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DELINEANDO PESQUISA EPIDEMIOLÓGICA Prof. Dra. Evelise Moraes Berlezi “ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PESQUISA” ANATOMIA De que ela é feita FISIOLOGIA Como ela funciona Hulley (2008) ANATOMIA Inclui: Questão de pesquisa Delineamento Sujeitos Medidas Cálculo do tamanho da amostra Tem como objetivo estruturar o projeto de pesquisa, ajudando o pesquisador a organizar de forma lógica o seu estudo, de forma objetiva e eficiente. A estrutura de um projeto de pesquisa é descrita em seu protocolo. FISIOLOGIA Busca através da minimização de erros aleatórios ou sistemáticos inferir os resultados da pesquisa à uma população, primeiro sobre o que ocorreu na amostra do estudo e então a generalização destes eventos para indivíduos externos ao estudo. Viés? …é um dos três maiores perigos para a validade interna. VIÉS Qualquer desvio na coleta, análise, interpretação, publicação ou revisão de dados que pode levar a conclusões que são sistematicamente diferentes das verdadeiras (Last, 2001) Um processo em qualquer momento da inferência que produz resultados que se desviam sistematicamente dos valores (Fletcher et al, 1988) Erro sistemático no planejamento ou na condução de um estudo (Szklo et al, 2000). Tipos de erros Aleatório Sistemático- vício, viés ou tendenciosidade 1) Seleção 2) Aferição 3) Confundimento Pesquisas Para quê? 5 Q • Quem? • O quê? • Por quê? • Quando? • Aonde (qual lugar?) 5 W • Who? • What? • Why? • When? • Where? Elementos do Protocolo de pesquisa Qual o tamanho do estudo e como ele será analisado? Aspectos estatísticos Hipóteses Tamanho da amostra Abordagem analítica Que medições serão realizadas?Variáveis Variáveis preditoras Variáveis confundidoras Variáveis de desfecho Quem são os sujeitos e como eles serão selecionados? Sujeitos Critérios de seleção Procedimentos amostrais Como o estudo é estruturado?Delineamento Eixo temporal Abordagem epidemiológica Por que estas questões são importantes? Relevância (background) Que questões o estudo abordará?Questões de pesquisa ObjetivoElemento QUESTÃO DE PESQUISA É o objetivo do estudo, a incerteza que o investigador deseja resolver. As questões de pesquisa partem de uma preocupação geral que precisa então ser reduzida a um tópico concreto e factível de ser estudado. Ex.: Questão de pesquisa inicial: as mulheres devem tomar hormônios após a menopausa? Ex. Questões de pesquisa mais específicas: Com que frequência as mulheres tomam estrógenos após a menopausa? Tomar estrógenos após a menopausa diminui e chance de desenvolver doença coronariana? Há outros benefícios e malefícios da terapia estrogênica?? Uma boa questão de pesquisa precisa passar no teste “E DAÍ”. A resposta à questão deve contribuir para o nosso estado de conhecimento. O acrômio FINER reúne as cinco características básicas de uma boa questão de pesquisa. – Factível – Interessante – Nova – Ética – Relevante FINER Factível Número adequado de indivíduos Experiência técnica adequada Abordável quanto a tempo, dinheiro e alcance Interessante / Nova Confirma ou refuta achados prévios Amplia achados prévios Proporciona novos resultados Ética e Relevante Para o conhecimento científico Para a política sanitária / aplicabilidade clínica Para linhas de investigação futuras RELEVÂNCIA ... é a parte do protocolo relativa à relevância mostra como o estudo se insere em um contexto maior e apresenta a sua justificativa. - O que se sabe sobre o tema? - Por que a questão de pesquisa é importante? -Que respostas ao estudo fornecerá? Essa parte apresenta pesquisas anteriores relevantes, indicando seus problemas e questões pendentes. Esclarece também como os achados poderão ajudar a resolver essas incertezas, formando uma nova compreensão científica e influenciando decisões ou diretrizes clínicas e de saúde pública. Elaboração da pergunta de pesquisa ... Uma boa pergunta estruturada contém quatro componentes, facilmente memorizados no anagrama PICO: população, intervenção (ou exposição, ou fator de risco), comparação e desfecho O determina o tipo de estudo ? PERGUNTA Evidências.com 19 O que determina as variáveis a serem estudadas? A pergunta da pesquisa Pesquisa em saúde Evidências.com Quem determina as variáveis a serem analisadas? Pesquisa em saúde Variáveis estatísticas... cacteristicas Conceitos Num estudo estatístico parte-se de um conjunto. Cada elemento desse conjunto tem, provavelmente, muitos caracteres, características ou atributos. . . .são medidas, controladas ou manipuladas em uma pesquisa. VARIÁVEIS Variáveis preditoras – no estudo analítico, o investigador estuda as associações entre duas ou mais variáveis para predizer os desfechos e fazer interferências sobre causa e efeito. Variáveis de desfecho - resultado Variáveis de intervenção – tipo especial de variável preditora manipulada pelo investigador. Como descrever as variáveis? O que é? Como quantificar? Quando quantificar? Quem vai quantificar? Como será analisada? ***Determina os métodos estatísticos. Evidências.com QUANDO? QUEM? COMO MENSURAR? Pesquisa em saúde “O câncer de lábio, boca e faringe é um sério problema de saúde. Altas taxas de incidência são encontradas no mundo. No Brasil, as regiões Sul e Sudeste são as que apresentam maiores taxas de incidência. Objetivo: Descrever a taxa de sobrevida em cinco e dez anos em portadores de câncer de lábio, boca e faringe atendidos em um centro de referência de Florianópolis, SC”. “Analisar a prevalência de consultas médicas nos últimos três meses e os fatores associados entre idosos” “Avaliar o desempenho de diferentes métodos de avaliação antropométrica para gestantes adolescentes na predição do peso ao nascer” DELINEAMENTO: Pesquisador: Observador? ou Interventor ? Classificação dos estudos epidemiológicos • Propósito geral – Descritivo – Analítico • Modo de exposição – Observação – Intervenção • Direção temporal – Prospectivo – Retrospectivo • Unidade de observação – Indivíduo – Grupo populacional • Longitudinal x transversal • Controlado x não controlado • Randomizado x não randomizado Tipos de Estudos Delineamento Características principais Exemplo Estudos observacionais Estudo de Coorte Um grupo acompanhado ao longo do tempo Examina-se uma coorte de mulheres anualmente por vários anos, observando a incidência de infarto naquelas que receberam hormônios e as que não receberam. Estudo transversal Um grupo examinado em um determinado momento do tempo Examina-se um grupo de mulheres uma vez, observando a prevalência de infarto prévio naquelas que receberam hormônios e as que não receberam. Estudo de caso controle Dois grupos, escolhidos a partir da presença ou ausência do desfecho Examina-se o grupo de mulheres com infarto (os “casos”) e um grupo de mulheres saudáveis (os controles) indagando-as sobre o uso prévio de hormônios. Estudo Experimental Ensaio randomizado Dois grupos criados por m processo aleatório, e cuja a intervenção é cega Indica-se aleatoriamente que mulheres recebem hormônio ou placebo idêntico e então acompanha-se os dois grupos durante vários anos para observar a incidência de infarto. O b s e rv a c io n a is D e s c ri ti v o s • Objetivam: –descrever distribuição de variáveis – sem hipóteses (causais e/ou outras) • Geradores de hipóteses – Unidade de análise: indivíduos X população • Estudo de caso – observação clínica perspicaz – necessita confirmação • Série de Casos – + informação que o anterior – base para estudo de casos e controles • Estudo de Prevalência – descreve a saúde de uma população O b s e rv a c io n a is D e s c ri ti v o s Relato de caso ou série de casos • Mais básico estudo descritivo • Descrição detalhada de um caso clínico ou uma série de casos. • Ex: ...tromboembolismo pulmonar em paciente de 40 anos que utilizou contraceptivo oral por 5 semanas. Relato de caso ou série de casos • Vantagens – Barato e fácil de ser realizado – Gerador de hipóteses • Desvantagens – Não testa hipóteses Estudos de Vigilância (séries temporais) – Coleta, análise, interpretação e disseminação sistemática e contínua de informação de utilidade para saúde pública - gestores, profissionais, população – Objetiva: planejamento, implementação e avaliação de ações coletivas – Feedback – Ativa ou passiva O b s e rv a c io n a is D e s c ri ti v o s • Usos: – Monitoramento da saúde populacional (epidemias, etc.) – Planejamento – Geração de hipóteses • Vantagens – Dados disponíveis – Baixo custo – Eticamente aceitáveis • Limitações – Ausência do fator tempo (causa - efeito) – Sem poder de inferência causal O b s e rv a c io n a is D e s c ri ti v o s Ocorrência de doença segundo variáveis: Pessoa – sexo, idade, ocupação Lugar – país, rural x urbano Tempo – variações sazonais Fornecem dados para política de saúde Primeiras pistas de fatores determinantes de doenças Formular hipóteses O b s e rv a c io n a is D e s c ri ti v o s Observacionais Analíticos • Estudo de Casos e Controles • Estudo Ecológico • Estudo Transversal • Estudo de Coorte E S T U D O S A N A L ÍT IC O S • Alternativas do método epidemiológico para testar hipóteses elaboradas durante estudos descritivos. • Tipos: coorte; caso-controle; transversal com comparação de grupos • Objetivo: – verificar se o risco de desenvolver um evento adverso à saúde é maior entre os expostos do que entre os não-expostos ao fator supostamente associado ao desenvolvimento do agravo em estudo. • Visam estabelecer inferências a respeito de associações entre duas ou mais variáveis, especialmente associações de exposição e efeito, portanto associações causais. • São também denominados estudos observacionais, uma vez que o pesquisador não intervém – apenas analisa com fundamento no método epidemiológico um experimento natural. E S T U D O S A N A L ÍT IC O S Estudo Transversal • Este tipo de estudo não se aplica em uma população geral, mas numa determinada população. • Este método limita a capacidade de estabelecer prognóstico, história natural e causa da doença. E s tu d o T ra n s v e rs a l E s tu d o T ra n s v e rs a l E s tu d o T ra n s v e rs a l ESTUDOS TRANSVERSAIS - PREVALÊNCIA • Estudo onde a exposição-doença é medida em uma população em um dado momento. – Frequência de doenças – Fatores de risco – População de risco • Prevalência = núm. pessoas doentes núm. pessoas na população • Uma das características de estudos transversais é a prevalência que é a proporção da população que tem uma doença ou condição clínica em um determinado momento e distingue-se da incidência (que é a proporção de indivíduos que a adquirem durante um determinado período de tempo). Prevalência - Incidência E s tu d o s d e P re v a lê n c ia • Fundamentais para novas pesquisas • Essenciais para formulação de políticas de saúde – Conhecer características demográficas da população – Conhecimento do perfil de morbidade – Identificar populações de risco • População alvo – Características clínicas e demográficas – Ex. Mulheres inférteis de 20 a 40 anos • População acessível – Características geográficas e temporais – Ex. Moradoras em São Paulo em 2004 • Amostra representativa E s tu d o s d e P re v a lê n c ia POPULAÇÃO População alvo Pop. acessível Amostra Validade externa Validade interna Estudos de Prevalência - População E s tu d o T ra n s v e rs a l ESPECIFICIDADE E s tu d o t ra n s v e rs a l a n a lí ti c o • Levantar uma hipótese de associação entre causa-efeito, risco-desfecho • Determinar uma população de estudo • Medir a frequência de doença e do fator de risco simultaneamente Estudos transversais POPULAÇÃO ESPOSTOS E DOENTES EXPOSTOS E NÃO DOENTES NÃO EXPOSTOS E DOENTES NÃO EXPOSTOS E NÃO DOENTES AMOSTRA Formação dos grupos por observação simultânea de exposição e doença ESTUDOS ANALÍTICOS: COORTE CASO CONTROLE Estudos de Incidência • Incidência = núm. de casos novos num período população de risco no período • Medida mais importante em epidemiologia • Necessária para iniciar pesquisa de etiologia, prevenção, terapêutica e prognóstico. Doente população Não doente E S T U D O S D E C O O R T E • Estudos longitudinais. • Iniciam-se com um grupo de pessoas sadias (coorte). • Indivíduos são classificadas em subgrupos segundo a exposição ou não a um fator de risco, causa potencial de uma doença ou de um evento adverso à saúde. • “Coorte”: do latim cohorte = parte de uma legião de soldados do antigo Império Romano. Estudo de coorte concorrente (ou prospectivo): É acompanhado desde o momento da exposição, procedendo-se, como etapa do próprio estudo, o monitoramento e registro dos casos de doenças ou de óbitos na medida em que esses ocorram, até a data prevista para encerramento das observações.E S T U D O S D E C O O R T E TIPO • Etapa inicial deste estudo consiste na seleção de um grupo de pessoas consideradas sadias quanto à doença sob investigação. E S T U D O S D E C O O R T E P R O S P E C T IV O • Observação de grupos comprovadamente expostos a um fator de risco suposto como causa de doença a ser detectada no futuro; • Nos estudos concorrentes a exposição pode (ou não) já ter ocorrido, mas o desfecho ainda não ocorreu.E S T U D O S D E C O O R T E P R O S P E C T IV O Estudo não-concorrente de coorte histórica (ou retrospectivo): • Todas as informações sobre a exposição e o desfecho já ocorreram antes do início do estudo. • Os problemas dos estudos não concorrentes são: víes de informação e a inabilidade para controlar variáveis de confusão (falta de informação). E S T U D O S D E C O O R T E R E T R O S P E C T IV O • Trata-se de um tipo de estudo individuado-longitudinal-retrospectivo fundamentado na reconstrução de coortes em algum ponto do passado; • Com a seleção e classificação dos seus elementos no presente e com início e fim do acompanhamentono passado, antes do momento de realização de pesquisa. E S T U D O S D E C O O R T E R E T R O S P E C T IV O C o o rt e s d e e x p o s iç ã o e s p e c ia l • Escolhe-se uma coorte não exposta (porém similar à coorte) para servir de grupo controle. • Também pode-se comparar a incidência do desfecho de interesse (óbito, por exemplo) na coorte exposta com a incidência observada na população geral no período em que a coorte está sendo acompanhada. • O maior desafio é garantir que a coorte de comparação (ou a população geral) sejam comparáveis à coorte de exposição. Se isto não ocorrer estes são considerados como grupos de comparação impróprio, sendo introduzido um viés de seleção. Diversas finalidades: • avaliação da etiologia de doenças: associação entre fumo e CA de pulmão; • avaliação da história natural de doenças: evolução de pacientes HIV positivos; • estudo do impacto de fatores prognósticos: marcadores tumorais e evolução de câncer; • intervenções diagnósticas: impacto da realização de colpocitologia sobre a mortalidade por CA de colo uterino; • intervenções terapêuticas: impacto sobre a mortalidade do tipo de tratamento cirúrgico de fraturas de colo do fêmur em idosos. E S T U D O S D E C O O R T E • Variáveis de interesse são especificadas e medidas, enquanto a evolução da totalidade da coorte é seguida. • Finalidade: averiguar se a incidência da doença ou evento adverso à saúde difere entre o subgrupo de expostos a um determinado fator de risco se comparado com o subgrupo de não-expostos. As associações obtidas por estudos de coorte geralmente são mais consistentes do que aquelas que resultam de estudos tipo caso-controle. E S T U D O S D E C O O R T E Características mais importantes dos estudos de coorte: São os únicos estudos que testam hipóteses etiológicas, produzindo medidas de incidência e, portanto, medidas diretas do risco relativo (RR). Permitem aferir a contribuição individual ou combinada de mais de um fator de risco associado com determinada doença. São geralmente prospectivos; no entanto, em situações especiais, quando se dispõe de registros confiáveis relativos à exposição pregressa e ao seguimento, pode também apresentar caráter retrospectivo. E S T U D O S D E C O O R T E Características mais importantes dos estudos de coorte: Os estudos de coorte partem de grupos de pessoas sadias, que naturalmente se distribuem em subgrupos de expostos e não-expostos ao fator de risco em estudo. Tais grupos, após certo período, irão se dividir em outros subgrupos de atingidos e não- atingidos pelo efeito (doença) que se supõe estar associado ao fator de risco objeto do estudo. O grupo estudado deverá ser o mais homogêneo possível em relação ao maior número de variáveis que não estejam sob estudo, denominadas variáveis independentes. E S T U D O S D E C O O R T E E S T U D O S D E C O O R T E • Vantagens dos estudos de coorte: – Permite o cálculo direto das taxas de incidência e o do risco relativo (RR). – O estudo pode ser bem planejado. – Pode evidenciar associações de um fator de risco com uma ou mais doenças. – Menor probabilidade de conclusões falsas ou inexatas. E S T U D O S D E C O O R T E • Desvantagens dos estudos de coorte: – Custo elevado. – Longa duração. – Modificações na composição do grupo selecionado em decorrência de perdas por diferentes motivos. – Dificuldade de manter a uniformidade do trabalho. E S T U D O S D E C O O R T E • Pelo alto custo, longa duração e complexidade: raramente são desenvolvidos em serviços de saúde. • Para surtos em populações pequenas e bem-definidas: constituem o melhor delineamento para investigações. • É o método de escolha para um surto de gastroenterite entre pessoas que participaram de uma festa de casamento e a lista completa de convidados é disponível. E S T U D O S D E C O O R T E 84 2916 87 4913 5000 3000 17.4 28.0 Estudo hipotético de coorte de Tabagismo e Doença Coronariana. ICO (+) ICO (-) Tabagismo (+) Tabagismo (-) Total Incid/1000/ano RR = 28.0/17.4 = 1,60RR = IE INE ESTUDOS DE COORTE - ANÁLISE E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E • Na maioria das epidemias a população exposta não é conhecida, fato que impede a aplicação de estudos de coorte. • Em situações como essa, especialmente quando os casos são identificados já nos primeiros passos da investigação, os estudos tipo caso-controle são o delineamento de escolha para o estudo da associação entre determinada exposição e a doença de interesse. • Oferecem resultados mais frágeis a respeito de associações entre exposição e doença, se comparados com os estudos de coorte. • Pela rapidez com que podem ser desenvolvidos e seu menor custo, são de grande utilidade para epidemiologistas nos serviços de saúde: – na identificação de fontes de infecção e de veículos de transmissão de doenças, – facilitam o estabelecimento de medidas apropriadas de controle. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E • Parte-se de um grupo de indivíduos acometidos pela doença em estudo = casos. • Os casos são comparados com outro grupo de indivíduos que devem ser em tudo semelhantes aos casos, diferindo somente por não apresentarem a referida doença = controles. • Estudo retrospectivo da história pregressa dos casos e controles. • Objetivo: identificar a presença ou ausência de exposição a determinado fator que pode ser importante para o desenvolvimento da doença em estudo. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E • Estudos observacionais: não há intervenção por parte do investigador. • Particularmente indicados em: Surtos epidêmicos ou agravos desconhecidos, em que é indispensável a identificação urgente da etiologia da doença com o objetivo de uma imediata ação de controle. Permite de forma rápida e pouco dispendiosa a investigação de fatores de risco associados a doenças raras e de longo período de latência. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E Principais dificuldades: • A análise restrospectiva dos dados obtidos depende muito da memória dos casos e dos controles: • Viés de memória: – a exposição é antiga ou rara, – ser doente pode influenciar as respostas dadas a certas questões, – é um viés do respondente, onde a informação sobre exposição fornecida pelos participantes do estudo difere em função de ser ele um caso ou um controle. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E Principais dificuldades: • Viés de seleção* de casos e controles: – distorções nos resultados devido a procedimentos utilizados para a seleção dos participantes ou fatores que influenciam a participação no estudo. – em geral está relacionado à seleção de indivíduos nos quais a associação entre o fator em estudo e a variável de efeito é diferente da associação que existe na população. – pode ser atenuado se os casos forem selecionados em uma única área com a observaçãode critérios bem padronizados para sua inclusão no grupo. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E • A classificação de um doente como caso pressupõe uma perfeita definição das características desse grupo, que deve levar em consideração vários aspectos, entre eles: – critério diagnóstico; – aspectos e variedades clínicas; – estadiamento da doença; – emprego de casos ocorridos num intervalo definido de tempo (incidência) ou de casos prevalentes em determinado momento; – fonte dos casos: todos os atendidos por um ou mais serviços médicos ou todos os doentes da população. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E • Deve-se garantir a comparabilidade interna entre casos e controles e, portanto, uma estimativa mais consistente do risco. • Escolha do grupo controle: um dos pontos mais importantes do delineamento dos estudos tipo caso-controle. – deve buscar a máxima semelhança entre casos e controles, exceto o fato de os controles não apresentarem a doença objeto do estudo. – isso é difícil de ser obtido, pois até irmãos gêmeos são submetidos a diferentes exposições ambientais. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E • Para evitar distorções determinadas pela escolha dos controles entre pacientes hospitalizados: – recomenda-se que os controles sejam escolhidos entre indivíduos que vivam na vizinhança dos casos, ou sejam parentes, ou colegas de trabalho ou de escola, ou que mantenham alguma relação de proximidade com os casos.E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E Estudos caso controle não permitem cálculo de RR: – devido à forma de seleção dos participantes - casos (doentes) e controles (não doentes), – não utiliza denominadores que expressem a verdadeira dimensão dos grupos de expostos e de não-expostos numa população. • Estimam-se as associações por uma medida tipo proporcionalidade: Odds Ratio, um estimador indireto do RR, satisfazendo dois pressupostos: Os controles devem ser representativos da população que deu origem aos casos, A doença objeto do estudo deve ser rara. Vantagens: fácil execução; baixo custo e curta duração. Desvantagens: dificuldade de seleção dos controles; informações obtidas frequentemente incompletas; vieses de memória, seleção e confusão; impossibilidade de cálculo direto da incidência entre expostos e não-expostos e, portanto, do risco relativo. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E • Na investigação de um surto: – deve se identificar o maior número possível de casos que se enquadrem na definição de caso estabelecida, – quanto maior o número de indivíduos envolvidos no estudo (casos e controles), mais fácil será identificar a associação entre exposição e doença. – o número de casos pode ser reduzido devido às dimensões do surto, que, muitas vezes, atinge um grupo reduzido de pessoas. – Ex: num hospital um surto pode ser constituído de quatro a cinco doentes. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E Na investigação de um surto: • A determinação do número de controles a ser adotado nesse tipo de estudo deve levar em consideração o tamanho do surto. • Caso exista cinqüenta indivíduos ou mais, pode-se adotar um controle para cada caso. • Em epidemias menores, utilizam-se de dois a quatro controles para cada caso. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E 15 67 102 804 906 82 Estudo hipotético de caso-controle de Tabagismo materno e baixo peso ao nascer Caso Controle Exposto Não Exposto Total OR = 15x804/67x102 = 1,76 OR = Chance DE /Chance DNE ESTUDOS DE CASO CONTROLE - ANÁLISE EXEMPLO ABAIXO. E S T U D O S D E C A S O C O N T R O L E Na pesquisa apresentada no exemplo a pergunta a ser respondida é: “há associação entre vitamina K intramuscular e o risco de leucemia infantil?” O estudo mostrou que 69/107 casos e 63/107 controles haviam recebido vitamina K intramuscular. Abaixo tabela de contingência apresentado os dados. Variável preditora (História de medicação) Variável de desfecho Leucemia infantil controle Vit. K IM 69 (a) 63 (b) Sem vit. K IM 38 (c) 44 (d) Total 107 107 Risco relativo ≈ razão de chance = ad/bc = (69 x 44) / (63 x 38) = 1,27 TIPOS DE DELINEAMENTOS EPIDEMIOLÓGICOS OBSERVACIONAIS: VANTAGENS TIPOS DE ESTUDO TIPO CASO- CONTROLE COORTES (EXPOSTOS E NÃO EXPOSTOS) VANTAGENS simples; relativamente fáceis; mais baratos; geram novas hipóteses de trabalho; utilizado com freqüência. informam a incidência; permitem calcular RR; indivíduos são observados com critérios diagnósticos uniformes; permitem calcular o RA; conhecem-se com precisão as populações expostas e não-expostas; mais fáceis de evitar vieses; permitem descobrir outras associações. TIPOS DE DELINEAMENTOS EPIDEMIOLÓGICOS OBSERVACIONAIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS TIPOS DE ESTUDO TIPO CASO-CONTROLE COORTE (EXPOSTOS E NÃO-XPOSTOS) DESVAN- TAGENS a determinação do RR é aproximada; não se pode determinar a incidência; não se pode calcular RA; pouco úteis quando a freqüência de exposição ao agente causal estudado é muito baixa ou este é pouco identificável; a representatividade é relativa, segundo a enfermidade, limitando a inferência dos resultados; dificuldades para identificar os grupos controles; risco de vieses ou distorções por parte do investigador ao questionar retrospectivamente: erro do observador; baseiam-se na memória do caso e do controle, sendo maior a desvantagem nos processos crônicos (erro de recordação). resultado a longo prazo; desenvolvimento complexo; alto custo; só servem para enfermidades relativamente freqüentes, não servem para investigar doenças de baixa freqüência; risco de viés ou distorção premeditada do observador; eventuais mudanças na equipe de investigadores; perda ou deserção dos membros das coortes.
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