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A formação do vínculo no atendimento odontológico.

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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Professor (a): Beatriz Sancovschi
Alunos (a): Caren Moreno; Ericles Santos; Larissa Valim e Laysla Martins.
A formação do vínculo no atendimento odontológico.
Relação profissional-paciente em odontologia
A relação profissional-paciente envolve três aspectos básicos significativos: a conduta clínica, os aspectos éticos e os parâmetros legais. Esses três aspectos auxiliam no estabelecimento de uma relação profissional-paciente baseado em direitos e deveres, para que os objetivos do tratamento odontológico sejam atingidos e preservados. 
Porém comuns casos em que profissionais são bons tecnicamente, o paciente tem a consciência da necessidade e mesmo com essa boa relação o tratamento odontológico não da certo. 
Naturalmente pessoas tem medo de dentista, porém esse medo pode ocorrer de forma mais evidente sobre determinados profissionais do que em outros. 
Transferência e Contratransferência
Entende-se por transferência um acontecimento na relação entre duas ou mais pessoas que, dependendo da intensidade, pode estar relacionado a experiências anteriores.
Do modo de vista profissional odontológico, essa transferência pode ser exposta em atitudes positivas ou negativas na relação dentista-paciente. Como transferência positiva, podem-se exemplificar casos em que o paciente valoriza o dentista e reconhece-o como alguém que pode trazer cura para seus problemas. Esse tipo de transferência faz com que o paciente tenha mais gosto de ir ao dentista, porém, o profissional deve saber manter a distancia sentimental e emocional necessária para que o vínculo entre ambos não se torne desagradável quando, por exemplo, o paciente não aceita que seu tratamento está no fim para poder continuar mantendo contato com o dentista. Já na transferência negativa, o paciente não crê que o dentista possa lhe trazer algo bom e o vê como incompetente, podendo, às vezes, existir sentimentos de inveja e/ou desprezo. 
A contratransferência refere-se à manifestação emocional do profissional em consequência de expressões afetivas vindas do paciente. Essa manifestação, assim como na transferência, pode ser positiva ou negativa. Na contratransferência negativa o dentista, ao permitir que seus sentimentos se exponham, pode se tornar agressivo com o paciente. Há casos exemplares de pacientes que despertam sentimentos ruins aos dentistas, como os que chegam sempre atrasados às consultas, ou crianças que não colaboram para um bom tratamento e ficam apenas gritando e se negando a abrir a boca. Nesses casos, o dentista deve saber controlar seus sentimentos, por mais difícil que seja, já que é uma característica de todo ser humano, para que não acabe descontando sua raiva no paciente. Um caso especial em que o profissional deve saber muito bem como controlar seus sentimentos contratrasferenciais e lidar com os transferências é o de pacientes com deficiência. Nesses casos, o dentista deve ser acompanhado de um fisioterapeuta e, por vezes, de um psicólogo. 
Caso clínico: 
A F. é uma criança de 11 anos, com paralisia facial que apresenta sintomas fortes causados pela paralisia. F. passou por atendimentos em um hospital universitário em São Paulo, e no primeiro ano não chegou a passar por qualquer intervenção odontológica. F. era considerada, pelos alunos, uma paciente extremamente difícil, que não possibilitava aproximações. Uma dupla de alunas assumiu o atendimento e se mostraram interessadas em cuidar de F. 
As alunas relataram que o primeiro encontro fora muito difícil pois assim que a colocaram na cadeira, a criança agitava os braços e pernas sem parar, batia a cabeça contra o apoio da cadeira odontológica, gritava e cuspia, complicando o trabalho das alunas. A psicóloga foi chamada após um tempo de atendimento à F. e, ao entrar na sala encontrou as alunas tentando segurar a criança a força, enquanto esta se debatia contra a cadeira. Quando a psicóloga começou a conversar com a dupla para entender oque estava acontecendo, foi relatado que F. não parava de cuspir, se debater e gritar. O quadro visualizado apresentava três pessoas em confronto com o estranho, o desconhecido; todas tentando se defender das aparentes ameaças. A hipótese da profissional era de que havia algo na atitude das alunas que estava provocando as reações de repulsa no comportamento apresentado por esta(cuspir, gritar). As alunas resumiram o encontro com F. alegando que ficaram muito surpresas com tudo oque tinham presenciado naquela consulta, e que o preconceito não era relacionado ao fato de ela ser uma criança especial e sim em relação ao novo, à novidade. Não sabiam como lidar com essa criança. Constataram que, para que relação com a paciente melhorasse era preciso que ambos os lados se aceitassem.
A partir dessa reflexão junto a psicóloga, as alunas perceberam que estavam assustadas com F., por esta não responder ao padrão de normalidade a qual estavam acostumadas e não confiavam em suas próprias capacidades de compreender os sinais de F. em relação a seus limites e possibilidades para poder, portanto, aprender com ela (por exemplo o fato de cuspir poderia ser umaforma de dizer não à situação). A dupla repensou suas atitudes, revendo sua conduta com F. Os dois atendimentos subsequentes foram acompanhados pela psicóloga e antecedidos e sucedidos por reuniões com as alunas, onde era discutido suas expectativas e a responsabilidade destas na relação com F. Com o tempo, as reações da criança foram mudando e as alunas podiam perceber sinais que oscilavam entre “sim”(colaborava, não se agitava) e “não”(movimentava o corpo de forma brusca, cuspia e se debatia). Esses sinais foram ficando mais sutis conforme as alunas eram capazes de percebê­los(uma expressão facial, um olhar forçado) e dessa forma, foram oferecendo outras opções, como o “talvez’’. O processo de aceitação não foi simples nem rápido. Foi se construindo através de uma constante reavaliação por parte das alunas, e pôde ser gradativamente percebido na melhora da qualidade da relação destas com F. e da possibilidade de realização do atendimento odontológico.
Esse tipo de vínculo com o paciente é de fundamental importância para que exista uma boa relação do mesmo com o dentista. Para ocorrer vínculo, tem que haver uma corresponsabilidade pelo que ocorre na relação, ou seja, uma representação mútua. 
Para o homem o vínculo vem desde os primórdios da vida com a comunicação entre feto e mãe via cordão umbilical e posteriormente esse cordão da origem a criação de cordões invisíveis entre seres que se julgam dependentes de vínculo. 
O vínculo ocorre entre duas pessoas e é influenciado por vinculações vivenciadas anteriormente por estas.

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