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O RESGATE DO ANIMISMO NA MODERNIDADE

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Universidade Federal do Pará 
Instituto de Ciências da Arte 
Faculdade de Artes Visuais 
Disciplina: História da Arte I 
Professor: Ubiraélcio da Silva Malheiros 
Aluna: Dóris Karoline Rocha da Costa 
 
O RESGATE DO ANIMISMO NA MODERNIDADE 
Focaremos agora no animismo presente na pintura neolítica pré-histórica e nas relações 
existentes entre o mesmo e o movimento artístico de vanguarda denominado futurismo. 
É certo que tal relação produza certa estranheza a princípio, já que um é sobre o passado 
e o outro é sobre o futuro, mas é fato que há uma aproximação entre ambos. De que 
forma? É o que trataremos no decorrer do texto explanando sobre as características 
individuais e depois as semelhanças. 
É preciso reconhecer o que se envolve quando se trata de animismo na arte. Na pré-
história o animismo surge quando a humanidade está enfrentando profundas 
transformações no seu espaço físico e na sua estrutura social, agora sedentária, refletindo 
sobre a percepção do homem que se descobre como parte de um mundo dual, onde existe 
a matéria e o espirito, espírito este que está por traz da força que movimenta todas as 
coisas, como também toda a vida, trazendo para o homem pré-histórico a preocupação 
com o além da matéria, com o além da vida e com o além do que lhe é visível. A ideia 
dessa vida e deste movimento produz na pintura neolítica da pré-história a tendência a 
abstrair, criando um mundo estilizado e idealizado, como diz Hauser e com a utilização 
de símbolos como forma de simplificação. 
De forma mais direta, podemos dizer que se reconhece o animismo na pintura neolítica 
por meio da abstração, geometria na expressão, leveza do traço com intenção de dar 
movimento, utilização de símbolos a fim de apenas transmitir uma ideia, sem detalhes, 
simbologia essa que mais tarde daria início a linguagem escrita. Todo esse dinamismo 
traduz se na pintura como um sopro de vida e movimentação e nos mostra como o homem 
passa a intelectualizar e racionalizar em arte. 
Quanto ao futurismo, tanto suas expressões arquitetônicas quanto pinturas, esculturas e 
obras literárias trazem consigo algumas características gerais. O futurismo é um dos 
movimentos de vanguarda europeia, e surge no início do século XX com o manifesto 
publicado no Le Fígaro de Paris, em fevereiro de 1909, pelo italiano Filippo Tommaso 
Marinetti no qual ele escreve: o esplendor do mundo se enriqueceu com uma nova beleza: 
a beleza da velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a Vitória de 
Samotrácia. O futurismo é uma negação ao antigo, reafirmando todas as mudanças 
causadas pelas revoluções industriais e suas consequências no modo de viver e se 
organizar na sociedade e no espaço 
 O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço bidimensional. Procura-se neste 
estilo expressar o movimento real, registrando a velocidade descrita pelas figuras em 
movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um automóvel, 
mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele no espaço. (CHIPP, 1993). 
Por exemplo, a arquitetura além de usar os traços para dar ideia de movimento às 
construções também “se volta para responder de forma técnica racional e funcional ao 
modo de vida de um tempo novo, que levou à construção exigências de maior 
pragmatismo (higiene, iluminação, saúde, ventilação, conforto), onde o interesse das 
massas se sobrepõe ao interesse individual” (CHIPP, 1993). Aqui no Brasil, temos o 
arquiteto que projetou Brasília: Oscar Niemeyer com todo o movimento, racionalização 
e a higiene de suas projeções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os aspectos da pintura que mais irão nos interessar para fins didáticos são: uso de cores 
vivas e contrastes; sobreposição de imagens, traços e pequenas deformações para passar 
a ideia de movimento e dinamismo. Além disso, há um diálogo evidente entre o futurismo 
e o cubismo. 
 
 
 
Oscar Niemeyer Casa Leonel Miranda, no Rio de Janeiro, projeto de 1955 
Dinamismo de um Cão na Coleira, Giacomo Balla, 1912, Albright-
Knox Art Gallery, Buffalo, New York. 
Retrato de Marinetti, Carlo Carrá, Coleção 
Particular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A literatura futurista é marcada pela destruição da sintaxe, dos conectivos e da pontuação, 
substituída por símbolos matemáticos e musicais, também não apresenta a métrica 
tradicional da poesia. A linguagem é espontânea e as frases são fragmentadas para 
expressar velocidade. Um os maiores nomes da literatura futurista é o russo Vladimir 
Maiakóvski, aqui um dos seus poemas: 
EU 
 
Nas calçadas pisadas 
 de minha alma 
passadas de loucos estalam 
calcâneo de frases ásperas 
 Onde 
 forcas 
 esganam cidades 
e em nós de nuvem coagulam 
 pescoços de torres 
 oblíquas 
só 
 soluçando eu avanço por vias que se encruz- 
 ilham 
à vista 
de cruci- 
fixos 
 
 polícias 
 
 
 
 
 
Trem Vermelho Cruzando a Vila, Gino Severini, 1915, 
Solomon R. Guggenheim Museum, New York. 
Dinamismo de um Jogador de Futebol, 
Umberto Boccioni, 1913, MoMA, New 
York. 
Marinetti também produziu literatura futurista: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Feito este apanhado geral, podemos agora relacionar animismo e futurismo. Algo chama 
bastante atenção quando começamos a comparar: quando Marinetti refere-se a Vitória 
Samotrácia, e sendo essa obra naturalista, ele quebra com esse estilo da mesma forma que 
há uma quebra na arte quando vamos do paleolítico (estilo naturalista) para o neolítico. 
O ponto principal que liga os dois estilos é o movimento, tanto a pintura neolítica quanto 
a arte futurista apresentam nos a ideia de dinamismo, com traços leves que parecem não 
concluídos, usando abstração, sobreposições. A natureza dos dois traz consigo um primor 
pela vivacidade da obra, concluímos isso pelo uso de cores “vulgares” em ambos e 
elementos racionalizados que pretendem transmitir uma ideia de forma essencial, como 
o movimento dos animais no período neolítico ou a rapidez de um automóvel na era 
industrial, que também nos revela a semelhança entre a retratação do cotidiano. Basta 
observar as obras futuristas e perceber o movimento e a vida neles. Há importante fator 
social tanto no animismo quanto no futurismo, que refletem uma série de transformações 
no aspecto de estrutura física e social. 
Além disso, da mesma forma que o futurismo e o cubismo, o animismo e o geometrismo 
dialogam, o cubismo e o geometrismo, fazendo o uso de elementos geométricos com as 
linhas e as formas geométricas em si. Algo que também se assemelha é a linguagem pré-
escrita do período neolítico e a literatura futurista. A ideia da literatura futurista de rapidez 
e o uso de símbolos atualmente é predominante na nossa linguagem escrita corriqueira 
que faz uso intenso de abreviações e símbolos (os famosos emojis). Há um paralelismo, 
se não pensarmos anacronicamente, entre a representação simbólica pré-histórica e a ideia 
de representação simbólica e rápida do futurismo. 
Por fim, no contexto histórico de ambos, as duas formas de fazer arte, provem de 
mudanças que rompem com o modo de vida, quebrando de forma fundamental com 
antigos hábitos, abrindo novos horizontes e construindo um novo rumo para a história. A 
pré-história acaba quando a escrita surge, e esta é fruto dos processos artísticos do período 
neolítico. O futurismo abre espaço para repensar a escrita e faz parte do que culminou na 
linguagem cibernética tão difundidaem tempos atuais. 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
HAUSER, A. (1951). História social da arte e da literatura. 2ª edição. São Paulo: Martins 
Fontes (2000). 1032 p. 
JASON, H.W.; JASON, A.F. (1996). Iniciação a história da arte. 2ª edição. São Paulo: 
Martins Fontes (1996). 475p. 
CHIPP, H.B. (1988). Teorias da Arte Moderna. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes 
(1988). 675 p.

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