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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA Bárbara Cavalcante Fabricio Pinheiro Felipe Soares Klemilsom Castro Igor Rafael João Vitor Nayanne Matos Washington Raiol Wigor da Paz FREIOS E EMBREAGENS TUCURUÍ - PA 2017 Bárbara Cavalcante Fabricio Pinheiro Felipe Soares Klemilsom Castro Igor Rafael João Vitor Nayanne Matos Washington Raiol Wigor da Paz FREIOS E EMBREAGENS Trabalho apresentado como requisito avaliativo para obtenção de nota na disciplina Elementos de Máquinas II, ministrada pelo Prof. Alyson Lima da Universidade Federal do Pará – UFPA, Campus de Tucuruí. TUCURUÍ – PA 2017 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 2 2.1 Freios ................................................................................................................ 2 2.2 Embreagens ....................................................................................................... 2 2.3 Diferença entre freios e embreagens. ................................................................ 2 2.4 Classificação dos freios e embreagem: ............................................................. 2 2.4.1 Quanto a forma de atuação: ........................................................................ 2 2.4.2 Quanto a maneira que transferem energia entre elementos podem ser: ...... 4 3 EMBREAGENS DE DISCO ................................................................................. 9 4 FREIOS DE DISCO ............................................................................................. 12 4.1 Freios de tambor ............................................................................................. 13 4.2 Freios a tambor com sapatas externas ............................................................. 13 4.3 Freios de tambor com sapatas externas longas ............................................... 20 5 MATERIAIS PARA EMBREAGENS E FREIOS ............................................ 24 6 APLICAÇÕES ...................................................................................................... 25 Aplicações para sistemas de freios e embreagens ................................................... 25 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 27 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Sistema de freio Hidraulico.......................................................................................3 Figura 2 – Embreagem de contato positivo................................................................................4 Figura 3 – Uma embreagem de disco de placas múltiplas atuada por pressão de fluido....... ....5 Figura 4 – Embreagens de sobremarcha: (a) embreagem de escovas; (b) embreagem de mola enrolada.......................................................................................................................................6 Figura 5 – Embreagens magnéticas: (a) embreagem de atrito operada magneticamente, (b) embreagem de histerese..............................................................................................................7 Figura 6 – Disco de embreagem axial de superfície única.........................................................9 Figura 7 – Freio de disco utilizado em bicicletas......................................................................12 Figura 8 – Uma embreagem de disco de placas múltiplas atuada por pressão de fluido....... ....13 Figura 9 – Freios a tambor de sapatas externas para máquinas de elevação.............................14 Figura 10 – Esquema de freios a tambor de sapatas internas para veículos automotivos....... ....15 Figura 11 – Freios a tambor de sapatas internas com detalhe do ajustador e da sapata............15 Figura 12 – Geometria e forças para um freio de tambor de sapata externa longa...................16 Figura 13 – Freios a tambor de sapatas externas para máquinas de elevação...........................18 Figura 14 – Sapata e esquema de freios a tambor de sapatas externas para veículos ferroviários...….........................................................................................................................19 Figura 15 – Esquema de freios a tambor de sapatas internas para veículos automotivos...........20 Figura 16 – Freios a tambor de sapatas internas com detalhe do ajustador e da sapata............20 Figura 17 – Geometria e forças para um freio de tambor de sapata externa longa....................21 1 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios da civilização o homem tem se defrontado com necessidades que o levam ao desenvolvimento de soluções práticas. As maiores descobertas trouxeram novas necessidades e a busca do conforto e segurança continua e continuará por muito tempo. Com a descoberta da roda o homem conseguiu vencer uma de suas maiores limitações: o transporte de um peso bem maior que o seu. No entanto havia um problema: enquanto um objeto arrastado parava quase que imediatamente após a força de arraste ter cessado, isso não acontecia com uma roda. Como, então, pará-la? Os freios surgiram a partir da necessidade de parar algo que se deslocava ou impedir que algo se deslocasse. São um caso específico de uma classe de elementos de máquinas chamada de acoplamentos por atrito. Os primeiros freios eram do tipo cunha e serviam apenas para impedir que um movimento se iniciasse. Os freios com alavanca vieram como uma evolução surpreendente, pois permitiam ao condutor realizar um esforço de frenagem grande quando comparado com a pequena força que empregava para acionar os freios. No entanto, este tipo de freio só se tornou importante a partir do momento que o homem construiu veículos com tração alternativa: ele não mais arrastava ou puxava as cargas, outros animais o faziam. Freios e embreagens são utilizados em máquinas de produção de todos os tipos, não apenas em aplicações envolvendo veículos nos quais são indispensáveis para parar o movimento e permitir que o motor de combustão interna possa permanecer rodando quando o veículo está parado. Embreagens também permitem que uma carga de alta inércia seja movimentada com um motor elétrico menor que o que seria necessário se esta fosse diretamente conectada. As embreagens são utilizadas muitas vezes para manter um torque constante em um eixo de tensionamento de abas ou filamentos. Uma embreagem pode ser utilizada como um dispositivo de desconexão em eventos de emergência, pois separa o eixo do motor em casos de emperramento de uma máquina. Em tais casos, um freio também será adequado para levar o eixo a uma parada rápida quando submetido a um caso desses. 2 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Freios Os freios são órgãos de máquinas que absorvem tanta energia cinética quanto potencial. A energia absorvida é dissipada sob forma de calor. A capacidade de um freio depende da pressão unitária entre as superfícies de frenagem, do coeficiente de atrito e da maior ou menor facilidade de dissipar o calor gerado pelo atrito. 2.2 Embreagens É um sistema que funciona a base do atrito, permitindo a fácil conexão e desconexão entre asárvores. A embreagem destina-se a desligar o motor das rodas motrizes quando se efetua uma mudança de velocidade ou quando se arranca. Torna-se assim possível engatar suavemente uma nova engrenagem antes da transmissão voltar a ser ligada, ou quando houver um novo arranque, permitindo que o motor atinja as rotações suficientes para deslocar o automóvel. 2.3 Diferença entre freios e embreagens. O funcionamento dos freios é semelhante ao das embreagens, exceto que os freios conectam duas partes: uma fixa (sem movimento) e outra móvel, enquanto as embreagens conectam duas partes móveis. 2.4 Classificação dos freios e embreagem: Freios e embreagens podem ser classificados de várias maneiras, por meio da forma de atuação, pela maneira como transferem energia entre elementos e pelo caráter de acoplamento. 2.4.1 Quanto a forma de atuação: Mecânico: No acionador mecânico, os freios são acionados por um conjunto de cabos ou alavancas. Nos carros atuais este sistema só é utilizado no freio de estacionamento por ser o acionador de mais simples construção. Entretanto segundo Limpert, é o sistema de menor eficiência, uma vez que 35% do esforço do operador é perdido devido a atritos internos. Hidráulico: O sistema hidráulico é o mais difundido entre os carros de passeio. Neste sistema a força exercida pelo operador é transmitida até os freios através de um circuito hidráulico. Ao pressionar o pedal, este, por intermédio de uma haste com extremidade semiesférica (pushrod), empurra o êmbolo localizado dentro do cilindro mestre, pressurizando as linhas de freio. Seu funcionamento está baseado no princípio de Pascal, expresso por Halliday [6] que afirma que “uma mudança na pressão aplicada a um fluido é transmitida 3 integralmente a todos os pontos do fluido e a parede do recipiente no qual está contido”. Um esquema do sistema de freios hidráulico é mostrado na figura 1. Figura 1: Sistema de freio Hidráulico Em comparação com o acionamento mecânico por cabos, o sistema hidráulico possui a vantagem de não precisar de regulagem devido a folgas impostas pelo uso. Outra grande vantagem do sistema hidráulico é a possibilidade de se aumentar a força de frenagem através do uso de equipamentos auxiliares como servo freio, montado antes do cilindro-mestre. Pneumático: O acionador pneumático é alimentado por um compressor de ar, por esse motivo, também é chamado de freio a ar. Este sistema, basicamente é composto por um compressor, válvula reguladora de pressão, elemento secador, válvula de proteção de quatro circuitos, figura 3, válvula moduladora do freio de estacionamento, válvula relé, figura 4, válvula moduladora do freio de serviço ou pedal, válvula de descarga rápida, reservatórios de ar e reservatório de regeneração. Os acionadores pneumáticos são utilizados em veículos pesados, como caminhões e ônibus. Segundo Punh, a principal característica deste projeto é a segurança, uma vez que pequenos vazamentos na linha não causam falha no sistema, já que o mesmo é alimentado constantemente com ar oriundo do compressor. A desvantagem está no fato de ser um sistema mais complexo e pesado quando comparado ao acionamento hidráulico. 4 2.4.2 Quanto a maneira que transferem energia entre elementos podem ser: 2.4.2.1 Embreagens de contato positivo: As formas de transferência de energia podem ser por meio de um contato mecânico positivo, como no caso de uma embreagem de dentes ou em forma de serra, que se acopla por interferência mecânica, como mostrado na Figura 2. O engajamento se caracteriza pela interferência mecânica obtida por meio de agarras quadradas ou em forma de dentes de serra, ou com dentes de várias formas. Esses dispositivos não são tão úteis para freios (exceto como dispositivos de suporte), porque eles não podem dissipar grandes quantidades de energia, como um freio de atrito, e, como embreagens, eles só podem ser engajados a velocidades relativamente baixas (cerca de 60 RPM máx. para embreagens de mandíbula e 300 RPM máx. para embreagens de dentes). Suas vantagens residem nos acoplamentos positivos e uma vez acoplados, podem transmitir grandes torques sem escorregamento. Elas são combinadas algumas vezes com embreagens de atrito, que levam os dois elementos aproximadamente à mesma velocidade antes que as mandíbulas e os dentes se engajem. Este é o princípio das embreagens sincronizadas em transmissão automotiva manual. 2.4.2.2 Embreagem e Freios de Atrito: São os tipos mais comumente utilizados. Duas ou mais superfícies são pressionadas entre si por meio de uma força normal para criar um torque de atrito. As superfícies de atrito podem ser planas e perpendiculares ao eixo de rotação, caso em que a força normal é axial, como mostrado na Figura 3, ou podem ser cilíndricas com a força normal na direção radial, ou cônica. Embreagens cônicas podem tender a agarrar, emperrar e não se separar. Figura 2: Embreagem de contato positivo 5 Figura 3 - Uma embreagem de disco de placas múltiplas atuada por pressão de fluido. Pelo menos uma das superfícies de atrito é geralmente metálica (ferro fundido ou aço), e a outra é normalmente feita de um material com alto atrito, conhecido como material de forro. Se existirem apenas dois elementos, haverá uma ou duas superfícies de atrito para transmitir torque. Um arranjo cilíndrico (freio de tambor ou embreagem) possui uma superfície de atrito apenas, e um arranjo axial (disco de freio ou embreagem) possui uma ou duas superfícies dependendo de o disco ser colocado em forma de sanduíche entre as duas superfícies do outro elemento ou não. Para maior capacidade de torque, embreagem de disco e freios é construída frequentemente com discos múltiplos para aumentar o número de superfícies de atrito, como mostrado na Figura 3. A habilidade que uma embreagem ou freio tem de transmitir o calor gerado pelo atrito pode ser o fator limitante de sua capacidade. Embreagens de discos múltiplos são de resfriamento mais difícil e, portanto, indicadas para aplicações envolvendo altas cargas e baixas velocidades. Para cargas dinâmicas de alta velocidade, um número menor de superfícies de atrito é melhor. Embreagens de atrito podem ser operadas secas ou molhadas, estas últimas trabalhando em um banho de óleo. Ainda que o óleo diminua sensivelmente o coeficiente de atrito, ele aumenta muito a transferência de calor. Coeficientes de atrito para combinações de materiais de embreagens/freios giram normalmente entre 0,05 para óleo e 0,60 para condições de atrito seco. Embreagens molhadas normalmente utilizam discos múltiplos para compensar o baixo coeficiente de atrito. Transmissões automáticas para automóveis e caminhões contêm várias embreagens molhadas e freios operando em óleo, que é circulado para fora da transmissão com o intuito de ser resfriado. Transmissões manuais de veículos rústicos para fora de estrada, como motocicletas, utilizam embreagens molhadas, cheias de óleo, em reservatórios selados, com discos múltiplos para proteger as superfícies de poeira, água e sujeira. Transmissões manuais de automóveis e caminhões utilizam normalmente embreagens de um único disco, secas. 6 2.4.2.3 Embreagens de velocidade Operam automaticamente com base na velocidade relativa de dois elementos. Elas atuam na circunferência e permitem rotação relativa em uma só direção. Se a rotação tende a se inverter, a geometria interna do mecanismo da embreagem agarra o eixo e trava. Essas embreagens de travamento em reverso podem ser utilizadas em guinchos para evitar que a carga caia se a energia que move o eixo for interrompida,por exemplo. Essas embreagens também são utilizadas como mecanismos de indexamento. O eixo de entrada pode oscilar para trás e para frente, porém o de saída roda intermitentemente em apenas uma direção. Outra aplicação comum de embreagens de sobre velocidade ocorre no cubo traseiro de uma bicicleta que permite que a roda rode livre quando a velocidade desta excede aquela da roda dentada de transmissão. Vários outros mecanismos são utilizados em embreagens de sentido único. A Figura 4a mostra uma embreagem de escovas que possui uma pista interna e outra externa, como um rolamento de esferas. Mas, em vez das esferas, o espaço entre as pistas é preenchido com escovas de estranhas formas, que permitem o movimento em uma direção, mas que emperram e travam as pistas uma à outra, transmitindo um torque unidirecional, na outra direção. Um resultado semelhante é obtido com esferas e roletes prisioneiros em câmaras com forma de cunha entre as pistas, no que é então conhecido como embreagem de roletes. A Figura 4b mostra outro tipo de embreagem de um só sentido de rotação, ou embreagem de sobrevelocidade, chamada de embreagem de mola, que utiliza uma mola enrolada de forma apertada ao redor do eixo. A rotação em uma direção enrola a mola de forma a apertá-la mais contra o eixo, transmitindo torque. A rotação em sentido contrário abre a mola ligeiramente, fazendo com que escorregue. Figura 4 - Embreagens de sobremarcha: (a) embreagem de escovas; (b) embreagem de mola enrolada 7 2.4.2.4 Embreagens centrífugas Acoplam automaticamente quando a velocidade do eixo excede certo valor. Elementos de atrito são forçados radialmente para fora contra um tambor cilíndrico para que a embreagem acople. As embreagens centrífugas são utilizadas algumas vezes para acoplar motores de combustão interna ao trem de transmissão. O motor pode ficar em ponto morto desacoplado das rodas e, quando o injetor de combustível se abre, aumentando a velocidade do motor, a embreagem acopla automaticamente. Essas embreagens são comuns em karts. Utilizadas em serras de corrente pela mesma razão, elas também servem para alívio em situações de sobrecarga, já que escorregam, permitindo que o motor continue girando quando a serra emperra na madeira. 2.4.2.5 Embreagens magnéticas e freios São construídos de diversas formas. As embreagens de atrito são operadas eletromagneticamente, como mostrado na Figura 5a. Elas possuem várias vantagens, como tempos de resposta rápidos, facilidade de controle, partida e parada suaves, e podem funcionar acopladas ou desacopladas. Existem ambas as versões de embreagem e freio disponíveis, assim como módulos combinados de embreagem-freio. Figura 5 - Embreagens magnéticas: (a) embreagem de atrito operada magneticamente, (b) embreagem de histerese 2.4.2.6 Embreagens e freios de partícula magnética Não possuem contato direto envolvendo atrito entre o disco de embreagem e a carcaça e, portanto, nenhum material para consumir por desgaste. A folga entre as superfícies é preenchida por um pó ferroso fino. Quando a espira é energizada, as partículas de pó formam correntes ao longo das linhas de fluxo magnético e acoplam assim o disco à carcaça sem escorregamento. O torque pode ser controlado variando a corrente na espira, e o dispositivo irá 8 escorregar quando o torque aplicado exceder o valor determinado pela corrente na espira, proporcionando uma tensão constante. 2.4.2.7 Embreagens e freios de histerese magnética Não possuem qualquer contato mecânico entre os elementos rotativos e, portanto, têm atrito zero quando desacopladas. O rotor, também chamado de copo de arraste, é arrastado conjuntamente (ou freado) pelo campo magnético estabelecido pelo campo de espira (ou imã permanente). Esses dispositivos são utilizados para o controle de torque de eixos em aplicações como máquinas de enrolar, onde uma força constante deve ser aplicada à aba ou ao filamento de material à medida que este é enrolado. O torque em uma embreagem de histerese é controlável independentemente da velocidade. Esses dispositivos são extremamente suaves e quietos, possuindo vida longa uma vez que não existe contato mecânico dentro da embreagem à exceção dos seus mancais. Este tipo de embreagem está sendo mostrado na Figura 5b. 2.4.2.8 Embreagens de corrente de rendimento São similares em construção aos dispositivos de histerese magnética na medida em que não apresentam contato mecânico entre rotor e polos. A espira estabelece contracorrentes que magneticamente acoplam a embreagem. Existirá sempre algum escorregamento neste tipo de embreagem, uma vez que precisa existir movimento relativo entre o rotor e o polo para gerar as correntes que criam a força de acoplamento, portanto, um freio de correntes parasitas não pode suportar uma carga estacionária, apenas diminuir a sua velocidade. Essas embreagens possuem vantagens similares aos dispositivos de histerese e são utilizadas em aplicações similares como enroladores de espira ou filamento, etc. 9 3 EMBREAGENS DE DISCO A embreagem de disco mais simples consiste em dois discos, um com material de forração de alto atrito, pressionado axialmente com uma força normal que gera a força de atrito necessária para transmitir torque, como mostrado na Figura 6. A força normal pode ser fornecida mecânica, pneumática, hidráulica ou eletromagneticamente e costuma ser muito alta. A pressão entre as superfícies da embreagem pode ser aproximada por meio de uma distribuição uniforme sobre a superfície se os discos forem rígidos o bastante. Em tais casos, o desgaste será maior no diâmetro externo, porque o desgaste é proporcional à pressão multiplicada pela velocidade e a velocidade aumenta linearmente com o raio. Contudo, como os discos se desgastam preferencialmente em direção à parte externa, a perda de material irá mudar a distribuição de pressão para não uniforme e a embreagem irá aproximar a condição de desgaste uniforme. Assim, os dois extremos são a condição de pressão uniforme e desgaste uniforme. Uma embreagem flexível pode estar próxima à condição de pressão uniforme quando nova, mas tenderá à condição de desgaste uniforme quando em uso. Uma embreagem rígida irá aproximar mais rapidamente a condição de desgaste uniforme com o uso. Os cálculos relativos a cada condição são diferentes e a hipótese de desgaste uniforme produz uma classificação mais conservativa da embreagem, sendo preferida, por isso, por muitos projetistas. Figura 6 - Disco de embreagem axial de superfície única Pressão uniforme Considere um anel de área elementar na superfície da embreagem com largura dr, como mostrado na Figura 6. A força diferencial agente neste anel é 𝑑𝐹 = 𝑃𝜃𝑑𝑟 (1) Onde: 𝑟 = 𝑒 𝑜 𝑟𝑎𝑖𝑜 𝜃 = 𝑒 𝑜 â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜𝑠 10 𝑝 = é 𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑓𝑜𝑟𝑚𝑒 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑒 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑏𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑚 Em uma embreagem de circunferência completa como a da Figura 6, será de 2 π. A força axial total F na embreagem é determinada por integração dessa expressão entre os limites ri e ro. 𝐹 = ∫ 𝑝𝜃𝑟 = 𝑝𝜃 2 (𝑟0 2 − 𝑟𝑖 2) (2) O torque de atrito no elemento de anel diferencial é: 𝑑𝑇 = 𝑝𝜃𝜇𝑟2𝑑𝑟 (3) Sendo μ o coeficiente de atrito. O torque total para um disco de embreagem é: 𝑇 = ∫ 𝑝𝜃𝜇𝑟3 = 𝑝𝜃𝜇 2 (𝑟0 2 − 𝑟𝑖 2) (4) 𝑟0 𝑟𝑖 Para uma embreagem de discos múltiplos com N faces de atrito: 𝑇 = 𝑝𝜃𝜇 3 (𝑟0 3 − 𝑟𝑖 3)𝑁 (5) Combinando as Equações (2) e (5), para produziruma expressão do torque como uma função da força axial, temos: 𝑇 = 𝑁𝜇𝐹 2 3 (𝑟0 3 − 𝑟𝑖 3) (𝑟0 2 − 𝑟𝑖 2) (6) Desgaste uniforme A razão de desgaste, W, constante, é suposta proporcional ao produto da pressão, p, e velocidade, V. 𝑊 = 𝑝𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (7) E a velocidade em qualquer ponto da face da embreagem é: 𝑉 = 𝑟𝜔 (8) Combinando essas equações e assumindo uma velocidade angular constante, ω: 𝑝𝑟 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝐾 (9) A máxima pressão, pmax, deve, então, ocorrer no raio mínimo, ri. 𝐾 = 𝑃𝑚á𝑥𝑟𝑖 (10) A combinação das Equações (9) e (10), temos uma expressão para a pressão como função do raio r: 11 𝑃 = 𝑃𝑚á𝑥 𝑟𝑖 𝑟 (11) onde o valor máximo permitido de pressão, pmax, variará com o material de forração utilizado. A Tabela 1 mostra os valores recomendados de pmax e o coeficiente de atrito para vários materiais de forração de embreagens/freios. A força axial, F, é encontrada por meio da integração da Equação 1 para a força diferencial no elemento de anel da Figura 6, com p proveniente da substituição da Equação 11. 𝐹 = ∫ 𝑝𝜃𝜇𝑟𝑑𝑟 = 𝑟0 𝑟𝑖 ∫ 𝜃 (𝑃𝑚á𝑥 𝑟𝑖 𝑟 ) 𝑟𝑑𝑟 = 𝑟𝑖𝜃𝑃𝑚á𝑥(𝑟0 − 𝑟𝑖) (12) 𝑟0 𝑟𝑖 O torque é calculado por integração da Equação 3 com a mesma substituição: 𝑇 = ∫ 𝑝𝜃𝜇𝑟2𝑑𝑟 = 𝜃 2 𝜇𝑟𝑖𝑃𝑚á𝑥(𝑟0 2 − 𝑟𝑖 2) 𝑟0 𝑟𝑖 (13) A combinação das Equações 12 e 13 produz uma expressão relacionando torque à força axial no caso de desgaste uniforme: 𝑇 = 𝑁𝜇𝐹 ( 𝑟0 + 𝑟𝑖 2 ) (14) Onde N é o número de superfícies de atrito na embreagem. A partir das Equações 12 e 13, pode ser mostrado que o máximo torque para qualquer valor de raio externo ro será obtido quando o raio interno for: 𝑟𝑖 = √ 1 3𝑟0 = 0,577𝑟0 (15) Observe que a hipótese de desgaste uniforme produz uma capacidade de torque menor que aquela obtida com a hipótese de pressão uniforme. O desgaste inicial alto nos raios maiores muda o centro de pressão radialmente para dentro, produzindo um braço de momento menor para a força resultante de atrito. As embreagens são calculadas geralmente com base na condição de desgaste uniforme. Elas possuirão uma capacidade maior quando novas, porém, irão terminar próximo da capacidade estimada em projeto uma vez que se desgastem. 12 4 FREIOS DE DISCO As equações para embreagens de disco também se aplicam a freios de disco. Contudo, estes são raramente fabricados com forração cobrindo a circunferência completa de face, porque eles iriam superaquecer. Enquanto as embreagens são utilizadas com ciclos leves de carga, os freios frequentemente têm que absorver grandes quantidades de energia em aplicações repetidas. Freios de disco com pinça, como aqueles utilizados em automóveis, usam pastilhas de atrito aplicadas contra uma pequena parte da circunferência de disco, deixando o restante exposto ao esfriamento. Freios a disco são pouco sensíveis à contaminação externa, pois o disco é uma superfície externa girante, o que expulsa as impurezas por meio do efeito centrífugo. Este conjunto é menos propenso a falha por fadiga do sistema, decorrente do calor gerado. Os discos de freio podem ser uma peça sólida ou ventilada, com canais no seu interior por onde o fluxo de ar possa escoar. Um artifício bastante utilizado em motocicletas é perfurar os discos por três motivos: o primeiro é melhorar a limpeza dos discos caso haja contaminação por impurezas, óleo, lama e água. O segundo é diminuir a massa e a inércia do rotor. Por fim, perfurar os discos melhora a dissipação de calor. O freio comum de pinça utilizado em bicicletas, como mostrado na Figura 7, é outro exemplo em que o aro do pneu é o disco e os garfos atuam sobre apenas uma pequena parte da circunferência. Freios de disco são hoje em dia normalmente utilizados em automóveis, especialmente nas rodas dianteiras, que proporcionam mais que metade da força de frenagem. Figura 7 - Freio de disco utilizado em bicicletas 13 4.1 Freios de tambor Freios (ou embreagens) de tambor forçam o material de atrito sobre a circunferência de um cilindro, sejam externamente, internamente ou em ambas as faces. Esses dispositivos são mais frequentemente utilizados como freios do que como embreagens. A parte à qual o material de atrito é rebitado ou colado com adesivo é chamada de sapata de freio, e a parte contra a qual atrita tambor de freio. A sapata é forçada contra o tambor para criar um torque de atrito. A configuração mais simples de um freio de tambor é o freio de banda, no qual uma sapata flexível é enrolada ao redor da maior parte da circunferência do tambor e apertada contra ele. Alternativamente, uma sapata (ou sapatas) relativamente rígida, com guarnição, pode ser pivotada contra a circunferência externa ou interna (ou ambas) do tambor. Se a sapata contata apenas uma pequena porção angular do tambor, o arranjo é conhecido como um freio de sapata curto, caso contrário, é um freio de sapata longo. A geometria de contato no caso curto versus longo requer que um tratamento analítico diferente seja aplicado a cada caso 4.2 Freios a tambor com sapatas externas A figura 8 mostra o tipo mais comum de freio de tambor de sapatas externas. É utilizado em maquinas de elevação, tais como pontes rolantes, elevadores, gruas, etc.. Normalmente é composto de duas sapatas simetricamente dispostas em torno de um tambor, que é ligado a carga a ser freada. No caso da figura 8, o tambor provavelmente está ligado a outro tambor para enrolamento de cabos de aço de um elevador. No sistema mostrado, o acionamento é eletromagnético, mas também pode ser pneumático e, mais raramente, hidráulico ou manual. Quando o freio é acionado, o conjunto de alavancas atua no sentido de aplicar pressão entre as sapatas, que contém o material de atrito substituível, e o tambor. Figura 8 - Freios a tambor de sapatas externas para máquinas de elevação O tambor de freios mostrado na figura 8 serve também para dissipar o calor gerado na interface com as sapatas. Um freio semelhante a esse é empregado em veículos ferroviários. No 14 caso desses veículos, a sapata é pivotada em torno de um pino que a liga ao sistema de alavancas. A figura 9 mostra uma sapata colocada sobre a roda, à esquerda, e o esquema pneumático de aplicação dos freios ferroviários, à direita. Apenas um cilindro é utilizado para cada vagão em veículos de carga. Para locomotivas e alguns tipos de carros de passageiros, cada roda tem seu próprio cilindro de acionamento. Veículos ferroviários dissipam o calor através das rodas, que o transfere por convecção em sua superfície ou por condução no contato com o trilho. O aquecimento nas rodas é a causa de diversos problemas encontrados em ferrovias de carga, tratados em fontes específicas. Figura 9 - Sapata e esquema de freios a tambor de sapatas externas para veículos ferroviários. O freio de tambor de sapatas internas é utilizado normalmente como freio traseiro de veículos de passeio ou como freio de caminhões e ônibus. Consiste também de duas ou mais sapatas que são aplicadas contra um tambor de freios, mas na face interna deste. Para tambores cilíndricos sólidos, como o mostrado na figura 9, fica difícil imaginar como as sapatas poderiam ser aplicadas na face interna, mas se considerarmos o tambor como um anel ou um cilindro vazado as sapatas podem ser colocadas no interior ou sobre a superfície externa, causando o mesmo efeito de frenagem. A figura 10 mostra um esquema simplificado destetipo de freio. Nele é mostrado o cilindro de freio, que recebe a pressão hidráulica do sistema de acionamento; os pistões do cilindro, que se movem aplicando a sapata sobre o tambor; as sapatas, que consistem no suporte metálico (contrasapata) e na lona de freio; o tambor, que é a parte que gira do conjunto e é solidário à roda em veículos; o cabo, que serve para aplicar o freio manualmente através da alavanca do freio; e o ajustador de folga, que move a lona para mais perto do tambor conforme esta vai sendo desgastada, diminuindo o curso até a frenagem. No tipo de freio mostrado, a força gerada no cilindro hidráulico move a parte superior das sapatas, que estão ancoradas no 15 ajustador de folga. Com essa restrição, as sapatas não se movem lateralmente, mas giram em torno do ponto de ancoragem. Fica evidente que o apoio da sapata sobre o tambor se dá principalmente na parte superior desta, fazendo com que a pressão de contato seja maior nessa região. Figura 10 - Esquema de freios a tambor de sapatas internas para veículos automotivos A figura 11 mostra um tambor de freio típico com o ajustador de folga e uma sapata mostrados em detalhe. Conforme a sapata é desgastada, a alavanca do ajustador de folga se move. A alavanca está apoiada em uma catraca que gira quando a primeira se move. Com o movimento da catraca a rosca de um parafuso espaçador também gira, distanciando o ponto de ancoragem das sapatas e fazendo com que estas fiquem mais próximas do tambor. Essa proximidade controlada é importante para que o tempo de resposta do sistema seja reduzido. Figura 11 - Freios a tambor de sapatas internas com detalhe do ajustador e da sapata Freios a disco são pouco sensíveis à contaminação externa, pois o disco é uma superfície externa girante, o que expulsa as impurezas por meio do efeito centrífugo. Este conjunto é 16 menos propenso a falha por fadiga do sistema, decorrente do calor gerado. Os discos de freio podem ser uma peça sólida ou ventilada, com canais no seu interior por onde o fluxo de ar possa escoar. Um artifício bastante utilizado em motocicletas é perfurar os discos por três motivos: o primeiro é melhorar a limpeza dos discos caso haja contaminação por impurezas, óleo, lama e água. O segundo é diminuir a massa e a inércia do rotor. Por fim, perfurar os discos melhora a dissipação de calor. De acordo com Orthwein, entre os materiais utilizados na fabricação dos discos de freio estão o ferro fundido cinzento, o aço-carbono e aço inoxidável. Atualmente, novos materiais estão sendo empregados pela indústria para atender automóveis de grande desempenho, com destaque para os discos feitos em cerâmica, carbono e alumínio. Quanto à fixação, existem dois tipos básicos de discos empregados nas indústrias automotivas. O tipo mais comum é o fixo ao cubo 12. Essa flutuação possui a capacidade de compensar pequenos empenos no rotor sem introduzir vibrações ao sistema. A Figura 12 mostra de forma esquemática um freio de tambor com sapatas externas curtas. Se o ângulo θ subtendido pelo arco de contato entre a sapata e o tambor for pequeno (< que cerca de 45°), então podemos considerar a força distribuída entre a sapata e o tambor como uniforme, podendo ser substituída por uma força concentrada, Fn, no centro da área de contato, como mostrado na Figura 12-b. Para qualquer valor de máxima pressão permissível na forração, pmax (Tabela 1), a força Fn pode ser estimada como: 𝐹𝑛 = 𝑃𝑚á𝑥𝑟𝜃𝑤 (16) Figura 12: Geometria e forças para um freio de tambor de sapata externa longa 17 Onde w é a largura da sapata de freio na direção z e θ, o ângulo subtendido, em Radianos. A força de atrito, Ff, é: 𝐹𝑓 = 𝜇𝐹𝑛 (17) sendo μ o coeficiente de atrito do material de forração utilizado no freio Tabela 1. O torque no disco de tambor é, então, 𝑇 = 𝐹𝑓𝑟 = 𝜇𝐹𝑛𝑟 (18) Somando os momentos com relação ao ponto O no diagrama de corpo livre da Figura x e substituindo a Equação 17, resulta: ∑ 𝑀 = 0 = 𝑎𝐹𝑎 − 𝑏𝐹𝑛 + 𝑐𝐹𝑓 𝐹𝑎 = 𝑏𝐹𝑛 − 𝑐𝐹𝑓 𝑎 = 𝑏𝐹𝑛 − 𝜇𝐹𝑛 𝑎 = 𝐹𝑛 = 𝑏 − 𝜇𝑐 𝑎 (20) As forças de reação no pivô são determinadas a partir da soma de forças. 𝑅𝑥 = −𝐹𝑓 𝑅𝑦 = 𝐹𝑎 − 𝐹𝑛 Freios (ou embreagens) de tambor forçam o material de atrito sobre a circunferência de um cilindro, sejam externamente, internamente ou em ambas as faces. Esses dispositivos são mais frequentemente utilizados como freios do que como embreagens. A parte à qual o material de atrito é rebitado ou colado com adesivo é chamada de sapata de freio, e a parte contra a qual atrita tambor de freio. A sapata é forçada contra o tambor para criar um torque de atrito. A configuração mais simples de um freio de tambor é o freio de banda, no qual uma sapata flexível Tabela 1: propriedades de materiais comuns de forração 18 é enrolada ao redor da maior parte da circunferência do tambor e apertada contra ele. Alternativamente, uma sapata (ou sapatas) relativamente rígida, com guarnição, pode ser pivotada contra a circunferência externa ou interna (ou ambas) do tambor. Se a sapata contata apenas uma pequena porção angular do tambor, o arranjo é conhecido como um freio de sapata curto, caso contrário, é um freio de sapata longo. A geometria de contato no caso curto versus longo requer que um tratamento analítico diferente seja aplicado a cada caso A figura 13 mostra o tipo mais comum de freio de tambor de sapatas externas. É utilizado em maquinas de elevação, tais como pontes rolantes, elevadores, gruas, etc... Normalmente é composto de duas sapatas simetricamente dispostas em torno de um tambor, que é ligado a carga a ser freada. No caso da figura 8, o tambor provavelmente está ligado a outro tambor para enrolamento de cabos de aço de um elevador. No sistema mostrado, o acionamento é eletromagnético, mas também pode ser pneumático e, mais raramente, hidráulico ou manual. Quando o freio é acionado, o conjunto de alavancas atua no sentido de aplicar pressão entre as sapatas, que contém o material de atrito substituível, e o tambor. Figura 13 - Freios a tambor de sapatas externas para máquinas de elevação O tambor de freios mostrado na figura 13 serve também para dissipar o calor gerado na interface com as sapatas. Um freio semelhante a esse é empregado em veículos ferroviários. No caso desses veículos, a sapata é pivotada em torno de um pino que a liga ao sistema de alavancas. A figura 14 mostra uma sapata colocada sobre a roda, à esquerda, e o esquema pneumático de aplicação dos freios ferroviários, à direita. Apenas um cilindro é utilizado para cada vagão em veículos de carga. Para locomotivas e alguns tipos de carros de passageiros, 19 cada roda tem seu próprio cilindro de acionamento. Veículos ferroviários dissipam o calor através das rodas, que o transfere por convecção em sua superfície ou por condução no contato com o trilho. O aquecimento nas rodas é a causa de diversos problemas encontrados em ferrovias de carga, tratados em fontes específicas. Figura 14 - Sapata e esquema de freios a tambor de sapatas externas para veículos ferroviários O freio de tambor de sapatas internas é utilizado normalmente como freio trazeiro de veículos de passeio ou como freio de caminhões e ônibus. Consiste também de duas ou mais sapatas que são aplicadas contra um tambor de freios, mas na face interna deste. Para tambores cilíndricos sólidos, como o mostrado na figura 8, fica difícil imaginar como as sapatas poderiam ser aplicadas na face interna, mas se considerarmos o tamborcomo um anel ou um cilindro vazado as sapatas podem ser colocadas no interior ou sobre a superfície externa, causando o mesmo efeito de frenagem. A figura 15 mostra um esquema simplificado deste tipo de freio. Nele é mostrado o cilindro de freio, que recebe a pressão hidráulica do sistema de acionamento; os pistões do cilindro, que se movem aplicando a sapata sobre o tambor; as sapatas, que consistem no suporte metálico (contrasapata) e na lona de freio; o tambor, que é a parte que gira do conjunto e é solidário à roda em veículos; o cabo, que serve para aplicar o freio manualmente através da alavanca do freio; e o ajustador de folga, que move a lona para mais perto do tambor conforme esta vai sendo desgastada, diminuindo o curso até a frenagem. No tipo de freio mostrado, a força gerada no cilindro hidráulico move a parte superior das sapatas, que estão ancoradas no ajustador de folga. Com essa restrição, as sapatas não se movem lateralmente, mas giram em torno do ponto de ancoragem. Fica evidente que o apoio da sapata sobre o tambor se dá 20 principalmente na parte superior desta, fazendo com que a pressão de contato seja maior nessa região. Figura 15 - Esquema de freios a tambor de sapatas internas para veículos automotivos A figura 16 mostra um tambor de freio típico com o ajustador de folga e uma sapata mostrados em detalhe. Conforme a sapata é desgastada, a alavanca do ajustador de folga se move. A alavanca está apoiada em uma catraca que gira quando a primeira se move. Com o movimento da catraca a rosca de um parafuso espaçador também gira, distanciando o ponto de ancoragem das sapatas e fazendo com que estas fiquem mais próximas do tambor. Essa proximidade controlada é importante para que o tempo de resposta do sistema seja reduzido. Figura 16 - Freios a tambor de sapatas internas com detalhe do ajustador e da sapata 4.3 Freios de tambor com sapatas externas longas 21 Se o ângulo de contato θ entre a sapata e o tambor na Figura 17-9 exceder cerca de 45°, então a hipótese de distribuição uniforme de pressão sobre a superfície da sapata será incorreta. A maior parte dos freios de sapata possui um ângulo de contato de 90° ou mais, de maneira que deve ser feita uma análise mais precisa que a empregada para sapatas curtas. Uma vez que nenhuma sapata de freio é infinitamente rígida, sua deflexão irá afetar a distribuição de pressão. Uma análise que leve em conta efeitos de deflexão é muito complicada e não é realmente assegurada aqui. À medida que a sapata se desgasta, irá pivotar-se com relação ao ponto O na Figura 17, e o ponto B irá viajar mais que o ponto A por causa da sua maior distância do ponto O. A pressão em qualquer ponto da sapata também irá variar em proporção à sua distância de O. Pressuponha que o tambor rode à velocidade constante e que o desgaste seja proporcional ao trabalho de atrito feito, isto é, o produto pV. Assim, em qualquer ponto na sapata, como C na Figura 17, a pressão normal p será proporcional a sua distância do ponto O. 𝑝 𝛼 𝑏𝑠𝑖𝑛𝜃 𝛼 𝑠𝑖𝑛𝜃 Uma vez que a distância b é constante, a pressão normal em qualquer ponto é proporcional a sen θ. Chamemos a constante de proporcionalidade K. 𝑃 = 𝐾𝑠𝑖𝑛𝜃 (21) Se a máxima pressão permissível no material de forração for pmax (Tabela 1), então a constante K pode ser definida como: 𝐾 = 𝑃 𝑠𝑖𝑛𝜃 = 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 (22) onde θmax é o mínimo entre θ2 e 90°. Então, 𝑃 = 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃 (23) Figura 17: Geometria e forças para um freio de tambor de sapata externa longa. 22 Para obter a força total na sapata, a função de pressão dever ser integrada sobre o intervalo angular da mesma. Considere o elemento diferencial dθ mostrado na figura anterior. Duas forças diferenciais agem neste elemento, dFn e dFf. Elas possuem braços de momento com relação ao ponto O de “bsenθ” e “(r-b)cosθ”, como mostrado na figura. Ao integrar para obter os momentos referentes a toda a superfície cin relação a O, temos, para o momento devido a força normal: 𝑀𝑛 = ∫ 𝑝𝑤𝑟𝑑 𝑏𝑠𝑖𝑛𝜃 𝜃2 𝜃1 = ∫ 𝑤𝑟𝑏𝑝 sin 𝜃𝑑𝜃 𝜃2 𝜃1 = ∫ 𝑤𝑟𝑏 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 𝜃2 𝜃1 𝑠𝑖𝑛2𝜃𝑑𝜃 𝑀𝑛 = 𝑤𝑟𝑏 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 [ 1 2 (𝜃2 − 𝜃1) − 1 4 (𝑠𝑖𝑛2𝜃2 − 𝑠𝑖𝑛2𝜃1)] (24) onde w é a largura do tambor na direção z e as outras variáveis são definidas na Figura 18. Para o momento devido à força de atrito: 𝑀𝐹𝑓 = ∫ 𝜇𝑝𝑤𝑟𝑑𝜃(𝑟 − 𝑏𝑐𝑜𝑠𝜃) = 𝜃2 𝜃1 ∫ 𝜇𝑝𝑤𝑟 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃(𝑟 − 𝑏𝑐𝑜𝑠𝜃)𝑑𝜃 𝜃2 𝜃1 𝑀𝐹𝑓 = 𝜇𝑝𝑤𝑟 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 [−𝑟(𝑐𝑜𝑠𝜃2 − 𝑐𝑜𝑠𝜃1) − 𝑏 2 (𝑠𝑖𝑛2𝜃2 − 𝑠𝑖𝑛 2𝜃1)] (25) Somando os momentos com relação ao ponto 0 produz: 𝐹𝑎 = 𝑀𝐹𝑛 ± 𝑀𝐹𝑓 𝑎 (26) Onde o sinal superior é para um freio autoenergizante e o inferior, para um freio auto desenergizante. Pode ocorrer autotravamento apenas se o freio for autoenergizante e MFf > MFn. O torque de frenagem é encontrado integrando a expressão para o produto da força de atrito Ff e o raio r do tambor. 23 𝑇 = ∫ 𝜇𝑝𝑤𝑟 𝑑𝜃𝑟 𝜃2 𝜃1 𝑇 = ∫ 𝜇𝑝𝑤𝑟 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃 𝑑𝜃𝑟 𝜃2 𝜃1 𝑇 = 𝜇𝑤𝑟2 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 (𝑐𝑜𝑠𝜃1 − 𝑐𝑜𝑠𝜃2) (27) As forças reativas Rx e Ry são encontradas a partir da soma das forças nas direções x e y (ver a Figura 12-b): 𝑅𝑥 = ∫ 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑑𝐹𝑛 + ∫ 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑑𝐹𝑓 = ∫ 𝑤𝑟𝑝𝑐𝑜𝑠𝜃𝑑𝜃 + 𝜇 𝜃2 𝜃1 ∫ 𝑤𝑟𝑝𝑠𝑖𝑛𝜃𝑑𝜃 𝜃2 𝜃1 𝑅𝑥 = ∫ 𝑤𝑟 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 𝜃2 𝜃1 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠𝜃𝑑𝜃 + 𝜇 ∫ 𝑤𝑟 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 𝜃2 𝜃1 𝑠𝑖𝑛2𝜃𝑑𝜃 (27) 𝑅𝑦 = 𝑤𝑟 𝑃𝑚á𝑥 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑚á𝑥 {− ( 𝑠𝑖𝑛2𝜃2 2 − 𝑠𝑖𝑛2𝜃1 2 ) + 𝜇 [ 1 2 (𝜃2 − 𝜃1) − 1 4 (𝑠𝑖𝑛2𝜃2 − 𝑠𝑖𝑛2𝜃1)]} − 𝐹𝑎 (28) 24 5 MATERIAIS PARA EMBREAGENS E FREIOS Os materiais para partes estruturais de embreagens e freios, como os discos e tambores, são geralmente feitos de ferro fundido cinzento ou aço. As superfícies de atrito são geralmente forradas com um material que possua um bom coeficiente de atrito e com resistência à compressão e à temperatura suficientes para a aplicação. A fibra de asbesto foi durante algum tempo o ingrediente mais comum em forrações de freios ou embreagens, mas não é mais usada em muitas aplicações por causa do risco causado pelo fato de ser cancerígena. Forrações ou guarnições podem ser moldadas, tecidas, sinterizadas ou de material sólido. As forrações moldadas usam, geralmente, resinas a base de polímeros para juntar uma variedade de materiais de preenchimento ou materiais fibrosos. Latão ou fragmentos de zinco são algumas vezes adicionados para melhorar a condução de calor e a resistência ao desgaste, além de reduzir o ranhuramento de tambores e discos. Materiais tecidos são constituídos de longas fibras de asbesto. Os metais sinterizados fornecem maiores resistências às temperaturas e à compressão que os materiais moldados ou tecidos. Materiais como cortiça, madeira e ferro fundido também são utilizados, como guarnição. 25 6 APLICAÇÕES Embreagens e freios são usados de forma corriqueira em todos tipos de maquinaria. Todos os veículos necessitam de freios para parar o movimento, da mesma forma que máquinas estacionárias. As embreagens são necessárias para interrompero fluxo de potência entre o movimentador primário (motor, motor de combustão interna, etc.) e a carga, de maneira que a carga possa ser parada (pelo freio) e o movimentador primário possa continuar em movimento. Aplicações para sistemas de freios e embreagens. Os sistemas freios são utilizados tanto na área automobilística, quanto na indústria. Na área automobilística podemos ver os freios a disco, e a tambor. Já na área industrial temos outros tipos de freios como por exemplos: Freios estáticos de segurança ou estacionamento, freios dinâmicos (serviços e emergência), freios de tensionamento. Os freios a disco e a tambor: são utilizados para a redução da velocidade em automóveis. Já os freios industriais o princípio é o mesmo. Freios estáticos de segurança ou estacionamento: Destinado a operações onde busca-se o estacionamento ou garantia de parada de máquina e equipamento em posição inalterada. Na maioria das aplicações estáticas deve-se calcular o torque e acrescentar um fator de segurança, normalmente entre 1,5 a 2,0 para compensar a possibilidade de interferência de aspectos externos tais como: contaminação da superfície de frenagem e perdas das condições de atrito das pastilhas, além de prover uma margem de segurança da frenagem. Freios dinâmicos (serviços e emergência) : Nestas aplicações o freio tem que parar todos os componentes móveis da máquina ou equipamento, portanto, deve ser dimensionado para suprir as exigências das frenagens estática e dinâmica. Os cálculos devem garantir: um fator de segurança entre 2,0 e 2,5 sobre o torque nominal do motor, condições mínimas de temperatura de operação e capacidade de dissipação térmica, para que as características ideais de atrito entre as pastilhas e superfície de frenagem sejam sempre mantidas. Freios de tensionamento: Essas aplicações exigem que os freios forneçam torque continuo para tencionar o material que passa pelas máquinas e como consequência al capacidade de dissipação térmica, por exemplo: enroladeiras, desenroladeiras e rebobinadeiras. Na maioria dos casos operam com controle proporcional da força de atuação dos freios, devendo ser dimensionados tendo em vista 26 considerações especiais (críticas) de operação, para garantir uma longa vida útil de seus componentes. Os cálculos sempre devem levar em conta a inércia total do sistema e a velocidade máxima de operação das máquinas, acrescidos de um fator de serviço a ser definido conforme a aplicação. Aplicação para embreagem É o mecanismo utilizado em diversos veículos, para transmitir a rotação do volante para o motor para as engrenagens dá ]caixa de velocidades 27 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NORTON, Rob. Projeto de máquinas: uma abordagem integrada. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. SHIGLEY, Joseph Edward; MISCHKE, Charles R.; BUDYNAS, Richard G. Projeto de engenharia mecânica. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. SANTOS JUNIOR, Auteliano A. dos. Freios e embreagens por atrito. 25 f. Apostila – Departamento de projeto mecânico, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. .
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