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Direitos e Seguridade Social
2/275
Direitos e Seguridade Social
Autora: Viviane Masotti
Como citar este documento: MASOTTI, Viviane. Direitos e Seguridade Social. Valinhos: 2015.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no 
Brasil Pós- Constituição De 1988
07
Assista a suas aulas 29
Unidade 2: O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais 37
Assista a suas aulas 63
Unidade 3: Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social 70
Assista a suas aulas 99
Unidade 4: Conceito e Proteção de Direitos Humanos 106
Assista a suas aulas 127
Unidade 5: Marco Legal da Seguridade Social 135
Assista a suas aulas 168
2/275
3/2753
Unidade 6: Constituição Histórica e Principais Legislações da Proteção do Idoso, da Criança e 
do Adolescente e da Pessoa com Deficiência no Direito Brasileiro e sua Relação com as Políticas 
Públicas
176
Assista a suas aulas 208
Unidade 7: Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência 217
Assista a suas aulas 243
Unidade 8: Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios 251
Assista a suas aulas 268
Sumário
Direitos e Seguridade Social
Autora: Viviane Masotti
Como citar este documento: MASOTTI, Viviane. Direitos e Seguridade Social. Valinhos: 2015.
4/275
Apresentação da Disciplina
A disciplina de Direitos e Seguridade Social 
tem por objetivo proporcionar ao aluno 
o conhecimento de quais são os direitos 
sociais fundamentais do cidadão, de 
acordo com a Constituição da República 
Federativa do Brasil. E de que forma são ou 
podem ser protegidos e garantidos estes 
direitos, de acordo com o marco legal das 
políticas setoriais e de defesa de direitos. 
Os desafios contemporâneos têm exigido 
uma atuação integrada do Estado e 
da sociedade, através de seus diversos 
agentes na solução das demandas sociais. 
As intervenções praticadas por estes 
agentes devem ser balizadas por um 
conhecimento técnico-científico do Direito 
Social. Esta disciplina do MBA em Gestão 
Social, traz a fundamentação jurídica 
que introduz ao aluno a importância e a 
necessidade destas intervenções. 
O aluno do MBA em Gestão Social poderá, 
a partir da ampliação do seu conhecimento 
dos direitos sociais e dos instrumentos 
disponíveis para sua efetivação, ter uma 
atuação aperfeiçoada, seja enquanto 
profissional envolvido na área ou enquanto 
membro da sociedade civil pertencente à 
rede ativa de proteção destes direitos. 
A Constituição Federal de 1988 é 
conhecida como a “Constituição Cidadã”, 
porque, ao contrário das Constituições 
anteriores, parte do ser humano e não 
do Estado como diretriz filosófica para 
configurar garantias e direitos individuais 
condizentes com a proteção aos Direitos 
Humanos. 
5/275
O conjunto de discussões e normas, 
formado a partir do processo 
constituinte iniciado em 1987 e pelo 
texto constitucional final daí originado, 
representa o maior período democrático 
vivenciado no Brasil até então. 
Esse período democrático foi precedido 
pelo movimento das “Diretas Já”. A 
reivindicação da população por eleições 
presidenciais diretas, pela possibilidade 
de o povo escolher seu representante 
político, contrariando o regime militar 
vigente na época. O Brasil vivia desde 
abril de 1964 uma Ditadura Militar, na qual 
foram amplamente praticadas, de modo 
oficial, legalizados por Atos Institucionais: 
a censura aos meios de comunicação e 
expressão livre, a repressão aos opositores, 
a perseguição política, a supressão de 
direitos constitucionais. Enfim, a total falta 
de democracia e o desrespeito a muitos 
dos direitos hoje reconhecidos como 
fundamentais do cidadão. 
Como uma reação a esse período e em 
busca da construção de um Estado 
Democrático de Direito que permitisse 
o surgimento de uma sociedade 
fraterna e solidária, caracterizada pelo 
desenvolvimento e pelo bem-estar-
social, nasce uma Constituição Federal 
extensa e detalhista. No entender de vários 
críticos, uma “carta de intenções ampla e 
genérica”, com garantia de direitos cuja 
regulamentação demorou ainda alguns 
anos, e sua efetiva aplicação outros tantos. 
6/275
Nesta disciplina buscamos explicitar: quais 
são estes direitos fundamentais garantidos 
pela Constituição Federal de 1988; em 
que medida foram influenciados pelas 
Emendas Constitucionais (as alterações 
no texto original já passam de 80); quais 
são as legislações infraconstitucionais 
regulamentadoras dos direitos sociais; 
quais as medidas desenvolvidas 
pelo Estado e pela Sociedade para a 
concretização e garantia desses direitos e 
quais as perspectivas para o futuro.
7/275
Unidade 1
Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-
Constituição De 1988
Objetivos
1. Ter um primeiro contato com os direitos 
sociais garantidos pela Constituição de 
1988.
2. Relacionar os direitos individuais 
fundamentais com os Direitos Humanos
3. Entender os direitos sociais enquanto 
evolução dos direitos humanos
4. Compreender a necessidade de políticas 
de defesa de direitos a partir das 
garantias constitucionais
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 19888/275
Introdução
A Constituição Federal de 1988 trouxe 
grande avanço, principalmente no 
reconhecimento de Direitos Fundamentais 
aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no Brasil, bem como nos 
princípios que regem suas relações 
internacionais. Busca garantir a criação 
de um Estado Democrático de Direito, 
para assegurar o respeito, a proteção e 
a viabilização do exercício dos direitos 
civis, políticos, sociais e individuais, a 
Liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça 
como valores de uma sociedade fraternal, 
pluralista e sem preconceitos fundada na 
harmonia social, ainda que isso significasse 
a ampliação da intervenção estatal na 
sociedade. 
A Constituição e, por consequência, todas 
as normas derivadas a partir daí têm como 
fundamento maior os valores da dignidade 
da pessoa humana, o valor social do 
trabalho e a livre iniciativa. 
Busca-se garantir a formação de uma 
sociedade solidária, cujas relações internas 
e externas devem se pautar pela prevalência 
dos direitos humanos. Assim como 
aconteceu com outros países na mesma 
época, a Constituição de 1988 ampliou 
o sistema de proteção social a partir do 
reconhecimento, em seus princípios 
basilares, dos direitos humanos em sua 
concepção mais moderna e completa, 
derivada dos Tratados Internacionais, em 
especial após a Declaração Universal dos 
direitos humanos de 1948.
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 19889/275
Na maioria das situações, não bastava 
o reconhecimento constitucional de 
direitos humanos e a definição dos direitos 
fundamentais correspondentes, entre os 
quais os direitos sociais ampliados. Era 
também necessária a regulamentação 
desses direitos, com a edição de norma 
infraconstitucional que possibilitasse a 
efetivação dessa proteção social.
Nesse sentido, enquanto se discutia 
no legislativo como tais direitos seriam 
regulamentados, o Estado manteve suas 
políticas públicas setoriais atreladas à 
legislação preexistente. Mas à medida 
que o legislativo incorporava os direitos 
humanos no ordenamento jurídico 
nacional, já durante a década de 90, as 
políticas públicas do Poder Executivo 
passaram a seguir sua orientação e 
instituições e programas sociais foram 
criados para implementar tais direitos.As diretrizes para implementação dos 
direitos humanos recém reconhecidos e 
positivados constitucionalmente foram 
criadas em 1996 através do PNDH I – o 
primeiro Programa Nacional de Direitos 
Humanos, cuja preocupação central era a 
garantia de direitos civis e políticos, embora 
a Constituição já tivesse determinado 
outros direitos fundamentais essenciais 
à dignidade, em conformidade com a 
indivisibilidade dos direitos humanos trazida 
pela Declaração Universal dos Direitos 
Humanos de 1948 e suas posteriores 
reiterações. Estes direitos sociais, 
econômicos e culturais foram incorporados 
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198810/275
ao Programa Nacional de Direitos Humanos 
apenas em 2002 (PNDH II). 
A partir de então foram realizadas no 
Brasil diversas ações de promoção dos 
direitos humanos através da criação de 
instrumentos de participação social nas 
políticas públicas sobre temas sociais; 
criação de Conselhos Nacionais Setoriais 
(educação, criança e adolescente, 
saúde); criação de Secretarias Especiais 
para formulação de políticas públicas 
relacionadas a Direitos Humanos; criação 
de Comissão de Direitos Humanos 
no Legislativo e Executivo; criação de 
mecanismos judiciais de controle e 
procedimentos jurisdicionais visando a 
acessibilidade e celeridade processuais. Na 
sequência houve a descentralização destes 
instrumentos protetivos, com a criação 
de estruturas estaduais e municipais 
para a promoção dos direitos humanos, 
permitindo a criação de programas 
locais de proteção de direitos a partir das 
diretrizes estabelecidas pelo PNDH. 
Já prevista na Constituição Federal de 
1988, a participação popular através dos 
direitos políticos ao plebiscito, referendo e 
iniciativa popular, foram regulamentados 
apenas pela Lei nº 9.709 de 18/11/98. 
Mas em 1990 já se institucionalizava a 
participação nos conselhos setoriais, 
através da Lei nº 8142 que dispunha sobre 
a participação popular na gestão do SUS. 
Entre 2003 e 2011 foram realizadas mais 
de 70 Conferências Nacionais Temáticas 
para debater sobre necessidades 
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198811/275
diversidade cultural e social, e as 
desigualdades econômicas e estruturais, 
o desafio tem sido coordenar as ações 
de defesa dos direitos humanos em seus 
diversos aspectos e garantir a efetividade 
das garantias constitucionais. 
da comunidade e possíveis políticas 
públicas para suprir tais necessidades, 
com participação direta de cidadãos 
consolidando a democracia participativa 
no país. 
A partir destas conferências com 
participação da comunidade, e após a 
11ª Conferência Nacional dos Direitos 
Humanos, surge a terceira edição do 
Programa Nacional de Direitos Humanos, 
incorporando elementos dos tratados 
internacionais mais recentes e traçando 
as diretrizes atualmente vigentes a 
orientar as políticas públicas setoriais e 
os instrumentos de defesa dos direitos 
humanos no Brasil. 
Diante destas diretrizes, considerada 
a extensão de nosso território, nossa 
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198812/275
1. Direitos Humanos e Direitos 
Sociais
Para Ingo Wolfgang Sarlet1, “hoje se 
tem como praticamente incontroversa a 
existência de um liame entre a dignidade 
da pessoa e os direitos humanos e 
fundamentais”. 
A dificuldade tem sido então, estabelecer 
como se dá essa relação, e principalmente 
quais os conteúdos e significados desses 
conceitos para a sociedade regulada pela 
ordem jurídica daí derivada. 
1 SARLET, Ingo Wolfgang – Dignidade (da pessoa) huma-
na e direitos fundamentais na Constituição Federal de 
1988. 10.ed.rev.atual e ampl. – Porto Alegre: Livraria do 
Advogado Editora, 2015.
Para saber mais
Você sabia que o SUAS – Sistema Único de 
Assistência Social foi criado por deliberação 
da Conferência Nacional de Assistência Social 
em 2003, com modelo similar ao SUS – Sistema 
Único de Saúde, reafirmando o seu caráter de 
política pública com participação popular e não 
como caridade? 
Acesse o artigo sobre “Participação 
Popular – A construção da democracia 
participativa” na revista do IPEA (Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada) “Desafios do 
Desenvolvimento” Edição 65 de 05/05/2011 
no link abaixo: <http://www.ipea.gov.
br/desafios/index.php?option=com_
content&id=2493:catid=28&Itemid=23>
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198813/275
A concepção contemporânea de direitos humanos, considerando-se a evolução filosófica-
histórica destes, caracteriza-se pelo significado universalista e indivisível, originário da 
Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948. Após as atrocidades praticadas na 
Segunda Guerra Mundial, sobretudo pelos nazistas, em meio aos esforços de reconstrução 
das cidades e economias envolvidas nos combates, 50 países (exceto os pertencentes ao Eixo) 
assinaram a Carta das Nações Unidas, criando a ONU, com o propósito de estimular uma união 
entre as nações e manter entre elas uma relação sem conflitos, a fim de evitar novas guerras, 
potencialmente tão devastadoras quanto a última. Ali já surgiam os fundamentos iniciais do 
que hoje temos por direitos humanos, ainda que pouco detalhados:
“NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as 
gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço 
da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a 
fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser 
humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como 
das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a 
justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes 
do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso 
social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.”
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198814/275
É com base nesses mesmos princípios 
que a ONU adota a partir de 1948 
a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, detalhando quais seriam esses 
direitos através dos quais se garantiria a 
dignidade inerente a qualquer ser humano. 
“Sob o prisma da reconstrução dos direitos 
humanos, no Pós-Guerra, há, de um lado, 
a emergência do “Direito Internacional dos 
Direitos Humanos”, e, por outro, a nova feição 
do Direito Constitucional ocidental, aberto a 
princípios e a valores. ”2
Foi nesse espírito de readequação 
dos direitos constitucionais que 
diversas nações incluíram em suas leis 
2 PIOVESAN, Flávia – Direitos Humanos: Desafios da 
ordem internacional contemporânea, in Caderno de 
Direito Constitucional – 2006. EMAGIS – Escola da Ma-
gistratura do TRF4.
fundamentais o princípio da dignidade 
da pessoa humana. Alemanha, Portugal, 
Espanha, por exemplo, positivaram 
constitucionalmente o princípio da 
dignidade humana. 
O Brasil também o fez na Constituição 
Federal de 1988, promulgada após período 
intenso de regime militar (1964 – 1985), 
em que foi notório o desrespeito à pessoa 
humana com práticas de perseguição e 
tortura, entre outros tantos desrespeitos à 
liberdade. 
Com a positivação constitucional da 
dignidade como valor e princípio de nosso 
ordenamento jurídico, positivaram-
se também diversos direitos humanos. 
Não por acaso, muitos dos direitos 
fundamentais individuais são coincidentes 
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos noBrasil Pós-Constituição De 198815/275
com aquelas garantias elencadas pela 
Declaração Universal dos Direitos Humanos 
de 1948: a inviolabilidade do direito à vida, 
à Liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, reconhecidos como direitos 
de caráter universal, inerentes à condição 
de ser humano, independente de formas 
de organização política ou social às quais 
pertençam.
Ao estudar a evolução do direito 
constitucional, no plano do direito 
interno dos países, pode-se considerar, 
com finalidade didática, a teoria das 
gerações de direitos humanos de Karel 
Vasak3. Os direitos humanos, enquanto 
3 BARROS, Sérgio Resende de. Três Gerações de Direi-
tos. Artigo consultado em 26/08/2015, disponível em 
<http://www.srbarros.com.br/pt/tres-geracoes-de-di-
reitos.cont>
objetivos ideais ou metas, devem ser 
considerados em seu duplo caráter de 
universalidade e indivisibilidade, onde a 
violação de qualquer de seus aspectos 
implica na violação do todo, impedindo 
a efetividade da dignidade humana. Mas 
com a finalidade de analisar a evolução 
da positivação constitucional desses 
direitos e sua relação com o modelo de 
Estado correspondente é útil recorrer à 
teoria geracional de direitos humanos. As 
três dimensões ou gerações de direitos 
humanos foram relacionadas por Karel 
Vasak aos princípios da Revolução 
Francesa: Liberdade, Igualdade e 
Fraternidade. 
A primeira geração estaria relacionada aos 
Direitos de Liberdade, e corresponderia aos 
direitos civis e políticos individuais, visando 
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198816/275
proteger os indivíduos dos abusos do 
Estado. Típico do Estado Liberal de Direito, 
de acordo com Ricardo Lobo Torres, em que 
“institucionaliza-se a proteção ao mínimo 
existencial e à pobreza, mas não se nota 
ainda a preocupação com os direitos sociais. 
” A preocupação tinha caráter fiscal, 
proibindo-se por exemplo a tributação 
sobre a parcela mínima necessária à 
existência humana digna e a incidência 
de taxas remuneratórias de prestações 
estatais positivas (Constituição brasileira 
de 1924, por exemplo, garantia os socorros 
públicos e a instrução primária gratuita a 
todos os cidadãos). 4 
4 TORRES, Ricardo Lobo – A metamorfose dos direitos 
sociais em mínimo existencial. SARLET, Ingo Wolfgang 
(organizador). Direitos Fundamentais Sociais: estudos de 
direito constitucional, internacional e comparado. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2003.
Uma evolução na consideração destes 
direitos traz a concepção de que esta 
garantia já não basta. Sendo necessário, de 
forma complementar, também a atuação 
do Estado de forma a proporcionar bens 
e serviços básicos, que garantam o bem-
estar social de todos os seus cidadãos, 
através da garantia dos direitos da 
Igualdade, típicos da Segunda Geração de 
direitos humanos, que incluiriam: saúde, 
educação, moradia, alimentação, enfim, 
direitos econômico-sociais. Típico do 
Estado Social de Direito, de acordo com 
Ricardo Lobo Torres.
A terceira geração de direitos humanos, 
corresponderia aos Direitos de 
Fraternidade e caracteriza-se pelos 
direitos coletivos ou direitos dos povos, 
tais como: direito ao desenvolvimento 
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198817/275
e à paz. “O Estado Democrático de Direito 
passa a garantir o mínimo existencial, em 
seu contorno máximo, deixando a questão 
da segurança dos direitos sociais para o 
sistema securitário e contributivo, baseado 
no princípio da solidariedade. ”5
A Constituição Federal de 1988 em sua 
redação original trazia como direitos 
sociais: a educação, a saúde, o trabalho, 
o lazer, a segurança, a previdência social, 
a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados. A Emenda 
Constitucional nº 26/2000 incluiu o direito 
à moradia e a Emenda Constitucional nº 
63/2010 incluiu o direito à alimentação no 
rol dos direitos sociais. 
Muito interessante, a partir da inclusão 
do direito à alimentação no rol dos 
5 TORRES, Ricardo Lobo, idem. 
direitos sociais, é começar a acompanhar 
o comportamento do judiciário para ver 
cumprida a determinação constitucional. 
Acesse a decisão do TRT2 (São Paulo) sobre 
o direito à alimentação adequada fornecida 
por empregador, onde o desembargador 
ressalta que o fornecimento de lanches 
“revela-se nocivo à saúde, o que, em 
última análise, malfere a dignidade do 
trabalhador, que tem direito a se alimentar 
adequadamente”: 
Link
<http://www.trtsp.jus.br/indice-de-
noticias-noticias-juridicas/19637-8-turma-
fornecimento-de-lanches-tipo-fast-food-
e-nocivo-a-saude-e-fere-a-dignidade-do-
trabalhador?device=xhtml> 
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198818/275
A doutrina diverge sobre a classificação 
dos direitos sociais como direitos 
fundamentais ou como mera regra 
programática constitucional, visto não 
haver instrumentos processuais claros para 
sua concretização enquanto obrigações 
de prestações positivas. Ocorre que tal 
situação não diverge de outros direitos 
fundamentais cuja característica em 
relação ao Estado possuem sempre as 
duas dimensões, negativa e positiva, 
onde por um lado limita-se o eventual 
abuso do Estado na lesão do direito e de 
outro busca-se a ação do Estado para 
promover a implantação de tal direito. 
O Estado aparece não necessariamente 
como fornecedor ou executor da obrigação 
prestacional, mas pode ter função ativa 
como facilitador ao propiciar condições 
para que o cidadão atinja tais direitos. 
Como nos ensina Zeno Simm6, “por meio 
do reconhecimento dos chamados direitos 
sociais, o que se tem em mira é conseguir-se 
criar uma situação de igualdade material 
entre as pessoas, reduzindo os desníveis 
entre elas e buscando uma situação de 
equilíbrio, ou, ao menos, eliminar ou suprir as 
necessidades mínimas do indivíduo, dando-
lhes as condições básicas de uma existência 
digna. Sem se assegurar essas condições 
vitais mínimas, de nada vale querer-se 
assegurar outros tipos de direitos, como 
da liberdade de expressão ou de crença, da 
liberdade de associação, etc.” 
6 SIMM, Zeno. Os direitos fundamentais e a Seguridade 
Social. São Paulo, LTR Editora, 2005.
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198819/275
Vale lembrar do conceito de indivisibilidade dos direitos humanos ao argumentar que, por 
exemplo, sem a educação básica não se garante sequer o exercício da liberdade plena.
Para saber mais
Você sabia que o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) que atualmente norteia as políticas 
públicas de garantia de direitos fundamentais é organizado a partir de 6 Eixos Orientadores? É a partir de 
cada eixo orientador que são definidas as diretrizes e respectivos Objetivos Estratégicos com suas ações 
programáticas. 
Por exemplo: O primeiro eixo orientador do PNDH-3 é a “Interação Democrática entre Estado e 
Sociedade Civil”, reconhecendo a necessidade de atuação conjunta do Estado e da sociedade civil na 
promoção e proteção dos Direitos Humanos. A primeira diretriz deste eixo é a “Interação democrática 
entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento da democracia participativa” e o 
primeiro Objetivo Estratégico é a “Garantia da participação e do controle social das políticas públicas em 
Direitos Humanos, em diálogo plural e transversal entre os vários atores sociais”. Para atingir tal objetivo 
estratégico, uma das ações programáticas deve ser: “apoiar fóruns, redes e ações da sociedade civil que 
fazem acompanhamento,controle social e monitoramento das políticas públicas de Direitos Humanos. ”
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198820/275
2. Políticas setoriais e de defesa 
de direitos no Brasil pós-consti-
tuição de 1988
O Brasil possui um extenso território 
e uma população caracterizada pela 
diversidade cultural e desigualdades 
sociais e econômicas significativas. 
Para a garantia de proteção e promoção 
dos direitos humanos fundamentais e 
dos direitos sociais tem se mostrado 
necessária a atuação tanto do Estado 
quanto da sociedade, através dos órgãos 
governamentais, de parcerias público-
privadas e de organizações e membros da 
sociedade civil. 
Nesse sentido há diversas ações destinadas 
à promoção e defesa dos direitos 
humanos, e à garantia dos direitos sociais, 
seguindo diretrizes criadas a partir de 
políticas públicas que contam com a 
participação popular em sua elaboração, 
implementação e fiscalização. 
Criam-se espaços de participação 
cuja importância está em identificar a 
demanda da sociedade em determinado 
setor e estabelecer critérios, obter 
recursos e implantar soluções, que 
Para saber mais
Conheça a íntegra do PNDH-3 no link abaixo: 
<http://www.sdh.gov.br/assuntos/direito-
para-todos/programas/pdfs/programa-
nacional-de-direitos-humanos-pndh-3>
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198821/275
atendam tal demanda. A participação 
popular representada por grupos de 
bairro, associações, movimentos de 
trabalhadores, e outros atores sociais, 
permite identificar necessidades de 
minorias que dificilmente chegariam ao 
conhecimento do Estado com tal agilidade 
sem tais instrumentos de participação. 
As políticas públicas podem ser federais, 
estaduais ou municipais, dependendo de 
sua abrangência ou da descentralização na 
execução. 
As políticas setoriais específicas, como 
educação, saneamento básico, habitação, 
saúde, em geral fazem parte de uma 
política pública mais abrangente e tanto 
na obtenção de recursos quanto na 
definição de objetivos deve-se considerar 
a integração entre os diversos setores e 
atores sociais. 
Podemos citar algumas medidas e 
programas com objetivo de promover 
e proteger os direitos humanos 
fundamentais no Brasil:
• Adesão à quase totalidade das 
convenções internacionais sobre 
o tema. Desde 2004 os Tratados 
internacionais de Direitos Humanos 
podem ser recepcionados com 
status de emenda constitucional 
no ordenamento jurídico brasileiro. 
A Convenção sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência, de 2009, foi 
o primeiro a ter força constitucional.
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198822/275
• O Programa Nacional de Direitos 
Humanos (PNDH-3) contém as 
diretrizes, objetivos estratégicos 
e ações programáticas básicas 
atualmente consideradas para o 
estabelecimento de políticas públicas 
na área de direitos fundamentais e 
sociais. 7
• Programas de redução da pobreza e 
promoção da igualdade social. 
O Plano Brasil sem Miséria, por 
exemplo, é um programa direcionado 
a brasileiros que vivem em lares cuja 
renda familiar per capita é de até 
R$70,00. De acordo com o censo de 
7 <http://www.sdh.gov.br/assuntos/direito-para-todos/
programas/pdfs/programa-nacional-de-direitos-huma-
nos-pndh-3>
2010 estariam nessa situação 16,2 
milhões de brasileiros. Este programa 
pode ser considerado multi setorial, 
à medida que procura agregar 
transferência de renda, acesso a 
serviços públicos, à educação, saúde, 
assistência social, saneamento e 
energia elétrica e inclusão produtiva, 
através do aperfeiçoamento de 
programas já existentes e criação 
de novos, em parceria com estados, 
municípios, empresas públicas e 
privadas e organizações da sociedade 
civil, ou seja, com o apoio de todos os 
atores sociais.
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198823/275
Para saber mais
Você sabe o que é o programa de BUSCA ATIVA? 
É uma estratégia do Plano Brasil sem Miséria e 
tem por objetivo localizar e incluir no Cadastro 
Único todas as famílias extremamente pobres, 
além de encaminhá-las para atendimento na 
rede de proteção social. A ideia é levar o Estado 
ao cidadão, sem esperar que ele procure a ajuda 
do poder público. 
Conheça os detalhes do Plano Brasil Sem Miséria 
e a estratégia do Busca Ativa no link abaixo: 
<http://mds.gov.br/assuntos/brasil-sem-
miseria/busca-ativa>
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198824/275
Glossário
Políticas públicas: são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado direta ou 
indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visem assegurar determinado direito 
garantido ao cidadão e que necessite de estabelecimento de diretrizes e de ações para sua implementação.
Democracia participativa: sistema no qual os cidadãos possam participar, diretamente das decisões 
políticas fundamentais.
Tratado internacional: de acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, trata-
se de um acordo internacional escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, destinado a produzir 
efeitos jurídicos.
Questão
reflexão
?
para
25/275
O que se entende por rede de proteção social no 
âmbito do Plano Brasil sem Miséria e quais as medidas 
efetivas para identificação de beneficiários deste 
serviço?
26/275
Considerações Finais (1/2)
A dignidade da pessoa humana foi alçada a um dos fundamentos basilares 
da Constituição Federal de 1988, junto ao valor social do trabalho e à livre 
iniciativa. Muitos dos direitos fundamentais individuais garantidos em nossa 
Constituição coincidem com as garantias elencadas pela Declaração Universal 
dos Direitos Humanos de 1948, como a inviolabilidade do direito à vida, à 
Liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Com a participação do Brasil em mais de uma organização internacional 
direcionada à proteção dos direitos humanos, e incorporando elementos 
dos tratados internacionais mais recentes, a Constituição reflete o respeito e 
garantia dos direitos humanos em sua concepção mais moderna e completa. 
Atualmente as diretrizes vigentes a orientar as políticas públicas setoriais e 
os instrumentos de defesa dos direitos humanos no Brasil estão na terceira 
edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH III).
27/275
Considerações Finais (2/2)
Os direitos sociais atualmente garantidos na Constituição Federal são: a 
educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, 
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, o 
direito à moradia e o direito à alimentação. 
Para efetivar a garantia e promoção destes direitos é que são elaboradas as 
políticas setoriais específicas, como as de educação, saneamento básico, 
habitação, saúde, que em geral fazem parte de uma política pública mais 
abrangente e implementada através da integração entre os diversos setores e 
atores sociais. Um exemplo dos programas executados a partir destas políticas 
públicas é o Plano Brasil Sem Miséria.
Unidade 1 • Direitos Humanos, Direitos Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no Brasil Pós-Constituição De 198828/275
Referências
SARLET, Ingo Wolfgang – Dignidade (da pessoa) humana e direitos fundamentais na 
Constituição Federal de 1988. 10.ed.rev.atual e ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado 
Editora, 2015.
PIOVESAN,Flávia – Direitos Humanos: Desafios da ordem internacional contemporânea, in 
Caderno de Direito Constitucional – 2006. EMAGIS – Escola da Magistratura do TRF4.
TORRES, Ricardo Lobo – A metamorfose dos direitos sociais em mínimo existencial. SARLET, 
Ingo Wolfgang (organizador). Direitos Fundamentais Sociais: estudos de direito constitucional, 
internacional e comparado. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
SIMM, Zeno. Os direitos fundamentais e a Seguridade Social. São Paulo, LTR Editora, 2005.
29/275
Assista a suas aulas
Aula 1 - Tema: Direitos Humanos, Direitos 
Sociais e as Políticas Setoriais e de Defesa de 
Direitos no Brasil Pós-Constituição de 1988
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
5fa182c9f9d6908c998293e3245ad80d>.
Aula 1 - Tema: Direitos Humanos, Direitos Sociais 
e as Políticas Setoriais e de Defesa de Direitos no 
Brasil Pós-Constituição de 1988
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0c-
cb837a88d7a4234c1bedb8b691ff33>. 
30/275
1. Assinale a alternativa errada. Após a Segunda Guerra Mundial, a 
Declaração dos Direitos Humanos era baseada nos seguintes princípios:
a) paz e igualdade entre as nações, independentemente de seus tamanhos
b) levar energia elétrica e saneamento aos necessitados
c) igualdade de direito dos homens e das mulheres
d) promoção do progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade 
ampla
e) estabelecer condições de respeito às obrigações decorrentes de tratados
Questão 1
31/275
2. A necessidade de atuação do Estado de forma complementar, para garan-
tir o bem-estar social dos seus cidadãos, sob o aspecto dos direitos huma-
nos, está ligado a qual direito da Revolução Francesa?
a) igualdade
b) liberdade
c) soberania
d) cidadania
e) fraternidade
Questão 2
32/275
3. Não só bastava o reconhecimento constitucional dos direitos, era ne-
cessária sua efetivação. A partir da frase exposta, qual foi a medida ado-
tada.
a) criação de normas infraconstitucionais
b) prática cotidiana de civilidade e boa convivência
c) trabalho dos agentes públicos
d) medidas de iniciativa privada
e) fomento às instituições de caridade
Questão 3
33/275
4. A Constituição de 1988, também conhecida como “Constituição Cida-
dã” tem ênfase na liberdade de expressão, pois foi resultado de qual mo-
mento histórico?
a) A Era Vargas
b) O fim da ditadura militar
c) A queda do império
d) A República da Espada
e) A Guerra Fria
Questão 4
34/275
5. Qual destes itens é um dos eixos orientadores do PNDH-3?
a) Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil
b) a democracia, a soberania, a liberdade e a justiça
c) a relação de respeito mútuo entre as nações
d) a divisão dos poderes do Estado
e) a necessidade de encanamento em todas as casas
Questão 5
35/275
Gabarito
1. Resposta: B.
Embora seja uma necessidade a ser suprida 
pela ação governamental, o fornecimento 
de energia elétrica e saneamento não 
são mencionados especificamente como 
fundamento na Declaração de Direitos 
Humanos. 
2. Resposta: A.
A necessidade de atuação ou participação 
ativa do Estado seria típica do Estado 
Social de Direito, e relacionada à segunda 
geração de direitos humanos na divisão 
defendida por Karel Vasak.
3. Resposta: A.
Muitos dos direitos garantidos pela 
Constituição de 1988 foram considerados 
não autoaplicáveis, e para que tais direitos 
fossem efetivados foi necessária a edição 
de normas infraconstitucionais, que em 
alguns casos demoraram mais de 5 anos 
para serem aprovadas e sancionadas.
4. Resposta: B.
Durante o período militar que vigorou no 
Brasil antes de 1988, tivemos três fases 
com existência da censura, mas o período 
mais rígido contra a liberdade de expressão 
no país ocorreu com a publicação do AI-
5, durando de 13/12/1968 até o início do 
governo Geisel em 1975.
36/275
5. Resposta: A.
O PNDH-3 ou Programa Nacional de 
Direitos Humanos, em sua 3ª edição é 
organizado a partir de Eixos orientadores, 
e dentro deles serão alocadas as políticas 
sociais específicas. São 6 os eixos 
orientadores: Interação Democrática entre 
Estado e Sociedade Civil; Desenvolvimento 
e Direitos Humanos; Universalizar Direitos 
em um Contexto de desigualdades; 
Segurança Pública, acesso à justiça e 
combate à violência; Educação e Cultura 
em Direitos Humanos; Direito à Memória e 
à Verdade.
Gabarito
37/275
Unidade 2
O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais
Objetivos
1. Ter um contato inicial com o conceito 
e formação do Sistema Jurídico 
Brasileiro
2. Aprender sobre a Constituição 
Federal de 1988 e seus princípios 
básicos
3. Conhecer as normas 
infraconstitucionais relacionadas aos 
direitos humanos fundamentais
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais38/275
Introdução
O Brasil é um país cujo Direito é 
apresentado tradicionalmente na forma 
escrita. Possui uma Constituição rígida que 
prevê o processo de formulação do direito, 
das normas que irão regular as relações 
jurídicas, como competência exclusiva do 
legislador. 
A República Federativa do Brasil, 
organizada na forma de Estado 
Democrático de Direito, é estruturada 
por três poderes independentes e 
harmônicos entre si: Legislativo, Executivo 
e o Judiciário. O poder Legislativo é 
exercido pelo Congresso Nacional, 
composto pela Câmara de Deputados 
e o Senado Federal, cujas atribuições 
envolvem o processo legislativo no qual 
são elaboradas: emendas à Constituição, 
leis complementares, leis ordinárias, leis 
delegadas, medidas provisórias, decretos 
legislativos e resoluções. 
O processo legislativo pode ser considerado 
a fonte formal de direito, cujo resultado é 
a lei em suas diversas categorias previstas 
pela Constituição Federal. 
Esse processo começa pela fase de 
apresentação de um projeto de lei que 
apresente um direito novo ou uma 
modificação em um direito vigente. O 
projeto poderá ser apresentado pelo 
Legislativo, pelo Executivo, pelos Tribunais 
Federais ou pela iniciativa popular, 
dependendo da matéria a que se refira 
a norma proposta, de acordo com a 
Constituição Federal.1 Em seguida inicia-
1 A Constituição Federal dispõe sobre a competência legis-
lativa nos seguintes dispositivos: art. 27, §4º; art. 29, XIII; 
art. 61, §1º e §2º; art. 84, III e XXIII; art. 96, II, a, b, c e d. 
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais39/275
se o processo de discussão do projeto 
pelos membros dos corpos legislativos, 
em alguns casos com a formação de 
Comissões Especializadas na matéria 
proposta. A esse projeto podem ser 
propostas emendas modificativas ou 
substitutivas antes de nova discussão 
e aprovação para enfim ser elaborado 
um texto que será direcionado à fase de 
Deliberação ou votação. A fase de votação 
acontece na Câmara e no Senado, e caso o 
projeto seja aprovado será remetido para a 
sanção ou veto do Executivo. 
O Executivo, representado neste ato pelo 
Presidente da República, também exerce 
uma parte da função legislativa, pois 
deve apreciar cada projeto aprovado pelo 
Legislativo e resolver pela sua aceitação 
sancionando-o para que seja convertido 
em Lei, ou pelo veto, rejeitando a proposta. 
O veto do Executivo ao projeto de lei 
aprovado pelo Legislativo pode ser total 
ou parcial e irá ocorrer em duas situações: 
a) por entender que a norma proposta é 
inconstitucional; b) por entender que a 
aprovação da norma é inconveniente de 
acordo com os critérios de governabilidade 
que estiver seguindo.Todo esse processo legislativo demonstra 
a busca pelo equilíbrio entre os Poderes 
de Estado, a fim de regular as relações 
jurídicas mantendo a governabilidade 
do país, de acordo com os preceitos 
constitucionais. Se o processo legislativo 
se encerrasse no ato do veto do Executivo 
ao projeto de lei haveria o perigo de 
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais40/275
desequilíbrio de forças. No entanto, o 
projeto com o veto presidencial volta ao 
Legislativo para reapreciação e tal ato pode 
ser rejeitado por maioria qualificada. Se o 
Legislativo aceitar o veto então encerra-
se o processo legislativo. Mas se o veto for 
rejeitado o projeto será enviado novamente 
ao Executivo para sanção e promulgação 
no prazo de 48 horas. 
Após a promulgação vem a publicação 
no Diário Oficial, o ato final do processo 
legislativo, a partir do qual a Lei torna-se 
pública para a comunidade que será por ela 
regulada. 
Vimos acima que um dos motivos do 
veto presidencial a um projeto de lei 
pode ser a sua inconstitucionalidade. A 
Constituição Federal é lei maior de um 
Estado, e contém os valores, princípios 
e regras que fundamentam e devem 
ser seguidos por todo o ordenamento 
jurídico complementar. O sistema jurídico 
nacional é formado pela sua Constituição 
e as normas infraconstitucionais em 
todas as categorias permitidas em nosso 
ordenamento. Mas é importante destacar 
que também podemos considerar a 
jurisprudência como fonte de direito, 
inclusive como forma de controle de 
constitucionalidade. 
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais41/275
Assim, confirmando a possibilidade e a 
busca do equilíbrio entre os poderes do 
Estado, temos a ação do Poder Judiciário 
exercendo a função de controle de 
constitucionalidade das normas oriundas 
do processo legislativo e também 
decidindo sobre a correta interpretação 
ou aplicação dessas normas nas relações 
jurídicas concretizadas. A jurisprudência, 
através da uniformização das decisões 
judiciais, forma normas gerais de aplicação 
de determinadas leis a casos concretos 
iguais ou semelhantes. Essas decisões 
se incorporam ao sistema jurídico de tal 
forma que passam a integrar o direito 
vigente, e chegam a provocar alterações 
para readequação da legislação ao 
posicionamento jurisprudencial. 
O uso normativo da Jurisprudência no 
sistema jurídico brasileiro é essencial, à 
medida que auxilia na aplicação correta da 
legislação aos casos concretos, como parte 
dos instrumentos de proteção aos direitos 
fundamentais dispostos na Constituição. 
Em alguns casos supre inclusive a lacuna 
legislativa, quando decide sobre situações 
que não se enquadram nas hipóteses 
regulamentadas pelas leis vigentes, 
mas que podem ser solucionadas pela 
aplicação de normas análogas, desde que 
respeitados os princípios constitucionais. 
1. Constituição Federal de 1988
A Constituição da República Federativa 
do Brasil, vigente desde 05/10/1988, 
e modificada por diversas emendas 
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais42/275
constitucionais nos últimos anos, 
é a Lei Maior do país. Estabelece os 
direitos fundamentais e todos os 
princípios que norteiam nosso sistema 
Jurídico, a estruturação do Estado e o 
funcionamento dos Poderes, os direitos 
políticos, sociais, etc.
A Constituição Federal traz algumas 
cláusulas pétreas: dispositivos 
constitucionais que não podem 
ser alterados mesmo por Emenda 
Constitucional (mecanismo previsto para 
permitir mudanças no texto original).
Entre estas cláusulas estão: a forma 
federativa de Estado; o voto direto, 
secreto, universal e periódico; a separação 
dos Poderes; e os direitos e garantias 
individuais.
O preâmbulo da Constituição Federal 
de 1988 traz a declaração da missão da 
Assembleia Nacional Constituinte formada 
em 1987: instituir um Estado Democrático 
que a partir daquele momento histórico 
destinava-se a: assegurar o exercício 
dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça, 
de modo a garantir a existência de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, socialmente harmoniosa e 
comprometida com a paz. 
Os fundamentos elencados como valores 
principais do Estado Democrático de 
Direito criado com a Constituição Federal 
de 1988 são: a soberania, a cidadania, a 
dignidade da pessoa humana, os valores 
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais43/275
sociais do trabalho e da livre iniciativa, o 
pluralismo político e a democracia onde 
todo o poder emana do povo exercido por 
meio de representantes por ele eleitos. 
Dentre os objetivos da República e os 
princípios que regem suas relações 
internacionais encontram-se como base 
vários dos Direitos Humanos considerados 
em sua concepção moderna. 
São objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: construir uma 
sociedade livre, justa e solidária; garantir 
o desenvolvimento nacional; erradicar a 
pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; promover 
o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação.
Regem as relações internacionais os 
princípios de: independência nacional, 
prevalência dos direitos humanos, 
autodeterminação dos povos, não-
intervenção, igualdade entre os Estados, 
defesa da paz, solução pacífica dos 
conflitos, repúdio ao terrorismo e ao 
racismo, cooperação entre os povos para o 
progresso da humanidade e concessão de 
asilo político.
Conhecida como Constituição Cidadã, 
pois, nas palavras de Ulisses Guimarães, 
pronunciadas em sua manifestação 
enquanto presidente da Assembleia 
Constituinte em sessão ocorrida em 27 
de julho de 1988: “essa será a Constituição 
cidadã, porque irá recuperar como cidadãos 
milhões de brasileiros, vítimas da pior das 
discriminações: a miséria. ”
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais44/275
BERWANGER2 aponta que diversas críticas 
foram feitas à Constituição após sua 
promulgação em 1988, que variam desde 
exageros saudosistas anti-democracia 
até observações pertinentes cujo estudo 
2 BERWANGER, Jane Lucia Wilhelm. Constituição: um 
olhar sobre minorias vinculadas à seguridade social./ 
Jane Lucia Wilhelm Berwanger, Osmar Veronese./Curiti-
ba: Juruá, 2014. 
podem nos levar ao aperfeiçoamento da 
norma constitucional vigente. Assim, o 
texto constitucional teria erros de grafia 
ou terminologia mas não é ilógico ou 
incompreensível; é extensa e detalhista, 
contém dispositivos que não tratam de 
matérias tipicamente constitucionais, mas 
isso não chega a prejudicar a garantia dos 
direitos, ao contrário, representa bem o 
contexto histórico em que foi gerada e 
ainda reproduz o fenômeno ao ampliar 
garantias contra abusos em Emendas 
constitucionais recentes; seria utópica, 
uma carta programática com excesso 
de direitos previstos, mas “se com uma 
Constituição muito avançada, “utópica”, 
com excesso de direitos alegado pelos que a 
combatem, consegue-se manter milhões em 
Link
Acesse a íntegra deste pronunciamento no 
link abaixo: <http://www2.camara.leg.br/
atividade-legislativa/plenario/discursos/
escrevendohistoria/discursos-em-
destaque/serie-brasileira>
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais45/275
pobreza extrema, imaginem se esses direitos 
não fossem constitucionalizados?!”3
É evidente que existem problemas 
sérios relacionados à nossa Lei Maior, 
como por exemplo a inérciae demora 
na regulamentação dos dispositivos que 
necessitavam de lei infraconstitucional 
para serem aplicáveis. E pouco tempo 
depois de alguns dispositivos serem 
regulamentados já ocorria a reforma do 
texto constitucional através de emendas 
constitucionais, a primeira ainda em 
1992 alterando dispositivo referente a 
remuneração de Deputados estaduais e 
vereadores! 
3 BERWANGER, Jane Lucia Wilhelm. idem
Considerado o cenário de falta de 
consenso político nos últimos anos, 
esse excesso de mudanças no texto 
constitucional é temerário, causando 
insegurança jurídica na comunidade. 
Principalmente no tema da Seguridade 
Social, as alterações legislativas ocorridas 
nos últimos 20 anos, constitucionais 
e infraconstitucionais, representaram 
de modo significativo uma restrição de 
direitos anteriormente garantidos, com a 
justificativa de necessidade de ajustes em 
prol do equilíbrio econômico-financeiro do 
Sistema de Seguridade Social. 
Há muitos temas pendentes de julgamento 
no STF relacionados a estas mudanças 
legislativas, que aguardam uma análise 
sob o aspecto do princípio da proibição 
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais46/275
do retrocesso social e da salvaguarda dos 
direitos sociais vinculados à garantia do 
mínimo existencial. Pois a lesão ao mínimo 
existencial caracterizada pelo retrocesso 
de um direito anteriormente garantido, 
pela insuficiência de proteção, significará 
sempre uma violação desproporcional 
à dignidade humana. E a questão aqui 
será ao mesmo tempo o reconhecimento 
de um princípio implícito no texto 
constitucional, e a definição da amplitude 
e limites do que seja o mínimo existencial, 
ou a que e quanto corresponderiam as 
prestações materiais indispensáveis 
para uma vida com dignidade para todas 
as pessoas, considerando-se que “ o 
conteúdo do mínimo existencial para uma 
vida digna encontra-se condicionado pelas 
circunstâncias históricas, geográficas, 
sociais, econômicas e culturais em cada 
lugar e momento em que estiver em causa, 
mas varia também conforme a natureza do 
direito social em particular (moradia, saúde, 
assistência social...)”4.
4 SARLET, Ingo Wolfgang. A assim designada proibição de 
retrocesso social e a construção de um direito constitucio-
nal comum latino-americano. Revista Brasileira de Estudos 
Constitucionais – RBEC. Belo Horizonte, ano 3, n. 11, jul./
set. 2009. Consultado em 17/08/2015. Disponível em 
<http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/hand-le/1939/13602/007_sarlet.pdf?sequence=4>
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais47/275
2. Normas infraconstitucionais
Os instrumentos legais infraconstitucionais 
do ordenamento jurídico brasileiro: as 
leis complementares e leis ordinárias cuja 
iniciativa cabe a qualquer membro ou 
Comissão da Câmara dos Deputados, do 
Senado Federal ou do Congresso Nacional, 
ao Presidente da República, ao Supremo 
Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, 
ao Procurador-Geral da República e aos 
cidadãos, na forma e nos casos previstos na 
Constituição; as medidas provisórias, cuja 
iniciativa cabe ao Presidente da República 
em caso de relevância e urgência, e 
têm natureza temporária e força de lei, 
com processo legislativo específico de 
submissão ao Congresso Nacional; as leis 
delegadas; os decretos legislativos; as 
resoluções; ainda, de competência dos 
Ministros de Estado com a finalidade de 
expedir instruções para a execução das leis, 
há os Decretos regulamentares.
Para saber mais
Você sabia que já são mais de 85 emendas 
constitucionais aprovadas desde a promulgação 
da Constitucional Federal de 1988? Acesse o link 
abaixo para ter acesso ao quadro das Emendas 
Constitucionais e seus textos integrais. 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Emendas/Emc/quadro_emc.
htm>
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais48/275
No contexto da administração pública há ainda a emissão de Instruções normativas, ordens 
de serviço, e orientações internas, sempre com o objetivo de uniformizar entendimentos e 
interpretações sobre a melhor forma de aplicação da legislação, em conformidade com os 
decretos regulamentares e a legislação. Deve-se tomar muito cuidado ao estudar qualquer 
tema através das Instruções normativas emitidas pela administração pública para consulta e 
orientação de seus servidores, pois não possuem caráter normativo oficial, não podendo ser 
considerados fonte formal de direito, e em muitos casos possuem falhas interpretativas que 
podem levar à lesão de direitos do cidadão. 
Para saber mais
Você sabia que é vedada a edição de Medida Provisória: sobre matéria relativa a nacionalidade, cidadania, 
direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral, direito penal, processual penal e processual civil, 
organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, 
orçamento e créditos adicionais e suplementares; que vise a detenção ou sequestro de bens, de 
poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; de matéria reservada a lei complementar (aprovada 
por maioria absoluta); de matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e 
pendente de sanção ou veto presidencial.
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais49/275
Na regulamentação dos direitos sociais relacionados à Seguridade Social, que serão objeto de 
nosso estudo nas próximas aulas desta disciplina, podemos relacionar as seguintes normas 
infraconstitucionais.
2.1 – Direito à Previdência Social 
Na Constituição Federal estão previstos: nos arts. 6º e 7º os direitos à previdência social, à 
aposentadoria e ao seguro contra acidentes do trabalho dos trabalhadores urbanos e rurais 
e domésticos, ao salário mínimo e ao décimo terceiro salário, ao salário-família pago ao 
trabalhador de baixa renda; no art. 40 as regras do Regime de Previdência dos servidores 
Para saber mais
Após serem examinadas pelo Congresso Nacional, as medidas provisórias deverão ser convertidas em 
lei ordinária, se aprovadas, num prazo de 60 dias prorrogáveis por mais 60. Se rejeitadas, tacitamente ou 
expressamente, perdem a eficácia desde sua edição, e o Congresso Nacional deverá regular as relações 
jurídicas que surgiram a partir de sua vigência através de decreto legislativo no prazo de 60 dias a partir 
da perda de eficácia.
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais50/275
públicos; no art. 201 a previsão do Regime 
Geral de Previdência Social e no art. 202 o 
Regime de Previdência Complementar. 
A legislação infraconstitucional que 
regulamenta os Regimes de Previdência 
Social é representada principalmente pelos 
instrumentos abaixo relacionados:
• Lei nº 8213/91 – Lei de benefícios da 
Previdência Social;
• Lei nº 8212/91 – Lei de custeio de 
Previdência Social; 
• Lei nº 9876/99 – Lei que altera o 
cálculo da renda mensal inicial dos 
benefícios previdenciários;
• Lei nº 10.666/2003 – Lei que 
despreza a perda da qualidade de 
segurado para as aposentadorias por 
idade;
• Lei complementar nº 142/2013 – 
Aposentadoria especial da pessoa 
com deficiência no RGPS;
• Decreto nº 8.145/2013 – 
Regulamenta a aposentadoria da 
pessoa com deficiência;
• Lei nº 13.135/2015 – Altera as regras 
do benefício de pensão por morte, o 
cálculo da renda mensal do auxílio-
doença;
• Decreto nº 3048/99 – Regulamento 
de Previdência Social; 
• Instrução Normativa nº 77/2015
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais51/275• LC nº 108/2001 – Dispõe sobre 
entidades fechadas de Previdência 
Complementar;
• LC nº 109/2001 – Dispõe 
sobre o Regime de Previdência 
Complementar;
• Lei nº 12.618/2012 – Institui 
o Regime de Previdência 
Complementar dos servidores 
públicos federais;
• Decreto nº 7.808/2012 – Cria 
a Funpresp-Exe, Fundação de 
Previdência Complementar do 
Servidor Público Federal do Poder 
Executivo. 
• Lei nº 9.717/98 – Dispõe sobre os 
Regimes Próprios de Previdência
2.2 – Direito à Assistência So-
cial
A Constituição Federal prevê o sistema 
de Assistência Social como uma das 
dimensões ou subsistemas da Seguridade 
Social no art. 203. A assistência social será 
prestada independente de contribuição 
a quem dela necessitar com os objetivos 
de proteção à família, à maternidade, 
à infância, à adolescência e à velhice, 
o amparo às crianças e adolescentes 
carentes, a promoção da integração 
ao mercado de trabalho; a habilitação, 
reabilitação e promoção da integração 
à vida comunitária das pessoas com 
deficiência. Ainda garante de forma 
não contributiva o direito ao benefício 
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais52/275
de prestação continuada assistencial 
equivalente ao valor de um salário mínimo 
à pessoa com deficiência ou ao idoso 
que comprovem não possuir meios de 
subsistência ou de tê-la provida por sua 
família. 
A Assistência Social é financiada pelo 
orçamento da Seguridade Social, além de 
outras fontes. E é organizada de forma 
descentralizada a fim de atingir quem 
dela necessitar de forma mais eficaz. A 
coordenação e as normas gerais cabem 
à esfera federal da organização político-
administrativa da Assistência Social, mas 
sua execução cabe às esferas estadual e 
municipal, às entidades beneficentes e 
de assistência social, sendo incentivada 
a participação da população através de 
organizações representativas em todos os 
níveis, permitindo assim a ampliação da 
rede de proteção necessária. 
A legislação infraconstitucional que 
podemos destacar no tema de Assistência 
Social, embora algumas leis não tratem 
exclusivamente de direitos assistenciais, 
segue abaixo relacionada:
• Lei nº 8742/93 – Lei Orgânica da 
Assistência Social;
• Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da 
Pessoa com Deficiência;
• Decreto nº 6.214/2007 – 
Regulamento do Benefício de 
Prestação Continuada (Loas); 
• Lei nº 8.842/94 – Lei da Política 
Nacional do Idoso;
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais53/275
• Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do 
Idoso;
• Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança 
e do Adolescente;
• Instrução normativa nº 2/2014 
– orienta procedimentos para a 
aposentadoria do servidor com 
deficiência, por analogia com a Lei do 
RGPS;
• Portaria Interministerial nº 1/2014 
– aprova o instrumento de avaliação 
dos graus de deficiência para fins de 
benefício (índice de funcionalidade);
• Lei nº 10.836/2004 – Bolsa Família;
• Lei nº 12.513/2011 – Programa 
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico 
e Emprego (Pronatec);
• Lei nº 11.346/2006 - Lei Orgânica de 
Segurança Alimentar e Nutricional – 
LOSAN.
2.3 – Direito à saúde
Um dos direitos sociais previstos no art. 6º, 
a garantia à saúde também está prevista 
no art. 196 e seguintes da Constituição 
Federal, que define o subsistema Saúde 
no âmbito da Seguridade Social. A saúde 
é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais 
e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação. São de relevância pública 
as ações e serviços de saúde, cabendo ao 
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais54/275
Poder Público dispor, nos termos da lei, 
sobre sua regulamentação, fiscalização 
e controle, devendo sua execução ser 
feita diretamente ou através de terceiros 
e, também, por pessoa física ou jurídica 
de direito privado. As ações e serviços 
públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada e constituem 
um sistema único: SUS. 
A legislação infraconstitucional 
relacionada à Saúde compreende a 
Lei nº 8080/1990 – a Lei Orgânica da 
Saúde, regulamentada pelo Decreto nº 
7.508/2011. O SUS está regulamentado 
através da Portaria nº 2.048/2009.
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais55/275
Glossário
Sistema jurídico: é um conjunto dinâmico de normas que regulam as relações jurídicas de um 
determinado grupo, por exemplo o Sistema Jurídico Brasileiro. 
Jurisprudência: é um conjunto de decisões uniformes e constantes, emitidas pelos Tribunais em sua 
atividade jurisdicional, sobre situações de aplicação da norma a casos semelhantes, tratando da mesma 
matéria. 
Constituição Rígida: classificação das Constituições quanto à estabilidade. É rígida a “constituição 
somente alterável mediante processos, solenidades e exigências formais especiais, diferentes e mais difíceis que os 
de formação de leis ordinárias ou complementares”, conforme José Afonso da Silva15.
5 SILVA, José Afonso da. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO. 23ª edição. São Paulo. Malheiros Editores. 2004.
Questão
reflexão
?
para
56/275
Considerando os direitos humanos aqui estudados e a estrutura 
de seguridade social criada pela Constituição Federal de 1988, 
você entende que a garantia destes direitos humanos (no todo 
ou em parte deles) em relação a estrangeiros residentes no Brasil, 
dependeria da existência de acordos de reciprocidade entre as 
nações? Pesquise um pouco sobre a garantia destes direitos 
no Brasil. E considere a notícia16 reproduzida abaixo em suas 
pesquisas:
6 Acessado em 02/09/2015 e disponível para consulta no link: <http://
www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_
noticia=11214> 
Questão
reflexão
?
para
57/275
Nacionalidade estrangeira não impede que idoso tenha acesso a 
benefício assistencial
Um italiano morador de Porto Alegre tem direito a benefício assistencial 
ao idoso garantido. A decisão é do Tribunal Regional Federal da 4ª Região 
(TRF4), que manteve, na última semana, sentença que confirmou que a 
nacionalidade estrangeira não impede o acesso à ajuda assistencial. O 
homem alegou não ter condições econômicas de se manter, e recorreu 
à Justiça depois de ter o pedido de amparo negado pelo INSS sob o 
argumento de que esse auxílio é destinado apenas aos brasileiros. 
A defesa alegou que, de acordo com a Lei n° 8.742/93, a nacionalidade 
estrangeira, único motivo citado pelo órgão para rejeitar o benefício, não 
impede a concessão, sendo sua situação no país regular. 
Questão
reflexão
?
para
58/275
O juízo de primeira instância aceitou o pedido e o INSS recorreu ao 
tribunal alegando que a legislação fala em “cidadão”, o que se refere a 
nato ou naturalizado. 
A 5ª Turma negou o recurso. Conforme a relatora do processo, juíza 
federal convocada Taís Schilling Ferraz, “a condição de estrangeiro, ainda 
que não naturalizado, não impede a concessão de benefício assistencial 
ao idoso, porque a Constituição Federal, em seu artigo 5º, garante ao 
estrangeiro residente no país o gozo dos direitos e garantias individuais 
em igualdade de condições com o nacional”. 
Questão
reflexão
?
para
59/275
Benefício assistencial ao idoso 
Visando ao cumprimento do art. 6º da Constituição, que assegura a 
assistência aos desamparados, a Lei n° 8.742, de 1993, garantiu uma 
série de auxílios, entre eles o benefício assistencial ao idoso, no valor de 
um saláriomínimo. Para solicitá-lo, é necessário ter 60 anos ou mais e 
comprovar a condição de carência.
60/275
Considerações Finais (1/2)
A Constituição Federal é a Lei Maior do país e define os fundamentos 
que devem ser seguidos por todas as demais leis.
A Constituição Federal de 1988 é considerada o marco legal de início 
de garantia ou proteção de diversos direitos sociais, cuja abrangência 
ou amplitude ali adotada significaram grandes avanços. Por isso 
foi muito criticada, sendo considerada utópica ou meramente 
programática. 
Para a implementação de parte dos direitos sociais garantidos, foi 
criado constitucionalmente o Sistema da Seguridade Social, estrutura 
composta por três subsistemas relacionados a direitos fundamentais 
do cidadão: Saúde, Previdência Social e Assistência Social. 
A legislação infraconstitucional regulamentando os direitos sociais 
garantidos na Constituição Federal de 1988 tardou a surgir, e em 
alguns casos já foi severamente reformada, chegando a provocar 
polêmicos retrocessos sociais. 
61/275
Considerações Finais (2/2)
Nos últimos anos o embate tem sido entre as tentativas do governo 
para atingir o equilíbrio fiscal e a reforma da legislação de direitos 
sociais, considerada por muitos como uma das causas de déficit 
público. Em alguns casos havendo o retrocesso, mas em outros 
implantando-se novos direitos conquistados, como por exemplo nos 
casos da legislação definidora de direitos de pessoas com deficiência.
Unidade 2 • O Sistema Jurídico Brasileiro: Constituição Federal de 1988 e Normas Infraconstitucionais62/275
Referências 
BERWANGER, Jane Lucia Wilhelm. Constituição: um olhar sobre minorias vinculadas à 
seguridade social./ Jane Lucia Wilhelm Berwanger, Osmar Veronese./Curitiba: Juruá, 2014.
SILVA, José Afonso da. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO. 23ª edição. São Paulo. 
Malheiros Editores. 2004.
SARLET, Ingo Wolfgang. A assim designada proibição de retrocesso social e a construção de um 
direito constitucional comum latino-americano. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais 
– RBEC. Belo Horizonte, ano 3, n. 11, jul./set. 2009. Consultado em 17/08/2015. Disponível em 
<http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/13602/007_sarlet.pdf?sequence=4>
63/275
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Aula 2 - Tema: O Sistema Jurídico Brasileiro: 
Constituição Federal de 1988 e Normas 
Infraconstitucionais
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dfd1d69166fe0396234989eeb4f1ea7a>.
Aula 2 - Tema: O Sistema Jurídico Brasileiro: 
Constituição Federal de 1988 e Normas 
Infraconstitucionais
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6430703f2b62c440cd4dbf5f137f8934>.
64/275
1. O processo legislativo começa pela fase:
a) do veto
b) da apresentação de projeto
c) da discussão de emendas
d) de sanção 
e) de votação
Questão 1
65/275
2. A decisão de veto ou sanção de um projeto de lei é competência do:
a) presidente do Supremo Tribunal Federal
b) presidente da Câmara dos Deputados
c) presidente do Senado
d) deputado federal mais votado
e) presidente da República
Questão 2
66/275
3. Para Ulisses Guimarães qual era a pior das discriminações?
a) a soberba
b) o racismo
c) a miséria
d) a doença
e) a tirania
Questão 3
67/275
4. Assinale a alternativa correta:
a) Os benefícios e prestações da previdência social não dependem de contribuição prévia.
b) O benefício de prestação continuada assistencial é devido ao idoso maior de 60 anos de 
idade que comprovar não ter renda própria. 
c) A Saúde é direito de todos e dever do Estado, com acesso universal e igualitário. 
d) É proibida a participação popular na implementação de políticas públicas de Assistência 
Social. 
e) A Saúde só pode ser atendida por empresas privadas
Questão 4
68/275
5. Assinale qual lei não se refere ao Sistema de Seguridade Social:
a) Lei nº 8213/91 – Lei de benefícios da Previdência Social
b) Lei complementar nº 142/2013 – Aposentadoria especial da pessoa com deficiência no 
RGPS
c) Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente
d) Lei nº 8742/93 – Lei Orgânica da Assistência Social
e) Lei nº 6697/79 – Código de Menores
Questão 5
69/275
Gabarito
1. Resposta: B.
O processo legislativo obedece uma 
estrutura formal que se inicia sempre pela 
apresentação de um projeto ou proposta 
de lei.
2. Resposta: E.
Após a aprovação do Senado, o projeto 
de lei segue para exame do titular na 
Presidência da República que poderá vetar 
ou sancionar o mesmo.
3. Resposta: C.
Ulisses Guimarães considerava a 
Constituição de 1988 como “cidadã” 
porque esta recuperaria milhares de 
brasileiros como cidadãos ao tirá-los da 
miséria.
4. Resposta: C.
A Saúde é um dos subsistemas da 
Seguridade Social caracterizada pela 
universalidade de acesso, pela qual não se 
exigem contribuições prévias.
5. Resposta: E.
O Código de Menores é legislação anterior 
aos direitos garantidos pela Constituição 
Federal de 1988 e restringia-se à disciplinar 
as regras de vigilância do menor infrator 
(ou delinquente) e a amparar as crianças 
abandonadas.
70/275
Unidade 3
Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social
Objetivos
1. Conceituar os princípios 
constitucionais da dignidade da 
pessoa humana e da solidariedade 
social 
2. Relacionar os princípios da dignidade 
e da solidariedade social aos direitos 
sociais 
3. Analisar a seguridade social no 
contexto dos princípios da dignidade 
e solidariedade
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social71/275
Introdução
Os princípios constitucionais são normas 
que servem de diretrizes, vinculam a 
interpretação de todo o texto legal 
construído sobre si. Eles têm como 
fundamento os valores, que prescindem 
o ordenamento jurídico. Os valores são 
inerentes ao homem, fazem parte do ser. 
Desta forma os princípios, fundamentados 
nos valores, são o “dever-ser”. 
Para Roque Carraza1 “princípio jurídico é um 
enunciado lógico, implícito ou explícito, que, 
por sua grande generalidade, ocupa posição 
de preeminência nos vastos quadrantes do 
direito e, por isso mesmo, vincula, de modo 
inexorável, o entendimento e a aplicação das 
normas jurídicas que com ele se conectam.”
1 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de direito Constitu-
cional tributário. 11 Ed. rev. atua. amp. São Paulo: Ma-
lheiros Editores, 1998.
Há vários conceitos definidos pelos 
doutrinadores em busca de um significado 
para os princípios, em especial na busca 
de diferenciá-los das regras, e na busca 
de estudar sua eficácia jurídica, ou seja, 
o que se pode exigir judicialmente com 
fundamento em tais normas. 
No entanto há um consenso no que se 
refere à função dos princípios: enquanto 
fundamento da ordem jurídica, orientadora 
ou determinante na interpretação da 
norma e fonte em caso de lacuna da lei. A 
violação a um princípio constitucional seria 
assim a violação à ordem jurídica como um 
todo. 
Dentre os princípios consagrados na 
Constituição Federal de 1988 podemos 
destacar o princípio da dignidade 
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social72/275
da pessoa humana e o princípio da 
solidariedade social. 
Já no preâmbulo da Constitucional, que 
contém uma declaração dos valores que 
norteiam todas as normas ali engendradas, 
as intenções da Assembleia Constituinte 
incluem a dignidade e a solidariedade, 
embora não com estes exatos termos. 
Ao incluir como objetivos e valores 
supremos do Estado Democrático de 
Direito a garantia de diversos direitoshumanos fundamentais, entre os quais 
a liberdade, a igualdade, a segurança e a 
justiça, o constituinte estabelecia ainda 
que implicitamente a preponderância do 
princípio (ou super valor) da dignidade 
humana. Já o princípio da solidariedade 
pode ser identificado na descrição da 
sociedade que será normatizada pelo 
Estado Democrático de Direito assim 
criado: uma sociedade fraterna, pluralista 
e sem preconceitos, fundada na harmonia 
social e comprometida com a solução 
pacífica das controvérsias. 
Em seguida, o texto constitucional traz 
a previsão expressa do princípio da 
dignidade da pessoa humana como um 
dos fundamentos do Estado Democrático 
de Direito. Ela está relacionada no art. 1º, 
III, ao lado do valor social do trabalho e da 
livre iniciativa e da cidadania. Esclarecer 
o significado ou conceito da expressão 
“dignidade da pessoa humana” tem sido 
um desafio. Certamente é mais simples 
apreender o que seria lesivo à dignidade 
do ser humano do que necessariamente 
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social73/275
compreender o que a compõe. Afinal, não seriam o exercício da cidadania e a capacidade e 
oportunidade de trabalhar essenciais para garantir a dignidade humana? Pode-se interpretar, 
por exemplo, considerada a indivisibilidade dos direitos humanos fundamentais, que a violação 
a qualquer destes princípios seria a violação à dignidade. 
Tomemos como exemplo a decisão da Ministra Rosa Weber em julgamento de 29-03-2012 no 
Inquérito nº 3.412, em que os princípios acima relacionam-se diretamente: 
A ‘escravidão moderna’ é mais sutil do que a do século XIX e o 
cerceamento à liberdade pode decorrer de diversos constrangimentos 
econômicos e não necessariamente físicos. Priva-se alguém de sua 
liberdade e de sua dignidade tratando-o como coisa, e não como pessoa 
humana, o que pode ser feito não só mediante coação, mas também 
pela violação intensa e persistente de seus direitos básicos, inclusive 
do direito ao trabalho digno. A violação do direito ao trabalho digno 
impacta a capacidade da vítima de realizar escolhas segundo a sua livre 
determinação. Isso também significa ‘reduzir alguém a condição análoga 
à de escravo’.” (Inq 3.412, rel. p/ o ac. min. Rosa Weber, julgamento em 29-
3-2012, Plenário, DJE de 12-11-2012.)
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social74/275
O princípio da solidariedade também aparece expresso no texto constitucional, no art. 3º, I, que 
estabelece como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil a construção de uma 
sociedade livre, justa e solidária. 
Esta sociedade solidária aparece posteriormente em diversos dispositivos, ainda que de forma 
implícita, em alguns casos de forma obrigatória, outras como possibilidade de participação em 
alguma questão social. 
Nesse sentido podemos tomar como exemplo, novamente através de uma jurisprudência do 
STF – Supremo Tribunal Federal, tema relacionado à Seguridade Social, que será objeto de 
nossos estudos. O Ministro Eros Grau destaca a relação entre o princípio da solidariedade no 
custeio da Previdência Social com o princípio da isonomia. 
O sistema público de previdência social é fundamentado no princípio 
da solidariedade (art. 3º, I, da CB/1988), contribuindo os ativos para 
financiar os benefícios pagos aos inativos. Se todos, inclusive inativos e 
pensionistas, estão sujeitos ao pagamento das contribuições, bem como 
aos aumentos de suas alíquotas, seria flagrante a afronta ao princípio da 
isonomia se o legislador distinguisse, entre os beneficiários, alguns mais 
e outros menos privilegiados, eis que todos contribuem, conforme as 
mesmas regras, para financiar o sistema.
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social75/275
Se as alterações na legislação sobre custeio atingem a todos, 
indiscriminadamente, já que as contribuições previdenciárias têm 
natureza tributária, não há que se estabelecer discriminação entre 
os beneficiários, sob pena de violação do princípio constitucional da 
isonomia.” (RE 450.855-AgR, rel. min. Eros Grau, julgamento em 23-8-
2005, Primeira Turma, DJ de 9-12-2005.)
Vamos examinar estes princípios e seus significados com mais detalhe, ao longo do texto 
constitucional. 
1. Dignidade da Pessoa Humana
A Assembleia Constituinte, que gerou a Constituição Federal de 1988, tinha como contexto 
político social o regime militar e todo o tipo de desrespeito à pessoa humana praticado na 
ocasião, como a tortura física e psicológica. Daí a inclusão da dignidade da pessoa humana 
como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito disposto em nossa Constituição.
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social76/275
A dignidade da pessoa humana, como bem 
afirma José Afonso da Silva2, não é uma 
criação constitucional, mas um conceito 
preexistente por esta reconhecido e 
transformado em valor supremo da ordem 
jurídica, alçado a um dos fundamentos 
da República Federativa do Brasil. E assim 
deve ser considerado um princípio da 
ordem jurídica, política, social, econômica e 
cultural. 
Assim, a proteção constitucional não 
se resume à proteção dos direitos 
2 SILVA, José Afonso da. Interpretação da Constituição – 
em I Seminário de Direito Administrativo de 30 de maio 
a 03 de junho de 2005. Consultado em 18/08/2015, 
disponível em <http://www.tcm.sp.gov.br/legislacao/
doutrina/30a03_06_05/jose_afonso1.htm> e em R. Dir. 
Adm., Rio de Janeiro, 212: 89-94, abr./jun. 1998 disponí-
vel em <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/
article/download/47169/45637>
individuais tradicionais, mas de assegurar 
a existência digna em todos os aspectos, 
reconhecidos aqui os direitos humanos em 
sua concepção contemporânea, que além 
do caráter universal integra um conceito 
ambiental, expandindo o que seria o 
mínimo existencial necessário para uma 
vida digna para além dos recursos básicos 
de alimentação e saúde. 
Além de estabelecer um norte para todo o 
texto constitucional, tendo sido colocado 
como um dos principais fundamentos do 
Estado Democrático de Direito, o princípio 
da dignidade humana ainda aparece 
expressamente em outros dispositivos. 
Vejamos alguns exemplos.
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social77/275
O valor social do trabalho e a livre iniciativa são reafirmados como condição para a existência 
de uma vida digna no capítulo que trata dos princípios que regem a Ordem Econômica e 
Financeira do Estado brasileiro. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios(...)
Em relação aos princípios do valor social do trabalho e da dignidade humana, os “princípios 
gerais da atividade econômica” relacionados no art. 170 da CF, podem ser considerados 
subprincípios. Uma análise destes princípios relacionados no texto constitucional nos leva ao 
questionamento sobre a natureza do direito ali declarado, se positivo ou negativo. Ou seja, 
o significado de “a ordem econômica assegurar a existência digna observado o princípio da 
busca da livre concorrência” seria não apenas “permitir ou não impedir a livre concorrência” 
(obrigação negativa) como também “agir de forma a promover, a dar condições para que exista 
a livre concorrência” (obrigação positiva). O mesmo raciocínio pode ser feito com os princípios 
da defesa do consumidor, da busca do pleno emprego, da defesa do meio ambiente, da redução 
das desigualdades regionais e sociais.
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social78/275Neste sentido podemos entender a responsabilidade e a necessidade das ações do Estado e 
da sociedade em prol da concretização dos direitos estabelecidos na Constituição. Ou seja, 
aqui está a importância das políticas públicas e a participação da sociedade na definição e na 
execução destas políticas. 
Outro dispositivo que demonstra a existência de obrigações negativas e positivas, de acordo 
com o raciocínio anterior, é o que trata do planejamento familiar, que não pode ser imposto de 
forma coercitiva pelo Estado, mas cujas possibilidades devem ser esclarecidas para a sociedade 
através da educação (informação em sentido amplo). 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para 
o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 
instituições oficiais ou privadas.”
Mas qual seria, enfim, o significado da dignidade da pessoa humana? Ingo Sarlet afirma que 
este seria um conceito amplo, aberto, ainda em construção. O conceito mais aceitável e 
resumido tem sido relacionado à dignidade como algo inerente ao ser; ligado à sua autonomia 
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social79/275
e liberdade, e a ser tratado como ser vivo racional e não como coisa; um indivíduo que deve ser 
protegido e respeitado pela sociedade e pelo Estado, independentemente das ações que tenha 
praticado; como direito inviolável cuja defesa é uma obrigação dos Poderes estatais, é um 
conceito de origem histórica e proteção constitucional semelhante em diversos países.
Como afirma BALERA3, “Identificar o status da dignidade da pessoa no quadro normativo é 
delimitar as fronteiras de atuação dos demais e dos Estados em face da pessoa, antes do que instituir 
em seu favor algo que já lhe pertence em seu natural. Quando se concede a alguém determinada 
prestação a que faz jus mais do que se faz do que reconhecer-lhe a dignidade inerente à respectiva 
condição humana”.
O valor “dignidade da pessoa humana” foi colocado como ponto central da Constituição 
Federal de 1988, que reconhece vários princípios fundamentais relacionados com a dignidade. 
Mas nem todos teriam relação direta com a dignidade. Seriam fundamentais por assim 
estarem determinados no texto constitucional, mas não necessariamente com um conteúdo 
mínimo em dignidade. Discute-se, por exemplo, se os direitos sociais poderiam mesmo ser 
classificados como fundamentais. Depende desse reconhecimento a possibilidade de se exigir 
judicialmente sua concretização como direitos positivos (ou prestacionais). Assim, os direitos 
3 Balera, Wagner Valores e Seguridade Social in Previdência – Entre o Direito Social e a Repercussão Econômica no Século XXI, ed. Juruá.
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social80/275
sociais, econômicos e culturais, têm sido 
considerados fundamentais, e, portanto, 
exigíveis, principalmente em situações de 
garantia do mínimo existencial. 
2. Solidariedade Social
A Constituição Federal de 1988 traz 
em seus fundamentos e objetivos a 
caracterização de uma sociedade fraterna, 
fundada na harmonia social; uma 
sociedade livre, justa e solidária. 
Mas qual o significado de solidariedade? 
O princípio parece ter a conceituação tão 
complexa quanto o de dignidade da pessoa 
humana. Mas antes de avaliar o princípio 
no seu aspecto normativo constitucional 
e suas implicações na rede de proteção 
social que interessa em nosso estudo, 
examinemos a definição comum do 
vocábulo. 
O dicionário online Michaelis4 define 
“solidariedade” como: “qualidade de 
solidário”; “estado ou condição de duas 
ou mais pessoas que repartem entre 
si igualmente as responsabilidades de 
uma ação, empresa ou de um negócio, 
respondendo todas por uma e cada uma 
por todas”; “mutualidade de interesses e 
deveres”; “compromisso pelo qual as pessoas 
se obrigam umas pelas outras e cada uma 
delas por todas”. “Solidariedade social” seria 
“consistência interna de um agregado social; 
coesão social”. 
4 Disponível em <http://michaelis.uol.com.br/
moderno/portugues/index.php?lingua=portu-
gues-portugues&palavra=solidariedade>
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social81/275
Percebe-se claramente nestas definições 
que solidariedade traz um forte conteúdo 
filosófico e moral, e como tal comporta 
variações de acordo com o momento 
histórico, local e comunidade em que se 
avalie o fenômeno. Se “ser solidário” no 
senso comum nos remete ao conceito 
de “ajuda”, esta deve ser considerada 
no sentido de mutualidade, ou seja, a 
solidariedade não se confunde com a 
caridade, talvez seja até uma evolução 
nesse sentido. A solidariedade se traduz 
em uma responsabilidade mútua entre 
indivíduos pertencentes a um mesmo 
grupo (não importando no momento por 
qual motivo ou regra). A caridade tem um 
sentido de “mão única”, de um indivíduo 
prestando socorro ou assistência a outro 
que está em estado de necessidade, sem 
que isso caracterize um comprometimento 
com o outro, ou denote qualquer 
organização prévia para possibilitar tal 
ato. A solidariedade no seu sentido de 
mutualidade, traz a ideia de reciprocidade, 
de organização prévia dentro de um 
grupo específico, caracterizado pelo 
comprometimento entre seus membros 
com finalidade protetiva diante de uma 
situação de necessidade eventual. 
O termo solidariedade social foi utilizado 
pelo sociólogo Èmile Durkheim5 em 
que analisa o fenômeno da divisão do 
trabalho como originário de um tipo de 
solidariedade especifica na Sociedade 
5 Durkheim, Emile. Da Divisão do Trabalho Social. WMF 
Martins Fontes, 4ª edição. 2010
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social82/275
Industrial. Ele identifica na sociedade 
inicialmente a existência de dois tipos de 
consciência: a individual e a coletiva. A 
consciência coletiva é aquela em que um 
indivíduo é influenciado pela coletividade 
e há reciprocidade nessa relação de 
influência. 
A solidariedade surge desta consciência 
coletiva e traduz uma sociedade em que 
as pessoas interagem porque precisam 
umas das outras como um grupo, 
independentemente de suas relações 
familiares ou religiosas que caracterizavam 
a “solidariedade” tradicional individual. 
Em relação à solidariedade social, 
Durkheim buscou utilizar como parâmetro 
de análise o direito. Entendia que a 
quantidade das relações de solidariedade 
entre os indivíduos seria diretamente 
proporcional às regras criadas para regulá-
las. Identificou dois tipos de solidariedade: 
a mecânica e a orgânica. 
A solidariedade mecânica seria aquela 
existente entre indivíduos que possuem 
interesses em comum, semelhanças entre 
si, por exemplo um grupo de trabalhadores 
de mesma função ou atividade, própria de 
sociedades mais simples. 
Em sociedades mais complexas aparece 
a solidariedade orgânica. Nesta a coesão 
social precisa ser mais intensa e originada 
de um sistema de regras aperfeiçoado 
pois aqui os indivíduos não se agrupariam 
por suas semelhanças, mas por suas 
diferenças e individualidades. É neste 
contexto de necessidade de coesão social 
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social83/275
e de dependência mútua que podemos inserir os conceitos de direitos da seguridade social que 
estudaremos em seguida. 
A ideia de solidariedade está insitamente relacionada à noção de 
seguro social, segundo o qual indivíduos pertencentes a uma mesma 
coletividade (por força de trabalho, por força de lei, por força deinteresse 
comum ou outros) firmam um pacto de auxílio-mútuo, comprometendo-
se a colaborar para a formação de uma poupança coletiva, a ser utilizada 
em prol de cada um sempre que ocorridas as contingências previamente 
estabelecidas”.16
6 FRANÇA, Giselle de Amaro. O poder judiciário e as políticas públicas previdenciárias. São Paulo, 
LTR: 2011. 
O sistema de Seguridade Social criado pela Constituição Federal de 1988 traduz muito bem 
essa ideia de sociedade solidária já em sua definição: “conjunto integrado de ações de iniciativa 
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar direitos relativos à saúde, à 
previdência e à assistência social”
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social84/275
O próprio sistema de seguridade social 
pode ser considerado como resultado 
de um amplo pacto de gerações, que 
vai além do que até então se conhecia 
como proteção social. A solidariedade 
no contexto da seguridade social 
abrange tanto as relações de custeio 
e financiamento quanto as ações de 
planejamento e execução das políticas 
protetivas. 
Ter a solidariedade alçada a princípio 
constitucional nos traz o mesmo 
questionamento feito sobre outros 
princípios fundamentais, no sentido de tê-
la como objetivo programático ou como 
obrigação exigível. Ao examinarmos as 
regras de financiamento da seguridade 
social logo percebemos que tal 
solidariedade não é facultativa, posto que 
os recursos utilizados se originam das 
contribuições diretas (contribuições sociais 
de destinação específica) mas também das 
contribuições indiretas (impostos). Dessa 
forma o financiamento é responsabilidade 
de toda a sociedade, nesta considerados 
o Estado através das receitas da União; as 
empresas e os trabalhadores através das 
contribuições sociais; da sociedade como 
um todo através de receitas de outras 
fontes. 
Ao tratar de direitos previdenciários, um 
dos direitos sociais constitucionais, a 
Constituição Federal assegura um regime 
previdenciário de caráter contributivo 
obrigatório e solidário, estruturado através 
de um regime financeiro de repartição 
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social85/275
simples. É um pacto de gerações onde 
os trabalhadores atuais financiam o 
pagamento de prestações previdenciárias 
dos antigos segurados, e cuja garantia de 
proteção futura depende da continuidade 
contributiva e do equilíbrio financeiro e 
atuarial do sistema de previdência. 
Nos RPPS – Regimes Próprios de 
Previdência, cujos segurados são 
servidores públicos, a solidariedade 
se traduz pela contribuição do ente 
público, dos servidores ativos e inativos 
e dos pensionistas. Aqui a solidariedade 
inclui também a contribuição sobre 
aposentadorias e pensões e não apenas 
sobre a remuneração pelo trabalho dos 
economicamente ativos. 
No RGPS – Regime Geral de Previdência 
Social, cujos segurados são os facultativos 
e os trabalhadores da economia privada 
e servidores não protegidos por regimes 
próprios, a solidariedade no financiamento 
se traduz pela contribuição de Estado, 
trabalhadores e empresas. 
A solidariedade está presente também 
na garantia constitucional aos direitos 
fundamentais de crianças, adolescentes 
e idosos, cuja responsabilidade passa a 
ser conjunta e solidária entre a família, a 
sociedade e o Estado. 
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social86/275
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as 
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo 
sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.”
Importante destacar que esta responsabilidade solidária para a proteção dos direitos 
fundamentais de crianças e idosos, dividida entre família, sociedade e Estado, conforme os 
dispositivos acima reproduzidos, constitui-se como um “dever” e por isso são exigíveis de 
qualquer destes atores sociais as ações necessárias tanto para defender quanto para promover 
tais direitos. 
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social87/275
A evolução do conceito de ajuda aos que 
se encontram em situação de necessidade: 
da caridade ou filantropia, individual 
ou religiosa e eventual à solidariedade 
constitucional, obrigatória e exigível, 
como se reconhece atualmente em grande 
parte dos países do mundo ocidental, 
envolve uma série de transformações 
políticas, econômicas, sociais e culturais, 
coincidentes com a evolução histórica do 
mundo moderno. 
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social88/275
Glossário
Mutualidade: a definição encontrada nos dicionários concentra o conceito na ocorrência de 
reciprocidade. Na origem do seguro privado, a mutualidade caracterizava a prática de os participantes do 
seguro responsabilizarem-se reciprocamente pela reposição do prejuízo causado pela concretização do 
risco segurado. 
Responsabilidade Solidária: ocorre quando temos corresponsabilidade, ou várias pessoas responsáveis 
pela totalidade da obrigação contraída, sendo que a ausência de cumprimento da obrigação por uma parte 
obrigará o outro a fazê-lo. 
Valor Social do Trabalho: o primado do trabalho ou valor social do trabalho é um dos fundamentos 
da Constituição Federal de 1988, e através dele garante-se a proteção constitucional das relações de 
trabalho dos cidadãos, mas reafirma-se a possibilidade de exercício do trabalho como condição para atingir 
plenamente o respeito à dignidade humana.
Questão
reflexão
?
para
89/275
O conceito de direitos humanos, inerente ao ser 
e universal, teve origem com a DUDH em 1948, 
exatamente no pós-guerra, depois de todas as 
atrocidades e desrespeitos às liberdades individuais 
praticadas pelo nazismo. A reflexão maior talvez seja: 
como estar em guerra e ainda assim respeitar os 
direitos humanos?
90/275
Considerações Finais (1/8)
O desafio a partir de agora é concretizar internamente os direitos 
fundamentais constitucionais fundados no princípio da dignidade humana, 
amparada pelo princípio da solidariedade social. E para além do direito 
interno, considerada a globalização social e econômica como uma realidade 
sem sinais de retrocesso, se faz necessária uma releitura global tanto dos 
direitos fundamentais quanto dos pactos de solidariedade social geracional. 
O desafio é a universalidade da dignidade tanto quanto da solidariedade. 
Para demonstrar o quanto este desafio é importante, considere a notícia 
abaixo, extraída do website do Supremo Tribunal Federal, que trata da 
possibilidade de o Poder Judiciário impor que o Poder Executivo realize obras 
em presídios a fim de garantir o ambiente adequado aos detentos, de modo a 
não ferir seus direitos fundamentais17.
7 Texto original disponível no link <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteu-
do=297592>
91/275
Considerações Finais (2/8)
Judiciário Pode Impor Realização de Obras em Presídios Para Garantir 
Direitos Fundamentais
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na sessão desta quinta-
feira (13), que o Poder Judiciário pode determinar que a Administração 
Pública realize obras ou reformas emergenciais em presídios para garantir 
os direitos fundamentais dos presos, comosua integridade física e moral. A 
decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 592581, 
com repercussão geral, interposto pelo Ministério Público do Rio Grande do 
Sul (MP-RS) contra acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-RS). A corte gaúcha 
entendeu que não caberia ao Poder Judiciário adentrar em matéria reservada à 
Administração Pública.
92/275
Considerações Finais (3/8)
Ação Civil Pública
Na origem, o Ministério Público gaúcho ajuizou ação civil pública contra o 
Estado do Rio Grande do Sul para que promovesse uma reforma geral no 
Albergue Estadual de Uruguaiana. O juízo de primeira instância determinou 
a reforma do estabelecimento, no prazo de seis meses. O estado recorreu ao 
TJ-RS, que reformou a sentença por considerar que não cabe ao Judiciário 
determinar que o Poder Executivo realize obras em estabelecimento prisional, 
“sob pena de ingerência indevida em seara reservada à Administração”.
O MP recorreu ao STF, alegando que os direitos fundamentais têm aplicabilidade 
imediata, e que questões de ordem orçamentária não podem impedir a 
implementação de políticas públicas que visem garanti-los. De acordo com 
o MP, a proteção e a promoção da dignidade do ser humano norteiam todo 
ordenamento constitucional, e o estado tem obrigação de conferir eficácia 
e efetividade ao artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, para dar 
condições minimamente dignas a quem se encontra privado de liberdade.
93/275
Considerações Finais (4/8)
Poder do Estado
O relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, disse entender que o Poder 
Judiciário não pode se omitir quando os órgãos competentes comprometem a 
eficácia dos direitos fundamentais individuais e coletivos. “É chegada a hora de 
o Judiciário fazer jus às elevadas competências que lhe foram outorgadas pela 
Constituição Federal, assumindo o status de Poder do Estado, principalmente 
quando os demais Poderes estão absolutamente omissos na questão dos 
presídios”, salientou.
Em seu voto, o presidente da Corte fez um relato da situação das penitenciárias 
brasileiras, que encarceram atualmente mais de 600 mil detentos, revelando 
situações subumanas, violadoras do principio constitucional da dignidade da 
pessoa humana, além de revoltas, conflitos, estupros e até homicídios, incluindo 
casos de decapitação. No caso do Albergue de Uruguaiana, discutido no recurso 
em julgamento, o presidente revelou que um preso chegou a morrer eletrocutado, 
em consequência das péssimas condições do estabelecimento. O próprio TJ-
RS, lembrou o ministro, apesar de reformar a decisão do juiz de primeiro grau, 
reconheceu a situação degradante dos presos.
94/275
Considerações Finais (5/8)
Essa situação de calamidade, disse o ministro, faz das penitenciárias brasileiras 
“verdadeiros depósitos de pessoas”, impedindo a consecução da função 
ressocializadora da pena, causando ainda uma exacerbação da sanção, pela 
aplicação de penas adicionais, na forma de situações degradantes. “A sujeição 
dos presos às condições até aqui descritas mostra, com clareza meridiana, que 
o estado os está sujeitando a uma pena que ultrapassa a mera privação da 
liberdade prevista na sentença, porquanto acresce a ela um sofrimento físico, 
psicológico e moral, o qual, além de atentar contra toda a noção que se possa 
ter de respeito à dignidade humana, retira da sanção qualquer potencial de 
ressocialização”, afirmou. A intervenção do Judiciário, nesses casos, frisou o 
relator, também tem a função de impedir esse excesso de execução.
95/275
Considerações Finais (6/8)
Contrariamente ao sustentado pelo TJ, o ministro disse entender que não 
é possível cogitar de hipótese na qual o Judiciário estaria ingressando 
indevidamente em seara reservada à Administração Pública. “No caso dos autos, 
está-se diante de clara violação a direitos fundamentais, praticada pelo próprio 
Estado contra pessoas sob sua guarda, cumprindo ao Judiciário, por dever 
constitucional, oferecer-lhes a devida proteção”.
Separação de Poderes
O presidente disse ainda que não se pode falar em desrespeito ao princípio da 
separação do Poderes, e citou o princípio da inafastabilidade da jurisdição, uma 
das garantias basilares para efetivação dos direitos fundamentais. O dispositivo 
constitucional (artigo 5º, inciso XXXV) diz que a lei não subtrairá à apreciação 
do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça de lesão a direito. Esse postulado, 
conforme ressaltou, é um dos pilares do Estado Democrático de Direito.
96/275
Considerações Finais (7/8)
Fundos
Para o ministro, não cabe também falar em falta de verbas, pois o Fundo 
Penitenciário Nacional dispõe de verbas da ordem de R$ 2,3 bilhões, e para usá-
los basta que os entes federados apresentem projetos e firmem convênios para 
realizar obras. Mas, para Lewandowski, não existe vontade para a implementação 
de políticas, seja na esfera federal ou estadual, para enfrentar o problema.
Com isso, concluiu que a chamada cláusula da reserva do possível também não 
pode ser usada como argumento para tentar impedir a aplicação de decisões que 
determinem a realização de obras emergenciais.
Unanimidade
O voto do relator, no sentido de dar provimento ao recurso do MP-RS, foi seguido 
por todos os ministros, que fizeram menções à péssima situação dos presídios 
brasileiros e concordaram que o Ministério Público detém legitimidade para 
requerer em juízo a implementação de políticas públicas pelo Poder Executivo 
para concretizar a garantia de direitos fundamentais coletivos. Todos salientaram, 
ainda, que compete ao Judiciário agir para garantir aos presos tratamento 
penitenciário digno, como forma de preservar seus direitos fundamentais.
97/275
Considerações Finais (8/8)
Tese
Também por unanimidade, o Plenário acompanhou a proposta de tese de 
repercussão geral apresentada pelo relator. “É lícito ao Judiciário impor à 
Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas 
ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para 
dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos 
detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua 
o artigo 5º (inciso XLIX) da Constituição Federal, não sendo oponível à decisão o 
argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos Poderes”.
Fonte: Supremo Tribunal Federal
Unidade 3 • Princípios Constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade Social98/275
Referências 
CARRAZA, Roque Antonio. Curso de direito Constitucional tributário. 11 Ed. rev. atua. amp. São 
Paulo: Malheiros Editores, 1998.
SILVA, José Afonso da. Interpretação da Constituição – em I Seminário de Direito Administrativo 
de 30 de maio a 03 de junho de 2005. Consultado em 18/08/2015, disponível em http://www.
tcm.sp.gov.br/legislacao/doutrina/30a03_06_05/jose_afonso1.htm e em R. Dir. Adm., Rio de 
Janeiro, 212: 89-94, abr./jun. 1998 disponível em <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/
rda/article/download/47169/45637>
Balera, Wagner Valores e Seguridade Social in Previdência – Entre o Direito Social e a 
Repercussão Econômica no Século XXI, ed. Juruá
FRANÇA, Giselle de Amaro. O poder judiciário e as políticas públicas previdenciárias. São Paulo, 
LTR: 2011.
Durkheim, Emile. Da Divisão do Trabalho Social. WMF Martins Fontes, 4ª edição. 2010
99/275
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Aula 3 - Tema: Princípios Constitucionais: 
Dignidade da Pessoa Humana e Solidariedade 
Social
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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Aula 3 - Tema: Princípios Constitucionais: 
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100/275
1. A sociedade brasileira almejada pelo poder constituinte a partir das ga-
rantias da Constituição Federal de 1988 não se caracteriza por:
a) ser fraterna
b) ser pluralista
c) ter preconceitos
d) proporcionar harmonia social
e) ser comprometida com a solução pacífica de controvérsias
Questão 1
101/275
2. Não são fundamentos do Estado Democrático de Direito:
a) dignidade da pessoa humana
b) valor social do trabalho
c) livre iniciativa
d) cidadania
e) censura à liberdade de expressão
Questão 2
102/275
3. Assinale a afirmativa errada:
a) a dignidade da pessoa humana é um conceito originalmente criado pela nossa 
Constituição Federal de 1988
b) O conceito de dignidade da pessoa humana ainda está em construção
c) “Quando se concede a alguém determinada prestação a que faz jus mais do que se faz do 
que reconhecer-lhe a dignidade inerente à respectiva condição humana”
d) Solidariedade é um compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras e 
cada uma delas por todas. 
e) Nos RPPS a solidariedade inclui a contribuição dos aposentados sobre suas aposentadorias.
Questão 3
103/275
4. Não é forma de manifestação do princípio da solidariedade na Segurida-
de Social:
a) algumas empresas possuem fundos de pensão para complementar a aposentadoria de 
seus funcionários
b) o financiamento é responsabilidade de toda a sociedade
c) o regime financeiro de estrutura da previdência social é o de repartição simples
d) o servidor público aposentado é contribuinte do regime de previdência própria
e) as empresas contribuem sobre o valor de sua folha de pagamentos de funcionários
Questão 4
104/275
5. Escolha a alternativa correta de acordo com a Constituição Federal:
a) é dever apenas da família assegurar às crianças e adolescentes o direito à vida e à saúde
b) é dever apenas do Estado amparar as pessoas idosas
c) o princípio da solidariedade não se aplica à proteção de idosos, crianças, adolescentes e 
jovens
d) a família, a sociedade e o Estado têm o dever de observar os direitos constitucionais de 
proteção a idosos, crianças, adolescentes e jovens
e) é dever apenas da escola assegurar às crianças e adolescentes o direito à vida, à saúde, à 
educação e à profissionalização.
Questão 5
105/275
Gabarito
1. Resposta: C.
Os objetivos da Constituição Federal 
de 1988 incluem a formação de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos.
2. Resposta: E. 
A censura à liberdade de expressão é 
uma das grandes mazelas do período de 
ditadura militar no Brasil.
3. Resposta: A.
O conceito de dignidade da pessoa humana 
não é uma criação constitucional, mas algo 
que surge mais fortemente a partir de 1948 
com a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos.
4. Resposta: A.
Os fundos de pensão são próprios da 
Previdência Complementar que não 
funciona sob o princípio da solidariedade, 
mas da capitalização individual, ainda que 
com contribuição também do empregador, 
pois fundada em conta individual do 
segurado.
5. Resposta: D.
O princípio da solidariedade se traduz na 
proteção de idosos, crianças, adolescentes 
e jovens pela responsabilidade solidária 
entre a família, o Estado e a sociedade, de 
acordo com os preceitos constitucionais 
(art. 227 e art. 230)
106/275
Unidade 4
Conceito e Proteção de Direitos Humanos
Objetivos
1. Entender o conceito de direitos 
humanos
2. Conhecer as instituições de proteção 
aos direitos humanos e a estrutura 
envolvida nesses esforços no Brasil 
3. Ter um contato inicial com os projetos 
de proteção aos direitos humanos 
desenvolvidos pelo Estado brasileiro
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos107/275
Introdução
Conceituar direitos humanos tem sido um desafio tanto quanto conceituar dignidade ou 
solidariedade, visto que sua significação envolve noções filosóficas, morais, culturais e 
históricas. De direitos naturais inerentes ao ser humano a direitos fundamentais de caráter 
normativo constitucional, de direitos individuais a direitos ambientais coletivamente 
considerados, importa o reconhecimento de que devem ser respeitados, protegidos e 
promovidos a fim de permitir-se uma convivência pacífica entre os povos, garantindo a cada 
membro individualmente e à comunidade como consequência, uma vida digna e justa. 
Para saber mais
Você sabia que nos dias 6 a 8 de setembro de 2000 foi realizado em Nova York o encontro conhecido como a 
Cúpula do Milênio das Nações Unidas? Nesse encontro estavam presentes 100 chefes de Estado, 47 chefes 
de Governos, 3 Príncipes, 5 Vice-Presidentes, 3 Primeiros-Ministros, 8000 Delegados de representações e 
5500 jornalistas. 
Como resultado dessa reunião divulgou-se a Declaração do Milênio das Nações Unidas, que reafirma os 
direitos relacionados na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, com uma preocupação 
globalizada e considera como valores fundamentais para o século XXI, entre outros: a liberdade, a igualdade, 
a solidariedade, a tolerância, o respeito pela natureza, a existência de responsabilidades compartilhadas. 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos108/275
Dado o caráter universalista dos Direitos Humanos e o comprometimento das nações da ONU 
em sua defesa, criou-se, principalmente através dos tratados internacionais, um sistema 
internacional de proteção a fim de estabelecer parâmetros que garantam, pelo menos, o 
mínimo existencial do homem. 
Esta proteção possui mais o caráter de fiscalização sobre o respeito das nações aos direitos 
humanos. Dá-se, portanto, inicialmente a partir dos Pactos internacionais globais sob a 
estrutura normativa da ONU. O principal órgão da ONU nesse sentido é a Comissão de Direitos 
Humanos (CDH), composta por membros de 53 países, que realiza reuniões anuais com objetivo 
de cooperação internacional na promoção universal dos direitos humanos. Seu papel não é 
Para saber mais
Acesse a íntegra deste documento, bem como outros documentos relacionados ao tema dos Direitos 
Humanos, na Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da USP, no link abaixo:
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Confer%C3%AAncias-de-C%C3%BApula-das-
Na%C3%A7%C3%B5es-Unidas-sobre-Direitos-Humanos/declaracao-do-milenio-das-nacoes-
unidas-08-de-setembro-de-2000.html>
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos109/275
judicial mas regulamentar, através do 
estabelecimento de parâmetros universais 
e controle de sua observância pelos 
Estados-membros. 
Em seguida, de modo complementar 
e ainda fiscalizatório, ocorre de forma 
regional, de acordo com a organização 
geográfica ou econômica das nações 
participantes de blocos com interesses 
ou características afins. São sugeridos 
instrumentos de defesa, com diretrizes 
fundadas na pessoa e efetivação ou 
implantação descentralizada, normatizada 
e representada pelos sistemas nacionais de 
proteção. 
Podemos analisar o Sistema de Proteção 
aos Direitos Humanos considerando 
as recomendações e ações do geral 
para o particular. Temos organizações 
supranacionais como a ONU e a OEA, por 
exemplo, organizadas geograficamente 
em âmbito internacional ou regional, com 
resoluções de caráter programático que 
definem os parâmetros ideais a serem 
atingidos pelas Nações como proteção e 
respeito aos Direitos Humanos em seus 
territórios. Tais resoluções podem ser 
assinadas pelos Estados-membros e, 
após o processo legislativo adequado, 
internalizadas no ordenamento jurídico 
pátrio. 
A partir da internalização das resoluções 
no ordenamento jurídico pátrio, 
efetivar a proteção, transformar 
normas programáticas em realidade, 
é responsabilidade do Estado. Isso é 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de DireitosHumanos110/275
1. Direitos Humanos
Na concepção moderna do que seriam 
os direitos humanos, encontram-se 
duas de suas características principais: a 
universalidade e indivisibilidade. 
feito através da elaboração de Políticas 
Públicas e planos de ação, implantando 
programas e fornecendo condições para 
que os diversos atores envolvidos possam 
respeitar, promover e defender os direitos 
humanos.
Há diversas ações que buscam promover 
e proteger os direitos humanos no Brasil. 
Parte destas ações são relacionadas 
aos direitos sociais e serão estudadas 
com maior detalhe nas próximas aulas 
sobre a Seguridade Social. Outras podem 
ser citadas, com base em relatórios 
apresentados pelo governo brasileiro 
para organismos de controle da ONU. 
Fazem parte de políticas públicas 
de enfrentamento de necessidades 
da comunidade fundamentadas nas 
recomendações dos Pactos e Tratados 
internacionais reconhecidos pelo Estado 
brasileiro. 
Link
Acesse o website da ONU no Brasil para conhecer 
mais sobre as ações da organização em âmbito 
nacional e internacional, através do link <http://
nacoesunidas.org>/
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos111/275
Por universalidade entende-se a “extensão 
universal dos direitos humanos, sob a crença 
de que a condição de pessoa é o requisito 
único para a titularidade de direitos, 
considerando o ser humano como um ser 
essencialmente moral, dotado de unicidade 
existencial e dignidade. ”A indivisibilidade 
tem sua melhor explicação no super-
princípio da dignidade humana, pois 
considera que a violação a qualquer 
aspecto dos direitos humanos significa 
a violação de todos os demais. Qualquer 
violação afetaria o ser humano em sua 
condição moral e existencial. (PIOVESAN, 
2006).
O conceito de direitos humanos envolve 
os direitos inerentes a todos os seres 
humanos, simplesmente em função de 
sua existência, sem distinções de raça, 
sexo, nacionalidade, idioma, religião, 
comportamento, ou qualquer outra 
condição. Seu estudo costuma ser dividido 
em dimensões ou gerações, para facilitar a 
compreensão da evolução do conceito. 
A crítica a esta classificação seria o risco 
de considerar que a divisão é rígida e que 
há uma data de início ou fim na definição 
dos direitos humanos. Melhor entender 
que a classificação atende à evolução da 
sociedade no reconhecimento e respeito 
aos direitos humanos e na necessária 
ampliação do conceito frente à dinâmica 
das necessidades do homem. 
A primeira geração de direitos humanos 
seria a da proteção dos direitos 
individuais, de liberdade, civis e políticos. 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos112/275
A proteção do homem contra o Estado, 
uma limitação do poder deste sobre 
o homem. A segunda geração seria a 
proteção dos direitos econômicos, sociais 
e culturais, demandando a ação do Estado 
fornecendo condições para o exercício 
desses direitos. A terceira geração traria 
os direitos relacionados à comunidade, 
como a solidariedade e fraternidade. 
Incluiria aqui os direitos relacionados ao 
ambiente. Alguns doutrinadores como 
Paulo Bonavides trazem uma evolução 
nessa análise por gerações e propõem 
uma quarta geração de direitos humanos, 
relacionada aos direitos resultantes da 
globalização da economia, da sociedade 
e da própria universalização dos direitos 
humanos. Seriam o direito de participação 
democrática, ao pluralismo, à bioética, aos 
limites da manipulação genética. 
De certa forma modernizam a necessidade 
de proteção dos direitos do homem, 
frente novas realidades, mas sempre 
buscando limitar intervenções abusivas 
de particulares ou do Estado ao mesmo 
tempo em que se busca promover as 
condições para que certos direitos sejam 
concretizados. O fundamento basilar é 
sempre o mesmo, ainda que precise ser 
adaptado frente à realidade: a proteção do 
direito à vida, tratada esta vida como algo 
mais que o simples respirar e ter o coração 
batendo no peito. 
Para se ter uma ideia do que envolve esse 
direito à vida, considerada no aspecto da 
dignidade, importa avaliar o que faria parte 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos113/275
do mínimo existencial. Conteúdo que deve 
prover meios necessários e suficientes não 
apenas para a sobrevivência, mas para 
a sobrevivência com dignidade humana, 
com “qualidade de vida” (para usar uma 
expressão de uso comum atualmente). 
Nesse sentido estão envolvidos, entre 
outros, os seguintes direitos: 
• Vida, reconhecimento como pessoa, 
vida privada, igualdade;
• Segurança pessoal, proibição 
de tortura e tratamento cruel, 
desumano ou degradante, presunção 
de inocência, integridade do preso, 
acesso à justiça;
• Liberdade de locomoção, liberdade 
de reunião e associação, liberdade 
de opinião e expressão, liberdade 
de pensamento e religião, direito 
de asilo, trabalho, proibição de 
escravidão, liberdade sindical;
• Proteção à família, proteção ao idoso 
e à criança, direito à educação, direito 
à moradia e à alimentação adequada
2. Proteção de direitos humanos 
A proteção dos direitos humanos é 
responsabilidade de cada Estado perante 
seus cidadãos e estrangeiros residentes 
em seu território, de acordo com os 
parâmetros definidos nos Tratados 
Internacionais e recepcionados pelo Direito 
interno. A recepção dos Tratados no direito 
interno significa o reconhecimento do 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos114/275
caráter universal dos direitos humanos e de 
certa relação de interdependência entre as 
Nações para o cumprimento dos objetivos 
globais de paz e justiça social. 
A partir deste reconhecimento é 
importante que se criem mecanismos 
de controle e fiscalização sobre a efetiva 
implantação dos direitos por parte dos 
Estados-membros. 
Os instrumentos internacionais de 
controle e monitoramento mais utilizados 
atualmente são: relatórios, comunicações 
interestatais, petições individuais e 
procedimentos de investigação. 
Os relatórios são elaborados por cada 
Estado-membro e contém as medidas 
administrativas, legislativas e judiciais 
adotadas por este para promover e 
proteger os direitos humanos e cumprir as 
obrigações assumidas perante os Tratados 
Internacionais. 
A Assembleia Geral da ONU de 2007, 
que estabeleceu o Conselho de Direitos 
Humanos das Nações Unidas, criou um 
relatório a ser entregue pelos países-
membros a cada quatro anos, como 
medida de acompanhamento e fiscalização 
do cumprimento das recomendações o 
das obrigações internacionais assumidas 
por esses países na promoção dos 
direitos humanos em seu território e em 
suas relações internacionais. O Brasil 
apresentou em 2008 o seu primeiro 
relatório nos moldes da RPU – Revisão 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos115/275
Periódica Universal. O segundo relatório, 
apresentado em 2012, pode ser consultado 
no website da UNESCO.1
Há também mecanismos de promoção e 
fiscalização com atuação complementar, 
organizados em bases regionais, como o 
SIDH – Sistema Interamericano de proteção 
aos direitos humanos. O SIDH é composto 
pela CIDH – Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos e pela CorteIDH – Corte 
Interamericana de Direitos Humanos. Age 
através de três procedimentos: petições 
individuais, monitoramento da situação de 
1 Fonte: website da UNESCO, disponível no endereço 
eletrônico <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/
about-this-office/single-view/news/brazil_in_the_hu-
man_rights_universal_periodic_review_of_the_uni-
ted_nations_main_documents_of_the_second_cycle/#.
VdQ8WPlVi1c>
direitos humanos dos estados-membros 
e atenção a temas prioritários. Com o 
sistema de petições é aberto um canal de 
comunicação entre vítimas, organizações 
de defesa de direitos humanos e estados-
membros, possibilitandoque sejam feitas 
denúncias e consequentemente dando 
início a processos investigatórios sobre 
atos lesivos aos direitos humanos. A 
tramitação desses processos infelizmente 
não é rápida, e depende de cooperação 
do estado-membro em cumprir com as 
obrigações assumidas internacionalmente 
como signatário de tratados ou acordos. 
Ou seja, após a investigação a organização 
pode até fazer pressão para que o Estado-
membro atenda suas recomendações, mas 
não pode força-lo a nada, não havendo 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos116/275
sanção que ultrapasse os limites da 
soberania do Estado. 
É importante entendermos que, apesar de 
participar ativamente destas organizações 
de direitos humanos, o Brasil não ratificou 
todos os instrumentos, Convenções ou 
recomendações, desses órgãos globais. 
O que dificulta ou impossibilita em 
muitos casos o processo de fiscalização 
e acompanhamento do processo de 
defesa dos direitos humanos no país. De 
qualquer forma, por conta da ratificação 
da Convenção Americana pelo Brasil, a 
estrutura da OEA parece atender melhor às 
questões ocorridas em nosso território que 
a ONU. 
Em âmbito nacional, a Secretaria de 
Direitos Humanos da Presidência da 
República (SDH/PR) tem status ministerial 
e é responsável pela coordenação dos 
Link
Acesse o website da OEA e conheça o Portal 
do Sistema Individual de Petições, bem como 
a estrutura e as atividades do SIDH. Descubra 
um pouco mais sobre as denúncias de violação 
aos direitos humanos no Brasil que estão em 
tramitação. E mantenha-se atualizado sobre 
os temas que tem causado preocupação em 
matéria de direitos humanos no continente 
americano. 
<http://www.oas.org/pt/cidh/>
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos117/275
programas de proteção e promoção 
dos direitos humanos no Brasil, em 
conformidade com o PNDH- Programa 
Nacional de Direitos Humanos. Sua 
organização administrativa está dividida 
entre 4 Secretarias: Gestão da Política de 
Direitos Humanos, Promoção e Defesa dos 
Direitos Humanos, Promoção dos Direitos 
da Criança e do Adolescente, Promoção 
dos Direitos da Pessoa com Deficiência. 
Há ainda na estrutura da SDH os seguintes 
órgãos colegiados, organizados conforme a 
temática principal de suas atividades:
• CNDH – Conselho Nacional dos 
Direitos Humanos;
• Conanda – Conselho Nacional dos 
Direitos da criança e do Adolescente;
• CONADE – Conselho Nacional dos 
Direitos da Pessoa com Deficiência;
• CNDI – Conselho Nacional dos 
Direitos do Idoso;
• CNCD – Conselho Nacional do 
combate à discriminação;
• CEMPD – Comissão Especial sobre 
Mortos e Desaparecidos Políticos;
• CONATRAE – Comissão Nacional de 
Erradicação do trabalho escravo;
• CNPCT – Comitê Nacional de 
Prevenção e Combate à tortura;
• MNPCT – Mecanismo Nacional de 
Prevenção e Combate à tortura. 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos118/275
No contexto de promoção de direitos 
humanos da SDH há políticas, ações, 
projetos e atividades relacionadas a: 
promoção e defesa dos direitos de crianças 
e adolescentes; combate à tortura; pessoas 
com deficiência; pessoa idosa; LGBT; 
adoção e sequestro internacional; mortos 
e desaparecidos, combate às violações; 
combate ao trabalho escravo; direitos 
para todos; diversidade religiosa; atuação 
internacional; educação em direitos 
humanos; registro civil de nascimento; 
formação de centros de referência em 
direitos humanos. 
Dentro de cada temática e de acordo com 
os objetivos determinados no PNDH-III, há 
vários programas em desenvolvimento, dos 
quais selecionamos, a título de exemplo, 
alguns listados no último relatório 
apresentado pelo Brasil ao CDHNU. 
• Política Nacional para População em 
situação de Rua – garantir acesso a 
Link
Acesse o website da Secretaria de Direitos 
Humanos da Presidência da República em 
<http://www.sdh.gov.br/> para saber mais 
detalhes da estrutura e dos projetos em cada 
área temática.
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos119/275
serviços e benefícios que permitam a 
inclusão dessa população; criação de 
Centros de Referência Especializada 
em Assistência Social, aumento de 
vagas em Unidades de Acolhimento 
para população de rua. 
• Ação efetiva na proteção de 
refugiados, apátridas e migrantes. 
• Política Nacional de Segurança 
Alimentar, inclusão do direito 
humano à alimentação adequada 
como direito social constitucional, e 
criação do Programa de Aquisição de 
Alimentos e do Programa Nacional de 
Alimentação Escolar.
• Combate ao trabalho escravo, com o 
Plano Nacional para a erradicação do 
trabalho escravo, com ampliação da 
fiscalização e repressão. 
• Erradicação do Trabalho infantil;
• Promoção da reforma agrária, INCRA, 
Programa Nacional de Fortalecimento 
da Agricultura Familiar, Programa de 
Fomento às Atividades Produtivas 
Rurais. 
• Estatuto da igualdade racial, 
atenção especial às comunidades de 
quilombolas;
• Programa Paz no Campo e Plano 
Nacional de Combate à Violência no 
Campo;
• Combate à violência contra a Mulher, 
Lei Maria da Penha;
• Educação em Direitos Humanos; 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos120/275
• Política Nacional de Segurança Pública;
• Promoção da justiça comunitária e do acesso à justiça; ampliação da Defensoria Pública. 
Link
Acesse a Cartilha de direitos Humanos do Ministério da Educação e outras publicações correlatas 
no link <http://portal.mec.gov.br/pro-conselho/publicacoes/194-secretarias-112877938/
secad-educacao-continuada-223369541/14772-educacao-em-direitos-humanos> e os 
Portais da Educação em Direitos Humanos, para ver exemplos de como vem sendo trabalhado o tema de 
divulgação dos conceitos de direitos humanos para a sociedade, através da educação. 
Portais da Educação em Direitos Humanos: <http://www.sdh.gov.br/assuntos/direito-para-todos/
programas/educa>
<http://portaledh.educapx.com/>
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos121/275
• Melhoria do sistema prisional 
(número de vagas, condições de 
estadia e convivência, processo 
penal)
• Melhoria do sistema socioeducativo, 
aprimoramento da implantação do 
ECA. 
• Prevenção e combate à tortura e 
outros tratamentos ou penas cruéis, 
desumanos ou degradantes. 
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos122/275
Glossário
Blocos: no sentido usado no texto, temos os Blocos Econômicos ou Regionais, como o Mercosul, o NAFTA, 
a União Europeia. São nações que se reúnem em esquemas de integração regional e de negociação de 
acordos de livre comércio entre si, com o objetivo de proporcionar desenvolvimento sustentável mútuo.
Ratificação de acordos ou convenções: a Constituição Federal de 1988 prevê a forma de participação 
e de aprovação de tratados internacionais no direito interno. De acordo com o art. 84 da CF, compete ao 
Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais. E de acordo com o art. 49, compete 
exclusivamente ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais 
que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Desta forma, após a aprovação do 
Congresso acontece a ratificação pela Presidência República, ato autorizado por aquela aprovação. 
Quilombolas: são descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições culturais, de 
subsistência e religiosas ao longo dos séculos. A Fundação Cultural Palmares foi fundada pelo Governo 
Federal em 1988 para promover e preservar a arte e cultura afro-brasileira e formalizar a existência das 
comunidades quilombolas, assessorá-las juridicamente e desenvolver projetos, programas e políticas 
públicas de acesso à cidadania. Há mais de 2.000 comunidadesespalhadas pelo território nacional. 
Conheça as atividades da Fundação no link a seguir: <http://www.palmares.gov.br/>
Questão
reflexão
?
para
123/275
Em que medida o Princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana, previsto na Constituição Federal de 1.988, 
e amplamente debatido tanto na mídia quanto nas 
vias judiciais, reflete no cidadão? Há efetividade na 
proteção constitucional dos Direitos Humanos no 
Brasil? A lei é efetiva quando protege alguns ou quando 
não permite a violação de nenhum direito protegido?
124/275
Considerações Finais (1/2)
A ONU foi fundada em 1942, com a adesão de 51 países, em um movimento 
para a reconstrução da paz entre as nações envolvidas pelas duas grandes 
guerras mundiais. Atualmente são mais de 190 países-membros (http://
nacoesunidas.org/conheca/paises-membros/) reunidos na tentativa de 
chegar a um consenso sobre diversos temas de convivência internacional, 
entre os quais os temas relacionados aos Direitos Humanos. 
Os parâmetros de respeito, promoção e proteção de direitos humanos, 
definidos pelas Convenções da ONU, quando ratificados pelos países-
membros, servem como normas programáticas a que cada Estado deve dar 
efetividade.
Há dificuldade em conceber uma definição clara e consensual do que sejam 
direitos humanos. Trata-se de um conceito indeterminado, amplo em 
seus parâmetros programáticos, mas sujeito a definições mais limitadas, 
e conformes com as questões políticas e orçamentárias de cada Estado, 
quando da regulamentação legislativa de seu conteúdo e extensão.
125/275
Considerações Finais (2/2)
Uma análise de cada órgão na estrutura da SDH dá a dimensão dos desafios 
enfrentados para a implementação das Políticas de Direitos Humanos 
no Brasil. A cada tema que se coloque em pauta podem ser encontrados 
exemplos de proteção ou de violações recentes. Os desafios e a evolução 
protetiva convivem cotidianamente. 
Não importa em que região do território brasileiro você viva, avalie o seu 
entorno e perceba quantos eventos de violação aos direitos humanos 
consegue identificar, seja no âmbito das relações individuais, seja nas 
relações com o Estado, apesar de todos os esforços contrários. Todas estas 
situações constituem demandas por gestão pública e social, pela efetivação 
na construção de redes de defesa de direitos. Mas, sobretudo, constituem 
demandas por Educação em Direitos Humanos, pois apenas com a 
disseminação do conhecimento sobre tais valores fundamentais será possível 
ampliar o comprometimento individual e a solidariedade social em busca de 
soluções duradouras.
Unidade 4 • Conceito e Proteção de Direitos Humanos126/275
Referências
SARLET, Ingo Wolfgang – Dignidade (da pessoa) humana e direitos fundamentais na 
Constituição Federal de 1988. 10.ed.rev.atual e ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado 
Editora, 2015.
PIOVESAN, Flávia – Direitos Humanos: Desafios da ordem internacional contemporânea, in 
Caderno de Direito Constitucional – 2006. EMAGIS – Escola da Magistratura do TRF4.
127/275
Assista a suas aulas
Aula 4 - Tema: Conceito e Proteção de Direitos 
Humanos
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/91bb8128ea09f2901ebcff780203af53>.
Aula 4 - Tema: Conceito e Proteção de Direitos 
Humanos
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
a715c68a1b3b0407ff2b735a48fb99e7>. 
128/275
1. O que significa a indivisibilidade dos direitos humanos?
a) que os direitos humanos têm que ser aplicados integralmente ao cidadão
b) que a violação a qualquer dos princípios fundamentais seria a violação à dignidade 
humana. 
c) que o cidadão não pode dividir sua dignidade com outro
d) que o direito fundamental não pode ser partilhado
e) que os direitos humanos devem ser aplicados igualmente a todos
Questão 1
129/275
2. Qual destas relações não corresponde à teoria das Gerações de 
Direitos fundamentais?
a) primeira geração com direitos individuais, de liberdade, civis e políticos
b) segunda geração com direitos econômicos, sociais e culturais
c) terceira geração com direitos comunitários, solidariedade e fraternidade
d) quarta geração com direitos ambientais, de participação democrática, de manipulação 
genética
e) quinta geração com direitos interplanetários
Questão 2
130/275
3. A partir das seguintes afirmações escolha a alternativa correta:
I. O Brasil ratificou todos os instrumentos das organizações internacionais e regionais de 
direitos humanos das quais participa.
II. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) é responsável pela 
coordenação dos programas de proteção e promoção dos direitos humanos no Brasil.
III. O combate ao trabalho escravo, a proteção de refugiados e às comunidades de 
quilombolas, não fazem parte dos programas de proteção aos direitos humanos 
desenvolvidos pelo Brasil nos últimos anos. 
a) apenas a afirmação I é verdadeira;
b) todas as afirmações são verdadeiras;
c) todas as afirmações são falsas;
d) apenas a afirmação II é verdadeira; 
e) apenas a afirmação III é verdadeira;
Questão 3
131/275
4. Entre os órgãos apontados abaixo qual não faz parte da estrutura da 
SDH/PR:
a) MNPCT – Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à tortura
b) CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência;
c) CNPCT – Comitê Nacional de Prevenção e Combate à tortura;
d) CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico;
e) Conanda – Conselho Nacional dos Direitos da criança e do Adolescente;
Questão 4
132/275
5. Dos itens abaixo, assinale quais não fariam parte do mínimo existen-
cial, necessário para atingir a sobrevivência com dignidade humana.
a) Segurança pessoal, proibição de tortura e tratamento cruel, desumano ou degradante, 
presunção de inocência, integridade do preso, acesso à justiça;
b) Liberdade de locomoção, liberdade de reunião e associação, liberdade de opinião e 
expressão, liberdade de pensamento e religião;
c) direito de asilo, trabalho, proibição de escravidão, liberdade sindical;
d) Proteção à família, proteção ao idoso e à criança, direito à educação, direito à moradia e à 
alimentação adequada
e) Acesso à internet, serviços de televisão a cabo e telefonia celular gratuitos.
Questão 5
133/275
Gabarito
1. Resposta: B.
A indivisibilidade é uma das características 
atribuídas aos direitos humanos no sentido 
de que o desrespeito a qualquer aspecto 
destes significa a violação de todos os 
demais, pois já afetaria a dignidade 
humana.
2. Resposta: E.
Embora a teoria das gerações de direitos 
tenha novos adeptos e propostas de 
evolução, e as novas gerações contemplem 
um aspecto global de proteção do ser 
humano, ainda não se incluiu nisso uma 
geração de direitos interplanetários, sequer 
há menção disso no texto.
3. Resposta: D.
O Brasil não ratificou todos os 
instrumentos das organizações de direitos 
humanos das quais participa. O combate ao 
trabalho escravo, a proteção de refugiados 
e das comunidades quilombolas, são 
alguns dos muitos programas de proteção 
aos direitos humanos desenvolvidos pelo 
país nos últimos anos, através da SDH/PR.
4. Resposta: D.
CNPQ - Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
– é um órgão do Ministério da Ciência, 
Tecnologia e Inovação que objetiva 
fomentar a pesquisa científica e 
134/275
Gabarito
tecnológica e incentivar a formação de 
pesquisadores brasileiros. Não há qualquer 
relação com a Secretaria de Direitos 
Humanos.
5. Resposta: E.
Embora para alguns tais itens possam ser 
considerados essenciais para a qualidade 
de vida na sociedade moderna, acesso 
gratuito a serviços de internet,televisão 
a cabo ou telefonia celular, parecem 
extrapolar (diante de outras necessidades) 
o conceito de mínimo existencial 
necessário para a dignidade humana. 
135/275
Unidade 5
Marco Legal da Seguridade Social
Objetivos
1. Identificar a Constituição Federal 
como marco legal da Seguridade 
Social
2. Entender a composição da 
Seguridade Social e seus objetivos
3. Conhecer os serviços e princípios da 
seguridade social no Brasil
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social136/275
Introdução
As origens da Seguridade Social são 
relacionadas ao seguro social, e antes a 
todas as formas de proteção mutualista. 
A evolução histórica da proteção social 
passa primeiro por uma preocupação de 
proteção dos meios econômicos para a 
sobrevivência dos trabalhadores e suas 
famílias. Com o tempo passa a objetivar 
o bem-estar social em um sentido mais 
amplo e menos securitário. 
Regida principalmente pelo princípio 
da solidariedade, acontece no Brasil 
na esteira do já determinado em 
outros países mais desenvolvidos no 
sentido social. Começa por setores 
economicamente relevantes e estende-
se como proteção institucional e 
governamental, sempre com vistas a 
ampliar a cobertura de atendimento.
Embora, historicamente, a proteção 
social não tenha seu início com a 
Constituição Federal de 1988, esta é 
o marco legal do que conhecemos por 
“Seguridade Social”. A melhor definição 
do que seria esta Instituição é o próprio 
texto constitucional: “A seguridade social 
compreende um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e 
da sociedade, destinadas a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social”.
A partir da criação da seguridade social 
como “instrumental apto a garantir 
as finalidades do bem-estar e justiça 
sociais a que se acha pré-ordenado 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social137/275
o Estado brasileiro”1, a legislação 
infraconstitucional começa a organizar 
o Sistema Nacional de Seguridade 
Social, destinado a aplicar e executar 
as normas necessárias para garantir a 
proteção social, através da normatização 
e da criação das instituições sanitárias, 
previdenciárias e assistenciais, bem como 
da definição do papel dos atores sociais 
envolvidos no sistema. 
Há uma evolução legislativa, incluindo 
aqui o período pré-Constituição 
Federal de 1988, no que são os 
riscos, ou contingências sociais, 
cobertos pelo sistema de seguridade 
social, caracterizada pela aplicação 
1 BALERA, Wagner. Sistema de Seguridade Social. 5ª edi-
ção. São Paulo, LTR, 2009.
dos princípios da “seletividade” e 
“distributividade”. Estes princípios 
constitucionais referem-se a “o que” é 
protegido, “a quem” é dirigida e “como” 
se dará esta proteção. Os últimos anos 
nos trouxeram a eliminação de alguns 
benefícios ou prestações, a limitação 
de acesso a outros (requisitos mais 
restritivos), ou até a alteração das 
características da proteção (valor, 
duração). Em muitos casos a restrição de 
direitos tem provocado muitas críticas, 
e processos judiciais, quanto à possível 
inconstitucionalidade por ocorrência de 
retrocesso social. 
Considerando-se a realidade econômica 
e política nacional, o sistema protetivo 
acaba limitado por razões orçamentárias, 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social138/275
sujeito às possibilidades de distribuição 
de recursos, influenciado por planos de 
ajuste fiscal, enfim, sujeito aos ditames 
da “reserva do possível”.
O sistema protetivo encontra-se 
também sujeito à falta de planejamento 
atuarial eficiente para a sobrevivência 
do sistema em longo prazo. Desta 
forma, as alterações estruturais, sociais, 
econômicas, tecnológicas, tem provocado 
uma série de reformas, de modo a 
adaptar o sistema às novas situações 
mundiais. 
As reformas mais significativas afetaram 
o regime previdenciário, sistema de 
filiação obrigatória e caráter contributivo. 
Entre estas alterações podemos 
exemplificar com a redução de valores 
de aposentadorias com a criação do 
fator previdenciário; ou as novas regras 
da pensão por morte, que passa a ter 
duração temporária para cônjuges/
companheiros de acordo com sua idade. 
Por outro lado, temos a ampliação da 
cobertura previdenciária, através da 
inclusão de segurados de baixa renda 
através da redução dos percentuais 
de contribuição, ou a criação de novos 
benefícios, como a aposentadoria 
diferenciada para pessoas com 
deficiência. 
Muitas questões têm sido resolvidas 
judicialmente, como por exemplo 
a definição para comprovação dos 
requisitos de miserabilidade para fins 
de concessão do benefício assistencial 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social139/275
de prestação continuada para idosos ou deficientes, previsto na Constituição Federal e 
regulamentado Lei 8742/93 (Lei Orgânica de Assistência Social)2. Outras tantas aguardam 
decisão no STF. E muitos são os projetos de lei em tramitação, seja por iniciativa do 
Poder Legislativo ou por iniciativa do Executivo, dada a grande quantidade de alterações 
consideradas “emergenciais” e propostas através de Medidas Provisórias. 
2 Acesse o inteiro teor da decisão do STF referente à comprovação dos requisitos de miserabilidade para concessão do BPC da 
LOAS em <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4614447>
Para saber mais
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS - Lei nº 8742/93) regulamenta o benefício, equivalente a um 
salário-mínimo, garantido na Constituição Federal de 1988 (art. 203, V) para a pessoa com deficiência e 
para o idoso que comprovarem não possuir meios próprios ou familiares de subsistência. 
Inicialmente, para fins de concessão do benefício, a LOAS considerava “idosa” a pessoa com 70 anos de 
idade ou mais. Ocorre que esta era a idade considerada para fins de benefício similar criado na Lei nº 
6179/74, porém de caráter contributivo e previdenciário, portanto de amplitude protetiva restrita aos 
segurados, conhecido como “renda mensal vitalícia”. 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social140/275
Para saber mais
Esta proteção que antes era restrita a segurados da Previdência Social, foi ampliada com sua inclusão 
no sistema de Assistência Social, de caráter não contributivo, ou seja, extensiva a todos os cidadãos 
independentemente de contribuição ao sistema. Posteriormente, foi ampliada a cobertura protetiva, 
com a redução da faixa etária envolvida, para 65 anos pelo Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2003. 
No entanto, pode-se considerar que a Lei nº 8742/93 inovou de forma restritiva ao estabelecer 
um parâmetro objetivo de comprovação de miserabilidade, que não existia na Lei nº 6179/74, 
correspondente à renda per capita equivalente a ¼ do salário mínimo, e que ainda dificulta a concessão 
dos benefícios assistenciais (mesmo após o julgamento da matéria no STF – Recurso Extraordinário 
567.985). 
Um exemplo de como esta situação tem sido tratada pelo Judiciário pode ser visto na notícia reproduzida 
abaixo, disponível no website do Tribunal Regional Federal da 1ª Região13: 
3 <https://portal.trf1.jus.br/portaltrf1/comunicacao-social/imprensa/noticias/decisao-condicao-de-miserabilidade-e-
-condicao-essencial-para-o-recebimento-do-beneficio-de-amparo-social.htm>
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social141/275
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Condição de miserabilidade é condição essencial para o recebimento do benefício de amparo social
A 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região confirmou sentença de primeiro grau que julgou 
improcedente o pedido de concessão de benefício de amparo social feito por uma pessoa deficiente, ora 
parte autora, ao fundamento de que, embora provada sua incapacidade para exercer atividade laborativa, a 
requerente não tem hipossuficiência familiar.Inconformada, a demandante recorreu ao TRF1 sustentando possuir todos os requisitos necessários para 
concessão do benefício, quais sejam: ser a pessoa deficiente ou idosa; não receber benefícios de espécie 
alguma, não estar vinculada a nenhum regime de previdência social, e ter renda mensal per capita inferior a 
um quarto do salário mínimo.  
Não foi o que entendeu o relator, desembargador federal Candido Moraes, ao analisar o caso. “O laudo 
pericial produzido constatou que a parte autora é portadora de patologia que a impede de exercer atividade 
laborativa. Por outro lado, no que tange ao limite de renda per capita, o estudo socioeconômico trazido aos 
fólios não autoriza o enquadramento da situação da parte autora na condição de miserabilidade justificadora 
do deferimento do benefício assistencial em exame”, explicou.  
Isso porque, segundo o magistrado, a autora mora com os pais, carpinteiros em serraria própria e professora 
estadual aposentada, dois irmãos, maiores e com renda fixa, e sobrinho que mora em casa própria.
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social142/275
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Além disso, consta dos autos que a demandante afirmou fazer bico como cabeleireira. “Assim, inexistindo a 
prova da condição de miserabilidade autorizadora do deferimento da prestação, não há como retificar o teor 
do comando sentencial da origem”, finalizou o relator.  
A decisão foi unânime.  
Processo nº 0061972-68.2011.4.01.9199/PI
Data do julgamento: 6/5/2015
Data de publicação: 16/7/2015
JC
Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
 Também em relação à polêmica sobre os requisitos necessários para definição de miserabilidade e 
direito ao BPC da LOAS, podemos avaliar a notícia reproduzida a seguir, disponível no website do Tribunal 
Regional Federal da 4ª Região14:
4 <http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_noticia=11147>
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social143/275
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Renda per capita não pode ser único critério para definir situação de miserabilidade
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) deu provimento, na última semana, ao recurso de um morador 
de Taquari (RS) que sofre de esquizofrenia e determinou ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que lhe 
pague benefício assistencial. A decisão da 5ª Turma reformou sentença que havia negado o pedido alegando 
que a renda per capita familiar era superior a ¼ do salário mínimo.
O autor, absolutamente incapaz, mora somente com a mãe, que ganha um salário mínimo de aposentadoria. 
Um parecer socioeconômico anexado ao processo atesta a condição de vulnerabilidade social de ambos.
Segundo o relator, desembargador federal Rogerio Favreto, o benefício assistencial destina-se àquelas pessoas 
que se encontram em situação de extrema pobreza, cabendo ao julgador, na análise do caso concreto, aferir 
o estado de miserabilidade do autor e sua família, ainda que a renda per capita seja superior ao ¼ do salário 
mínimo definido em lei.
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social144/275
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Favreto ressaltou que o critério legal para definir uma pessoa como hipossuficiente foi relativizado pelo 
Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Diante do compromisso constitucional com a dignidade da pessoa humana, 
a limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar 
que a pessoa não possui outros meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família”, 
escreveu em seu voto, citando jurisprudência do STJ.
A turma concedeu tutela antecipada ao pedido, determinando que o INSS comece a pagar, no prazo de 15 dias, 
o benefício assistencial, no valor de um salário mínimo.
1. Evolução histórica da política social no Brasil
Em função das finalidades do Estado tem-se um menor ou maior grau de intervenção na 
economia e nas relações individuais. Stuart Mill, citado por Feijó Coimbra35, afirmava “que o único 
fim que justifica uma autorização para a humanidade, individual ou coletivamente considerada, 
intervir com a liberdade de ação de qualquer um dos seus membros é a sua autoproteção”. 
5 COIMBRA, J. R. Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11.ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001.
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social145/275
Um dos mecanismos de política social, 
utilizado pelo Estado para atingir seus 
objetivos do Bem-Estar social, é o Sistema 
de Seguridade Social criado com a 
Constituição Federal de 1988. O modelo 
ideal de Seguridade Social, conforme 
delineado por Beveridge46, teria “por objeto 
abolir o estado de necessidade”. A política 
social com vistas a abolir este estado de 
necessidade em seus diversos aspectos 
não se iniciou com a Constituição de 
Federal de 1988 mas vem evoluindo ao 
longo da história brasileira. 
Uma análise breve sobre as Constituições 
Históricas Brasileiras sinaliza a evolução 
6 BEVERIDGE, William. Social and Allied Services (The 
Beveridge Report), 1942. Acessado em 19/08/2015, 
disponível em <http://legacy.fordham.edu/halsall/mo-
d/1942beveridge.html>
das garantias dos direitos sociais, em 
especial o direito de aposentadoria, até os 
dias de hoje. Os direitos sociais aos poucos 
vão sendo garantidos.
A Constituição Política do Império do 
Brasil, de 25/03/1824, no inciso XXXI do 
artigo 179, garantia os “Socorros Públicos”. 
A Constituição da República dos Estados 
Unidos do Brasil, de 24/02/1891, prevê 
apenas que a aposentadoria só poderá ser 
dada aos funcionários públicos em caso de 
invalidez no serviço da Nação. 
A Constituição da República dos Estados 
Unidos do Brasil, de 16/07/1934 trazia 
as garantias de proteção social do 
trabalhador e os interesses econômicos 
do País; assistência médica e sanitária ao 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social146/275
trabalhador e à gestante; e instituição de 
previdência a favor da velhice, da invalidez, 
da maternidade e nos casos de acidentes 
de trabalho ou de morte.
A Constituição dos Estados Unidos do 
Brasil, de 10/11/1937 garante a mesma 
proteção dada em 1934, em outras 
palavras ou artigos. Mas acrescentava 
a possibilidade da aposentadoria 
compulsória e por invalidez de funcionários 
públicos. 
Com a Constituição dos Estados Unidos 
do Brasil, de 18/09/1946, surgem os 
princípios de Justiça social, com valorização 
do trabalho humano; com previdência, 
mediante contribuição da União, do 
empregador e do empregado, em favor da 
maternidade e contra as consequências da 
doença, da velhice, da invalidez e da morte; 
seguro contra acidentes do trabalho; 
aposentadoria compulsória e por invalidez 
dos funcionários públicos. 
A Constituição da República Federativa 
do Brasil, de 24/01/1967, estabelece 
garantia de aposentadoria por invalidez, 
compulsória e voluntária do funcionário 
público; previdência social, mediante 
contribuição da União, do empregador e 
do empregado, para seguro-desemprego, 
proteção da maternidade e, nos casos de 
doença, velhice, invalidez e morte; salário-
família; aposentadoria para a mulher, 
aos trinta anos de trabalho, com salário 
integral. 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social147/275
Percebe-se, pela análise da evolução 
constitucional relacionada acima, que 
a proteção social em sua maioria era 
direcionada aos trabalhadores e suas 
famílias, organizada através de um sistema 
de seguro social. O objetivo era a proteção 
do trabalhador contra as consequências ou 
necessidades geradas pela incapacidade 
para o trabalho em seus variados 
aspectos. Não havia, antes da Constituição 
Federal de 1988, o direito subjetivo 
público à Assistência Social, no sentido 
de assistência aos desamparados não-
contribuintes. O que existia nesse sentido 
era meramente a atuação caritativade 
instituições ou indivíduos beneméritos. 
A Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988 traz novas garantias, 
tendo como base o primado do trabalho 
e como objetivos o bem-estar e a justiça 
sociais. Estabelece como direitos sociais: 
a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção 
à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados. Define como direitos dos 
trabalhadores urbanos e rurais: seguro-
desemprego; fundo de garantia do tempo 
de serviço; salário mínimo nacional capaz 
de atender as necessidades do trabalhador 
e sua família com moradia, alimentação, 
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social (com 
preservação de poder aquisitivo e vedação 
de vinculação para qualquer fim); décimo-
terceiro salário integral; salário-família 
para seus dependentes; licença de 120 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social148/275
dias para a gestante; aposentadoria; 
seguro obrigatório pelo empregador 
contra acidentes do trabalho; integração 
à previdência social assegurada para os 
trabalhadores domésticos.
Para concretizar parte dessas garantias, no 
que interessa nesta fase de nosso estudo, 
institui o Sistema de Seguridade Social, 
composto pela Saúde, Assistência Social e 
pela Previdência Social (art.194).
2. Seguridade Social
Seguridade Social, no conceito de 
Wagner Balera57, é “o conjunto de medidas 
constitucionais de proteção dos direitos 
7 BALERA, Wagner. Sistema de Seguridade Social. 5ª edi-
ção. São Paulo, LTR, 2009.
individuais e coletivos concernentes à 
saúde, à previdência e à assistência social”, 
considerado no modelo estabelecido 
pela Constituição Federal de 1988 no 
Brasil, com a clara definição do arcabouço 
normativo necessário para amparar os 
indivíduos contra as graves contingências 
apresentadas em nosso meio social; sem 
considerar, no entanto, o custo dessa 
proteção, de difícil sustentabilidade, 
trazendo desafios constantes à economia 
nacional. 
O art. 6º da Constituição Federal traz 
como direitos sociais: a educação, a 
saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção 
à maternidade e à infância, a assistência 
aos desamparados. Parte destes direitos 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social149/275
é atendida pelo Sistema de Seguridade 
Social, criado conforme o art. 194 da 
Constituição Federal. 
O Sistema de Seguridade Social é formado 
pela Saúde, Previdência Social e Assistência 
Social, através da ação integrada dos 
Poderes Públicos e da sociedade, atendendo 
aos seguintes objetivos: universalidade da 
cobertura e do atendimento; uniformidade 
e equivalência dos benefícios e serviços às 
populações urbanas e rurais; seletividade 
e distributividade na prestação dos 
benefícios e serviços; irredutibilidade do 
valor dos benefícios; equidade na forma de 
participação do custeio; diversidade da base 
de financiamento e caráter democrático e 
descentralizado da administração. 
Assim, estão protegidas pelo Sistema de 
Seguridade Social brasileiro as seguintes 
contingências sociais: doença, invalidez, 
morte, idade avançada, desemprego 
involuntário, maternidade, carência 
financeira. Esta proteção ocorre em vários 
níveis, em caráter contributivo ou não-
contributivo.
Nesse sentido, “a seguridade social brasileira 
terá duas vias de acesso aos problemas 
sociais: a via previdenciária (seguro social) 
e a via assistencial (composta por dois 
instrumentos de atuação: o sistema de 
saúde e o sistema de assistência social)” e 
“no interior do sistema, é legítimo combinar 
diversas medidas, a fim de que diferentes 
necessidades sejam satisfeitas, atentos 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social150/275
os entes protetores à peculiaridade das 
situações que surgem”. 68
O Sistema de Seguridade Social criado pela 
Constituição Federal de 1988 significa uma 
evolução no esquema protetivo do cidadão 
brasileiro. Nosso sistema não é exatamente 
aquele imaginado por Beveridge como 
a Seguridade Social ideal, mas um misto 
entre o antigo Seguro Social e a Seguridade 
idealizada. 
Na Seguridade idealizada por Beveridge, a 
proteção seria universal e completa, onde 
todos os cidadãos estariam protegidos 
contra todas as necessidades provocadas 
pelos riscos sociais, com prestações 
financiadas por toda a sociedade num 
8 Wagner BALERA. Noções preliminares de Direito Previ-
denciário. P. 72,73
regime de solidariedade obrigatória, sem 
qualquer vinculação à contribuição prévia.
Nossa Seguridade Social, limitada por 
questões políticas e orçamentárias, mescla 
os dois sistemas e está estruturada em um 
sistema misto de Seguro Social (Previdência 
Social de filiação e contribuição obrigatória 
relacionadas ao exercício do trabalho 
e protegendo os segurados contra a 
incapacidade para o mesmo) e Seguridade 
Social (prestações de Assistência Social e 
Saúde universais e não contributivas). 
A Assistência Social, regulamentada pela 
Lei nº 8742/93, é área onde, segundo 
Feijó Coimbra79, “procurou-se ampliar a 
faixa protetora do ne cessitado, ainda não 
9 Direito Previdenciário Brasileiro. p. 58
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social151/275
protegido pelas prestações da Previdência 
Social. Para as prestações assistenciais, 
há o limite natural de concessão, que é 
o da carência de recursos verificada no 
interessado. Assim ocorre nas presta ções em 
moeda, deferidas aos deficientes físicos e aos 
idosos, como adiante veremos. Condição da 
prestação é a inexistência, para o postulante, 
de outra fonte de recursos, com o qual possa 
atender suas necessidades. A Seguridade 
Social, assim se completa, atendendo, 
pela Assistência, aos que não o são pela 
Previdência. ”
Entre os objetivos da Assistência Social, 
conforme determinado no art. 203 da 
Constituição Federal de 1988, destinada 
a quem dela necessitar, de caráter não 
contributivo, estão: a proteção à família, 
à maternidade, à infância, à adolescência 
e à velhice; o amparo às crianças e 
adolescentes carentes; a promoção da 
integração ao mercado de trabalho; a 
habilitação e reabilitação das pessoas 
com deficiência e a promoção de sua 
integração à vida comunitária; a garantia 
de um salário mínimo de benefício mensal 
à pessoa com deficiência e ao idoso que 
comprovem não possuir meios de prover 
à própria manutenção ou de tê-la provida 
por sua família.
A Saúde, regulamentada pela Lei nº. 8112 
de 11/12/90, é o subsistema que apresenta 
possivelmente as inovações mais 
relevantes instituídas pela Constituição 
Federal de 1988, ao conceder proteção 
universalizante reconhecendo a todos o 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social152/275
direito à saúde. Segundo Feijó Coimbra810: “...o artigo 196 não faz escolhas nem abriga privilégios: 
dá o direito aos serviços médicos a quantos, no território nacional, deles tenham necessidade contra 
a doença. Esses serviços são devidos em dose igual seja qual for seu destinatário, bastando que se 
revele carecedor deles. É a saúde objeto de alongada disposição dos artigos 232 a 235, que tratam 
da prevenção das doenças e da restauração da saúde através de ações e serviços prestados por uma 
rede regionalizada e hierarquizada em sistema único. ”
10 COIMBRA, J. R. Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11.ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p. 57
Para saber mais
Você sabia que antes da Constituição Federal de 1988 e da criação do SUS a Saúde no Brasil não era 
um direito de todos os cidadãos? O problema é que a efetivação destes direitos de forma plena ainda 
não foi possível, devido a restrições de ordem orçamentária. A implantação dos direitos trazidos pela 
Constituição Federal de 1988 tem sido feita de forma gradativa, de acordo com os recursos disponíveis,através do estabelecimento de prioridades e metas, submetidos a ajustes a cada governo ou alteração 
de planos econômicos e/ou ajustes fiscais. Ocorre que esta implantação gradativa faz com que 
certos tratamentos médicos ou o fornecimento de certos medicamentos não seja aprovado pelo SUS, 
provocando o fenômeno que tem sido chamado de “judicialização da saúde”.
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social153/275
A Previdência Social, garantida no art. 6º da Constituição Federal de 1988 como um dos 
direitos sociais, adquire caráter de estrutura conforme o art. 194, quando definida como um 
dos componentes do Sistema de Seguridade Social. 
Nas palavras de Moacyr Velloso Cardoso de Oliveira911, a Previdência Social é “a organização 
criada pelo Estado, destinada a prover as necessidades vitais de todos os que exercem atividade 
remunerada e de seus de pendentes, e, em alguns casos, de toda a popu lação, nos eventos previsíveis 
de suas vidas, por meio de um sistema de seguro obrigatório, de cuja administração e custeio 
participam, em maior ou menor escala, o próprio Estado os segurados e as empresas”. 
11 Moacyr Velloso Cardoso de OLIVEIRA. Previdência Social: doutrina e exposição da legislação vi gente.
Para saber mais
Esta judicialização da saúde nada mais é que o aumento de ações judiciais do cidadão contra o Estado 
para o fornecimento do serviço de saúde negado. Uma crítica frequente a esta atuação do Judiciário 
“intervindo” para obrigar o Estado no fornecimento de tratamentos de saúde antes negados, é a 
própria desigualdade no acesso à Justiça e a interpretação do direito subjetivo à saúde como um direito 
individual a todo e qualquer tratamento médico existente, independentemente de seu custo. 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social154/275
Na definição de Celso Barroso Leite1012, 
Previdência Social seria o 
“conjunto de medidas, a cargo do poder 
público, destinadas a proteger as classes 
assalariadas e tanto quanto possível a 
população em geral contra determinadas 
situações que afetam a capacidade 
econômica individual ou familiar, seja 
pela cessação dos rendimentos, seja pela 
superveniência de necessidades especiais. 
PREVIDÊNCIA SOCIAL propriamente dita só 
começou a existir quando o Estado a trouxe 
para sua órbita de ação, tornando-a serviço 
público. ” 
O modelo da Previdência Social brasileira é 
de participação obrigatória, contributivo, 
12 Celso Barroso LEITE e Luiz Paranhos VELLOSO. Previ-
dência Social. p. 30.
com sistema de repartição simples, no 
qual as contribuições sociais originam um 
fundo único, do qual saem os recursos para 
o pagamento de prestações a qualquer 
beneficiário que, tendo sido atingido 
pela contingência prevista, atenda aos 
requisitos da legislação previdenciária. O 
modelo descrito, no qual se insere o objeto 
de nosso estudo, denomina-se Regime 
Geral de Previdência Social.
A natureza do Regime Geral da Previdência 
Social é essencialmente de serviço público. 
Ao Estado cabe a função de administrar a 
Previdência Social. Essa tarefa não caberia 
nas operações rotineiras da administração 
pública, por isso a administração é feita 
de forma descentralizada através de uma 
autarquia, estrutura teoricamente mais 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social155/275
dinâmica. Assim, o Decreto-lei nº 72 
de 21/11/1966 criou o INPS – Instituto 
Nacional de Previdência Social – hoje 
denominado INSS – Instituto Nacional do 
Seguro Social, autarquia responsável pela 
administração do sistema previdenciário 
brasileiro. 
A proteção previdenciária é feita através 
da concessão de prestações, benefícios, 
aos segurados ou seus dependentes, que 
atingidos pelas contingências previstas 
cumpram os requisitos determinados na 
legislação. 
A Previdência Social, enquanto subsistema 
da Seguridade Social, é composto por 
diferentes regimes, organizados de forma 
autônoma entre si. 
• O Regime Geral de Previdência 
Social, destinado aos trabalhadores 
da iniciativa privada, tem caráter 
contributivo e filiação obrigatória 
(exceto para os segurados 
facultativos, categoria de segurado 
que não vinculado obrigatoriamente 
a nenhum regime decide participar 
do sistema de proteção). 
• Os Regimes Próprios de Previdência, 
destinados aos servidores titulares 
de cargos efetivos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, incluídas suas 
autarquias e fundações, instituídos e 
organizados pelos respectivos entes 
federativos, de caráter contributivo 
e solidário; também tem caráter 
de filiação obrigatória, pois na 
inexistência de regime próprio que o 
abrigue será segurado obrigatório do 
regime geral de previdência. 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social156/275
• O Regime de Previdência Privada, de 
caráter complementar e de filiação 
facultativa. 
Organizada a partir da integração da 
atuação das instituições estatais, empresas 
e da sociedade, nas questões envolvendo 
Previdência, Assistência Social e Saúde, 
é através de ações de promoção e 
execução das políticas públicas setoriais, 
fornecimento de benefícios e serviços, que 
a Seguridade Social presta atendimento 
à população a fim de atingir os objetivos 
constitucionais de construção de uma 
sociedade fraterna e desenvolvida e, 
de acordo com os ideais de dignidade 
da pessoa humana, bem-estar e justiça 
sociais. 
As prestações devidas pelo Regime Geral 
de Previdência Social (RGPS) são divididas 
entre benefícios e serviços, conforme o 
art. 18 da Lei nº 8.213/91. São benefícios 
por incapacidade, como a aposentadoria 
por invalidez, o auxílio-doença e o auxílio-
acidente; benefícios programáveis, 
como a aposentadoria por idade, a 
aposentadoria por tempo de contribuição, 
a aposentadoria especial; benefícios dos 
dependentes, como o salário-família, o 
salário-maternidade, a pensão por morte e 
o auxílio-reclusão; e as prestações como o 
serviço social e a reabilitação profissional. 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social157/275
Para saber mais
A partir de 1995 alterações na legislação infraconstitucional e a partir de 1998 através de Emendas 
Constitucionais, vários direitos previdenciários sofreram restrições. Entre outras: a caracterização da 
insalubridade para concessão de aposentadoria especial tem requisitos mais difíceis de comprovação; 
não há mais a aposentadoria por tempo de contribuição proporcional (a não ser em fase de transição e 
com idade mínima); os benefícios de auxílio-reclusão e salário-família ficaram restritos a dependentes 
de segurados de baixa renda; o valor das aposentadorias por tempo de contribuição foi potencialmente 
reduzido com o aumento do período base de cálculo e a criação do fator previdenciário (índice derivado 
da relação entre tempo de contribuição e expectativa de sobrevida do segurado); o benefício de pensão 
por morte deixou de ser vitalício para cônjuges ou companheiro(a)s com idade inferior a 44 anos, além de 
exigir 18 contribuições mínimas do segurado falecido e comprovação de união estável ou casamento de 
no mínimo 2 anos.
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social158/275
Para saber mais
Por outro lado, há avanços, como a instituição de categorias diferenciadas de contribuintes com 
alíquotas reduzidas para ampliar a quantidade de pessoas protegidas, por exemplo com a formalização 
do microempreendedor individual ou a proteção das donas-de-casa de baixa renda. E há a criação de 
nova aposentadoria diferenciada, destinada a pessoas com deficiência. 
Acesse o website da Previdência Social para conhecer todos os direitos previdenciários vigentes e 
acompanhar as eventuais alterações na legislação. 
<www.previdenciasocial.gov.br>
A LOAS, Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8742/93), prevê entre seus benefícios, 
serviços, programas e projetosassistenciais: o benefício de prestação continuada a idosos e 
deficientes hipossuficientes; provisões suplementares e provisórias em virtude de nascimento, 
morte, situações de vulnerabilidade temporária e calamidade pública; benefícios eventuais 
subsidiários de até 25% do salário mínimo para crianças de até seis anos de idade; serviços 
socioassistenciais de apoio e amparo à população em situação de risco pessoal e social; 
programas de assistência social, entre os quais o PAIF (Serviço de Proteção e Atendimento 
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social159/275
Integral à Família), o PAEFI (Serviço de 
Proteção e Atendimento Especializado a 
Famílias e Indivíduos), o PETI (Programa de 
Erradicação do Trabalho Infantil); projetos 
de enfrentamento da pobreza. Para facilitar 
o planejamento e a organização sobre as 
necessidades assistenciais da população 
foi criado o CadÚnico, um cadastro único 
com informações da população inscrita 
e beneficiária de Programas Sociais do 
Governo Federal. 
A Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8080/90) 
dispõe sobre a organização do Sistema 
Único de Saúde (SUS) em cujo campo de 
atuação estão incluídas ações relativas 
a vigilância sanitária e epidemiológica, 
ações de saúde do trabalhador e 
assistência terapêutica integral (inclusive 
farmacêutica); ações de saneamento 
básico, vigilância nutricional e orientação 
alimentar; coordenação na formação de 
recursos humanos para atuar na área da 
saúde; controle e fiscalização de serviços 
e produtos que afetem a saúde, entre 
os quais alimentos e bebidas, produtos 
potencialmente tóxicos, meio ambiente 
inclusive de trabalho, medicamentos e 
equipamentos. 
Para saber mais
Acesse o website do Ministério da Saúde 
para conhecer a estrutura e os programas de 
promoção aos direitos da saúde dos cidadãos 
brasileiros no link <http://portalsaude.saude.
gov.br/>
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social160/275
Glossário
Benefícios por incapacidade: no âmbito da proteção previdenciária, os benefícios por incapacidade são 
responsáveis pela proteção contra o risco “incapacidade para o trabalho”. Não pode ser confundida com o 
conceito de doença, pois a pessoa pode ser doente e ainda assim manter a capacidade para o seu trabalho 
habitual e permanente. Dependendo da classificação do grau e duração da incapacidade para o trabalho é 
que se define a concessão do benefício de auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez. 
Benefícios dos dependentes: os benefícios previdenciários podem ser divididos para estudo de acordo 
com os seus beneficiários. Estes podem ser os próprios segurados ou seus dependentes. Os benefícios cujos 
dependentes são os beneficiários são: a pensão por morte, o auxílio-reclusão, o salário-família e o salário-
maternidade. 
Benefícios programáveis: são assim conhecidos aqueles em que o segurado não é atingido de 
repente como os de incapacidade, não há incapacidade para o trabalho) e o indivíduo pode programar 
quando atingirá o direito ao mesmo. Estão nesta classificação as aposentadorias por idade e por tempo de 
contribuição.
Questão
reflexão
?
para
161/275
Considere a definição de seguridade social e a atuação 
de forma integrada dos três subsistemas: Previdência, 
Saúde e Assistência Social. Como você entende que o 
desenvolvimento ou retrocesso de um dos subsistemas 
afeta os outros?
162/275
Considerações Finais (1/5)
Antes da Constituição Federal de 1988 os direitos sociais não eram 
considerados direitos subjetivos públicos e, portanto, exigíveis judicialmente 
pelos cidadãos. 
A Previdência Social evoluiu historicamente através de um regime de seguro 
social obrigatório, que protegia os trabalhadores contra as necessidades 
causadas pelas situações de incapacidade para o trabalho. Esta proteção 
sempre teve caráter contributivo e filiação obrigatória e começou de forma 
restrita para trabalhadores de algumas empresas, depois para categorias 
profissionais, e só depois para todos os trabalhadores urbanos. A proteção foi 
estendida para os trabalhadores rurais apenas com a Constituição de 1988. 
A Assistência Social até a década de 30 era caracterizada por ações de 
caridade e filantropia de pessoas ou instituições religiosas e estatais. A partir 
da década de 30 foram criadas as primeiras escolas de Serviço Social, que 
produziram profissionais preparados para “aplicar as técnicas de serviço 
social na solução de problemas sociais” como definido na Lei nº 3252/57 
163/275
que enfim regulamentou a profissão de assistente social. No entanto, é certo 
que pouco havia mudado em relação à assistência aos desamparados, posto 
que ainda não era considerada um dever do Estado, mas algo que se fazia de 
forma paternalista, eventual, de caráter assistencialista. Foi a Constituição 
Federal de 1988 que alçou a Assistência Social à categoria de direitos 
sociais subjetivos públicos, um dever do Estado com o cidadão brasileiro, 
independentemente de qualquer contribuição. 
A Saúde também passou a ser direito de todos independentemente de 
contribuições a partir da Constituição Federal de 1988. Antes disso as 
políticas públicas de Saúde se resumiam a preocupações sanitárias e de 
certa forma preventivas; a assistência médica ou socorro médico era restrito 
a alguns serviços relacionados com saúde mental, tuberculose, hanseníase 
e outros ligados a doenças transmissíveis. A proteção era desigual já que 
os segurados das Caixas de Aposentadorias e Pensões contavam também 
com proteção médica. O sistema de saúde se manteve desta forma, atrelado 
Considerações Finais (2/5)
164/275
ao sistema previdenciário ou através de crescimento da assistência médica 
de serviços privados. A década de 70 se caracteriza pela exclusão de boa 
parte da população dos serviços de saúde e o início da pressão política e 
social que culminou com as primeiras manifestações da integração que seria 
constitucionalizada posteriormente entre Saúde, Previdência e Assistência 
Social: em 1975 surge o SNS (Sistema Nacional de Saúde) e em 1977 o SINPAS 
(Sistema Nacional da Previdência e Assistência Social) e o INAMPS (Instituto 
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social). Mas é apenas no 
contexto do Sistema de Seguridade Social criado em 1988, e com a criação 
do SUS (Sistema Único de Saúde) que a saúde foi alçada a direito subjetivo 
público universal independentemente de contribuições ou filiação com 
regime de previdência.
Considerações Finais (3/5)
165/275
Considerações Finais (4/5)
Para saber mais
Acesse o link a seguir para acesso aos livros da 
coleção “Educação Profissional e Docência em 
Saúde: a formação e o trabalho do agente co-
munitário de saúde” dirigida aos docentes das 
instituições responsáveis pela formação dos 
agentes comunitários de saúde <http://www.
epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Serie&Ti-
po=8&Num=13&nInicio=1&quant=9> e saiba 
mais sobre a evolução das políticas de saúde até 
a criação do SUS e os desafios atuais.
166/275
A Constituição Federal de 1988 como se pode notar pelas considerações 
desta aula, tinha um projeto ambicioso de definição de direitos subjetivos 
componentes da cidadania. Após mais de 20 anos, e várias Emendas 
Constitucionais depois, muitos direitos ainda não foram totalmente 
efetivados e outros sofreram restrições, como por exemplo os benefícios de 
auxilio-reclusão e salário-família restritos após a EC20/98 aos dependentes 
de segurados de baixa renda. Entre avanços e retrocessos, fica o desafio do 
equilíbrio social, sem ferir os direitos de cidadania nem permitir a violação 
dos direitos humanos fundamentais.
Considerações Finais (5/5)
Unidade 5 • Marco Legal da Seguridade Social167/275
Referências
BALERA, Wagner. Sistema de Seguridade Social. 5ª edição. São Paulo, LTR, 2009.COIMBRA, J. R. Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11.ª ed. Rio de Janeiro: Edições 
Trabalhistas, 2001.
BEVERIDGE, William. Social and Allied Services (The Beveridge Report), 1942. Acessado em 
19/08/2015, disponível em <http://legacy.fordham.edu/halsall/mod/1942beveridge.html>
Moacyr Velloso Cardoso de OLIVEIRA. Previdência Social: doutrina e exposição da legislação 
vigente.
Celso Barroso LEITE e Luiz Paranhos VELLOSO. Previdência Social. p. 30.
Wagner BALERA. Noções preliminares de Direito Previdenciário. P. 72,73
168/275
Assista a suas aulas
Aula 5 - Tema: Marco Legal da Seguridade Social
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/351e28d61889b8515cdb8ddbc8a5e373>.
Aula 5 - Tema: Marco Legal da Seguridade Social
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ee-
823f07d3023ed0c77466f300f76575>. 
169/275
1. Assinale a alternativa correta:
a) O Regime de Previdência Complementar tem caráter contributivo de filiação obrigatória.
b) Os Regimes próprios de Previdência são destinados a trabalhadores urbanos da iniciativa 
privada. 
c) O Regime Geral de Previdência Social tem caráter não contributivo de filiação facultativa.
d) A administração do sistema previdenciário brasileiro é feita pelo INSS
e) O modelo de previdência social brasileira adota o sistema financeiro de capitalização
Questão 1
170/275
2. Assinale a alternativa errada:
a) A Seguridade Social é formada pelos sistemas de Previdência, Saúde e Assistência Social.
b) O CadÚnico é um cadastro com informações da população inscrita em Programas Sociais 
do Governo Federal. 
c) O benefício de prestação continuada da LOAS é um benefício previdenciário
d) São direitos sociais: a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.
e) O modelo ideal de Seguridade Social, conforme delineado por Beveridge, teria por objeto 
abolir o estado de necessidade.
Questão 2
171/275
3. Não é um objetivo da Assistência Social:
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às 
crianças e adolescentes carentes; 
b) a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso 
que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por 
sua família.
c) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à 
vida comunitária;
d) a promoção do pleno emprego;
e) a promoção da integração ao mercado de trabalho;
Questão 3
172/275
4. O sistema de Seguridade Social atende a todos os direitos a seguir, 
exceto:
a) a educação
b) a saúde
c) a assistência aos desamparados
d) a proteção à maternidade e à infância
e) a previdência social
Questão 4
173/275
5. Para facilitar o planejamento e a organização sobre as necessidades 
assistenciais da população foi criado:
a) o PIS
b) a SEPLAN
c) a SEFIP
d) o CNIS
e) o CadÚnico
Questão 5
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Gabarito
1. Resposta: D.
O INSS é a autarquia federal responsável 
pela administração da Previdência Social 
e pelo atendimento dos segurados e 
concessão de benefícios.
2. Resposta: C.
O BPC é um benefício assistencial e 
não previdenciário, tem caráter não 
contributivo.
3. Resposta: D.
Programas para atingir a situação de 
pleno emprego, ou redução significativa 
dos índices de desemprego, são em geral 
desenvolvidos pela área econômica do 
governo e não guardam qualquer relação 
com a Assistência Social ou a Seguridade, 
embora um dos riscos cobertos seja o 
desemprego involuntário.
4. Resposta: A.
O Sistema de Seguridade Social abrange 
apenas a proteção nas áreas de assistência 
social (desamparo ou necessidades 
sociais), saúde e previdência social. A área 
da educação não está inclusa em suas 
previsões.
5. Resposta: E.
O CadÚnico foi criado para ajudar a 
identificar as pessoas com necessidades 
assistenciais, principalmente aqueles 
175/275
Gabarito
candidatos a programas de substituição de 
renda, com finalidade de reduzir a pobreza 
e eliminar a miséria, por exemplo o Bolsa-
Família e programas similares.
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Unidade 6
Constituição Histórica e Principais Legislações da Proteção do Idoso, da Criança e do Adolescente 
e da Pessoa com Deficiência no Direito Brasileiro e sua Relação com as Políticas Públicas
Objetivos
1. Entender a evolução histórica 
da proteção do idoso, criança, 
adolescente e pessoa com deficiência
2. Conhecer a legislação atual 
de proteção do idoso, criança, 
adolescente e pessoa com deficiência
3. Entender a legislação como 
parâmetros de elaboração de 
políticas públicas setoriais
Unidade 6 • Constituição Histórica e Principais Legislações da Proteção do Idoso, da Criança e do Adolescente e da Pessoa 
com Deficiência no Direito Brasileiro e sua Relação com as Políticas Públicas
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Introdução
Uma análise histórica da legislação 
de proteção do idoso, da criança e do 
adolescente, e da pessoa com deficiência 
no Brasil começa por uma análise das 
Constituições do Brasil, da influência da 
economia e história mundial em nossas 
instituições e nos direitos garantidos aos 
brasileiros. 
A Constituição Política do Império do 
Brasil (1824) era extremamente liberal 
e estabelecia uma serie de direitos 
e garantias individuais, embora seja 
conveniente lembrar que ainda direcionada 
a uma sociedade essencialmente agrícola 
e escravocrata. A primeira Constituição 
da República (1891) já após a abolição 
dos escravos, caracterizou-se pela 
pouca implementação de seus princípios 
democráticos por força de pressão dos 
interesses de cafeicultores dominantes 
econômica e politicamente.
A próxima Constituição brasileira 
(1934) pertence ao contexto histórico 
pós I Guerra Mundial, pós Revolução 
Constitucionalista de São Paulo de 
1932, e pretendia organizar um regime 
democrático com liberdade e bem-estar 
social. Mas dura pouco tempo, tem as 
garantias constitucionais suspensas por 
um estado de sítio em 1935, e é substituída 
pela Constituição de 1937 (a primeira 
com caráter autoritário no Brasil). É de 
fácil compreensão que nesse momento 
político de restrição de direitos individuais 
não encontremos maiores progressos 
na legislação com relação a proteção de 
Unidade 6 • Constituição Histórica e Principais Legislações da Proteção do Idoso, da Criança e do Adolescente e da Pessoa 
com Deficiência no Direito Brasileiro e sua Relação com as Políticas Públicas
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idosos, crianças e adolescentes ou pessoas 
com deficiência. 
Os direitos sociais, principalmente através 
do reconhecimento de direitos trabalhistas, 
apesar de previstos na Constituição de 
1934, concretizam-se a partir de 1941 
e começam a aparecer na legislação a 
partir de 1943 com a CLT (Consolidação 
das Leis do Trabalho) e de 1946 quando 
a Justiça do Trabalho passou a integrar 
o Poder Judiciário e ter independência 
em relação ao Estado. É relacionado aos 
direitos trabalhistas, principalmente na sua 
expressão de garantias previdenciárias, 
que encontraremos as primeiras 
manifestações de proteção aos idosos, 
por intermédio de aposentadorias 
por velhice. No entanto, vale destacar 
que a proteção é mais direcionada ao 
trabalhador com direito à aposentadoria 
por velhice do que propriamente à pessoa 
idosa. Neste sentido pode-se entender 
que a “renda mensal vitalícia” criada pela 
Lei nº 6.179/74 surge como primeira 
manifestação de proteção ao idoso 
hipossuficiente, com alcance mais amplo 
em relação à quantidade de beneficiários 
possíveis. 
As manifestaçõesde proteção ao idoso 
na legislação pré-Constituição de 1988 
possuem apenas caráter de substituição 
de renda; as de proteção à criança e 
adolescente possuem caráter de tutela 
estatal de pessoas abandonadas ou 
delinquentes, com destaque para o 
Código de Menores. As de proteção às 
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pessoas com deficiência envolvem o 
reconhecimento de sua vulnerabilidade, 
por exemplo, quando tomada como 
agravante em crimes cometidos contra 
“deficientes”; a isenção de impostos de 
importação de veículos destinados a uso 
exclusivo de pessoas com deficiência física 
ou paraplégicos; facilitar a acessibilidade 
aos locais de votação para o eleitor 
deficiente físico; pensão especial para os 
que possuem deficiência física causada 
pela Síndrome da Talidomida. 
Toda a previsão legislativa anterior à 
Constituição de 1988 apresenta sistemas de 
proteção restritos à substituição de renda 
ou a esquemas assistencialistas do governo 
ou da sociedade enquanto executora de 
atividades de caridade e filantropia. 
A Constituição de 1988 é o marco legal 
do sistema protetivo com caráter integral, 
que busca a integração e a inclusão social 
e participativa, tanto de idosos quanto de 
crianças, adolescentes, jovens e pessoas 
com deficiência. Ao mesmo tempo 
que busca garantir os direitos sociais 
fundamentais, como saúde, educação, 
alimentação adequada, liberdade, também 
deve proporcionar condições para que 
estas pessoas participem ativamente da 
sociedade, em todos os aspectos, a fim de 
atingirem o bem-estar e a dignidade. 
 1. Proteção do idoso
A primeira manifestação a favor do idoso 
nos textos constitucionais ocorre na 
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Constituição do Brasil de 1934, ao prever 
a instituição de sistema de previdência 
a favor da velhice, da invalidez, da 
maternidade e nos casos de acidentes 
de trabalho ou de morte. Os princípios 
do seguro social, com a criação de 
“caixas de socorros” ou normatização de 
“aposentadorias” já existia desde 1888 em 
situações isoladas, mas historicamente 
é o Decreto nº 4682/1923 – Lei Eloy 
Chaves – conhecido como marco legal 
de nascimento da Previdência Social no 
Brasil, ao criar a “Caixa de Aposentadorias 
e Pensões” para os trabalhadores das 
ferrovias. Esta legislação previa dois 
tipos de aposentadoria: por invalidez 
ou ordinária (esta em 3 modalidades de 
acordo com a combinação entre idade e 
tempo de serviço do trabalhador). Nos 
anos seguintes este regime previdenciário 
foi estendido a trabalhadores de outros 
setores, como os portuários e marítimos, 
de serviços telegráficos e radiotelegráficos, 
dos serviços de força, luz e bondes, 
mineração e de todos os serviços públicos. 
E após a Constituição de 1934 continuou a 
ampliar-se a quantidade e diversidade de 
trabalhadores amparados por regimes de 
previdência, sempre ligados às empresas 
ou às categorias profissionais. 
No âmbito internacional, a ONU realizou 
em 1982 a primeira Assembleia Mundial 
sobre Envelhecimento, da qual o Brasil 
foi signatário. Em 2002 foi realizada a 
Segunda Assembleia Mundial das Nações 
Unidas sobre o Envelhecimento, gerando 
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um documento com recomendações para o desenvolvimento de uma política internacional 
para o envelhecimento no século XXI: o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento. 
A ideia é desenvolver uma sociedade para todas as idades, na qual os idosos tenham 
oportunidade de continuar contribuindo de forma ativa. 
Para saber mais
A Assembleia Geral da ONU de 1991, com base 
nas decisões geradas nas primeira Assembleia 
Mundial sobre Envelhecimento, realizada em 
1982, adotou a partir desta data, como forma 
de incentivar os Estados a incorporar direitos 
dos idosos em suas legislações nacionais, os 
PRINCÍPIOS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA AS 
PESSOAS IDOSAS1, como segue:
1 Acessado no link <http://direitoshumanos.gddc.
pt/3_15/IIIPAG3_15_1.htm> em 02/09/2015
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Para saber mais
“Independência
1. Os idosos devem ter acesso a alimentação, água, alojamento, vestuário e cuidados de saúde adequados, 
através da garantia de rendimentos, do apoio familiar e comunitário e da autoajuda.
2. Os idosos devem ter a possibilidade de trabalhar ou de ter acesso a outras fontes de rendimento.
3. Os idosos devem ter a possibilidade de participar na decisão que determina quando e a que ritmo tem lugar 
a retirada da vida ativa.
4. Os idosos devem ter acesso a programas adequados de educação e formação.
5. Os idosos devem ter a possibilidade de viver em ambientes que sejam seguros e adaptáveis às suas 
preferências pessoais e capacidades em transformação.
6. Os idosos devem ter a possibilidade de residir no seu domicílio tanto tempo quanto possível.
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Para saber mais
Participação
7. Os idosos devem permanecer integrados na sociedade, participar ativamente na formulação e execução 
de políticas que afetem diretamente o seu bem-estar e partilhar os seus conhecimentos e aptidões com as 
gerações mais jovens.
8. Os idosos devem ter a possibilidade de procurar e desenvolver oportunidades para prestar serviços à 
comunidade e para trabalhar como voluntários em tarefas adequadas aos seus interesses e capacidades.
9. Os idosos devem ter a possibilidade de constituir movimentos ou associações de idosos.
Assistência
10. Os idosos devem beneficiar dos cuidados e da proteção da família e da comunidade em conformidade com 
o sistema de valores culturais de cada sociedade.
11. Os idosos devem ter acesso a cuidados de saúde que os ajudem a manter ou a readquirir um nível ótimo de 
bem-estar físico, mental e emocional e que previnam ou atrasem o surgimento de doenças.
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Para saber mais
12. Os idosos devem ter acesso a serviços sociais e jurídicos que reforcem a respectiva autonomia, proteção e 
assistência.
13. Os idosos devem ter a possibilidade de utilizar meios adequados de assistência em meio institucional que 
lhes proporcionem proteção, reabilitação e estimulação social e mental numa atmosfera humana e segura.
14. Os idosos devem ter a possibilidade de gozar os direitos humanos e liberdades fundamentais quando 
residam em qualquer lar ou instituição de assistência ou tratamento, incluindo a garantia do pleno respeito da 
sua dignidade, convicções, necessidades e privacidade e do direito de tomar decisões acerca do seu cuidado e 
da qualidade das suas vidas.
Realização pessoal
15. Os idosos devem ter a possibilidade de procurar oportunidades com vista ao pleno desenvolvimento do seu 
potencial.
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Para saber mais
16. Os idosos devem ter acesso aos recursos educativos, culturais, espirituais e recreativos da sociedade.
Dignidade
17. Os idosos devem ter a possibilidade de viver com dignidade e segurança, sem serem explorados ou 
maltratados física ou mentalmente.
18. Os idosos devem ser tratados de forma justa, independentemente da sua idade, género, origem racial ou 
étnica, deficiência ou outra condição, e ser valorizados independentemente da sua contribuição econômica. ”
A Constituição Federal de 1988 mantém a previsão do regime de Previdência Social contra 
os eventos oriundos da velhice. No entanto, não se pode considerar apenas a instituição de 
proteção previdenciária como suficiente para caracterizar a proteção e os direitos concedidos 
ao idoso. A Constituição de 1988 inova na proteção ao idoso, ao prever o direito ao benefício 
assistencial de prestação continuada, no valor de um salário mínimo, ao idoso que comprovar 
hipossuficiência econômica, ampliando a proteção, antes previdenciária, dada pela “renda 
mensal vitalícia”, e tendo como um dos objetivos da Assistência Social a proteção à velhice.
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Além disso, a Constituição Federal de 1988 
trata em capítulo próprio especificamente 
dos direitos “da família, da criança, do 
adolescente e do idoso”. Pela primeira 
vez o texto constitucional prevê o dever 
da família, da sociedade e do Estado para 
garantir os direitos dos idosos: ao amparo 
na velhice, carência ou enfermidade; à 
participação plena na comunidade, à 
defesa de sua dignidade e bem-estar, a 
garantia do direito à vida, a gratuidade aos 
transportes coletivos urbanos a maiores de 
65 anos. 
A partir de então, a legislação 
infraconstitucional tem evoluído 
progressivamente, de forma a 
regulamentar e implementar os preceitos 
constitucionais relativos aos idosos. 
Mais do que regulamentar a proteção 
e a garantia de condições mínimas 
de sobrevivência aos idosos, com a 
evolução da tecnologia, da sociedade, e 
principalmente da medicina, permitindo 
um aumento na longevidade, tornou-
se essencial também o estabelecimento 
de políticas públicas intersetoriais que 
proporcionem condições de vida, inclusão 
e participação social dignas. 
A Lei nº 8.842/94 dispõe sobre a Política 
Nacional do Idoso, cria o Conselho 
Nacional do Idoso e começa a concretizar 
os direitos constitucionalmente previstos, 
estabelecendo entre outras coisas as bases 
para as políticas públicas futuras, cujos 
objetivos devem ser: criar condições para 
a autonomia, integração e participação 
efetiva dos idosos na sociedade. 
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Através da Portaria nº 1.395/99, do 
Ministério da Saúde, foi aprovada a Política 
Nacional de Saúde do Idoso, como parte 
da Política Nacional de Saúde, cujo foco 
central era a promoção do envelhecimento 
saudável e a manutenção da máxima 
capacidade funcional do indivíduo que 
envelhece, e a viabilização ficava a cargo 
dos gestores do SUS (Sistema Único de 
Saúde), mas já previa uma articulação 
intersetorial para melhor atingir os 
objetivos traçados. De forma a aperfeiçoar 
e atualizar estas diretrizes de política 
pública, e de conformidade com a nova 
legislação referente ao idoso, foi aprovada 
através da Portaria nº 2.528/2006 a 
Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. 
A Lei nº 10.741/2003 – Estatuto do 
Idoso – veio complementar os direitos 
dos idosos, aperfeiçoando ou alterando 
também os direitos previstos na legislação 
previdenciária, de assistência social e da 
Política Nacional do Idoso. 
De forma complementar, a regular a 
atuação do Estado na elaboração e 
implementação da política nacional do 
idoso, em conformidade com as normas 
constitucionais e com o Estatuto do Idoso, 
foi criado em 2004 o CNDI – Conselho 
Nacional dos Direitos do Idoso, como parte 
integrante da estrutura da Secretaria 
Especial dos Direitos Humanos da 
Presidência da República.
 
Unidade 6 • Constituição Histórica e Principais Legislações da Proteção do Idoso, da Criança e do Adolescente e da Pessoa 
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2.Proteção da criança e do ado-
lescente
No contexto internacional, a Assembleia 
das Nações Unidas enunciou em 1924 a 
Declaração de Genebra sobre os Direitos da 
Criança; em 1959 a Declaração dos Direitos 
da Criança; e em 1989 a Convenção sobre 
os Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil 
em 24/09/1990 e promulgada pelo 
Decreto nº 99.710/1990. 
O primeiro texto constitucional que traz 
alguma preocupação com os direitos 
específicos da criança foi a Constituição 
do Brasil de 1937 ao determinar a 
competência exclusiva da União para 
legislar em matéria de defesa e proteção da 
saúde, “especialmente da saúde da criança”. 
Novamente a Constituição Federal de 
1988 aparece como marco legal na defesa 
dos direitos de crianças e adolescentes. 
Inclui o amparo de crianças e adolescentes 
como um dos objetivos da Assistência 
Social. Estabelece o dever do Estado em 
proporcionar a garantia de educação 
infantil e básica obrigatória e gratuita às 
crianças e adolescentes entre zero e 17 
anos de idade. Possui capítulo próprio 
para tratar de direitos de crianças e 
adolescentes, no qual determina que é 
dever da família, da sociedade e do Estado, 
assegurar com prioridade o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, 
à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária; além de protege-
Unidade 6 • Constituição Histórica e Principais Legislações da Proteção do Idoso, da Criança e do Adolescente e da Pessoa 
com Deficiência no Direito Brasileiro e sua Relação com as Políticas Públicas
189/275
los contra a negligência, a discriminação, 
a exploração, violência, crueldade e 
opressão. 
Na legislação infraconstitucional 
relacionada a crianças, uma avaliação 
histórica nos remete ao primeiro Código 
de Menores (Decreto nº 17.943/1927) 
que consolidava as normas de 
assistência e proteção a menores, 
assim considerada a pessoa com menos 
de 18 anos de idade. Este código era 
direcionado especificamente aos menores 
abandonados ou delinquentes, e não 
tratava integralmente dos direitos de 
todas as crianças, mas sim daqueles que 
necessitavam ser tutelados pelo Estado. 
O Código de Menores de 1979 (Lei nº 
6.697/79) regulava a necessidade de tutela 
estatal, através de assistência, proteção e 
vigilância, de pessoas até 18 anos de idade 
em “situação irregular”, ainda relacionadas 
a situações de abandono ou infração. 
 A primeira legislação infraconstitucional 
a regulamentar os direitos integrais a 
crianças e adolescentes garantidos pela 
Constituição Federal de 1988 foi o ECA 
– Estatuto da Criança e do Adolescente 
(Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990). De 
acordo com o ECA, que revoga e substitui 
o antigo Código de Menores, considera-se 
criança a pessoa até doze anos de idade, 
e adolescente aquela entre doze e dezoito 
anos de idade, independentemente da 
situação regular ou irregular destas. 
Através da Emenda Constitucional nº 
65/2010 cria-se uma nova categoria ao 
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190/275
lado de crianças e adolescentes, para definição dos direitos mencionados acima. O conceito 
de “jovem” só foi regulamentado pela Lei nº 12.852/2013, o Estatuto da Juventude, que define 
como jovem a pessoa com idade entre quinze e vinte e nove anos. Aqueles que tem entre 
quinze e dezoito anos continua-se aplicando as determinações do ECA, mas também, de forma 
complementar, as do Estatuto da Juventude no que não sejam conflitantes. 
É importante que tal legislação possa servir de razão e parâmetro para as políticas públicas, de 
modo a enfrentar-se diversas situações de violação de direitos de pessoas dessa faixa etária.
Para saber mais
Após tantos anos, feito um balanço da aplicação do ECA no país, o 
que se concluiu sobre sua efetividade? No ano em que a lei completa 
25 anos, muitos se manifestaram a respeito. Confira na notícia 
reproduzida abaixo, divulgada pela Agência Brasil12:
2 Disponível no link <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noti-
cia/2015-07/eca-movimentos-sociais-destacam-avancos-em-direitos-e-pro-
tecao>
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Para saber mais
ECA: movimentos sociais destacam avanços em direitos e proteção
Oriundo da luta de movimentos sociais antes mesmo da promulgação da Constituição de 1988, o Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA) mudou a forma como o Estado via e tratava os jovens até 18 anos e é 
considerado por especialistas uma legislação moderna e avançada. A norma, aprovada pelo Congresso 
Nacional em junho de 1990, completa 25 anos de vigência nesta segunda-feira (13). 
“Sem dúvida, o Brasil se tornou muito melhor para uma criança viver após o estatuto. Temos que comemorar os 
resultados importantes, toda mobilização que existe na sociedade, mas não dá para fazer essa comemoração 
de forma ingênua”, disse à Agência Brasil o coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Fundo 
das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mário Volpi.
Para a ex-deputada Rita Camata (PSDB-ES), relatora do ECA na Câmara dos Deputados na segunda metade 
da década de 1980, as discussões em torno da proposta foram “extremamente ricas”. A proposta partiu de 
entidades sociais, como o Movimento dos Meninos e Meninas de Ruas, a Conferência Nacional dos Bispos do 
Brasil (CNBB), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que integraram a comissão nacional sobre o 
tema. “Foi uma grande inovação [após a ditadura] a proposta partir dos movimentos que viviam o cotidiano da 
criança e do adolescente e sentiam a necessidade de ter uma proteção integral às crianças e aos adolescentes.”
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192/275
Para saber mais
A história do ECA começa no período pré-Constituinte, com a formação das comissões estaduais e da nacional. 
“Sobre o trabalho dessa comissão no período pré-Constituinte, em 1987, meados de 1988, fez-se com que os 
direitos da criança e do adolescente fossem para o Artigo 5° da Constituição. O ECA nasceu ali”, acrescentou o 
presidente nacional da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil 
(OAB), Everaldo Patriota. 
Direitos e proteção 
Diferentemente do chamado Código de Menores, lei de 1979 que antecedeu a legislação atual, o ECA 
extrapolou o aspecto punitivo e passou a prever direitos e proteção a crianças e adolescentes. “A lei anterior 
era mais punitiva e a sentença era determinada pela cabeça do juiz. Não havia preocupação com a prevenção. 
O Estado só intervia quando o adolescente tinha cometido um crime. Menor era o filho do pobre, criança era o 
filho do rico”, comparou Rita Camata.
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Para saber mais
Na avaliação do advogado Pedro Hartung, do Instituto Alana, entidade que atua em prol da infância, a criança 
e o adolescente, com o ECA, passaram a ser o centro da preocupação do Estado, das famílias e da comunidade, 
ao serem considerados sujeitos de direito. “[Eles] passam a ser protegidos de forma especial. Esse foi o 
entendimento do ECA, seguindo padrões internacionais, como a Convenção sobre os Direitos da Criança, da 
ONU [Organização das Nações Unidas], de 1989”, frisou ele, que também é membro do Conselho Nacional dos 
Direitos da Criança. 
A relatora da proposta avalia que o Brasil deve “celebrar” os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente 
e destaca que a norma não é uma lei acabada. “[Há] ajustes que a sociedade vai pedindo e o legislador tem 
que ter essa sensibilidade de legislar sempre pensando, projetando avanços. [É preciso] pensar em como ter 
uma sociedade avançada, integrada, de forma permanente, em que todos tenham oportunidade”, disse Rita 
Camata.
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Para saber mais
Internatos x ensino 
Um dos redatores do texto do ECA, o procurador federal aposentado Edson Sêda conta que dois aspectos 
marcaram as discussões sobre o tema: o fim dos chamados internatos e a universalização do ensino. 
“O Brasil tinha uma rede nacional de depósitos públicos, que o estatuto acabou, onde se metiam os meninos à 
força. Eram internatos, verdadeiras fábricas de crimes”, relembrou. Além disso, segundo ele, no final da década 
de 1980 mais de 30% das crianças não frequentavam a escola. “Na medida em que o estatuto foi sendo 
aplicado, as famílias foram obrigadas a matricular os meninos e hoje há um resíduo de 3% a 4% [de crianças 
fora da escola].” 
Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil 
Edição: Talita Cavalcante
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3. Proteção das pessoas com 
deficiência
É certo que sempre existiram pessoas 
com deficiência, algum tipo de limitação 
física, intelectual, funcional. De acordo 
com a ONU (http://nacoesunidas.org/acao/
pessoas-com-deficiencia/) cerca de 10% 
da população mundial ou algo em torno de 
650 milhões de pessoas vivem com algum 
tipo de deficiência. 
Os resultados do CENSO 2000 do IBGE, 
divulgados em 2003, mostraram que 
aproximadamente 24,5 milhões de pessoas 
correspondendo a cerca de 14,5% da 
população brasileira na ocasião possuíam 
algum tipo de deficiência, distribuídos 
entre dificuldade de audição, locomoção, 
visão e deficiência física ou mental.
Os resultados do CENSO 2010, divulgados 
em 2012, demonstram uma mudança 
de paradigma, não apenas quanto ao 
conceito de deficiência que sofreu uma 
evolução significativa nos últimos anos, 
mas quanto à metodologia de coleta de 
dados. Eles apontam para um total de 
aproximadamente 45,6 milhões de pessoas 
ou cerca de 23,9% da população brasileira. 
E, apesar da mudança de paradigma e 
da afirmação do próprio IBGE sobre as 
dificuldades na comparabilidade direta 
entre as estatísticas, ainda assim preocupa 
por apresentar um resultado que significa 
quase o dobro da quantidade de pessoas 
com deficiência com intervalo de 10 anos, 
o que significaria uma taxa de crescimento 
espantosa. 
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A investigação do tema pessoas com deficiência também sofreu modificações ao 
longo dos levantamentos censitários para se adequar a essa evolução do conceito 
de deficiência. Além do Censo Demográfico 2010, o tema esteve presente no 
primeiro levantamento censitário brasileiro, em 1872, e nos Censos Demográficos 
1890, 1900, 1920, 1940, 1991 e 2000, porém, com mudanças nos conceitos utilizados 
ou na formulação das perguntas, o que não permite a comparabilidade direta 
entre esses levantamentos. No Censo Demográfico 2010, as perguntas formuladas 
buscaram identificar as deficiências visual, auditiva e motora, com seus graus de 
severidade, através da percepção da população sobre sua dificuldade em enxergar, 
ouvir e locomover-se, mesmo com o uso de facilitadores como óculos ou lentes 
de contato, aparelho auditivo ou bengala, e a deficiência mental ou intelectual. 
A investigação dos graus de severidade de cada deficiência permitiu conhecer a 
parcela da população com deficiência severa, que se constitui no principal alvo das 
políticas públicas voltadas para a população com deficiência. São consideradas com 
deficiência severa visual, auditiva e motora as pessoas que declararam ter grande 
dificuldade ou que não conseguiam ver, ouvir ou se locomover de modo algum, e 
para aquelas que declararam ter deficiência mental ou intelectual. ”13
3 Relatório do CENSO 2010, pág. 72, acessado em 19/08/2015. Disponível em : <http://biblioteca.ibge.gov.br/
index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=794>
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Para saber mais
De acordo com a Declaração sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Assembleia Geral da 
ONU em 1975, as “pessoas com deficiência têm direito...
• ao respeito pela sua dignidade humana …
• aos mesmos direitos fundamentais que os concidadãos…
• a direitos civis e políticos iguais aos de outros seres humanos …
• a medidas destinadas a permitir-lhes a ser o mais autossuficientes possível 
• a tratamento médico, psicológico e funcional [e] 
a desenvolver suas capacidades e habilidades ao máximo [e] 
apressar o processo de sua integração ou reintegração social …
• à segurança econômica e social e a um nível de vida decente …
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Para saber mais
• de acordo com suas capacidades, a obter e manter o emprego ou se engajar em uma ocupação 
útil, produtiva e remunerada e se filiar a sindicatos [e] a ter suas necessidades especiais levadas em 
consideração em todas as etapas do planejamento econômico e social …
• a viver com suas famílias ou com pais adotivos e a participar de todas as atividades criativas, recreativas 
e sociais [e não] serem submetidas, em relação à sua residência, a tratamento diferencial, além daquele 
exigido pela sua condição …
• [a] serem protegidas contra toda exploração, todos os regulamentos e todo tratamento abusivo, 
degradante ou de natureza discriminatória … 
[e] a beneficiarem-se de assistência legal qualificada quando tal assistência for indispensável para a 
própria proteção ou de seus bens …“
Conheça também o texto da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, 
recepcionado na legislação brasileira pelo Decreto Legislativo nº 186 de 2008, no seguinte link <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Congresso/DLG/DLG-186-2008.htm>
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Como destacado acima, o recenseamento 
já dispunha de informações sobre a 
quantidade de pessoas com deficiência 
no Brasil desde 1890. Cabe analisar como 
e se havia algum tipo de proteção social 
destinada a estas pessoas. Interessante 
notar que se referia às pessoas com 
deficiência por diversos termos, entre 
os quais: “excepcional”, “defeituoso”, 
“incapaz”, “inválido”, “portador de 
necessidade especial”. 
A Emenda Constitucional nº 01 de 1969 
seria um dos primeiros momentos de 
proteção à pessoa com deficiência na 
legislação brasileira, ao prever que lei 
especial disporia sobre a educação de 
excepcionais. 
Se considerarmos a possibilidade de 
confusão de conceitos, podemos intuir 
que muitas pessoas com deficiência 
tiveram proteção social a partir das 
regras de proteção aos inválidos, como 
por exemplo nas aposentadorias por 
invalidez. Um bom exemplo disto é o 
benefício da renda mensal vitalícia, da 
Lei nº 6179/74, considerado precursor 
do benefício assistencial de prestação 
continuada (LOAS) cujos beneficiários 
eram os maiores de 70 anos de idade e os 
“inválidos”. Atualmente na lei assistencial 
os beneficiários são os “deficientes”. 
A Emenda Constitucional nº 12/78, talvez 
reflexo da Declaração sobre os Direitos 
das Pessoas com Deficiência (ONU 1975), 
tratava especificamente da proteção aos 
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200/275
deficientes, para assegurar sua melhoria 
de condição social e econômica e previa: 
educação especial e gratuita; assistência, 
reabilitação e reinserção na vida 
econômica e social do país; proibição de 
discriminação, inclusive quanto à admissão 
ao trabalho ou ao serviço público e a 
salários; possibilidade de acesso a edifícios 
e logradouros públicos. 
A Constituição Federal de 1988 contém 
diversos dispositivos relacionados aos 
direitos dos deficientes, dentre os quais: 
proibição de qualquer discriminação no 
tocante a salário e critérios de admissão do 
trabalhador; direito à saúde e assistência 
pública, proteção e integração social; 
percentual de cargos e empregos públicos 
reservados; aposentadoria com requisitos 
e critérios diferenciados; habilitação 
e reabilitação para integração à vida 
comunitária; benefício assistencial 
equivalente a um salário mínimo se 
comprovada a hipossuficiência econômica; 
atendimento educacional especializado 
preferencialmente na rede regular 
de ensino; programas de prevenção 
e atendimento especializado; acesso 
adequado a logradouros e edifícios 
públicos, e ao transporte público. 
A legislação infraconstitucional que 
regulamenta tais direitos, a partir de 2008 
tem alterações que visam incorporar a nova 
conceituação de deficiência e atender as 
diretrizes traçadas pela Convenção sobre 
os Direitos das Pessoas com Deficiência 
(Nova York, 2007), recepcionada no direito 
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201/275
brasileiro pelo Decreto Legislativo nº 
186/2008. O Estado tem apresentado 
diversos programas de inclusão e proteção 
das pessoas com deficiência nos últimos 
anos. 
A Lei 13.146 de 06 de julho de 2015 - 
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com 
Deficiência (Estatuto da pessoa com 
deficiência) - pode ser considerada um 
marco legal na defesa destes direitos, 
ao regulamentar a Convenção sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficiência e 
seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo 
Congresso Nacional. Trata de direitos 
gerais e fundamentaisdas pessoas com 
deficiência e provoca alterações em outras 
leis vigentes no país para adequação 
dos novos parâmetros de proteção e de 
promoção da inclusão, dando ênfase às 
políticas públicas setoriais, cujo desafio 
será a implementação integral da nova lei. 
Para saber mais
A Lei 13.146/2015 criou o benefício de auxílio-
inclusão. Este benefício será pago às pessoas 
com deficiência, moderada ou grave, que 
receba, ou tenha recebido nos últimos 5 anos, o 
benefício assistencial de prestação continuada 
(art. 20 da Lei nº 8742/93) e que passem a 
exercer atividade remunerada que as enquadre 
como segurado obrigatório do Regime Geral de 
Previdência Social.
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202/275
Glossário
Pessoa com deficiência: de acordo com o artigo 1º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência de 2007, “pessoas com deficiência são aquelas que tem impedimentos de longo prazo de natureza 
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. ” E de acordo com 
o Estatuto de Inclusão da pessoa com deficiência, a Lei nº 13146/2015, a definição possui leve alteração 
que não lhe altera o sentido: “Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo 
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir 
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. ”
Recenseamento: de acordo com o dicionário Michaelis, pode ser definido como “Estatística administrativa, 
periódica, que consiste em determinar o número de habitantes de cada cidade, Estado ou de todo o país, com a 
qualificação completa de cada um dos habitantes, indicando-se o sexo, nacionalidade, estado civil, profissão etc.; 
censo. ”
Hipossuficiente: de acordo com o dicionário Michaelis, pode ser definido como a pessoa economicamente 
muito humilde, que não é autossuficiente. 
Questão
reflexão
?
para
203/275
Reflita um pouco sobre os seguintes objetivos 
estudados neste módulo: de se desenvolver uma 
sociedade para todas as idades, na qual os idosos 
tenham oportunidade de continuar contribuindo de 
forma ativa; de promover atividades de habilitação 
ou reabilitação que facilite a inclusão de pessoas com 
deficiência na comunidade; do direito à educação 
gratuita a crianças e adolescentes. 
Não parece possível a união destes objetivos em torno 
de algum projeto comum, integrado, organizado pelo 
Estado ou pela sociedade organizada? 
204/275
Considerações Finais (1/2)
A Constituição Federal de 1988 pode ser considerada um marco legal na 
proteção de crianças e adolescentes, pois a partir dela é que se alterou o 
conceito de amparo ao abandonado ou controle do delinquente para o de 
proteção integral do “ser humano” jovem, confirmado pelo ECA – Estatuto da 
Criança e do Adolescente.
Também com relação ao idoso a Constituição de 1988 pode ser considerada 
um marco, apesar de sua regulamentação ter ocorrido apenas em 2003 com 
o Estatuto do Idoso. Deve ser destacada a mudança no conceito de proteção, 
antes direcionada apenas ao amparo da pessoa com idade avançada e 
necessidade de cuidados especiais, e agora mais ampla e voltada também à 
manutenção de sua participação na comunidade. 
O Estatuto da Pessoa com deficiência é uma legislação mais recente em 
relação às do idoso e de crianças e adolescentes, e baseada em Convenção 
Internacional recepcionada como Emenda Constitucional em 2009. Neste 
sentido, é natural que haja um esforço maior de incentivo a políticas públicas 
205/275
e programas de proteção voltados às pessoas com deficiência, pois é uma 
fase de implantação inicial do esforço na estruturação de uma rede de 
proteção. Intui-se que esta rede de proteção já esteja em funcionamento 
de forma equilibrada e consistente no caso de idosos e de crianças e 
adolescentes.
Considerações Finais (2/2)
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206/275
Referências
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24/08/2015 e disponível para consulta no link: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/
paginas/22/consti.htm> 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 24/01/1967 acessada em 
24/08/2015 e disponível para consulta no link: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/
paginas/22/1967.htm> 
CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 18/09/1946 acessada em 24/08/2015 e 
disponível para consulta no link: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/22/1946.htm> 
CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 10/11/1937 acessada em 24/08/2015 e 
disponível para consulta no link: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/22/1937.htm> 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 16/07/1934 acessada 
em 24/08/2015 e disponível para consulta no link: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/
paginas/22/1934.htm> 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 24/02/1891 acessada 
em 24/08/2015 e disponível para consulta no link: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/
paginas/22/1891.htm>
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207/275
CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL DE 25/03/1824 acessada em 24/08/2015 e 
disponível para consulta no link: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/22/1824.htm>
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, recepcionado na 
legislação brasileira pelo Decreto Legislativo nº 186 de 2008, no seguinte link <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Congresso/DLG/DLG-186-2008.htm> 
Relatório do CENSO 2010, pág. 72, acessado em 19/08/2015. Disponível em <http://biblioteca.
ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=794>
<http://nacoesunidas.org/acao/pessoas-com-deficiencia/>
208/275
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Aula 6 - Tema: Constituição Histórica e Principais 
Legislações da Proteção do Idoso, da Criança e 
do Adolescente e da Pessoa com Deficiência no 
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Públicas
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pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/7bb98bcca9dcac4f6dafd6ebfd96176b>.
Aula 6 - Tema: Constituição Histórica e Principais 
Legislações da Proteção do Idoso, da Criança e 
do Adolescente e da Pessoa com Deficiência no 
Direito Brasileiro e sua Relação com as Políticas 
Públicas
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
f7b5bae04c41c4735a9aa190f57e6082>. 
209/275
1. Qual alternativa não contém dispositivos relacionados aos direitos dos 
deficientes, de acordo com A Constituição Federal de 1988?
a) proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do 
trabalhador; 
b) direito à saúde e assistência pública, proteção e integração social; 
c) percentual de cargos e empregos públicos reservados; aposentadoria com requisitos e 
critérios diferenciados; 
d) habilitação e reabilitação para integração à vida comunitária; benefício assistencial 
equivalente a um salário mínimo se comprovada a hipossuficiência econômica; 
e) bolsa alimentação e materialescolar gratuito para incentivo à educação profissional.
Questão 1
210/275
2. Assinale a alternativa incorreta:
a) A Constituição de 1988 é o marco legal do sistema protetivo com caráter integral, que 
busca a integração e a inclusão social e participativa, tanto de idosos quanto de crianças, 
adolescentes, jovens e pessoas com deficiência.
b) O Censo 2010 foi o primeiro a levantar informações sobre a quantidade e o tipo de pessoas 
com deficiência no Brasil. 
c) O Estatuto da Pessoa com deficiência é baseado na Convenção das Pessoas com 
Deficiência da ONU realizada em 2008 e recepcionada como Emenda Constitucional em 
2009.
d) Até a Constituição Federal de 1988 e sua regulamentação com o ECA, a legislação 
previa a proteção de crianças e adolescentes apenas através da vigilância e “guarda” de 
delinquentes e do amparo contra o abandono. 
e) A “renda mensal vitalícia” era benefício previdenciário destinado a idosos acima de 70 
anos e inválidos com hipossuficiência econômica.
Questão 2
211/275
3. Assinale a alternativa correta. A responsabilidade pela proteção, ampa-
ro e respeito aos direitos dos idosos é:
a) da família
b) da sociedade
c) do próprio idoso
d) do Estado
e) solidária entre a família, a sociedade e o Estado
Questão 3
212/275
4. Qual o conceito atual de pessoa com deficiência para fins de conces-
são do benefício de prestação continuada da Assistência Social, previsto 
na Lei nº 8742/93?
a) é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho, e a concessão do 
benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de incapacidade pela perícia 
médica e assistencial do INSS. 
b) aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, 
os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e 
efetiva na sociedade com as demais pessoas. E impedimentos de longo prazo: aqueles que 
incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo 
prazo mínimo de 2 (dois) anos.
c) aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou 
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação 
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. E 
impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a 
vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
Questão 4
213/275
d) aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou 
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação 
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. E 
considera-se impedimento de longo prazo aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo 
de 2 (dois) anos.
e) é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 
(dois) anos.
Questão 4
214/275
5. Assinale a alternativa correta, de acordo com o ECA e o ESTATUTO DA 
JUVENTUDE:
a) considera-se criança a pessoa até 12 anos de idade, adolescente a pessoa entre 12 e 14 
anos de idade, jovem a pessoa com idade entre 15 e 29 anos
b) considera-se criança a pessoa até 12 anos de idade, adolescente a pessoa entre 12 e 18 
anos de idade, jovem a pessoa com idade entre 15 e 29 anos
c) considera-se criança a pessoa até 12 anos de idade, adolescente a pessoa entre 12 e 18 
anos de idade, jovem a pessoa com idade entre 19 e 29 anos
d) considera-se criança a pessoa até 12 anos de idade, pré-adolescente a pessoa entre 12 e 
14 anos de idade, adolescente a pessoa com idade entre 15 e 18 anos, jovem a pessoa com 
idade entre 19 e 29 anos
e) considera-se criança a pessoa até 14 anos de idade, adolescente a pessoa entre 15 e 18 
anos de idade, jovem a pessoa com idade entre 19 e 29 anos
Questão 5
215/275
Gabarito
1. Resposta: E.
A legislação da pessoa com deficiência 
não prevê o fornecimento de material 
escolar gratuito ou bolsa alimentação para 
incentivo dos estudos.
2. Resposta: B.
O tema deficiência já esteve presente em 
outros censos anteriores, porém o Censo 
de 2010 foi o primeiro realizado de acordo 
com o novo conceito de deficiência trazido 
pela Convenção Internacional da Pessoa 
com Deficiência de 2008.
3. Resposta: E.
A Constituição Federal de 1988 prevê a 
responsabilidade de família, sociedade 
e Estado em conjunto para proteger as 
pessoas idosas.
4. Resposta: D.
De acordo com o art. 20 da Lei 8742/93 
com a redação dada pela Lei nº 
13146/2015, a afirmação correta é a 
de que Pessoa com Deficiência é aquela 
que tem impedimento de longo prazo 
de natureza física, mental, intelectual 
ou sensorial, o qual, em interação com 
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade 
216/275
Gabarito
em igualdade de condições com as demais 
pessoas. E considera-se impedimento de 
longo prazo aquele que produza efeitos 
pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
5. Resposta: B.
De acordo com o ECA, considera-se 
criança a pessoa até 12 anos de idade e 
adolescente a pessoa entre 12 e 18 anos 
de idade. De acordo com o ESTATUTO DA 
JUVENTUDE, considera-se jovem a pessoa 
com idade entre 15 e 29 anos. Desta forma 
há uma incidência concomitante das 
duas leis sobre a faixa etária dos 15 aos 
18 anos, desde que não conflitantes, com 
prevalência do ECA.
217/275
Unidade 7
Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência
Objetivos
1. Entender a estrutura das políticas de 
defesa de direitos sociais no Brasil
2. Conhecer as principais políticas 
de defesa de direitos relativas aos 
idosos, criança e adolescente e 
pessoa com deficiência
3. Identificar os instrumentos de 
participação social nas políticas de 
defesa de direitos sociais.
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência218/275
Introdução
As políticas públicas de defesa de direitos 
de idosos, crianças e adolescentes, 
e das pessoas com deficiência, tem 
seus parâmetros determinados pela 
Constituição Federal e pela legislação 
infraconstitucional específica. 
Temos como legislação básica a considerar, 
além da influência do direito internacional 
e das Convenções e Tratados ratificados 
pelo Brasil, nas áreas de estudo que 
interessam a esta disciplina: Estatuto 
do Idoso, Estatuto da Criança e do 
Adolescente, Estatuto da Juventude, 
Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
A Secretaria de Direitos Humanos da 
Presidência da República é responsável 
pela coordenação entre Ministérios e 
diversos setores para elaboração de 
políticas de promoção e proteção de 
Direitos Humanos. Possui em sua estrutura 
divisões temáticas para melhor condução 
da elaboração de diretrizes e fiscalização 
da implementação das mesmas pelos 
diversos órgãos responsáveis. 
O desenvolvimento das políticas públicas 
sobre os direitos de crianças e adolescentes 
fica a cargo da Secretaria Nacional de 
Promoção dos Direitos da Criança e do 
Adolescente (SNPDCA). 
1. Políticas de defesa dos direi-
tos de crianças e adolescentes 
Na esfera federal encontramos os 
programas coordenados pela Secretaria 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência219/275
Nacional de Promoção dos Direitos da 
Criança e do Adolescente:
• Proteção a crianças e adolescentes 
ameaçados de morte – Este 
programa tem execução integrada 
entre a SDH, governos estaduais e 
organizações não governamentais, e 
objetiva: identificar através do Poder 
Judiciário, dos Conselhos Tutelares 
e do Ministério Público, crianças e 
adolescentes sob risco; retirá-los da 
situação de risco, movendo-os do 
localda ameaça para novo espaço de 
moradia e convivência e oferecendo 
inclusão educacional e profissional. 
• Observatório Nacional de crianças 
e adolescentes – área técnica da 
SDH que age através do Sistema 
de Informações para a Infância e 
Adolescência (Sipia) e dos Núcleos 
Locais de Participação Cidadã dos 
Adolescentes, com objetivo de 
disseminar informações e bases 
de dados facilitando a gestão de 
programas de proteção aos direitos 
da infância e envolver a sociedade 
nos temas importantes de debate 
para a elaboração de políticas 
públicas na área. 
• Sistema Nacional de Atendimento 
Socioeducativo (Sinase) – 
responsável por coordenar as 
medidas socioeducativas aplicadas a 
adolescentes infratores. 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência220/275
• Programa Nacional de Enfrentamento 
da Violência Sexual contra Crianças 
e Adolescentes – desenvolvido 
através de ações articuladas 
regionalmente, com iniciativas e 
ações como o Disque 100 e o PAIR 
(Programa de Ações Integradas e 
Referenciais de Enfrentamento à 
Violência Sexual, Infanto-Juvenil no 
Território Brasileiro); com a Comissão 
Intersetorial de Enfrentamento ao 
Abuso e à Exploração Sexual de 
Crianças e Adolescentes, composta 
por ministérios, pela sociedade 
civil organizada e organismos 
de cooperação internacional, de 
forma a tratar o problema de forma 
global; Programa de Empresas 
contra a Exploração, promovendo 
a conscientização de corporações 
para o problema e incentivando que 
atuem com responsabilidade social 
divulgando os direitos da criança e 
adolescente. 
• Fortalecimento de Conselhos 
de Direitos das Crianças e dos 
Adolescentes e de Conselhos 
Tutelares – programa de incentivo a 
estados e municípios para a criação 
de novos Conselhos Tutelares para 
ampliar o sistema de atendimento 
e fiscalização do cumprimento dos 
direitos da criança e do adolescente, 
em cumprimento ao ECA. 
• Convivência Familiar e Comunitária – 
a família é tida como o espaço mais 
adequado para o desenvolvimento 
humano saudável. Neste sentido 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência221/275
a SDH busca fomentar programas de apoio sociofamiliar. Algumas linhas de atuação 
na área de fomento à convivência familiar incluem: Protocolo Nacional para a Proteção 
Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Riscos e Desastres; Cadastro Nacional 
de Crianças e Adolescentes Desaparecidos; Plano Nacional de Convivência Familiar 
e Comunitária - Reordenamento Institucional de Unidades de Acolhimento; Adoção 
de Crianças e Adolescentes; Crianças e Adolescentes filhos de Mães Presas; Crianças 
e Adolescentes em Situação de Rua; Crianças e adolescentes submetidos a Castigos 
Corporais ou tratamento cruel ou degradante; Crianças e Adolescentes Indígenas e 
Quilombolas; Primeira Infância. 
Para saber mais
Uma das formas de aperfeiçoamento do sistema de adoção de crianças e adolescentes no Brasil foi a 
criação de uma lista de pretendentes à adoção única em todo o país. Confira na notícia reproduzida 
abaixo como está a repercussão desta lista única e seus resultados1:
1 Disponível em <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-05/cadastro-nacional-e-simplificado-
-e-processo-de-adocao-deve-ficar> e acessada em 02/09/2015.
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência222/275
Para saber mais
Cadastro nacional é simplificado e processo de adoção deve ficar mais rápido
O tempo de espera para adoção deve ficar menor. Essa é a expectativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 
que lançou na semana passada nova versão do Cadastro Nacional de Adoção (CNA). O novo modelo é mais 
moderno, simples e permite o cruzamento de dados entre os pretendentes e as crianças de todo o Brasil. 
A principal mudança é a interligação nacional das comarcas. Antes, o juiz preenchia as informações, mas elas 
ficavam restritas ao estado de origem. Quando iniciava a procura por uma criança com o perfil solicitado pelos 
adotantes, o magistrado tinha de consultar diferentes cadastros, o que, segundo a corregedora nacional de 
Justiça, ministra Nancy Andrighi, dificultava a tramitação do processo. 
“O novo cadastro ligará todos os juízes das varas da Infância e da Juventude do Brasil, que, em tempo real, 
tomam conhecimento da criança colocada para adoção. Em qualquer ponto do país, ele pode se comunicar com 
o colega que preencheu a ficha da criança para adoção. Por exemplo, um pretendente do Norte do país poderá 
encontrar uma criança no Sul”, explicou Nancy Andrighi.
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência223/275
Para saber mais
De acordo com a corregedora, o preenchimento do formulário também foi facilitado, reduzindo de 35 para o 12 o 
total de itens a serem informados pelos juízes no momento do lançamento dos dados no sistema. Segundo ela, a 
ordem da fila de adoção será respeitada. Todos os pretendentes do cadastro são considerados titulares do direito 
de adotar, já que, para ingressar no banco de dados, é necessário cumprir os trâmites exigidos pela lei. 
Dados do CNJ indicam que, atualmente, o cadastro tem 33,5 mil pretendentes e cerca de 5,7 mil crianças para 
adoção. Para Nancy Andrighi, a ferramenta foi concebida para ser um instrumento centralizador das informações 
nacionais a respeito da adoção. O CNA funcionará como mecanismo de auxílio ao juiz na localização de cadastros 
coincidentes, de forma a agilizar o processo de adoção. 
“O que fizemos foi uma simplificação, uma racionalização do cadastro e a interligação nacional. Simultaneamente, 
o juiz que cadastrou o pretendente é informado por email da existência de uma criança com o perfil pretendido 
pelo adotante.” 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência224/275
Para saber mais
A ministra acrescentou que outro alerta importante é o aviso que será enviado ao juiz caso um registro fique 
inativo por muito tempo, permitindo verificar e corrigir obstáculos que dificultem a adoção. 
Presidenta da organização não governamental (ONG) Aconchego, grupo brasiliense de apoio a adoção, Soraya 
Pereira alertou que nem todas as comarcas do Brasil dispõem do sistema ou têm condições adequadas de 
informática para implantação do mecanismo. 
“O cadastro existe para facilitar, para que possa realmente ocorrer essa troca de informações. Não adianta dizer 
que funcionará em todos os lugares, porque muitos não têm o sistema. Precisamos modernizá-lo, claro, mas 
também trabalhar com a parte técnica, com os técnicos que assessoram os juízes, que estão em contato com os 
pretendentes de adoção e que estão alimentando o sistema”, afirmou Soraya. 
A ministra Nancy Andrighi reconheceu que comarcas, principalmente no interior do país, têm dificuldades de 
conexão com a internet. Entretanto, ressaltou que o sistema foi desenvolvido para facilitar o trabalho dos juízes e 
agilizar o processo de adoção. “Estamos tentando corrigir isso. É possível colocar as informações a partir de uma 
comarca onde a internet funcione normalmente”, concluiu. 
Agência Brasil 
Edição: Armando Cardoso
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência225/275
Para saber mais
PARA saber mais sobre os programas de incentivo à convivência familiar para crianças e adolescentes, 
você pode acessar o conteúdo dos seguintes links:
<http://www.desaparecidos.gov.br/>
<http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/programas/convivencia-familiar-
e-comunitaria/pdf/orientacoes-tecnicas.pdf>
<http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/programas/convivencia-familiar-e-comunitaria/pdf/plano-nacional-de-convivencia-familiar-e.pdf>
<http://www.criancanaoederua.org.br/>
<http://www.naobataeduque.org.br/>
<http://primeirainfancia.org.br/>
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência226/275
2. Políticas de defesa dos direi-
tos dos idosos 
O Brasil já foi o país dos jovens. Passados 
muitos anos, estes jovens atingiram a 
idade adulta, muitos envelheceram. A 
expectativa de sobrevida tem aumentado 
consideravelmente, e as projeções indicam 
que a população de idosos será maioria em 
2050. 
Trata-se de motivo suficiente para que 
se ampliem as Políticas Públicas de 
proteção ao idoso, pois certamente será 
maior o desafio de cumprir as garantias 
constitucionais e as regras do Estatuto do 
idoso. 
A tendência ao envelhecimento 
populacional não é realidade apenas 
no Brasil, mas no resto do mundo, e já 
preocupa a ONU, que tem desde 2002 
o Plano de Ação Internacional para o 
Envelhecimento. O objetivo é desenvolver 
uma sociedade adequada para todas as 
idades, permitindo a inclusão dos idosos 
na sociedade (propiciando até mesmo 
prolongar sua vida economicamente ativa). 
A ideia é o envelhecimento ativo, cujo 
conceito varia de acordo com o ângulo, 
pois a OMS, por exemplo, entende este 
envelhecer ativo como envelhecer com 
saúde. 
Os programas voltados para a proteção de 
idosos trata, entre outros: de incentivo à 
saúde através da promoção de realização 
de atividades físicas adaptadas; de 
programas de formação de cuidadores 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência227/275
através do Pronatec; fornecimento 
gratuito de medicamentos indicados 
para tratamento de doenças típicas 
do envelhecimento como diabetes e 
osteoporose através do Programa de 
Farmácia Popular; financiamento de 
moradia própria através do Programa 
Minha Casa Minha Vida; renda mínima 
através da concessão do BPC-LOAS para os 
hipossuficientes. 
Algumas políticas públicas de proteção aos 
direitos do idoso são de âmbito federal, 
mas há também políticas estaduais e 
municipais, gerenciadas por Conselhos 
locais. 
No âmbito federal, a Coordenação Geral 
dos Direitos do Idoso é o órgão, vinculado à 
Secretaria Nacional de Promoção e Defesa 
dos Direitos Humanos, responsável pela 
promoção e garantia dos direitos da pessoa 
idosa articulando os agentes públicos para 
cumprimento das diretrizes do Estatuto do 
Idoso. 
Entre os programas de atuação desta 
Coordenação estão:
1. Plano de Ação para o Enfrentamento 
da Violência Contra Pessoa Idosa: 
objetiva promover ações em 
conformidade com o Estatuto do 
Idoso. Acesse a íntegra do Plano no 
link a seguir: 
<http://www.observatorionacional-
doidoso.fiocruz.br/biblioteca/_manu-
al/11.pdf>
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência228/275
Veja também o Manual do Cuidador 
da Pessoa idosa, mais uma iniciativa 
nos esforços de enfrentamento à 
violência contra os idosos. 
<http://www.sdh.gov.br/assuntos/
pessoa-idosa/legislacao/pdf/manual-
do-cuidadora-da-pessoa-idosa>
2. Plano de Ação Internacional para 
o Envelhecimento – criado na 
Convenção da ONU realizada em 
Madri em 2002, reitera o objetivo 
de desenvolver uma sociedade 
adequada para todas as idades. 
Acesse a íntegra do Plano no 
link a seguir: <http://www.
observatorionacionaldoidoso.fiocruz.
br/biblioteca/_manual/5.pdf>
O Plano da ONU é dividido em 3 
eixos prioritários: Pessoas Idosas e 
o Desenvolvimento; Promoção da 
saúde e bem-estar na velhice; Criação 
de ambiente propício e favorável. 
Sob cada um destes eixos determinam-
se os temas e objetivos programáticos, 
como os listados a seguir:
• Reconhecimento da contribuição 
social, cultural, econômica e 
política das pessoas idosas;
• Participação de idosos nos 
processos de tomada de decisões 
em todos os níveis;
• Oferecer oportunidades de 
emprego a todas as pessoas idosas 
que desejem trabalhar;
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência229/275
• Melhoria das condições de vida e 
da infraestrutura das zonas rurais;
• Diminuição da marginalização de 
pessoas idosas nas zonas rurais;
• Igualdade de oportunidades 
durante toda a vida em matéria 
de educação permanente, 
capacitação e reabilitação, assim 
como de orientação profissional e 
acesso a serviços de inserção no 
trabalho;
• Plena utilização das possibilidades 
e dos conhecimentos de pessoas 
de todas as idades, reconhecendo 
os benefícios frutos de uma 
experiência adquirida com a idade;
• Fortalecer a solidariedade 
mediante a equidade e a 
reciprocidade entre as gerações;
• Redução da pobreza entre as 
pessoas idosas;
• Realização de programas que 
permitam a todos os trabalhadores 
terem uma proteção social / 
seguridade social básica que 
compreenda, quando for o caso, 
pensões, seguro invalidez e 
assistência à saúde;
• Renda mínima suficiente para 
idosos, com especial atenção 
aos grupos em situação social e 
econômica desvantajosa;
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência230/275
• Redução dos efeitos acumulativos 
dos fatores que aumentam 
o risco de sofrer doenças e, 
em consequência, a possível 
dependência na velhice;
• Elaboração de políticas para 
prevenir a falta de saúde entre as 
pessoas idosas;
• Acesso de todos os idosos à 
alimentação e a uma nutrição 
adequada;
• Eliminação das desigualdades 
sociais e econômicas por razões 
de idade ou sexo ou por outros 
motivos, inclusive as barreiras 
linguísticas, a fim de garantir 
que os idosos tenham um acesso 
universal e em condições de 
igualdade à assistência à saúde;
• Participação de idosos no 
desenvolvimento e fortalecimento 
dos serviços de atenção primária 
de saúde e atendimento a longo 
prazo;
• Fortalecimento e reconhecimento 
da contribuição de idosos para 
desenvolvimento quando cuidam 
de crianças com enfermidades 
crônicas, inclusive a aids, e quando 
substituem aos pais;
• Melhorar a informação e a 
capacitação de profissionais de 
saúde e de serviços sociais quanto 
às necessidades de idosos;
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência231/275
• Manutenção de máxima 
capacidade funcional durante 
toda a vida e promoção da 
plena participação dos idosos 
portadores de incapacidades;
• Promover o envelhecimento na 
comunidade em que se viveu, 
levando devidamente em conta 
as preferências pessoais e as 
possibilidades no tocante à 
moradia acessível para idosos;
• Melhoria do projeto ambiental 
e da moradia para promover 
a independência de idosos 
considerando suas necessidades, 
particularmente dos que 
apresentam incapacidades;
• Melhorar a disponibilidade 
de transporte acessível e 
economicamente exequível, para 
os idosos;
• Oferecer assistência e serviços 
contínuos, de diversas fontes, a 
idosos e às pessoas que prestam 
assistência;
• Eliminação de todas as formas 
de abandono, abuso e violência 
contra idosos;
• Criação de serviços de apoio para 
atender aos casos de abuso e 
maus-tratos a idosos;
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência232/275
ambém vinculada à SDH/PR temos o CNDI12 
(Conselho Nacional dos Direitos do Idoso) 
criado em 2002 como órgão colegiado 
para elaborar as diretrizes de implantação 
da Política Nacional do Idoso (Lei nº 
8842/94).23 
O Decreto nº 8.114/201334 cria 
o Compromisso Nacional para o 
Envelhecimento Ativo, fruto dos esforços 
e debates da sociedade civil durante a3ª Conferência Nacional dos Direitos 
2 Consulte detalhes sobre o CNDI no link <http://www.
sdh.gov.br/sobre/participacao-social/conselho-nacio-
nal-dos-direitos-do-Idoso-CNDI> 
3 Disponível para consulta no link: <http://www.mds.gov.
br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normati-
vas/politica_idoso.pdf>
4 Disponível para consulta no link <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8114.
htm>
da Pessoa Idosa, em 2011. Trata-se de 
um compromisso nacional para, a partir 
de determinados parâmetros mapear 
as necessidades e planejar as políticas 
públicas, que envolvem a participação 
de 17 ministérios, através da Comissão 
Interministerial, além de Estados e 
Municípios, para a defesa dos direitos dos 
idosos, através de 3 eixos:
• Emancipação e protagonismo;
• Promoção e defesa de direitos; e
• Informação e formação. 
O Compromisso Nacional para o 
Envelhecimento Ativo poderá contar com 
a colaboração, em caráter voluntário, de 
órgãos e entidades públicos ou privados, e 
de pessoas físicas, garantindo dessa forma 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência233/275
a participação social nas definições de 
políticas públicas e execução de programas 
de promoção e proteção dos direitos dos 
idosos. 
2. Políticas de defesa dos direi-
tos da pessoa com deficiência
O Conade (Conselho Nacional dos Direitos 
da Pessoa com Deficiência) é um órgão 
superior de deliberação colegiada, ligado 
à SDH, criado para acompanhar e avaliar 
o desenvolvimento da política nacional 
para inclusão da pessoa com deficiência 
e as políticas setoriais direcionadas a 
esse grupo. A Secretaria Nacional de 
Promoção dos Direitos da Pessoa com 
Deficiência (SNPD), é o órgão integrante 
da SDH responsável pela coordenação das 
políticas públicas relativas às pessoas com 
deficiência. 
Entre os programas desenvolvidos para 
fomentar a defesa dos direitos da pessoa 
com deficiência está o “Viver sem Limite 
– Plano Nacional dos Direitos da Pessoa 
com Deficiência” – lançado em 2011 com o 
objetivo de implementar novas iniciativas 
de governo para garantir oportunidades, 
cidadania e direitos. Trata-se de um 
conjunto de políticas públicas que incluem: 
Acesso à educação, Inclusão Social, 
Atenção à Saúde e Acessibilidade. 
No Viver sem Limite, as ações direcionadas 
à garantia de acesso à educação das 
pessoas com deficiência tem como 
fundamento proporcionar a igualdade de 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência234/275
oportunidades, e envolvem as seguintes 
iniciativas: 
• Salas de recursos multifuncionais;
• Escola acessível;
• Transporte escolar acessível;
• Programa de capacitação técnica;
• Acessibilidade na Educação Superior 
– Incluir;
3. Educação bilíngue;
4. BPC na escola.
As ações direcionadas à inclusão social 
incluem:
• BPC no trabalho;
• Residências Inclusivas;
• Centros-Dia
As ações de Atenção à Saúde envolvem 
identificação precoce de deficiências, 
prevenção de agravos, tratamento e 
reabilitação, e incluem:
• Programa Nacional de Triagem 
Neonatal;
• Programa de diretrizes terapêuticas;
• Centros Especializados em 
Reabilitação;
• Fornecimento de transporte 
adaptado para acesso à saúde;
• Oficinas ortopédicas e ampliação da 
oferta de órteses, próteses e meios 
auxiliares de locomoção;
• Programa de atenção odontológica.
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência235/275
As ações que envolvem cuidados para 
proporcionar melhor acessibilidade 
incluem:
• Programa de financiamento de 
casa própria – construção de casas 
adaptáveis ou kits para adaptação 
das moradias atuais;
• Centros Tecnológicos Cães-Guia – 
para treinamento de instrutores e 
treinadores de cães-guia;
• Programa Nacional de Inovação em 
Tecnologia Assistiva;
• Centro Nacional de Referência em 
Tecnologia Assistiva;
• Crédito facilitado para produtos de 
tecnologia assistiva. 
Como referência fundamental para 
definição de prioridades no atendimento 
às pessoas com deficiência nos programas 
do “Viver sem Limite”, a SDH informa que 
a partir da “constatação de que, ainda que 
a condição de deficiência esteja presente em 
diferentes grupos sociais e em diferentes 
idades, existe uma estreita relação entre 
pobreza extrema e agravamento das 
condições de deficiência” o plano terá 
especial atenção com as pessoas em 
situação de extrema pobreza. 
O acompanhamento das ações relativas 
ao Plano Nacional dos Direitos da Pessoa 
com Deficiência pode ser feito através do 
website de observatório do respectivo 
programa no endereço eletrônico da 
Secretaria de Direitos Humanos (SDH) 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência236/275
no seguinte link: <http://www.sdh.gov.
br/assuntos/pessoa-com-deficiencia/> 
observatorio e as atividades da Secretaria 
Nacional de Promoção dos Direitos 
da Pessoa com Deficiência podem ser 
acompanhadas no link: <http://www.
pessoacomdeficiencia.gov.br/app/>
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência237/275
Glossário
Tecnologia assistiva: de acordo com o CAT – Comitê de Ajudas Técnicas, instituído pela Portaria nº 
142/2006, “Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que 
engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a 
funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou 
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (ATA VII - 
Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência 
(CORDE) - Secretaria Especial dos Direitos Humanos - Presidência da República). 
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência238/275
Glossário
Medidas socioeducativas: estão previstas no art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
e são aplicáveis pela autoridade competente após ato infracional cometido pelo adolescente e definidas 
de acordo com a capacidade de ele cumpri-la. Podem ser as seguintes: advertência, obrigação de reparar 
o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semi-liberdade, 
internação em estabelecimento educacional, encaminhamento aos pais ou responsável mediante termo de 
responsabilidade; orientação, apoio e acompanhamento temporários; matrícula e frequência obrigatórias 
em estabelecimento oficial de ensino fundamental; inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à 
família, à criança e ao adolescente; requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime 
hospitalar ou ambulatorial; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxilio, orientação e tratamento 
a alcoólatras e toxicômanos.
Cães-guia: animais treinados para ajudar cegos ou pessoas com deficiência visual grave em sua 
locomoção e atividades diárias.
Questão
reflexão
?
para
239/275
A SDH/PR afirma em seu website que os programas do 
Plano “Viver sem Limites”, para inclusão de pessoas com 
deficiência, terão como prioridade o atendimento das 
pessoas com deficiência em condições de extrema pobreza, 
por entender-se que tal condição tem relação diretamente 
proporcional de agravamento das condições da deficiência. 
Você considera este parâmetro de definição de prioridades 
adequado? Isso significa que a carência de recursos 
públicos orçamentários pode restringir o atendimento 
de pessoas com melhor condiçãofinanceira? Isso não 
eliminaria a efetividade da proteção constitucional à 
pessoa com deficiência?
240/275
Considerações Finais (1/2)
As políticas públicas de proteção aos direitos dos idosos, das crianças, 
adolescentes e jovens, e das pessoas com deficiência, constituem um desafio 
para o Estado na implantação das legislações infraconstitucionais derivadas 
da Constituição Federal de 1988, bem como das normas programáticas 
de Convenções em que o país é signatário, emitidas por organismos 
Internacionais de Direitos Humanos, e incorporados ao nosso ordenamento 
jurídico.
Todas se referem a direitos fundamentais subjetivos e possuem 
características comuns de inclusão e participação social como objetivos. 
Parte destas políticas públicas já estão em uma segunda fase, passados mais 
de 20 anos do surgimento da legislação originária, e a sociedade pode avaliar 
seus avanços e retrocessos. É o caso da proteção à criança e ao adolescente, 
agora acrescida dos direitos conferidos pelo Estatuto da Juventude, que 
em alguns casos inova além da Constituição (sem contrariá-la, mas 
aperfeiçoando a previsão legal de certos direitos específicos). A proteção ao 
241/275
idoso também parte de uma fase inicial com a Constituição Federal de 1988, 
aperfeiçoada com o Estatuto do Idoso em 2003, e no âmbito da renovação 
das políticas públicas a caminho do aperfeiçoamento pelo Compromisso 
Nacional para o Envelhecimento Ativo, criado pelo Decreto nº 8.114/2013.
A Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência vem inovar e trazer os 
parâmetros necessários para internalização da Convenção da Pessoa com 
Deficiência de NY, e dá continuidade à implantação de direitos iniciada já em 
2009 quando recepcionada a norma pela Constituição Federal. 
Há enfim, diversas políticas públicas setoriais para a promoção e a defesa 
dos direitos dos cidadãos mencionados em andamento, que contam com a 
participação ativa do governo Federal, de Estados, Municípios e entidades 
organizadas da sociedade civil, e devem fornecer as bases e as condições 
para a efetivação dos direitos em questão nos próximos anos.
Considerações Finais (2/2)
Unidade 7 • Políticas de Defesa de Direitos: Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com Deficiência242/275
Referências
As referências para pesquisa sobre as políticas públicas de proteção aos idosos, crianças e 
adolescentes e pessoas com deficiência, com base na legislação vigente, foi a consulta aos 
websites oficiais dos programas desenvolvidos pelo Governo Brasileiro.
243/275
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Aula 7 - Tema: Políticas de Defesa de Direitos: 
Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com 
Deficiência
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Idoso, Criança e Adolescente e Pessoa com 
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1d/78020863621486a71263e62eb6a2d9bc>. 
244/275
1. As políticas públicas de defesa de direitos de idosos, crianças e adoles-
centes, e pessoas com deficiência, tem seus parâmetros determinados, 
além das normas constitucionais, pelas seguinte legislações, exceto:
a) Estatuto do Torcedor
b) Estatuto do Idoso
c) Estatuto da Criança e do Adolescente
d) Estatuto da Juventude
e) Estatuto da Pessoa com Deficiência
Questão 1
245/275
2. Entre os esforços da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos 
da Criança e do Adolescente (SNPDCA) estão os seguintes programas, 
exceto:
a) Proteção a crianças e adolescentes ameaçados de morte
b) Observatório Nacional de crianças e adolescentes
c) Programa de incentivo à cultura e ao esporte
d) Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
e) Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
Questão 2
246/275
3. Considerando as afirmações abaixo, escolha a alternativa correta:
I. A família é tida como o espaço mais adequado para o desenvolvimento humano saudável.
II. Uma das formas de aperfeiçoamento do sistema de adoção de crianças e adolescentes no 
Brasil foi a criação de uma lista de pretendentes à adoção única em todo o país.
III. Crianças e adolescentes ameaçados de morte são colocados sob proteção vigiada nos 
locais em que estão sob risco para não se afastarem do convívio social em que estão 
integrados.
a) apenas a afirmação I é verdadeira;
b) todas as afirmações são verdadeiras;
c) todas as afirmações são falsas;
d) apenas a afirmação III é falsa;
e) apenas a afirmação II é verdadeira.
Questão 3
247/275
4. São programas do Governo brasileiro voltados para a proteção dos di-
reitos dos idosos, ou que atendem este objetivo, os seguintes, exceto:
a) Programa Farmácia Popular;
b) programa de formação de cuidadores;
c) incentivo à saúde através da promoção de realização de atividades físicas adaptadas;
d) Programa Minha Casa Minha Vida
e) Programa Dança com os Idosos e Bocha Popular para incentivo de participação esportiva
Questão 4
248/275
5. O programa “Viver sem Limite” é um conjunto de políticas públicas 
que envolve as iniciativas a seguir, exceto:
a) Acesso à educação
b) Refinanciamento de empréstimos consignados
c) Inclusão Social
d) Atenção à Saúde
e) Acessibilidade
Questão 5
249/275
Gabarito
1. Resposta: A.
O Estatuto do Torcedor não se relaciona 
com os assuntos tratados nesta aula. É a Lei 
nº 10.671/03, fruto da preocupação com 
a segurança dos torcedores nos estádios 
de futebol, após um período de muita 
violência entre as torcidas organizadas.
2. Resposta: C.
Embora relacionada aos direitos sociais, 
e importantes para a cultura e a saúde de 
crianças e adolescentes, o Programa de 
incentivo à cultura e ao esporte não faz 
parte dos esforços da Secretaria de Direitos 
Humanos através do SNPDCA, mas em 
geral tem ligação dom a Lei de Incentivo ao 
Esporte (Lei nº 11.438/06).
3. Resposta: D.
O programa de proteção a crianças e 
adolescentes ameaçados de morte prevê 
que sejam retirados do local da ameaça, 
para afastá-los do risco, proporcionando 
novo local de moradia e estudo, longe do 
convívio social em que se encontram sob 
risco.
4. Resposta: E.
O Programa Dança com os Idosos e Bocha 
Popular para incentivo de participação 
esportiva não existe no âmbito das 
Políticas públicas de proteção aos direitos 
dos idosos, embora mencione atividades 
desenvolvidas pelos idosos como lazer.
250/275
Gabarito
5. Resposta: B.
O programa Viver sem Limites não tem 
qualquer relação com financiamento 
ou refinanciamento de empréstimos 
consignados.
251/275
Unidade 8
Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios
Objetivos
1. Avaliar a perspectiva histórica da 
proteção de direitos humanos através 
da Seguridade Social
2. Destacar quais os avanços obtidos 
desde a Constituição Federal de 1988
3. Apontar os limites e os desafios 
aparentes na atual conjuntura 
econômica e social global
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios252/275
Introdução
De forma condensada podemos traçar, a 
partir dos ensinamentos de Flávia Piovesan, 
alguns limites e desafios à proteção e 
implementação dos direitos humanos na 
ordem internacional contemporânea, que 
refletem diretamente na proteção destes 
direitos em cada nação individualmente. 
2.1 – Universalismo ou relati-
vismo cultural. 
Abordamos em aula anterior sobre a 
concepção contemporânea de direitos 
humanos, obtida a partir da Declaração 
de Direitos Humanos de 1948, em que 
uma das características principais é o 
universalismo, no sentido de direitos 
inerentes à condição de ser humano na 
qual todos os seres humanosteriam como 
valor intrínseco a dignidade, ainda que 
representada pelo seu mínimo existencial 
ou “mínimo ético irredutível”. 
Existe atualmente uma nova corrente 
doutrinária filosófica que busca definir 
uma noção de direitos humanos não mais 
universalista, mas relativista, consideradas 
as especificidades culturais de cada nação 
ou sociedade. O que permitiria valores 
diferenciados a ser respeitados por cada 
cultura, e de certa forma, traria fragilidade 
para a proteção em âmbito internacional 
dos direitos humanos, dada a diversidade 
de direitos fundamentais entre as 
diferentes culturas ou nações. 
O desafio se encontra em buscar um novo 
consenso na construção de parâmetros 
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios253/275
internacionais mínimos voltados à 
proteção dos direitos humanos, baseado 
em um universalismo de confluência (como 
sustenta Joaquim Herrera Flores) ou em 
um multiculturalismo equilibrado (como 
sustenta Boaventura de Souza Santos), em 
que o segredo parece estar em conhecer as 
diferenças culturais e reconhecer o direito 
à dignidade e os direitos do outro apesar 
destas diferenças. 
2.2 – Globalização econômica 
e direito ao desenvolvimento
O direito ao desenvolvimento foi incluído 
pela ONU em 1986 como um dos direitos 
humanos. Ele envolve a necessidade 
de participação democrática, de 
justiça social e de políticas nacionais 
e de cooperação internacional para o 
desenvolvimento das nações. Ocorre 
que as desigualdades políticas, sociais e 
econômicas, resultam em oportunidades 
diferentes de desenvolvimento das 
nações, principalmente na economia 
globalizada atual. Estas desigualdades 
são a realidade tanto internamente, em 
um país ou região, quanto entre países. 
E se os direitos humanos não são apenas 
os direitos civis e políticos individuais, 
mas agora ampliados com direitos 
sociais e culturais, de desenvolvimento 
e econômicos, de inclusão social, então 
o grande desafio da era da globalização 
econômica é o enfrentamento da pobreza. 
Para este enfrentamento é essencial que 
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios254/275
os parceiros econômicos globalizados 
incluam nas relações entre si não apenas a 
preocupação com a dimensão econômica 
das desigualdades, mas com a dimensão 
humana. 
2.3 – Intolerância e vulnerabili-
dade de minorias
Considerando-se a indivisibilidade dos 
direitos humanos, e que a violação de um 
aspecto do ser humano implica na violação 
a todos os outros, a pobreza advinda das 
desigualdades econômicas e sociais é um 
dos grandes desafios das nações. 
Há que se considerar ainda sobre a 
natureza destas desigualdades em relação 
à pobreza, enquanto consequência 
de limitação de direitos por exclusão 
econômica, cultural ou social, em razão 
de qualquer diversidade, de forma a 
determinar se há grupos especialmente 
vulneráveis que demandariam políticas 
específicas de proteção. No Brasil, a 
criação do sistema de cotas para alunos 
afrodescendentes seria um exemplo destas 
políticas específicas no contexto do direito 
à educação. Assim como a política de cotas 
para pessoas com deficiência no direito 
trabalhista. 
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios255/275
Para saber mais
As empresas muitas vezes alegam dificuldade em preencher toda a cota obrigatória de pessoas com 
deficiência em seus quadros de funcionários. As alegações são diversas, mas em geral referem-se à falta 
de pessoal qualificado. Talvez seja mais fácil a estas empresas administrar programas de formação de 
pessoal destinado a pessoas com deficiência que possam ser aproveitadas na própria empresa, e assim 
estariam cumprindo também com sua função social. 
Confira na notícia1 reproduzida abaixo um exemplo de inclusão no trabalho no serviço público:
Turma mantém nomeação e posse de deficientes auditivos unilaterais nas vagas destinadas a pessoas com 
deficiência
A 6ª Turma do Tribunal Regional 1ª Região negou provimento à apelação interposta pela União contra 
sentença que concedeu a segurança a dois candidatos, ora impetrantes, reconhecendo-lhes o direito de serem 
classificados nas vagas destinadas às pessoas com deficiência em concurso público por serem, os requerentes, 
deficientes auditivos unilaterais, sendo que tal deficiência é irreversível. 
1 Disponível em <https://portal.trf1.jus.br/portaltrf1/comunicacao-social/imprensa/noticias/decisao-turma-mantem-
-nomeacao-e-posse-de-deficientes-auditivos-unilaterais-nas-vagas-destinadas-a-pessoas-com-deficiencia.htm> 
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios256/275
Para saber mais
No recurso, a União alegou que os apelados têm deficiência auditiva unilateral, não se enquadrando no inciso II, 
do art. 3º, do Decreto nº 3.928/99. Sustentou que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmou entendimento no 
sentido de que surdez unilateral não pode ser considerada deficiência para fins de concurso público. 
Acrescentou, o ente público, que o edital é a norma de regência do concurso tanto para Administração quanto 
para o candidato. Ressaltou ainda que a sentença recorrida, além de implicar quebra do princípio da isonomia, 
revela ofensa aos princípios da legalidade, da moralidade, da impessoalidade, bem como viola os incisos I e II 
do artigo 37 da Carta Magna de 1988 e os dispositivos legais que disciplinam o ingresso no serviço público. 
Ao analisar o caso, o relator, desembargador federal Kassio Nunes Marques, entendeu que os requerentes 
impetraram a ação com o objetivo de anular o ato administrativo que não os reconheceu como candidatos 
deficientes no concurso por apresentarem deficiência auditiva unilateral.
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios257/275
Para saber mais
“Em que pese a recente alteração de entendimento do STJ, no sentido de não ser possível assegurar às pessoas 
com deficiência auditiva unilateral o direito de concorrer como candidatos deficientes em concursos públicos, 
na presente hipótese, considerando que, por força da sentença, os impetrantes foram nomeados e empossados, 
e em se tratando de situação envolvendo pessoas integrantes de grupo vulnerável, vez que comprovadamente 
pessoas com deficiência, tal situação deve ser mantida em atenção aos princípios da dignidade humana, da 
boa-fé e da segurança jurídica”, finalizou o magistrado. 
A decisão foi unânime. 
Processo nº: 0051848-26.2012.4.01.3400/DF
Nesse sentido teríamos não apenas o direito à igualdade, em que todos os homens são iguais 
e gozam dos mesmos direitos sem distinção ou discriminação de qualquer forma (raça, cor, 
sexo, idioma, religião, opinião política, origem nacional ou social, fortuna, nascimento...). 
Mas também teríamos o direito à diferença e à proteção diferenciada consideradas as 
vulnerabilidades histórico política sociais. 
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios258/275
Percebemos aqui novamente a via de mão 
dupla da proteção dos direitos humanos, 
em que o mesmo demanda uma ação 
negativa e outra positiva do outro. Ao 
mesmo tempo garante-se a proteção 
contra a violação de determinado direito 
e a promoção ou implementação daquele 
direito. No caso das minorias ou categorias 
mais vulneráveis, por exemplo, o Estado 
deve dispor de instrumentos de proteção 
contra sua discriminação ou exclusão 
e ao mesmo tempo deve promover 
a sua inclusão, ainda que através de 
instrumentos diferenciados ou especiais 
(discriminando-os para proteger). “Daí 
a urgência no combate de toda e qualquer 
forma de racismo; sexismo; homofobia; 
xenofobia e outras formas de intolerância 
correlatas, tanto mediante a vertente 
repressiva (que proíbe e pune a discriminação 
e a intolerância), como mediante a vertente 
promocional(que promove a igualdade).”12
Ao analisar a evolução histórica e as 
perspectivas da proteção dos direitos 
sociais destaca-se a questão da 
Seguridade Social no Brasil. 
Assim como em outros países, a 
Seguridade Social brasileira encontra-se 
em constante processo de adaptação. A 
legislação, principalmente a previdenciária, 
tem sofrido alterações em busca de uma 
Reforma do sistema desde 1995, de 
caráter infraconstitucional e constitucional 
(através de emendas). Em grande parte, 
2 PIOVESAN, Flávia – Caderno de Direito Constitucional
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios259/275
tais alterações restringem direitos sociais 
já conquistados ou torna mais rígidos os 
requisitos, as condições de elegibilidade 
aos benefícios previdenciários. O 
questionamento que se faz diante de 
tais alterações e da perspectiva de 
novas reformas legislativas abrange o 
princípio de proibição de retrocesso, 
o enquadramento dos direitos sociais 
enquanto direitos fundamentais, 
sua caracterização como normas 
programáticas ou direitos subjetivos. 
A partir de uma análise do Sistema de 
Seguridade Social conforme estabelecido 
na Constituição Federal e os valores 
e princípios que embasam o Estado e 
o ordenamento jurídico a partir dela, 
concordamos com a conclusão de Wagner 
Balera23:
“A base constitucional da Seguridade Social 
qualifica toda e qualquer uma das prestações 
como verdadeiros e próprios direitos 
públicos subjetivos. Os direitos sociais só 
podem ser entendidos, enquanto tais, como 
algo exigível pela população. Sem dúvida, foi 
essa a qualificação jurídica que os direitos 
sociais receberam no universo normativo do 
Brasil, em virtude da posição hierárquica que 
o valor social do trabalho (art. 1º, IV) possui 
no interior desse mesmo universo”.
3 Wagner BALERA. Noções preliminares de Direito Previ-
denciário. p. 110.
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios260/275
Para saber mais
Não só no âmbito da Seguridade Social, mas na proteção dos outros direitos sociais constitucionais, 
destaca-se o desafio de dar efetividade à nova Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Confira na 
notícia14 reproduzida abaixo as expectativas geradas pela nova legislação:
Presidente Dilma sanciona Estatuto da Pessoa com Deficiência
A presidente Dilma Rousseff sancionou ontem (6) a Lei Brasileira de Inclusão – Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, espécie de marco legal para pessoas com algum tipo de limitação intelectual ou física.  
O texto, aprovado em junho pelo Congresso Nacional, classifica o que é deficiência, prevê atendimento 
prioritário em órgãos públicos e dá ênfase às políticas públicas em áreas como educação, saúde, trabalho, 
infraestrutura urbana, cultura e esporte para as pessoas com deficiência.
4 Disponível em <http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-07/dilma-sanciona-lei-que-garante-direitos-
-da-pessoa-com-deficiencia >
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios261/275
Para saber mais
O ministro de Direitos Humanos, Pepe Vargas, disse que o estatuto vai consolidar e fortalecer o conjunto de 
medidas do governo direcionadas às pessoas com deficiência, mas disse que o cumprimento da lei também 
será responsabilidade de estados e municípios.  
“Agora, com o estatuto, temos uma legislação que precisa ser implementada na sua integralidade. Não é só 
uma responsabilidade da União, é também [responsabilidade] dos estados, municípios e da sociedade zelar 
pelo cumprimento do estatuto”, avaliou. “O Brasil se insere entre os países que têm legislação avançada e 
importante na afirmação dos direitos da pessoa com deficiência”, acrescentou.  
O presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), Flávio Henrique de Souza, 
lembrou que o Brasil tem 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e disse que a entidade vai 
cobrar e fiscalizar o cumprimento do estatuto. “O Conade estará atento a todas as questões, porque essa é uma 
etapa que conquistamos junto com o governo. Essa conquista não é boa somente para as pessoas, para o Brasil, 
porque o Brasil mostra que tem discussão, tem acesso, tem parceria e que essa pauta coloca as pessoas com 
deficiência, de uma vez por todas, dentro do tema dos direitos humanos.”
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios262/275
Para saber mais
Entre as inovações da lei, está o auxílio-inclusão, que será pago às pessoas com deficiência moderada ou 
grave que entrarem no mercado de trabalho; a definição de pena de reclusão de um a três anos para quem 
discriminar pessoas com deficiência; e ainda a reserva de 10% de vagas nos processos seletivos de curso de 
ensino superior, técnico e tecnológico para este público.  
Para garantir a acessibilidade, a lei também prevê mudanças no Estatuto da Cidade para que a União seja 
corresponsável, junto aos estados e municípios, pela melhoria de condições de calçadas, passeios e locais 
públicos para garantir o acesso de pessoas com deficiência.  
Luana Lourenço e Paulo Victor Chagas - Repórteres da Agência Brasil  
Edição: José Romildo
DESAFIOS
Dentre os desafios encontrados atualmente, considerando-se o mundo globalizado e cada 
vez mais influenciável no todo por movimentos regionais, o respeito e proteção aos direitos 
humanos enfrenta, entre outras, as seguintes questões: 
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios263/275
• a diversidade cultural, religiosa e política não apenas entre países ocidentais, mas entre 
ocidente e não-ocidente, que dificulta um conceito comunitário de direitos humanos;
• a pressão de movimentos migratórios de refugiados, fugindo da violência, de guerras 
ou da pobreza e da fome. Estes movimentos colocam em teste o comprometimento das 
nações com os princípios de Solidariedade Social e Dignidade Humana, demandando 
políticas de inclusão e desafios de adaptação cultural e social. Os desafios ao dar asilo 
a refugiados são comuns a qualquer nação, ou seja: possibilitar condições de moradia, 
saúde, alimentação adequada, emprego, acesso à educação e estímulo à integração 
social, respeitadas as diferenças culturais e religiosas. 
Para saber mais
Acesse o link <http://www.acnur.org/t3/portugues/o-acnur/> e conheça as atribuições do ACNUR – Alto 
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, destinado a estudar ações internacionais para a busca de 
soluções duradouras de proteção das pessoas deslocadas de seus locais de origem em todo o mundo. 
Acesse também a coletânea de Instrumentos legais para Proteção Nacional e Internacional de 
Refugiados e Apátridas, no link a seguir: <http://www.acnur.org/t3/fileadmin/scripts/doc.
php?file=t3/fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2012/Lei_947_97_e_Coletanea_
de_Instrumentos_de_Protecao_Internacional_de_Refugiados_e_Apatridas>
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios264/275
Ao mesmo tempo enfrentamos desafios 
internos sobre violação de direitos 
humanos, sobre retrocesso de direitos 
sociais, sobre reformas de adequação de 
legislação com objetivo de ajuste fiscal, e 
também os desafios externos ou globais. 
A proteção dada pela Seguridade Social 
aos estrangeiros em território brasileiro 
ainda é incompleta e instável. Os acordos 
internacionais de Seguridade Social 
possibilitam a proteção do brasileiro 
residente e trabalhador no país acordante, 
mas até que ponto tal proteção é efetiva se 
entendermos que os valores das prestações 
recebidas podem não ser muito superiores 
ao mínimo existencial possível. A proteção 
aos refugiados estará garantida na mesma 
medida que aos brasileiros e aos outros 
estrangeiros residentes no país? 
Além disso, a modernização da sociedade 
atual traz novos riscos, novas questõessociais cuja proteção será necessária. E ao 
lado das leis garantidoras e da sociedade 
participativa e solidária percebemos cada 
vez mais intolerância às diferenças, mais 
preconceito, e violência, gerando uma 
reação do poder de polícia que, de acordo 
com a Anistia Internacional, no Brasil tem 
sido uma das mais violentas do mundo. 
Enfim, é importante que se conheça a 
legislação protetiva, bem como o contexto 
social a que se referem e a dinâmica de 
geração de necessidades sociais, a fim de 
que possamos participar na gestão das 
soluções a tais desafios. 
Unidade 8 • Perspectiva Histórica, Avanços, Limites e Desafios265/275
Glossário5
Refugiados: expatriado, exilado, aquele que, por motivo político, procura abrigo em país estrangeiro.
Apátridas: pessoas sem Pátria, sem nacionalidade definida. 
Migrantes: pessoas que se mudam para outra região diferente da que habitualmente ocupavam. 15
5 Pesquisado no Dicionário Michaelis Online Português disponível em <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/in-
dex.php> 
Questão
reflexão
?
para
266/275
 Como preservar o respeito aos direitos humanos em 
tempos de terrorismo (Mundial) ou insegurança pública 
(Brasil)?
267/275
Considerações Finais
A partir da análise da evolução histórica da proteção dos direitos 
fundamentais e sociais no Brasil, percebe-se que a Constituição Federal de 
1988 foi responsável por transformações que possibilitaram um grau maior 
de bem-estar e justiça sociais que nos anos anteriores.
Apesar das alterações sociais e tecnológicas, dos avanços e retrocessos 
ocorridos na legislação social, das limitações políticas e econômicas, nos 
parece que o saldo é positivo no sentido de efetividade da promoção e defesa 
dos direitos fundamentais constitucionais. 
Os desafios que o país enfrenta nas questões de segurança pública, nas 
tentativas de eliminação do estado de extrema pobreza, nos esforços de 
educação em direitos humanos em um país cuja sociedade por vezes se 
mostra tão intolerante, poderiam ser piores se não houvesse um pouco 
de efetividade na proteção constitucional dos direitos fundamentais dos 
cidadãos.
268/275
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Aula 8 - Tema: Perspectiva Histórica, Avanços, 
Limites e Desafios
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Aula 8 - Tema: Perspectiva Histórica, Avanços, 
Limites e Desafios
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269/275
1. De acordo com as afirmações abaixo escolha a alternativa correta:
I. Na concepção contemporânea de direitos humanos, obtida a partir da DDH de 1948, o 
universalismo significa tais direitos são inerentes à condição de ser humano. 
II. Novas concepções de direitos humanos buscam definir o seu caráter relativista, em que 
para cada cultura poderia corresponder uma combinação diferenciada de valores a serem 
respeitados internacionalmente.
III. Um novo consenso do conceito de direitos humanos é desafio atual em que o segredo 
parece estar em conhecer as diferenças culturais e reconhecer o direito à dignidade e os 
direitos do outro apesar destas diferenças.
a) todas as afirmações são falsas
b) apenas a afirmação I é falsa
c) apenas a afirmação II é falsa
d) todas as afirmações são verdadeiras
e) apenas a afirmação III é falsa
Questão 1
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2. Entre os desafios causados pela globalização em relação aos direitos 
humanos não podemos afirmar que :
a) o grande desafio da era da globalização econômica é o enfrentamento da riqueza
b) as desigualdades políticas, sociais e econômicas, resultam em oportunidades diferentes de 
desenvolvimento das nações
c) desigualdades são a realidade tanto internamente, em um país ou região, quanto entre 
países
d) os direitos humanos são os direitos civis e políticos individuais, direitos sociais e culturais, 
de desenvolvimento e econômicos, de inclusão social
e) para o enfrentamento da pobreza é essencial que os parceiros econômicos globalizados 
incluam nas relações entre si a preocupação com a dimensão humana das desigualdades
Questão 2
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3. O que significa que há uma via de mão dupla da proteção dos direitos 
humanos?
a) que os homens têm direito à igualdade, mas também tem direito à diferença
b) que o mesmo direito demanda duas ações negativas por parte do outro indivíduo ou 
instituição
c) que o Estado pode discriminar para proteger 
d) que ao mesmo tempo deve-se garantir a proteção contra a violação de um direito e a 
promoção ou implementação desse direito 
e) que as categorias vulneráveis devem ser mais protegidas
Questão 3
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4. Entre os desafios que uma nação enfrenta ao receber refugiados em 
seu território não se inclui:
a) possibilitar condições de moradia
b) fornecer atendimento médico e de saúde
c) possibilitar acesso à educação 
d) estimular a integração social, a inclusão na sociedade
e) fornecer transporte gratuito para o retorno ao país de origem após quinze dias
Questão 4
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5. Entre os desafios internos enfrentados pelo Brasil, podemos incluir:
a) os acordos internacionais de previdência garantem a prestação com renda mensal 
equivalente ao teto máximo de contribuição
b) brasileiros, estrangeiros residentes e refugiados possuem os mesmos direitos perante a 
Seguridade Social
c) constante violação de direitos humanos, retrocesso de direitos sociais, reformas restritivas 
de direitos para atingir ajuste fiscal 
d) a modernização da sociedade renova os antigos riscos e não traz nenhum novo
e) o preconceito e o desrespeito às minorias foi finalmente erradicado do país.
Questão 5
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Gabarito
1. Resposta: D.
Todas as afirmações estão no texto e são 
verdadeiras.
2. Resposta: A.
O grande desafio das nações atualmente 
é o enfrentamento da pobreza, não da 
riqueza como no enunciado.
3. Resposta: D.
A proteção dos direitos humanos sempre 
envolve uma ação negativa (não violar o 
direito) e uma ação positiva (promover a 
existência e a implementação do direito 
protegido).
4. Resposta: E.
A finalidade ao dar asilo aos refugiados é 
permitir sua inclusão à sociedade receptora 
e não enviá-lo de volta ao local de fuga em 
15 dias.
5. Resposta: C.
Os desafios internos envolvem constante 
violação de direitos humanos, em diversas 
áreas e realidades. Nos últimos anos 
reformas causaram retrocesso em direitos 
sociais, a grande maioria com objetivo 
imediato de redução de gastos e equilíbrio 
para o ajuste fiscal.

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