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PEDAGOGIA HOSPITALAR A CLASSE HOSPITALAR E AS SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE 
FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA HOSPITALAR: A CLASSE HOSPITALAR E AS SUAS 
CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 
 
 
 
 
 
 
 
ALINE ZUIN CONTESA 
 
 
 
 
 
 
Capivari, SP 
2011 
 
 
 CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE 
FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA HOSPITALAR: A CLASSE HOSPITALAR E AS SUAS 
CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Pedagogia FACECAP/Capivari, para obtenção 
do título de Pedagogo, sob a orientação da 
Profª. Ms. Alessandra Rodrigues Garcia de 
Lucena. 
 
 
 
ALINE ZUIN CONTESA 
 
 
 
 
Capivari, SP 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Contesa, Aline Zuin 
 Pedagogia hospitalar: A classe hospitalar e as suas 
contribuições para o desenvolvimento da criança/ Aline Zuin 
Contesa. 
 Capivari-SP: CNEC, 2011. 
 41p. 
 
 Orientadora: Profª Ms. Alessandra Rodrigues G. 
Lucena 
 Monografia apresentada ao curso de Pedagogia. 
 
 1. Pedagogia Hospitalar. 2. Classe Hospitalar. 3. Aluno 
 Hospitalizado. I. Título 
 
 CDD 362.19892
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha família, ao meu namorado e a minha mãe em especial, 
pois sempre acreditou em mim e me deu força nos momentos em que mais precisei. 
Obrigada por estarem ao meu lado e acreditarem em mim! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTO 
 
 
Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado forças para atravessar o meu longo 
caminho durante esse três anos de faculdade. 
Aos meus pais Vilma e António, meus irmãos Rodrigo, Diogo e Michele, por me 
incentivar a concluir esse grande sonho. 
A minha sobrinha Monique que me fez acreditar ainda mais o quanto eu amo minha 
profissão. 
As minhas amigas que amo tanto, Vanessa, Bruna e Roberta, que aos três anos de 
faculdade sempre estiveram ao meu lado me ajudando e me apoiando nos momentos em que 
mais precisei. 
Ao meu namorado Jeferson que teve muita paciência, dedicação, respeito, amor, 
carinho, e esteve sempre ao meu lado. 
Á Professora Mestra Alessandra Rodrigues Garcia de Lucena, pela constante 
disponibilidade, pelas sugestões, esclarecimentos e ensinamentos que permitiram a realização 
deste trabalho. 
À Coordenadora do Curso de Pedagogia Teresa do Carmo Ferrari Bedendi, por toda a 
colaboração prestada e, sobretudo pela paciência, bondade e simpatia que acolheram as 
minhas infindas questões. 
E finalmente agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a 
realização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[...] Tudo mudou quando meu filho foi levado 
por uma de suas professoras para a classe 
hospitalar, ele adorava, ficava horas lá, se 
sentia seguro, feliz, esquecia de suas dores, 
tristezas, ele aprendia conteúdos escolares, 
brincava, cantava, a vida lá fora foi trazida para 
meu filho dentro do hospital, e isso deu lhe 
forças para superar suas cirurgias [...] 
DEPOIMENTO 1 
 
 
 
 
 
 
CONTESA, Aline Z. Pedagogia hospitalar: A classe hospitalar e as suas contribuições 
para o desenvolvimento da criança. Projeto de pesquisa de Monografia de Conclusão de 
Curso. Curso de Pedagogia. Faculdade Cenecista de Capivari – CNEC, p 41, 2011. 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho pretende mostrar a importância do pedagogo no ambiente 
hospitalar bem como as contribuições da classe hospitalar para o aluno hospitalizado. A 
justificativa da escolha do tema em questão se deu pelo fato de que muitas crianças e 
adolescentes perdem conteúdos escolares quando se encontram doentes gerando às vezes 
perda do ano letivo, bem como da busca de conhecimentos teóricos e científicos para a 
formação e atuação do pedagogo na continuidade do ensino escolar à criança hospitalizada, 
uma vez que se trata de uma atuação diferenciada onde as condições de aprendizagem fogem 
à rotina escolar. Dentro deste contexto, neste trabalho buscamos pesquisar quais 
especificidades este profissional deve ter para a sua atuação em uma classe hospitalar. Este 
estudo teve como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de 
campo. A pesquisa bibliográfica possibilita a busca de dizeres e saberes de diferentes autores 
sobre o tema, analisando e comparando seus estudos com o propósito da importância da 
pedagogia em ambiente hospitalar, com enfoque na classe hospitalar. Para isso, utilizou-se as 
obras dos seguintes autores: Assis (2009), Fonseca (2008), Matos e Torres (2010) e Matos e 
Mugiatti (2009). A pesquisa de campo foi realizada no hospital A.C.Camargo com o intuito 
de identificar e compreender as ações educativas lá realizadas. Para isso, diretora pedagógica 
da instituição foi entrevistada e participei de um curso ministrado pelas pedagogas que 
trabalham no hospital A.C.Camargo, as observações feitas durante este curso foram 
registradas em um diário de campo, para posteriormente serem analisadas. Com a realização 
deste trabalho foi possível verificar que as contribuições da classe hospitalar para o 
desenvolvimento do aluno hospitalizado são inúmeras e de grande relevância, possibilitando a 
melhora da qualidade de vida. 
 
 
 
Palavras-chave: 1. Pedagogia Hospitalar. 2. Classe Hospitalar. 3. Aluno hospitalizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10 
1. BREVE HISTÓRICO SOBRE A PEDAGOGIA HOSPITALAR................. 13 
 1.1 Como surgiu a pedagogia hospitalar ............................................................................. 13 
 1.2 A classe hospitalar: Sua definição e características....................................................... 15 
2. OS ATORES DA CLASSE HOSPITALAR: PEDAGOGO E ALUNO........ 18 
 2.1 O papel do pedagogo no ambiente hospitalar................................................................ 18 
 2.2 O perfil do aluno hospitalizado ..................................................................................... 19 
 2.3 A aprendizagem do aluno hospitalizado........................................................................ 21 
3. CONHECENDO A CLASSE HOSPITALAR ............................................... 22 
 3.1 Hospital A.C.Camargo .................................................................................................. 22 
 3.2 História do hospital A.C.Camargo ................................................................................ 23 
 3.3 Implantação da classe hospitalar no hospital A.C.Camargo ......................................... 24 
 3.4 A classe hospitalar e a brinquedoteca frente ao aluno hospitalizado ............................26 
 3.5 Funções e registros do espaço escolar no hospital ........................................................ 29 
 3.6 Disciplinas diversificadas na escola da pediatria .......................................................... 30 
 3.7 Como montar uma classe hospitalar.............................................................................. 32 
 3.8 Depoimentos.................................................................................................................. 33 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 35 
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 36 
ANEXOS............................................................................................................. 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Imagem 1 : Foto do hospital A.C.Camargo retirada do site 
http://www.trheped.com/brasil.html 
Imagem 2: classe hospitalar nos quartos de internação. 
Imagem 3: corredor dos quartos 
Imagem 4: corredor dos quartos 
Imagem 5: ambulatório onde se encontra uma das classes hospitalares 
Imagem 6: classe hospitalar no corredor dos quartos de internação 
Imagem 7: Projetos pedagógicos 
 
 10 
INTRODUÇÃO 
 
A pedagogia no Brasil vem ganhando seu espaço no mercado de trabalho, aos poucos, 
vai se acabando aquela idéia de que o professor só atua em espaço escolar, já podemos ver 
pedagogos atuando em diferentes áreas como, por exemplo, em empresas, ONGs, hospitais, 
fora do ambiente escolar, desenvolvendo seu trabalho em diferentes modalidades. Sendo 
assim, passou-se a denominar uma das áreas da Pedagogia constituída de ações educativas 
realizadas em espaços não escolares de Pedagogia em Espaços não Escolares. 
Segundo Libâneo (2001, p. 23) essa pedagogia traz a idéia de espaço não formal, pois 
é realizada em instituições educativas, fora da escola, mas com um grau distinto de 
sistematização e estruturação. 
Durante a graduação, participando da disciplina Pedagogia em Espaço Não Escolar, 
interessei-me pelos estudos ligados a ações educativas desenvolvidas em hospitais, onde 
crianças internadas e impossibilitadas de freqüentar a escola convivem. Tal cenário levou-me 
a refletir sobre algumas questões: essas crianças param de estudar, sente-se excluídas, como a 
educação no interior do hospital pode auxiliar o desenvolvimento da criança. 
Tais questões levaram-me a investigar mais sobre o tema e pude constatar que a 
pedagogia hospitalar é uma área da pedagogia que tem como objetivo proporcionar ao aluno 
hospitalizado a continuação do processo educativo iniciado na escola, para que ao retornar a 
escola não fique prejudicado. Esse processo de continuidade dos estudos se dá por meio da 
implementação da classe hospitalar, e junto com ela vem o espaço da brinquedoteca e a 
recreação, onde os pacientes internados têm seu momento de ludicidade e entretenimento. 
Verificou-se também que o paciente hospitalizado muitas vezes perde o ano letivo, 
abandona a escola, pois acreditam que não possuem capacidade de retornar ou de conviver 
com a doença e estudar. 
Considerando que o hospital é um ambiente de tristeza e dor, verifica-se que a 
pedagogia hospitalar pode transformá-lo em ambiente mais acolhedor e motivador, de 
alegria,proporcionando a criança ou adolescente melhora na sua auto-estima e no seu quadro 
de saúde. 
Segundo Ceccim (1999), todas as pessoas doentes continuam aprendendo, o trabalho 
do educador no hospital é de extrema importância, pois evita prejuízos maiores, e possibilita a 
inclusão educativa e social. 
Portanto, pode-se concluir que a classe hospitalar tem o intuito de levar uma sala de 
aula para o interior do hospital, aproximando o hospital da escola, dando continuidade aos 
 11 
estudos da criança internada, propiciando ao aluno hospitalizado a integração dos seus 
estudos, não sendo assim, excluído do trabalho realizado pela escola. 
Diante deste cenário é que surge esta pesquisa. 
Após a minha participação na disciplina de Pedagogia em Espaço Não Escolar é que 
ampliou-se o meu desejo de buscar conhecimento sobre a classe hospitalar e conhecer as 
práticas pedagógicas existentes neste espaço. 
Este tema causou-me instigação, pois falar sobre pedagogia hospitalar é de certa forma 
mostrar um pouco da realidade que vive uma criança ou adolescente internado. 
A partir destas considerações, estabeleceu-se os objetivos para esta pesquisa: 
• Identificar e conhecer a legislação referente à classe hospitalar; 
• Verificar os procedimentos para a implantação da classe hospitalar; 
• Promover reflexões acerca de um breve histórico sobre a classe hospitalar no 
Brasil; 
• Conhecer caminhos para a integração da classe hospitalar e a escola; 
• Identificar as atribuições do pedagogo na classe hospitalar; 
• Identificar as contribuições da classe hospitalar para o aluno hospitalizado. 
Para isso, torna-se relevante delimitar a questão central deste trabalho: Quais as 
contribuições da classe hospitalar para o desenvolvimento do aluno hospitalizado? 
Este estudo teve como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e a 
pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica possibilita a busca de dizeres e saberes de 
diferentes autores sobre o tema, analisando e comparando seus estudos com o propósito da 
importância da pedagogia em ambiente hospitalar, com enfoque na classe hospitalar. Para 
isso, utilizou-se as obras dos seguintes autores: Assis (2009), Fonseca (2008), Matos e Torres 
(2010) e Matos e Mugiatti (2009). 
A pesquisa de campo foi realizada no hospital A.C.Camargo com o intuito de 
identificar e compreender as ações educativas lá realizadas. Para isso, diretora pedagógica da 
instituição foi entrevistada e participei de um curso ministrado pelas pedagogas que trabalham 
no hospital A.C.Camargo, as observações feitas durante este curso foram registradas em um 
diário de campo, para posteriormente serem analisadas. 
O trabalho está organizado em três de capítulos. O primeiro capitulo discute sobre o 
surgimento e relevância da pedagogia hospitalar. No segundo capitulo é abordado como surge 
a classe hospitalar, seus procedimentos, organização e atribuições do pedagogo nesse espaço 
hospitalar. 
 12 
E para finalizar, no terceiro capitulo elaborei um relato sobre a minha observação e 
participação no curso, apontando as ações educativas desenvolvidas e discutindo as 
contribuições que promovem aos alunos participantes. 
Espera-se com este trabalho promover reflexões acerca da relevância da pedagogia 
hospitalar, destacando possibilidades de atuação do pedagogo fora do ambiente escolar, em 
ambiente hospitalar bem como a relevância deste trabalho ser realizado no hospital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
CAPÍTULO 1 
 
BREVE HISTÓRICO SOBRE A PEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
O presente capítulo tem como objetivo promover uma breve reflexão quanto à origem 
da pedagogia hospitalar no Brasil, destacando a legislação vigente sobre a questão. 
 
1.1 Como surgiu a pedagogia hospitalar 
 
Segundo Esteves (2011), em 1935 Henri Sallier inaugurou a primeira escola voltada á 
crianças que se encontravam abandonadas sem atendimento escolar em Paris. Tal atitude foi 
tomada devido à Segunda Guerra Mundial, onde muitas pessoas morreram, deixando seus 
filhos órfãos nos hospitais. Diante disto, Sallier decidiu levar para o interior do hospital ações 
pedagógicas, que promovessem o aprendizado daquelas crianças, ocupando o tempo ocioso. 
Seu exemplo foi seguido por toda Europa. 
Em 1939 foi criado a C.N.E.F.E.I. – Centro Nacionalde Estudos e de Formação para a 
infância Inadaptadas de Seresnes, que teve por objetivo formar professores qualificados para 
trabalhar em instituições especiais e em hospitais. Neste mesmo ano criou-se na França, 
juntamente com o Ministério da Educação, o cargo de professor hospitalar, com o objetivo de 
mostrar que a escola não é um espaço fechado, proporcionando a professores, diretores, 
assistentes sociais, o direito de trabalhar no ambiente hospitalar. (ESTEVES, 2011). 
Este movimento chega ao Brasil tardiamente. Segundo Matos e Torres (2010), em 
1950, na cidade do Rio de Janeiro, surge a primeira classe hospitalar pertencente ao hospital 
Municipal Jesus, com ajuda da professora Lecy Rittmeyer. No início, o atendimento 
educacional atendia crianças que apresentavam internações prolongadas. A partir de 1958 o 
Departamento de Educação disponibilizou ao hospital mais uma professora para trabalhar 
com as crianças hospitalizadas. 
No Brasil, atualmente, encontra-se em vários hospitais a implantação de classes 
hospitalares. 
 
[...] cerca de dez Estados e o Distrito Federal oferecem atendimento escolar em 
hospitais. É válido lembrar que varias ações dessa ordem ocorrem de maneira 
informal nos hospitais, com o auxílio dos serviços de voluntariados, que, na 
tentativa de suprir as necessidades das crianças em tratamento, buscam a escola 
como um meio de transpor a doença. (MATOS E TORRES, 2010, p. 93 apud 
FONSECA, 1999, p. 8). 
 14 
Somente em 1995, com o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente 
hospitalizado, que se deu por meio da resolução nº 41, de 13 de outubro de 1995, (Brasil, 
1995), é que se tem a consolidação do direito da criança hospitalizada frequentar a classe 
hospitalar, dando continuidade aos seus estudos. 
O parágrafo 9º desta resolução diz: “O aluno tem o direito de desfrutar de alguma 
forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo 
escolar durante sua permanência hospitalar”. Diante disto, legalmente, toda criança passou a 
ter o direito de continuar com seus estudos mesmo estando hospitalizada. 
Esta resolução também esclarece as finalidades do trabalho desenvolvido pela classe 
hospitalar, que é possibilitar a criança hospitalizada a sua integração e continuidade dos 
estudos escolares. 
 A resolução nº 41, de 13 de outubro de 1995, também esclarece os demais direitos da 
criança e adolescente hospitalizado: 
 
9. Direito a desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a 
saúde, acompanhamento do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar. 
 
Para tanto, é de extrema importância que se faça cumprir essa lei, para que o aluno 
hospitalizado venha a ter garantido seus direitos. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96 esclarece que toda 
criança deve ter todas as oportunidades possíveis para que os processos de desenvolvimento e 
aprendizagem não sejam suspensos. Portanto, se a criança é internada, ela tem o direito de 
receber as condições necessárias, oportunidade de desenvolvimento do processo educativo. 
Pode-se dizer que a LDB 9394/96 abre possibilidades de construção de trabalhos pedagógicos 
em ambiente hospitalar. 
Assis (2009) diz que a lei Estadual n° 10.685, de 30.11.2000, dispõe que toda criança e 
adolescente internados têm o direito ao acompanhamento educacional. Esta lei aponta 
também que a criança hospitalizada somente terá direito ao acompanhamento pedagógico se 
estiver devidamente matriculada no ensino fundamental. Essa lei contradiz as demais leis que 
visa atender pedagogicamente os pacientes internados por tempo prolongado. 
 Assis (2009), no parecer da CNE-CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO e 
CNB- CONSELHO NACIONAL BÁSICO nº. 17/2001, que trata das Diretrizes Nacionais 
para a educação Especial na Educação Básica diz: 
 
 15 
O atendimento educacional especializado pode ocorrer fora do espaço escolar, sendo 
nesses casos, certificada a freqüência do aluno mediante relatório do professor que o 
atende: 
a) Classe hospitalar: serviço destinado a prover, mediante atendimento 
especializado, a educação escolar de alunos impossibilitados de freqüentar as aulas 
em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou atendimento 
ambulatorial. 
b) Ambiente domiciliar: serviço destinado a viabilizar, mediante atendimento 
especializado, a educação escolar de alunos que estejam impossibilitados de 
freqüentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique permanência 
prolongada em domicilio. ( ASSIS, 2009, p. 22-23, apud MEC/SEESP, 2004, p.24). 
 
Portanto, torna-se relevante a presença do pedagogo no espaço hospitalar, pois além de 
levar os conteúdos escolares às crianças ou adolescentes hospitalizados, também transforma o 
ambiente de dor em momentos de alegria, descontração, aprendizado, auto-estima, para o 
aluno internado. 
Matos e Muggiatti (2008) destacam a importância da educação hospitalar, pois 
consideram a educação mediadora de transformações sociais, permitindo buscar uma 
sociedade mais justa, que procura atender um público alvo de crianças, jovens, adultos, em 
tratamento longo hospitalar, valorizando seus direitos a educação e a saúde. 
 Com o intuito de orientar os pedagogos hospitalares, em 2002, o Ministério da 
Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento de 
estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares, assegurando o acesso á 
educação básica. 
 
1.2. A classe hospitalar: sua definição e características. 
 
 O documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares 
diz: 
 
 Denomina-se classe hospitalar o atendimento pedagógico-educacional que ocorre 
em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstancia de internação, como 
tradicionalmente conhecida, seja na circunstancia do atendimento em hospital-dia e 
hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental. (ASSIS, 2009, 
p.23 apud MEC/SEESP, 2002, p. 13). 
 
 
Assis define que o papel da classe hospitalar: 
 
 
 
 16 
[...] pode e deve se valer de projetos lúdicos e atividades recreativas como 
ferramentas para provocar o desenvolvimento e a aprendizagem, no entanto, seu 
ponto central é a pratica educativa; ela está vinculada ao sistema de ensino como 
um atendimento educacional especializado e ao sistema de saúde como um 
programa de atenção integral aos educandos em tratamento nas instituições 
hospitalares e congêneres. (ASSIS, 2009, p. 30). 
 
Para Assis (2009), é muito importante assegurar na classe hospitalar o vinculo escolar 
entre hospital e escola, com o objetivo de proporcionar ao aluno internado a continuação dos 
conteúdos escolares da melhor forma possível. 
Segundo Fonseca (2008) denomina-se classe hospitalar o processo que objetiva 
atender pedagógico-educacionalmente, às necessidades do desenvolvimento psíquico e 
cognitivo de crianças e jovens que necessitam de atendimento hospitalar prolongado. 
 Assis (2009) coloca que juntamente com a classe hospitalar, as ações desenvolvidas 
por meio da brinquedoteca e da recreação, andam de mãos dadas e podem auxiliar o aluno no 
seu desenvolvimento e auxiliando na melhora do seu quadro de saúde. 
 
[...] Tanto a classe hospitalar como a brinquedoteca preocupam-se com o 
atendimento mais humano à pessoa hospitalizada e seus familiares, fortalecendo 
interações pessoais e minimizando os impactos causados pelo contexto da 
enfermidade. (ASSIS,2009 p. 28). 
 
O autor coloca também que toda classe hospitalar pode e deve desenvolver projetos 
lúdicos e recreativos com o intuito de provocar o processo de aprendizagem do aluno, cujo 
ponto central é sua necessidade pedagógica. 
 De acordo com Mattos e Migiatti (2009), o hospital-escola constitui-senum espaço 
alternativo que vai além da escola e do hospital, proporcionando ao aluno hospitalizado a 
integração, prestando ajuda não só na escolaridade e na internação, mas em outros aspectos 
decorrentes de seu afastamento do cotidiano. 
 Outro ponto importante a destacar quando falamos de classe hospitalar é de como 
pode ser implantada e de que forma ela funciona. 
 
O espaço físico utilizado pelo professor deve ser cuidado. Se o professor não dispõe 
de espaço físico próprio e atende a seus alunos na enfermaria, pode valer-se de uma 
mesa e cadeiras, ou colchonete para criar seu espaço de aula que, diariamente é 
montado ao inicio das atividades pedagógico-educacionais e desmontado ao final 
delas. O professor pode dispor os trabalhos realizados pela criança nas paredes 
próximas a este espaço utilizado como sala de aula, assim como pode colocar tais 
produções nas próprias camas das crianças que as realizam. Claro que, para tal, o 
professor deve verificar junto ao profissional de saúde a possibilidade de fazê-lo o 
que, em geral, é permitido e muito valorizado. (FONSECA, 2008, p. 51). 
 
 17 
O autor defende ainda que quando o professor tem uma sala especifica deve de todas 
as formas manter essa sala organizada para suprir as necessidades dos alunos ali inclusos, 
tentando da melhor forma possível que todos possam ser atendidos adequadamente, sem se 
esquecer dos limites de cada uma. 
Infelizmente, o que podemos ver em relação a classe hospitalar é que muito se precisa 
fazer para mudar essa realidade, pois os alunos internados em muitos casos não tem local 
adequado para ser atendido na classe hospitalar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
CAPÍTULO 02 
OS ATORES DA CLASSE HOSPITALAR: PEDAGOGO E ALUNO 
 
Este capítulo tem o intuito de discutir e promover reflexões acerca das atribuições e 
perfil do pedagogo hospitalar e apontar as características do aluno hospitalizado. 
 
2.1. O papel do pedagogo no ambiente hospitalar 
 
Mattos e Mugiatti (2009) coloca que a Pedagogia Hospitalar busca compreender os 
processos necessários á educação de crianças e adolescentes hospitalizados, de modo a 
desenvolver uma atenção pedagógica aos alunos que se encontram nesta condição, 
possibilitando alcançar os objetivos estabelecidos. 
 Para isso, o pedagogo possui atribuições que permitem desenvolver o seu trabalho. 
Segundo Assis (2009 p. 92) os principais objetivos desse atendimento são: 
 
- Dar início ou continuidade aos estudos regulares, considerando-se as necessidades 
especiais de cada aluno/ paciente. 
- Diminuir traumas psicológicos resultantes da enfermidade, da internação ou da 
reinternação, possibilitando o desenvolvimento integral do educando hospitalizado. 
- Manter o nível de vida tão normal quanto possível, enquanto o aluno permanecer 
no hospital, respeitando sua fase evolutiva e seu grau de compreensão. 
- Facilitar a inclusão no ambiente familiar, escolar e social, quando do processo da 
alta hospitalar, atentando para os obstáculos de ordem física e de relacionamento. 
 
Para que o objetivo em relação ao desenvolvimento do aluno hospitalizado seja 
alcançado, o professor deve levar em consideração que: 
- Não deve interromper o processo de aprendizagem da criança, possibilitando assim 
que no futuro, ela possa ser reintegrada a sala de aula; 
- Deve-se contribuir para a educação da criança e lhe atribuir responsabilidades 
educacionais; 
- Conscientizar o paciente, a professora e a família quanto à necessidade dos estudos 
após hospitalização nos casos possíveis. 
Esses objetivos, entre outros, relacionam-se não só com a aquisição de conhecimento 
formais e continuidade do estudo, mas também com o desenvolvimento cognitivo da criança 
hospitalizada. 
Temos que levar em conta que o afeto no período de internação, que representa um 
momento delicado da vida é muito importante, mas temos de deixar bem claro que o professor 
 19 
tem que exercer o papel de educador e não de mãe substituta, tia, psicóloga, ou até mesmo 
uma recreacionista, cabendo ao pedagogo uma escuta pedagógica que autoriza um sentimento 
de aprendizagem, processo, avanço, transposição do não sei, para o agora sei. 
Fonseca acredita que: 
 
O professor da escola hospitalar é, antes de tudo, um mediador das internações da 
criança com o ambiente hospitalar. Por isso não lhe deve faltar, além de sólido 
conhecimento das especificidades da área de educação, noções sobre as técnicas e 
terapêuticas que fazem parte da rotina da enfermaria, e sobre as doenças que 
acometem seus alunos e os problemas (mesmo os emocionais) delas decorrentes, 
tanto as crianças como também para os familiares e para as perspectivas de vida 
fora do hospital. (FONSECA, 2008, p.29). 
 
Portanto, a formação profissional do pedagogo hospitalar é de grande importância para 
o bom desenvolvimento da prática educativa, pois é com essa formação que realizará projetos 
e atividades didáticas que contribuirão para o desenvolvimento dos educandos hospitalizados, 
aprimorando seu trabalho. 
 
2. 2 O perfil do aluno hospitalizado. 
 
 Existe uma infinidade de patologias infanto-juvenis que se encontram num mesmo 
ambiente de atendimento médico-hospitalar, para tanto é necessário que as práticas 
pedagógicas também sejam diferenciadas de acordo com as necessidades e especificidade de 
cada criança. 
 Fontes (2002) coloca que há três grupos de crianças internadas; primeiro as que 
apresentem graves problemas físicos, afetivos, sociais, cognitivos, e que permanecem durante 
muito tempo no hospital. O segundo grupo é constituído por aquelas que apresentam 
comprometimentos moderados e que tem permanência média de quinze dias de internação, e 
por fim aquelas que apresentam comprometimentos leves e que ficam internadas por pouco 
tempo. 
 Segundo Fonseca (2008), houve uma pesquisa em 1997, que levantou dados da causa 
que leva os alunos a serem internados por tempo prolongados, são as seguintes doenças: 
renais 8%, desnutrição com 11%, problemas oncológicos com 13%, problemas 
gastrointestinais com 14%, pneumonia com 17%, também podemos concluir que 24% das 
outras doenças se referem a crônicas, graves ou letais. As demais doenças como ortopédicos, 
doenças cardíacas ou congênitas, dentre outras equivalem a 37% . 
 20 
A criança ou adolescente passa por sérias dificuldades em sua internação onde a dor e 
a doença estão mais presentes do que a vida normal, encontra-se fora dos padrões de saúde e 
fora do seu cotidiano, portanto o seu processo de desenvolvimento fica alterado, pois está 
longe da família, dos amigos, da escola e da casa, acarretando vários problemas psicológicos, 
podendo levar o paciente a ter a sensação de abandono, sentimento de culpa, depressão e 
ansiedade. 
 Desta forma, Fonseca chama a atenção: 
 
[...] Não poderíamos, então considerar que o aluno da escola hospitalar é uma 
criança de risco? Risco à saúde mental. Risco em relação à visão que seus familiares 
possam ter dela. Risco a sua auto-estima. Risco à utilização plena de seu potencial, 
apesar das limitações impostas pelo adoecimento. (FONSECA, 2008, p 33). 
 
 
 É muito importante para o aluno hospitalizado que se tenha o acompanhamento 
médico e pedagógico interagindo juntos, para que a criança sinta-se inserida no meio social, 
sinta-se útil e produtiva, causando melhora no seu quadro de saúde. 
 A família também deve ser preparada para lidar com essa situação, preocupada não 
somente com a doença da criança e sim com seu bem estar. 
 Fonseca destaca que: 
 
A complexidade do aluno da escola hospitalar não deixa de assemelhar-se à 
complexidadeque encontramos no alunado da escola regular. Mas, para o aluno 
hospitalizado, as relações de aprendizagem numa escola hospitalar são injeções de 
ânimo, remédio contra os sentimentos de abandono e isolamento, infusão de 
coragem, instilação de confiança no seu progresso e em suas capacidades. E a 
qualidade das aulas vai ao encontro do quanto atendem às necessidades e interesses 
enquanto vivenciando o período de hospitalização. É a criança ou adolescente 
doente quem sinaliza quando precisa descansar ou quando se sente enfraquecido. 
Por outro lado, também sinaliza quando necessita de maior estimulo e de novas 
convocações ao desejo de saber, de aprender e de recuperar-se. (FONSECA, 2008, 
p, 34). 
 
 
 Neste momento, entra em ação a pedagogia hospitalar, onde o papel do pedagogo é 
mediar o processo educativo dessa criança ou adolescente para que se sinta capaz de produzir 
conhecimento e enfrentar os obstáculos que virão pela frente sem muito sofrimento. 
 
 
 
 
 21 
2.3 A aprendizagem do aluno hospitalizado. 
 
É muito importante que o educador ao se deparar com o aluno hospitalizado, saiba 
respeitar os limites dessa criança de maneira que não venha a prejudicá-la em seu rendimento 
tanto na melhora de seu quadro de saúde quanto seu rendimento na classe hospitalar. 
Para Fonseca (2000. p.47): “O tempo de aprender é o tempo do aluno [...] a sala de 
aula é do tamanho do mundo, no caso da sala de aula da classe hospitalar, serve como 
mediadora à possibilidade da criança de plugar-se com o mundo fora do hospital”. 
 A hospitalização causa de maneira brusca uma interrupção na vida cotidiana do aluno 
hospitalizado, pois ele passa a vivenciar uma realidade muito diferente da qual está habituado. 
 É nesse momento então que faz-se necessária a ação pedagógica hospitalar, que por 
sua vez representará um elo entre o aluno e a escola convencional. Para que se alcance o 
objetivo esperado é necessário que este trabalho seja desenvolvido com base no diálogo dos 
envolvidos. 
 De acordo com Matos e Muggiati (2008, p.69): 
 
 [...] a atenção pedagógica, mediante a comunicação e diálogo, é essencial para o ato 
educativo e se propõe a ajudar a criança ou adolescente hospitalizado para que, 
imerso na situação negativa que atravessa no momento, possa se desenvolver em 
suas dimensões possíveis de educação continuada, como uma proposta de 
enriquecimento pessoal. 
 
 Portanto, constata-se que o pedagogo hospitalar, assim como as outras especialidades, 
deve conhecer o desenvolvimento do aluno bem como a enfermidade que possui para que 
possa organizar atividades que contemplem as necessidades do educando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
CAPÍTULO 03 
 
CONHECENDO A CLASSE HOSPITALAR 
 
A pesquisa de campo, a qual trataremos neste capítulo, é peça fundamental para este 
trabalho, pois possibilitou agregar novos olhares acerca da atual situação das classes 
hospitalares em nosso país. Para isso, parti de uma análise buscando entender o contexto de 
como se desenvolve o trabalho do pedagogo em ambiente hospitalar, e suas contribuições ao 
aluno hospitalizado. 
A pesquisa de campo é de suma significância, pois se tornou uma importante 
ferramenta de estudo frente à escassez de classes hospitalares em nossos hospitais, 
principalmente na região de Capivari, onde tive mais dificuldade em encontrar este tipo de 
trabalho em hospitais. 
Neste capítulo apresentarei as observações vivenciadas no espaço hospitalar, no qual 
se buscou responder as seguintes questões levantadas: Qual é o papel do pedagogo no 
ambiente hospitalar? Quem são os profissionais dessa área? Quais suas contribuições para o 
aluno hospitalizado? O hospital oferece estrutura física para as crianças internadas em relação 
à classe hospitalar? 
 As informações aqui expostas partem da observação realizada em uma palestra e 
seminários integradores que fiz no hospital de São Paulo, chamado “A.C.Camargo”. Este 
hospital tem como principal objetivo o tratamento de pessoas com Câncer. Pude observar 
como funciona a classe hospitalar deste hospital e depoimentos de pessoas que já passaram 
por lá trazendo relatos sobre as contribuições do trabalho desenvolvido na classe hospitalar 
para os alunos que lá estão internados. 
 
3.1 Hospital A.C.Camargo. 
 
O Hospital Antonio Candido Camargo, conhecido como A. C. Camargo, é uma 
Instituição mantida pela Fundação Antônio Prudente, é um dos principais centros de 
diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa sobre o câncer na América Latina. Erguido no 
início dos anos 50, é resultado do empenho de visionários que juntaram forças para conduzir o 
primeiro hospital brasileiro voltado ao tratamento oncológico1. 
 
1
 Estas informações foram consultadas no site http://www.hcanc.org.br/index.php?page=7. 24 jul. 2011. 
 23 
Está localizado em São Paulo, bairro Liberdade, como veremos na foto abaixo: 
 
 
Imagem 1: Hospítal A.C.Camargo 
3.2 História do Hospital A.C.Camargo. 
Tudo começou em 1934, quando o Prof. Dr. Antonio Cândido de Camargo, da 
Faculdade de Medicina da USP, lançou a semente da Associação Paulista de Combate ao 
Câncer. A APCC teve seu primeiro estatuto social em 1936 e buscava combater os tumores 
malignos através de assistência médica hospitalar, difusão de informação, preparo de 
educadores voluntários e leigos e aperfeiçoamento de médicos e técnicos na área de 
Oncologia. 
Antônio Prudente, jovem e renomado cirurgião, discípulo de A. C. Camargo, trazia 
consigo a idéia de fundar um hospital para tratar o câncer. Em 1943 conseguiram-se os 
primeiros 100 contos de Réis. Depois vieram as campanhas para a arrecadação de fundos, 
com destaque para o donativo oferecido pelo Comendador Martinelli, tratado pelo cirurgião 
Prudente, de 1.000 Contos de Réis. 
Em 1946, a jornalista Carmen Prudente, já então casada com Antônio, cria a Rede 
Feminina de Combate ao Câncer e envolve boa parcela da população de São Paulo em torno 
da construção do hospital. 
Um jovem estudante de Medicina, Humberto Torloni, filho de imigrantes italianos, 
vence o concurso de arrecadação de fundos e como prêmio ganha uma bolsa de estudos nos 
Estados Unidos, quando volta ao Brasil oferece-se a fazer parte da equipe da Fundação 
Antonio Prudente, tornando-se um grande e renomado icone do Hospital A. C. Camargo. 
 24 
No dia 23 de abril de 1953 entrava em funcionamento o Instituto Central - Hospital A. 
C. Camargo. Era o 1º. hospital de São Paulo erguido pela população e voltado para ela, sem 
distinções. 
O corpo clínico do Hospital era constituído de 54 médicos efetivos, selecionados por 
Prudente. Compunham também a equipe cinco consultantes e 16 médicos residentes, 
distribuídos em 5 departamentos: Cirurgia (três serviços), Medicina, Radiologia, Anatomia 
Patológica e Patologia Clínica. No ano de 1955 formava-se a 1ª turma de Residência Médica. 
Em 21 de novembro de 1961, o Hospital é considerado Instituto Complementar da USP e a 
Residência Médica como curso de Extensão Universitária, credenciada oficialmente pelo 
MEC. 
No ano de 1973 a APCC é transformada em Fundação Antônio Prudente, hoje 
entidade filantrópica reconhecida oficialmente. Seu Conselho Curador elege, periodicamente, 
a Diretoria Executiva do Hospital e supervisiona sua gestão. 
Nestes 53 anos, o Hospital do Câncer A. C. Camargo e a Fundação Antônio Prudente 
vêm fazendo do Brasil um dos países de destaque no diagnóstico, tratamento e pesquisas 
sobre o câncer, com uma contribuição científica e geração de conhecimento comparável à das 
mais renomadas instituições oncológicas internacionais2. 
3.3 Implantação da classe hospitalar no hospital A.C Camargo. 
A escola de pediatria foi fundada em 1987 pelainiciativa da Sra. Carmem Prudente e 
pela Sra. Maria Genoveva Vello. Inicialmente foi firmado um convênio entre o hospital do 
Câncer e a Prefeitura de São Paulo – SME e, posteriormente em 1992, com a Secretaria de 
Estado de Educação com a cessão de 2 professoras. 
Atualmente conta com 10 professoras da Secretaria Municipal de Educação de São 
Paulo (SME) e 6 professoras da Secretaria de Estado de Educação – Governo do Estado de 
São Paulo. 
Em 2004 com o crescimento da Escola da Pediatria, a equipe de professores iniciou o 
processo de construção de projeto politico pedagógico, que considerasse a realidade 
hospitalar. 
 
2Esta pesquisa foi consultada no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_AC_Camargo em 24 jul. 2011. 
 
 25 
Em função das caracteristicas da demanda do hospital, que se configura numa ampla 
faixa etária e pelo fato da mesma ter origem em diversos estados do Brasil, optou-se em 
desenvolver um projeto que abarcasse o desenvolvimento infantil em todos os seus aspectos. 
Iniciou-se a construção deste projeto fazendo uma busca dos referenciais teóricos que 
pudessem subsidiar a atuação considerando o processo de ensino/aprendizagem e 
desenvolvimento no âmbito hospitalar. Sendo assim, a equipe pedagógico utilizou as ideias 
dos seguintes autores: Jean Piaget, Lev S. Vygotsky, Henri Wallon e Paulo Freire. 
Criou-se então, a classe hospitalar neste hospital com o intuito de atender as crianças 
que se encontravam por muito tempo fora da escola devido sua internação. O atendimento ao 
aluno hospitalizado completou 24 anos de história e dedicação, superando todos os obstáculos 
junto a criança internada. A classe hospitalar do hospital A.C.Camargo se chama: “Escola 
Especializada Schwester Heine”, conhecida como escola da pediatria. 
 A atuação pedagógica está organizada da seguinte forma: 
• Atividade lúdica (jogos, brinquedos, CD room, video-game, desenhos). 
• Atividade artística. 
• Atividade escolar (vinculada à escola de origem ou com base no currículo da escola 
de origem). 
• Atividade pedagógica (atividade organizada pelas professoras do hospital vinculada 
ao seu programa). 
• Apoio pedagógico (atendimento à pacientes com dificuldades de aprendizagem). 
• Orientação aos pais. 
• Orientação a escola. 
• Encaminhamento e organização de recursos de apoio ao aluno. 
No local onde se localiza uma das classes hospitalares fica os quartos de internação, 
neste espaço pude observar nos corredores muitos desenhos, todos bem coloridos com o 
intuito de trasformar o ambiente em algo mais agradável e significativo para as crianças, 
como podemos observar nas imagens 2,3 e 4: 
 
 
 26 
 
Imagem 2: classe hospitalar nos quartos Imagem 3: corredor dos quartos 
 de internação. 
 
Imagem 4: corredor dos quartos 
 
3.4 A classe hospitalar e a briquedoteca frente ao aluno hospitalizado. 
Quando a criança chega ao hospital, encontra-se insegura, com medo, dor, angustia, 
desconforto, temores, etc. Entram então em ação as pedagogas, que inicialmente têm como 
objetivo de apresentar a classe hospitalar para essa criança, convidando-a a participar. 
Pretendendo-se que as atividades propostas amenizem os sintomas ruins, mesmo que por 
algumas horas, transformado em momento de vida social, viabilização do aprendizado, 
distração, recreação, perspctiva do futuro, lazer, diversão. 
A classe hospitalar amplia a assistência no contexto da humanização, minimizando o 
impacto da doença e repercussão no tratamento impedindo a segregação. 
As professoras agem em parceria com a equipe médica, que é fundamental, pois estão 
sempre preocupadas na melhora do quadro de saúde da criança internada, e aplicam as 
atividades de acordo com a possibilidade de cada um, ou seja, o aluno vai até a classe 
 27 
hospitalar quando se encontra disposto e está bem, sem dores, por esse motivo é que não se 
tem horário fixo no atendimento a essas crianças. 
Encontra-se neste hospital três espaços onde estão localizadas as classes hospitalares. 
A primeira classe fica no espaço chamado de internação, e é denominado de “Escola da 
Pediatria”, é a maior das três classes, com capacidade maior de atendimento as crianças. 
A segunda se encontra no ambulatório, onde as crianças vão para trocar algum 
curativo, tomar medicamento entre outros procedimentos ambulátoriais. Este espaço é um 
pouco menor, devido a isso atende um número inferior de crianças. O terceiro espaço 
encontra-se no laboratório, onde as crianças vão fazer exames. Muitas delas até já sairam do 
hospital devido sua recuperação, e este distrai as crianças com jogos, atividades enquanto 
esperam para serem atendidas. 
Veja na foto a seguir os espaços onde estão implantadas as classes hospitalares. 
 
 
 Imagem 5: ambulatório onde se encontra uma das classes hospitalares 
 
 
 28 
 
 Imagem 6: classe hospitalar no corredor dos quartos de internação 
 
Nestes três espaços as classes hospitalares contam com diversos recursos como: 
brinquedos, jogos, computadores, atividades escolares, entre outros. Atendendo a faixa etária 
de 0 à 21 anos de idade. 
A brinquedoteca e classe hospitalar ficam no mesmo espaço nas três salas de 
atendimento. Estes espaços são constituidos por brinquedos e jogos para diversas idades. É 
possivel perceber que há uma variedade grande de brinquedos. 
 Os brinquedos são para crianças de 0 à 10 anos de idade. Há brinquedos musicais, de 
encaixar as peças, bonecas, carrinhos, casa de boneca, pista de corrida, bolas, bonecos, 
carrinho de boneca, ursinho, lava-lousa, carimbo, carrinho de miniatura, uma diversidade 
enorme de brinquedos que fica até dificil de descrever todos. 
Os jogos também têm uma variação enorme. Há jogos de 0 a 2 anos de idade que se 
caracterizam como jogos sonoros, visual, tatil, ofativo, gustativo, motor, e de manipulação. 
Há também jogos de 2 a 4 anos de idade que se carcterizam como simbólico, faz de conta, de 
papéis possibilitando a interpretação, onde a criança fantasia e imagina. 
Encontramos também jogos de 4 a 6 anos de idade que se carcterizam como jogos de 
construção, ordenação, montagem mecânica, eletromecânica, acoplagem científica e artistica, 
etc. E Jogos de 6 a 8 anos de idade que se caracterizam como jogos de regras simples, e são 
eles dominó, memóra, sequência, circuito, entre outros. 
Por fim, há jogos de 6 a 100 anos de idade onde as regras são mais complexas, e 
alguns deles são jogos de reflexão, matemáticos, perguntas e respostas, sorte, etc. 
A equipe pedagógica do hospital considera que o brincar possibilita as crianças a 
participar, aprender sem medo do fracasso, oportunidades de vivenciar novas experiências 
destinadas a reestruturar o conhecimento. 
 29 
O atendimento na classe hospitalar ocorre também com o objetivo de dar continuidade 
aos conteúdos escolares de cada aluno, favorecendo seu retorno a escola regular após o 
tratamento. 
Diante disso, constata-se a relevância do trabalho da classe hospitalar, possibilitando a 
inclusão da criança doente internada. Para tal, verifica-se que as atribuições do pedagogo 
hospitalar são muitas, e requer deste profissional um olhar sensível e personalizado a cada 
paciente, buscando o melhor para seus alunos. 
3.5 Funções e registros do espaço escolar no hospital. 
O atendimento na classe hospitalar ocorre com o objetivo de dar continuidade aos 
conteúdos escolares de cada aluno. Esse processo ocorre nos três diferentes espaços que o 
hospital proporciona as crianças internadas, que são próximos ao ambiente de internação, ao 
laborátorio e ao ambulatório.O planejamento ocorrido tem o mesmo olhar e objetivo nos diferentes espaços da 
classe hospitalar. Ele é continuo e seu atendimento acontece em grupo ou individual. 
Leva- se em consideração no momento do planejamento o processo de adaptação do 
aluno hospitalizado e seus limites para que não prejudique o tratamento em questão. Busca-se 
o acolhimento, o respeito, amizade, exercícios de solidariedade e colaboração. 
A classe hospitalar funciona no período das 8:00 às 11:30 e das 13:30 às 17:00 horas 
de segunda a sexta-feira. O atendimento também ocorre nos leitos quando a criança está 
impossibilitada de ir até a classe escolar do hospital. 
O acompanhamento escolar tem por objetivo vincular o aluno até a escola e garantir o 
sucesso escolar de maneira que retorne a sua vida cotidiana sem muitos prejuizos. 
Muitas escolas fazem uma parceria com a classe hospitalar enviando conteúdos e 
atividades de acordo com o ano escolar do aluno hospitalizado. Quando esses conteúdos 
chegam ás mãos das professoras, realizam adaptações curriculares necessárias para o melhor 
aproveitamento. 
As docentes encaminham todo o trabalho realizado no hospital para a escola de 
origem da criança e também são encaminhados os relatórios feito pelas professoras sobre o 
rendimento do aluno. 
A equipe pedagógica elabora uma rotina de atividades para favorecer o processo 
educativo, que é constituído pelas seguintes atividades: plantões de duvidas, brinquedoteca, 
jogos, aplicação de aula, oficina pedagogica, video aulas, teatro, saral de poesia, atividades 
 30 
na internet, aulas de artes, musica, utilização de livros didáticos, apostilas, oficinas de 
culinárias, leitura de livros, maquetes, murais de exposição, presentes artesanais para datas 
comemorativas como natal, páscoa, dia das mães, dia dos pais, etc. 
Como a faixa etária das crianças atendidas varia bastante, é necessário que o educador 
planeje atividades diversificadas, considerando as necessidades de cada aluno da classe 
hospitalar, geralmente esse processo é individual pois as necessidades são diferentes. 
É feito o processo avaliativo do trabalho pedagógico realizado. A cada atividade 
aplicada é feito um relatório individual de cada aluno, explicando como foi seu rendimento. 
A equipe também avalia e contabiliza a quantidade de crianças atendidas bem como a 
qualidade do trabalho realizado. Portanto, todos os meses são feitos gráficos que indicam a 
quantidade de crianças atendidas na classe hospitalar da educação infantil, ensino 
fundamental e médio. A partir destes estudos, a equipe constatou que o segmento mais 
atendido nos últimos meses foi da educação infantil, que atende crianças com idades de 0 a 5 
anos. 
 
3.6 Disciplinas diversificadas na escola da pediatria. 
 
Além das disciplinas escolares comuns que a classe hospitalar proporciona, também se 
propõe as crianças aulas de teatro, música, artes, culinária, etc. Todas essas áreas abrangem 
um determinado projeto, onde se busca um objetivo a ser alcançado. Os projetos, sejam eles 
de artes, música, teatro, agem em parceria com as demais disciplinas escolares, vinculando-as 
num todo. Uma história contada se transforma em teatro, produção de texto, dança, música, 
etc, trazendo diversas formas de se trabalhar com a criança hospitalizada. 
O hospital me proporcionou acesso a diversos projetos que desenvolveram ao longo do 
tempo: 
 
 31 
 
 Imagem 7: Projetos pedagógicos 
 
Todos os projetos são elaborados pelas professoras, buscando seus objetivos em 
relação a cada aluno hospitalizado. Como exemplo, posso citar o trabalho realizado nas aulas 
de teatro. 
Na aula de teatro os objetivos específicos são direcionados a ampliação do repertório 
criativo, do desenvolvimento a interpretação textual, relacionar a capacidade de perceber, 
imaginar, dar sentido ao mundo. Para se alcançar o sucesso esperado a docente trabalha com 
pantomima, teatro de máscara, teatro de varas, interpretação de histórias, em que os alunos 
são os personagens, entre outros. Todo o material usado é confeccionado pelos próprios 
alunos. 
Na aula de artes os objetivos especificos buscados pela docente é fazer com que os 
alunos sejam ousados, criem algo novo, modofiquem o que já existe, brinquem, mexam-se. 
As atividades trabalhadas em artes são de colagem e recorte, modelagem (estimulação tátil e 
capacidade de planejar e concretizar), pintura (liberdade, sensações e emoções), desenho 
(expressando sentimentos mais profundos), carvão ou grafite (esfera cognitiva e a capacidade 
de abstração), técnica de mesa de luz onde se copia o desenho, construção de maquetes 
(percpção e despertar de valores), sucatas (construção invetigadoras), EVA montagem de 
personagem e enfeites, todas despertam a criatividade, atenção, imaginação e concentração. 
Na aula de música, os alunos podem escolher qual música querem ouvir ou cantar, a 
docente apresenta também novas melodias, que eles ainda não conhecem. Busca-se 
desenvolver nos alunos o raciocínio e memorização, compreensão da letra da música 
trabalhada, alegria, prazer, e distração. 
 
 
 
 32 
3.7 Como montar uma classe hospitalar. 
Segundo dados colhidos no seminário: “Introdução ao atendimento pedágogico 
hospitalar” pude abistrair dados de como montar uma classe hospitalar, que apontou os 
seguintes principios para a montagem da classe hospitalar: 
1) conhecer o objetivo da classe hospitalar; 
2) conhecer a demanda do hospital no qual se pretende implantar o serviço; 
3) realizar a caracterização desta demanda. 
Quando falamos da caracterização da demanda buscamos saber a idade das crianças 
internadas, sua patologia, frequência e modo de ocupação, seja atendimento ambulatorial, seja 
internação, local de origem, vinculo com a escola. São dados fundamentais para se começar o 
trabalho pretendido. 
A verificação do local onde será implantada a classe hospitalar é essencial, pois 
possibilitará a frequência das crianças de modo a contribuir que seu deslocamento até a classe 
seja de fácil acesso. 
Os materiais e recursos usados devem ser escolhidos a partir de um planejamento, que 
deve possibilitar os seguintes questionamentos: O que ensinar? Como ensinar? Que recursos 
usar? 
Os brinquedos devem ser comprados com o intuito de atender diversas faixas etárias 
desde 0 anos de idade abrangendo um todo, meninos e meninas. Os jogos são peças 
fundamentais para as crianças, pois desenvolve o raciocínio em diversos aspectos. 
Outro ponto que deve ser levado em consideração pelo pedagogo que pretende montar 
a classe hospitalar é em relação a locomoção dos pacientes. É necessários verificar se o 
hospital tem meios de locomoção, que possibilite ao aluno hospitalizado ser transportado até a 
classe hospitalar. 
Para obter recursos financeiros e pessoal para a implementação da classe hospitalar 
pode-se citar como um dos meios a busca de parceria como a realização de convênios com as 
Secretarias de Educação e Saúde, seja municipal ou estadual. 
A classe hospitalar é um módulo educacional que está em constante transformação, e 
para que se alcance o objetivo esperado é preciso dedicar-se a fim de que as crianças 
consigam dar continuidade aos estudos e sintam-se incluídas em seu meio social. 
 
 
 33 
3.8 Depoimentos 
 
Este item tem o intuito de aproximar o leitor das praticas observadas no referido 
hospital estudado. Estes depoimentos apresentados no seminário: “Introdução ao atendimento 
pedágogico hospitalar” oferecido pelo hospital. 
Pude constatar nestes depoimentos as contribuições do trabalho realizado por meio da 
implementação da classe hospitalar, são eles: 
Depoimento 1. “Olá, sou “Maria”, morava em Campina Grande, Paraíba, tenho 4 filhos. 
Vim para São Paulo em 2004, poisdescobri que meu 1º filho estava com uma grave doença 
nos olhos, mas até em tão não sabia o que era realmente. O médico que o atendeu disse que 
eu deveria vir para São Paulo, pois só aqui encontraria o tratamento necessário para sua 
cura. Claro, não pensei duas vezes, deixei meus pais, minha familia. Eu e meu marido 
pegamos nossos filhos e sem rumo viemos para cá. O hospital indicado pelo médico foi o 
A.C.Camargo. Chegamos até o hospital, meu filho passou por uma bateria de exames, e 
viemos a descobrir que ele estava com câncer no olho. Meu mundo desmoronou, ele era só 
uma criança indefesa, não sabia o que fazer. Ele foi operado, mas sua recuperação era 
longa, precisava de muitos exames, muito cuidado, vivi meses, anos dentro deste hospital. 
Para mim era como minha casa, mas para meu filho não, era dificil para ele perder a rotina 
do seu dia a dia, seus amigos, sua escola, tudo, era como se estivessemos em outro mundo. 
Tudo mudou quando meu filho foi levado por uma de suas professoras para a classe 
hospitalar, ele adorava, ficava horas lá, se sentia seguro, feliz, esquecia de suas dores, 
tristezas, ele aprendia conteudos escolares, brincava, cantava, a vida lá fora foi trazida para 
meu filho dentro do hospital, e isso deu lhe forças para superar suas cirurgias, que foram 
muitas, o câncer ia e voltava, foram anos de luta...Hoje meu filho está curado graças á Deus. 
A classe hospitalar contribuiu muito para que meu filho tivesse a vida mais normal o 
possivel. Nunca mais me esqueço, uma vez ele me disse: Mãe eu aprendi a escrever meu 
nome, e muitas letrinhas novas, a partir daquele dia eu vi o quanto o trabalho das 
professoras era gratificante para mim e para meu filho. Quando meu filho saiu do hospital 
teve bem pouca dificuldade para se adaptar a vida cotidiana da escola, conseguiu 
acompanhar muito bem.” 
O depoimento 1 foi da mãe de um aluno da classe hospitalar. Verifica-se claramentre 
a relevância da participação do seu filho na classe hospitalar: favoreceu a integração do aluno 
 34 
na escola e o incluiu a realidade, ameninzando um pouco o seu sofrimento, permitindo que o 
conhecimento fosse construido apesar da doença. Verifica-se que a aprendizagem se deu não 
só nos conteúdos escolares, mas na humanização dela, trazendo alegria, prazer, diversão, 
minimizando sua dor. 
Depoimento 2. “Olá pessoal, sou a “Pri”, tenho 26 anos de idade e há 13 anos luto contra o 
Câncer no meu olho esquerdo. Cheguei aqui tinha 13 anos, todos os meus sonhos ficaram 
para traz, gostava de ir a escola, mas vi esse desejo desmoronar com minha doença, achei 
que ia morrer, não lutava contra minha doença, deixava ela me corroer. Até que um dia fui 
levada a classe hospitalar, e os conteúdos que deveria aprender na escola aprendi lá, as 
professoras eram atenciosas comigo, me ensinaram muito, hoje estou publicando o meu 
terceiro livro pois, meu maior sonho era ser escritora e posso dizer que hoje eu sou. Nos 
meus livros eu escrevo minha vida, e a vida das pessoas que conheci aqui, escrevi tudo que 
sinto, dores, alegrias, tristezas, angustia, felicidades, conquistas, tudo sobre mim e sobre a 
classe hospitalar. Posso dizer que a classe hospitalar foi o que proporcionou a realização de 
meu sonho, mas as professoras não me ensinaram apenas os conteúdos escolares, elas me 
ensinaram o quanto a vida é bela, e que devemos lutar por ela, pois cada minuto, cada 
segundo ficarão guardados em nossos corações, fizeram de mim uma guerreira que até então 
não existia dentro de mim. Obrigada meninas vocês me devolveram a paz. Acabei de sair de 
mais uma cirurgia, estou bem, nada como um dia após o outro.” 
O depoimento 2, foi um relato de uma moça que teve cancêr e foi aluna da classe 
hospitalar, para ela a contribuição que as professoras proporcionaram foi de tão grande 
importância que a fez realizar seu sonho, ser escritora. Seus estudos foram interrompidos 
devido a doença, mas com garra e determinação conseguiu publicar seus três livros, todos 
relatam sua vida dentro do hospital e da classe hospitalar. 
Portanto, com estes depoimentos constata-se que as contribuições da pedagogia 
hospitalar são muitas e relevantes. A pedagogia em si, está dentro e fora da escola 
contribuindo de diversas formas para o progresso de nossas crianças, independente de onde se 
esteja ensinando, o importante é ensinar, levar o conhecimento ao aluno onde quer que ele 
esteja, integrando a realidade ao meio social. 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Após a realização do presente trabalho constatou-se que o campo de trabalho do 
pedagogo em espaço não escolar vem ampliando e tornando-se de grande relevância para o 
desenvolvimento dos alunos, principalmente quando se trata de hospitais. 
Portanto, concluiu-se que a pedagogia no Brasil vem ganhando seu espaço no mercado 
de trabalho, principalmente em espaços não escolares. Observamos vários pedagogos atuando 
em diferentes áreas como, por exemplo, em empresas, ONGs, hospitais, fora do ambiente 
escolar, desenvolvendo seu trabalho em diferentes modalidades. 
Pude constatar que a pedagogia hospitalar é uma área da pedagogia que tem como 
objetivo proporcionar ao aluno hospitalizado a continuação do processo educativo iniciado na 
escola, para que ao retornar a escola não fique prejudicado. Esse processo de continuidade dos 
estudos se dá por meio da implementação da classe hospitalar, e junto com ela vem o espaço 
da brinquedoteca e a recreação, onde os pacientes internados têm seu momento de ludicidade 
e entretenimento. 
Verificou-se também que o paciente hospitalizado muitas vezes perde o ano letivo, 
abandona a escola, pois acredita que não possue capacidade de retornar ou de conviver com a 
doença e estudar. 
Portanto, conclui-se que a classe hospitalar tem o intuito de levar uma sala de aula 
para o interior do hospital, aproximando o hospital da escola, possibilitando a criança 
internada dar continuidade aos estudos, propiciando ao aluno hospitalizado a integração dos 
seus estudos, não sendo assim, excluído do trabalho realizado pela escola. 
Com a realização deste trabalho foi possível verificar que as contribuições da classe 
hospitalar para o desenvolvimento do aluno hospitalizado são inúmeras e de grande 
relevância, possibilitando a melhora da qualidade de vida. 
Verificou-se também que a participação das crianças internadas nas classes 
hospitalares possibilitando a elevação da estima, da motivação em lutar contra a doença. Tal 
participação da criança na classe hospitalar contribui para a sua inclusão no meio social, não 
excluindo-a devido a doença. Porém, vimos neste trabalho que há ainda poucos hospitais que 
desenvolvam tal trabalho. 
Sendo assim, espera-se que este trabalho possa promover reflexões e debates acerca da 
relevância da pedagogia hospitalar, destacando possibilidades de atuação do pedagogo em 
ambiente hospitalar bem como a relevância deste trabalho ser realizado no hospital. 
 
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REFERÊNCIAS 
 
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ESTEVES, Claudia R. Pedagogia Hospitalar: um breve histórico.Disponível 
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seshospitalares/WEBARTIGOS/PEDAGOGIA%20 hospitalar... pdf. Acesso em 10 abril.2011 
 
 
FONSECA, Eneida Simões. da. Atendimento pedagógico-educacional para crianças e 
jovens hospitalizados: realidade nacional. Brasília, DF: INEP, 1999. 
 
 
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novos tempos de aprendizagem in Da classe à Pedagogia Hospitalar: A educação para além 
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LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos Para Quê? 4ª edição. São Paulo,Cortez, 
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MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGGIATI, Margarida M. Teixeira de Freitas. Pedagogia 
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MATOS, Elizete L. M. TORRES, Patrícia L. Teoria e prática na pedagogia hospitalar: 
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Gotti ET AL. Brasília: MEC/SEESP, 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SITES CONSULTADOS 
 
 
1 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_AC_Camargo. Acesso em 24 jul. 2011. 
2 - http://www.hcanc.org.br/index.php?page=7. Acesso em 24 jul. 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANEXOS 
 
 
 
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