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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL 
 DO MATO GROSSO DO SUL 
 Aula Programada- Direito Comercial-Prof Alexandre – 
“Eu posso aceitar o fracasso. Todo mundo falha em alguma coisa. Mas eu não posso aceitar não tentar.”- 
MJ 
Sociedade anônima 
Além da sociedade limitada, a qual, como visto, é o tipo societário mais utilizado na prática comercial 
brasileira, o outro tipo societário utilizado é a sociedade anônima, que possui origem muito mais remota e 
configura espécie societária bastante atrativa para os grandes empreendimentos. 
Resumido Histórico 
Noticia parte da doutrina comercialista que a origem das sociedades anônimas estaria nas associações dos 
credores do Estado da Idade Média, cujo maior exemplo seja, talvez, a Officium Procuratorum Sancti 
Georgio (Casa de São Jorge), uma bem organizada instituição financeira que se desenvolveu em Gênova 
entre os séculos XV e XIX. Outros doutrinadores, por sua vez, apontam como embrião das sociedades 
anônimas as Companhias das Índias patrocinadas pelos Estados Nacionais no início da Idade Moderna, 
podendo-se citar como exemplo a Cia. das Índias Ocidentais holandesa, responsável pelas invasões do litoral 
brasileiro (Recife, Olinda e Salvador) em meados dos anos 1600. 
Seja qual for a origem precisa das sociedades anônimas, o que se pode perceber é que desde sempre essas 
sociedades se dedicaram a grandiosos empreendimentos, marca que as acompanha até os dias atuais. 
Os negócios empreendidos pelas sociedades anônimas eram tão relevantes para a economia que durante 
muito tempo elas se constituíam mediante outorga do poder estatal. Posteriormente, mais precisamente após 
a promulgação do Código Comercial francês de 1808, a constituição das sociedades anônimas deixou de ser 
um privilégio dependente de outorga do poder público para se constituir em uma faculdade aberta aos 
investidores interessados em constituí-las, dependendo eles apenas de uma autorização estatal. 
Com o passar do tempo, todavia, o desenvolvimento do capitalismo exigiu que se simplificassem ainda mais 
as regras para a constituição das sociedades anônimas, razão pela qual a partir de meados dos anos 1800 os 
diversos ordenamentos jurídicos da Europa deixaram de exigir a prévia autorização governamental para a 
constituição de uma S/A, sendo necessário, tão somente, o registro prévio no órgão competente e a 
submissão a um regime legal específico. A sociedade anônima, enfim, após passar pelos períodos iniciais de 
outorga e autorização, iniciava o seu período de regulamentação. 
No Brasil, as sociedades anônimas também passaram pelas três fases históricas acima mencionadas. 
Inicialmente, elas eram constituídas mediante outorga do poder imperial, como aconteceu, por exemplo, 
com o Banco do Brasil, criado em 1808 por meio de alvará do rei D. João VI. Posteriormente, a partir de 
1849, as sociedades anônimas brasileiras passaram a ser constituídas mediante autorização governamental, 
regra que foi mantida e consolidada pelo Código Comercial de 1850. Por fim, na esteira da evolução 
normativa ocorrida nos diversos ordenamentos jurídicos europeus, o Brasil deixou de exigir, em regra, a 
prévia autorização governamental para a constituição das sociedades anônimas, incorporando o sistema da 
regulamentação. Sendo assim, a autorização do governo passou a ser exigida apenas em casos excepcionais, 
como, por exemplo, para a constituição de sociedades estrangeiras, instituições financeiras e companhias 
abertas. 
Rubens Requião dedicou-se a contar a evolução histórica das sociedades anônimas a qual leciona que “todos 
os autores estão concordes e que a sociedade por ações se configurou como o tipo ideal das sociedades 
colonizadoras do século XVII, surgindo a primeira em 1602, na Holanda. [...] Em 1621, foi constituída nos 
Países Baixos a Companhia das Índias Ocidentais, que teve profunda ingerência em nossa história colonial” 
(2010, v. 2, p. 26). No Brasil histórico, destaca-se a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará (1755), 
que nasceu com objetivo de importar escravos africanos, e o Banco do Brasil S.A. (1808). 
 
Legislação aplicável 
No Brasil, as sociedades anônimas são regidas por lei específica: trata-se da Lei 6.404/1976, (LSA) 
resultado de projeto de autoria dos professores Alfredo Lamy Filho e José Luís Bulhões Pedreira. A lei atual 
das sociedades por ações foi editada em um momento bastante delicado da economia nacional. Após o 
famoso boom de 1971, marcado pela grande especulação que tomou conta das bolsas de valores de São 
Paulo e Rio de Janeiro, acarretando sérios prejuízos aos investidores populares, o Brasil percebeu que 
precisava, urgentemente, de uma nova legislação que desse mais proteção aos acionistas minoritários e mais 
segurança para o desenvolvimento do mercado de capitais, atingido por uma onda de descrédito em 
decorrência dos acontecimentos mencionados. 
A LSA é muito elogiada pela doutrina comercialista, razão pela qual vigora até os dias de hoje sem que 
tenha sofrido alterações relevantes em seu texto original. Desde 1976, ano de sua edição, a LSA sofreu 
apenas algumas alterações em sua redação, provocadas pelas Leis 9.457/1997, que a preparou para o 
processo de privatizações; 10.303/2001, que procurou proteger os interesses dos acionistas minoritários e 
tornar o mercado de capitais mais seguro e atrativo para os investidores; 11.638/2007 e 11.941/2009, que, 
basicamente, trouxeram novas regras acerca da elaboração e da divulgação das demonstrações financeiras 
desse tipo societário; 12.431/2011 e 13.129/2015, que lhe trouxeram modificações e acréscimos pontuais. 
Quanto a essas últimas alterações da LSA, cumpre destacar que elas foram introduzidas em nosso 
ordenamento jurídico para adaptá-lo às novas tendências do direito societário, sobretudo no que tange à 
chamada governança corporativa. 
Características principais já discutidas em sala 
Dentre as principais características da sociedade anônima, podemos destacar quatro: a) sua natureza 
capitalista; b) sua essência empresarial; c) sua identificação exclusiva por denominação; d) a 
responsabilidade limitada dos seus sócios. 
 
Quadro Resumo a respeito dos valores mobiliários ( lembrar principalmente quais são entidades 
privadas e qual é a pública) 
 
 
Ações 
A ação é o principal valor mobiliário emitido pela companhia. Trata-se de valor mobiliário que 
representa parcela do capital social, conferindo ao seu titular o status de sócio, o chamado acionista. As 
ações são consideradas bens móveis para os efeitos legais. 
Lembrar que : Há ainda uma categoria especial de ação preferencial, acrescentada na LSA pela reforma de 
2001 (Lei 10.303/2001) e usada no processo de privatização das companhias estatais brasileiras. Trata-se da 
golden share, mencionada no art. 17, § 7.º, da LSA: “nas companhias objeto de desestatização poderá ser 
criada ação preferencial de classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto 
social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder de veto às deliberações da assembleia 
geral nas matérias que especificar”. Permitiu-se que o Estado alienasse o controle das companhias em que 
detinha maioria do capital votante, mas conservasse ações preferenciais especiais (golden share) conferindo-
lhe direito de veto em determinadas deliberações (por exemplo: alteração da denominação social, mudança 
da sede da sociedade, mudança do objeto social, liquidação da sociedade, qualquer modificação dos direitos 
atribuídos às espécies e classes das ações do capital da sociedade etc.). 
Valores mobiliários 
Além das ações, que, como visto, são o principal valor mobiliário emitido por uma S/A, as sociedades 
anônimas também emitemoutros valores mobiliários, dentre os quais se destacam as debêntures, as 
partes beneficiárias e os bônus de subscrição, que estudaremos especificamente no presente tópico. 
Os valores mobiliários configuram, para a sociedade anônima, instrumentos extremamente úteis para a 
captação de recursos no mercado de capitais. Para os seus titulares, por sua vez, os valores mobiliários 
representam uma importante oportunidade de investimento. 
Com efeito, ao iniciarmos o estudo das sociedades anônimas, destacamos que elas sempre foram, desde o 
seu surgimento, o tipo societário ideal para os grandes empreendimentos, justamente pela sua possibilidade 
de mobilizar grandes somas de capital por meio de apelo à poupança popular, através da negociação de seus 
valores mobiliários no mercado de capitais. Diz-se, pois, que as companhias são dotadas de mecanismos de 
autofinanciamento, o que lhes permite captar recursos sem necessidade de recorrer a financiamento externo 
(empréstimos bancários etc.). 
Esse autofinanciamento das sociedades anônimas é feito, basicamente, por meio da (i) capitalização, que 
consiste na emissão de novas ações (conforme estudamos no tópico anterior); e da (ii) securitização, que 
consiste na emissão de outros valores mobiliários. 
Assim, por meio desses instrumentos – capitalização e securitização – as companhias conseguem se 
autofinanciar, captando junto aos investidores do mercado de capitais os recursos necessários ao 
desenvolvimento de suas atividades 
 
Órgãos societários 
As sociedades anônimas, por explorarem sempre empreendimentos de grande envergadura, possuem 
invariavelmente uma estrutura deveras complexa, composta de diversos órgãos, cada um com funções 
específicas. A depender do tamanho e da complexidade da empresa exercida pela companhia, ela terá mais 
ou menos órgãos e maior ou menor será o seu organograma administrativo. Há até quem compare a estrutura 
organizacional das sociedades anônimas à própria estrutura do Estado. 
Nas grandes companhias, que exploram grandes empreendimentos industriais, por exemplo, é comum que o 
seu organograma administrativo seja extremamente complexo, com diversos órgãos entre os quais se 
repartem as inúmeras funções de administração e gestão dos negócios. Essa sociedade, pois, possui uma 
série de chefias, departamentos, superintendências, coordenações etc. Não se vai encontrar, todavia, 
disciplina específica quanto à atuação desses órgãos sociais na LSA. Sendo assim, cabe ao estatuto social, 
conforme o caso, cuidar das regras sobre sua criação, organização, estrutura, composição, 
funcionamento e função. A disciplina desses órgãos, portanto, é estatutária. 
A LSA se preocupa, todavia, com os órgãos de cúpula da companhia: a assembleia geral, o conselho de 
administração, a diretoria e o conselho fiscal. Esses órgãos são detalhadamente regulados pela lei, que 
disciplina de forma pormenorizada sua estrutura, composição, funcionamento e atribuições. 
Diante do exposto, nos tópicos seguintes analisaremos especificamente o tratamento legal dispensado aos 
principais órgãos da estrutura orgânica das companhias, os quais, repita-se, são (i) a assembleia geral, (ii) o 
conselho de administração, (iii) a diretoria e (iv) o conselho fiscal. 
Ressaltando : 
 
 
Deveres dos administradores 
No que diz respeito às normas comuns aplicáveis aos conselheiros e diretores da companhia, isto é, aos 
seus administradores, ressalta a importância das regras relativas aos seus deveres e responsabilidades, razão 
pela qual as analisaremos em tópicos específicos. Dentre os deveres específicos regulados expressamente na 
lei do anonimato, destacam-se, por exemplo, o dever de diligência, o dever de lealdade, o dever de 
informação, dentre outros. 
Em primeiro lugar, determina o art. 153 da LSA que “o administrador da companhia deve empregar, no 
exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na 
administração dos seus próprios negócios”. Trata-se, de fato, de norma muito vaga, que pode trazer dúvidas 
de interpretação. O melhor, portanto, é entender que esse dever de diligência será atendido sempre que o 
administrador atuar em conformidade com os padrões de gestão fixados pela ciência da administração de 
empresas. Assim, de acordo com a doutrina, o dever de diligência pressupõe a obrigação do administrador de 
(i) qualificar-se para o exercício do cargo, (ii) administrar bem, (iii) informar-se, (iv) investigar, e (v) vigiar. 
Deixando claro que a obrigação assumida pelos administradores é de meio, e não de resultado, estabelece o 
art. 154 da LSA que “o administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para 
lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da 
empresa”. Veja-se que não se exige, nem se podia exigir, que o administrador efetivamente atinja os fins que 
deve perseguir, bastando apenas que ele oriente sua atuação no sentido da consecução de finalidades de 
interesse da companhia. 
Nos EUA, desenvolveu-se a doutrina do “business judgement rule”, que visa a estabelecer critérios mais 
seguros para analisar se um administrador atuou de forma diligente ou não e se, portanto, ele pode ser 
responsabilizado por isso. Para tanto, deve-se verificar se sua atuação foi (i) independente, (ii) 
desinteressada, (iii) informada e (iv) no interesse da companhia. Em caso afirmativo, a atuação do 
administrador, ainda que não tenha sido bem-sucedida, não pode ensejar sua responsabilização. 
Ainda que o administrador tenha sido eleito por um determinado grupo ou classe de acionistas, ele não deve 
atuar no interesse apenas desse grupo ou classe, tendo em relação à companhia o mesmo dever de diligência 
e lealdade que os demais administradores. Nesse sentido, dispõe de forma clara o art. 154, § 1.º, que “o 
administrador eleito por grupo ou classe de acionistas tem, para com a companhia, os mesmos deveres que 
os demais, não podendo, ainda que para defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses deveres”. 
Assim, detalhando de forma bem precisa os deveres dos administradores quanto a esse aspecto, dispõe ainda 
a LSA, em seu art. 154, § 2.º, ser vedado ao administrador: “a) praticar ato de liberalidade à custa da 
companhia; b) sem prévia autorização da assembleia geral ou do conselho de administração, tomar por 
empréstimo recursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito próprio, de sociedade em que tenha 
interesse, ou de terceiros, os seus bens, serviços ou crédito; c) receber de terceiros, sem autorização 
estatutária ou da assembleia geral, qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do 
exercício de seu cargo”. 
A infringência a essas vedações traz consequências, prevendo a LSA, por exemplo, que “as importâncias 
recebidas com infração ao disposto na alínea c do § 2.º pertencerão à companhia” (§ 3.º). 
Não se deve esquecer, todavia, que atualmente as grandes companhias têm procurado adotar práticas de 
gestão alinhadas com o que se convencionou chamar de responsabilidade social da empresa. Nesse sentido, 
o § 4.º do artigo em comento estabelece que “o conselho de administração ou a diretoria podem autorizar a 
prática de atos gratuitos razoáveis em benefício dos empregados ou da comunidade de que participe a 
empresa, tendo em vista suas responsabilidades sociais”. 
Ainda sobre os deveres dos administradores da companhia, mais especificamente quanto ao chamado dever 
de lealdade, determina o art. 155 da LSA que “o administrador deve servir com lealdade à companhia e 
manter reserva sobre os seus negócios, sendo-lhe vedado: I – usar, em benefício próprio ou de outrem, com 
ou sem prejuízo para a companhia, as oportunidades comerciais de que tenhaconhecimento em razão do 
exercício de seu cargo; II – omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia ou, visando à 
obtenção de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negócio de interesse da 
companhia; III – adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessário à companhia, ou que 
esta tencione adquirir”. 
Dentre esses deveres de lealdade, perceba-se que a legislação acionária brasileira dá destaque ao dever de 
sigilo acerca de informações relevantes sobre os negócios da sociedade, sobretudo quando se trata de 
companhia aberta. Nesse sentido, aliás, é a regra especial do § 1.º do art. 155, que assim dispõe: “cumpre, 
ademais, ao administrador de companhia aberta, guardar sigilo sobre qualquer informação que ainda não 
tenha sido divulgada para conhecimento do mercado, obtida em razão do cargo e capaz de influir de modo 
ponderável na cotação de valores mobiliários, sendo-lhe vedado valer-se da informação para obter, para si ou 
para outrem, vantagem mediante compra ou venda de valores mobiliários”. Complementando essa regra 
especial, dispõe ainda o § 2.º que “o administrador deve zelar para que a violação do disposto no § 1.º não 
possa ocorrer através de subordinados ou terceiros de sua confiança”. E mais: sendo eventualmente 
desrespeitada essa regra especial, prevê o § 3.º que “a pessoa prejudicada em compra e venda de valores 
mobiliários, contratada com infração do disposto nos §§ 1.° e 2.°, tem direito de haver do infrator 
indenização por perdas e danos, a menos que ao contratar já conhecesse a informação”. 
O grande objetivo da legislação acionária, nesses casos acima analisados, é evitar a prática do chamado 
insider trading, que consiste, grosso modo, no uso de informações internas e/ou sigilosas para obtenção 
de vantagem, delito previsto no art. 27-D da Lei 6.385/1976: “Utilizar informação relevante ainda não 
divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si 
ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores 
mobiliários: Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da 
vantagem ilícita obtida em decorrência do crime”. Em fevereiro de 2011, a CVM e o Ministério Público 
Federal conseguiram no Judiciário a primeira condenação penal por insider trading no Brasil, em caso 
referente à Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Perdigão feita pela Sadia em 2006. Confira-se: 
Penal e processual penal – crime contra o mercado de capitais – uso indevido de informação privilegiada – 
insider trading – art. 27-D da Lei n.º 6.385/76 – Justiça Federal – competência – autoria, materialidade e 
dolo – comprovação – ofensa ao bem jurídico tutelado no Brasil – reprimendas que devem ser majoradas – 
pena de multa – fundo penitenciário nacional – artigo 72 do CP – inaplicabilidade – fixação do dano moral 
coletivo (art. 387, VI, CPP) – aplicação – apelação ministerial parcialmente provida – apelação defensiva 
desprovida. 
(…) 
2. Autoria delitiva comprovada ante o conjunto probatório carreado, apto à demonstração de infringência 
ao dever de lealdade consubstanciada na utilização de informações privilegiadas ainda não divulgadas ao 
mercado acionário nas operações referentes à oferta pública de ações, em razão dos cargos ocupados pelos 
acusados. Materialidade induvidosa ante a prova documental coligida. 
3. Não há falar em ausência de dolo, pois os acusados eram ocupantes de funções de alta relevância na 
empresa, e por óbvio tinham ciência do dever de lealdade e de sigilo das informações em razão dos cargos 
que ocupavam, bem como não poderiam utilizar de informações privilegiadas para negociar valores 
mobiliários no mercado de capitais, valendo-se de intermediários estrangeiros com o intuito de ocultar das 
autoridades brasileiras as operações negociadas no exterior. 
4. O bem jurídico tutelado no delito em apreço consiste na confiança depositada pelos investidores no 
mercado a fim de assegurar o correto funcionamento do mercado de capitais. Ademais, a credibilidade das 
operações do mercado de valores mobiliários se consubstancia na transparência das informações e na 
divulgação ampla de fato ou ato relevante a fim de garantir a igualdade de condições a todos investidores 
de operar no mercado de capitais. 
(…) 
16. In casu, além do insider ter praticado a conduta delitiva prevista no art. 27-D da Lei n.º 6.385/76, ele 
violou, da mesma forma, as disposições contidas nos artigos 153 e 155 da Lei n.º 6.404/76, bem como no 
art. 1.º, I e II, da Lei n.º 7.913/89. 
(…) 
19. A despeito das previsões contidas no artigo 13 da Lei n.º 7.347/85 e art. 2.º, § 2.º, da Lei n.º 7.913/89, os 
valores serão destinados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que, conforme especificado na 
sentença, deverão ser utilizados na promoção de eventos educativos, bem como na edição de material 
informativo acerca da conscientização dos investidores sobre os malefícios da prática do delito de insider 
trading. 
20. Preliminar rejeitada. Improvimento do recurso defensivo. Parcial provimento da apelação ministerial. 
(TRF3, Apelação Criminal 0005123-26.2009.4.03.6181/SP) 
Registre-se aqui uma opinião pessoal de alguns autores: num ambiente de livre mercado genuíno, porém, o 
simples uso de informações ainda não tornadas públicas por um investidor não é algo errado, per se. Os 
especuladores, fundamentais para o funcionamento do mercado de capitais, sempre buscam todas as 
informações possíveis para fazer seus investimentos, inclusive aquelas que ainda não foram tornadas 
públicas (aliás, essas são as melhores). Ora, contanto que tais informações tenham sido adquiridas sem a 
utilização de nenhum meio ilícito (fraude, violência etc.), não consigo vislumbrar nada de errado em tal 
procedimento. Ademais, é forçoso reconhecer que a definição legal do “crime” de insider trading é 
extremamente vaga, criando mais insegurança jurídica, a qual a regra supostamente visa a proteger. O Estado 
pode usar a regra que coíbe o insider trading para punir, eventualmente, alguém que obteve sucesso no 
mercado de capitais de forma honesta. Isso pode ocorrer porque é praticamente impossível diferenciar de 
forma clara e objetiva o insider trading que deve ser punido e as pesquisas especulativas legítimas feitas por 
um investidor. 
Por outro lado, é óbvio que os próprios estatutos das companhias abertas vão prever formas de combater a 
prática do uso de informações sigilosas por parte de seus administradores, mas isso é algo que cabe à 
companhia fazer, punindo seus administradores por quebra da relação de confiança que deve existir entre 
eles. 
Outro dever específico que a LSA impõe aos administradores da companhia está disciplinado em seu art. 
156, segundo o qual “é vedado ao administrador intervir em qualquer operação social em que tiver interesse 
conflitante com o da companhia, bem como na deliberação que a respeito tomarem os demais 
administradores, cumprindo-lhe cientificá-los do seu impedimento e fazer consignar, em ata de reunião do 
conselho de administração ou da diretoria, a natureza e extensão do seu interesse”. Aqui o que a legislação 
acionária tem em vista é evitar eventual conflito de interesses entre os administradores e a companhia, 
também no sentido de impedir que os mesmos se beneficiem de sua condição na empresa em detrimento de 
pessoas estranhas aos quadros administrativos. Assim, complementando a regra do caput do art. 156, dispõe 
o seu § 1.º que “ainda que observado o disposto neste artigo, o administrador somente pode contratar com a 
companhia em condições razoáveis ou equitativas, idênticas às que prevalecem no mercado ou em que a 
companhia contrataria com terceiros”. Em complemento,caso seja desobedecida a regra em questão, 
determina o § 2.º que “o negócio contratado com infração do disposto no § 1.º é anulável, e o administrador 
interessado será obrigado a transferir para a companhia as vantagens que dele tiver auferido”. 
Por fim, a LSA ainda trata de outro dever específico dos administradores da companhia, que é justamente o 
dever de informação, aplicável sobretudo no âmbito das sociedades anônimas abertas. Com efeito, o seu 
art. 157 prevê que “o administrador de companhia aberta deve declarar, ao firmar o termo de posse, o 
número de ações, bônus de subscrição, opções de compra de ações e debêntures conversíveis em ações, de 
emissão da companhia e de sociedades controladas ou do mesmo grupo, de que seja titular”. 
Ainda sobre esse dever específico de informação, dispõe o § 1.º do artigo em comento que “o administrador 
de companhia aberta é obrigado a revelar à assembleia geral ordinária, a pedido de acionistas que 
representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social: a) o número dos valores mobiliários de emissão 
da companhia ou de sociedades controladas, ou do mesmo grupo, que tiver adquirido ou alienado, 
diretamente ou através de outras pessoas, no exercício anterior; b) as opções de compra de ações que tiver 
contratado ou exercido no exercício anterior; c) os benefícios ou vantagens, indiretas ou complementares, 
que tenha recebido ou esteja recebendo da companhia e de sociedades coligadas, controladas ou do mesmo 
Ainda sobre esse dever específico de informação, dispõe o § 1.º do artigo em comento que “o administrador 
de companhia aberta é obrigado a revelar à assembleia geral ordinária, a pedido de acionistas que 
representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social: a) o número dos valores mobiliários de emissão 
da companhia ou de sociedades controladas, ou do mesmo grupo, que tiver adquirido ou alienado, 
diretamente ou através de outras pessoas, no exercício anterior; b) as opções de compra de ações que tiver 
contratado ou exercido no exercício anterior; c) os benefícios ou vantagens, indiretas ou complementares, 
que tenha recebido ou esteja recebendo da companhia e de sociedades coligadas, controladas ou do mesmo 
grupo; d) as condições dos contratos de trabalho que tenham sido firmados pela companhia com os diretores 
e empregados de alto nível; e) quaisquer atos ou fatos relevantes nas atividades da companhia”. 
No mesmo sentido, dispõe o § 4.º que “os administradores da companhia aberta são obrigados a comunicar 
imediatamente à bolsa de valores e a divulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembleia geral ou dos 
órgãos de administração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos seus negócios, que possa influir, de 
modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado de vender ou comprar valores mobiliários 
emitidos pela companhia”. 
Caso, todavia, os administradores entendam que a divulgação das informações referidas nos dispositivos 
acima mencionados (§§ 1.º e 4.º), pode trazer prejuízos para a companhia, podem recusar-se a prestá-las, nos 
termos do § 5.º, que assim estabelece: “os administradores poderão recusar-se a prestar a informação (§ 1.º, 
alínea e), ou deixar de divulgá-la (§ 4.º), se entenderem que sua revelação porá em risco interesse legítimo 
da companhia, cabendo à Comissão de Valores Mobiliários, a pedido dos administradores, de qualquer 
acionista, ou por iniciativa própria, decidir sobre a prestação de informação e responsabilizar os 
administradores, se for o caso”. 
Por fim, prevê também o § 6.º que “os administradores da companhia aberta deverão informar 
imediatamente, nos termos e na forma determinados pela Comissão de Valores Mobiliários, a esta e às 
bolsas de valores ou entidades do mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de emissão 
da companhia estejam admitidos à negociação, as modificações em suas posições acionárias na companhia”.

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