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resumo G1 literatura

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Noturno I e Noturno II 
Rubens Fonseca 
O conto narra a trajetória de um empresário que sai à noite com seu carro importado, um jaguar, 
para atropelar pessoas pobres e indefesas, como forma de aliviar o estresse do dia-a-dia; 
enquanto isso, sua família envolvida com futilidades, sem desconfiar, ou pelo menos se importar 
com esses passeios noturnos. Vê-se então o isolamento, a alienação, a fragmentação do sujeito 
moderno na célula básica de formação da sociedade, a família. 
O escritor revela ao leitor apenas no final da leitura que a violência não deriva, necessariamente, 
da miséria, mas que a miséria é a própria violência que se dissemina em forma de crimes 
discursos e, muitas vezes, em nome do progresso e da modernização 
O protagonista é uma peça de engrenagem social, dá mais valor ao carro que as pessoas, 
considera o Jaguar preto personalizado e as pessoas objetos. 
O autor ainda fala da banalização da vida, em que é normal encontrarmos mais um morto 
assassinado na esquina de nossas casas. Nos conformamos com a brutalidade, a violência e o 
descaso e agimos assim por desesperança, comodidade, indiferença, enquanto o esperado seria 
gritar, chorar, contestar, agir... 
O importado vermelho de Noé 
André Sant'anna 
O enredo do conto analisado é bastante insólito: o narrador protagonista quer chegar a Nova York, 
após ouvir no rádio que chove dinheiro por lá, mas fica preso no trânsito da Marginal Tietê, dentro 
do seu carro importado da Alemanha, sob uma chuva que cai na cidade naquele momento. 
A estrutura do texto é organizada em um único parágrafo, conforme o fluxo de consciência da 
personagem. 
Gaetaninho 
Antônio Alcântara 
Conta a história de uma comunidade sendo atravessada pela modernidade. A cidade é como um 
texto: fragmentado e simultâneo; cada um que faz o caminho/montagem que quiser, apesar de ser 
algo meio mecanizado 
Mostra o sonho não só de Gaetaninho, mas de todo homem moderno, o de andar de carro. Sonho 
lastreado pelo consumo, desejo material. 
Ao ser atropelado pelo bondinho, mostra a como a modernidade atropela a sociedade. 
Gaetaninho morreu, mas o texto diz que ele amassou o bonde, ou seja, a máquina ganha papel 
principal na modernidade, assim como nos filmes "Metrópole" e "Tempos Modernos". 
Introdução à teoria da Literatura (A ascensão do inglês) 
Terry Eagleton 
Nos séculos XVII e XIX a literatura tinha um conceito bastante diferente da que temos nos dias de 
hoje. Se hoje ela está ligada à imaginação e criatividade, antes, para ser chamada de literatura ela 
precisava estar em conformidade com certos padrões das "belas letras", seus conceitos eram 
ideológicos, apresentando valores e gostos de um grupo. 
As últimas décadas do século XVIII testemunharam uma reorganização da chamada "formação 
discursiva" da sociedade inglesa. Nas últimas décadas do século XIX que a literatura ganhou seu 
sentido romântico. 
A sociedade e as prática da vida social eram legitimadas por um discurso, que era legitimado pelo 
poder. Se o poder muda, o discurso também mudará. 
A burguesia ascende o poder e dissolve a tradição, os escritores se negam a trabalhar pra ela e 
passam a escrever uma literatura sem função social, que não vai interferir na sociedade e logo 
será negativa (Sec XIX), porque para ter função social deveria ser comandada pela burguesia. 
A literatura surge quando o escritor se alinha ao preceito iluminista de que cabe ao homem agir 
para se libertar. Esse pensamento vem emancipar o homem e dissolver novas afirmações. 
(Os iluministas eram os técnicos da ascensão burguesa, só que quando a mesma atingiu o poder, 
eles saíram.) 
A estética surgiu desses valores, no séc XIX. Em princípio, a arte é produzida de forma 
desinteressada, sem razão social e objetivo mercantilista. Ela é inútil. 
A literatura é uma ideologia alternativa, cabe à literatura a função de coligar os homens. 
Os escritores querem fazer uma literatura que não tenha valor econômico ou social, mas apenas 
estético. Eles querem liberdade! A criação literária dá destaque àquele que a faz, o discurso 
literário é controlado pela assinatura dos escritores nos textos. 
Quando a obra de arte passa a ter um valor meramente estético, ela vai se distanciando do seu 
valor social. O escritor não pode esquecer que ele também tem um valor monetário, mas quanto 
mais transcendental ele é, mais se distancia desse valor. 
Dizemos que ela tem a tríplice função de dar prazer (intelectual, sensorial e emocional), deve nos 
instruir; salvar nossas almas, interferindo no meu imaginário, na minha subjetividade e me colocar 
num plano que sirva para o Estado; e curar o Estado, como se fosse algo anônimo, já 
estabelecido como verdadeiro. 
Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo 
Walter Benjamin 
Baudelaire defendia que a literatura não deve vir separada da sua utilidade. 
Ele vendia o que tinha de mais valioso - sua poesia - para poder sobreviver. 
O arquiteto literário tem de vender a qualquer preço, pois seu nome não promete lucros. 
Durante um século e meio, toda a atividade literária cotidiana se moveu em torno dos periódicos. 
Por volta de 1830, as "belas letras" entrou no mercado diário, (as alterações trazidas para a 
Imprensa pela Revolução de Julho se resumem na introdução do folhetim). No entanto, a 
satisfação com esse estilo não foi rápida e nem universal. 
O jornal La Presse teve papel fundamental no aumento do número de assinantes de jornal (47 mil 
em 1836 e 200 mim dez anos depois), pois trazia três inovações: redução do preço de assinatura, 
o anúncio e o romance-folhetim. 
Existia uma conexão entre a redução da taxa de assinatura, o incremento dos anúncios (reclamé) 
e a crescente importância dos folhetins. 
A assimilação do literato à sociedade em que se encontrava se consumou no boulevard, já que 
era lá que ele tinha à disposição o primeiro incidente, boato, história. Passava suas horas ociosas 
exibindo-se às pessoas como parcela de seu horário de trabalho. 
A alta cotação e sua grande saída ajudaram os escritores que o forneciam a fazerem nome junto 
ao público. 
CARACTERÍSTICAS DE UM FOLHETIM: quanto à forma, é importante ressaltar sua 
periodicidade, já que ele não é publicado de uma vez só, mas em partes, divididas por capítulos, 
sendo necessário esperar a próxima edição do jornal para acompanhar o texto. Quanto ao 
conteúdo, precisa ter um enredo que prenda a atenção do leitor, criando uma expectativa que o 
faça esperar pela continuação da história. 
No final do século XIX, o formato alcançou seu apogeu. Foi publicado à exaustão, como forma de 
aumentar a venda dos jornais e auto afirmar a presença do então novo veículo de informação. 
Apesar da boa demanda, o papel do folhetim como disseminador de cultura de massa e 
entretenimento não sobreviveu ao surgimento do Rádio. 
 Folhetim conservado: está de acordo com a moral vigente 
 Folhetim revolucionário: representa os dramas do povo 
Que é a literatura? 
Jean Paul Sartre 
No século XVII, saber escrever já era saber escrever bem. 
Havia um pacto de generosidade, em que o leitor tem função primordial, porque trafega com 
desenvoltura no texto, ora interpretando-o, ora realizando previsões sobre ele. O texto só adquire 
sentindo estético quando o leitor, pela sua consciente imaginante, cria um significado para as 
frases. Assim, é fundamental que os valores e costumes apresentados na obra literária tenham 
sido partilhados por autor e leitor, o que faz Sartre considerar responsabilidade do autor apontar 
os acontecimentos históricos e defende sua liberdade de opinar, visto que, assim como os 
acontecimentos, escritor e leitor são históricos, não podendo, então, viver alienados das questões 
sociais à sua volta. 
Público real: aceita e concorda com o que o autor fala; tem a mesma opinião. "Cerimônia de 
reconhecimento", de que autor e leitor pertencem ao mesmomundo e têm mesma opinião sobre 
as coisas. 
Público virtual: leitor não conhece o assunto do livro, mas o estuda, procura entender a opinião 
diferente da sua. 
Focalizamos até aqui o caso em que o público virtual do escritor era nulo, ou quase, e em que 
nenhum conflito dividia o seu público real. Se o público virtual aparecesse de repente, ou se o real 
se fragmentasse, tudo mudaria. 
Os escritores do século XVII têm uma função definida porque se dirigem a um público esclarecido, 
rigorosamente delimitado e ativo, que exercem sobre eles um controle permanente; ignorados 
pelo povo, o seu ofício é devolver à elite que os sustenta sua imagem. Mas como neste século o 
público virtual não existe e já que o artista aceita sem criticar a ideologia a elite, o escritor se faz 
cúmplice do seu público; nenhum olhar estranho vem perturba-lo em seus exercícios. 
Arte literária para Sartre: historicidade com tradicionalismo, não é singular pois tem que copiar 
modelos anteriores, sem público virtual cada livro é crítico qualificado. 
O sentido e o valor da literatura são determinados pela tradição, assim chamados de clássicos. 
No momento da ascensão da burguesia, o autor toma conhecimento da sua autonomia. Ele se 
identifica como espírito, forma e critica as ideias. Com a autonomia, a literatura não tem função 
social. Passa a ter uma função negativa. Agora, a literatura se confunde com a suspeita, com a 
recusa, com a crítica e a contestação. O próprio discurso literário legitima a literatura: "Negar o 
discurso é afirma-lo." 
Dos meios às mediações 
Barbero 
O autor buscou demonstrar que os meios de comunicação de massa, como o cinema, o rádio e a 
imprensa, tiveram papel tão decisivo quanto o populismo na formação da nacionalidade latino-
americana. 
O crescimento das tiragens dor jornais populares e sensacionalistas tem muito a ver com a 
preservação do melodrama (espelho de consciência coletiva, na literatura de cordel) com que 
seus leitores se identificaram. 
O popular, para Martín-Barbero, não é algo externo ou massivo, mas sobrevive dentro dele. Na 
sociedade de massas, são massivos o sistema de educação, as formas de representação e 
participação política, os modelos de consumo e até a religião. Nessa sociedade, o popular se 
esgueira pelas brechas da mídia e, em determinados momentos, explode nas ruas e nas telinhas. 
Cordel: meio semelhante ao periódico - vai buscar seus leitores na rua, mercado que funciona 
com o jogo da oferta e da demanda 
A literatura de cordel é uma mediação pela linguagem e religiosidades misturadas - outras 
literatura 
"O 'outro lado' da indústria de narrativas é o que nos dá acesso ao processo de circulação cultural 
materializado na literatura que estamos estudando: um novo modo de existência cultura do 
popular. Nas literaturas de cordel est]ao as chaves para traçar o caminho que leva do folclórico ao 
vulgar e daí ao popular." 
Folhetim: primeiro tipo de texto escrito no formato popular de massa 
O que havia antes só foi nominado de "folhetim" depois. 
Folhetim surge como meio de comunicação dirigido às massas e como novo modo de 
comunicação entre classes; fala da experiência cultural que inicia o caminho de seu 
reconhecimento. 
O estatuto da comunicação literária sofre com o folhetim um duplo deslocamento: do âmbito do 
livro para o da imprensa - o que implica a mediação das técnicas da escritura jornalística e da 
técnica do aparato tecnológico na composição e na diagramação de um formato específico - e do 
âmbito do escritor-autor, que agora só entra com a "matéria-prima" e que por vezes, mais do que 
escrever, reescreve, para o editor-produtor que é quem muitas vezes tem o projeto e dirige sua 
realização 
A moderna tradição brasileira 
Renato Ortiz 
Há uma diversidade e uma permanência que constroem uma tradição da cultura brasileira. Em 
contrapartida, há um silêncio sobre a existência de uma cultura de massa, assim como sobre o 
relacionamento entre produção cultural e mercado. (Década de 70 é quando surgem os primeiros 
escritos que trata os MCM - análises fragmentadas, sem profundidade) 
É na Escola de Frankfurt que a discussão sobre a sociedade e a cultura de massa se inicia nas 
revistas, como se nesse momento de consolidação da indústria cultural no Brasil alguns 
intelectuais sentissem a necessidade de buscar outras teorias para entender melhor a nova 
realidade. 
Os trabalhos sobre a vida intelectual europeia no século XIX tem chamado a atenção para dois 
tipos de mudança em relação ao ancier régime: a modernização de determinadas esferas, como a 
arte e a literatura, e o surgimento de um polo de produção orientado para a mercantilização da 
cultura. São transformações profundas que correspondem ao advento da ordem burguesa, que 
traz com ela o desenvolvimento de um mercado de bens culturais e no interior da qual certas 
atividades se constituem em dimensões específicas da sociedade. 
Um exemplo é encontrado na história da literatura do século XIX, momento em que ela 
definitivamente se constitui em entidade separada de outros condicionantes sociais. 
O escritor do século XVII está ligado ao poder religioso e monárquico e respondia à demanda de 
uma elite em relação à qual seu trabalho está inextrincavelmente vinculado. No séc. XVIII, com o 
surgimento de uma classe ascendente, a burguesia, o literário tem duas escolhas: permanecer ao 
lado das forças aristocráticas ou se juntar ao movimento de renovação da sociedade. 
No entanto, uma ruptura irá ocorrer; Sartre vai situá-lo em torno de 1850, no momento em que "a 
literatura se separa da ideologia religiosa e se recusa a servir a ideologia burguesa. Ela se coloca, 
portanto, como independente por princípio a toda espécie de ideologia. Deste fato ela aguarda 
seu abstrato de pura negatividade". Desde que a burguesia toma o poder político, se consolidando 
como classe dominante, ela demanda do escritor não mais uma obra literária, mas um serviço 
ideológico. Os intelectuais se veem, assim, cortados da classe a qual até então eles eram os 
porta-vozes, e buscam na prática literária um outro caminho. A autonomia da literatura só pode, 
portanto, se concretizar através da recusa em se escrever para um público burguês e uma plateia 
de massa. É necessário publicar para não ser lido, ou melhor, o "Artista somente aceita ser lido 
por outros artistas". Ou seja, a partir de um determinado momento, a literatura, ao recusar o 
determinante político, se constitui como uma prática específica e não só pela reestruturação 
política, mas também pela expansão do público - que redimensiona a relação escritor-leitor. 
A escrita como profissão instaura uma relação entre o escritor e o público e, paralelamente, 
favorece a emergência de instâncias de consagração da obra literária; Esse processo de 
“automização” (palavra de Leni) implica a configuração de um espaço institucionalizado, com 
regras próprias, cuja reivindicação principal é a ordem estética. 
Nesse sentido, a literatura se distancia tanto das demandas ideológicas (religiosa ou política), 
quanto de outras ordens (literatura de massa) e se caracteriza como uma esfera de "produção 
restrita" em oposição a uma esfera da grande produção, onde prevalece a lei econômica em 
resposta à demanda do público. 
Benjamin mostra que é nos cursos dos séculos XVIII e XIX que a arte adquire uma independência 
da qual não desfrutava até então. Ao perder o seu valor de culto, que a amarrava a uma função 
ornamental e religiosa, ela pode se constituir em espaço autônomo regido por regras próprias. 
Portanto, automizar, que significa distanciamento, separação, ruptura com a dependência externa 
que ditava no passado os destinos do trabalho artístico. O que importa sublinhar é que se trata de 
um movimento idêntico ao da literatura ao separar das forças sociais mais amplas, a esfera da 
arte se especializa e se confinanos limites definidos pela preocupação artística. 
O século XIX se caracteriza pela emergência de duas esferas distintas: uma de circulação restrita, 
vinculada à leitura e às artes, outra de circulação ampliada, de caráter comercial. O público se 
encontra, desta forma, em duas partes: de um lado, uma minoria de especialistas, de outro, uma 
massa de consumidores. Essa oposição não deixa de colocar em conflito os atores desses dois 
campos sociais. 
Dentro desse contexto, o escritor demonstra sua insatisfação com o público quando não aceita a 
cotação do mercado como elemento de medidas do valor estético da sua obra. 
Se compararmos o quadro cultural brasileiro com o europeu, observamos que não se justifica uma 
nítida diferenciação entre um polo de produção restrita e outro de produção ampliada. Devido à 
fragilidade do capitalismo existente, uma dimensão do mercado de bens simbólicos não consegue 
se expressar plenamente. Isso significa uma fraca divisão do trabalho intelectual e uma confusão 
de fronteiras entre as diversas áreas culturais. 
No Brasil, o escritor não podia "viver da literatura", o que o levava a exercer funções no magistério 
e nos cargos públicos. Para o escritor, o jornal desempenhava funções econômicas e sociais 
importantes; ele era fonte de renda e de prestígio. Devido à insuficiente institucionalização da 
esfera literária, temos um caso no qual um órgão voltado para a produção de massa se transforma 
em instância consagradora da legitimidade da obra literária. 
No Brasil, o Modernismo ocorre sem modernização. O Modernismo das nações desenvolvidas se 
constrói com o material diretamente derivado da modernização política e econômica. 
Memórias Póstumas de Brás Cubas 
Machado de Assis 
A narração é feita por um defunto, em que suas memórias são retratadas em primeira pessoa e 
ele mesmo se autodenomina um defunto-autor. Brás Cubas era da elite carioca e começa dando 
forma ao seu enredo por meio da dedicatória. Como ele mesmo ressalva, a obra é dedicada aos 
vermes que estão o roeram no seu túmulo. 
O livro segue contando a infância do autor que era rico, bem mimado pelos pais, podendo 
satisfazer todos os seus desejos e se vê apaixonado, aos 17 anos, por uma prostituta. É mandado 
pra Coimbra para estudar Direito e curar-se do amor indesejado pelos pais. Volta pela morte de 
sua mãe e, então, seu pai começa a encaminhá-lo a um casamento digno com Vigília. 
Antes de ser publicado como folhetim, é um antifolhetim, já que critica o modelo 
Para ser folhetim, deve-se ter um enredo, um gancho. No início da narrativa, tem que ter uma 
explicação do que aconteceu e, no final, um suspense para prender o leitor. 
Deve ter uma linguagem próxima da oral, para ser lido coletivamente e, um apelo emocional (é um 
tipo de texto que faz você se emocionar ao ler). 
O texto de Machado de Assis não tem essas características, ele é feito para você pensar e não se 
emocionar. É um antifolhetim. 
Machado de Assis é um admirador do jornal, e diz que esse pode vir a substituir o livro 
Há maior riqueza tipográfica no jornal - para chamar a atenção do leitor 
Neste livro ele quebra sempre com a expectativa do leitor, dialoga com o folhetim destruindo a 
literatura folhetinesca e há capítulos inúteis. 
Textos do Machado: 
 - linguagem rebuscada 
 - português clássico 
 - não tem nada para prender o leitor 
 - não tem ganho 
 - não tem suspense; é sempre um anticlímax 
 - não há expectativa 
 - não há enredo 
 - não tem apelo emocional, só intelectual 
 - sua única semelhança com o folhetim é ser publicado em capítulos 
Machado investe a lógica. Ele tem consciência do mercado de bens simbólicos e de sua; e sabe 
que seu texto não agrada. Ele escreve para o mercado restrito. Ele escreve uma obra dentro de 
uma perspectiva cética, em que ele se coloca como ilusão. O pessimismo está nele. 
Machado constrói um texto que formalmente tem característica do jornal, mas que não é um texto 
jornalístico. 
Há, no livro, ironia; e o folhetim não era irônico 
A digressão (quando começa no final e vai para o início, não tinha no folhetim) 
Recordações do escrivão Isaias Caminha 
Lima Barreto 
PESPECTIVA CÉTICA 
Seu segundo livro escrito e primeiro publicado. Ele chama toda a elite intelectual pra briga, mostra 
a mediocridade do jornal e de seus escritores. Faz uma caricatura do Correio da manhã, que é 
banido dos meios intelectuais, a não ser os intelectuais que o conhecem e continuam apostando 
nele. 
Cap VIII - depoimento do Lima sobre a redação do jornal na perspectiva de um homem que não 
faz parte desse grupo de seletos 
Descreve o Correio da Manhã, utilizando o nome do Globo: sala pequena, comprida, com muitos 
redatores e jornalistas escrevendo em mangas de camisa 
Nenhum jornal de grande circulação pode viver sem alguma colaboração do governo. 
O jornal tem dono, logo, ele publica a opinião de seu dono. 
Floc (João do Rio) e Dr. Lobo (Coelho Neto). Este segundo faz explicações gramaticais sem 
fundamento, mas por ser um gramático renomado, todos escutam. 
O primeiro se julgava mais artista que o resto que fazia literatura pelo Brasil. Ele fazia crônica 
literária (folhetim), crônicas teatrais dos espetáculos de todas celebridades, as informações sobre 
literatura e pintura, além do plantão semanal em que ajeitava frases lindamente literárias, dados 
da psicologia, etc. 
"Senti que tinha travado conhecimento com um engenhoso aparelho de aparições e eclipses, 
espécie complicado de tablado de mágica, provocando ilusões, glorificações.. Era a Imprensa, a 
Onipotente Imprensa, o quarto poder fora da Constituição."

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