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1 UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE ENGENHARIA ARQUITETURA E URBANISMO PROFESSOR RODOLFO LIBARDI Nome:_______________________________________________________RA:_________________ 1R/2013 MATERIAIS PARA ENGENHARIA TEORIA ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO/ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROFESSOR RODOLFO LIBARDI 2 TRATAMENTOS TÉRMICOS DOS AÇOS. 1.CURVAS DE TRANSFORMAÇÃO CONTÍNUA PARA OS AÇOS . As curvas TTT (tempo-temperatura-transformação) dos aços eram obtidas antigamente pelo método metalográfico. Hoje em dia elas são construídas através de um Dilatômetro, equipamento que fornece medidas sensíveis da dilatação ou contração dos corpos de prova durante o resfriamento e mudança de fase. 2. INTERPRETAÇÃO DA CURVA T.T.T. (ESQUEMÁTICA) DE UM AÇO HIPOEUTETÓIDE (0,008% < C < 0,77%) – ESQUEMÁTICO (REGIÃO DE FORMAÇÃO DOS CONSTITUINTES DOS AÇOS) Temperatura 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 Tempo (segundos, escala log) Figura 1 - Representação esquemática da Curva TTT de um aço hipoeutetóide. A3 AUSTENITA A1 FERRITA PERLITA BAINITA MS M90 MF MARTENSITA 3 EIXO X : Tempo em escala logarítmica. EIXO Y :esquerda (Temperatura °C) e a direita (dureza HRC do constituinte obtido isotermicamente). LINHAS A1 e A3 ---> Temperaturas correspondentes, dos aços hipoeutetóides, no diagrama Ferro Carbono. LINHA Ms ou Mi ---> Temperatura de início de transformação da Martensita. LINHA M90 -----> corresponde a 90% de transformação da austenita em Martensita. LINHA Mf----> Temperatura de fim de transformação da austenita em Martensita. Quanto maior o teor de carbono e elementos de liga esta temperatura pode estar abaixo da temperatura ambiente, levando a formação indesejável da austenita retida. Normalmente a linha Mf não é indicada nas curvas T.T.T. 3. FATORES QUE DESLOCAM A CURVA TTT. Três são os fatores que influem na posição das linhas de transformação das curvas TTT. - Composição Química. - Tamanho de Grão Austenítico. - Homogeneidade da Austenita. 3.1.COMPOSIÇÃO QUÍMICA. Além do carbono, todos os elementos de liga adicionados aos aços, com exceção do cobalto, deslocam as linhas de início e fim de transformação para a direita. Quando os aços são aquecidos acima do limite superior da zona crítica praticamente todos os elementos encontram-se dissolvidos na austenita. No resfriamento, ao passar pela zona crítica, alguns elementos tendem a ficar dissolvidos na ferrita e outros a formar carbonetos. As reações que ocorrem são complexas e tanto mais numerosas quanto maior o número de elementos de liga e seu teor (até um certo limite). O início e término dessas reações ocorrem após um determinado tempo, o qual é função dos elementos de liga presentes.Isto explica o deslocamento das linhas de início e de fim de transformação da austenita que ocorrem para os aços, mais intensamente para alguns, facilitando a obtenção da estrutura martensítica. Os elementos de liga deslocam também as linhas de início (Mi ou Ms) e fim de transformação (Mf) da martensita, abaixando-as. Alguns aços ligados, após cementação, têm a linha Mf localizada abaixo da temperatura ambiente, apresentando então uma certa quantidade de austenita não transformada ("austenita retida" ou "austenita residual "). De todos os elementos, o carbono tem maior influência na temperatura Ms. Entre 0,3 e 0,4% C já existe uma pequena quantidade de austenita retida. A maioria dos aços contendo mais do que 0,5%C tem o Mf abaixo da temperatura ambiente. 3.2.TAMANHO DE GRÃO AUSTENÍTICO. Quanto maior o tamanho de grão austenítico tanto mais para a direita são deslocadas as linhas de início e fim de transformação. Os produtos de transformação da austenita, ferrita e perlita, iniciam-se nos contornos de grão por nucleação e crescimento. Um aço de granulação grosseira levará mais tempo para transformar-se do que um de granulação fina. 4 Embora um aço de granulação grosseira tenha sua temperabilidade aumentada, isto é, maior facilidade de obtenção da estrutura martensítica, os prejuízos causados são maiores. Os aços de granulação grosseira apresentam baixa tenacidade, maior suscetibilidade ao empenamento e trincamento por têmpera além de maiores quantidades de tensões residuais e austenita retida. Existem vários métodos para a determinação do tamanho de grão como a classificação do tamanho de grão segundo a ASTM, de 1 a 8. Na prática dos tratamentos térmicos recomenda-se o uso de uma granulação fina, isto é, tamanho de grão ASTM 5 a 8. Figura 2. Tamanho de Grão Austenítico. 3.3. HOMOGENEIDADE DA AUSTENITA 5 Quanto mais homogênea a austenita tanto mais para a direita são deslocadas as linhas de início e fim de transformação. Áreas ricas em carbono, impurezas não dissolvidas (inclusões) ou a presença de carbonetos residuais atuam como núcleos de formação da perlita, diminuindo a temperabilidade dos aços. Figura 3. Curvas TTT dos aços 1060 e 8660 Curvas CCT Nos processos industriais os tratamentos térmicos são, normalmente, realizados em resfriamento contínuo. As curvas TTT (IT) são obtidas nos dilatômetros de forma isotérmica. Foram desenvolvidas curvas em resfriamento contínuo onde no eixo da abscissa apresentar a taxa de resfriamento, apresenta a estrutura esperada no centro das barras após resfriamento ao ar, óleo e água. 6 Figura. Curva CCT: 0,38%C, 0,70%Mn – Aço carbono Figura. Curva CCT: 0,40%C, 1,50% Ni, 1,20% Cr e 0,30% Mo. – Aço Liga 7 4. TRATAMENTOS TÉRMICOS COMUNS DOS AÇOS: RECOZIMENTO, NORMALIZAÇÃO e TÊMPERA. 4.1 - RECOZIMENTO. 4.1.1. DEFINIÇÃO DE RECOZIMENTO. O recozimento consiste no aquecimento e manutenção à uma determinada temperatura, seguido de um resfriamento com velocidade adequada (normalmente no próprio forno), com o objetivo de amolecer os materiais metálicos.O recozimento altera as propriedades mecânicas e elétricas assim como a microestrutura. O recozimento é aplicado quando se deseja melhorar a condição de trabalhabilidade (usinagem, estampagem, etc) provocadas pela queda na dureza e resistência mecânica.É utilizado também para eliminar a estrutura bruta de fusão e eliminar gases. 4.1.2. ZONA CRÍTICA DO DIAGRAMA Fe-Fe3C. A zona crítica do diagrama Fe-Fe3C é de fundamental importância quando se deseja tratar termicamente um aço. As linhas A1, A3, Acm ou Ae1, Ae3, Acm representam as condições de equilíbrio, como pode ser visto na figura 3. No resfriamento(Ar1,Ar3,Arcm ou Are1,Are3,Arcm) essas linhas são deslocadas para baixo e no aquecimento(Ac1,Ac3,Accm ou Ace1, Ace3, Accm) para cima. 4.1.3. TEMPERATURA DE RECOZIMENTO. Existem tabelas que indicam as temperaturas de recozimento. Para os aços eutetóides (0,77%C) e hipoeutetóides (0,008%C a 0,77%C) as temperaturas são da ordem de 50°C acima da linha A3 e para os aços hipereutetóides (0,77%C a 2,11%C) é 50°C acima da linha A1 (nestes é realizado o recozimento subcrítico). Uma representação esquemática do ciclo de tratamentopara o recozimento, comparando-se com o de normalização, é mostrada na figura 5. 4.1.4.AQUECIMENTO ATÉ A TEMPERATURA. Devido ao aquecimento provocar dilatação e mudança de fase, ele deve ser homogêneo para evitar empenamentos e trincas. Portanto,sempre que possível,ele deve ser aquecido junto com o forno. 8 Figura 3 - Zona crítica do Diagrama Fe-Fe3C. Figura 4 - Temperaturas de recozimento e têmpera, normalização dos aços - carbono. 4.1.5.TEMPO DE PERMANÊNCIA NA TEMPERATURA. Para o recozimento é recomendado manter o aço na temperatura (a partir do momento em que o núcleo da peça atingir a temperatura) por um tempo adicional para que haja completa homogeneização (difusão do carbono). Em geral é recomendado, para aços-carbono comuns, um tempo de 1 hora por polegada de espessura da peça, tempo este contado quando o núcleo 9 atingir a temperatura desejada. Aços com elementos de liga exigem maior tempo, principalmente se esses elementos são formadores de carbonetos (V, Cr, W, Nb, Ti, etc.). 4.1.6.RESFRIAMENTO DOS AÇOS. Geralmente os aços são resfriados dentro do próprio forno desligado. Em alguns casos podem ser resfriados um pouco mais rapidamente sendo mergulhado em areia, cinza ou cal. Peças grandes podem ser resfriadas ao ar, devido a sua baixa velocidade de resfriamento.O resfriamento deve ser lento na faixa em que a austenita se transforma (730 a 600°C).Para aços-carbono até 0,5%C podem ser utilizadas taxas de até 50°C/h e para aços-carbono acima de 0,5%C recomenda-se 15°C/h. Temperatura Tempo Figura 5 - Representação esquemática do ciclo de tratamento do recozimento pleno em refriamento contínuo, da Normalização e Têmpera. Depois que a austenita se transformou. pode resfriar-se o aço mais rapidamente até a temperatura ambiente para reduzir o tempo de tratamento, tomando-se cuidado com o choque térmico. Normalização Recozimento Aquecimento Resfriamento Têmpera 10 4.1.7.MICROESTRUTURAS E PROPRIEDADES. Os aços recozidos têm como constituintes na temperatura ambiente (estudado no diagrama Ferro-Carbono): Aços Hipoeutetóides: (0,008-0,77%C) Perlita Grosseira + Ferrita Aços Eutetóides: (0,77%C) Pelita Grosseira. Aços Hipereutetóides: (0,77-2,11%C) Perlita Grosseira + Rede de Cementita 5 - NORMALIZAÇÃO. A Normalização é um tratamento térmico que consiste no aquecimento do aço até sua completa austenitização, seguido de resfriamento ao ar. As temperaturas de tratamento são da ordem de 30°C superiores as de recozimento para produzir uma estrutura austenítica mais uniforme. Os aços hipereutetóides são aquecidos acima de 50°C acima da linha Acm, a fim de dissolver a rede de cementita formada no processo anterior. Além da melhor uniformidade da estrutura o objetivo maior da normalização é a homogeneização e o refino do tamanho de grão de estruturas obtidas de trabalho à quente (laminação, forjamento), de aços fundidos e soldagem. A Normalização se faz normalmente, para aços com até 0,4% C. Antes do tratamento térmico de têmpera é recomendado a normalização para evitar o aparecimento de trincas e empenamento. 6 - TÊMPERA DOS AÇOS. 6.1. ESTRUTURA MARTENSÍTICA . Do nome alemão Adolf Martins, que pesquisou a microestrutura encontrada em aços resfriados rapidamente é que surgiu o nome de MARTENSITA. A perlita se forma por nucleação e crescimento, isto é, por difusão do carbono.A bainita se forma por difusão e cisalhamento, enquanto que a martensita se forma apenas por cisalhamento.O fato da martensita não se formar por difusão, os átomos de carbono não se difundem (migram) para formar a ferrita e a cementita, e são retidos nos interstícios octaédricos da estrutura CCC produzindo essa nova fase. A solubilidade do carbono na estrutura CCC é muito baixa, então, os átomos de carbono expandem a célula unitária em uma direção, fazendo com que a martensita assuma a estrutura tetragonal de corpo centrado. 6. 2. PROPRIEDADES DA MARTENSITA. A dureza da Martensita é função do seu teor de carbono.A dureza máxima num aço-carbono está associada com uma estrutura completamente martensítica. 6.3. DUREZA X % CARBONO X % MARTENSITA . 11 A figura 6 mostra a relação entre a dureza, % de carbono e a quantidade de martensita presente. A martensita tem alta dureza, alta resistência mecânica, alta resistência à fadiga e ao desgaste. Esta variação nas propriedades do aço, quando temperado, está relacionada com a distorção que os átomos de carbono provocam na estrutura tetragonal de corpo centrado da martensita. 6.4.TEMPERATURAS DE TÊMPERA. As temperaturas de Têmpera para aços-carbono são idênticas às temperaturas de recozimento como já visto anteriormente. 6.5.TEMPO. O tempo de aquecimento é menos importante, no processo de têmpera, que a temperatura atingida em toda a seção, uniformidade de temperatura, tempo de permanência e velocidade de resfriamento. Aquecimento vagaroso é recomendado para peças de grandes variações nas suas seções. Independentemente da secção, um tempo de 15 minutos na temperatura, é suficiente para se realizar a têmpera. DUREZA(HRC) CARBONO Figura 6 - Dureza x %Carbono x % Martensita. 6.6 - TAMANHO DAS PEÇAS. A massa e o volume das peças tem grande influência na têmpera dos aços, pois durante o resfriamento existe um gradiente de temperatura do centro para a periferia. A figura 7 mostra o tempo de resfriamento para várias posições em uma barra quando resfriada em um meio de severidade igual a 4 (salmoura com agitação). 12 Obs: 1470 o C = 800 o C 770 o F = 410 o C e 70 o C = 21 o C 1 inch = 1 polegada = 1” = 25,4mm. Figura 7. Tempo de resfriamento numa barra de diâmetro de 1”, em salmoura com agitação. Tabela 1 - Severidade de têmpera “H”. Meio Sem Agitação Agitação Branda Agitação Moderada Agitação Forte Agitação Violenta Ar 0.02 --------- --------- --------- 0,08 Óleo 0,25-0,30 0,30-0,35 0,35-0,40 0,50-0,80 0,80-1,10 Água 0.90-1,00 1,00-1,10 1,20-1,30 1,60-2,00 4,00 Salmoura 2,00 2,00-2.20 --------- --------- 5,00 Ideal --------- --------- --------- Devido as diferentes velocidades de resfriamento nos diversos pontos de uma peça, pode ocorrer que num dado meio, a têmpera se dê apenas na superfície, deixando o aço com valor de dureza baixa no núcleo. Em vista disso, para se escolher o meio ideal para têmpera, deve-se analisar com muito cuidado a temperabilidade do aço. 6.7 - TENSÕES NA TÊMPERA. Quando um aço é resfriado e se forma a martensita, ocorrem duas variações dimensionais básicas: a contração térmica normal devido ao resfriamento e a expansão devido à transformação martensítica. Tensões podem ocorrer devido à 13 variações bruscas de secção. Sob essas condições, as alterações volumétricas podem produzir tensões internas muito elevadas causando empenamentos ou até mesmo trincas de têmpera. 7 - TRATAMENTOS ISOTÉRMICOS DOS AÇOS. 7.1. MARTÊMPERA. A martêmpera é um processo utilizado para eliminar ou minimizar os riscos de trincas e empenamentos em peças que devem ser temperadas. Figura 8. Resfriamento na têmpera convencional 7.1.1. MARTÊMPERA CONVENCIONAL. Consiste em resfriar o aço austenitizado em um banho de sal ou óleo a uma temperatura ligeiramente superior ou inferiora Mi, e manter nessa temperatura num certo tempo para que haja uma uniformização da temperatura da peça (superfície e núcleo). A seguir resfriar a peça ao ar até a temperatura ambiente. Após a martêmpera o aço deve ser revenido (figura 9). 7.1.2. MARTÊMPERA MODIFICADA. A diferença é a temperatura do banho que é bem inferior a da martêmpera convencional, abaixo da linha Ms. Neste caso obtem-se maiores velocidades de resfriamento que no processo convencional, sendo indicado para aços de baixa temperabilidade. A martêmpera limita-se a espessuras de 5 a 8 mm para aços carbono, podendo se chegar a espessuras maiores para aços ligados. Os aços mais indicados são : 4130-4140-4150-4340-8630-8640-8740-8745- 4640-5140-6150 e os aços ligados após cementação 3312-4620-5120-8620-9310. 7.2. AUSTÊMPERA. 14 Consiste em austenitizar o aço a uma temperatura adequada e resfriar num banho mantido a uma temperatura de 250 a 400°C dependendo da composição do aço. Manter a peça o tempo suficiente para que ocorra isotermicamente a transformação total da austenita em bainita. Resfriar a peça até a temperatura ambiente em ar calmo (figura 10). A principal vantagem da austêmpera é a obtenção de elevada dureza com boa ductilidade e tenacidade. Após a austêmpera o aço não precisa ser revenido. A principal limitação do processo se refere às dimensões das peças a serem tratadas. Para aços carbono limita-se a peças com espessura inferior a 5mm. Em aços de alto teor de elementos de liga a austêmpera pode ser impraticável em virtude da curva de transformação estar deslocada muito para à direita, o que exigiria um tempo muito longo. Figura 9. Martêmpera 15 Figura 10- Tratamento isotérmico de austêmpera. 8. TÊMPERA SUPERFICIAL. A têmpera superficial consiste no aquecimento superficial até uma certa profundidade, em temperaturas de austenitização superiores a da têmpera convencional. O tempo de aquecimento é muito pequeno (alguns segundos) e o resfriamento se dá normalmente em água, podendo em certos casos ser utilizado o óleo ou mesmo o ar. Obtem-se na superfície alta resistência e dureza melhorando significativamente a fadiga e resistência ao desgaste. O núcleo "frio" mantém sua tenacidade geralmente alta. Um exemplo típico é a têmpera superficial de engrenagens onde são obtidas as propriedades de resistência ao desgaste e à fadiga, na superfície, com um núcleo tenaz. A têmpera superficial pode ser realizada por dois processos: - Têmpera por indução - Têmpera por chama. 8.1.TÊMPERA POR INDUÇÃO. Uma corrente elétrica alternada de alta freqüência circulando através de um condutor (Bobina) gera ao seu redor um campo magnético. Qualquer condutor elétrico (peça de aço, fofo, etc.) na presença deste campo magnético pode ser aquecido. 16 Uma barra de aço colocada no interior de uma bobina aquece devido a correntes superficiais induzidas (correntes de Foucalt) e perdas por histerese (Ferro ate 768 °C). A figura 11 mostra exemplos de aquecimento produzidos por vários tipos de bobinas. A figura 12 mostra formas de aquecimento. A profundidade de penetração da corrente é função principalmente da freqüência, além da potência empregada, espaçamento bobina - peça, tempo de aquecimento e da própria bobina (forma, nº de voltas). A corrente induzida numa peça é máxima na superfície e diminui rapidamente no seu interior. 8.2. AQUECIMENTO POR CHAMA Neste caso, o aquecimento resulta da queima, por meio de um maçarico,de uma mistura de oxigênio e gás combustível, usualmente acetileno, gás natural ou propano. O aquecimento por chama consiste em aquecer superficialmente uma peça ou parte dela, até a temperatura de têmpera. Em seguida o resfriamento é feito com áqua, óleo ou mesmo ar, dependendo da temperabilidade do aço. O custo de investimento para aquecimento por chama é menor que por indução, mas o custo operacional é maior. Onde se requer aquecimento de áreas selecionadas, em certos casos, é preferível usar chama do que indução, pois é mais fácil dirigir o calor. Figura 11.-Campo magnético e correntes induzidas produzidas por várias bobinas de indução. 17 Figura 12. Formas de aquecimento (Referência: w.w.w.cimm.com.br (material didático – materiais – tratamentos térmicos) As razões da utilização da têmpera por chama são: - Peças muito grandes onde o aquecimento num forno convencional e têmpera se tornam impraticáveis ou antieconômicas. - Tratamento térmico em pequenas regiões ou quando o tratamento na peça toda é prejudicial à sua função. - Maior precisão dimensional que num forno de tratamento convencional. - Utilização de materiais mais baratos e obtenção de propriedades adequada em certos casos com processo mais barato. 9. REVENIMENTO DOS AÇOS. 9.1.DEFINIÇÃO. O tratamento térmico de revenimento é um processo de reaquecimento do aço temperado com o propósito de transformar a estrutura martensítica em estruturas mais estabilizadas e tenazes. Um aço com estrutura martensítica, é muito frágil, além de estar sujeito ao aparecimento de trincas se deixado à temperatura ambiente nesta condição. O aquecimento do aço temperado em temperaturas inferiores a A1 (727°C) permitirá a ocorrência de difusão que produzirão uma estrutura mais estável e mais tenaz. 18 Figura 13. Dispositivos para têmpera superficial por chama. 19 Figura – Aquecimento por chama. 9.2.TRANSFORMAÇÕES DE FASE DURANTE O REVENIMENTO. Costuma-se dividir as transformações que ocorrem durante o revenimento de um aço em três etapas: 1ª ETAPA - 25 A 200°C: ocorre a precipitação de um carboneto especial, denominado de carboneto epsolon (), partículas extremamente diminutas, com espessura inferior a 200 Å. Esses carbonetos reduzem o número de átomos de carbono na martensítica, tornando-se menos tetragonal e aproximando-se da estrutura cúbica que caracteriza o ferro .Temos então uma estrutura de martensita de baixo teor de carbono e carbonetos finos, sendo essa estrutura denominada de martensita revenida. A dureza do aço temperado sendo de 65HRC (0,7%C) cai para 60HRC. 2ª ETAPA - 200 a 350°C : se houver austenita retida esta se transforma em bainita .Nesta faixa ocorre a precipitação de cementita na forma de barras e a martensita Aquecimento por chama 20 perde sua tetragonalidade transformando-se em ferrita. A medida que as partículas de cementita crescem as de carboneto epsolon vão desaparecendo. 3ª ETAPA - 350 a 700°C :entre 300°C e 400°C inicia-se o coalescimento da cementita e esta se torna totalmente esferoidizada a 700°C. 9.3.EFEITO DO REVENIMENTO SOBRE AS PROPRIEDADES DOS AÇOS. Uma gradual diminuição da dureza acompanha as modificações que sofre a microestrutura do aço temperado ao ser revenido a temperaturas crescentes. Essa diminuição de dureza é acompanhada por um aumento de plasticidade e da tenacidade do aço (esta pode ser alterada com a temperatura devido ao fenômeno de fragilidade do revenimento).A figura 14 mostra (esquematicamente) o efeito do revenido sobre as propriedades mecânicas do aço. Figura 14 - Variação das propriedades mecânicas do aço (esquemático) em função da temperatura de revenido. 10. TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS10.1.INTRODUÇÃO. Os tratamentos termoquímicos consistem na introdução de um ou mais elementos químicos na superfície dos aços (ferros fundidos) a uma dada temperatura (500 a 1000°C) para conferir uma camada superficial fina e dura. Os Dureza e Resistência Mecânica Tenacidade e Plasticidade (alongamento e Redução em área) 25 200 700 Temperatura de Revenimento oC 21 objetivos principais são: aumento da dureza e da resistência ao desgaste na superfície mantendo o núcleo tenaz. Os processos termoquímicos são classificados em: Cementação. Carbonitretação. Cianetação. Nitretação. Boretação. Após as peças serem tratadas termoquimicamente temos a camada endurecida com um alto teor de carbono e/ou nitrogênio, elementos absorvidos durante o tratamento, e o núcleo que fica com a mesma composição química inicial do material. 10.2. CEMENTAÇÃO. Cementação é o tratamento termoquímico que consiste na introdução de carbono na superfície dos aços de baixo teor de carbono, geralmente até 0,25 % C com ou sem elementos de liga. Este processo é seguido geralmente por têmpera, obtendo-se na camada o constituinte martensita, proporcionando alta dureza superficial e deixando o núcleo tenaz devido ao seu baixo teor de carbono. A cementação se realiza em meio sólido, líquido ou gasoso em temperaturas de austenização entre 825°C e 950°C. A figura 15 pode ser utilizada para operadores de tratamento térmico como valores estimativos de profundidade, tempo e temperatura de cementação em meios sólidos, líquido ou gasoso. A equação 1 feita empiricamente por Harris para aços carbono e baixa l iga, pode ser utilizada para estimar a profundidade da camada cementada em função da temperatura e tempo. Os valores de K fornecidos na tabela 2 são valores médios dos três processos de cementação. X = K t onde: X = Profundidade em mm para dureza após têmpera de 550 HV; t = Tempo em horas; K = Constante dependente da temperatura (tabela 1). TABELA 2. Valores da constante K Temperatura (°C) 875 900 925 Constante K 0,34 0,41 0,52 22 FIGURA 15. Profundidade da camada em função do tempo e temperatura de cementação. 10.2.1 CEMENTAÇÃO SÓLIDA (CEMENTAÇÃO EM CAIXA) Cementação sólida é um processo no qual o monóxido de carbono (CO) originado de um composto sólido (carvão de madeira ou coque) se decompõe em carbono nascente (C) e dióxido de carbono (CO2). C (carvâo) + O2 CO2 C (carvâo) + CO2 CO 2 CO CO2 + (C no ferro) [austenita] Pode-se observar pela equação acima que o gás cementante é o monóxido de carbono (CO). A quantidade desse gás é função da temperatura. A 900 °C, que é 23 uma temperatura comum em cementação, o equilíbrio está em torno de 96% CO e 4% CO2. 10.2.1.1.CONTROLE DO PROCESSO TEMPERATURA A faixa de temperatura normalmente utilizada na cementação sólida é de 815 °C a 995 °C, chegando as vezes até 1095 °C. TEMPO No início do processo a taxa de cementação é maior, diminuindo gradualmente durante o ciclo. PROFUNDIDADE DA CAMADA Na cementação sólida como em outros processos de cementação, a profundidade da camada obtida depende do potencial de carbono na superfície, tempo, temperatura e composição química do aço. 10.2.1.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS VANTAGENS (a) Pode-se utilizar uma grande quantidade de fornos, pois o processo produz sua própria atmosfera ; (b) Não é necessário pessoal especializado ou extensivamente treinado; (c) Ideal para peças que serão submetidas a um acabamento final de usinagem após cementação; (d) Grande quantidade de técnicas de proteção para cementação localizada. DESVANTAGENS (a) Não ser tão limpo quanto aos outros processos. (b) Não recomendado para finas camadas, onde as tolerâncias são pequenas. (c) Sem controle do potencial e gradiente do carbono (d) Dificuldade de têmpera direta, aumentando o processo de tratamento térmico. (e) Grande duração da operação devido ao tempo necessário para aquecimento e resfriamento das caixas. (f) Irregularidade de temperaturas no interior de grandes caixas. (g) Alto custo de preparação das caixas. 10.2.2 CEMENTAÇÃO LÍQUIDA 24 Cementação líquida é um processo no qual o meio cementante é um sal fundido. Este sal pode ser a base de cianeto, o qual introduz carbono e nitrogênio ou sal sem cianeto, o qual introduz somente carbono. Os banhos de sais utilizados neste caso como agente cementante é o cianeto de sódio (NaCN)ou cianeto de potássio (KCN ). As reações que ocorrem durante o processo são as seguintes: 2NaCN+O2 -----> 2NaCNO (5) 4NaCNO --------> 2NaCN+Na2CO3+CO+2N (6) 2CO + Fe --------> Fe(C)+CO2 (7) 10.2.2.3 PROFUNDIDADE DA CAMADA CEMENTADA Para estimar a profundidade da camada, considerando a distância até o carbono base, pode ser utilizada a equação 1 com os seguintes valores de K específicos para cementação líquida (tabela 3). TABELA 3. Valores de K Temperatura(°C) 815 870 925 Constante K 0,30 0,46 0,64 10.2.2.4. GRADIENTE DE CARBONO A figura 16 mostra o gradiente de carbono para o aço 1020 em função do tempo e temperatura de cementação. % de Carbono Distância abaixo da superfície 25 Figura 16 Gradientes de carbono por cementação líquida para o aço 1020 a 845 °C. 10.2.2.5.EFEITO DO TEMPO E TEMPERATURA NA PROFUNDIDADE DA CAMADA. Como foi visto anteriormente, quanto maior o tempo e temperatura de cementação, maior a profundidade da camada. 10.2.2.6. MEIOS DE TÊMPERA. Os meios de têmpera mais comumente utilizados são: água, salmoura, óleo e banhos de sais. A escolha do meio depende do aço, especificação de dureza (superficial e do núcleo) e distorção permitida. 10.2.2.7.VANTAGENS E DESVANTAGENS. VANTAGENS - O ciclo de tratamento é menor do que os outros processos de cementação. - Bom controle do gradiente de C e da profundidade da camada; - As peças podem ser temperadas diretamente; - Não ocorre descarbonetação; - Menor distorção. DESVANTAGENS - Necessidade de pré-aquecimento das peças; - Neutralização dos resíduos; - Alto custo dos sais; - Perigo no manuseio com cianetos (toxidade, explosão, exaustão dos gases, etc.); - Necessidade da limpeza das peças. 10.2.2.8. OPERAÇÃO DE CEMENTAÇÃO LÍQUIDA FORNOS Os fornos para cementação líquida são classificados quanto ao tipo de aquecimento: externo e interno. O aquecimento externo pode ser por combustão ou resistência elétrica. O aquecimento interno é feito com eletrodos imersos ou submersos no banho (figura 6 ). Os cadinhos utilizados são confeccionados com aço carbono ou aço-liga. 26 FIGURA 17 Tipos de fornos usados em cementação líquida. 10.2.3.CEMENTAÇÃO GASOSA Cementação gasosa é um processo no qual os meios cementantes são gases hidrocarbonetos e líquidos hidrocarbonetos facilmente vaporizados. A atmosfera do forno é constituída por um gás de arrasteendotérmico mais gás cementante metano (CH4) ou o propano (C3H8). São utilizados como gases cementantes o gás natural constituído basicamente de metano (80 a 90%)e etano (10 a 20% ), o gás de coqueria, butano comercial (93 % de C4H10 e 7 % de C3H6), propano comercial (2,5 % de C2H6, 96 % 27 de C3H8 e 15 % de C4H10) e mais recentemente o álcool etílico volatilizado (C3H5OH). Os gases de arrastre são constituídos da seguinte mistura: N2 (40 a 97%), CO(1,5 a 35 %), CO2 (0 a 5 %), H2 (1 a 39 %) e CH4 (0 a 1 %). 10.2.3.1. CONTROLE DE PROCESSO TEMPERATURA A temperatura mais freqüentemente utilizada é 925 C devido a alta taxa de difusão de carbono na austenita e a não excessiva deterioração dos componentes dos fornos. Temperaturas menores são utilizadas quando se deseja camadas menores com tolerâncias mais fechadas. TEMPO A equação simplificada de Harris, X= K t , pode ser aplicada à cementação gasosa para estimar a profundidade da camada (mm) medida a partir do carbono base. A tabela 5 relaciona alguns valores de K. Tabela 5 - Valores de K Temperatura C 870 900 925 Constante K 0,46 0,53 0,64 10.2.3.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS. VANTAGENS - Controle preciso do potencial de carbono e da espessura da camada cementada - Processo mais limpo de cementação; -Têmpera direta após cementação mais fácil, de qualquer temperatura; - Processo mais indicado para produção em série; - Processo rápido; - Menos frequência de austenita retida e rede de carburetos. DESVANTAGENS -Alto custo dos equipamentos; -Mão de obra especializada; -Exige controle rigoroso da atmosfera. 10.2.3.3. FORNOS Os fornos para cementação gasosa são divididos em duas classes: contínuos e intermitentes. Os fornos intermitentes são recomendados geralmente para peças maiores, impossibilitando a têmpera da temperatura correta. Os fornos contínuos são recomendados para produção em grande escala de peças pequenas e similares. A vantagem sobre os fornos intermitentes é a facilidade do controle da temperatura de têmpera, pois este é constituído de várias zonas. 28 10.4. AÇOS PARA CEMENTAÇÃO Qualquer aço de baixo teor de carbono pode ser cementado. Geralmente são utilizados aqueles com até 0,2 % C para obtenção de alta dureza superficial aliada a um núcleo bastante tenaz. Quando se deseja obter maiores resistências no núcleo das peças utilizam-se aços com elementos de liga podendo inclusive o carbono ser até 0,4 %. Neste caso o núcleo não permanecerá, após a têmpera, com microestrutura predominante ferrítica + perlitica. Na tabela 6 são dados alguns aços para cementação e suas aplicações. 10.5. TRATAMENTOS TÉRMICOS DE PEÇAS CEMENTADAS. Após cementação, as peças podem ser submetidas a vários tipos de tratamentos térmicos (ciclos). A escolha de um deles depende da geometria da peça, do tipo de aço, do tamanho de grão, das características desejadas do núcleo e da camada. CICLO 1-TÊMPERA DA TEMPERATURA DE CEMENTAÇÃO. Consiste em temperar a peça diretamente da temperatura de cementação e revení-la em baixa temperatura. O tratamento é recomendado para meios sólidos ou gasoso, aços de granulação fina, aços-carbono ou baixa liga, espessuras de camada entre 0,2 a 0,6 mm, peças de pouca responsabilidade e tenacidade do núcleo não requerida. Com esse tratamento obtém-se boa dureza na camada, deformação das peças e austenita retida. TABELA 6. Aços-liga para cementação e suas aplicações. Aço tipo SAE Aços para cementação e suas aplicações Composição Aplicações C Mn Ni Cr Mo V 3120 0.17 - 0.22 0.60 - 0.80 1.10 - 1.40 0.55 - 0.75 Engrenagens, coroas e pinhões 4120 0.17 - 0.22 0.70 - 0.90 0.60 - 0.80 0.20 - 0.30 Engrenagens, pinos e eixos 4615 0.13 - 0.18 0.45 - 0.65 1.65 - 2.00 Engrenagens, pinos e eixos 4620 0.17 - 0.22 0.45 - 0.65 1.65 - 2.00 0.20 - 0.30 6120 0.17 - 0.22 0.70 - 0.90 0,70 - 0.90 0.10 min 2320 0.17 - 0.22 0.40 - 0.60 3.25 - 3.75 2512 0.09 - 0.14 0.45 - 0.65 4.75 - 5.25 Virabrequins e Engrenagens 3315 0.13 - 0.18 0.45 - 0.65 3.25 - 3.75 1.40 - 1.75 4320 0.17 - 0.22 0.45 - 0.65 1.65 - 2.00 0.40 - 0.60 0.20 - 0.30 Eixos, engrenagens e pinos 4820 0.18 - 0.23 0.50 - 0.70 3.25 - 3.75 0.20 - 0.30 8620 0.18 - 0.23 0.70 - 0.90 0.40 - 0.70 0.40 - 0.60 0.15 - 0.25 Engrenagens, coroas, pinhões,etc. 29 10.6. ESTRUTURA E PROPRIEDADES. A têmpera efetuada após a cementação tem o objetivo de elevar a dureza superficial, aumentando por sua vez a resistência ao desgaste e a resistência à fadiga. A resistência à fadiga, é gradativamente melhorada devido às tensões internas de compressão introduzida na superfície pela cementação seguida de têmpera. 11. NITRETAÇÃO. 11.1.INTRODUÇÃO. Nitretação é um tratamento de endurecimento superficial que consiste na introdução de nitrogênio atômico na superfície do aço.O tratamento é realizado em temperaturas compreendidas entre 500 e 570 °C, onde o nitrogênio atômico se difunde na fase ferrita. As principais propriedades dos aços nitretados são: - Alta dureza superficial (86 a 70 HRC) e resistência ao desgaste. - Alta resistência à fadiga. - Alta estabilidade dimensional. - Resistência à corrosão melhorada. A profundidade da camada nitretada depende do tempo e da temperatura de tratamento, da atividade do nitrogênio e da composição do aço. Três são os métodos de nitretação: gasoso, líquido (banho de sal ) e pó. 11.2.1. NITRETAÇÃO A GÁS . Consiste na introdução de uma atmosfera rica em nitrogênio, a uma certa temperatura, geralmente amônia - NH4. Neste processo a amônia decompõe-se parcialmente em nitrogênio e este combina-se com os elementos de liga do aço formando nitretos de elevada dureza. NH4 -------> N ( no aço) + H (nitreto) O nitrogênio atômico é absorvido pela superfície do aço. Nitretos na superfície do aço Peça 30 As superfícies das peças para nitretar devem estar completamente limpas. Para isso as peças devem ser submetidas a limpeza tais como desengorduramento, decapagem,etc... Neste processo a difusão do Nitrogênio no aço é lenta. Geralmente o tempo de permanência varia de 15 a 30 horas, respectivamente para camadas da ordem de 0.10 à 0.25mm de profundidade. 11.2.2 .AÇOS PARA NITRETAÇAO. Os aços para nitretação quando temperados e revenidos devem ser nitretados a uma temperatura abaixo da temperatura de revenido a fim de se garantir a estabilidade dimensional. São utilizados aços baixa - liga contendo certos elementos em sua composição tais como alumínio, cromo, molibdênio e vanádio. São tambem nitretados aços ferramentas e aços inoxidáveis. 11.2.3. NITRETAÇÃO LÍQUIDA. Na nitretação líquida é utilizado uma mistura de sais à base de cianatos de sódio e potássio em temperaturas da ordem de 565°C . 11.2.4. NITRETAÇÃO EM PÓ. Ë semelhante ao processo em caixa, onde são utilizados energizadores e pós nitretantes, em temperaturas de 520 °a 570°C por no máximo 12 horas. 31 12.CARBONITRETAÇÃO. 12.1.INTRODUÇÃO. É um processo termo-químico de endurecimento superficial que consiste na introdução de carbono e nitrogênio no aço, no campo austenítico. É um processo gasoso em que a misturacarborizante é enriquecida com amônia levando a absorção de carbono e nitrogênio pela superfície do aço.Inicialmente é injetado gás endotérmico com uma quantidade suficiente para produzir uma pressão na câmara de aquecimento que impede a penetração de ar. A seguir é injetado o propano para introduzir carbono na superfície do aço e finalmente é injetado amônia que fornece nitrogênio atômico para a superfície do aço. 12.2.TEMPERATURA e TEMPO. A temperatura usada na carbonitretação para aquecimento varia de 750° C a 850 C. O tempo de permanência do aço na temperatura de carbonitretação pode variar de 30 minutos a 4 horas.A figura 11 mostra o efeito do tempo e da temperatura na profundidade da camada carbonitretada. Figura 18 - Efeito do tempo e da temperatura na profundidade da camada carbonitretada. 13. CIANETAÇÃO Cianetação ou carbonitretação líquida (banho de sal) é um tratamento termo- químico que produz uma superfície dura e resistente ao desgaste em materiais ferrosos. 32 O processo consiste no aquecimento do aço em temperaturas superiores a A1 ( 760 - 870 C) num banho de sal contendo cianetos e cianatos para a difusão de carbono e nitrogênio. 14.BORETAÇÃO. É um processo termoquímico que consiste na introdução de Boro na superfície do material formando-se boreto de ferro, que confere ao aço elevada dureza superficial. A Boretação pode ser realizada em meios sólido, líquido ou gasoso. Normalmente é realizada em meio sólido, onde as peças são colocadas em uma caixa resistente ao calor, envolvidas por um granulado de boretação e levadas a uma temperatura entre 800 e 1000 C ( recomendável 900 C). A dureza da camada boretada é a mais alta dos tratamentos termo-químicos, atingindo a faixa de 1700 a 2000 HV. 15.MÉTODOS DE MEDIDA DA ESPESSURA DA CAMADA São três os métodos empregados para a medida de espessura da camada das amostras endurecidadas superficialmente. Visual. Mecânico. Químico. 15.1. ESPESSURA DA CAMADA EFETIVA. É a distância perpendicular à superfície de uma camada endurecida ao ponto mais profundo em que o nível especificado de dureza é obtido. O critério de dureza, exceto quando outro é especificado, é 550 HV (50HRC transformado). 15.2. ESPESSURA DE CAMADA TOTAL. É a distância perpendicular da superfície da camada endurecida ou não ao ponto em que as diferenças nas propriedades químicas ou físícas da camada e núcleo podem não mais ser distinguidas. Profundidade da camada total algumas vezes é considerada a distância da superfície ao ponto mais profundo onde a %C é 0,04% mais alto do que a %C do núcleo. 33 Lista de Exercícios 1. Considere a figura, na folha em anexo, curva TTT do aço ABNT1335. Sendo Rb o resfriamento brusco,uma linha vertical, paralela ao eixo y (temperatura ) e TA = temperatura ambiente. As amostras foram austenitizadas a 850°C .Quais são as estruturas obtidas nas seguintes condições: OBS: Suponha Mf= 50°C a) Rb até 650°C, mantido durante 20 s. b) Rb até 600°C, mantido durante 1 minuto. c) Rb até 600°C, mantido durante 30 s e Rb até TA. d) Rb até 400°C, mantido durante 1 minuto. e) Rb até 400°C, mantido durante 1 minuto e Rb até TA. f) Rb até 400°C, mantido durante 1 hora e Rb até TA. g) Rb até 250°C, mantido 30 minutos. h) Rb até 25°C . 2. Nas microestruturas da folha em anexo temos duas estruturas de tratamentos térmicos diferentes para um mesmo aço. Identifique na microestrutura os constituintes (ferrita, perlita, bainita e martensita). Dê os meios de resfriamento correspondente (areia – água ). 3. Para os tratamentos de recozimento - têmpera - revenimento indique no diagrama ferro-carbono a faixa usual de temperatura. 4. Explique o que é encruamento e recristalização, quanto à microestrutura e propriedades mecânicas. 5. Nos itens abaixo (para cada um deles) qual dos aços tem a curva TTT mais deslocada ã direita. Justifique: a) 1020 e 8620. b) 1020 e 1080. 6. O que significa a curva TTT estar deslocada mais à direita. 7. É muito comum as pecas de ferro fundido serem submetidas ao tratamento térmico de têmpera superficial por chama ou indução. Para um ferrro fundido nodular ferrítico perlítico, como fica a microestrutura ao longo da secção transversal dessa peça. 8. Explique quais os objetivos do tratamento térmico de cementação e a seguir têmpera. 9. Para um pino, de 1/2", de aço ABNT1020, com potencial de carbono de 0,9%C (teor de carbono na superfície), trace a variação de carbono ao longo do pino sabendo-se que a profundidade da camada foi de 1,5mm. 10. Como se realiza a cementação em caixa. 34 11. Qual a diferença de carbonitretação e cianetação. 12. Quais as propriedades obtidas com a nitretação 35
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