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resenha 2.3

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Docente: Elizabeth Reymão 
Discente: Ewerton Uchôa Vieira Fiel
Estado, Planejamento e Direto Público no Brasil Contemporâneo
Antes da constituição de 1988 é marcada por três grandes eventos, do quais apenas um foi uma experiência bem-sucedida. O texto do autor faz um apanhado geral das Intenções de planejamento do governo federal, perpassa pelos antecedentes de 1988 e seus planos posteriores. Antes de CF de 88, três grandes intentos de planejamento foram elaborados: (i) Plano de Metas, (ii) Plano Trienal, (iii) II Plano Nacional de Desenvolvimento. Algumas considerações serão feitas sobre.[1: Ver Gilberto Bercovici em Estado, Planejamento e Direito Público no Brasil Contemporâneo. ][2: Constituição Federal.][3: Para uma leitura mais detalhada ver < http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=24547 >]
O plano de metas (1956-1961) tinha como objetivo a transformação dos pontos de estrangulamentos da economia em crescimento, mediante de investimentos que irradiassem a expansão econômica para todo o sistema. “Desta maneira, o Estado deveria estabelecer prioridades e concentrar as inversões em programas concretos e detalhados”. Obviamente, nesta passagem demonstra qual era a qualidade da ação pública em planejar, não havia diretrizes para norteá-la, o que resumia o plano em intenções que poderiam ou não ser feitas ou completadas, dava-se ênfase no caráter economicista ou puramente técnico do orçamento, uma divisão de recursos para determinados projeto, ou despesas. Todavia este plano teve efetividade, o que corroborou para dar sentido aos projetos integrados nacionalmente e noção de planejamento com certa orientação ao crescimento econômico do país. Seu sucesso se deu graças a uma estrutura de coordenação de empresas públicas e entidades do governo, o BNDE assumindo esta e, driblando os interesses particulares, comuns nos entes da administração direta. [4: Ibid. pág. 21.][5: O conselho do Desenvolvimento – 1956, teve papel importante referente a coordenação. ]
O plano trienal, 1962 – Celso Furtado, foi o primeiro instrumento de orientação da política econômica global. Esse plano tinha como objetivos reformar as bases da economia em direção ao desenvolvimento nacional, um excelente guia das políticas econômicas segundo o texto, no entanto, não fora aplicado devido a divergências entre os agentes políticos.[6: Ibid. pág. 23.]
O terceiro plano foi o Plano nacional de desenvolvimento, muito semelhante ao PPAs , tinham a duração do mandato do chefe do executivo, seu objetivo era “assegurar o crescimento acelerado”, políticas de desenvolvimento eram relegadas ao segundo plano e impostas pelo governo central. O II PND foi um amplo programa de investimentos públicos pelo Estado em áreas estratégicas, visando a superação da estrutura produtiva e romper com a barreira que impedia o brasil de se desenvolver. No entanto, o lado social foi negligenciado sobre a ideia de que “com o crescimento econômico, a renda cresceria”. O resultado último deste projeto desenvolvimentista foi o a desestruturação das bases do regime militar. Neste ponto o planejamento governamental de longo prazo fora abandonado e o governo se comprometeu a executar ações limitadas ao curto prazo, como o período histórico não era favorável, investimentos eram feitos no sentido de devolver a estabilidade econômica. A dificuldade maior que permeia todo o texto de Bercovici é a falta de vontade política dos entes da administração direta em seus níveis, interesses particulares dominam a máquina pública, ou seja, havia uma fenda entre os poderes administrativos que impedia o pleno funcionamento do Estado. [7: Ibid. pág. 24-26.][8: Até os dias de hoje, não se conseguiu superar esse obstáculo.]
A Estrutura Administrativa.
Segundo o autor, a administração pública está distante do seu real objetivo, o de promover o desenvolvimento nacional e social, preconizados na CF de 88. Destarte, volta-se ao modelo de proteção liberal dos direitos individuais. É interessante ressaltar, quando há momentos de pressão social que produzem alterações na legislação, geralmente, são feitas “as três porradas”, sem um estudo prévio e com espaços para subjetividade. Às brechas na lei, normalmente, não é percebido pela maioria ou é feito um “embelezamento” das ações ao ponto de legitima-las ao público geral. De acordo com o texto, o problema do não planejamento, não é o planejamento das ações em si, mas, os poderes que as diversas instituições da administração, cada órgão tem seus interesses e colaboram com um equilíbrio instável de poder. Notadamente, não superado o jogo de interesses dentro da própria máquina, torna-se difícil a sua gestão. Segundo Bercovici, “O governo é político, não a administração, gerando um excesso de formalismo sem sentido, me prejuízo da definição e execução do interesse público”. A ideia tratada pelo autor neste trecho é: que a Administração não é neutra, indiferente ou apolítica. Porém possuem objetivos particulares internamente, o que é verdade, às autoridades políticas possuem poder de barganha na administração para fazer com que elas atuem de acordo com os seus interesses, mesmo quando os órgãos são tidos como independentes, livres ou técnicos. O autor faz menção a “Nova Regulação”, ao qual promove o caráter técnico da administração pública, deixando-a nas mãos de um grupo seleto de especialistas e retirando dos agentes eleitos pelo povo o caráter decisório, sendo que essa atitude não garante melhor manejo das ações correlacionadas e ainda faz a manutenção do Estado mínimo, além de, também, retirar o poder deliberativo desses órgãos ligados diretamente ao interesse coletivo.[9: Ibid. pág. 26.][10: Muitos exemplos podem ser citados: A divisão do Estado do Pará, construção de hidrelétricas, dação do patrimônio público a direção privada e todos esses problemas estão recentes na história. É importante destacar, que no texto de Mindlin ela discorre sobre eventos que se repetem na história, como se percebe essas coisas não são novidades, mas denota o tipo de interesse que está incrustado no aparelho do Estado. ][11: O autor nega a ideia de que Administração pública é neutra ou apolítica. ][12: Bercovici cita neste caso, a teoria da captura.][13: Ibid. pág. 28-29.]
A Redução do Planejamento ao Orçamento.
A não aplicação do planejamento com foco ao desenvolvimento social é característica marcante dos governos dos pós 88, que limitaram a definição de planejamento público ao simples método de partidas dobras, puramente contábil. Não há clareza dos entendimentos quando se trata da integração de planos regionais e setoriais, não permitindo um desenvolvimento local voltado ao nacional. É necessário que haja técnica na produção de planos e autoridades capacitadas a sua execução, o problema é que, não há técnica, vontade, e pessoas capazes disso, muito menos um controle interno com disposição de fiscalizar e balizar os intentos [grifo do autor]. O orçamento não é um planejamento de futuro, é apenas um indicativo de despesas, sem que haja certeza de os recursos serão aplicados e sem a verificar a sua efetividade social. Comumente os objetivos nacionais são destoantes aos regionais, cabendo ao jogo de interesses decidir com quem fica a maior parte do bolo ou que mão mais será regada. A desigualdade entre as regiões nacionais evidencia o egoísmo e a falta de visão dos gestores regionais, quando estes ao invés de tomarem decisões visando um projeto de nação desenvolvida, optam por escolhas que não alteram a estrutura política administrativa, ou melhor, que impedem estados mais carentes de se desenvolverem, principal característica de uma nação que não tem direção de futuro, não sabem como trilhar o caminho do desenvolvimento, mesmo quando os modelos ou exemplos estão a porta. O autor encerra esta seção dizendo que o planejamento não pode ser reduzido ao orçamento devido ao seu dever de fixar a atuação do Estado. E faz uma dura crítica a LRF, ele ressalta que o equilíbrio nas contasnão deve se sobrepor as garantias sociais que o Estado deve contemplar, deixando de garantir benefícios a sociedade e garantindo seu desenvolvimento como um todo para obter um equilíbrio contábil às custas da nação das três esferas de governo.[14: Ibid. pág. 30][15: Claramente não são aplicados de forma a cumprir seus objetivos, basta verificar quantas obras paradas, no Brasil, existem. Certamente, havia dotação para que elas saíssem do papel, para onde esse dinheiro foi é que é o “pulo do gato”.][16: Como dizia um autor, “o obvio é difícil de ser entendido”.][17: Lei complementar 101/2000, trata-se da regulação dos gastos do governo.]
Considerações finais.
Segundo o autor, a maior dificuldade de se obter sucesso no ato de planejar é, a falta de consenso dos autores formuladores de política, não há um projeto definido de desenvolvimento nacional, “Sem se repensar o Estado brasileiro, sua reestruturação e quais devem ser os seus objetivos, não há como pensar em planejamento”, é preciso fazer uma reforma no aparelho governamental como um todo, de forma que ele não seja permeado por interesses escusos, “sem sair do impasse atual, não há como pensar em planejamento”. O fato é que mesmo com as modernizações do planejamento atual, ainda é muito insipiente e seus resultados não são suficientes às demandas sociais, é necessário que o povo tome consciência de suas obrigações como sociedade que fiscaliza, e não deixar inteiramente as mãos dos que, na realidade, só estão ali por dinheiro. O povo precisa de melhoria em sua qualidade de vida e a manutenção dos interesses coletivos e se não lutar por isso, certamente, os governantes lutaram pelos objetivos deles. O planejamento de futuro é feito pela sociedade e não, somente, por uma parte dela. E unidade do desenvolvimento social, planejamento das ações do Estado, crescimento econômico é a própria essência da razão de existência do Estado.[18: Ibid. pág. 33.]

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