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15.08 SISTEMAS CONSTITUCIONAIS - História Inglesa (Bibiana)

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História Constitucional inglesa e norte-americana: do surgimento à estabilização da forma constitucional
O texto começa falando a respeito da Conquista Normanda, em 1066. A Conquista Normanda é um marco: a Inglaterra não contava com unidade territorial, em função da queda do Império Romano do Ocidente, que levou à divisão da região em pequenos reinos de dimensão tribal. No século IX o quadro é revertido por Guilherme I (da Normandia), que assume o trono inglês. 
Os normandos são um povo que fundou dois reinos na Europa Medieval, famosos pela sua capacidade de organização do governo e da administração pública. 
O caso inglês é peculiar por conta da estrutura social que se cria na Inglaterra, destoante de todo o resto da Europa Continental. Essa estrutura diferenciada terá papel importante no desenvolvimento do sistema de common law. 
A organização social do Ocidente Medieval
Os autores Cristiano Paixão e Renato Bigliazzi adotam como divisão da Idade Média a proposta por Hilário Franco Junior, que entende existirem os períodos seguintes: A Primeira Idade Média, a Alta Idade Média e a Idade Média Central. 
A Primeira Idade Média: é o período em que ocorre a queda do Império Romano do Ocidente com conseqüente fragmentação do mapa político da Europa. Esse quadro gera instabilidade política e econômica. 
A Alta Idade Média: o período da Alta Idade Média caracteriza-se pela ampliação do domínio franco, povo que contém os mouros que acabam por ocupar quase toda a Península Ibérica. Com a ascensão da dinastia carolíngia, tem início uma tentativa de recuperação da dignidade e magnitude do Império Romano. Carlos Magno, o rei dos francos, é coroado pelo papa no Vaticano. Também aqui tem início um período de descentralização e atribuição de autoridade a condados locais, os quais são estabelecidos pelo rei com o intuito de promover uma administração pública eficiente e abrangente. O resultado desse processo é a inteira fragmentação do poder político do monarca. Após a morte de Carlos Magno, assume seu filho, Luís, o Piedoso, que também morre e deixa três herdeiros. Esses três herdeiros dividem o império franco em três diferentes partes, cisão esta que é decidida pelo Tratado de Verdun. Nesse sentido, a fragmentação política atinge seu auge. 
Idade Média Central: A dispersão do poder político atinge seu auge quando as monarquias européias passam a dispor de um poder quase exclusivamente espiritual. Na Idade Média Central, consolida-se a organização social, política e econômica que seria posteriormente designada como feudalismo. 
Sobre o feudalismo: a figura central das sociedades feudais é o pacto de vassalagem. O contrato feudo-vassálico é uma troca de promessas, que tem como centro a idéia de fidelidade e dever. 
Proteção, conselhos
Título de cavaleiro
VASSALO
SENHOR FEUDAL						
Observe-se que, em um primeiro momento, o pacto entre vassalo e Sr. Feudal não envolvia, não tinha como pressuposto a cessão de terras. 
Conseqüências políticas da descentralização social: 
Diminuição do poder temporal dos monarcas, esvaziamento do poder político dos reis. 
O direito: a vigência do direito no período feudal estava totalmente vinculada ao costume local. Os resquícios de compilações de direito romano haviam desaparecido e o direito canônico estava desorganizado. Por isso, pode-se dizer que a fonte do direito no feudalismo eram os costumes locais.
	Divisão da Idade Média
	Feudalismo
	Característica social
	Conseqüência política
	Direito
	Primeira
	
	Queda do Império Romano do Ocidente; fragmentação do mapa político.
	Instabilidade política.
	
	Alta
	
	Ascensão dos francos. Tentativa de recuperação da magnitude e dignidade do Império Romano. Falham. Divisão do império franco com o tratado de Verdun. Descentralização.
	Tratado de Verdun é o auge da fragmentação política.
	
	Central
	Consolida-se na Idade Média Central. Tem como base o contrato feudo-vassálico ou pacto de vassalagem, uma troca de promessas entre Sr. Feudal e vassalo.
	Descentralização
	Diminuição do poder temporal dos monarcas e esvaziamento do poder político dos reis. 
	Não há compilações de direito romano disponíveis; direito canônico desorganizado. O direito baseava-se no direito local, nos costumes. 
A invenção do common law e a importância da Magna Carta na história constitucional inglesa
Voltando à Conquista Normanda: reorganização, transformação é um objetivo do reinado de Guilherme I, que visa a transformar a Inglaterra em um reino consolidado. (A reivindicação de Guilherme ao trono inglês vinha de sua relação familiar com o rei anglo-saxão Eduardo, o Confessor, que não tinha filhos, o que pode ter encorajado suas esperanças ao trono. Eduardo morreu em janeiro de 1066 e foi sucedido pelo cunhado Haroldo II de Inglaterra. O rei norueguês Haroldo III invadiu o norte da Inglaterra em setembro de 1066, saindo vitorioso na Batalha de Fulford, porém o rei inglês derrotou e matou o norueguês na Batalha de Stamford Bridgeem 25 de setembro. Poucos dias depois, Guilherme desembarcou na Inglaterra. Haroldo II foi para o sul afim de enfrentá-lo, deixando uma boa parte de seu exército no norte. Os exércitos de Haroldo e Guilherme se encontraram no dia 14 de outubro na Batalha de Hastings; as forças de Guilherme derrotaram as de Haroldo, que morreu na batalha. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Conquista_normanda_da_Inglaterra)
Quando os normandos assumiram a condução do governo da Inglaterra, encontraram uma situação administrativa e política bastante instável. Os normandos são oriundos da França e trouxeram para Inglaterra a mentalidade e os institutos feudais. 
Na verdade, a Conquista Normanda trouxe para a Inglaterra o estabelecimento de uma situação única em toda a Europa: concessão de poder a senhores feudais ao mesmo tempo em que se implantava uma monarquia centralizada. Dois elementos que se manifestavam de forma excludente na Idade Média Central no restante da Europa. 
Séculos XII e XIII: lento declínio do feudalismo e concomitante afirmação do poder dos monarcas. Na Europa, em geral, a afirmação do poder monárquico passou a ser feita com o declínio do feudalismo. Na Inglaterra, Sr. Feudal e monarca coexistiram. Dessa coexistência nascem conflitos que precisam ser resolvidos (principalmente ligados à questão fundiária e, logo, à tributação). Assim nasce o common law: a partir da judicialização desses conflitos, que tramitavam perante tribunais criados pelo monarca. 
Tribunais reais: um dado interessante sobre o funcionamento desses tribunais é sua característica itinerante, ou seja, acompanhavam o rei em suas viagens para julgar as controvérsias que lhes fossem apresentadas. Obviamente, a ampliação da jurisdição da Coroa implicou a diminuição dos poderes dos tribunais locais. 
Como os tribunais reais atraíam casos para a esfera da Coroa? O rei passou a emitir ordens sumárias, chamadas de writs. Essa ordem era, normalmente, dirigida ao sheriff (representante da Coroa nas cidades e vilarejos) e era requerida por petição formulada por alguma das partes do processo. 
Writs: os writs determinavam a aplicação do costume ao caso, já que, no século XII, a legislação era uma fonte de direito pouco utilizada. Por conta da pouca legislação, a construção do ordenamento jurídico na Inglaterra dependia da própria atividade judicial. 
Ainda no século XII surge o primeiro livro com decisões judiciais para a orientação de casos futuros.
Common law: resposta aos conflitos que surgem com a concomitante existência da unificação e afirmação do poder do monarca com o poder dos senhores feudais. 
As mudanças nos séculos XII e XIII:
Crescimento populacional
Esgotamento das economias fechadas do mundo feudal
Ressurgimento dos Estados Nacionais – podendo ser causa do surgimento da nova “casta”, chamada burguesia. 
Protagonistas dessa mudança: 
Artesãos com necessidade de mercado. 
Fim da sociedade cavalheiresca com as Cruzadas. 
Perda de hegemonia do Império Bizantino com as rotas comerciaispara o Oriente. 
Ascensão econômica inglesa após a Conquista Normanda. 
Florescimento de movimentos intelectuais (ex: Escola dos Glosadores, estudo do Corpus Iuris Civilis, compilação de direito, textos romanos). 
Os institutos costumeiros do direito feudal não eram suficientes para acompanhar tamanha transformação social. A solução para esse problema foi encontrada pelas universidades medievais, que iniciam um processo de leitura e interpretação do corpus, com a finalidade de aplicação posterior ao caso concreto. 
Continente europeu: DIREITO COMUM (romano) + Direitos locais 
Inglaterra: o papel do direito romano não é preponderante; há ausência do direito “erudito” das universidades; common law não representou uma separação entre direito posto e costume; procurou incorporar o direito costumeiro ao direito comum. 
Fim do século XII: common law consolidado – precedentes amplamente utilizados – novas tutelas a partir de novas situações – constante volta ao passado. 
Século XIII: novas modificações no cenário político por conta da perda de território francês. Isso trouxe desdobramentos para o common law: 1) necessidade de afirmação da monarquia inglesa, fim da diferenciação entre ingleses nativos e normandos conquistadores. Faltava sentimento nacional na Inglaterra. 2) tensão entre reis e barões atinge seu auge. Declínio do poder e influência dos reis plantagenetas. 
Com a tensão por conta da perda de territórios tem início uma Guerra Civil em 1215. Neste momento é que rei e barões subscrevem a MAGNA CARTA. 
MAGNA CARTA: segundo autores, a Magna Carta não pode ser entendida como a precursora das constituições modernas, pois era um pacto nos moldes feudais, que poderia ser quebrado por não cumprimento de uma das partes. Provavelmente por conta da perda de territórios, estavam altas as tributações. A Magna Carta é inovadora porque LIMITA O PODER REAL. As tributações passam a depender do consentimento geral dos barões; também os Tribunais reais passam a ter seu poder limitado. A Magna Carta está nos moldes do constitucionalismo antigo, pois limita o poder mas não estabelece liberdades individuais. Procura estabelecer um equilíbrio entre estados do reino, entre estamentos. Não se pode dizer que a Carta tenha caráter revolucionário, ainda que vá servir de base para ações políticas e seja um símbolo para diversas lutas constitucionais. A Carta pretendia resolver uma crise política e, nesse sentido, não foi bem sucedida. Em 1216, o Rei João decide não seguir o estabelecido no acordo e a Guerra Civil recomeça. Após a sua morte, seu sucessor, Henrique III, a reedita. Essa reedição não é suficiente para cessar os conflitos, sendo elaborado, então, novo documento, chamado PROVISÕES DE OXFORD. 
PROVISÕES DE OXFORD: proíbe a criação de novos writs por parte dos Tribunais Reais. 
Século XIII: aumento de legislação. São emitidas maior número de leis pelos reis, chamadas de statutes. 
 
As tensões do período Tudor (1509-1603)
O Século XVI também foi marcado por grandes transformações, bem como os séculos XII e XIII. A organização social que se criou pós Conquista Normanda compreendia estruturas evidentemente medievais – poder intenso da Igreja, governo dividido entre barões e rei, divisão estamental da sociedade. 
Com a Dinastia Tudor, tem início uma mudança econômica, política e social, embora o período não seja marcado por mudanças institucionais. Ocorre, em termos políticos e sociais, o fortalecimento do poder do monarca como chefe de Estado, intensificação do comércio e crescimento das cidades, bem como o enfraquecimento da Igreja Católica frente à fundação da Igreja Anglicana. Claro que nem todas as estruturas feudais foram eliminadas – como a pouca diferenciação entre poder político e religioso. Com a coroação da Rainha Elizabeth a fé protestante é restaurada e o rompimento com a igreja católica é definitivo. 
A estrutura econômica foi alterada por algumas questões, entre elas, a Reforma Anglicana, que possibilitou a destruição dos monastérios e conseqüente aquisição de suas terras pela Coroa. A atitude frente ao dinheiro mudou e até mesmo a proibição da usura foi diluída. 
Tempo dos acontecimentos e tempo da história no período Stuart
Nesse trecho do texto, os autores demonstram os motivos pelos quais há tanto interesse, por parte dos historiadores e juristas, nesse período da história inglesa. A justificativa para esse interesse está na grande diversidade de acontecimentos que ocorreram em 100 anos – muitas formas e regimes de governo diferentes para um período relativamente curto. O importante, nessa parte do texto, é a Dinastia Stuart, mais precisamente o governo de Jaime I, que vem para a Inglaterra justificando seu poder a partir da Teoria do Direito Divino dos Reis (ou seja, acreditava que o poder monárquico estava amplamente ligado aos deuses). Nessa época, também fica evidente um desgaste do common law, que fica inadequado para o enfrentamento de questões que surgem com a mudança da Inglaterra no cenário internacional. Há o esvaziamento do common law por conta da utilização de outros meios de jurisdição – como a equity, por exemplo, em que o monarca pode atuar em defesa de um súdito quando os tribunais do common law produzirem um resultado injusto. Além do sistema equity, os Tribunais Especiais também se tornaram jurisdições alternativas – como os tribunais mercantis e marítimos. 
Diante desse quadro, há um personagem importante, chamado Coke, que vai lutar contra essa crise do common law. Busca formas de adaptar o common law ao momento, bem como de afirmar sua primazia frente aos Tribunais Especiais. Para tanto, Coke se valeu da Magna Carta para fundamentar a contenção do poder do Rei (e combater a Teoria do Direito Divino dos Reis). Nesse sentido, há uma valorização da Magna Carta por parte do jurista, que não traz à tona seus aspectos feudais, mas a ressalta como prova de liberdades sedimentadas, construídas pela tradição e história e que já haviam sido conquistadas pelos ingleses. Nesse sentido é que fica evidente o que foi dito anteriormente sobre o documento: de fato, não teve caráter revolucionário, mas foi base para muitas outras lutas constitucionais. 
Com a morte de Jaime I, Carlos I assume o poder com o mesmo tipo de poder pretendido pelo primeiro. Sendo assim, diante de convocações do Parlamento por conta dos problemas financeiros, Carlos I sanciona o Bill of Rights, outro importante documento que limita o poder do Estado e do monarca. Ainda assim, dissolve e convoca o Parlamento algumas vezes, quando, então, por conta da repressão aos opositores da Coroa e também pela perseguição aos puritanos, eclode a Guerra Civil. Ganham os parlamentares e morre o monarca. Fica proclamada a República, governada por Crommwell. Com sua morte, assume seu sucessor, Ricardo, que acaba por perder o poder e é instaurada, novamente, a monarquia. 
O orgulho da Revolução Gloriosa do Bill of Rights 
O cenário político pós-Restauração revisitou os problemas vividos na época Stuart. Os poderes do monarca e do Parlamento não ficaram devidamente definidos. Foi restaurada, portanto, a Constituição mista, juntamente com a monarquia. Surge, novamente, a tensão entre monarquistas e puritanos. Após a morte de sua primeira mulher, Jaime II casa-se com a italiana Maria de Modena, tendo um filho – com isso, nasce a possibilidade de uma linha sucessória católica. Diante desse cenário, whigs e tories operam uma ação coordenada e convidam o holandês Guilherme, casado com Maria, filha de Jaime II, para assumir o trono. É dessa forma que se dá a Revolução Gloriosa. Os novos reis assinam a Declaração de Direitos, onde ficam definidos os poderes do Parlamento e dos reis. 
A divisão de poderes entre os vários estados do reino foi conduzida com dificuldade pela Dinastia Tudor e entrou em colapso com a Dinastia Stuart, culminando na Guerra Civil. 
** O Bill of Rights é um ato que estipula uma determinada forma política. A Constituição não pode repousar sobre as bases tradicionais.É necessário estabelecer, demarcar, limitar de modo ativo – e mediante um texto escrito – os poderes da legislatura e do monarca. Os principais momentos constitucionais ingleses ocorreram durante a Revolução Gloriosa. Os problemas políticos e sociais que existiam na República não se resolveram na monarquia. A Constituição mista não permaneceu, ainda que grande parte da Constituição inglesa tenha continuado a ser não escrita e tradicional.

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