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MODELO DINÂMICO DA MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA Alex Natal1, Fabio Eduardo Dembinski2, Gabriela Estrada3, Guilherme de Almeida Viana4, Samira Consoni5 Departamento de Engenharia Elétrica – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Via do Conhecimento, Km 1 – Pato Branco, Paraná, Brasil. Resumo – Este trabalho possui o objetivo de apresentar a modelagem matemática de uma máquina de indução trifásica utilizando o sistema de referência dinâmico qd0. Através de simulação poderá ser verificado o comportamento da máquina com esse sistema de referência. Palavras-Chave – Modelo Dinâmico, Máquina de Indução, Park, Clark, Circuito Equivalente. I. INTRODUÇÃO Todas as máquinas para funcionar corretamente, é necessário um modelo matemático adequado a planta a ser controlada, assim, as variáveis podem ter uma resposta constante em regime permanente. Para controlar o MIT (Modelo de Indução Trifásico) se faz necessário usar do artifício das transformadas, pois, a tensão e a corrente possuem uma forma senoidal, variando com o tempo por causa das mudanças da posição do rotor, fazendo com que haja um problema no acoplamento do estator e rotor. O modelo qd0, que é um sistema de referência fictício usando q como eixo de quadratura e d como eixo direto, fazendo com que estes eixos assumam uma posição arbitrária alinhando assim com a velocidade do rotor ou do estator, ele é utilizado para modelar o controle, de forma que as variáveis tensão e corrente se tornem constantes. Em síntese o modelo da máquina passa por um processo algébrico de transformação, o qual utiliza as transformadas de Park e Clark, as variáveis de estado passam para a referência qd0, assim são aplicadas as técnicas de controle e por fim faz- se a transformada inversa para as variáveis reais, sendo assim aplicar os níveis de tensão e corrente solicitados no controle na máquina. II. MODELAGEM POR EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Antes de se introduzir uma análise as transformadas de Clark e de Park, será necessário introduzir a modelagem das equações diferenciais dá máquina de indução trifásica. As máquinas de indução trifásicas com rotor bobinado e com rotor em gaiola são simétricas. Apresentam estruturas magnéticas cilíndricas tanto no rotor quanto no estator. Para a modelagem matemática da máquina, serão feitas algumas hipóteses simplificativas, a fim de minimizar a complexidade do estudo. Será necessário considerar que os três enrolamentos estatóricos são iguais entre si, que os enrolamentos rotóricos são iguais entre si, que os ângulos elétricos entre os enrolamentos são iguais, tanto no estator quanto no rotor, o entreferro é considerado constante, o circuito magnético é considerado ideal, ou seja, a saturação não existe. A distribuição da densidade de fluxo magnético no entreferro é radial e senoidal, a máquina será considerada bipolar. Não serão consideradas as perdas magnéticas. Essas considerações terão como finalidade estabelecer que o fluxo total seja o somatório do fluxo das três fases do rotor e do estator. Os enrolamentos do estator e do rotor possuem indutâncias próprias constantes, como consequência da igualdade dos enrolamentos tem-se que a indutância e resistência das três fases do estator são iguais entre si, assim como as do rotor. Como consequência do defasamento igual entre os enrolamentos, tem-se que a indutância mútua entre dois enrolamentos do estator são iguais, assim como do rotor. Por fim temos que as indutâncias mútuas entre os enrolamentos estatóricos e rotóricos são funções senoidais do deslocamento angular, como está representado na Figura 1. Temos então a convenção de que a máquina será tratada como um receptor e as equações das tensões terão a forma representada pela Equação 1. dt d iRv aaaa (1) Onde representa o fluxo total que envolve o enrolamento “a”. Figura 1-Representação simbólica dos enrolamentos do estator e do rotor. Fonte: Ivo Barbi (1) As equações das indutâncias mútuas entre os enrolamentos estatóricos e rotóricos podem ser representadas da seguinte forma: ) 3 4 cos( ) 3 2 cos( cos 31 21 11 SRRS SRRS SRRS MM MM MM (2) ) 3 2 cos( cos ) 3 4 cos( 32 22 12 SRRS SRRS SRRS MM MM MM (3) cos ) 3 4 cos( ) 3 2 cos( 33 23 13 SRRS SRRS SRRS MM MM MM (4) A partir dessas definições, podem-se deduzir as equações do fluxo, das tensões e do torque para, enfim, chegar às equações finais da máquina. A. Equações do fluxo Os fluxos estatóricos poderão ser representados conforme a matriz em (5), tal representação foi alcançada pela superposição. 1 1 1 332313 322212 312111 3 2 1 3 2 1 R R R RSRSRS RSRSRS RSRSRS s s s sss sss sss S S S i i i MMM MMM MMM i i i LMM MLM MML (5) Conforme dado acima, tem-se que a tensão pode ser representada por (1), com isso se obtém a equação da tensão no rotor e no estator em (6). dt d iRv dt d iRv s sss R RRR (6) As componentes RR e sR , são obtidas a partir da multiplicação deles por uma matriz identidade que tem dimensão de acordo com o número de fases, nesse caso 3x3. A partir das equações do fluxo, obtêm-se as seguintes equações para a tensão do rotor e do estator: dt d i L dt di L dt di LiRv dt d i L dt di L dt di LiRv R SRR SR s sssss s RSs RS r RRRRR )( )( )( )((7) As componentes RSL e SRL , são determinadas pela seguinte relação e equação: cos 3 4 cos 3 2 cos 3 2 coscos 3 4 cos 3 4 cos 3 2 coscos SR T RSSR MLL (8) B. Equações do torque Pode-se definir o torque, quando se trata de dois enrolamentos, no caso do rotor e do estator, a partir da seguinte equação: dt dM iiT SRRS (9) A partir da Equação (9) e de algumas simplificações da indutância mútua e própria, chega-se a seguinte expressão: i L iT T 2 1 (10) Em que a representação de L é: RRRS SRSS LL LL L (11) Agora que se tem a modelagem por equações diferenciais da máquina de indução trifásica (MIT), pode-se fazer uma comparação futura com o modelo da máquina por transformadas de Clarke e de Park. III. TRANSFORMADAS DE PARK E DE CLARK Considerando a análise de tais transformadas é necessário entender o comportamento das fases do motor, quando este é alimentado por uma tensão senoidale o que é um sistema de coordenadas arbitrário. Quando o motor de indução é alimentado por uma tensão senoidal, suas fases são defasadas entre si, em um ângulo de 120° elétricos. As fases do estator são fixas e produzem um fluxo em direção especifica (fase as gera fluxo na direção de 0° e as fases bs e cs nas direções de 120° e 240°). A interação entre esses fluxos gera o campo girante do motor. (Teixeira, 2012).Esse comportamento já foi descrito na Figura 1. No que diz respeito ao sistema de coordenadas arbitrário, este consiste na transformação de um sistema de coordenadas com três eixos para um sistema com dois eixos. No caso estudado, tais coordenadas referem-se as fases a, b e c e ao modelo d, q a ser apresentado posteriormente. (Teixeira, 2012) Particulamene essas transformadas tem fundamental importância no quesito de controle de máquinas. São tuilizadas com afinalidade de reduzir a complexidade na repersentação do modelo, visando o controle vetorial. Os modelos de transfomação abordados a seguir, além de apresentar uma simplificação nas equações, são os mais apropriados para efeitos de controle vetorial, o qual é necessário para implementação de controladores de velocidade, torque e posição da máquina. A. Transformada de Clark É uma transformação linear que simplifica modelos simétricos trifásicos, ou seja, transforma ima máquina simétrica trifásica em uma máquina simétrica bifásica, mantendo constante potência, torque e número de polos. Transforma o sistema de coordenadas abc para um sistema αβ0. A projeção do vetor espacial em um referencial estático e duas coordenadas ortogonais pode ser realizado com a matriz linear utilizada na transformada de Clarke, eliminando-se a última linha em virtude de não haver componente de sequência zero. Deve-se salientar que a sequência zero do sinal, só existirá em sistemas a 4 fios, desiquilibrados (para o caso de correntes) ou sistemas desbalanceados (para o caso das tensões). A Figura 2 apresenta o diagrama fasorial que representa esta transformação. Figura 2 - Diagrama fasorial da transformada de Clark Fonte: Adaptado de (Krause, 1995) B. Transformada de Park A Transformada de Park tem uma importância muito grande no estudo das máquinas elétricas, pois consiste de uma transformação linear que simplifica as equações das máquinas, introduzindo um conjunto de variáveis hipotéticas (Ivo,1985) Analisando fisicamente, transforma uma máquina bifásica com enrolamentos estátoricos fixos e enrolamentos retóricos girantes, em enrolamentos estátoricos fixos e retóricos pseudo-estacionários, semelhante a um servo-motor de corrente contínua. Essa transformada converte o sistema αβ em um sistema de dois vetores ortogonais (qd) e que giram em sincronismo com a frequência da rede. A Figura 3 mostra o diagrama fasorial de tal transformada. Figura 3 - Diagrama fasorial da transformada de Park Fonte: Adaptado de (Krause, 1995) IV. MODELO qd0 A. Obtenção da transformação αβ0 Ao analisar duas estruturas, uma bifásica na Figura 4 e uma trifásica na Figura 5, observa-se que os enrolamentos que os compõem são respectivamente n2 e n3. Quando os enrolamentos são percorridos por uma corrente, eles produzem uma força magneto motriz F. (Barbi) Figura 4-Circuito bifásico simétrico. Figura 5-Circuito trifásico simétrico. Será feita uma transformação que permitirá encontrar Fα e Fβ em função de F1, F2 e F3 para que a estrutura bifásica produza uma força magneto motriz parecida com a trifásica. 3 4 cos 3 2 cos cba FFFF (12) 3 4 3 2 0 senFsenFF cb (13) Temos então: cba FFFF 2 1 2 1 (14) cb FFF 2 3 2 3 0 (15) Assim, as equações expressas em forma de matriz ficam: c b a F F F F F 23230 21211 (16) Mas, a força magneto motriz pode ser expresso em função da corrente e do número de espiras do enrolamento: i i n F F 2 (17) c b a c b a i i i n F F F 3 (18) Substituindo as equações (17) e (18) na equação (16) temos: c b a i i i aaa n n i i i 2 3 2 3 0 2 1 2 1 1 2 3 0 (19) Consideremos que: aaa n n A 2 3 2 3 0 2 1 2 1 1 2 3 (20) A potência de um sistema matricial é dada por: iVP t (21) Pabc igual a Pαβ0, para transformada de Clarck teremos que: 00 iViV t abc t abc (22) Alterando o sistema bifásico da transformada de Clark para o sistema trifásico, temos: abc t abc t abc t abc AiVAiV (231) Assim: IAAt (24) A seguir, temos então a matriz de transformação para potência invariante de Clark: 2 1 2 1 2 1 2 3 2 3 0 2 1 2 1 1 3 2 A (25) Para tensões constantes, a matriz A se torna: 2 1 2 1 2 1 2 3 2 3 0 2 1 2 1 1 3 2 A (26) Sendo assim, temos a matriz A que define a transformação αβ0 ou trifásica bifásica: abciAi 0 (27) 0 1 iAiabc (28) abcVAV 0 (29) B. Propriedades da Transformação qd0 O sistema qd0 está relacionado a transformada de Park, que está relacionado ao sistema bifásico αβ0. A figura relaciona αβ0 e qd0. Figura 6-Diagrama fasorial αβ0 e qd0. Decompondo-se os vetores de αβ para o sistema qd sabendo que o ângulo varia, obtêm-se: i i sen sen i i q d cos cos (30) Comparando o sistema qd0 com o sistema trifásico abc, a matriz K que define a transformação de coordenadas é dada por: 2 1 2 1 2 1 3 2 3 2 3 2 cos 3 2 coscos 3 2 sensensenK (31) 2 1 2 1 2 1 3 2 3 2 3 2 cos 3 2 coscos 3 2 sensensenK (32) Portanto, a transformada de Park é dada por: c b a o d q i i i K i i i (33) 0 1 qdabc iKi (34) c b a o d q V V V K V V V (35) IV. CIRCUITO EQUIVALENTE PARA O MODELO DINÂMICO Para análise do circuito equivalente de um motor 3ϕ de indução utiliza-se do modelo qd0 abordado anteriormente. Para tal, é necessário separar a matriz de transformação para o estator e para o rotor (Barbi). A Figura 7 apresenta o diagrama fasorial que relaciona a posição do estator e do rotor em relação a qd0. Figura 7 – Diagrama relacionando estator, rotor e qdo Com base na Figura 7 e na matriz de transformação K (Equação 32) obtemos as matrizes de transformação para o estator e para o rotor, apresentadas a seguir: 2 1 2 1 2 1 3 2 3 2 3 2 cos 3 2 coscos 3 2 sensensenK s (36) 2 1 2 1 2 1 3 2 3 2 3 2 cos 3 2 coscos 3 2 sensensenK r (37) Sabendo que a tensão no estator e no rotor de um motor de indutância variável é dada por: dt d irV dt d irV abcr abcrrabcr abcS abcSSabcS (38) Podemos então escrever a tensão no rotor e no estator no sistema qd0: dt Kd KiKrKV dt Kd KiKrKV rqdr rrqdrrrrqd SqdS sSqdSSsSqd 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 (39) Fazendo a análise da Equação 39 temos que as tensões no estator e no rotor para o sistema qd0 serão dadas por: dt d irV dt d irV dt d irV s sss ds qsdssds qs dsqssqs 0 00 (402) dt d irV dt d irV dt d irV r rrr dr qrrdrrdr qr drrqrrqr 0 00 (41) Onde ω se refere a velocidade angular do sistema de referência qd0 e ωr é a velocidade angular elétrica do rotor. As equações de fluxo no sistema qd0 são: slss drmdsmlsds qrmqsmlsqs iL iLiLL iLiLL 00 (42) rlrr drmlrdsmdr qrmlrqsmqr iL iLLiL iLLiL 00 (43) Sendo que Lls, Llr é a indutância de dispersão do estator e rotor respectivamente e Lm é a indutância de magnetização. Através das equações de tensão e fluxo é possível expressar o circuito equivalente do motor de indução. Salientando que o circuito do rotor é todo referido ao lado do estator (Krause, 1995). A Figura 8 apresenta o circuito equivalente para o motor no sistema qd0: Figura 8 – Circuito Equivalente Através do circuito equivalente em regime permanente por fase do motor de indução trifásico é possível obter os parâmetros do modelo dinâmico. Com a realização dos ensaios a vazio e de rotor bloqueado obtém-se os parâmetros do circuito em regime e a partir desses valores encontra-se os parâmetros do modelo dinâmico. V. CONCLUSÕES Conclui-se que o fluxo do rotor alinhado com o eixo direto, não promove fluxo de quadratura, assim, o fluxo sempre estará orientado com o eixo direto fazendo com que o controle influencie apenas nessa direção, desacoplando os eixos. A modelagem da máquina de indução trifásica através do modelo qd0 permite a utilização das técnicas de controle convencionais. A transformação de coordenadas possibilita alinhar o fluxo do rotor ou do estator ao longo dos eixos direto e de quadratura. Utiliza-se o fluxo do estator, tendo em vista uma menor sensibilidade a variações dos parâmetros, não produzindo uma relação linear entre torque e escorregamento, o que torna uma desvantagem, pois não ocorre desacoplamento dos eixos, havendo componente tanto no direto quanto no de quadratura. Contudo para aplicar as técnicas de controle utiliza-se em geral o sistema de referência qd0 alinhado com o fluxo do rotor. Ressalta-se que o eixo 0 não foi desenvolvido pelo fato que está modelagem foi realizada para máquinas equilibradas, a existência desse eixo implica na alteração dos módulos dos vetores. BIBLIOGRAFIA BARBI, I. (s.d.). Teoria Fundamental do Motor de Indução. Disponível em: <http://www.ivobarbi.com/PDF/livros/cap4.pdf >. Acesso em 27 de junho de 2016. KRAUSE, P.C. (1995). Analysis of Electric Machinery and Drive Systems. IEEE Press. TEIXEIRA, D.C. Controle Vetorial do Motor de Indução operando na Região de Enfraquecimento de campo. Disponível em: <https://www3.dti.ufv.br/sig_del/consultar/download/91>. Acesso em 26 de junho de 2016.
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