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TUBERCULOSE Agente Etiológico Mycobacterium tuberculosis Forma de bastonete Aeróbia Não forma esporos É neutra na coloração gram Não produzem toxinas e não contém endotoxina na parede celular Sobrevivem no fagossomo É álcool-ácido resistente O organismo produz uma proteína chamada exported repetitive protein que previne a fusão do fagossoma com o lisossoma permitindo, dessa forma que o organismo escape à ação de enzimas degradativas no lisossoma. Transmissão É transmitido quando gotículas que contém microorganismos de pacientes infectantes são inalados por outros. Doença Afeta habitualmente os pulmões embora outros órgãos sejam acometidos em até 33% dos casos. Apenas 10% dos infectados por M.tuberculosis desenvolvem a doença. A tuberculose se apresenta de duas formas principais: pulmonar e extrapulmonar As extrapulmonares podem ser nos linfonodos, pleural, vias aéreas superiores, genitourinário, esquelética, gastrintestinal, pericárdica, meningite tuberculosa ou disseminada. Imunopatologia Após a infecção pelo M. tuberculosis surgem duas respostas do hospedeiro pelo microrganismo: uma resposta da Imunidade mediada por células de ativação dos macrófagos e uma resposta de lesão tecidual. A resposta de ativação dos macrófagos é um mecanismo mediado por células T, que leva ativação de macrófagos capazes de matar e digerir os bacilos da tuberculose. A resposta da lesão tecidual resulta de uma reação de hipersensibilidade do tipo Tardio a vários antígenos bacilares. A Resposta Inflamatória inicial ao Bacilo Tuberculoso Normalmente, após a interação dos núcleos de gotículas que contém os microrganismos de pacientes infectante, parte desses bacilos inalados são retidos pelos mecanismos físicos de defesa do aparelho respiratório. Outra parte ultrapassa esses mecanismos de defesa e atinge os alvéolos. Entretanto, para se instalar no organismo humano, o M. tuberculosis necessita ligar-se a uma grande variedade de receptores celulares como receptores do complemento, receptor de manose, receptor GFc-gama de imunoglobulina e receptores de varredura do tipo A. É essa interação bacilo-receptor que dá início à infecção tuberculosa. Nos pulmões, os macrófagos aí residentes são das primeiras células a interagir com o bacilo, sendo os bacilos fagocitados pelos macrófagos alveolares. Essa fagocitose é intensificada pela ativação do complemento, levando à opsonização dos bacilos com produtos de ativação de C3, como C3b. Nessa fase de simbiose entre o bacilo e o hospedeiro, embora a fagocitose ocorra sem maiores problemas, muitos bacilos permanecem vivos e se multiplica dentro dos fagossomas dos macrófagos. Os macrófagos alveolares, incapazes de conter a infecção, acabam produzindo citocinas que estimulam a migração de células sanguíneas para auxiliá-los. As primeiras células que chegam, os polimorfonucleares, acumulam-se e formam reação inflamatória inespecífica. Em seguida, favorecidos pelo edema e vasculite, chegam os monócitos. Tanto os polimorfo- nucleares como os monócitos são capazes de fagocitar os bacilos; porém, nesta etapa, tal como os macrófagos, eles são incapazes de destruí-los totalmente. Logo após a fagocitose, dentro do citoplasma do macrófago, ocorre a fusão do fagossoma (onde está presente o bacilo) com o lisossoma (cheio de substâncias lesivas), gerando o fagolisossoma. Após a infecção, os macrófagos alveolares secretam diversas citocinas responsáveis por vários eventos (ex:formação de granulomas), como também causam alterações sistêmicas( como febre e perda de peso). Os monócitos e macrófagos movidos ao local constituem os componentes principais da resposta imune. Seu principal mecanismo se relaciona com a produção de oxido nítrico, que possui atividade antimicobacteriana e aumenta a produção de citocinas, como TNF- alfa e IL-1, os quais regulam a liberação de intermediários reativos de nitrogênio. Entretanto, no fagolisossoma, o bacilo utiliza algumas estratégias para sobreviver, incluindo a inativação de enzimas lisossômicas. A resposta inflamatória inicial gera um meio repleto de citocinas, em sua maior parte desfavoráveis para o bacilo. Dentre aquelas que potencializam as defesas do hospedeiro, incluem-se o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α), que induz necrose de caseificação, e o interferon-gama (IFN-γ), que torna os macrófagos mais letais para o bacilo. Por outro lado, há citocinas que levam à formação do fator beta transformador de crescimento (TGF-β), que inibe a proliferação de linfócitos T e regula negativamente o IFN-γ, assim como o TNF- α e a interleucina-10 (IL-10), que inibem a ativação macrofágica, reduzindo as defesas contra a bactéria. Além da produção de citocinas, os macrófagos ativados e infectados por M. tuberculosis processam e apresentam antígenos, estabelecendo o início da ativação da resposta imune-específica, que pode ser mediada por anticorpos ou por células. O Papel dos Linfócitos T na Patogenia da Tuberculose O macrófago alveolar assume o papel de célula apresentadora, descodificando os componentes antigênicos do bacilo e os apresentando ao sistema imunológico. Na imunidade celular, com proliferação e diferenciação de linfócitos T CD4+ e T CD8+ (mediadores), juntamente com a interação por meio de citocinas com os macrófagos (efetores), que o organismo estabelece e organiza suas defesas contra o bacilo. Acredita-se que os linfócitos T CD4+ sejam os mais importantes na defesa imune contra o bacilo tuberculoso, secretando citocinas lesivas ao M. tuberculosis e induzindo a produção de óxido nítrico pelo macrófago. Os linfócitos T CD8+ atuam nos mecanismos efetores pela lise de células infectadas nas lesões que ainda contêm algumas bactérias e a esterilização dos granulomas. Os linfócitos T CD4+ e os TCD8+ produzem dois tipos de resposta celular inflamatória: uma mediada por linfócitos Th1 e outra, por Th2. A resposta Th1(inibitória) é benéfica, pois potencializa as defesas do hospedeiro. Nela, são secretadas as IL-2 e o IFN-γ, que ativam células inflamatórias e fagocíticas capazes de inibir o crescimento bacteriano. Essas substâncias ampliam a atividade fagocitária do macrófago, estimulam a produção de peróxidos nos lisossomas e favorecem a fusão ao fagossoma. A resposta Th2(aceleradora) envolve a participação das interleucinas 4, 5, 10 e 13. Essas citocinas promovem os granulomas, a fagocitose inespecífica e a liberação de enzimas lisossômicas, entre elas o TNF-α, provocando destruição tecidual. A IL-10 atua como potente inibidor da atividade celular in- flamatória, inibindo a produção de óxido nítrico e de citocinas pró-inflamatórias. Dessa forma, acredita-se que, na reação do tipo 1, a doença tende a se localizar e se limitar, enquanto na do tipo 2, ela se amplia e se dissemina. A Formação da Lesão Granulomatosa na Tuberculose A lesão granulomatosa, com áreas de necrose caseosa, e a posterior liquefação do cáseo e escavação lesional são achados da tuberculose. Com o desenvolvimento da imunidade especifica e o acúmulo de grandes números de macrófagos ativados no local da lesão primária, forma-se lesões granulomatosas (tubérculos). Essas lesões consistem em acúmulos de linfócitos e macrófagos ativados (células epitelioides), gigantócitos geralmente do tipo Langhans, linfócitos, plasmócitos, granulócitos, fibras reticulares, fibroblastos, colágeno e outras substâncias por ele produzidas. A resposta da lesão tecidual pode limitar o crescimento das micobactérias no interior dos macrófagos não apenas destruindo os macrófagos como também provocando necrose sólida precoce no centro do tubérculo. Os macrófagos ativados inicialmente agregam-se ao redor do centro da lesão e neutralizam efetivamente osbacilos da tuberculose sem causar destruição tecidual adicional. Na parte central da lesão, o material necrótico assemelha-se a um queijo: homogênea, branco/amarelada e rica em proteínas e em gorduras liberadas pelo metabolismo bacilar(necrose caseosa). Embora o M. tuberculosis possa sobreviver seu crescimento é inibido dentro desse ambiente necrótico pela baixa tensão de oxigênio e pelo Ph baixo. Nesse estágio, algumas lesões podem cicatrizar por fibrose, seguida de calcificação. Hipersensibilidade Tardia Ocorre quando a ativação dos macrófagos é fraca e o crescimento das micobactérias só poderá ser inibido pela resposta de hipersensibilidade do tipo tardio que leva a destruição do tecido pulmonar. No centro da lesão o material caseoso se liquefaz. As paredes brônquicas assim como os vasos sanguíneos são invadidos e destruídos com formação de cavidades. O material caseoso liquefeito é drenado por meio dos brônquios. No interior da cavidade os bacilos da tuberculose se multiplicam, espalham-se pelas vias respiratórias e são eliminados no ambiente por meio de manobras expiratórias, como tosse e o ato de falar. Diagnóstico Microscopia para BAAR (Bacilo Álcool-Ácido Resistente) é utilizado uma amostra como esfregaço de escarro expectorado ou tecido por exemplo biópsia de linfonodo. Por meio da coloração e microscopia fluorescente é feita a avaliação da presença ou não dos bacilos patogênicos. Na cultura de microbactérias efeito o isolamento e a identificação da bactéria em uma amostra clínica. Avalia-se o tempo de crescimento, a pigmentação e morfologia das colônias a partir de diversos testes bioquímicos, um desses baseado na detecção de antígeno MTP64. É preciso porém muito demorado. Amplificação do ácido nucleico Teste de sensibilidade a fármacos Radiografia; baseia-se especialmente em radiografias do tórax. Nos casos de meningite tuberculosa a ressonância magnética pode ser útil no diagnóstico. Teste cutâneo com tuberculina PPD (Derivativo de Proteína Purificada) O teste tuberculínico ou reação de Mantoux consiste na inoculação intradérmica de um derivado proteico do M.tuberculosis (PPD) no antebraço, para medir a resposta imune celular a esses antígenos. Nos indivíduos já sensibilizados , ocorre uma reação inflamatória(induração). O exame PPD é feito em laboratório de análises clinicas e depois de realizado deve-se voltar a casa e regressar ao consultório após 3 dias para que o médico observe a reação da pele no local da injeção. Uma área de induração de 15mm ou mais é positiva em uma pessoa que não tem fatores de risco conhecidos. Uma induração de 10mm ou mais é positiva em uma pessoa com fatores de alto risco, como uma pessoa desabrigada, eu usuária de drogas intravenosas. Uma induração de 5mm ou mais é positiva com uma pessoa com deficiência da imunidade mediada por células, por exemplo, pacientes aidéticos ou que tenham um estado de contato íntimo com pessoas com tuberculose ativa. Um teste cutâneo positivo indica infecção prévia pelo organismo, as não necessariamente indica o estabelecimento da doença ativa. O teste cutâneo é mais amplamente utilizado na triagem da infecção latente pois possui sensibilidade e especificidade relativamente baixas. Reações falsas negativas são comuns em pacientes imunodeprimidos e vacinados previamente com BCG. Sinais e sintomas Tosse persistente Febre baixa Suor noturno Falta de apetite Perda de peso Cansaço fácil Fraqueza Dor no peito Caso Clínico Um paciente do sexo masculino, 30 anos, branco, procura o serviço de emergência com história de fadiga e dispneia há uma semana. O paciente relata tosse não produtiva e emagrecimento de 15 kg em três meses, com eventuais episódios de febre vespertina. Ele sabe que é portador do vírus HIV há cinco anos e não utiliza antirretrovirais. Ao realizar exame, o paciente está emagrecido e apresenta temperatura axilar de 39,5°C, frequência cardíaca de 110 bpm e frequência respiratória de 30 rpm; aparelho cardiovascular: ritmo cardíaco regular, 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros; aparelho respiratório: murmúrio vesicular rude, sem ruídos adventícios; abdome: ruídos hidroaéreos aumentados, indolor, inocente, fígado não palpável e baço palpável e de consistência endurecida. Na investigação complementar, é realizado raio X de tórax. O hemograma evidencia anemia normocítica e normocrômica, sem outras particularidades. A partir da ultrassonografia de abdome é constatado aumento de baço e fígado, ambos apresentando imagens micronodulares difusas. São verificados aspartato-aminotransferase (AST) de 76 UI/L, alanino-aminotransferase (ALT) de 82 UI/L e fosfatase alcalina de 142 U/L. É coletado escarro induzido para coloração e cultura de micobactéria. Os dois objetivos do tratamento são: Interromper a transmissão da doença tornando os pacientes não infectantes Impedir a mortalidade e morbidade curando os pacientes ao mesmo tempo impedir a resistência aos fármacos. A terapia com múltiplas drogas é utilizada durante o longo período de 6 a 9 meses. As três principais drogas são: a isoniazida (hidrazida do ácido isonicotínico, INH), rifanpicina e pirazinamida. Em pacientes imunodeprimidos (pacientes com AIDS), que apresentam a doença na forma disseminada ou que são propensos a terem organismos resistentes à INH, uma quarta droga o etambutol, é adicionada a terapia e todas as quatro drogas são administradas por 9 a 12 meses. Apesar da terapia ser administrada durante meses, a secreção brônquica do paciente se torna não infeccioso em duas a três semanas. A necessidade de uma terapia prolongada é atribuída (1) localização intracelular do organismo (2) presença de material caseoso que bloqueia a penetração da droga (3) ao lento crescimento do organismo(4) presença de organismos persistentes, metabolicamente inativos, dentro da lesão. Perguntas: 1) No esquema vacinal, proposto pelo ministério da saúde, a BCG é uma das vacinas elencadas, cujo proposito é: a)Estimular a anticorpogênese por linfócitos TCD4 b)Ativar macrófagos capazes de atuar na ativação imunológica contra o agente transmissor da tuberculose c) Simular a doença para se ter certeza da imunidade d)Testar a eficácia especifica da vacinação em seres humanos e)Estimular linfócitos TCD4 para neutralizar o agente pela formação de granulomas. Resposta: B 2) Qual a diferença entre a resposta celular inflamatória mediada por linfócitos Th1 e linfócitos Th2? A resposta Th1 é inibitória, pois potencializa as defesas do hospedeiro. São secretadas interleucinas 2 e 3 e IFN-gama, que ativa células inflamatórias e fagociticas capazes de inibir o crescimento bacteriano. A resposta Th2 é aceleradora, envolve a participação de interleucinas 4, 5, 6 e 10, essas citocinas promovem a coalescência de granulomas, a fagocitose inespecífica e a liberação de enzimas lisossomicas como o TNF- alfa, provocando a destruição tecidual. Referências: Artigo 3: “ Patogenia e Imunologia”, Agnaldo José Lopes, José Manoel Jasen, Domenico Capone – Revista do Hospital Pedro Ernesto, UERJ – Ano 5,Julho/Dezembro de 2006 Medicina Interna de Harrison – 18 ed. – Porto Alegre: AMGH, 2013 Microbiologia Médica e Imunologia/ Warren Levinson e Ernest Jawetz – 7ed. – Porto Alegre: Artmed, 2005 www.medicinanet.com.br – Caso Clínico
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