Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GABARITO DO 3o TESTE DE FUNDAMENTOS DE MECAˆNICA - TURMA A3 - 26/06/2017 1– Treˆs part´ıculas, cada uma de massa m, esta˜o situadas nos ve´rtices de um triaˆngulo equila´tero de lado a. 1.1– Ache a expressa˜o para o mo´dulo da forc¸a gravitacional sobre cada part´ıcula, devido a`s outras duas, em termos de m, a e G. 1.2– Se estas part´ıculas estiverem em movimento sincronizado, girando em torno do centro de massa comum ao sistema calcule a velocidade angular do sistema em termos de m, a e G, para que o triaˆngulo na˜o se deforme. Soluc¸a˜o O ponto mais importante para resolver esse problema e´ o fato das part´ıculas interagirem entre si como pares, na˜o importando a presenc¸a das outras. A energia potencial e o mo´dulo da forc¸a (de atrac¸a˜o) entre cada par sera˜o: Epot = −G m2 a (1.1) Fpar = G m2 a2 (1.2) a a m Fpar Fpar CM F res a m mR = 2/3 h P1.1– Considere somente a part´ıcula no ve´rtice superior da figura acima. A forc¸a resultante sobre ela e´ a soma vetorial das forc¸as entre os pares em que ela participa. Utilizando das regras de soma de vetores, vemos que essa forc¸a aponta para o centro do triaˆngulo e seu mo´dulo e´ Fres = 2Fpar cos 30 ◦ = √ 3G m2 a2 (1.3) P1.2– O raio do c´ırculo sera´ igual a` distaˆncia entre qualquer ve´rtice e o centro de massa do sistema, e que se situa no centro do triaˆngulo, e que dista de cada ve´rtice uma distaˆncia de 2/3 da altura do traˆngulo R = 2 3 h = 2 3 √ 3 2 a = √ 3 3 a A forc¸a resultante em cada part´ıcula sera´ a responsa´vel pela sua acelerac¸a˜o. Como o movimento e´ circular, a acelerac¸a˜o sera´ a a acelerac¸a˜o centr´ıpeta, ac = ω 2R. Enta˜o, Fres = mac = √ 3G m2 a2 = mω2R = mω2 √ 3 3 a, e, simplificando, encontramos ω2 = 3G m a3 −→ ω = √ 3G m a3 . 2- O telesco´pio espacial Hubble esta´ em o´rbita circular a uma alti- tude h(=610 km) acima da superf´ıcie terrestre; o raio da Terra e´ RT (=6370 km), sua massa e´ MT (=5,97×1024 kg). Determine, em termos de h, RT , MT e a constante de gravitac¸a˜o universal, G(=6,67×10−11 m3kg−1s−2). Os dados sa˜o fornecidos somente para sua curiosidade. Resolva o problema literalmente e na˜o fac¸a as contas; deixe tudo indicado, mas justifique suas re- spostas, descrevendo seu racioc´ınio. 2.1– a velocidade orbital linear (tangencial) do telesco´pio, 2.2– o per´ıodo orbital do telesco´pio, 2.3– a velocidade de escape (em relac¸a˜o a` Terra) nessa altitude. h M R T T m F Soluc¸a˜o Na figura, que na˜o esta´ proporcional em relac¸a˜o aos tamanhos de R e h, mostramos a forc¸a, F que o sate´lite sofre da Terra. Essa forc¸a e´ a resultante sobre o sate´lite e, como tal, e´ a forc¸a centr´ıpeta em seu movimento orbital. A massa do sate´lite, m, na˜o foi fornecida, mas conhecemos o raio desse movimento, r = RT + h. Portanto, conhecemos a acelerac¸a˜o centr´ıpeta, acentr = ω 2r = V 2 orb r . P1.1– Partindo do racioc´ınio acima, F = G MTm r2 = G MTm (RT + h) 2 = macentr = mω 2 (RT + h) = m V 2orb R+ h (1) ou, simplificando, Vorb = √ GMT R+ h = 7,55km/s. (2) P1.2– O per´ıodo pode ser calculado de va´rias formas, por exemplo usando-se o resultado da Eq.(2) como P = 2pi(R+ h) Vorb = 2pi √ (R+ h)3 GMT = 96,8min. (3) P1.3– A forc¸a gravitacional e´ uma forc¸a conservativa. Como sabemos a distaˆncia do telesco´pio do centro da Terra, sabemos sua energia potencial gravitacional quando esta´ em o´rbita. Para que escape da atrac¸a˜o da Terra, ele deve ter uma velocidade Vesc que lhe deˆ uma energia cine´tica nessa posic¸a˜o que o possibilite se afastar ate´ uma distaˆncia infinita da Terra, mas ficar parado la´. Desprezando qualquer perda por atritos, podemos igualar as suas energias mecaˆnicas, cine´tica mais potencial gravitacional, perto e longe da Terra; Emec,perto = 1 2 mV 2esc + ( −GMTm R+ h ) = Emec,longe = 0 + 0 ou Vesc = √ 2 ( GMT R+ h ) = √ 2Vorb, (4) ou seja, a velocidade de escape e´ somente √ 2 vezes maior que a velocidade orbital que possui pela Eq.(1). 3– Uma esfera macic¸a e uniforme de raio R e massaM , momento de ine´rcia pelo centro de massa ICM,esf = 2 5 MR2, gira inicialmente com a velocidade angu- lar ω0, como na figura ao lado, pore´m sem qualquer velocidade de translac¸a˜o de seu eixo. A esfera e´ colocada em contacto com uma superf´ıcie horizon- tal com a qual possui um coeficiente de atrito cine´tico µ. ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� µ ω0 R M v = 00 3.1- Localize na figura quais as forc¸as (represente o ponto de aplicac¸a˜o, direc¸a˜o e sentido) que atuam na esfera, enquanto existir derrapagem entre ela e o solo. 3.2- Descreva com suas palavras como sera´ o movimento dessa esfera ao longo do tempo. 3.3- Escreva as equac¸o˜es para o movimento de translac¸a˜o do centro de massa (forc¸as) e de rotac¸a˜o em torno do centro de massa (torques) da esfera e encontre suas acelerac¸o˜es linear e angular, em termos de M , R, µ e g. 3.4- Eventualmente cessa a derragem e a esfera passa a rolar sobre a superf´ıcie. Calcule a velocidade final de translac¸a˜o da esfera, v, em termos de ω0, M , R, µ e g, logo apo´s a esfera passar a rolar sem derrapar sobre a superf´ıcie horizontal. Soluc¸a˜o P3.1– As forc¸as que atuam na esfera, enquanto ela derrapa sobre a superf´ıcie horizontal sa˜o seu peso, mg, causado pela atrac¸a˜o da Terra, que sofre a reac¸a˜o. Pelas propriedades da definic¸a˜o do centro de massa, podemos considerar a forc¸a peso atuando no centro de massa da esfera. Como a es- fera e´ uniforme, seu centro de massa esta´ em seu centro geome´trico. Atuam ainda, a normal, N , e o atrito cine´tico, Fat,cin, causados pelo solo, que tambe´m sofre a reac¸a˜o de ambas as forc¸as. Estas duas u´ltimas forc¸as atuam no ponto de contacto entre a esfera e o solo. Todas as forc¸as esta˜o representadas no desenho ao lado. ����������� ����������� ����������� ����������� ����������� ����������� P=mg N F at,cin P3.2– A esfera, ao girar conforme a figura, vai querer empurrar, pelo atrito no ponto de contacto, o solo para a esquerda. Este reage e empurra a esfera para a direita. Como esta forc¸a de atrito e´ a u´nica forc¸a que atua na horizontal, ela causa na esfera uma acelerac¸a˜o para a direita que gradualmente aumentara´ a velocidade de translac¸a˜o da esfera, inicialmente parada. O peso e a normal atuam na vertical e na˜o afetam o movimento da esfera na horizontal. Em relac¸a˜o ao centro geome´trico da esfera, que coincide com seu centro de massa, nem o peso nem a normal conseguem realizar torques. Entretanto, o atrito exerce um torque cuja direc¸a˜o e´ oposta a` direc¸a˜o da velocidade angular inicial. Esse torque, devido a` forc¸a de atrito, portanto, causa uma acelerac¸a˜o que vai diminuir gradualmente a velocidade de rotac¸a˜o da esfera, inicialmente ω0. Quando as velocidades de rotac¸a˜o e de translac¸a˜o da esfera forem tais que ela consiga rolar sem deslizar, na˜o ha´ tendeˆncia para deslizamento e a esfera passa a rolar sem derrapar sobre o solo. P3.3– As equac¸o˜es de movimento da esfera sa˜o: a– translac¸a˜o, vertical – A esfera na˜o de movimenta na vertical, portanto sua acelerac¸a˜o e´ nula nessa direc¸a˜o: P −N = 0 −→ N = Mg (2.1) b– translac¸a˜o, horizontal – A esfera esta´ acelerada pela forc¸a de atrito, que e´ a u´nica na horizontal na esfera. Como se trata de atrito cine´tico, podemos relaciona´-lo diretamente com a normal: Fat,cin = µN = µMg = Ma −→ a = µ g (2.2) c– rotac¸a˜o em torno do eixo horizontal, que passa pelo seu centro,que coincide com o centro de massa. O torque total sera´ igual a´ variac¸a˜o de quantidade de movimento angular. Como a esfera e´ um corpo r´ıgido e o eixo na˜o muda sua direc¸a˜o no espac¸o, o torque total e´ igual ao momento de ine´rcia (calculado em torno do mesmo eixo que se usou para calcular o torque) vezes a acelerac¸a˜o angular: τtotal,CM = τpeso,CM + τnormal,CM + τatrito,CM = Iesf,CM α Como notamos anteriormente, nem o peso nem a normal exercem torque em relac¸a˜o ao centro da esfera e, portanto, a equac¸a˜o acima fica: τtotal,CM = τatrito,CM = RµMg = Iesf α = 2 5 MR2 α, (2.3) onde ja´ substituimos o valor correto do momento de ine´rcia da esfera. Simplificando, podemos encontrar a acelerac¸a˜o angular: α = 5µg 2R (2.4) P3.4– Com as acelerac¸o˜es linear e angular calculadas acima, Eqs. (2.3) e (2.4), podemos ver que sa˜o cons- tantes. Enta˜o, as velocidades linear e angular podem ser encontradas em func¸a˜o do tempo: v = v0 + at = µgt, (2.5) ω = ω0 − αt = ω0 − 5µg 2R t. (2.6) A velocidade linear aumenta, enquanto a velocidade angular diminui com o passar do tempo t. Quando tivermos v = ωR, condic¸a˜o para o rolamento sem deslizar, o atrito cine´tico desaparece: µgt = ( ω0 − 5µg 2R t ) R, que so´ possui soluc¸a˜o para o tempo t = 2ω0R 7µg . (2.7) Levando o tempo encontrado na Eq. (2.7) na Eq. (2.5), encontramos v = 2 7 ω0R, (2.8) que e´ a resposta pedida.
Compartilhar