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Monografia Ravena Wirlanne: O Sistema Penitenciário Brasileiro e a Ressocialização do Condenado.

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL PIAUIENSE-FUNEAC
FACULDADE DAS ATIVIDADES EMPRESARIAIS DE TERESINA-FAETE
DIREÇÃO DE ASSUNTOS ACADÊMICOS E COMUNITÁRIOS
COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHAREL EM DIREITO
O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E A RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO
RAVENA WIRLANNE RAMOS SALES
TERESINA - PIAUÍ
2017
RAVENA WIRLANNE RAMOS SALES
O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E A RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO
	
Monografia apresentada à Faculdade das Atividades Empresariais de Teresina – FAETE, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito, sob orientação da Profª Esp. Josianne Maria da Silva Abreu Pontes. 
TERESINA - PIAUÍ
2017
RAVENA WIRLANNE RAMOS SALES
O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E A RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO
	
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade das Atividades Empresariais de Teresina - FAETE, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.
						
Monografia aprovada em___/___/___
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profª. Esp. Josianne Maria da Silva Abreu Pontes
Orientadora
_____________________________________________
Profª. Esp. Roberta Andrade Ferreira
FAETE
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito que se fizerem necessários, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando à Faculdade das Atividades Empresariais de Teresina – FAETE, à Coordenação do Curso de Direito, à Banca Examinadora e a Orientadora de todo e qualquer reflexo acerca da monografia.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.
Teresina, _____ de ________de 2017.
___________________________________
NOME
A Deus, meu maior alicerce, por proporcionar-me a verdadeira força para lutar e encarar os desafios que a vida oferece, em busca da realização dos meus objetivos. 
 Aos meus pais, pelo amor, confiança, apoio, dedicação à família, enfim, pelo seu exemplo de vida.
 A minha irmã, pelo companheirismo e amizade. 
E as pessoas que contribuíram para desenvolvimento deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Sou extremamente grata ao Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, Rei dos Reis, Dono de toda a sabedoria, o único que é Digno de Toda Honra e Toda Glória por me permitir chegar até aqui e concluir este trabalho.
Agradeço de todo o meu coração aos meus pais, que sempre estão ao meu lado, pelo amor incondicional, pela dedicação, pela luta diária para investir no futuro de seus filhos, e por serem um exemplo de pessoas trabalhadoras.
Agradeço à minha irmã, por sempre incentivar-me a estudar e lutar pelos meus objetivos.
Agradeço aos meus amigos, pelo incentivo.
Agradeço à Professora Josianne Maria, minha orientadora pela paciência e pelo exemplo de profissional.
“Um recluso é preso por não cumprir a lei, mas depois ninguém cumpre a lei em relação ao recluso.”
Fernando Farinho Simões.
	
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar os aspectos da pena e sua finalidade, e verificar a realidade do sistema prisional à luz do ordenamento jurídico e a efetiva importância do processo de ressocialização. Devido à crise que se encontra o sistema prisional brasileiro, a pena privativa de liberdade tem se tornado apenas um meio de retirar da sociedade o indivíduo que praticou ato contrário ao ordenamento jurídico, pois extrai-se que a legislação não tem alcançado seu fim. Ademais, a temática aqui proposta compactua com a ideia que punir aquele que pratica um crime não é o suficiente para efetivo controle social, tendo em vista, que em nosso Ordenamento a Teoria adotada para finalidade da pena é a Teoria mista, onde a pena tem dupla função: punir e ressocializar. É necessário ter uma maior valorização no tocante à ressocialização do preso, que mesmo privado de sua liberdade é sujeito de direito, como qualquer outro individuo, pois ressocializar é fundamental.
Palavras-chave: Sistema Prisional Brasileiro. Pena. Finalidade da Pena. Ressocialização.
ABSTRACT
The present work has as general objective to analyze the aspects of the pen and its purpose, and to verify the reality of the prison system in light of the juridical order and the effective importance of the resocialization process. Due to the crisis in the Brazilian prison system, deprivation of liberty has become only a means of withdrawing from society the individual who has practiced an act contrary to the legal system, since it is extracted that the legislation has not reached its end. In addition, the theme proposed here is consistent with the idea that punishing the one who practices a crime is not enough for effective social control, considering that in our planning the theory adopted for the purpose of punishment is mixed theory, where the penalty has Dual function: punish and resocialize. It is necessary to have a greater appreciation for the re-socialization of the prisoner, who even deprived of his freedom is a subject of law, just like any other individual, because resocialization is fundamental.
Key words: Brazilian prison system. Penalty. Purpose of sentence. Resocialization.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................10 
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO SISTEMA PENITENCIÁRIO NO BRASIL...............................................................................................................11
Fases da Evolução da Pena ........................................................................11
1.1.1 Período da Vingança ................................................................................11
1.1.2 Período Humanitário ...............................................................................13
1.1.3 Período Cientifico .....................................................................................14
1.1.4 Período do Neodefensismo Social ou Nova Defesa Social......................14
1.2 Surgimento do cárcere no Brasil..................................................................14
2 AS ESPECIES DE SANÇÃO PENAL NO BRASIL.........................................18
2.1 Conceito e suas características ............................................................................18
2.2 Espécies de sanção penal ..............................................................................19
2.2.1 Da Pena Privativa De Liberdade .............................................................19 2.2.2 Das Penas Restritivas De Direito ............................................................21
2.2.3 Da Pena De Multa ...................................................................................24
2.2.4 Da Medida De Segurança .......................................................................25
3 A FUNÇÃO DA PENA E SUA RESSOCIALIZAÇÃO ....................................28
3.1 Teoria Das Penas.......................................................................................28
3.1.1 Teoria absolutista ou da retribuição.........................................................28
3.1.2 Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção..................................29
3.1.3 Teoria mista, eclética , intermediária ou conciliatória..............................29
3.2 Da ressocialização .....................................................................................30CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................33
REFERÊNCIAS................................................................................................34
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como tema o Sistema Penitenciário, no qual possui como delimitação a ressocialização do condenado. Diante disso, o referido trabalho tem como problematização analisar a realidade do sistema prisional brasileiro à luz do ordenamento jurídico.
Ademais, este tema foi escolhido devido à precariedade do sistema prisional brasileiro, tendo em vista s más condições que se encontram os presídios, que é o caso da falta de higiene, má alimentação dentro das prisões, a superlotação carcerária, a violência dentro dos presídios.
Além disso, são inúmeras as dificuldades encontradas pelo ex detendo ao ingressar na sociedade. E no tocante ao conjunto desses fatores encontrados pelo ex-presidiário, isso tem dificultado a indispensável reinserção do detento ao convívio social, o que não deixa de ser um dado alarmante, tendo vista que na sociedade o índice de criminalidade tem aumentado.
Diante do exposto, a referida pesquisa tem como objetivo geral analisar os aspectos da pena e sua finalidade, tendo em vista que o Direito Penal visa preservar a sociedade. E pretende verificar a realidade do sistema prisional à luz do Ordenamento jurídico e efetiva importância do processo de ressocialização.
Destarte, possui como objetivos específicos discutir os institutos relacionados à pena e analisar o instituto da ressocialização diante dos direitos e garantias dos aprisionados.
Ressalta-se ainda, que a metodologia utilizada nesta pesquisa foi o método de pesquisa bibliográfica exploratória, pois ela foi desenvolvida com base em material já elaborado composto principalmente de livros, artigos científicos e documentos eletrônicos.	 
Assim, a pesquisa foi apresentada em três capítulos. No primeiro capítulo será exposto uma breve análise da evolução da pena , e seus respectivos períodos dentro da historia do Direito Penal , e também será abordado sobre o surgimento do cárcere. 
No segundo capítulo, será apresentada as espécies de sanção penal, e finalmente o terceiro e ultimo capítulo, irá debater a função da pena e sua ressocialização.
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO SISTEMA PENITENCIÁRIO NO BRASIL
Quando se fala do sistema prisional e sua evolução histórica é imprescindível falar sobre a pena, tendo em vista que o cárcere resulta da pena imposta ao individuo que praticou ato contrário à lei, com o intuito de retribuir o delito praticado e de prevenir nova conduta criminosa.
1.1 Fases De Evolução Da Pena
A origem da palavra pena é algo variável entre os estudiosos, para alguns a origem do termo seria proveniente do latim poena, significando castigo, aflição ou ainda, teria sua origem nas palavras gregas, como poiné significando sofrimento, fadiga e eus de expiar, corrigir, (conforme entendimento doutrinário).
 Mais sabe-se que desde os primórdios o homem vive em sociedade, e nem sempre esse convívio é equilibrado, por isso, para a manutenção da sociedade, vale ressaltar a importância de buscar estabelecer normas de observância obrigatória, pois quem contraria uma norma de direito insere-se no conceito de ilícito jurídico, sendo a forma mais grave a do ilícito penal, tendo em vista que o Direito Penal tutela os bens mais importantes, como o direito à vida, à propriedade, e além disso, o direito penal tem o escopo de defender a coletividade e propor uma sociedade pacífica . 
E historicamente, o direito penal passou por diversas fases e com isso não se pode definir com exata precisão quando surgiu a ideia de crime e pena, mais ainda assim podemos identificar as fases que ela ocorreu em determinado período, tais como: período da vingança, período humanitário, período cientifico e o período do Neodefensismo Social ou Nova Defesa Social.
1.1.1 Período da vingança
Diz respeito à fase primitiva, nas origens da humanidade. Essa fase se caracterizava pela vingança privada, divina e pública, nessa fase primitiva o castigo não estava relacionado com a ideia de justiça, mas de vingança, com penas cruéis e desumanas.
Nesse sentido, acerca dessa fase Cinthia Marins Teles, assim dispôs:
“A lei pertencia ao mais forte e a justiça pendia para ele, no período da Vingança Privada, a pena imposta ultrapassava o transgressor, alcançava a família e até a tribo.” (TELES, 2004, p.1016)
A vingança privada era a forma de solução de conflitos desse povo antigo, antes de existir um estado organizado, o poder de punir se encontrava nas mãos da própria vítima ou de pessoa ligadas ao seu grupo social e além disso, a pena poderia passar da pessoa do condenado, pois ofensor nesse período, poderia não ser o único a sofrer as consequências da pena, e com isso pessoas próximas a ele poderiam ser alvo da vingança privada.
O ofensor poderia ser morto, escravizado, tendo vista a ausência de normas previamente estabelecidas ou de uma instituição com o papel de garantir o convívio social ou manutenção da vida. Como exemplo dessa fase, temos alguns regulamentos, como o Código de Hamurabi (2000 a.c) a Lei de Talião, bem como o surgimento da composição, onde o ofensor comprava sua liberdade. Sobre a Lei de Talião , Romatiz Soares Pereira salientou:
Houve também o castigo baseado na Lei de Talião, em que a regra era “olho por olho, e dente por dente”,ou seja, ofensor iria passar pelo mesmo suplício que fizesse o ofendido passar. Se desonrou uma pessoa, deveria sofrer a mesma desonra. (PEREIRA, 2014, p.43)
Segundo Cinthia Marins Teles,
 Ao surgir as primeiras codificações, como o Código de Hamurabi, ocorre uma modificação nas penalizações, amenizando a forma de aplicação das penas dando início ao período da Vingança Divina. (TELES, 2004, p.1016) 
A vingança divina, estava baseada na ideia de crença e de seres sobrenaturais, e não mais como uma reação da vitima, eles faziam uma intíma ligação das chuvas, de trovões, do vento, de tempestades, estarem relacionada como uma forma de castigo, por exemplo, onde uma divindade apresentava esses fenômenos ,em decorrência de seus modos de vida, de seus comportamentos.
 A aplicação da pena se dava com fundamentos em entidade superior, a punição também existia como forma para evitar a ira divina, para manter a paz na terra ou como uma maneira de purificação da alma. Assim, pela crença da existência do ser superior, temido e divino, pode-se observar que devido a isso, nesse período foi dado à igreja o dever de punir, tendo por esse motivo, a religião bastante influencia, confundindo-se inclusive, com o direito. 
E por fim, acerca do período da vingança publica, assim salientou :
Com o aprimoramento da sociedade a justiça penal se transforma e em busca de uma melhor aplicação da pena que o caráter religioso cai e passa a ser uma sanção da autoridade pública – o ofendido não é mais o agente da punição, ou o sacerdote e sim o monarca. No entanto, a punição era vil, cruel, desproporcional e desumanamente aplicada e a forma mais aplicada era a pena de morte por meio de enforcamento, a roda, decapitação, estripação, cortar a carne sobre o peito, suplício dos paus, esquartejamento, ser pisado, lapidação, ser sepultado, ser afogado, queimado vivo, a marca. Tudo era feito com o propósito de humilhar, maltratar, com ironia e divertimento, o transgressor e toda sua família. (TELES, 2004, p.1016)
Nessa fase a pena tinha cunho de proteger o próprio Estado e aquele que fosse detentor do poder, o soberano. Nesse período pode-se observar que a pena ultrapassava a figura do criminoso, atingindo parentes do criminoso, e além do mais, as penas eram desproporcionais ao delito cometido, as sanções não deixaram de ser desumanas, mais eram aplicáveis sem qualquer critério de justiça.
1.1.2 Período humanitário 
Esse período foi marcado pela atuação de pensadores que contestavam as ideias absolutistas, os idealizadores da corrente iluminista, iniciam operíodo humanitário. Com o rezoar das vozes de homens destemidos, que o cenário da intimidação e influência diante das atrocidades que todos assistiam, tomou um rumo diferente. Verifica-se, por exemplo, uma pequena obra, mas que trouxe enormes proporções na execução da pena em toda a Europa e que se encontra viva ainda hoje, o livro de Marquês de Beccaria, publicado em 1764 com o título: Dei Delitti e Delle Pene (Dos Delitos e das Penas). 
Já naquela época, esta obra apresentou temas bastante relevantes ao direito penal. Segundo, Pedro Rates Gomes Neto:
 Na sequencia de sua obra, faz referencia à origem das penas e o direito de punir, entendo que o juiz não poderia impor pena que não estivesse prevista em lei, devendo interpretá-la de forma a não cometer abusos. Critica a prisão, afirmando que se atiravam na mesma masmorra, sem distinção alguma, o inocente suspeito e o criminoso convicto [...] já naquela época ele denunciava a lentidão dos processos, analisa as espécies de pena. (NETO, 2000, p.35,36)
Nesse período é abolida a repressão criminal desumana, a vista disso, há uma acentuada critica em relação às penas e torturas aplicadas até aquele momento. Nessa fase, é válido fazer menção a dignidade da pessoa humana, o surgimento de penas privativas de liberdade e a construção de presídios para reeducação.
1.1.3 Período científico
Também conhecido por período criminológico, ainda segundo Cinthia Marins Teles:
Somente no Período Científico, também denominado Criminológico, passa a ter por principal finalidade a busca dos motivos que levam o ser humano a delinquir e o delito a ser considerado como um fato individual e social e a pena a ser vista como um remédio e não como um castigo. (TELES, 2004, p.1016)
Isso porque a pena passou a ser considerado como um fato individual e social, conforme pesquisa, a pena deveria ser ministrada conforme a periculosidade do delinquente.
Acerca desse período, Pedro Rates Gomes Neto, dispôs:
A sanção, pois, é meio de defesa social. Esse período científico começa com Cesare Lombroso e prossegue com os demais representantes da Escola Positiva, a exemplo de Ferri, Garófalo, Florian e Grispigni. (NETO, 2000, p.39)
Ainda, segundo o autor:
“Decorridos vários anos e com o surgimento da Segunda Guerra Mundial, termina o chamado período científico e surge o período atual, denominado Neodefensismo Social ou Nova Defesa Social.”(NETO,2000,p.40)
1.1.4 Período do neodefensismo social ou nova defesa social
Esse período busca a compreensão e valorização do ser humano, restabelecendo a dignidade humana e protegendo os direitos humanos, bem como a toda sociedade.
1.2 Surgimento Do Cárcere No Brasil 
Com o decorrer do tempo, percebe-se que a origem das penas, através dos antigos grupamentos de homens, que adotaram certas normas disciplinadoras de modo a possibilitar a convivência social, se transformou hoje nessa desestruturada “organização” própria do sistema prisional brasileiro. E superado o estudo preliminar dos aspectos históricos da evolução da pena, será abordado uma breve análise da prisão e do surgimento do sistema penitenciário.
Segundo Bruno Morais Di Santis e Werner Engbruch, em 1830, com o Código Criminal do Império, a pena de prisão é introduzida no Brasil em duas formas: a prisão simples e a prisão com trabalho (que podia ser perpétua). O Código não estabelece nenhum sistema penitenciário específico, ficando a cargo dos governos provinciais escolherem o tipo de prisão e seus regulamentos. As prisões funcionavam como local de custódia.
No período Humanitário, sob forte influência da obra de Beccaria e dos arts. 7º e 8º da Declaração dos Direitos do homem e do cidadão, Pedro Rates Gomes Neto, dispôs:
Apartir desse momento a pena de morte passou a ser abolida em grande parte da Europa ou quando não, esta não era aplicada. As penas corporais e as infamantes aos poucos foram desaparecendo, cedendo lugar às privativas de liberdade, para o que se iniciou a construção de inúmeros presídios. (NETO, 2000, p.38)
Ou seja, com o consequente banimento de penas cruéis e desumanas, a prisão passou a exercer um papel fundamental, de punição de facto. E só então, no decorrer da historia que começou a surgir os primeiros projetos que se tornariam as penitenciárias que conhecemos hoje.
Sobre o surgimento da prisão como instrumento de pena, Pedro Rates Gomes Neto, dispôs:
No fim do século XVI, ou mais precisamente em 1965, é que inspirada nos penitenciários do Santo Ofício da Inquisição, a Holanda constrói a primeira penitenciária masculina, e dois anos depois, em 1957, constrói a segunda penitenciária, essa feminina, ambas em Amsterdã, para cumprimento da pena privativa de liberdade. (NETO, 2000, p.47)
O autor destacou ainda, que por volta do século XVIII duas penitenciarias se sobressaíram:
No século XVIII, duas penitenciárias se destacaram: a penitenciária papal de São Miguel, construída em 1703, que se destinava mais ao confinamento celular e à| ascese do que ao trabalho, e a penitenciária de Gant, na Bélgica, construída em 1775, que se preocupava mais com o trabalho e com a automanutenção dos presos, tanto que usava o “slogan” “O trabalho é um imperativo econômico e quem não trabalha não come. (NETO, 2000, p.47). 
 
É de suma importância pesquisar a origem do sistema prisional, tendo em vista, que o uso das punições e dos sistemas penais são determinados por força sociais, como bem enfatizou Rusche e Kirchheimer, em sua obra punição e estrutura social:
A transformação em sistemas penais não pode ser explicado somente pela mudança das demandas da luta contra o crime, embora esta luta faça parte do jogo. Todo sistema de produção tente a descobrir formas punitivas que correspondem às sua realidade de produção. (RUSCHE E KIRCHHEIMER, 2004, p.20)
Diante disso, muito embora o sistema em sua maioria, esteja desorganizado, não se pode esquecer que o atual sistema penitenciário, tem como fundamento o Estado Democrático de Direito, com isso, este sistema não mais se reduz ao estímulo de vingança ou detenção do poder como visto anteriormente nas fases de evolução da pena, pois o aprisionamento não se enfatiza apenas como forma de punição, mais também de solução para a causa que deu ensejo ao encarceramento, mediante a politica da ressocialização, tendo em vista que o Direito Penal tende a buscar o justo anseio social e consequente solução para marginalização.
Já dizia Beccaria, em sua obra dos Delitos e das Penas, publicado em 1764:
Como se tornou tão comum um erro tão funesto? Embora a prisão difira das penas, por dever necessariamente preceder a declaração jurídica do delito, nem por isso deixa de ter, como todos os outros gêneros de castigos, o caráter essencial de que só a lei deve determinar o caso em que é preciso empregá-la. (BECCARIA, p.35)
Em face disso, pode-se observar que a forma que o sistema prisional se apresenta atualmente na sociedade, mesmo que fragilizado, não se dar por razões egoístas, pois diferentemente do que ocorreu no passado, ninguém será arbitrariamente preso ou detido. Tendo em vista que na atual forma de organização da sociedade, temos a presença do Estado, no qual prima pela efetiva busca e concretização da justiça. Onde ninguém será submetido ao cárcere, Baccarini assim dispôs:
O encarceramento passou a ser a resposta mais incisiva e esperada para atender o clamor social pela punição dos delitos, especialmente a partir do século XIX, quando havia pleno convencimento de que o afastamento do convívio social representava o meio ideal à reforma do delinquente, na firme convicção de que a prisão teria o condão de punir através da aplicação da pena e, ao mesmo tempo, reabilitar o delinquente. (BACCARINI, 2012, p.9)
Diante do exposto, frisa-se o anseio por justiça diante de uma conduta criminosa praticada por um individuo na sociedade, e como resposta apresenta-se na sociedade o sistema penitenciário que recepciona os agentes de conduta delituosa, tipificada em lei. No entanto, vale ressaltar que punir, nãoé o fim principal do sistema penitenciário brasileiro, pois os seres humanos, possuem o direito à dignidade da pessoa humana, conforme art.1º, inciso III da CF/88 independente da situação em que o mesmo se encontre, pois esse princípio é fundamental para preservação do indivíduo. Ou seja, mesmo que um indivíduo tenha praticado um comportamento contrário à lei, ele não pode perder os direitos inerentes a sua vida.
E sobre esse sistema, de acordo com a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984) os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao internado e ao preso provisório, conforme art.87º, Parágrafo Único, da LEP:
Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei. 
Esses estabelecimentos, são utilizados pela justiça com a finalidade de alojar esses presos, a LEP também estabelece que esses estabelecimentos penais, deverão incluir, conforme a sua natureza, em suas dependências, áreas e serviços designada a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva. 
O sistema penitenciário é resultado do fortalecimento do poder, visto que antes não existia a figura do Estado, devido à ausência de uma sociedade organizada, como dito anteriormente, quando mencionamos a respeito da nova estrutura da sociedade, na qual prima pela concretização da justiça. E para finalizar o mencionado entendimento, Michel Foucault em sua obra Vigiar e Punir, dispôs:
Mas o efeito mais importante talvez do sistema carcerário e de sua extensão bem além da prisão legal é que ele consegue tornar natural e legítimo o poder de punir, baixar pelo menos o limite de tolerância à penalidade. Tende a apagar o que possa haver de exorbitante no exercício do castigo, fazendo funcionar um em relação ao outro os dois registros, em que se divide: um, legal, da justiça, outro extralegal, da disciplina. Com efeito, a grande continuidade do sistema carcerário por um lado e outro da lei e suas sentenças dá uma espécie de caução legal aos mecanismos disciplinares, às decisões e às sanções que estes utilizam. De um extremo a outro dessa rede, que compreende tantas instituições “regionais”, relativamente autônomas e independentes, transmite-se, com a “forma-prisão”, o modelo da grande justiça. (FOUCAULT, 1999, p.328)	
Visto isso, a justiça penal manifesta seu poder punitivo, mediante o instituto do sistema carcerário, consequentemente transportando essa técnica da instituição penal, para o corpo social inteiro.
2 AS ESPÉCIES DE SANÇÃO PENAL NO BRASIL	
A sanção serve de instrumento para o controle da ordem social, e não apenas de punição pelo mal cometido, ela é o instrumento que o Estado se utiliza para reprimir os que contrariarem as leis. A pena a ser aplicada à pessoa do agente, será em conformidade com o delito praticado, tendo em vista que o ordenamento prima pela dignidade da pessoa humana.
2.1 Conceito e Suas Características
Em relação ao conceito de sanção penal há um consenso entre os doutrinadores. Segundo Nucci, “a pena é a sanção imposta pelo Estado, por meio de ação penal, ao criminoso como retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos crimes”. Diante disso, podemos fazer uma relação entre a pena e uma das formas de atuação do Estado, que é a de garantir a manutenção de uma sociedade, que ao aplicar a pena, exerce seu poderio e consequentemente restringe a conduta de seus integrantes violadores do ordenamento jurídico, que sentiram pessoalmente o caráter aflitivo da sanção penal.
Seguindo essa linha de raciocínio, Cezar Roberto Bitencourt dispôs:
Convém registrar que a uma concepção de Estado corresponde uma de pena, e esta, uma de culpabilidade. Destaque-se a utilização que o Estado faz do Direito Penal, isto é, da pena, para facilitar e regulamentar a convivência dos homens em sociedade. (BITENCOURT, 2016, p.130)
E como bem salientou Baccarini:
“A pena constitui um recurso básico do qual o Estado se serve e de que dispõe diante da necessidade de equilibrar a convivência dos cidadãos.” (BACCARINI, 2012, p.10)
Com isso, é considerável não se esquecer da importância do instituto da pena em nosso ordenamento jurídico, pois além de retribuir o delito praticado a pena também pretende prevenir nova conduta criminosa.
Ainda sobre o instituto da pena em nosso ordenamento jurídico, pelo princípio do devido processo legal, é impedido que alguém tenha sua liberdade ou bens violados, salvo na hipótese de uma perfeita adequação ao Direito. Conforme previsão do art.5º, inciso LIV da Constituição Federal de 1988:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
A este princípio, percebe-se que o indivíduo pode sofrer o cerceamento do seu direito de ir e vir, em suma, vale ressaltar que ele garante a todos o direito de ser submetido a um processo, obviamente que observando as previsões e garantias legais estabelecidas no ordenamento jurídico.
 Por fim, em matéria criminal aquele que viola a lei, comete um crime e se este for considerado culpado mediante execução de uma sentença, sofrerá uma sanção penal. Esta restrição aplicada ao transgressor da lei, deve ser proporcional ao crime praticado, conforme art.5º , incisos XLVI e XLVII da Constituição Federal de1988.
2.2 Espécies De Sanção Penal
A sanção penal comporta duas espécies: a pena e a medida de segurança. No Brasil algumas espécies de pena foram definitivamente excluídas, conforme art.5º, inciso XLVII da Constituição Federal de 1988 onde não haverá pena de morte, salvo em casa de guerra declara, de caráter perpétuo, de trabalhos forçados e cruéis. 
O nosso código penal, observando as vedações da ordem constitucional, em seu art.32º, prevê:
Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
2.2.1 Da pena privativa de liberdade
Adotando essa classificação, a pena privativa de liberdade no Brasil corresponde às sanções de reclusão, detenção e a Lei de Contravenção Penal (LCP, art. 5.º, I.), acrescentou a prisão simples.
Fazemos menção ao art.110º, da Lei de Execução Penal:
Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal.
Com isso, o juiz quando fixar a pena privativa de liberdade, com base no art.33º do código penal, o magistrado deverá estipular qual o regime inicial de cumprimento de pena. Observando critérios objetivos e subjetivos, como por exemplo, qual o tipo de pena (reclusão, detenção ou prisão simples), quantidade da pena, reincidência e as circunstancias judiciais. 
Dos Regimes penitenciários e das medidas de restrição da liberdade, art.33º, do Código Penal:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 O sistema penitenciário é o meio pelo qual se efetiva o cumprimento da pena privativa de liberdade, ressaltando que conforme o art.33º, § 3º do CP, a determinação do regime inicial de cumprimento da pena se dará com observância dos critérios previstos no art. 59º do Código Penal, e como visto acima no art.33º, caput, temos em nosso ordenamento a existência de três regimes penitenciários, o regime fechado (art.33º, §2º,”a” do CP), onde a penaé cumprida é em estabelecimento de segurança máxima ou média; o regime semi-aberto (art.33º, §2º, “b” do CP) onde é cumprida em colônia agrícola, industrial ou em local similar e o regime aberto (art.33º, §2º,”c” do CP) a pena é cumprida em casa de albergado ou estabelecimento similiar.
 E no tocante a sanção de reclusão, ela deverá ser cumprida inicialmente em regime fechado, semi-aberto ou aberto. E a de detenção em regime semi-aberto ou aberto, sendo que o regime de reclusão é aplicado a condenações mais severas, e conforme a Súmula 719 do Supremo Tribunal Federal “a imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea” , pois ao aplicar o regime mais severo, a sua escolha deve ser legalmente fundamentada ,sendo que essa decisão não obsta de que ela reflete a gravida real das circunstancias. E o regime de detenção, é aplicado nas condenações mais leves, ressaltando que a pena de detenção também pode ser aplicada nos crimes definidos na Lei de Tortura - Lei 9.455/1997.
O art. Art. 5º da Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei nº 3.688) prever a prisão simples, nela inexiste previsão de regime prisional fechado, seja inicialmente ou e nem mesmo pela regressão pode o agente cumprir pena mais rigorosa, devendo ser cumprida sem rigores de regime. O art. 6º da LCP, também estabelece, que a pena deve ser cumprida em estabelecimento especial ou estabelecimento especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto.
O regime de cumprimento da pena se manifesta em maior ou menor intensidade no tocante a restrição da liberdade decorrente de uma sentença. Não se pode, no entanto, esquecer de mencionar acerca da possibilidade de que o agente, pode progredir (conforme requesitos objetivos e subjetivos) ou regredir (transferência do condenado para regime prisional mais severo) consequentemente aumentando ou diminuindo o seu grau de liberdade. Conforme previsão do art.112º da LEP:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei n. 10.792, de 1º.12.2003)
Essa decisão deve ser sempre fundamentada, mediante comprovação do diretor do estabelecimento, tendo que ser ouvidos, o ministério publico e o defensor. 
Por fim e segundo Cleber Masson, a aplicação da pena privativa de liberdade:
Cuida-se de ato discricionário juridicamente vinculado. O juiz está preso aos parâmetros que a lei estabelece. Dentro deles poderá fazer as suas opções, para chegar a uma aplicação justa da pena, atento às exigências da espécie concreta, isto é, às suas singularidades, às suas nuanças objetivas e principalmente à pessoa a quem a sanção se destina. É o que se convencionou chamar de teoria das margens, ou seja, limites mínimo e máximo para a dosimetria da pena. Todavia, é forçoso reconhecer estar habitualmente presente nesta atividade do julgador um coeficiente criador, e mesmo irracional, em que, inclusive inconscientemente, se projetam a personalidade e as concepções da vida e do mundo do juiz. (MASSON, 2015, p.743)
Pois a aplicação da pena deve ser judicial, e não discricionária do juiz. Tendo em vista que a aplicação da mesma se dá pela culpabilidade do agente, e não por circunstancias subjetivas daquele que possui o poder de jurisdição.
2.2.2 Das penas restritivas de direito 
Sobre essa espécie de sanção penal, será abordado alguns de seus aspectos. São penas restritivas de direito, conforme preceitua o art. 43º do Código Penal:
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
I - prestação pecuniária; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
II - perda de bens e valores; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)
V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)
VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)
Essas penas são alternativas, as penas alternativas são oferecidas pela legislação penal, para impedir a imposição da pena privativa de liberdade nas hipóteses previstas em lei. Elas são autônomas (exceção arts. 78º CD e 302º do CTB), não podendo ser cumuladas com a pena privativa de liberdade, e são apenas substitutivas, ou seja, ela não se aplica de imediato, mais em substituição da pena privativa de liberdade conforme previsão do art.44º do Código Penal, são aplicadas em situações excepcionais.
Para o Supremo Tribunal Federal:
As penas restritivas de direitos são, em essência, uma alternativa aos efeitos certamente traumáticos, estigmatizantes e onerosos do cárcere. Não é à toa que todas elas são comumente chamadas de penas alternativas, pois essa é mesmo a sua natureza: constituir-se num substitutivo ao encarceramento e suas sequelas. E o fato é que a pena privativa de liberdade corporal não é a única a cumprir a função retributivo-ressocializadora ou restritivo-preventiva da sanção penal. As demais penas também são vocacionadas para esse geminado papel da retribuição-prevenção ressocialização, e ninguém melhor do que o juiz natural da causa para saber, no caso concreto, qual o tipo alternativo de reprimenda é suficiente para castigar e, ao mesmo tempo, recuperar socialmente o apenado, prevenindo comportamentos do gênero.” (HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 44 DA LEI 11.343/2006)
Ou seja, com base nesse entendimento pode-se dizer, que a pena restritiva de direito também é uma alternativa diante da triste realidade que se encontra o sistema prisional brasileiro.
Essas penas independem da ausência de privação de liberdade. A duração de suas penas, conforme preceitua o art.55º do Código Penal: 
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Ou seja, as penas restritivas de direito via de regra, tem a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, salvo as de natureza real que é a prestação pecuniária e perda de bens e valores, e a de prestação de serviços à comunidade, sendo facultado ao condenado conforme art.44º, § 4º do Código Penal:
art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
Se todos os requisitos do art.44º, incisos I a III do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
II - o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998).
No caso concreto, se forem obedecidos, os seus requisitos de ordem objetiva e subjetiva, o juiz não poderá deixar de aplicara substituição da pena privativa de liberdade (art.33º do CP) pela restritiva de direito (art.44º do CP). Mas quando não for possível a substituição, o magistrado poderá observar a possibilidade de suspensão condicional do processo, conforme previsão do art.77º, inciso III do Código Penal:
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
E no artigos 156º e 157º da Lei de Execução Penal:
Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal .
Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade, na situação determinada no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue.
E por fim, vale salientar que pode haver a conversão da pena restritiva de direito em privativa de liberdade, conforme art. 181º, da Lei de Execução Penal - Lei 7210/84:
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal .
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado:
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital;
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;
d) praticar falta grave;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras a, d e e do parágrafo anterior.
§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado exercer, injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras a e e, do § 1º, deste artigo.
O condenado tem o direito de cumprir sua pena, assim como lhe foi imposta , no entanto, como visto acima, existe a presença do desvio dos parâmetros estabelecidos.
2.2.3 Da pena de multa 
 
Essa espécie de pena consiste no pagamento ao Fundo Penitenciário Nacional (criado pela Lei Complementar 79/1994) da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa, conforme art. 49º, caput, do Código Penal:
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Por ser sanção penal, deve respeitar os princípios da reserva legal e da anterioridade. A multa criminal pode ser de três espécies no tocante à sua aplicação, ela pode ser: isolada (contravenções penais e delitos que trazem a multa como sanção exclusiva), cumulativa (pena cominada é de privação de liberdade e multa) e alternativa (pena prevista para o tipo é de privação da liberdade ou multa).
Segundo a Súmula 693 do STF: ”Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”
Com base no entendimento de que o Habeas Corpus visa a proteger às situações de risco ou de dano à liberdade de locomoção, pois segundo o STF não podendo ser utilizado para proteção de outros direitos, inclusive quando o objeto da sentença condenatória for relativo a pena de multa.
O critério adotado como regra pela pena de multa , é o critério dias-multa que será fixado pelo juiz , devendo ser calculado com base nos critérios fixados do art.49º do Código Penal, paragrafo 1: 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Esse valor é unitário, e é pago pelo réu a cada dia de multa determinado pelo magistrado. Esse critério também é acolhido pelo Decreto-lei 3.688/1941 (LCP) e por força do artigo 12º do código penal, nada impede que ela se aplica aos fatos incriminadores por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso, é o caso por exemplo , da Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações) que prevê em seu art. 99º, caput:
Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
A aplicação da pena de multa tem um sistema bifásico, diferentemente da pena privativa de liberdade que segue um sistema trifásico (art.68º, caput do Código Penal). O atendimento a essa técnica enseja a efetiva individualização da pena, conforme exigência do art. 5.º, XLVI, alínea “c”, da Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: c) multa.
Com o advento da Lei 9.268/96 , conforme art.51º do Código penal:
transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
Não mais permitindo a conversão da pena de multa em detenção, no caso de seu pagamento.
 2.2.4 Da medida de segurança
Diferentemente da pena que possui finalidade retributiva e preventiva, a medida de segurança se destina a prevenção de novas infrações. É providencia do Estado, cujas penas se aplicam aos inimputáveis e aos semiimputáveis perigosos (que necessitam de especial tratamento). Não sendo possível a aplicação da medida de segurança aos imputáveis. Pois o pressuposto para aplicação da medida de segurança é a periculosidade, ao contrario da pena, que é a culpabilidade.
 Seu tempo de duração não é determinado como o da pena, todavia podendo ser terminado quando ao mínimo, mais indeterminado quanto ao período máximo, pois a extinção da medida de segurança depende do fim da periculosidade do agente.
Preceitua o art.96º, do Código Penal:
art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A medida de segurança atende a dois interesses, a segurança social e a obtenção de cura ou tratamento daquele a quem é imposta tal medida. A medida de segurança apresenta duas espécies: a detentiva e a restritiva. A detentiva é a prevista no inciso I, esta ocasiona a privação de liberdade do agente, e a restritiva esta prevista no inciso II, na qual o agente não tem privada sua liberdade mais é a tratamento médico adequado. 
O critério para a escolha de qual espécie de medida de segurança que será aplicada, deve se dar conforme o grau de periculosidade do agente.
 Segundo o art.97º ,caput, do Código Penal:
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Ou seja, percebe-se que da leitura do caput desse artigo, que a regra é a internação do inimputável, no entanto, pode o juiz optar pelo tratamento ambulatorial, se o crime for punível com detenção.
Ainda assim, vale ressaltar alguns princípios aplicáveis a medida de segurança, preceitua o art. 62º, § 1.º, I, “b”, da Constituição Federal:
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
Por força do principio da legalidade, somente a Lei pode criar medida provisória, sendo vedada a edição por meio de medidas provisórias. Outro princípio do ordenamento jurídico aplicável a medida de segurança, é o princípio constitucional da irretroatividade da lei penal mais severa, previsto na Constituição Federal, art. 5.º, inciso XL. Bem como o princípio da jurisdicionalidade, conforme art. 5.º, inciso LXI da CF/88, ou seja, a medida de segurança só pode ser aplicada pelo poder judiciário.
	
3 A FUNÇÃO DA PENA E SUA RESSOCIALIZAÇÃO
Ao preso é destinado sofrer uma sanção penal em decorrência de uma prática delituosa, no entanto, em nosso Estado Democrático de Direito mesmo que um indivíduo tenha sua liberdade cerceada, este não perde a condição de ser sujeito de direito. Com isso, juntamente à aplicação da sanção penal, vale ressaltar que a legislação prever o objetivo de proporcionar a reintegração social do condenado.
3.1 Teoria Das Penas
A finalidade da pena é explicada por três teorias: pela Teoria absoluta ou da retribuição, Teoria Relativa ou finalista e pela Teoria mista ou também chamada eclética, intermediária.
 Como bem salientou, Jorge de Figueiredo Dias:
O problema do fins (rectius, das finalidades) da pena criminal é tão velho quanto a própria história do direito penal; e, no decurso desta já longa história, ele tem sido discutido, vivamente e sem soluções de continuidade, pela filosofia (tanto pela filosofia geral, como pela filosofia do direito), pela doutrina do Estado e pela ciência (global) do direito penal. A razão de um tal interesse e da sua persistência ao longo dos tempos está em que, à sombra dos problemas dos fins das penas, é no fundo toda a teoria do direito penal que se discute e, com particular incidência, as questões fulcrais da legitimação, fundamentação, justificação e função da intervenção penal estatal. Por isso se pode dizer, sem exagero, que a questão dos fins da pena constitui, no fundo, a questão do destino do direito penal e, na plena acepção do termo, do seu paradigma. (FIGUEREDO, 2015, p.654 APUD MASSON, 2001, p.65-66)
Vale salientar, que a pena é uma das mais relevantes consequências do delito, tendo em vista que sua aplicação, ocasiona a restrição ou privação de bens jurídicos. Como enfatizou Jorge de Figueiredo Dias, no que concerne a finalidade da pena, fazendo ligação da importância de ela alcançar o seu fim, com o consequente destino do Direito Penal.
Com isso, será apresentado comentários sobre as Teorias que explicam a finalidade da pena, quais sejam:
3.1.1 Teoria absolutista ou da retribuição
Essa teoria ganhou proeminência com os estudos de Georg Wilhelm Friedrich Hegel e de Emmanuel Kant. Essa teoria explica a existência da pena exclusivamente no delito praticado, a finalidade da pena é punir aquele que cometeu um crime ou de uma contravenção penal.
Essa teoria não possui nenhum fundamento no que concerne à função social da pena, que se aplica a readaptação social do agente. Mas a pena diz respeito à retribuição pela prática de uma infração penal.
3.1.2 Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção 
Já a Teoria relativa, apresenta outra aparição, que na teoria absolutista visivelmente não tinha alusão, no que concerne à pena como prevenção. Essa teoria relativa, tem por base a existência da pena, no intuito de evitar a prática futura de um delito. 
Ainda sobre a teoria relativa, Fernando Capez dispôs: “a pena tem um fim pratico e imediato de prevenção geral ou especial do crime (punitur ne peccetur).” (CAPEZ, 2014, p380). Essa prevenção geral mencionada por Capez e demais doutrinadores, diz respeito ao controle da violência (prevenção negativa), reconhecida pela intimidação dirigida a esfera social, ou seja, as pessoas não vão delinquir por receio de sofrerem a sanção penal. E a prevenção geral positiva, consiste na legitimidade e êxito do Direito Penal. 
 A prevenção especial, é mais especifica, diz respeito à pessoa do condenado, mais especificadamente a sua ressocialização, para que após seu reingresso na sociedade ele não venha a volta a delinquir e consequentemente respeitar as regras impostas pelo ordenamento jurídico.
3.1.3 Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória
E por fim a teoria mista, para essa teoria a pena possui dupla função, a de punir o condenado pela prática da infração praticada e além disso, prevenir a prática de novo delito, pela reeducação e intimidação coletiva.
Essa teoria é acolhida pelo nosso Código Penal, conforme art.59º, caput:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Um exemplo prático, é quando o direito penal traz a possibilidade do perdão judicial, no caso do crime de homicídio culposo e lesões corporais culposas, conforme artigos 121º, § 5.º, e 129, § 8.º do Código Penal. Nesse sentindo, a lei de execução penal em diversos dispositivos faz relevância a função da pena, como preceitua os art.10º, caput , e o art.22º da LEP:
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivências em sociedade. Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade.
Ate mesmo pela convenção Americana de Direitos Humanos de 1969:
“E, finalmente, a Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969, conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, incorporada ao direito pátrio pelo Decreto 678/1992, estatui em seu art. 5.º, item “6”, no tocante ao direito à integridade pessoal, que “as penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos condenados”. (MASSON, 2015, p.657)
 
Diante do exposto, a função da pena em nosso ordenamento jurídico é mista, importando a punição do criminoso e a prevenção de práticas criminosas. 
3.2 Da Ressocialização 
	
Após a abordagem sobre os aspectos históricos do sistema carcerário no Brasil, bem como a evolução da pena e suas espécies, e a discutida função da sanção pena, será concluído este presente trabalho, abordando o processo de ressocialização e sua respectiva realidade na sociedade.
No entanto, é considerável não se esquecer da importância do instituto dapena no ordenamento jurídico, pois além de retribuir o delito praticado, a pena também pretende prevenir nova conduta criminosa, como visto anteriormente pela Teoria mista, recepcionada pelo nosso Código Penal.
 Sabe-se que para o ser humano, a ideia de ter sua liberdade cerceada mesmo que por meio dos instrumentos do Estado, ou seja, pra estrito cumprimento legal, não é algo agradável e nem aceitável para nenhum indivíduo, e no que concerne a isso, percebe-se que diante da realidade do sistema carcerário, que os presos ao ficarem isolados, não recebem nem mesmo nenhum estímulo, tendo em vista que muita das instalações penitenciárias são um verdadeiro descaso. Assim expôs, Baccarini:
Considera-se que o ambiente carcerário, pelo fato de se opor à sociedade que se encontra em liberdade, tende a se converter num universo que foge aos padrões, um meio não natural, no qual não se tornam possíveis a realização e a concretização de ações de reabilitação do preso. (BACCARINI, 2012, p.11)
Com isso, no que concerne a realidade do sistema prisional, há uma realidade bem distante da previsão legal existente no ordenamento jurídico, que prevê a assistência ao preso, pois atualmente os presídios estão lotados, sem a mínima condição de sobrevivência, no entanto, recebendo cada dia mais detentos em suas celas, o que só ocasiona problemas.
Acerca da assistência, está previsto na LEP (LEI Nº 7.210/1984), em seu art.11º, caput que “a assistência será material, à saúde, jurídica, educacional, social, religiosa”. Muito embora haja explicita previsão no que concerne à assistência, a realidade se diverge do que esta na lei.
Ainda sobre a assistência, Renato Marcão, dispôs: 
 Estabelece o art.10 da Lei de Execução Penal que a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno a convivência em sociedade. (MARCÃO, 2013, p.46)
O objetivo da assistência é de prevenir e de orientar o retorno à sociedade, como está expresso no artigo acima mencionado. Buscando com isso, resguardar a dignidade da pessoa humana, um princípio que se aplica às pessoas independentemente se estas cometem delito ou não, é um princípio comum a todos. E podemos também diante disso, ressaltar que a assistência também tem como objetivo evitar um tratamento discriminatório.
Muito embora haja um desacordo da realidade prisional com o ordenamento jurídico previsto, existem alguns presídios que tem sido um bom exemplo, e porque não dizer, uma exceção diante da crise do sistema prisional. Isso não deveria ser uma exceção, mas a regra.
A superlotação das prisões, as debilitadas e insalubres instalações físicas, a falta de treinamento dos funcionários responsáveis pela reeducação da população carcerária e a própria condição social dos que ali se encontram são alguns dos inúmeros fatores que contribuem para o fracasso do sistema penitenciário brasileiro no que se refere à questão da recuperação social daqueles que nele estão internos. (BACCARINI, 2012, p.12)
Sem falar que quando estes indivíduos retornam à sociedade eles não são bem recebidos, pois a sociedade possui uma ideia pré-concebida, na verdade preconceituoso, como se uma vez criminoso sempre criminoso.
O cumprimento das penas privativas de liberdade deve ocorrer de forma a assegurar aos condenados condições de retornarem à sociedade sem representar nenhum tipo de risco para a mesma, confirmando assim o cumprimento do papel do Estado, qual seja o de fornecer um tratamento penitenciário adequado. (BACCARINI, 2012, p.13)
Vem do Estado o dever de aplicar o que está na lei, mais vale ressaltar um ponto pouco comentando entre a doutrina, é que a sociedade também exerce um papel importante na ressocialização do preso, pois entre os problemas encontrados pelo ex-presidiário ao retonar à sociedade, é a dificuldade de encontrar emprego, com o Estado devia incentivar através de políticas públicas um meio que incentivasse inclusive a sociedade a não discriminá-los.
Dificilmente, pode-se deixar de considerar que a ressocialização de indivíduos que são encarcerados tornou-se uma utopia atualmente, pois estes foram marcados como antissociais no momento em que foram retirados do meio em que conviviam os homens livres e dispostos em um local onde se encontram outros indivíduos antissociais.” (BACCARINI, 2012, p.11)
Vale ressaltar que a ressocialização não é um problema que se restringe apenas à pessoa do preso, mais uma questão social, pois não é positivo esquecer que um dia esses indivíduos retornaram à sociedade. E no tocante a isso, o momento para preparar essas pessoas para o retorno ao convívio social, é no lugar em que estes estão cumprindo sua pena, no entanto diante da realidade que estamos enfrentando, o sistema penitenciário carece de alternativas para crise carcerária e efetiva ressocialização. 
Portanto pode-se perceber que esse trabalho de pesquisa tem como intuito demonstrar como se apresenta a realidade do sistema penitenciário brasileiro e as dificuldades de ressocialização do preso, dentro das garantias legais previstas pelo ordenamento jurídico, não nos deixando dúvida da importância da valorização do processo de ressocialização, que como dito anteriormente, ressocializar é dar ao preso o suporte necessário para reintegrá-lo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho discorreu-se sobre o conceito de pena, seus aspectos no ordenamento jurídico, bem como sua evolução. Também fez-se menção à origem do sistema carcerário e sua importância no Estado Democrático de Direito, foi apresentado, inclusive a situação do atual sistema penitenciário à luz de alguns dispositivos legais.
O objetivo geral do tema aqui proposto foi analisar os aspectos da pena e sua finalidade, e no que concerne a pena e sua função, muito embora haja previsão legal que a sanção penal a ser aplicada, atendendo ao cumprimento de uma decisão judicial, enseje não só a punição, mas também a integração social do preso como uma de suas funções. O que os noticiários e jornais da televisão mostram, normalmente é um instituto falido, escasso, sem a mínima compatibilidade com o que está previsto na lei, mesmo que o Código Penal tenha recepcionado a Teoria Mista, cuja finalidade da pena é dupla, punir e ressocializar, o sistema se encontra em crise.
Quanto aos objetivos específicos, acerca da verificação do sistema prisional e da importância da ressocialização, percebe-se que este problema não reflete apenas à pessoa do condenado, pois a sociedade é diretamente atingida, pelo fato de que o Estado busca o efetivo controle social, porém o índice de criminalidade tem aumentado, e consequentemente punir apenas, não é o suficiente, mas ressocializar é fundamental.
Pode-se concluir que no tocante às metodologias ressocializadoras já existentes, elas não devem ser eliminadas, no entanto, devem ser reinterpretadas. Com isso, ressalta-se que o intuito não foi defender a prática criminosa, mais abordar sobre a importância da pena e do processo de ressocialização na sociedade, pois a forma que o agente venha ser punido, tem que ser justa e eficaz, para que este esteja preparado para o retorno à sociedade.
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