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* * * BIOLOGIA CELULAR Airton Antonio CASTAGNA Docteur Ingénieur – INA / P-G * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR Os tecidos animais e vegetais não são constituídos apenas por células, mas apresentam um espaço extracelular freqüentemente preenchido por um complexo de componentes fibrosos – a matriz extracelular, de importância fundamental para as funções dos tecidos. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR O estudo das interações da célula com a matriz extracelular é recente e tem evoluído rapidamente. Os primeiros experimentos foram feitos com cultivo de células em tubos revestidos com componentes da matriz. As células crescem mais vigorosamente e assumem aspectos diferentes quando na presença de determinados componentes da matriz. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR As células cultivadas alteram também seu comportamento quanto à motilidade, adesividade aos frascos, etc., modificando até a disposição intracelular dos componentes do citoesqueleto conforme as macromoléculas da matriz que forram os frascos de cultura. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR A matriz extracelular é constituída por um complexo, em proporções variáveis, de inúmeras proteínas e polissacarídeos que se organizam formando uma rede, em parte responsável pela grande diversidade morfológica, funcional e patológica dos diversos tecidos. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR A quantidade de matriz varia conforme o tipo de tecido: é abundante nos tecidos conjuntivos como cartilagem, osso e derme; é escassa no tecido nervoso e epitelial. A matriz forma um substrato que fornece condições adequadas para o crescimento e diferenciação das células dos vários tecidos. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR Variações da qualidade e quantidade das células e da matriz, assim como no modo com que se organizam, são responsáveis pela diversidade de tecidos: a deposição de cristais de fosfato e cálcio explica por que os ossos e os dentes são duros, enquanto outros tecidos apresentam aspecto gelatinoso, ou, ainda, são rígidos mas cedem às pressões como as cartilagens. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR Na interface do tecido epitelial com o tecido conjuntivo, em torno das células musculares, dos capilares sangüíneos e dos capilares linfáticos, a matriz extracelular forma uma camada delgada, a lâmina basal, que é uma treliça de macromoléculas importante para a função das células. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO A matriz é constituída basicamente por proteínas fibrosas (colágeno e elastina) embebidas em um gel hidrofílico de polissacarídeos associados ou não a proteínas. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Os componentes da matriz são secretados, principalmente, por células do tecido conjuntivo e dividem-se em dois tipos: os constituídos por moléculas protéicas alongadas que se agregam formando estruturas fibrilares como o colágeno e a elastina; e, os constituintes que não formam fibras e que podem ser de dois sub-tipos: glicoproteínas alongadas como fibronectina e laminina cuja função principal é realizar a adesão entre a matriz e as células; e, glicosaminoglicanas e proteoglicanas que formam um gel hidratado no qual estão imersos os componentes da matriz. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO ۞ – O colágeno e a elastina são responsáveis pelo arcabouço estrutural e elástico de vários tecidos. ۞ – A fribronectina é responsável pela adesão das células não epiteliais à matriz e, a laminina, pela adesão das células epiteliais à lâmina basal. ۞ – As glicoaminoglicanas e as proteoglicanas formam um gel hidrófilo, semi-fluido, que permite a circulação, nos tecidos conjuntivos, de nutrientes, hormônios e outros mensageiros químicos. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO A matriz extracelular também é importante em patologia, pois a sua viscosidade retarda a penetração de microorganismos nos tecidos. Bactérias que produzem enzimas capazes de digerir macromoléculas da matriz extracelular se infiltram com mais facilidade nos tecidos. É o caso dos estafilococos que secretam hialuronidase e do clostrídio (responsável pela gangrena) que secreta colagenase. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO ۞ – Fibronectina e laminina são glicoproteinas alongadas, multiadesivas e extracelulares que têm em suas moléculas sítios que as prendem as células e a componentes da matriz. ۞ – As integrinas constituem um complexo de receptores celulares que prendem as células à matriz, e, no lado interno (citoplasma) se liga por intermédio da talina (outra proteina) ao citoesqueleto. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Existem integrinas também nas plaquetas sanguíneas, que são corpúsculos circulantes muito importantes na hemostasia, processo que visa impedir a hemorragia (saída de sangue dos vasos). A hemostasia depende da contração da parede vascular e da coagulação localizada do sangue. Dentro do vaso sangüíneo lesado, as plaquetas liberam moléculas que promovem a coagulação intravascular. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Muitas vezes as plaquetas saem dos vasos pela ruptura da parede vascular. Quando isto acontece elas se ligam através das integrinas de suas membranas, à fibronectina da matriz extracelular e ao fibrinogênio (proteína do plasma sanguíneo). Devido a esta associação entre plaquetas, fibrinogênio e fibronectina, os coágulos se prendem à matriz, processo importante no controle das hemorragias. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Desenho esquemático do receptor de fibronectina (uma integrina), mostrando que se trata de uma proteína transmembrana que se prende à fibronectina na região extracelular e, no citoplasma, por intermédio da talina, prende-se à actina. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO A ausência de certas integrinas, devido a mutação genética, gera doenças como a de Glanzmann – onde a ausência do receptor celular para o fibrinogênio leva a hemorragias freqüentes. A doença chamada de deficiência do fator de adesão de leucócitos é gerada pela ausência de uma das cadeias polipeptídicas da integrina dos leucócitos, levando a repetidas infecções bacterianas nos pacientes. O defeito das integrinas nos leucócitos dificulta sua migração para os locais de infecção e, então, fagocitar os microorganismos invasores. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO A lâmina basal é uma treliça de moléculas de colágeno embebida em inúmeras proteínas (+ de 30), das quais as mais importantes são a laminina e a proteoglicana do dermatam sulfatado. As moléculas do colágeno, nas lâminas basais, não se dispõe em fibrilas, parecem-se a uma tela de galinheiro, apresentando laminina e proteoglicana entre suas malhas. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Eletromicrografia da interface de uma célula epitelial da pele com o tecido conjuntivo subjacente. Entre esta duas estruturas, apresenta-se a lâmina basal. Observe os hemidesmossomos que se prendem à lâmina basal por meio de filamentos intermediários. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Fotomicrografia da epitélio estratificado mostrando a lâmina basal que o separa do tecido conjuntivo subjacente. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Esta estrutura forma uma malha filtrante de carga aniônica que serve para a filtração do plasma sangüíneo e formação de urina nos rins. No pulmão a lâmina basal protege este órgão contra a penetração nos tecidos de material transportado pelo ar inspirado. Os componentes da lâmina basal são produzidos pelas células epiteliais, endoteliais e musculares e não por células do tecido conjuntivo. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Para se propagarem no organismo, as células dos tumores malignos de origem epitelial devem atravessar as lâminas basais dos epitélios e as lâminas basais dos capilares, para caírem na corrente sangüínea ou linfática. Atravessam novamente a lâmina basal, para saírem em direção oposta e formar colônias de células malignas ou mestástases (do grego meta – longe, e stasis – parada) nos vários órgãos. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO O colágeno constitui uma família de proteínas alongadas que compreende mais de uma dúzia de tipos, dos quais quatro são os mais conhecidos. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO As fibras elásticas são abundantes em estruturas como a pele, artérias e pulmões, o que proporciona elasticidade a estes órgãos. As fibras elásticas apresentam a capacidade de se distenderem quando tracionadas, voltando depois ao seu comprimento normal quando a força da tração é interrompida. A elasticidade das fibras elásticas é, no mínimo, cinco vezes maior do que a de um filamento de borracha de mesmo diâmetro. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO As moléculas de elastina, parcialmente enoveladas, se prendem por suas extremidades através de ligações covalentes. Quando as fibras são esticadas, as moléculas de elastina se desenrolam, voltando à posição inicial uma vez terminada a força exercida. * * * BIOLOGIA CELULAR MATRIZ EXTRACELULAR - CONSTITUIÇÃO Enfraquecimento do colágeno dos vasos sangüíneos e dos ligamentos dentários causa hemorragias freqüentes e queda dos dentes, sintomas característicos do escorbuto, causada pela deficiência de vitamina C, co-fator indispensável para síntese do colágeno.
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