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Escoamento de Fluido Viscoso Prof. Sandro Baptista, D.Sc. Engenheiro Químico Maio de 2017. Bomba Bombas São máquinas que adicionam energia a um fluido realizando trabalho sobre o fluido. Em geral, as bombas podem ser classificadas em duas categorias básicas: deslocamento positivo e turbo- máquinas. As bombas de deslocamento positivo movimentam fluidos estritamente através do deslocamento preciso de máquinas, tais como, sistemas de engrenagens girando em um invólucro fechado ou um pistão movendo-se em um cilindro selado. Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas Deslocamento Positivo Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas As turbo-máquinas movimentam fluidos com uma palheta, lâminas ou pás fixadas em um elemento rotativo. Em contraste com as máquinas de deslocamento positivo, não há volume confinado numa turbo- máquina, visto que todas as interações de trabalho resultam de efeitos dinâmicos do rotor sobre a corrente de fluido. Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas Turbo-máquinas Bombas – Prof. Sandro Baptista Fluxo das Turbo-máquinas As turbo-máquinas se diferem fundamentalmente na geometria do percurso do fluido em: - Fluxo radial: a trajetória do fluido é essencialmente radial, com mudanças significativas no raio da entrada para a saída. Exemplo: bombas centrífugas. Bombas – Prof. Sandro Baptista Fluxo das Turbo-máquinas - Fluxo axial: a trajetória do fluido é aproximadamente paralela à linha de centro da máquina e o raio de percurso não varia significativamente. Exemplo: bomba propulsora. Bombas – Prof. Sandro Baptista Fluxo das Turbo-máquinas - Fluxo misto: O raio da trajetória varia moderadamente. Exemplo: bombas a jato. Bombas – Prof. Sandro Baptista Potência Hidráulica É a taxa de energia mecânica cedida ao fluido, mas a transferência de energia entre o rotor e o fluido causa perdas por efeitos viscosos, por desvios do escoamento uniforme e por desvios de direção do escoamento em relação aos ângulos das pás. Em função dessas perdas, a potência real entregue ao fluido por uma bomba é menor do que aquela prevista. Bombas – Prof. Sandro Baptista Potência Hidráulica Potência hidráulica ( Poth) cedida ao fluido. Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝑃𝑜𝑡ℎ = 𝜌 ∗ 𝑔 ∗ 𝑄 ∗ 𝐻𝑏 Potência mecânica ( Potm) para acionar a bomba. 𝑃𝑜𝑡𝑚 = 𝜔 ∗ 𝑇 Eficiência da bomba. = 𝑃𝑜𝑡ℎ 𝑃𝑜𝑡𝑚 Instalações de Recalque É o conjunto de equipamentos que permite o transporte e controle da vazão de um fluido, sendo formado por uma tubulação de sucção, bomba, acessórios e tubulação de recalque. Bombas – Prof. Sandro Baptista Instalações de Recalque Potência mecânica (real) Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝐻𝑏 = ( 𝑃 𝜌 ∗ 𝑔 + 𝑣2 2 ∗ 𝑔 + 𝑧)𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒−( 𝑃 𝜌 ∗ 𝑔 + 𝑣2 2 ∗ 𝑔 + 𝑧)𝑠𝑢𝑐çã𝑜 𝑃𝑜𝑡𝑚 = 𝜌∗𝑔∗𝑄∗𝐻𝑏 [em W] 𝑃𝑜𝑡𝑚 = 𝜌∗𝑔∗𝑄∗𝐻𝑏 75∗ [em cv] Curva Característica da Bomba Para avaliar o desempenho de uma bomba, o projetista deve conhecer o aumento de pressão, o torque, o requisito de potência e a eficiência de uma máquina. Para uma dada bomba, cada uma destas características é função da vazão; as características para máquinas similares dependem do tamanho e da velocidade de operação. Para determinar o desempenho, devem ser realizados ensaios em bancada de teste instrumentada, com capacidade de medir vazão, velocidade, torque e aumento de pressão. Em suma, a curva de desempenho da bomba é fornecida pelo fabricante. Bombas – Prof. Sandro Baptista Curva Característica da Bomba As medições são feitas enquanto a vazão é variada desde o bloqueio (vazão zero – shutoff) até a descarga máxima; A potência mecânica é determinada por meio de um motor calibrado ou obtida a partir da velocidade e do torque medidos. Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝐻 = 𝐻0 − 𝐴 ∗ 𝑄 2 Onde: H: altura manométrica da bomba (Head); H0: altura de bloqueio; Q: vazão volumétrica. Curva Característica da Bomba A curva característica da bomba é feita traçando-se carga versus vazão, para cada diâmetro do rotor; Os contornos de isoeficiência são traçados unindo os pontos de mesma eficiência; Os requisitos de altura de sucção positiva líquida (NPSH) são apresentados para os diâmetros extremos. A altura de sucção positiva líquida (NPSH) é definida como a diferença entre a pressão absoluta de estagnação no escoamento de sucção da bomba e a pressão de vapor do líquido expressa em altura de líquido. Bombas – Prof. Sandro Baptista Curva Característica da Bomba A altura de carga é máxima no bloqueio e decresce continuamente à medida que a vazão aumenta; A potência do motor é mínima no bloqueio e aumenta com o aumento da vazão; A eficiência da bomba aumenta com a capacidade até o ponto de melhor eficiência (PME ou BEP – best efficiency point) é alcançado, e cai, em seguida, com o aumento adicional da vazão. Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas – Prof. Sandro Baptista Bomba d’água Modelo: EHC 32-12F Velocidade específica: 3500 rpm Rotor: D(máx) 130 mm D(mín) 80 mm Bocal: D(sucção) 50 mm (2 in) D(descarga) 32 mm (1 ¼ in) Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas – Prof. Sandro Baptista Mapa de Seleção de Bombas Peerless Horizontais de Carcaça Bipartida Exercícios 1. Deseja-se elevar água a uma altura de 90 ft com uma vazão de 1000 gpm. Mediante a essas informações, responda. (Dado: 1 HP = 745,7 W) a) O modelo da bomba e a velocidade do motor. (Resp.: 4AE11 e 1750 rpm) b) A eficiência da bomba. (Resp.: em torno de 84%) c) A potência da motor. (Resp.: em torno de 30 hp = 22371 W) d) O requisito de NPSHrequerida. (Resp.: 10 ft) Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas – Prof. Sandro Baptista Exercícios 1. Deseja-se elevar água a uma altura de 12 m com uma vazão de 5,0 m3/h. Mediante a essas informações, responda. (Dado: 1 HP = 745,7 W) a) A potência da motor. (Resp.: em torno de 1/3 hp = 248,6 W) b) A eficiência da bomba. (Resp.: em torno de 54%) c) O requisito de NPSHrequerida. (Resp.: ~3,5 mca) Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas – Prof. Sandro Baptista Fonte: http://www.schneider.ind.br/produtos/motobombas-de-superfície/light/centrífugas-monoestágio/bc-91/#TabeladeSeleo Bombas – Prof. Sandro Baptista Fonte: http://www.schneider.ind.br/produtos/motobombas-de-superfície/light/centrífugas-monoestágio/bc-91/#TabeladeSeleo Bombas – Prof. Sandro Baptista Fonte: http://www.schneider.ind.br/produtos/motobombas-de-superfície/light/centrífugas-monoestágio/bc-91/#TabeladeSeleo Bombas – Prof. Sandro Baptista Fonte: http://www.schneider.ind.br/produtos/motobombas-de-superfície/light/centrífugas-monoestágio/bc-91/#TabeladeSeleo Velocidade Específica da Bomba A maioria das bombas comerciais é especificada a partir de um parâmetro denominado velocidade específica que é número adimensional. Bombas – Prof. Sandro Baptista Onde: Q: vazão volumétrica [m3/s] : velocidade angular do impulsor [rad/s] Hb: altura da bomba [m] 𝑁 = 𝜔 ∗ 𝑄 𝐻𝑏 3 4 Velocidade Específica da Bomba Mantendo a velocidade específica constante, são descritas todas as condições de operação de máquinas geometricamente semelhante com condições similares de escoamento. Baixas velocidades específicas correspondem à operação eficiente de máquinas de fluxo radial e são empregadaspara distribuir pequenas vazões a alturas de pressão altas. Altas velocidades específicas correspondem à operação de eficiente de máquinas de fluxo axial e costumam ser empregadas para grandes vazões a alturas de baixa pressão. Bombas – Prof. Sandro Baptista Velocidade Específica da Bomba 1. Uma bomba de água centrífuga operando em sua eficiência ótima distribui 2,5 m3/s a uma altura de 20 m. A bomba possui um impulsor de 36 cm de diâmetro e gira a 300 rad/s. Estime: a) A velocidade específica da bomba. (Resp.: 50,2) b) A velocidade angular da bomba para distribuir metade da vazão de água a mesma altura. Considere a bomba geometricamente semelhante. (Resp.: 424,6 rad/s) Bombas – Prof. Sandro Baptista Leis de Similaridade – Bomba As leis de similaridade (afinidade) refletem a variação das características da bomba (vazão, altura manométrica e potência) quando outras grandezas variam, tais como, rotação, diâmetro do rotor, etc. Contudo, as curvas características podem variar em função da rotação do motor ou do diâmetro do rotor. Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝑄2 𝑄1 = 𝑁2 ∗ 𝐷2 3 𝑁1 ∗ 𝐷1 3 𝐻2 𝐻1 = 𝑁2 ∗ 𝐷2 𝑁1 ∗ 𝐷1 2 𝑃𝑜𝑡2 𝑃𝑜𝑡1 = 𝜌2 𝜌1 ∗ 𝑁2 𝑁1 3 ∗ 𝐷2 𝐷1 5 Leis de Similaridade – Bomba 1. Uma bomba de água centrífuga operando em sua eficiência ótima distribui 2,5 m3/s a uma altura de 20 m. A bomba possui um impulsor de 36 cm de diâmetro e gira a 300 rad/s. Estime o diâmetro do impulsor da bomba geometricamente semelhante para distribuir metade da vazão de água a mesma altura. (Resp.: 0,255 m) Bombas – Prof. Sandro Baptista Leis de Similaridade – Bomba Variação com a Rotação – onde o índice 1 representa a condição atual e o índice 2, uma nova condição. Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝑄2 𝑄1 = 𝑁2 𝑁1 𝐻2 𝐻1 = 𝑁2 𝑁1 2 𝑃𝑜𝑡2 𝑃𝑜𝑡1 = 𝑁2 𝑁1 3 Onde: Q: vazão volumétrica N: velocidade rotacional H: altura da bomba Pot: potência da bomba Leis de Similaridade – Bomba 1. Quando operando a N = 1170 rpm, uma bomba centrífuga, com diâmetro de rotor 8 in, tem altura de carga no bloqueio 25 ft de água. Na mesma velocidade de operação, a melhor eficiência ocorre para vazão volumétrica de 300 gpm, onde a altura de carga é 21,9 ft de água. Estime: a) A curva característica da bomba para uma velocidade angular de 1170 rpm. (Resp.: H(ft)=25 -3,44x10-5*Q) b) A curva característica da bomba para uma velocidade angular de 1750 rpm. .: H(ft)=55,9 -3,43x10-5*Q) Bombas – Prof. Sandro Baptista Leis de Similaridade – Bomba Variação com o Diâmetro do Rotor – onde o índice 1 representa a condição atual e o índice 2, uma nova condição. Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝑄2 𝑄1 = 𝐷2 𝐷1 𝐻2 𝐻1 = 𝐷2 𝐷1 2 𝑃𝑜𝑡2 𝑃𝑜𝑡1 = 𝐷2 𝐷1 5 Onde: Q: vazão volumétrica D: diâmetro do impulsor H: altura da bomba Pot: potência da bomba Bombas em Série ou em Paralelo Duas ou mais bombas podem ser operadas em série ou em paralelo para fornecer vazão em condições de alta demanda e um número menor de unidades pode ser empregado quando a demanda for baixa. Combinações de bombas acrescentam flexibilidade de fluxo e altura aos sistemas de tubulação que as utilizam, enquanto mantêm uma alta eficiência operacional. Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas em Série Para bombas em série, a curva combinada de desempenho é obtida somando os aumentos de altura de carga para cada vazão de bombas idênticas, sendo a vazão a mesma. Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝐻1 = 𝐻0 − 𝐴 ∗ 𝑄 2 𝐻2 = 2 ∗ (𝐻0 − 𝐴 ∗ 𝑄 2) Bombas em Série Bombas – Prof. Sandro Baptista Bombas em Paralelo Para bombas em paralelo, a curva combinada de desempenho é obtida somando as capacidades de cada bomba, para cada altura de carga, ou seja, a vazão total será dividida entre as duas bombas. Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝐻1 = 𝐻0 − 𝐴 ∗ 𝑄 2 𝐻2 = 𝐻0 − 1 4 ∗ 𝐴 ∗ 𝑄2 Bombas em Paralelo Bombas – Prof. Sandro Baptista Cavitação A cavitação pode ocorrer em qualquer máquina trabalhando com líquido, sempre que a pressão estática local cair abaixo da pressão de vapor do líquido. Dessa forma, o líquido pode se vaporizar instantaneamente, formando uma cavidade de vapor e alterando significativamente a configuração do escoamento do fluido, reduzindo rapidamente o desempenho da bomba. Na bomba, a cavitação tende a iniciar na seção onde o escoamento é acelerado para dentro do rotor, ou seja, na seção de sucção (na entrada da bomba). Bombas – Prof. Sandro Baptista Cavitação A tendência à cavitação aumenta à medida que a velocidade do escoamento local aumenta. Dessa forma, o líquido pode localmente mudar de fase instantaneamente, formando cavidade de vapor e reduzindo rapidamente o desempenho da bomba, assim como, podendo causar sérios danos materiais às instalações. A cavitação contínua causa a desagregação de partículas do metal. Bombas – Prof. Sandro Baptista Cavitação Bombas – Prof. Sandro Baptista Cavitação A altura de sucção positiva líquida requerida (NPSHr) por uma bomba específica para evitar cavitação varia com o líquido bombeado, com a sua temperatura e com a condição da bomba. A NPSHr é fornecido pelo fabricante junto à curva de desempenho, sendo obtido em experimentos de bancada. A altura de sucção positiva líquida disponível (NPSHd) na entrada da bomba deve ser maior do que o NPSHr para evitar a cavitação. Bombas – Prof. Sandro Baptista 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = 𝐻𝑠 + 𝑣𝑠 2 2𝑔 − 𝐻𝑣 Onde: 𝐻𝑠 + 𝑣𝑠 2 2𝑔 : pressão absoluta de estagnação em altura de líquido[m] Hv: pressão de vapor do líquido em altura de líquido[m] Cavitação A NPSHd diminui quando a vazão é aumentada. A NPSHr aumenta quando a vazão é aumentada, pois as velocidades locais do fluido dentro da bomba aumentam, criando pressões localmente reduzidas. As perdas de pressão de entrada podem ser reduzidas aumentando o diâmetro do tubo de aspiração, sendo por isto que muitas bombas centrífugas têm conexões maiores na entrada do que na saída. Bombas – Prof. Sandro Baptista Cavitação Bombas – Prof. Sandro Baptista Cavitação 1. Uma bomba centrífuga Peerless, tipo 4AE11, é testada a 1750 rpm. O nível de água no reservatório de alimentação está a 106,7 cm acima da linha de centro da bomba. Sabe-se que a perda de carga total do sistema na seção de sucção é 332,2 cm e que a velocidade do fluido no sistema é 4,88 m/s. O manômetro na seção de sucção encontra-se a 30,5 cm acima da linha de centro da bomba. Estime: a) A NPSHd do sistema e se haverá cavitação da bomba quando a pressão de vapor a 80°F equivale a 0,356 mH2O e a massa específica é 996,7 kg/m3. Considere a NPSHr = 3,05 mH2O. (Resp.: NPSHd = 7,43 mH2O; não há cavitação) b) A NPSHd do sistema e se haverá cavitação da bomba quando a pressão de vapor a 180°F equivale a 5,28 mH2O e a massa específica é 996,7 kg/m3. Considere a NPSHr = 3,05 mH2O. (Resp.: NPSHd = 2,8 mH2O; há cavitação) Bombas – Prof. Sandro Baptista Referência Bibliográfica BRATER, E.F.; KING, H.W.; LINDELL, J.E.; WEI, C.Y. 6ª ed. Handbook of hydraulics for the solution of hydraulic engineering problems. McGraw-Hill, 1996. BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. FOX, R.W.; McDONALD, A.T.; PRITCHARD, P.J. 6ª ed. Introdução à mecânica dos fluidos. Rio de Janeiro: LTC, 2006.HOUGHTALEN, R.J.; HWANG, N.H.C.; AKAN, A.O. Engenharia hidráulica. 4ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. NETTO, A.; FERNÁNDEZ, M.F. 9ª ed. Manual de hidráulica. Blucher, 2015. ROTAVA, O. Aplicações práticas em escoamento de fluidos: cálculo de tubulações, válvulas de controle e bombas centrífugas. Rio de Janeiro: LTC, 2012. Referência Bibliográfica – Prof. Sandro Baptista
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