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Resumo - Reforma Psiquiátrica e Reabilitação Psicossocial

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REFORMA PSIQUIÁTRICA E REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL
As concepções de loucura/doença mental ao longo dos tempos
Na antiguidade da Grécia a loucura era vista como algo do divino, onde deveria dar atenção ao o que o louco dizia pois ele era mandado pelos deuses. Tempos mais tarde a sociedade religiosa colocava o louco como obra do demônio, ou que ele estava possesso.
Na renascença o louco era banido para fora da cidade, as vezes eram colocados em navios e mandados pra qualquer lugar, era uma forma fácil de se desfazer do problema. Já na idade média os loucos começaram a ser confinados em grandes asilos e hospitais junto com inválidos, doentes de doenças venéreas e mendigos. Os mais violentos eram acorrentados e alguns podiam ficar na rua mendigando.
No século XVIII, Phillippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, propõe uma nova forma de tratamento aos loucos, libertando-os das correntes e transferindo-os aos manicômios, destinados somente aos doentes mentais. Várias experiências e tratamentos são desenvolvidos e difundidos pela Europa.
Aos poucos, com o avanço das teorias organicistas, o que era considerado como doença moral passa a ser compreendido também como uma doença orgânica. No entanto, as técnicas de tratamento empregadas pelos organicistas eram as mesmas empregadas pelos adeptos do tratamento moral, o que significa que, mesmo com uma outra compreensão sobre a loucura, decorrente de descobertas experimentais da neurofisiologia e da neuroanatomia, a submissão do louco permanece e adentra o século XX.
A loucura ou insânia é uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade. É resultado de doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psiquiatria clínica. 
Em algumas visões sobre loucura, não quer dizer que a pessoa está doente de mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade. Na visão da lei civil, a insanidade revoga obrigações legais e até atos cometidos contra a sociedade civil com diagnóstico prévio de psicólogos, julgados então como insanidade mental.
A Reforma Psiquiátrica Brasileira: principais aspectos
É um movimento realizado por profissionais da saúde e familiares, na década de 70 de pacientes com transtornos mentais, onde se visa a denuncia e o fechamento dos manicômios, mas que também tem a idéia de se realizar a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias.Esse movimento se inscreve no contexto de redemocratização do país e na mobilização político-social que ocorre na época no Brasil.
A Política de Saúde Mental no Brasil promove a redução programada de leitos psiquiátricos de longa permanência, incentivando que as internações psiquiátricas, quando necessárias, se dêem no âmbito dos hospitais gerais e que sejam de curta duração. Além disso, essa política visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do lazer.
Na década de 1990 houve a criação dos CAPS. Que são unidades de saúde locais/regionalizadas que contam com uma população adscrita definida pelo nível local e que oferecem atendimento de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois turnos de 4 horas, por equipe multiprofissional, constituindo-se também em porta de entrada da rede de serviços para as ações relativas à saúde mental.
O usuário neste momento também se compromete a cooperar com o tratamento, seguindo as prescrições médicas, participando de oficinas culturais, grupos terapêuticos, atividades esportivas, oficinas expressivas (dança, técnicas teatrais, pintura, argila, atividades musicais), oficinas geradora de renda (marcenaria, cerâmica, bijuterias, brechó, artesanato em geral), e oficinas de alfabetização o que possibilita exercitar a escrita e a leitura, como um recurso importante na (re)construção da cidadania, oferece atividade de suporte social, grupos de leitura e debate, que estimulam a criatividade, a autonomia, e a capacidade de estabelecer relações interpessoais impulsionando-os a inserção social.
Introdução aos princípios da reabilitação psicossocial
Tornou-se necessária a construção de uma rede de assistência baseada em dispositivos extra-hospitalares de atenção psicossocial localizada no território e articulada a outros setores sociais, objetivando a reabilitação psicossocial e a reinserção social dos seus usuários que apresentem problemas. Tais dispositivos devem utilizar como referência a lógica ampliada de redução de danos, realizando uma procura ativa e sistemática das necessidades a serem atendidas, de forma integrada ao meio cultural e à comunidade em que estão inseridos e de acordo com os princípios da Reforma Psiquiátrica.
Segundo Saraceno (2001), a reabilitação é um processo que implica a abertura de espaços de negociação para o paciente, sua família e a comunidade circundante. Nesse sentido, introduz o conceito de contratualidade, ou seja, a capacidade de engendrar contatos sociais, que permitirão ao usuário subverter o processo de reclusão, que é resultado dos efeitos da doença mental e da exclusão social.
O conceito de reabilitação psicossocial propõe a ampliação da rede social, que envolve “profissionais e todos os atores do processo de saúde-doença, ou seja, todos os usuários e a comunidade inteira”. O processo de reabilitação consiste em “reconstrução, um exercício pleno de cidadania e, também, de plena contratualidade nos três grandes eixos: hábitat, rede social e trabalho com valor social” (Saraceno, 2001).
A reabilitação psicossocial também pode ser considerada um “processo pelo qual se facilita ao indivíduo com limitações a restauração no melhor nível possível de autonomia de suas funções na comunidade” (Saraceno, 2001).
De acordo com sua postulação, Saraceno (2001) demonstra a existência de uma estreita relação entre cidadania e saúde mental, posto que um indivíduo que não goze plenamente da cidadania é um risco para sua saúde mental, assim como um indivíduo que não goze plenamente de saúde mental estará impedido de exercer sua plena cidadania social. Nesse sentido, a questão central na reabilitação psicossocial está relacionada à elevação do sujeito de sua condição de doente mental para a condição de cidadão.
No contexto da Reforma Psiquiátrica e da desinstitucionalização, a reabilitação psicossocial deve procurar restituir a subjetividade do indivíduo na sua relação com a instituição, possibilitando a recuperação da contratualidade, ou seja, da posse de recursos para trocas sociais e, conseqüentemente, para a cidadania social (Saraceno, 2001). É nessa perspectiva que se insere a discussão da reabilitação psicossocial para os usuários de álcool e outras drogas, no sentido de desenvolver estratégias e ações intra-setoriais e intersetoriais efetivas, com o propósito de que estes possam assumir sua condição de sujeito social.

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