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Calagem: Correção da Acidez do Solo

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Calagem 
Autor(es):  Morel Pereira Barbosa Filho 
	A acidez do solo é causada pelos íons hidrogênio (H+) na solução do solo e pelo Al nele contido. Na verdade, este elemento é considerado apenas um componente de acidez do solo, pois é ele que gera íons H+ na solução do solo, de onde as plantas retiram os nutrientes para o seu desenvolvimento. Nesse compartimento estão presentes vários elementos considerados essenciais à vida das plantas, os quais são conhecidos como macronutrientes e micronutrientes, dependendo da quantidade em que são exigidos pelas plantas.
	Os macronutrientes são o N, P, K, Ca, Mg, S, C, H e O. Os micronutrientes são B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn. A absorção desses nutrientes pelas raízes é afetada pelo pH, ou acidez do solo. Por exemplo, quando um solo é ácido, com um pH em torno de 5,0 a 5,5, tem-se maior disponibilidade de micronutrientes para as plantas do que quando um solo é corrigido com calcário para pH acima de 6,0, com exceção de Mo e Cl. Por outro lado, nas condições de solo ácido, ocorrem vários prejuízos à produção da maioria das culturas.
Tais prejuízos são conseqüência da acidez do solo e são devidos, em geral, à toxicidade de Al e deficiência de N, P, Ca e Mg, dentre outros. Daí a importância da análise de solo, que permite ao produtor fazer um acompanhamento da fertilidade de seu solo e saber qual ou quais nutrientes estão limitando a produção.
	A toxicidade de Al está associada a deficiências nutricionais. Teores de Al acima de 1,0 meq/100cc de solo geralmente causam uma redução na produção, pois há uma inibição no crescimento das raízes em profundidade, o que reduz a absorção de água e nutrientes, principalmente de P, Ca e Mg.
Como corrigir a acidez do solo
	Embora seja uma técnica agrícola bastante simples, a calagem é uma das práticas mais benéficas à agricultura. Sua função é a de correção da acidez do solo, o que acaba por conferir aumento na produtividade das culturas. Entretanto, para que o produtor possa tirar o melhor proveito possível da aplicação do calcário na lavoura, será preciso observar alguns aspectos de suma importância.
	Quando o pH do solo é baixo, isso quer dizer que sua acidez é alta e a medida mais aconselhável para sua correção é a calagem. Contudo, ela somente trará impacto favorável se realizada para atingir o pH entre 5,8 e 6,0 – pois em caso de excesso a produtividade poderá cair drasticamente, além do que o pH acima do ideal induz à deficiência de micronutrientes, principalmente zinco, boro e manganês.
	Logo, o primeiro passo que o produtor deve dar é proceder à análise do solo. Esse é o instrumento valioso e insubstituível, realizado em laboratórios, para avaliar não somente a necessidade da calagem, mas também a da adubação mais adequada. Evidenciada a necessidade da calagem, as perguntas mais freqüentes dos produtores são como e quando aplicar o calcário, quais seriam suas melhores fontes e qual a quantidade apropriada.
	Em relação à época de aplicação, os calcários geralmente são pouco solúveis e, portanto, necessitam que sua utilização seja realizada com suficiente antecedência, desde que haja umidade no solo. Apesar disso, pode-se muito bem pensar em distribuir o calcário no período de maior ociosidade das máquinas na propriedade.
	Quanto à forma de aplicação, é necessário levar em conta o sistema de cultivo adotado. Caso o agricultor faça o plantio convencional, o calcário, dada sua baixa solubilidade, deve ser bem incorporado por meio de arações e gradagens, a fim de permitir o máximo de contato com as partículas do solo.
	Devido às características químicas dos corretivos, é importante que os mesmos sejam incorporados ao solo de forma a obter maior eficiência. Por razões práticas e econômicas a melhor forma de aplicá-lo é a lanço, de uma só vez.
	Para quem trabalha em plantio direto e não pretende fazer o revolvimento do solo, a calagem só poderá ser realizada a lanço na superfície do solo, sem incorporação, lembrando que o calcário aplicado em cobertura reage mais lentamente e nem sempre reage completamente, quando comparado àquele incorporado ao solo.
	Sobre a melhor fonte de calcário, deve-se observar qual é o Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) dos corretivos. Esse indicador mostra a rapidez e a eficiência de reação do produto com o solo. Portanto, quanto maior o seu valor, melhor ele será.
	Contudo, devido aos custos do transporte dos corretivos, nem sempre é econômico comprar o produto com o maior PRNT. Geralmente, é recomendado o seguinte cálculo para o agricultor: divida o custo do calcário colocado na propriedade (incluindo o frete) pelo PRNT e multiplique o resultado por 100. Ao utilizar essa fórmula em três opções de produto por exemplo, aquele que tiver o menor valor é o que deve ser adquirido, independente de ser o calcário de origem calcítica, dolomítica ou magnesiana.
	Em relação à quantidade de calcário, sua determinação obedece ao resultado da análise do solo que, como mencionado anteriormente, é imprescindível, lembrando que a dose a ser aplicada deve ser suficiente para elevar a percentagem de saturação por bases no máximo a 60% para os solos de cerrado.
	São levados em consideração ainda outros fatores, motivo pelo qual aconselha-se ao produtor consultar um profissional especializado, a fim de interpretar as informações técnicas contidas num boletim de resultados de análise de solo. Adotando esses procedimentos, muitos gastos desnecessários e perdas de produtividade serão evitados.
	Estudos realizados na Embrapa Arroz e Feijão demonstraram, para um período compreendido por quatro safras de feijão, uma receita líquida de 52 sacos de feijão por hectare e uma relação benefício/custo de 9,3, ou seja, para cada saco de feijão investido em calcário, o retorno foi de 9,3 sacos, o que, em termos econômicos, é considerado de nível ótimo de oferta do produto.
	Além desse efeito marcante da calagem no aumento da produtividade, nenhuma outra prática agrícola pode ser considerada mais econômica do que a calagem. Nos estudos o emprego da calagem representou apenas 5% do custo total da produção, o que pode ser considerado, em relação às outras práticas, um dispêndio financeiro muito baixo, principalmente levando-se em conta o seu alto retorno em termos de benefícios econômicos.

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