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Analise Operacional

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS 
 
PROF. DR. JORGE WILSON CORTEZ 
 
 
 
NOTAS DE AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE OPERACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOURADOS - MS 
2013 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Inicialmente é necessário saber o que fazer, isto é, caracterizar as operações agrícolas a 
serem realizadas e a maneira de executá-las. A seguir, estabelece-se a época de realização 
através de ordenação cronológica em função das condições climáticas e das fases de 
desenvolvimento das operações e da cultura, é o quando fazer. É com base nessas informações 
que se procura responder a última pergunta: com que fazer? Trata-se da escolha de tratores, 
máquinas, implementos e ferramentas que executam, da melhor maneira e no tempo 
estabelecido, as operações agrícolas programadas. 
 A análise operacional procura desenvolver técnicas de previsão, planejamento, controle e 
coordenação das atividades de forma a seguir as seguintes características de um trabalho de 
produção agrícola: 
- é realizado em etapas; 
- essas etapas se distinguem cronologicamente; 
- é função da periodicidade das condições climáticas e da fase de 
desenvolvimento da cultura. 
 
 
2. ANÁLISE OPERACIONAL 
 
 Consiste na elaboração de uma relação detalhada de todas as operações agrícolas 
mencionadas no programa de produção. Inicialmente, convém tomar conhecimento da 
terminologia empregada para os diversos parâmetros a serem estudados. 
 O estudo completo de uma operação agrícola envolve considerações sobre: aspectos 
técnicos, tempos consumidos e os custos envolvidos na sua execução. Assim, na aplicação de 
defensivos tem-se: 
 ASPECTO TÉCNICO: dosagem empregada, tipo de aplicação, máquinas utilizadas, etc. 
 TEMPO CONSUMIDO: datas prováveis de início e término da operação. 
 CUSTO DA OPERAÇÃO: avaliação do desempenho econômico. 
 
 A divisão do trabalho deve ser feita de maneira que se obtenha uma seqüência ordenada de 
etapas a percorrer, desde a condição inicial até a final. Assim, tem-se as etapas de divisão do 
trabalho, estudo individual de cada fase e o planejamento das atividades envolvidas. 
Considerando-se um exemplo da operação de aplicação de defensivos distinguem-se: 
- Condição inicial 
 Cultura no campo atacada pela praga. 
 Máquina no galpão. 
 Defensivo estocado no almoxarifado. 
- Condição final 
 Defensivo recobrindo a cultura. 
 Máquina limpa no galpão. 
 Registro da operação e controle administrativo. 
 Operação contabilizada. 
 
 Entre essas condições foram percorridas as seguintes etapas: 
 
INÍCIO: Preparo da máquina  regulagem da máquina  abastecimento da máquina com 
defensivo  aplicação do defensivo no campo  limpeza e manutenção da máquina  controle 
operacional e de custos: FIM. 
 
3. DIAGRAMA DE BLOCOS 
 
 Uma maneira fácil de descrever as etapas de uma determinada operação é por meio dos 
diagramas de blocos, sendo que cada bloco representa uma etapa, assim os blocos devem sair 
da condição inicial e ir até a final. 
 
 
Figura 1. Diagrama de blocos das etapas para a operação de pulverização. 
 
 
4. FLUXOGRAMAS 
 
 
 Uma técnica de análise operacional bastante utilizada para determinar a seqüência 
operacional são os fluxogramas, que são utilizados principalmente nas seguintes situações: 
- levantamento de métodos, condições ou situações existentes 
- planejamento de atividades ou operações a realizar 
- programação de modificações a ser introduzida no método de trabalho 
 
 Emprega nesta análise diagramas para indicar a direção de fluxo de materiais ou os 
caminhos a serem seguidos numa determinada operação (MIALHE, 1974). Para construção faz-
se: construção do diagrama de bloco, onde serão caracterizado as etapas, preparo do fluxograma 
com aspectos quantitativos e elaboração do mapa cronológico. 
 
 Tomemos como exemplo a operação de colheita de forragem pelo sistema manual, onde a 
condição inicial é a forragem “in natura” na capineira e a final, forragem picada no estábulo e um 
segundo exemplo para implantação de cana-de-açucar. Entre estas condições, as etapas a 
percorrer estão montadas no diagrama de bloco a seguir: 
Condição inicial CAPINEIRA 
SOCA CORTADA 
PALHA QUEIMADA 
   
1ª etapa Corte 1ª Aração 
   
2ª etapa Carregamento 1ª Gradagem 
   
3ª etapa Transporte 2ª Aração 
   
4ª etapa Descarregamento 2ª Gradagem 
   
5ª etapa Picamento Plantio e adubação 
   
6ª etapa Carregamento 1º Cultivo 
   
7ª etapa Transporte 2º Cultivo 
   
8ª etapa 
Descarregamento e 
abastecimento 
 
3º Cultivo 
   
Condição final 
FORRAGEM PICADA 
NO ESTÁBULO 
 
CANAVIAL FORMADO 
 
Figura 2. Diagrama de blocos das etapas para a operação de colheita de forragem e de formação 
de um canavial. 
 
Após a construção do diagrama de blocos faz-se a construção do fluxograma (Figura 3). 
 
Seqüência Estábulo Galpão Estrada Capineira 
1 CT 
2 CG 
3 T 
4 DC 
5 PC 
6 CG 
7 T 
8 DC-AB 
Legenda: 
 
CT: corte CG: carregamento T: transporte 
DC: descarregamento PC: picamento AB: abastecimento 
Figura 3. Fluxograma para a operação de colheita de forragem. 
 
5. GRÁFICO DE GANTT 
5. 
 O gráfico de Gantt é uma técnica de análise operacional que emprega um mapa de 
registros de operações que serão ou já foram realizadas. A denominação foi dada por Wallace em 
homenagem a Gantt, primeiro racionalizador norte-americano e empregar um mapa cronológico. 
 A determinação das épocas de realização das operações é baseada nas informações 
cronológicas do programa de produção da empresa. Esta etapa pode ser aperfeiçoada através da 
elaboração dos gráficos de Gantt de previsão cronológica da rotina operacional. 
 O gráfico de Gantt é utilizado, tanto para planejamento, como para controle cronológico de 
operações. Sua construção deve seguir os seguintes passos: 
 1º passo: levantamento das operações e das datas em que deverão ser ou foram realizadas; 
 2º passo: levantamento dos aspectos quantitativos envolvidos nas operações, tempo 
disponível e ritmo operacional. Os tempos perdidos, domingos e feriados, são de fácil 
quantificação, no entanto as quebras e outros imprevistos como chuva, são de difícil quantificação 
e devem ser tomados por meio de percentagens. 
 3º passo: elaboração do mapa cronológico. 
 
 Tomando como exemplo o fluxograma da Figura 2 para a formação de um canavial e, 
adotando uma área total de plantio de 300 ha de cana de ano e meio, a tabela orientativa para a 
construção do gráfico de Gantt e o mesmo estão mostrados na Tabela 1 e na Figura 4. 
 
Tabela 1 Datas de realização das operações e áreas a serem trabalhadas, no exemplo ilustrativo 
de aplicação do gráfico de Gantt em planejamento. 
Operações Período agronomica-
mente recomendado 
Dias viáveis 
de trabalho 
Área total 
(ha) 
Intensidade operacional 
ha/quinzena ha/dia 
1ª aração 01 ago a 15 nov 80 300 37,5 3,75 
1ª gradagem 15 ago a 30 nov 80 300 37,5 3,75 
2ª aração 01 dez a 15 mar 70 300 42,8 4,28 
2ª gradagem 01 dez a 15 mar 70 300 42,8 4,28 
Plantio e 
adubação 
15 dez a 30 mar 75 300 42,8 4,00 
1º cultivo 15 jan a 15 abr 65 300 50,0 4,61 
2º cultivo 15 fev a 15 mai 70 300 50,0 4,28 
3º cultivo 01 ago a 30 set 50 300 75,0 6,00 
 
 
 
 
Operações a 
executar 
1º ano 2º ano Ritmo 
médio 
diário 
(ha/dia) 
ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set 
1ª aração 3,75 
1ª gradagem 3,75 
2ª aração 4,28 
2ª gradagem4,28 
Plantio e 
adubação 
 4,00 
1º cultivo 4,61 
2º cultivo 4,28 
3º cultivo 6,00 
Nº de 
operações a 
executar 
1 2 2 2 2 2 2 1 2 3 3 4 4 5 5 3 2 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1 1 
Figura 4. Gráfico de previsão cronológica de operações agrícolas – Gráfico de Gantt. Extraído de 
MIALHE (1974). 
 
 
 
6. 6. NOMOGRAMA OU ABACOS 
 
 Os ábacos podem ser cartesianos ou alinhados, se destaca o ábaco em N. 
 Os ábacos cartesianos são utilizados na função gráfica com uma só variável independente, 
para sua construção deve-se anotar em escalas apropriadas sobre o eixo x e y. Atribuindo-se à 
variável independente valor pré-estabelecido obtêm-se os valores da função. 
 
80,0
82,0
84,0
86,0
88,0
90,0
92,0
94,0
96,0
98,0
100,0
700 900 1100 1300 1500 1700 1900 2100 2300 2500
Rotação do motor (RPM)
Ní
ve
l p
ot
ên
cia
 so
no
ra
 dB
(A
)
 
Figura 5. Ábaco cartesiano, exemplo rotação do motor e nível de potência sonora. 
 
 Os ábacos alinhados, denominado de nomogramas em N, é constituído de escalas paralelas 
ligadas por uma escala transversal, que recebem o nome de suportes, que pode ser transversal 
ou vertical. A regra geral é que F3 = F1 x F2, sendo que F1 colocado no primeiro suporte vertical e 
F3 no segundo suporte vertical. 
 
Figura 6. Exemplo de nomograma em N 
 
Exemplo: Traçar um ábaco em N para determinar a capacidade operacional teórica de um 
conjunto de trator+arado+operador, tomando-se uma velocidade máxima do trator de 6 km/h e 
largura de corte máxima do arado de 1,5 m (MIALHE, 1974). 
 
1º - Equacionando o problema: Ct = L x V ...... Ct = 0,1 x L x V o resultado deve ser em ha/h 
2º - Condições extremas: L = 1,5 m e V = 6,0 km/h 
3º - Esquema preliminar: L no primeiro suporte vertical e Ct no segundo suporte vertical 
4º - Valores extremos do suporte função: Ct = 0,1 x 1,5 x 6,0 ..... Ct =0,9 ha/h 
5º - Graduação dos suportes verticais ou paralelos: 
 L = 0 a 1,5 m uma escala adequada será de 120 mm para representar 1,50 m ou 150 cm de 
L, assim E =120/150 = 0,8 mm x 10 será de 8 mm. Assim, 8 mm corresponde a 10 cm de largura 
de corte. 
 Ct = 120/1--- 120 mm, cada 120 mm representaram 1 ha/h (120/20 intervalos --- 6 mm cada 
intervalo de 0,05 ha/h) 
6º - Graduação do suporte transversal: para L = 1,0 m tem-se Ct = 0,1 x V . Aconselha-se 
construir uma tabela. 
V (km/h) Ct (ha/h) 
2,0 0,20 
2,5 0,25 
3,0 0,30 
3,5 0,35 
4,0 0,40 
4,5 0,45 
5,0 0,50 
5,5 0,55 
6,0 0,60 
Conclui-se que para obter velocidade de 2,0 km/h no eixo transversal basta ligar L = 1,0 m e 
Ct = 0,20 ha/h. 
 
 
Figura 7. Adequando o eixo transversal. 
 
 
Desenho do nomograma: considerando a eficiência de 100% que acontece em condições 
teóricas, basta traçarmos eixos paralelos ao suporte vertical Ct com as eficiências de 90%, 80%, 
70% e 60%. 
 
V (km/h) Ct (ha/h) 
100% 
Ct (ha/h) 
90% 
Ct (ha/h) 
80% 
Ct (ha/h) 
70% 
Ct (ha/h) 
60% 
2,0 0,20 0,18 0,16 0,14 0,12 
2,5 0,25 0,23 0,20 0,18 0,15 
3,0 0,30 0,27 0,24 0,21 0,18 
3,5 0,35 0,32 0,28 0,25 0,21 
4,0 0,40 0,36 0,32 0,28 0,24 
4,5 0,45 0,41 0,36 0,32 0,27 
5,0 0,50 0,45 0,40 0,35 0,30 
5,5 0,55 0,50 0,44 0,39 0,33 
6,0 0,60 0,54 0,48 0,42 0,36 
 
 
Figura 8. Construção dos eixos de eficiência. 
 
 
7. 7. REFERÊNCIAS 
 
MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974. 297p. 
8. 
9.

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