – DAS ALÍQUOTAS ................................................................. 72 
3 - IMPOSTOS MUNICIPAIS ............................................................. 72 
3.1 - IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS POR ATO 
ONEROSO INTER VIVOS .................................................................. 73 
3.1.1 – FONTES ............................................................................. 73 
3.1.2 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS ................................................ 75 
3.1.3 – LANÇAMENTO ..................................................................... 75 
3.1.4 – FATO GERADOR .................................................................. 76 
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3.1.5 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS .................................................... 77 
3.1.6 – IMUNIDADE ........................................................................ 78 
3.1.7 – SUJEITOS........................................................................... 79 
3.1.8 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 79 
3.1.9 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 79 
3.1.10 – SÚMULAS ......................................................................... 79 
3.2 - IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO – IPTU ................... 80 
3.2.1 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS ................................................ 81 
3.2.2 – LANÇAMENTO ..................................................................... 82 
3.2.3 – FATO GERADOR .................................................................. 83 
3.2.4 – SUJEITOS........................................................................... 84 
3.2.5 – BASE DE CÁLCULO ..............................................................86 
3.2.6 – PROGRESSIVIDADE EXTRAFISCAL ......................................... 87 
3.2.7– SÚMULAS ............................................................................ 87 
3.3 - IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS .................................................... 88 
3.3.1– FONTES .............................................................................. 88 
3.3.2 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS ................................................ 89 
3.3.3 – LANÇAMENTO ..................................................................... 91 
3.3.4 – FATO GERADOR .................................................................. 91 
3.3.5 – OPERAÇÕES MISTAS ........................................................... 93 
3.3.6 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS .................................................... 94 
3.3.7 – SUJEITOS........................................................................... 98 
3.3.8 – BASE DE CÁLCULO ............................................................ 101 
3.3.9 – SÚMULAS ......................................................................... 102 
 
 
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IMPOSTOS EM ESPÉCIE 
 
Antes de iniciar o estudo dos impostos em espécie é necessário saber que a 
definição dos elementos essenciais dos impostos constitui reserva de lei 
complementar. 
 
Art. 146. Cabe à lei complementar:... 
III - estabelecer normas gerais em matéria de 
legislação tributária, especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, 
em relação aos impostos discriminados nesta 
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, 
bases de cálculo e contribuintes; 
 
 
1 - IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO. 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a 
títulos ou valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
 
 
1.1 - IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO 
 
Fundamento: CF, 153, I 
Norma Geral: CTN, 19 a 22 
Norma Específica: DL 37/66 (recepcionada com status de lei ordinária) 
 
A competência tributária relativa ao Imposto de Importação foi outorgada à 
União nos termos art. 153, I da CF, cabendo relembrar que constitui 
exceção aos princípios da anterioridade (CF, 150, III, b e c) e da legalidade 
(CF, 150, I). 
 
Suas normas gerais encontram-se nos artigos 19 a 22 do CTN. O imposto 
foi instituído pelo DL 37/66 (ainda em vigor) e o Regulamento Aduaneiro 
está veiculado pelo Decreto 4.543/02. 
 
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1.1.1 - FATO GERADOR 
 
Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a 
importação de produtos estrangeiros tem como fato 
gerador a entrada destes no território nacional. 
 
Seu fato gerador é a entrada de produto produzido fora do território 
nacional, entendendo-se por produto qualquer bem independentemente de 
sua destinação (matéria prima, mercadoria ou destinada ao consumo). O DL 
37/66 usa o termo “mercadoria” que deve ser entendido como “produto” 
para se ajustar ao texto constitucional. 
 
Cabe dizer que essa entrada deve ter por objetivo a agregação do 
produto à economia nacional, o que afasta dessa tributação as 
mercadorias em trânsito1. 
 
O Regulamento Aduaneiro deixa claro que a entrada em território nacional 
de que trata o art. 19 do CTN é o território aduaneiro: 
 
Art. 72. O fato gerador do imposto de importação é a 
entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro. 
 
“...o Regulamento Aduaneiro adota um conceito administrativo 
considerando território aduaneiro aquele sobre o qual a Aduana tem 
jurisdição. Esse conceito abrange apenas o território geográfico, excluído o 
que, por extraterritorialidade, é considerado território pátrio.”2 
 
Hugo de Brito Machado3 adverte que não se deve confundir a ocorrência 
do fato gerador com sua formalização (documentação). 
 
Por uma questão de praticabilidade, em decorrência de uma ficção, para 
fins de fixação da legislação aplicável, o momento de ocorrência do fato 
restou definido pela lei. 
 
II
FG
FG ocorrência
entrada
registro da DI
II
 
 
Considera-se ocorrido fato gerador na data do registro da declaração de 
importação para fins de despacho aduaneiro junto à autoridade 
alfandegária, nos termos do Decreto-Lei 37/66, verbis: 
 
 
1Exemplos: entrada de carros de turista, de obras de arte para exposição temporária. 
2 (Souza, 1998) 
3 (Machado, 1997) 
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Art. 23. Quando se tratar de mercadoria despachada para 
consumo, considera-se ocorrido o fato gerador na data do 
registro, na repartição aduaneira, da declaração a que se 
refere o art. 44. 
(...) 
Art. 44. Toda mercadoria procedente do exterior por 
qualquer via, destinada a consumo ou a outro regime, 
sujeita ou não ao pagamento do imposto, deverá ser 
submetida a despacho aduaneiro, que será processado 
com base em declaração apresentada à repartição aduaneira 
no prazo e na forma prescritos em regulamento. 
 
“O despacho aduaneiro tem por finalidade verificar a exatidão dos dados 
declarados pelo exportador ou importador em relação à mercadoria 
exportada ou importada, aos documentos apresentados e à legislação 
vigente, com vistas ao desembaraço. Em virtude do desembaraço é 
autorizada a saída da mercadoria para o exterior, no caso de exportação, ou 
a entrega da mercadoria ao importador, no caso de importação. 
 
O despacho aduaneiro é processado com base em declaração formulada 
pelo exportador ou importador. Com base nas informações prestadas, são 
calculados os tributos porventura devidos e efetuados os controles 
administrativos e o controle cambial das operações de comércio exterior.”4 
 
Para fins tributários, a operação de importação começa com o registro da 
declaração de importação (DI) no SISCOMEX (Sistema Integrado de 
Comércio Exterior). 
 
Com base nessas informações, três órgãos analisam, em tempo real, as 
informações relativas à operação. São eles: 
 
Importação
Secretaria de Comércio Exterior
Secretaria da Receita Federal
Banco Central
documentação
tributos
moedas
Importação
 
 
É também na data de registro da declaração que o Imposto de Importação 
deve ser pago por meio eletrônico (débito em conta), valendo, para fins de 
apuração do valor devido, a legislação vigente nessa data. 
 
 
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Despacho
comumespecial
comércio
indústria
consumo
produtos em trânsito
admissão temporária
drawback
Zona Franca
Duty Free
Despacho
 
 
Nas hipóteses de admissão temporária os produtos entram no território 
nacional não para ser integrados à economia interna. Ocorre a suspensão 
dos tributos incidentes até que ocorra a volta à origem. Ex: carros e 
equipamentos da Fórmula 1. 
 
Drawback é uma forma de incentivar as exportações. Os insumos a serem 
aplicados em produto destinado à exportação são importados com 
suspensão dos tributos. Ex: placa-mãe de computador nacional destinado à 
exportação.As indústrias localizadas em Zona Franca podem importar insumos com 
isenção de Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos 
industrializados. 
 
As chamadas lojas Duty Free tem por objetivo manter a moeda estrangeira 
no território nacional (gasta-se aqui ao invés de gastar fora do país) e para 
tanto comercializa produtos importados sem qualquer tributação. 
 
Para fins de caracterização do fato gerador, o DL 37/66 em seu art. 1º. 
dispõe que: 
 
§ 1º - Para fins de incidência do imposto, considerar-se-á 
também estrangeira a mercadoria nacional ou 
nacionalizada exportada, que retornar ao País, salvo se: 
a) enviada em consignação e não vendida no prazo 
autorizado; 
b) devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou 
substituição; 
c) por motivo de modificações na sistemática de importação 
por parte do país importador; 
d) por motivo de guerra ou calamidade pública; 
e) por outros fatores alheios à vontade do exportador. 
§ 2º - Para efeito de ocorrência do fato gerador, considerar-
se-á entrada no Território Nacional a mercadoria que constar 
como tendo sido importada e cuja falta venha a ser apurada 
pela autoridade aduaneira. 
§ 3º - Para fins de aplicação do disposto no § 2º deste 
artigo, o regulamento poderá estabelecer percentuais de 
tolerância para a falta apurada na importação de granéis 
que, por sua natureza ou condições de manuseio na 
descarga, estejam sujeitos à quebra ou 
decréscimo de quantidade ou peso. 
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§ 4o O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira: 
I - I – destruída sob controle aduaneiro, sem ônus para a 
Fazenda Nacional, antes de desembaraçada; 
II - em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente 
destruída; ou 
III - que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto 
na hipótese em que não seja localizada, tenha sido 
consumida ou revendida. 
 
Em regra, a mercadoria nacional já exportada que retorne ao país é 
considerada estrangeira para fins de incidência do imposto de importação, 
observadas as exceções trazidas no DL 37/66. 
 
O § 2º faz presunção da importação de mercadoria que conste como 
importada e cuja falta seja apurada. 
 
Se assim não fosse, precário seria o controle aduaneiro. Imagine que 
tenham saído de determinado país com destino ao Brasil, 1000 placas de 
computador. Quando da realização do despacho aduaneiro, a autoridade 
constatasse a existência de apenas 500. Não é muito difícil imaginar que as 
500 placas faltantes tentam sido desembarcadas por caminhos transversos. 
Por outro lado, em se tratando de mercadoria a granel (milho, soja, minério 
e outros) é natural a existência de diferença entre a quantidade tida como 
importada e a mercadoria efetivamente descarregada; é a chamada 
“quebra”. Essa diferença pode resultar, em outros fatores, do próprio 
processo de descarga (certa quantidade ficou no porão da embarcação, por 
exemplo). 
 
Como já visto, é considerada importada a mercadoria que entre no país com 
objetivo de integrada à economia nacional. No entanto, pode acontecer de a 
mercadoria estrangeira estar de passagem pelo país, sem a ele se destinar. 
 
Imagine, como exemplo, que o produto, produzido no Paraguai, venha a ser 
exportado através do porto de Santos. Nessa hipótese, o produto ingressará 
no país mas não com objetivo de aqui permanecer, está realmente de 
passagem , ou seja, em trânsito. Essa passagem ocorrerá sob o controle da 
autoridade aduaneira e recebe o nome de “trânsito aduaneiro”. 
 
Art.73 - O regime de trânsito é o que permite o transporte 
de mercadoria sob controle aduaneiro, de um ponto a outro 
do território aduaneiro, com suspensão de tributos. 
Parágrafo único. Aplica-se, igualmente, o regime de trânsito 
ao transporte de mercadoria destinada ao exterior. 
 
1.1.2 - BASE DE CÁLCULO 
 
Art. 20. A base de cálculo do imposto é: 
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I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida 
adotada pela lei tributária; 
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o 
produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, 
em uma venda em condições de livre concorrência, para 
entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; 
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, 
levado a leilão, o preço da arrematação. 
 
A alíquota do Imposto de Importação pode ter natureza ad valorem ou 
específica. A alíquota ad valorem incide sobre o valor da importação. Nessa 
hipótese, a base de cálculo é o valor aduaneiro, não importando o valor 
atribuído ao negócio jurídico realizado. 
 
“O valor aduaneiro das mercadorias importadas significa o valor das 
mercadorias para fins de incidência de direitos aduaneiros ad valorem sobre 
mercadorias importadas. Na maioria das vezes, o valor aduaneiro da 
mercadoria é encontrado a partir do seu valor FOB (Free on Board), 
acrescido dos valores do frete e seguro internacionais, convertendo-
se esses valores para Reais, por meio da taxa de câmbio do dia do registro 
da importação. O Imposto de Importação é calculado pela aplicação das 
alíquotas fixadas na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) sobre o valor 
aduaneiro.”5 
 
Tratando-se de aplicação de alíquota específica, a lei fixa um valor por 
determinada unidade considerada (Ex: R$ 0,20/maço de 20 cigarros). 
Nessa hipótese, a base de cálculo a considerar será a quantidade importada 
sem importar o valor do produto tributado. 
 
Sendo a base de cálculo expressa em moeda estrangeira, a conversão em 
moeda nacional se dá pela cotação do câmbio vigente na data da ocorrência 
do fato gerador, ou seja, data do registro da guia de importação, em 
virtude da observância do art. 143 do CTN. 
 
1.1.3 - OUTROS IMPOSTOS 
 
Como forma de proteger a indústria nacional, as operações de importação 
são oneradas com a imposição de impostos internos tais como o IPI e o 
ICMS. 
 
Na importação, a base de cálculo do IPI equivale à soma do valor aduaneiro 
e do valor do imposto de importação. 
 
Valor da Mercadoria 100,00 
Frete 5,00 
Seguro 2,00 
 
5 http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/glossario.html 
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Valor Aduaneiro 107,00 
II 10,70 
Base de Cálculo do 
IPI 
117,70 
 
Para o ICMS, a base de cálculo é determinada pelo disposto na LC 87/96: 
 
Art. 13. A base de cálculo do imposto é: ... 
a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos 
de importação, observado o disposto no art. 14; 
b) imposto de importação; 
c) imposto sobre produtos industrializados; 
d) imposto sobre operações de câmbio; 
e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e 
despesas aduaneiras; 
 
Valor da Mercadoria 100,00 
Frete 5,00 
Seguro 2,00 
Valor Aduaneiro 107,00 
II 10,70 
Base de Cálculo do IPI 117,70 
IPI 11,77 
Taxas Siscomex 0,53 
Contribuições 5,00 
Base de Cálculo 
ICMS 
135,00 
 
 
 
1.1.4 - ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTAS 
 
Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos 
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases 
de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da 
política cambial e do comércio exterior. 
 
O art. 21 do CTN traz condições para o Imposto de Importação cumpra sua 
função extrafiscal, servindo de elemento que visa à consecução dos 
objetivos traçados na política cambial e fazer face às necessidades 
decorrentes daregulação econômica. 
 
Verifica-se que o art. 21 do CTN autoriza que o Executivo altere, não só as 
alíquotas como também as bases de cálculo desse imposto. 
 
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A Constituição, no § 1º. do art. 153, somente faculta ao Executivo a 
alteração de alíquotas do Imposto de Importação, sendo silente quanto à 
alteração de base de cálculo. 
 
À míngua de suporte constitucional é de se concluir que a autorização 
contida no art. 21 do CTN para que o Executivo venha a alterar bases de 
cálculo do Imposto de Importação não foi recepcionada pela 
Constituição de 88. 
 
Note que a Constituição facultou ao Poder Executivo alterar as alíquotas do 
II e essa faculdade, normalmente, é exercida por meio de decretos. No 
entanto, o STF6 reconheceu a possibilidade de Resolução da CAMEX – 
Câmara de Comércio Exterior alterar tais alíquotas. 
 
1.1.5 - CONTRIBUINTE 
 
Art. 22. Contribuinte do imposto é: 
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; 
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados 
 
São equiparados a contribuinte do Imposto sobre Importação (DL 37/66): 
 
Art. 31. É contribuinte do imposto: 
I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que 
promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território 
Nacional; 
II - o destinatário de remessa postal internacional indicado 
pelo respectivo remetente; 
III - o adquirente de mercadoria entrepostada. 
 
São responsáveis (DL 37/66): 
 
Art. 32. É responsável pelo imposto: 
I - o transportador, quando transportar mercadoria 
procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive 
em percurso interno; 
II - o depositário, assim considerada qualquer pessoa 
incumbida da custódia de mercadoria sob controle 
aduaneiro. 
Parágrafo único. É responsável solidário: 
I - o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada 
com isenção ou redução do imposto; 
II - o representante, no País, do transportador estrangeiro; 
III - o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, 
no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por 
intermédio de pessoa jurídica importadora. 
 
6 RE 570.680 
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O lançamento ocorre, em regra, por homologação. 
 
1.1.6 – JURISPRUDÊNCIA 
 
 Erro de fato e retificação de lançamento 
 
Determinada indústria farmacêutica importou substância X que 
regularmente despachada, foi tributada pelo Imposto de Importação à 
alíquota hipotética de 10%, sendo certo que os tributos incidentes foram 
regularmente recolhidos. Passados mais de dois anos, a Receita Federal, em 
virtude de nova classificação tarifária, notificou o importador do lançamento 
complementar baseado na alegação de que houve erro de classificação 
quando despacho aduaneiro. Na verdade a alíquota incidente do II era de 
20% motivo pelo qual se fez novo lançamento. 
 
O importador resistiu alegando a impossibilidade de alteração de critério 
jurídico nos termos do art. 146 do CTN: 
Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em 
consequência de decisão administrativa ou judicial, nos 
critérios jurídicos adotados pela autoridade 
administrativa no exercício do lançamento somente pode 
ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, 
quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua 
introdução. 
Aqui, a Receita Federal alterou critério jurídico adotado, ou seja, 
inicialmente classificou o produto importado de uma forma e, depois, 
alterou essa classificação com consequente majoração do tributo. 
Do voto do Min. Luiz Fux temos a explicação do ocorrido: 
“Com efeito, consoante se observa houve erro quanto à classificação 
tarifária da mercadoria desembaraçada cujas características constavam da 
Declaração de Importação. A mercadoria restou conferida pelo Agente 
Fiscal, com suas características específicas, que a identificava para fins da 
classificação tarifária, e aquela autoridade, ratificou a identificação física 
contida na Declaração de Importação. Concluída, a conferência aduaneira, 
sem impugnação de qualquer espécie, foi o produto desembaraçado e 
entregue a importador, após pagos os tributos correspondentes. 
Consequentemente, deve se presumir que a classificação tarifária indicada 
na Declaração de Importação estava consoante o enquadramento 
damercadoria na tarifa legal.” 
O STJ entendeu que essa é uma hipótese de erro de direito, ou seja, erro 
na aplicação do direito e essa hipótese não autoriza a revisão do 
lançamento, a teor do disposto do art. 146 do CTN. 
1ª. Etapa do Exame de Ordem 
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 14 
 
 
Para a jurisprudência, a alteração de lançamento por erro na aplicação do 
direito equivale a estabelecer novos critérios jurídicos e sua aplicação 
retroativa encontra impedimento no art. 146 do CTN. 
No voto, faz-se ainda alusão à aplicação da Súmula 227 do TFR: 
O Acórdão ficou assim ementado: 
“Ementa - TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. 
MANDADO DE SEGURANÇA. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. 
CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. AUTUAÇÃO POSTERIOR. 
REVISÃO DE LANÇAMENTO. ERRO DE DIREITO. SÚMULA 
227/TRF. PRECEDENTES. 1. "A mudança de critério jurídico 
adotado pelo fisco não autoriza a revisão do lançamento" 
(Súmula 227 do TFR). 2. A revisão de lançamento do 
imposto, diante de erro de classificação operada pelo Fisco 
aceitando as declarações do importador, quando do 
desembaraço aduaneiro, constitui-se em mudança de critério 
jurídico, vedada pelo CTN. 3. O lançamento suplementar 
resta, portanto, incabível quando motivado por erro de 
direito. ...”7 
 
 Arrematação de mercadoria entrepostada 
ENTREPOSTO ADUANEIRO é o regime especial que permite, nas operações 
de importação e exportação, o depósito de mercadorias, em local 
determinado, com suspensão do pagamento de tributos e sob o controle 
fiscal. 
Na importação, a mercadoria admitida no regime poderá ser nacionalizada 
pelo importador, consignatário ou adquirente e, em seu nome, despachada 
para consumo ou exportada. 
Imagine que você seja importador tratores agrícolas. Para aproveitar uma 
promoção especial que reduz em muito preço, você deve importar, de uma 
única vez, 100 tratores. No entanto, você não tem mercado interno 
imediato para vender esses 100 tratores. Assim, você importa em regime 
de ENTREPOSTO ADUANEIRO, ou seja, os tratores são remetidos para o 
Brasil e ficam estocados sob rigoroso controle fiscal. À medida da 
necessidade, você nacionaliza (efetua o despacho aduaneiro) dos trataores, 
recolhendo os tributos devidos e tendo a mercadoria liberada. 
Enquanto entrepostada a mercadoria ainda não está nacionalizada. 
 
7 REsp 1.112.702 
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 15 
 
 
IMPORTAÇÃO
ENTREPOSTO 
ADUANEIRO
DESPACHO 
ADUANEIRO
LIBERAÇÃO DO 
PRODUTO
VENDA NO 
MERCADO 
INTERNO
 
Pois bem! Determinada pessoa adquiriu em leilão judicial, cerca de 90.000 
sacas de arroz importadas sob o regime de entreposto aduaneiro, pelo valor 
de R$ 750.000,00. 
Ao recolher o imposto de importação devido, o fez tendo por base o valor 
da arrematação, tendo por arrimo o art. 20, III do CTN: 
Art. 20. A base de cálculo do imposto é:... 
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, 
levado a leilão, o preço da arrematação. 
 
No entanto, a União exigiu que o imposto fosse pagotendo por base o valor 
aduaneiro, ou seja, cerca de R$ 1.700.000,00. 
 
Note que a aplicação do inciso III ocorre em relação a “...apreendido ou 
abandonado.”. 
 
Do relatório desse recurso temos que: 
 
“A situação apresentada pela recorrente em nada se assemelha, para fins 
de analogia, com a hipótese contemplada na lei tributária a que se busca 
equiparação, pois: a) não se trata de leilão realizado pela autoridade 
aduaneira, mas pelo Poder Judiciário; e b) não se cuida de mercadoria 
abandonada ou objeto de pena de perdimento, mas de mercadoria 
penhorada em ação de execução.”8 
 
Não se tratando de mercadoria apreendida e levada a leilão 
(administrativo), aplica-se o inciso I do art. 20 do CTN, ou seja, a base de 
cálculo do II será o valor aduaneiro. 
 
O acórdão ficou assim ementado: 
 
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE 
IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. ARREMATAÇÃO DE BEM 
PENHORADO PELO PODER JUDICIÁRIO. VALOR ADUANEIRO. 
ART. 20, III, DO CTN (VALOR DA ARREMATAÇÃO). 
INAPLICABILIDADE. ...2. Regra geral, nos casos em que a 
alíquota for ad valorem (art. 20, II, do CTN, art. 2º, II, do 
DL 37⁄66, alterado pelo Decreto 2.472⁄88, e 89, II, do 
Regulamento Aduaneiro) a base de cálculo do imposto de 
importação corresponde ao preço real da mercadoria, que 
deve ser apurado pela autoridade aduaneira em 
 
8 Relatório no REsp 1.089.289 
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 16 
 
 
conformidade com o art. VII do Acordo Geral sobre Tarifas 
Aduaneiras e Comércio (GATT). 3. A utilização do preço da 
arrematação como base de cálculo do imposto de 
importação restringe-se aos leilões promovidos pela 
autoridade aduaneira nos quais são alienados os bens 
abandonados e aqueles que sofrem apreensão liminar para 
posterior imposição de pena de perdimento (art. 20, III, do 
CTN e art. 63 do Decreto-Lei 37⁄66). 
4. A situação apresentada pela recorrente em nada se 
assemelha, para fins de analogia, com a hipótese 
contemplada na lei tributária a que se busca equiparação, 
pois: a) não se trata de leilão realizado pela autoridade 
aduaneira, mas pelo Poder Judiciário; e b) não se cuida de 
mercadoria abandonada ou objeto de pena de perdimento, 
mas de mercadoria penhorada em ação de execução. 
5. No caso dos autos não se verifica o proibido emprego de 
analogia pelo Fisco para cobrança de tributo a maior (art. 
108, § 1º, do CTN), haja vista que a base de cálculo 
utilizada na hipótese dos autos (valor aduaneiro) encontra 
respaldo na legislação de regência. 
6. O argumento da recorrente para justificar a equiparação 
da penhora à apreensão regulada pela lei tributária em 
comento, de que não é possível a utilização do valor 
aduaneiro, uma vez que ela é "mera arrematante de 
mercadoria em hasta pública", "totalmente alheia à 
transação comercial efetuada entre importador e 
exportador", encerra, em verdade, pedido de interpretação 
da lei tributária mediante juízo de equidade, o que é vedado 
para fins de dispensa (ou redução) do imposto devido, nos 
termos do art. 108, § 2º, do CTN.... 
 
 
1.2 - IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO. 
 
Fundamento: CF, 153, II 
Norma Geral: CTN, 23 a 28 
Norma Específica: DL 37/66 (recepcionada com status de lei ordinária) 
 
 
Previsto no art. 153, II da Constituição, constitui exceção ao princípio da 
legalidade conforme § 1o do mesmo artigo, ou seja, é permitido que o 
Executivo, através de decreto, altere as alíquotas deste imposto, sendo, por 
essa forma, vedada a alteração de sua base de cálculo. 
 
As normas gerais estão previstas nos artigos 23 a 28 do CTN, sendo 
regulamentados no Decreto-Lei 1.578/77 que dispõe sobre os elementos do 
tributo. 
 
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 17 
 
 
Tal Decreto-Lei foi recepcionado pela nova ordem constitucional e sofreu 
diversas alterações entre as quais, devemos citar as introduzidas pela lei 
9.716/98 e MP 2.158-35/2001. 
 
Pela similaridade da matéria tributada, o art. 8o. do DL 1.578/77 assim 
dispõe: 
 
Art. 8º No que couber, aplicar-se-á, subsidiariamente, ao 
Imposto sobre a Exportação a legislação relativa ao Imposto 
sobre a Importação. 
 
1.2.1 – FATO GERADOR 
 
O fato gerador está disposto no art. 23 do CTN: 
 
Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a 
exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou 
nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do 
território nacional. 
 
É interessante notar que a expressão “...exportação, para o estrangeiro...” 
afasta a hipótese de cobrança de impostos quando os produtos vão de um 
Estado para outro ou mesmo de um Município para outro. No entanto, a 
remessa de produtos para a Zona Franca de Manaus equivale à exportação: 
 
Decreto-Lei 288/67 
Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional 
para consumo ou industrialização na Zona Franca de 
Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos 
os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, 
equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. 
 
Produtos nacionais são aqueles produzidos em território nacional e os 
nacionalizados são os produtos, em regra, estrangeiros, que entraram no 
país através de um processo regular de importação. 
 
Art. 212. O imposto de exportação incide sobre mercadoria 
nacional ou nacionalizada destinada ao exterior. 
§ 1º Considera-se nacionalizada a mercadoria estrangeira 
importada a título definitivo. 
 
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PRODUTO 
ESTRANGEIRO
IMPORTAÇÃO
PRODUTO 
NACIONALIZADO
EXPORTAÇÃO
INCIDE II INCIDE IE
NACIONALIZAÇÃO
 
 
O fato gerador ocorre na data de expedição da guia de exportação. 
 
1.2.2 - BASE DE CÁLCULO 
 
O art. 24 do CTN cuida da base de cálculo nos termos seguintes: 
 
Art. 24. A base de cálculo do imposto é: 
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida 
adotada pela lei tributária; 
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o 
produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, 
em uma venda em condições de livre concorrência. 
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a 
entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do 
produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre 
a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo 
superior aos correntes no mercado internacional, o custo do 
financiamento. 
Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do 
valor ou do preço, referidos no artigo anterior, excedente de 
valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos 
limites por ela estabelecidos. 
Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites 
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de 
cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da 
política cambial e do comércio exterior. 
 
 
1.2.3 – ALÍQUOTAS 
 
Os limites a serem observados quando da alteração de alíquotas previstas 
no art. 26 do CTN estão dispostos no DL 1.578/77: 
 
Art. 3o A alíquota do imposto é de trinta por cento, 
facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para 
atender aos objetivos da política cambial e do comércio 
exterior. 
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Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto 
não poderá ser superior a cinco vezes o percentual fixado 
neste artigo. 
 
Noteque a alteração das alíquotas está limitada às necessidades dos 
“...objetivos da política cambial e do comércio exterior.” 
 
1.2.4 – CONTRIBUINTE 
 
O Contribuinte está definido no art. 27 do CTN: 
 
Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a 
lei a ele equiparar. 
 
Os equiparados estão no art. 5o. do DL 1.578/77: 
 
Art. 5º O contribuinte do imposto é o exportador, assim 
considerado qualquer pessoa que promova a saída do 
produto do território nacional. 
 
Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação 
de reservas monetárias, na forma da lei. 
 
Por força do disposto no inciso IV do art. 167 da Constituição que proíbe a 
afetação da receita dos impostos, o art. 28 do CTN não foi recepcionado 
pelo novo texto constitucional. 
 
1.2.5 – JURISPRUDÊNCIA 
 
 MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA E FINALIDADE EXTRAFISCAL 
 
A União majorou a alíquota do imposto de exportação de armas e munições 
para países da América do Sul e Caribe para 150%. 
 
O decreto-lei 1.578 (com a redação que lhe deu a lei 9.716) assim dispôs: 
 
Art. 3o A alíquota do imposto é de trinta por cento, facultado 
ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender 
aos objetivos da política cambial e do comércio 
exterior. 
Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto 
não poderá ser superior a cinco vezes o percentual fixado 
neste artigo. 
 
Determinado fabricante foi ao Judiciário buscar a invalidação desse aumento 
alegando que seu objetivo não tinha por objetivo “...atender aos 
objetivos da política cambial e do comércio exterior.” 
 
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A União alegou que a majoração tinha por objetivo evitar que armas 
brasileiras exportadas para esses países em condições fiscais favoráveis 
retornassem ao país pela via ilegal do contrabando, sendo essa uma política 
que atende não só aos objetivos da política cambial mas também de 
segurança nacional. 
 
Vale lembrar que as armas para exportação estavam imunes ao IPI e com 
alíquota zero para o IE. 
 
O STJ sintetizou seu entendimento nos seguintes termos: 
 
“...a majoração da alíquota foi motivada de maneira adequada. O Executivo 
indicou que a pesada tributação das exportações das armas e dos 
armamentos (150%) visa a combater o contrabando consistente no retorno 
dos produtos para o Brasil. Trata-se de sólida argumentação não apenas 
atinente à política de comércio exterior, como também à Segurança Pública. 
...”9 
 
 
1.3 - IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER 
NATUREZA. 
 
O Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza está assim 
previsto na Constituição: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
(...) 
§ 2º O imposto previsto no inciso III: 
I - será informado pelos critérios da generalidade, da 
universalidade e da progressividade, na forma da lei; 
 
Os conceitos dos critérios apresentados no inciso I do § 2o. devem ser 
esclarecidos, senão vejamos: 
 
1 -Generalidade: deve atingir todos os contribuintes que venham a 
praticar o fato gerador do tributo; 
 
2 -Universalidade: deve incidir sobre as espécies de rendimentos, diz 
respeito à extensão da base de cálculo, impede a diferenciação de rendas. 
 
O IR é dotado de extraterritorialidade, ou seja, até em homenagem ao 
princípio da universalidade, não importa o local no qual foi obtida a 
disponibilidade da renda ou dos outros proventos. 
 
 
9 REsp 614.890 
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3 - Progressividade: a alíquota deve aumentar na medida em que 
aumenta a base de cálculo. 
 
No campo legal, o IRPF tem arrimo, entre outras, nas leis 7.713/98 e 
9.250/95; o IRPJ nas leis 8.981/95 e 9.430/96, ambos regulados pelo 
Decreto 3.000/99. 
 
1.3.1 – FATO GERADOR 
 
Os fatos geradores estão previstos no art. 43 do CTN, verbis: 
 
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda 
e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a 
aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: 
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do 
trabalho ou da combinação de ambos; 
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os 
acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso 
anterior. 
§ 1º A incidência do imposto independe da denominação da 
receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica 
ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de 
percepção. 
§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do 
exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em 
que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do 
imposto referido neste artigo. 
 
Exemplos de renda: 
 Comprar um caminhão para prestar serviços: inversão de capital 
 Trabalhar como motorista de caminhão empregado: trabalho 
 Comprar um caminhão para prestar serviços e dirigir o veículo: 
combinação de inversão de capital e trabalho. 
 
Os proventos de qualquer natureza estão associados a uma riqueza nova. 
Só se pode dizer da ocorrência de acréscimo patrimonial se se comparar a 
equação patrimonial de uma pessoa em dois momentos diversos. 
 
Seja uma pessoa que possui um patrimônio assim composto num momento 
P1: 
 
Imóvel 60,00 
Veículo 20,00 
Dinheiro em espécie 20,00 
Total 100,00 
 
Essa pessoa vende o veículo por R$ 20,00 e recebe em dinheiro. A nova 
composição de seu patrimônio no momento P2 é: 
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Imóvel 60,00 
Veículo 0,00 
Dinheiro em espécie 40,00 
Total 100,00 
 
Entre os momentos P1 e P2 não houve acréscimo patrimonial. Houve 
somente uma transmutação na composição do patrimônio, ou seja, os R$ 
20,00 antes representados por um veículo agora estão representados por 
dinheiro. Não há que se falar em ocorrência de fato gerador. 
 
Agora imagine que o veículo tenha sido vendido por R$ 30,00. A 
composição do patrimônio em P3 será: 
 
Imóvel 60,00 
Veículo 0,00 
Dinheiro em espécie 50,00 
Total 110,00 
 
A operação de venda do veículo por R$ 30,00 implicou um acréscimo 
patrimonial de R$ 10,00. Nesta hipótese ocorreu o fato gerador do IR. 
 
SITUAÇÕES ESPECÍFICAS 
 
 JETOM 
 
Nominou-se JETOM o valor recebido pelos parlamentares que comparecem 
às sessões extraordinárias. 
 
O STJ entendeu que tais verbas tem natureza indenizatória e por não 
implicar riqueza nova, não constituem fato gerador do IR. 
 
“Ementa - ... No que toca à natureza da ajuda de custo 
parlamentar recebida pelo comparecimento a sessões 
legislativas extraordinárias, todavia, este Sodalício 
manifestou-se outrora tratar-se de indenização, em face da 
recomposição patrimonial que ostenta. Dessarte, não 
configura hipótese de incidência do imposto de renda 
previsto no art. 43 do Código Tributário Nacional, sobretudo 
pelo reconhecimento expresso no Texto Constitucional da 
natureza indenizatória da verba percebida pelo parlamentar 
em função de comparecimento a sessões legislativas 
extraordinárias (art. 57, § 7º, CF⁄88). ...”10 
 INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL 
 
 
10 REsp 672.723⁄CE 
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Que o dano somente moral é indenizável não há qualquer dúvida. Assunto 
que já alimentou muita discussão é saber se o valor recebidoa esse título é 
(ou não é) fato gerador do IR. 
 
Podemos afirmar que o patrimônio é o conjunto de bens e direitos, 
deduzidas as obrigações de uma determina da pessoa. Então compõe esse 
patrimônio direitos de diversas naturezas, inclusive aqueles direitos 
relativos à honra pessoal, por exemplo. 
 
Seja o patrimônio de um determinado indivíduo assim representado.] 
 
PATRIMÔNIO
 
 
Ao impor a alguém um dano de natureza moral, desfalcamos seu patrimônio 
no que se refere ao seu direito à honra pessoal. O patrimônio em questão 
fica desfalcado. 
 
 
PATRIMÔNIO
DANO MORAL
 
 
O tema que animou a discussão diz da impossibilidade se quantificar o dano 
eminentemente moral, daí a corrente que dizia que qualquer valor recebido 
a esse título haveria de implicar acréscimo patrimonial e, por consequência, 
ser fato gerador do IR. 
 
A solução vem com o reconhecimento da força da coisa julgada, o seja, o 
magistrado, atribuiu valor a algo que, a princípio, não tinha valor 
quantificado. Suponha que o valor do dano moral seja equivalente a R$ 
100,00. 
 
 
PATRIMÔNIO
DANO MORAL
R$ 100,00
 
 
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Assim, ao acrescer o valor de R$ 100,00 ao patrimônio desfalcado, retorna-
se ao status quo ante, sem a geração de riqueza nova. 
 
PATRIMÔNIO
 
 
O entendimento do STJ pode ser assim sintetizado: 
 
“Ementa - ... Não há como equiparar indenizações com 
renda, esta entendida como o fruto oriundo do capital e/ou 
do trabalho, tampouco com proventos, estes tidos como os 
demais acréscimos patrimoniais, uma vez que a 
indenização torna o patrimônio lesado indene11, mas 
não maior do que era antes da ofensa ao direito. Não 
verificada a hipótese de incidência do imposto de renda 
previsto no art. 43 do CTN. Reconhecida a alegada não-
incidência do tributo em debate sobre as verbas da 
reparação de danos morais, por sua natureza indenizatória, 
não há falar em rendimento tributável, ...”12 
 
Sepultando a discussão, o STJ editou a seguinte súmula: 
 
STJ-498 
Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais. 
 
 PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV) 
 
O Min. Luiz Fux assim definiu o PDV: 
 
“Os Programas de Demissão Voluntária - PDV consubstanciam uma oferta 
pública para a realização de um negócio jurídico, qual seja a resilição ou 
distrato do contrato de trabalho no caso das relações regidas pela CLT, ou a 
exoneração, no caso dos servidores estatutários. O núcleo das condutas 
jurídicas relevantes aponta para a existência de um acordo de vontades 
para por fim à relação empregatícia, razão pela qual inexiste margem para 
o exercício de liberalidades por parte do empregador”13 
 
Aderindo ao PDV, o trabalhador abre mão de seu emprego (ou cargo) e, em 
troca, para que possa sobreviver, recebe o valor pactuado. 
 
A questão é saber se o valor recebido é (ou não é) fato gerador do IR. 
 
 
11 que não sofreu perda, dano; livre de prejuízo 
12 REsp 402035 
13 REsp 940.759 
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Não decorre de trabalho pois trabalho não haverá mais, descabendo 
imaginar ser hipótese de inversão de capital. 
"De salário não se trata, pois, muito embora corresponda à importância 
fornecida diretamente ao trabalhador pelo empregador em decorrência do 
contrato de trabalho, referido valor não é pago de forma continuada 
(habitual), nem em função da contraprestação do trabalho, ou da 
disponibilidade do trabalhador ou das interrupções contratuais, não se 
enquadra, portanto, na definição doutrinária de salário. Poder-se-ia 
imaginar, então, trata-se de um tipo especial de salário, tal como o prêmio 
ou a gratificação. Prêmio é o pagamento feito para agraciar o empregado 
por este ter implementado certas condições anteriormente estabelecidas, ou 
seja, depende de o empregado pessoalmente esforçar-se para atingir 
determinadas metas pré-fixadas. O prêmio só terá natureza jurídica de 
salário quando for habitual, o que não ocorre na hipótese do valor pago a 
título de PDV. A gratificação, por seu turno, depende da vontade do 
empregador (e não do esforço do trabalhador) e é paga com o intuito de 
demonstrar o reconhecimento daquele para o trabalho do empregado, se 
não for ajustada e não houver habitualidade no pagamento, a gratificação 
não será considerada verba salarial. Como se vê, já que não se trata de 
salário ante a ausência de habitualidade, trata-se, necessariamente, de 
verdadeira verba indenizatória, paga em uma única ocasião, com o 
objetivo de recompor ao patrimônio do trabalhador os prejuízos que 
este terá em razão da perda do emprego. (Minharro, Erotilde, in "Plano 
de Demissão Voluntária", Revista LTr., vol. 67, nº 11, novembro 2003, São 
Paulo: LTr, 2003)”14 
 
Concluindo; 
 
“7. A indenização pactuada no PDV diverge do conceito de renda e 
proventos, por representar reconstituição do patrimônio do empregado, 
para que este possa se manter sem emprego, até que consiga recolocação 
no mercado de trabalho. 8. Deveras, tributar a verba paga por adesão ao 
PDV representa avançar sobre o mínimo vital garantido ao trabalhador 
desempregado, situação que fere o princípio da capacidade contributiva.”15 
 
 
Então, os valores recebidos em virtude adesão a PDV não constituem fato 
gerador do IR. 
 
STJ-215 
A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão 
voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda. 
 
 
MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR 
 
14 REsp 940.759 
15 REsp 940.759 
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O fato gerador do IR é classificado como COMPLEXIVO pois é constituído 
por uma série de eventos ocorridos durante um exercício financeiro, assim 
entendido o prazo de 1º. de janeiro e 31 de dezembro de um mesmo ano. 
 
É necessário fixar uma data para a ocorrência do fato gerador para que se 
possa determinar a legislação tributária a ser aplicada (nos termos do art. 
144 do CTN) e o STF já fixou essa data em 31.12 de cada ano. 
 
Art. 43. ... 
§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do 
exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em 
que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do 
imposto referido neste artigo. 
 
RECEBIMENTO DE VALORES ACUMULADOS 
 
Há situações em que um determinado rendimento que deveria ter sido pago 
ao longo de determinado período é pago de uma única vez e um exemplo é 
o caso de verbas recebidas em reclamações trabalhistas. 
 
Vamos considerar a seguinte tabela progressiva do IRPF: 
Base de cálculo mensal em 
R$ 
Alíquota 
% 
Parcela a deduzir do imposto 
em R$ 
Até 1.499,15 - - 
De 1.499,16 até 2.246,75 7,5 112,43 
De 2.246,76 até 2.995,70 15,0 280,94 
De 2.995,71 até 3.743,19 22,5 505,62 
Acima de 3.743,19 27,5 692,78 
 
Vamos imaginar que determinada pessoa tenha um rendimento mensal de 
R$ 3.000,00. Sua retenção de IR na fonte, por mês, é de R$ 169,38. 
 
Por força de ação trabalhista, seu empregador foi condenado a pagar o 
valor de R$ 1.000,00 mensais a título de horas extras sonegadas, pelo 
prazo de 48 meses, resultando numa condenação de R$ 48.000,00. 
Se esses valores relativos a horas extras tivessem sido pagos mês a mês 
(rendimento mensal de R$ 4.000,00), a retenção de IR seria de R$ 407,22. 
 
A diferençade retenção seria de R$ 237,84 por mês. 
 
Ao longo de 48 meses, o valor de IR retido seria de R$ 11.416,32 (R$ 
237,84 x 48). No entanto, se esse valor fosse pago de uma única vez, a 
tributação das horas extras seria de R$ 13.162,84. 
 
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 27 
 
 
O resultado é prejudicial ao contribuinte e esse prejuízo se agrava ainda 
mais se os rendimentos estiverem sujeitos às faixas iniciais de tributação. 
 
A lei 7.713/88, em seu art. 12 assim dispôs: 
“No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o 
imposto incidirá no mês do recebimento ou crédito, sobre o 
total dos rendimentos,...” 
 
A questão da constitucionalidade dessa lei ainda se encontra em 
julgamento16 no STF (RE 614406). No voto do Min. Marco Aurélio restou 
consignado que essa de forma de tributa afronta o princípio da capacidade 
contributiva e impõe dupla penalidade ao contribuinte. 
 
O Parecer PGFN/CRJ/nº 2.331/2010 suspendeu os efeitos do Ato 
Declaratório PGFN nº 1, de 27 de março de 2009, que considerava que o 
cálculo do imposto sobre a renda incidente sobre rendimentos pagos 
acumuladamente deveria ser realizado levando-se em consideração as 
tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referiram tais rendimentos, 
devendo o cálculo ser mensal e não global. 
 
 
1.3.2 – BASE DE CÁLCULO 
 
Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, 
arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos 
tributáveis. 
 
Para a Pessoa Física, a definição está na lei 7.713/88: 
 
Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem 
qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 
desta Lei. 
§ 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, 
do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e 
pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de 
qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos 
patrimoniais não correspondentes aos rendimentos 
declarados. 
§ 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o 
resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, 
decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer 
natureza, considerando-se como ganho a diferença positiva 
entre o valor de transmissão do bem ou direito e o 
respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, 
observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. 
 
16 Em 21/12/2012 estava concluso. 
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 28 
 
 
§ 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as 
operações que importem alienação, a qualquer título, de 
bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de 
direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra 
e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em 
pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa 
de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de 
cessão de direitos e contratos afins. 
§ 4º A tributação independe da denominação dos 
rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição 
jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens 
produtores da renda, e da forma de percepção das rendas 
ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o 
benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer 
título 
 
A Pessoa Jurídica deverá optar por uma das diversas formas de apuração 
da base de cálculo (regime de apuração do imposto de renda), sendo 
vedada a modificação dessa opção ao longo do exercício. 
 
LUCRO REAL 
 
De acordo com o art. 247 do RIR/9917, lucro real é o lucro líquido do 
período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações 
prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. 
 
RIR/99 
Art. 247. Lucro real é o lucro líquido do período de apuração 
ajustado pelas adições, exclusões ou compensações 
prescritas ou autorizadas por este Decreto 
§ 1º A determinação do lucro real será precedida da 
apuração do lucro líquido de cada período de apuração com 
observância das disposições das leis comerciais. ... 
Art. 248. O lucro líquido do período de apuração é a soma 
algébrica do lucro operacional (Capítulo V), dos resultados 
não operacionais (Capítulo VII), e das participações, e 
deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei 
comercial . 
 
Então, para se chegar ao LUCRO REAL, parte do lucro líquido, fazendo os 
acréscimos e deduções previstos nos artigos 249 e 250 do RIR, observada a 
legislação pertinente. 
 
É o regime ordinário de apuração da base de cálculo do IR e é obrigatório 
para os seguintes contribuintes: 
 
 
17 Regulamento do Imposto de Renda – Decreto 3.000/99 
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Lei 9.718... 
Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas 
jurídicas: 
I - cuja receita total, no ano-calendário anterior seja 
superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito 
milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do 
período, quando inferior a 12 (doze) meses; 
II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de 
investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas 
econômicas, sociedades de crédito, financiamento e 
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades 
corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, 
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de 
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas 
de seguros privados e de capitalização e entidades de 
previdência privada aberta; 
III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital 
oriundos do exterior; 
IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de 
benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; 
V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado 
pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do 
art. 2° da Lei n° 9.430, de 1996; 
VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e 
contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, 
gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas 
a pagar e a receber, compras de direitos creditórios 
resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de 
serviços (factoring). 
VII - que explorem as atividades de securitização de créditos 
imobiliários, financeiros e do agronegócio. 
 
A apuração por meio do lucro real tem vantagens tais como evitar o 
pagamento de imposto maior que o realmente devido (daí seu nome), 
possibilitar a compensação de prejuízos e a opção de alguns incentivos 
fiscais. Por outro lado exige uma estrutura administrativa bastante 
complexa de modo a permitir a correta escrituração de diversos livros e 
documentos. 
 
LUCRO PRESUMIDO 
 
Como o próprio nome diz, presume que parte do faturamento (de 1,6% a 
32%) seja lucro, simplificando assim a escrituração contábil dos optantes 
por essa modalidade de apuração. 
 
Lei 9.718... 
Art. 13. A pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-
calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 
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 30 
 
 
48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou a R$ 
4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo 
número de meses de atividade do ano-calendário anterior, 
quando inferior a 12 (doze) meses, poderá optar pelo regime 
de tributação com base no lucro presumido. 
§ 1° A opção pela tributação com base no lucro presumido 
será definitiva em relação a todoo ano-calendário. 
 
Talvez sua maior vantagem seja a manutenção de estrutura administrativa 
simplificada para sua escrituração. Por outro lado, não permite a 
compensação de prejuízos já que a cada faturamento há a presunção (daí o 
nome) de parte dele ser lucro. 
 
LUCRO ARBITRADO 
 
Trata-se de uma forma excepcional de apuração da base de cálculo e ao 
contrário do que muitos imaginam, não se trata de uma forma de punição. 
 
Lei 8.891/95... 
Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: 
I - o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro 
real ou submetido ao regime de tributação de que trata o 
Decreto-Lei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na 
forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as 
demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; 
II - a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte 
revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros 
ou deficiências que a tornem imprestável para: 
a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive 
bancária; ou 
b) determinar o lucro real. 
III - o contribuinte deixar de apresentar à autoridade 
tributária os livros e documentos da escrituração comercial e 
fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de que trata o art. 45, 
parágrafo único; 
IV - o contribuinte optar indevidamente pela tributação com 
base no lucro presumido; 
V - o comissário ou representante da pessoa jurídica 
estrangeira deixar de cumprir o disposto no § 1º do art. 76 
da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958; 
VI - (Revogado pela Lei nº 9.718, de 1998) 
VII - o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo 
as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas 
utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os 
lançamentos efetuados no Diário. 
VIII – o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar 
à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de 
que trata o § 2o do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de 
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dezembro de 1976, e § 2o do art. 8o do Decreto-Lei no 1.598, 
de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 
11.941, de 2009) 
 
A apuração é trimestral (fato gerador no último dia de cada trimestre civil), 
podendo o contribuinte que optar pela apuração pelo lucro real também 
optar pela apuração anual (fato gerador em 31/12) com antecipações 
mensais. 
 
1.3.3 – ALÍQUOTAS 
 
Sujeito à progressividade, o IR terá suas alíquotas dependentes da base de 
cálculo, ou seja, quando cresce a base cresce a alíquota. 
 
Base de cálculo anual18 em 
R$ 
Alíquota 
% 
Parcela a deduzir do imposto 
em R$ 
Até 18.799,32 - - 
De 18.799,33 até 28.174,20 7,5 1.409,95 
De 28.174,21 até 37.566,12 15,0 3.523,01 
De 37.566,13 até 46.939,56 22,5 6.340,47 
Acima de 46.939,56 27,5 8.687,45 
Para as pessoas jurídicas optantes pelo lucro real: 
Lei 9.430... 
Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no 
lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada 
mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante 
a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos 
percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de 
dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do 
art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 
de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 
20 de junho de 1995. 
§ 1o O imposto a ser pago mensalmente na forma deste 
artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base 
de cálculo, da alíquota de quinze por cento. 
§ 2o A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, 
que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ficará sujeita à 
incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de 
dez por cento. 
 
1.3.4 – CONTRIBUINTES 
 
 
18 2011/2012 
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CTN... 
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da 
disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem 
prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a 
qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos 
proventos tributáveis. 
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da 
renda ou dos proventos tributáveis a condição de 
responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento 
lhe caibam. 
 
 
1.3.5 - SÚMULAS 
 
STF-587 
Incide imposto de renda sobre o pagamento de serviços técnicos 
contratados no exterior e prestados no Brasil. 
 
STF-586 
Incide imposto de renda sobre os juros remetidos para o exterior, com base 
em contrato de mútuo. 
 
STJ-498 
Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais. 
 
STJ-463 
Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização 
por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo 
coletivo. 
 
STJ-386 
São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o 
respectivo adicional. 
 
STJ-215 
A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão 
voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda 
 
STJ-136 
O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não 
está sujeito ao imposto de renda. 
 
STJ-125 
O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está 
sujeito a incidência do imposto de renda. 
 
 
 
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1.4 - IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS 
 
O IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) tem base 
constitucional no inciso IV do art. 153, foi instituído pela lei 4.502/64 
(alterações posteriores) e regulamentado pelo decreto 4.544/02, alterado 
pelo decreto 4.859/03 que aprovou a Tabela de Incidência do IPI (TIPI). 
 
O IPI incide nas operações em que houve processo de industrialização, não 
incidindo, por exemplo, nas operações simplesmente comerciais em que 
não haja atividade de industrialização (o comerciante que vende um 
produto industrializado não estará sujeito ao pagamento de IPI). 
 
A Constituição Federal traz critérios específicos a serem necessariamente 
observados na instituição e exigência do IPI, assim, passemos à análise 
detalhada do artigo 153, § 3º, em seus incisos: 
 
1.4.1 - SELETIVIDADE 
 
§ 3º O imposto previsto no inciso IV: 
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; 
 
A seletividade, técnica de tributação que atende ao princípio da capacidade 
contributiva consiste em tributar de forma diferenciada, conforme a 
essencialidade do produto tributado. Não se confunde com a 
progressividade e tributa de forma branda produtos de uso essencial (ex: 
alimentos) e tributa de forma mais rigorosa os produtos considerados 
supérfluos (ex: cigarro, perfumes, bebidas). 
 
O critério de que seja supérfluo ou essencial está ligado a uma vida digna e 
não aos interesses pessoais de alguém. 
 
O inciso II do artigo anteriormente citado, trata da não-cumulatividade: 
 
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido 
em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; 
 
A técnica da não-cumulatividade aplicada ao IPI impede a oneração 
excessiva da atividade produtividade, de forma que somente onera a 
parcela da produção à medida que a mesma ocorre. Em termos simples, 
através de um sistema de débitos e créditos não se paga imposto sobre 
imposto. 
 
Note-se que o creditamento independe do pagamento dos impostos devidos 
nas operações anteriores (... com omontante cobrado). 
 
Vamos imaginar a fabricação de uma cadeira escolar cujos componentes, de 
forma simplificada, sejam os seguintes: 
 Estrutura tubular; 
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 Espumados para assento e encosto; 
 Tecido para revestimento; 
 Apoio em madeira; 
 Material de fixação. 
 
O fabricante da cadeira resolve comprar os insumos no mercado e assim, 
com base nas notas fiscais recebidas, temos a seguinte escrituração: 
 
Insumo Valor Alíquota IPI Valor IPI 
Estrutura 40,00 10% 4,00 
Espumados 30,00 20% 6,00 
Tecido 20,00 15% 3,00 
Apoio 10,00 0% 0,00 
Fixação 5,00 20% 1,00 
Total 105,00 14,00 
 
Em síntese, os insumos custaram o valor de R$ 105,00 e, em todas as 
operações anteriores de produção desses insumos já foram cobrados R$ 
14,00 a título de IPI. 
 
Em virtude da norma de não cumulatividade, o fabricante, ao apurar o IPI 
relativo a essa cadeira deverá descontar esse valor já recolhido de IPI. 
 
Pronta a cadeira, será ela vendida seja a seguinte escrituração: 
 
Produto Valor Alíquota IPI Valor IPI 
Cadeira 250,00 10% 25,00 
 
Considerando esta única operação temos a seguinte apuração do valor 
devido de IPI: 
 
Produto Crédito Débito A recolher 
Cadeira 14,00 25,00 11,00 
 
 
Nas operações cujas entradas são desoneradas pelo IPI (repare que o apoio 
tem alíquota zero), o sujeito passivo não escriturar qualquer crédito. 
 
“A expressão utilizada pelo constituinte originário – montante “cobrado” na 
operação anterior – afasta a possibilidade de admitir-se o crédito de IPI nas 
operações de que se trata, visto que nada teria sido “cobrado” na operação 
de entrada de insumos isentos, não tributados ou sujeito à alíquota zero.”19 
 
1.4.2 - ENTRADAS ONERADAS E SAÍDAS NÃO ONERADAS 
 
 
19 RE 372.005 
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 35 
 
 
Imagine que a cadeira escolar em questão tivesse sua saída desonerada 
pelo IPI, por exemplo, tributada à alíquota zero. Teríamos a seguinte 
escrituração: 
 
Produto Valor Alíquota IPI Valor IPI 
Cadeira 250,00 0% 0% 
 
Considerando esta única operação temos a seguinte apuração do valor 
devido de IPI: 
 
Produto Crédito Débito A recolher 
Cadeira 14,00 0,00 0,00 
 
Muito embora o fabricante nada tivesse a recolher, o ônus da incidência do 
IPI nas operações anteriores haveria de repercutir sobre ele, quando, na 
verdade, o IPI foi estruturado de forma a ter sua repercussão financeira a 
recair sobre o adquirente final. Nessa hipótese, o adquirente final não 
sofreria a repercussão da incidência do IPI, posto que inexistente (alíquota 
zero) e, por sua vez, tal repercussão financeira recairia sobre o fabricante. 
 
 
Nas operações com entradas oneradas e saídas não oneradas pelo 
IPI, “O direito à manutenção e ao aproveitamento de créditos de IPI 
relativos a aquisições tributadas de insumos utilizados na industrialização e 
produtos desonerados do imposto depende de expressa previsão em 
lei....”20 
 
Por sua vez, o art. 11 da lei 9.779/99 assim dispôs: 
 
Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos 
Industrializados - IPI, acumulado em cada trimestre-
calendário, decorrente de aquisição de matéria-prima, 
produto intermediário e material de embalagem, aplicados 
na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado 
à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar 
com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser 
utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 
da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas 
pela Secretaria da Receita Federal - SRF, do Ministério da 
Fazenda 
 
Em situações como essa, o crédito tomado em operações de saída não 
onerada (R$ 14,00) será levado a compensação em outras operações com 
saída tributada. Por exemplo: 
 
Produto Crédito Débito 
 
20 RE 475.551 
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Cadeira (saída não onerada) 14,00 0,00 
Outros móveis (saída onerada) 10,00 25,00 
Total 24,00 25,00 
A recolher 1,00 
 
Quanto ao efeito temporal da lei 9.779/99 há entendimento divergente 
entre o STJ e o STF: 
 
O STJ entendeu que o direito ao crédito decorre da própria norma de não 
cumulatividade e que a lei em tela somente teria trazido uma forma de 
aproveitar eventuais créditos. Vale dizer que para o STJ21 o direito ao 
crédito existe desde antes da edição da lei 9.779/99. 
 
Por outro lado, para o STF22, somente podem ser objeto de crédito aqueles 
posteriores à vigência da lei 9.779/99. 
 
Vejamos, na sequencia, o inciso III: 
 
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados 
ao exterior. 
 
Trata o inciso III de uma forma de imunidade, de maneira a não promover 
a “exportação” de impostos. 
 
Imagine agora que a cadeira tenha sido exportada, ou seja, a imunidade 
do IPI quando da exportação. 
 
Produto Crédito Débito A recolher 
Cadeira 14,00 0,00 0,00 
 
 
1.4.3 - ENTRADAS NÃO ONERADAS E SAÍDAS ONERADAS 
 
Imagine agora que todos os insumos da cadeira sejam desonerados pelo IPI 
mas a cadeira pronta seja tributada à alíquota de 10%. 
 
Produto Crédito Débito A recolher 
Cadeira 0,00 25,00 25,00 
 
Note que o IPI incidirá sobre o total do valor de venda da cadeira, sem a 
possibilidade de qualquer redução. No entanto, é possível que algum valor 
de IPI já tenha sido recolhido antes de tais insumos terem sido adquiridos 
pelos fornecedores dos insumos. 
 
Em síntese, diz-se de ofensa à norma da não-cumulatividade. 
 
21 REsp 435.783 
22 RE 460.785 
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Insumos de 
insumos
Insumos da 
cadeira
Cadeira Adquirente
INCIDÊNCIA DE IPI NÃO INCIDÊNCIA INCIDÊNCIA DO IPI
 
 
Em operações como esta, o STF entende não ser possível qualquer 
creditamento, ou seja, o IPI há de incidir sobre o valor total da operação de 
saída sem qualquer redução. 
 
Colhe-se do voto do Min. Marco Aurélio: 
 
“... Consoante dispõe o inciso I do § 3º do artigo 153 da Carta Federal, o 
IPI é seletivo. Vale dizer sobre a possibilidade de haver alíquotas diferentes 
considerados não só os diversos insumos como também a variedade de 
produtos. Eis a essência do caráter seletivo. Ora, uma vez adquirido o 
insumo mediante incidência do tributo com certa alíquota, o creditamento 
faz-se ante o que realmente recolhido. A saída final do produto gera novo 
cálculo e, então, como já ocorreu o creditamento quanto ao que recolhido 
na aquisição do insumo, a incidência da alíquota dá-se sobre o preço, o 
valor total. Não se comunicam as operações a serem realizadas, deixando-
se de individualizar insumos e produtos. Se não fosse assim, o pandemônio 
escritural se instalaria. É que o sistema consagrador do princípio da não-
cumulatividade, presente quer o IPI, quer o ICMS, implica crédito e débito 
em conta única. O raciocínio desenvolvido no tocante ao que se denomina 
crédito do IPI presumido, já condenado sob o ângulo da alíquota zero ou da 
não-tributação - e, por coerência, também deve sê-lo da isenção -, 
considerada a entrada de insumo, resulta em subversão do sistema 
nacional de cobrança do tributo, partindo-se para a adoção do critério 
referente ao valor agregado.”23 
 
1.4.4 – BENS DE CAPITAL

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